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004 corpo disserta oRAUL 1

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1 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
A contenção farmacológica e a anestesia são eventualmente 
necessárias para realização de exame físico, alguns procedimentos 
clínicos e cirúrgicos na medicina de répteis. Na década de 70 e 
início da década de 80 esses animais eram submetidos a 
imobilização e anestesia através da hipotermia e inalação de éter, 
sendo que atualmente considera-se que essas técnicas são 
ineficazes, de alto risco e para alguns (BENNETT, 1996) até 
desumanas. Na medida em que acontece o aprofundamento na 
compreensão dos aspectos anatômicos e fisiológicos destes animais, 
é possível desenvolver novos protocolos mais eficazes e seguros. 
Os quelônios são os répteis providos de casco, sendo que os 
terrestres são chamados de jabuti, os de hábitos marinhos, 
tartarugas e f inalmente os de água doce, cágados. A tartaruga da 
Amazônia (Podocnemis expansa), apesar do nome, é um cágado e é 
chamado assim popularmente, pois pode atingir grandes dimensões. 
A Podocnemis expansa é uma espécie com altíssimo potencial 
para exploração zootécnica, particularmente por seu porte, sua alta 
prolificidade, rusticidade e pelo alto valor econômico que agrega 
sua carne e seus subprodutos (MALVASIO, 2001). 
Os répteis são animais ectotérmicos e, portanto possuem 
metabolismo baixo. Os anestésicos gerais de rápido efeito e 
depuração são uma alternativa para a redução de tempos de indução 
e recuperação, o que é importante para o restabelecimento da 
homeostase humoral. 
 
 
 2 
 
Nos últimos anos, alguns trabalhos vêm sendo publicados com 
a utilização de propofol na anestesia de répteis: Bennett et al. 
(1998) anestesiaram 14 iguanas; Dennis & Heard (2002) usaram 
propofol para indução de anestesia inalatória em jabutis Gopherus 
polyphemus; Pye & Carpenter (1998) utilizaram propofol com 
associação de cetamina para anestesia cirúrgica de Trachemys 
scripta. 
Este trabalho tem como objetivo avaliar os efeitos anestésicos 
de diferentes protocolos em tartaruga da Amazônia: propofol; 
butorfanol e propofol, fentanila e propofol, etomidato, butorfanol e 
etomidato, fentanila e etomidato. 
 3 
 
 
 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
Segundo Randall, Burggren & French (2002), os répteis são 
animais ectotérmicos, ou seja, animais que necessitam de calor 
oriundo do meio. Possuem temperatura corpórea baixa, que impede 
um metabolismo alto, pois as reações enzimáticas são termo-
dependentes. Esse aspecto é de grande importância para a absorção 
e depuração das drogas, portanto influenciam na anestesia com 
longo período de indução e recuperação. 
Os répteis possuem um sistema circulatório diferente dos 
mamíferos. Além das diferenças cardíacas, possuem um sistema 
porta-renal, onde parte do sangue proveniente das porções caudais 
do corpo é desviado para os rins (ORR, 1986). Devido à presença do 
sistema porta renal, é aconselhável fazer administrações de drogas 
injetáveis nos membros torácicos, para que se evite filt ragem 
imediata pelo parênquima renal (MAUTINO & PAGE, 1993). Em 
estudos mais recentes, Holz et al. (1997) mostram que o local de 
administração de gentamicina não tem efeito sobre nenhum 
parâmetro farmacocinético. Segundo Benson & Forrest (1999), o 
sangue transportado pelo sistema porta-renal chega nos rins, na 
altura das arteríolas eferentes e, portanto substâncias de filt ragem 
glomerular não sofrem efeitos farmacocinéticos quando 
administradas na região pélvica. 
Os répteis são animais capazes de permanecer por tempo 
prolongado em apnéia, podendo fazer respiração anaeróbia. Existem 
relatos de quelônios do gênero Pseudemys que sobreviveram mais 
de 27 horas na ausência de oxigênio e de iguanas que sobreviveram 
4,5 horas nas mesmas condições (BENNETT, 1996). A ausência do 
 4 
músculo diafragma nos répteis implica em uma participação maior 
de outros músculos estriados durante a respiração, sendo que nos 
quelônios ocorre a participação de cinturões musculares torácicos e 
pélvicos (SCHILLIGER, 2000). Em planos anestésicos profundos 
pode-se ter a paralisação desses músculos e uma conseqüente parada 
respiratória (BENETT, 1991). Caso seja possível, o animal a ser 
anestesiado deve estar de jejum, pois conteúdos gastro-intestinais 
podem dificultar a respiração. 
O principal parâmetro a ser aferido é a freqüência cardíaca, 
porém o coração tricavitário da maioria dos répteis é muito pouco 
audível com estetoscópio. Uma alternativa é o uso de estetoscópio 
esofágico. Entretanto, métodos como eletrocardiograma e a 
avaliação com doppler tem sido ferramentas fundamentais para o 
acompanhamento do paciente (BENNETT, 1996). Frye (1991) 
acredita que o uso do doppler é o melhor caminho para a aferição da 
freqüência cardíaca, pois o aparelho produz sons audíveis. 
A freqüência respiratória também deve ser observada, 
entretanto sabe-se que os répteis podem fazer apnéia e respiração 
anaeróbia. A coloração da mucosa oral pode ser observada e em 
caso de cianose a ventilação assistida é recomendada (FRYE, 1991). 
Segundo Bennett (1996), a anestesia pode ser dividida e 
classif icada da seguinte maneira: indução, anestesia, anestesia 
cirúrgica e recuperação. A indução é o período entre a 
administração do agente anestésico e a perda do reflexo postural de 
endireitamento (RPE). Anestesia é o tempo entre a perda e o retorno 
do RPE. Anestesia cirúrgica é caracterizada pela perda de toda 
resposta a qualquer estímulo nos membros, pescoço e cauda. 
Recuperação é o tempo compreendido entre o retorno de RPE e o 
retorno das condições pré-anestésicas. 
De acordo com Bennett (1991) a recuperação da anestesia é, 
em geral, lenta. Conhecendo as particularidades anatômicas e 
f isiológicas dos répteis pode-se, de certa forma, acelerá-la. Duas 
 5 
técnicas principais podem ser usadas, manter o animal em 
temperatura ótima (temperatura em que o animal apresenta seu 
metabolismo em melhor funcionamento, geralmente varia de 24 a 
30° C); e fazer ventilação assistida em caso de apnéia. 
Deve-se considerar os hábitos dos animais na recuperação 
anestésica; répteis de hábitos aquáticos devem ser mantidos fora da 
água até sua plena recuperação para ser evitado possível 
afogamento. 
Anestésicos dissociativos, benzodiazepínicos, agonistas 
alfa-2-adrenérgicos, anestésicos gerais (inalatórios e injetáveis) são 
os fármacos mais utilizados para a anestesia de répteis. Os 
dissociativos necessitam de doses bem elevadas para se atingir 
anestesia e apresentam períodos de recuperação bastante 
prolongados (SCHILLIGER, 2000). Os benzodiazepínicos e 
agonistas alfa-2-adrenérgicos são utilizados em associações 
principalmente com os derivados da fenciclidina para a redução da 
dose total destes. 
A anestesia inalatória é bastante eficaz e conforme 
Schilliger (2000), Bennett (1996), Frye (1991), existem três grandes 
vantagens na anestesia volátil em répteis: permite ajustar com maior 
precisão a profundidade da anestesia; exercer controle permanente 
da ventilação; e assegurar uma recuperação mais rápida. Suas 
desvantagens são o auto custo do equipamento anestésico, das 
drogas e também a dificuldade do uso em campo. 
Bennett (1996) afirma que os opióides são ineficazes nos 
répteis. Entretanro, Kavaliers, Courtenay & Hirst (1984) comentam 
existir influência da morfina na termorregulação de lagartos da 
espécie Leiocephalus carinatus . Já Machin (2001) afirma que os 
peixes, os anfíbios e os répteis têm componentes neurológicos para 
mecanismos de dor diferentes dos outros vertebrados. Para Buatti & 
Pasternak (1981), existem diferenças nos receptores opióides entre 
diferentes espécies. Xia & Haddad (2001) demonstraram que a 
 6 
densidadede receptores opióides mu e delta, no cérebro de 
tartarugas, é muito menor do que no cérebro de ratos, e ainda que 
existe uma predominância de receptores delta no cérebro de 
tartarugas. Balkalkin et al. (1989) demonstram a predominância de 
receptores kappa e delta no cortex cerebral esquerdo e direito, 
respectivamente, no cérebro de tartarugas. Pivovarov & Izmest’ev 
(1987) relatam que algumas drogas podem modificar os efeitos de 
agonistas opióides em tartarugas. 
Os anestésicos gerais injetáveis vêm, gradativamente, 
ampliando sua partic ipação na medicina veterinária; na medicina de 
répteis acontece o mesmo. Atualmente, uma droga bastante ut ilizada 
é o propofol, que apresenta efeitos de indução e recuperação 
reduzidos (SCHILLIGER, 2000). 
O propofol é um anestésico geral, l ipossolúvel de rápida ação 
e depuração. Conforme Massone (1999), apresenta-se como uma 
emulsão fluida de óleo em água, branca, estéril e pronta para o uso, 
possui peso molecular de 178 e pH de 6 a 8,5. Possui elevado grau 
de ligação às proteínas plasmáticas, 97-98%. Esta característica 
farmacocinética facilita o seu uso na indução e manutenção da 
anestesia e, em conseqüência, a recuperação anestésica é rápida 
(FANTONI, CORTOPASSI & BERNARDI, 1999). 
De acordo com Thurmon, Tranquilli & Benson (1996) e 
Sebbel & Lowdon (1989), após a injeção de um único bolo de 
propofol ocorre rápida e tênue indução seguida de curto período de 
inconsciência; podendo ainda apresentar apnéia de curta duração 
após a indução. A depressão respiratória é potencializada pela 
administração concomitante de opióides, num efeito dose-
dependente. O propofol diminui a pressão arterial e 
conseqüentemente o débito cardíaco, porém com mínima alteração 
na freqüência cardíaca (ALVES, DOREA & ANDRADE, 2002). 
O propofol induz depressão no sistema nervoso central 
(SNC), por intensificar os efeitos inibitórios do neurotransmissor 
 7 
ácido gama-aminobutirico (GABA) e por reduzir a atividade 
metabólica cerebral (THURMON, TRANQUILLI & BENSON, 
1996). Também diminui o fluxo sanguíneo e consumo metabólico de 
oxigênio no encéfalo (ALVES, DOREA & ANDRADE, 2002). 
Esse fármaco é metabolizado principalmente no fígado em 
metabólitos menos ativos, excretados por via renal, entretanto, sua 
depuração ultrapassa o fluxo sangüíneo hepático e já foi 
demonstrada a ocorrência de metabolismo extra-hepático (TREVOR 
& MILLER, 2002). 
Seu uso na anestesia de répteis iniciou-se em 1995 
(SCHILLIGER, 2000). Por sua via de administração ser direta, sua 
aplicação requer experiência e conhecimentos anatômicos. Pye & 
Carpenter (1998) utilizaram cetamina (30 mg/Kg) seguido de 
propofol (7 mg/Kg – veia jugular) para anestesia cirúrgica de 
Trachemys scripta. Santana (2003) administrou 10 mg/Kg de 
propofol em cinco cágados Podocnemis expansa no seio vertebral 
cervical e submeteu-os a esofagotomia, com sucesso. Dennis & 
Heard (2002) administraram propofol (5mg/Kg) no seio venoso 
caudal para indução de anestesia inalatória em jabutis Gopherus 
polyphemus. Schil liger (2000) cita o protocolo de 10 mg/Kg de 
propofol para lagartos, 14 mg/Kg para quelônios e 5 a 10 mg/Kg 
para serpentes. Carpenter et al. (2001) cita infusão contínua de 
propofol 1 mg/Kg/min para quelônios. 
Outro fármaco uti lizado em anestesias na medicina 
veterinária é o etomidato. Este é um imidazol, pouco solúvel em 
água (EVERS & CROWDER, 2003), de peso molecular 244,28 e pH 
5 (MASSONE, 1999). É um potente agente hipnótico, sem 
propriedades analgésicas (FANTONI, CORTOPASSI & BERNARDI, 
1999). Utilizado na indução da anestesia, bem como em técnicas de 
anestesia balanceada que não exigem sua administração prolongada. 
Sua principal vantagem é que a droga exerce efeitos 
cardiovasculares e respiratórios mínimos (ausência de qualquer 
 8 
efeito sobre a freqüência cardíaca e baixa freqüência de apnéia) 
(TREVOR & MILLER, 2002). É prática estabelecida administrar 
etomidato com fentanila (ALVES,DOREA & ANDRADE, 2002). 
Aproximadamente 75% do etomidato se liga à albumina 
plasmática, sendo rapidamente distribuído pelo corpo. Possui curta 
duração de efeito, promovendo anestesia que não ultrapassa 10 a 15 
minutos. Seu mecanismo de ação ainda não foi completamente 
elucidado, acredita-se que pode modular a neurotransmissão feita 
pelo GABA (FANTONI, CORTOPASSI & BERNARDI, 1999). A 
formação reticular cerebral parece ser o local da ação hipnótica 
(THURMON,TRANQUILLI & BENSON, 1996). Seu metabolismo 
ocorre no fígado e a eliminação é por via renal e biliar (EVERS & 
CROWDER, 2003). 
Segundo Thurmon, Tranquilli & Benson (1996), o etomidato 
é uma droga semelhante ao metomidato. De acordo com Schumacher 
(1996), já foi relatado o uso de metomidato para sedação de 
serpentes, e por não apresentar propriedades analgésicas, deve ser 
usado apenas como agente sedativo ou medicação pré-anestésica. 
A anestesia balanceada tem sido bastante empregada na 
medicina veterinária , o uso de fármacos associados pode reduzir os 
efeitos indesejáveis, pois se pode trabalhar com doses mais baixas 
de cada uma das drogas da associação. Agentes hipnóticos 
geralmente têm sido utilizados com analgésicos opióides. 
Conforme Hang, Dale & Ritter (1995), o termo opióide 
aplica-se a qualquer substância que produz efeitos semelhantes aos 
da morfina e que são bloqueados por antagonistas tipo naloxona. 
Derivados opióides são indicados no tratamento de dores agudas, 
moderadas e intensas que não respondem a analgésicos menos 
potentes, ou que, por sua natureza, não inibem o mecanismo 
fisiológico da dor (FERREIRA & WANNMACHER 1998). São 
empregados com freqüência em anestesia balanceada para fornecer 
alívio da dor durante os procedimentos anestésicos. Com o uso de 
 9 
analgésicos opióides, são necessárias doses menores de anestésicos 
(GUTSEIN & AKIL, 1998). 
Os opióides se ligam a receptores específicos (mu, kappa, 
sigma e delta), causando modulação e depressão do sistema nervoso 
central. Possuem boas propriedades analgésicas, porém, limitadas 
propriedades de relaxamento muscular (NIELSEN, 1997). Thurmon, 
Tranquilli & Benson (1996) afirmam que a ação analgésica dos 
opióides não é acompanhada pela perda da propriocepção e 
consciência, a menos que doses al tas sejam administradas. 
Conforme Teixeira (2005) a atividade dos opióides vai depender da 
presença de receptores específicos (os quais variam entre as 
espécies) e do efeito que essas drogas causam no receptor. Todos os 
analgésicos opióides podem produzir depressão respiratória 
significativa ao inibir os mecanismos respiratórios do tronco 
cerebral (WAY, FIELDS & SCHUMACHER, 2002) 
Dependendo da sua ação nos receptores, os opióides podem 
ser classificados em agonistas, antagonistas ou agonista-
antagonistas (ação mista) (TEIXEIRA, 2005; 
THURMON,TRANQUILLI & BENSON, 1996). O grupo agonista é 
aquele que compreende a maioria dos medicamentos t ípicos 
semelhantes a morf ina, tendo ação similar a esta. Todos eles 
possuem alta afinidade pelos receptores mu. Outros exemplos de 
opióides agonistas são a codeína, a fentanila e a etorfina. 
O grupo discriminado por agonista-antagonista é 
exemplificado pela nalorfina, pentazocina e butorfanol; e combinam 
certo grau de atividade agonista e antagonista em receptores 
diferentes (KRAYCHETE, 2002). Os medicamentos do grupo 
antagonista, produzem um efeito muito pequeno quando 
administrados isoladamente, mas bloqueiam os efeitos dos opióides 
agonistas. Os exemplos mais importantes são a naloxona e a 
naltrexona. 
 10 
A fentanila é um opióide agonista (tem ação agonista nos µ-
receptores) sintético, com propriedades analgésicas 100 vezes 
superiores às da morfina, possui ação ultracurta, seuemprego se faz 
quase que exclusivamente por via intravenosa, com ação imediata, 
permanecendo por cerca de 30 minutos (KRAYCHETE, 2002). 
Conforme GUTSTEIN & AKIL (2003), a fentanila causa 
depressão respiratória e pode reduzir a freqüência cardíaca e 
diminuir ligeiramente a pressão arterial. De acordo com 
Thurmon,Tranquilli & Benson (1996),a depressão respiratória pode 
variar de dispnéia à apnéia, e seu pico é normalmente observado 
entre cinco e 15 minutos após a administração da droga. Entretanto 
pode persistir por algumas horas. 
Frye (1991) menciona que a fentanila foi usada em répteis 
na dose de 0,01mg/Kg, mostrando ser uma mdicação de efeitos 
precários nessa classe animal, não recomendando seu uso. 
O tartarato de butorfanol é um opióide sintético de ação 
mista, é antagonista de mu-receptores, agonista de kappa-receptores 
e sigma-receptores; é um analgésico muito eficaz em dores 
moderadas, possuindo potencia analgésica cinco vezes maior do que 
a morfina (GORNIAK, 1999). Segundo Plumb, (1999) é indicada 
como medicação pré-anestésica de cães e gatos. O butorfanol 
demonstrou eficácia semelhante à da morfina e da meperidina como 
suplemento da anestesia balanceada, sendo que seu pico ocorre em 
30 minutos, tem duração de cerca de 4 horas (KRAYCHETE, 2002). 
O butorfanol já foi utilizado em répteis. Conforme 
Schumacher (1996) tem sido observada sedação após a 
administração da droga em jabutis, iguanas e tartarugas; na dose de 
0,4 a 1 mg/Kg administrado por via intramuscular. Cita ainda que a 
administração de analgésicos antes ou durante um procedimento 
cirúrgico pode em répteis pode reduzir a dose de anestésico. O 
butorfanol pode ser uma droga proveitosa na associação com o 
isoflurano para anestesia de iguanas (MOSLEY et al. , 2004). 
 11 
 
 
 
MATERIAL E MÉTODO 
 
 
Foram utilizadas 60 tartarugas da Amazônia (Podocnemis 
expansa) cativas, do criatório comercial da Fazenda Moenda do 
Lago, clinicamente saudáveis, com idade aproximada de três anos, 
de ambos os sexos, e peso variando de 2,1 a 3,7 quilos. O 
experimento foi conduzido no município de Nova Crixás, estado de 
Goiás, na região do Rio Araguaia, local onde a espécie estudada é 
natural. 
A pesquisa foi realizada no mês de julho, onde as condições 
climáticas eram de tempo bastante quente e úmido, sendo que a 
temperatura oscilou entre 28 e 36 graus Celsius. Os animais eram 
capturados de seus tanques de engorda (grupos de dez) e trazidos 
para o local do estudo, onde eram mantidos em pequenos tanques. A 
administração dos anestésicos foi feita por via direta no seio 
vertebral cervical, mediante previa anti-sepsia e uso de seringas 
estéreis de 3 mL, acopladas de agulhas hipodérmicas 25 x 0,7 mm. 
A metodologia util izada foi semelhante à empregada por 
Bienzle & Boyd (1992) em seu estudo com Chelydra serpentia. Os 
animais foram divididos em 6 grupos que foram anestesiados com 
diferentes protocolos: O grupo 1 (G1) recebeu 10mg/kg de 
propofol1; o grupo 2 (G2) recebeu simultaneamente 10mg/kg de 
propofol e 1mg/kg de butorfanol2; o grupo 3 (G3) recebeu 10mg/kg 
de propofol com 0,01mg/kg de fentanila3; o grupo 4 (G4) recebeu 
 
1
 P ropovan Labora tór io Cr is tá l i a 
2
 Torbuges ic Labora tór io For t -Dodge 
3
 Fentanest Labora tór io Cr is tá l ia 
 12 
2mg/kg de etomidato4; o grupo 5 (G5) recebeu simultaneamente 
2mg/kg de etomidato e 1mg/kg de butorfanol; o grupo 6 (G6) 
recebeu 2 mg/kg de etomidato com 0,01mg/kg de fentanila . 
 
Os parâmetros foram observados nos determinados tempos: 
5, 10, 15, 20, 25, 30, 45, 60, 90, 120, 150, 180 minutos; sendo que 
tempo zero foi considerado o momento da administração das drogas. 
Os parâmetros avaliados foram os seguintes: 
1) Grau de sedação: permissão de aproximação, 
retração dos membros e cabeça, capacidade de 
manter a cabeça elevada. 
2) Manipulação do animal: facilidade de manipular 
manualmente (f lexão e extensão) da cabeça, dos 
membros e da cauda. Facilidade de abrir a boca 
do animal. 
3) Grau de coordenação: presença do reflexo 
postural de endireitamento, capacidade de 
movimentar a cabeça ou a cauda para o lado do 
pinçamento. 
4) Sensibilidade dolorosa dos membros torácicos: 
pinçamento de falanges (dor profunda), e 
pinçamento cutâneo (dor superficial). 
5) Sensibilidade dolorosa dos membros pelvinos: 
pinçamento de falanges (dor profunda), e 
pinçamento cutâneo (dor superficial). 
Um escore subjetivo de um para efeito mínimo e três para 
profundo efeito foi utilizado para os três primeiros parâmetros. Para 
os testes de sensibilidade dolorosa a resposta ao pinçamento foi 
considerada escore zero e à ausência da resposta ao pinçamento foi 
considerado escore um. Para o primeiro parâmetro, grau de sedação, 
o escore três foi atr ibuído aos animais que se mantinham com os 
 
4
 E tomidato 2mg/ml Laboratór io Cris tál ia 
 13 
membros e cabeça em extensão, sem apresentarem movimentos de 
defesa (fuga) na presença do pesquisador e que não tinham 
capacidade de manter sua cabeça elevada do solo. Em contrapartida 
escore um foi atribuído aos animais quando apresentavam retração 
de cabeça e membros à manipulação. 
A facilidade de manipulação foi avaliada pela capacidade de 
manipular manualmente (flexão e extensão) a cabeça, os membros e 
a cauda. Além da facilidade de abrir a boca do animal. Escore três 
para maior facilidade e um para menor. 
O grau de coordenação foi avaliado pela presença do RPE 
(animais eram colocados em decúbito dorsal), capacidade de 
movimentar a cabeça ou a cauda para o lado do pinçamento. Escore 
três para ausência de RPE e de movimentação ao estímulo, e escore 
um para a presença. 
Os répteis foram considerados anestesiados quando o 
somatório de seu escore era 11; e considerados recuperados quando 
suas atividades se aproximavam às de antes da administração das 
drogas. O tempo entre a administração dos anestésicos e a 
recuperação dos animais foi observado, considerado como retorno. 
Os resultados foram analisados estatisticamente pelo teste 
paramétrico, t de Student, pelo teste não paramétrico U de Mann-
Whitney, sendo os testes aplicados com nível de significância de 
0,05. 
 14 
 
 
 
RESULTADOS 
 
 
Todos os répteis estudados obtiveram escore três (grau 
máximo de efeito) para os parâmetros, grau de sedação, facilidade 
de manipulação e grau de coordenação em até cinco minutos após a 
administração dos anestésicos. O G1 foi o único grupo onde todos 
os animais entraram em anestesia, ou seja obtiveram escore 11. No 
G2, G4 e G6 seis animais entraram em anestesia. No G3 oito 
obtiveram escore máximo. Apenas duas tartarugas da Amazônia 
atingiram anestesia no G5. Todos os animais foram acompanhados 
por 48 horas depois da administração dos anestésicos e nenhum 
animal veio a óbito. Os animais de G1, G2 e G3 apresentaram 
apnéia após a administração dos anestésicos. 
A estatística foi feita de acordo com o tempo (minutos) em 
que os animais mantiveram-se no maior escore para cada parâmetro. 
Os animais que não obtiveram escore 11 também foram analisados 
dentro de seu grupo. 
 
 
TABELA Nº 1 – Médias de tempo, em minutos, de cada grupo, para 
cada parâmetro avaliado. 
Grupo G1 G2 G3 G4 G5 G6 
Retorno 239,7 150,72 112,08 118,2 108,3 158,64 
Sedação 71,5 66 61,5 52,5 62 79 
Manipulação 79 64,5 57 43,5 53,5 82 
SMT 91,5 60 60 47,5 36,2 75,5 
Coordenação 80,5 66 60 38,5 55,2 77,5 
SMP 72 40,5 46,5 14 5 34 
Escore 11 67 40,5 46,5 14 5 54,06 
 
 15 
Pode-se observar que o G1 obteve maior media em minutos 
para os parâmetros, tempo totalde retorno às condições pré-
anestésicas (239,7 min.), SMT (91,5 min.), grau de coordenação 
(80,5 min.) SMP (72 min.). Todos os grupos obtiveram maiores 
médias para SMT quando comparadas com SMP (tabela 01). 
Com o objetivo de verif icar a existência ou não de diferenças 
significantes entre os resultados obtidos com os seis grupos de 
animais, em que foi dividida a amostra, tratados com Propofol, 
Propofol e Butorfanol, Propofol e Fentanila, Etomidato, Etomidato 
e Butorfanol e Etomidato e Fentanila, foram aplicados o teste 
paramétrico, t de Student (GRANER, 1966) e o teste não-
paramétrico U de Mann-Whitney (SIEGEL, 1966). Estes dois testes 
utilizam a letra t em suas fórmulas. O nível de significância foi 
estabelecido em 0,05, em uma prova bilateral. Os resultados estão 
demonstrados na tabela nº 2. 
 
 
TABELA Nº 2 – Probabilidades associadas aos valores de t, obtidas quando da 
aplicação do teste de Student e do teste de Mann-Whitney, às medidas 
encontradas com animais dos seis grupos analisados. 
Grupos Retorno Sedação Manipul SMT G. Coor SMP Escore 11 
G 1 x G 2 0,656 0,986 0,526 0,001* 0,922 0,000* 0,866 
G 1 x G 3 0,264 0,213 0,311 0,811 0,354 0,013* 0,712 
G 1 x G 4 0,013* 0,597 0,061 0,966 0,247 0,001* 0,008* 
G 1 x G 5 0,011* 0,469 0,222 0,016* 0,204 0,000* 0,003* 
G 1 x G 6 0,695 0,908 0,492 0,869 0,891 0,000* 0,539 
G 2 x G 3 0,693 0,140 0,651 0,004* 0,309 0,237 0,800 
G 2 x G 4 0,262 0,487 0,171 0,001* 0,178 0,144 0,004* 
G 2 x G 5 0,427 0,398 0,317 0,469 0,299 0,049* 0,001* 
G 2 x G 6 0,943 0,880 0,924 0,001* 0,950 0,710 0,599 
G 3 x G 4 0,358 0,346 0,454 0,798 0,843 0,991 0,058 
G 3 x G 5 0,910 0,592 0,441 0,073 0,378 0,008* 0,025* 
G 3 x G 6 0,611 0,279 0,737 0,743 0,398 0,386 0,801 
G 4 x G 5 0,257 0,818 0,644 0,128 0,674 0,080 0,365 
G 4 x G 6 0,187 0,714 0,255 0,904 0,274 0,286 0,151 
G 5 x G 6 0,130 0,303 0,086 0,032* 0,203 0,060 0,076 
(*) p < 0,05 
 
 
 16 
 
De acordo com os resultados demonstrados na tabela nº 2, 
observa-se que foram encontradas diferenças significantes entre os 
grupos: 
 
 G1 e G2 - SMT e SMP, sendo que os resultados obtidos pelo 
grupo 1 foram mais elevados do que os obtidos pelo grupo 2, nos 
dois casos; 
 G1 e G3 - SMP, sendo que os resultados obtidos pelo grupo 1 
foram mais elevados do que os obtidos pelo grupo 3; 
 G1 e G4 – retorno, SMP e escore 11, sendo que os resultados 
obtidos pelo grupo 1 foram mais elevados do que os obtidos pelo 
grupo 4, nos dois casos; 
 G1 e G5 - retorno, SMT, SMP e escore 11, sendo que os 
resultados obtidos pelo grupo 1 foram mais elevados do que os 
obtidos pelo grupo 5, nos três casos; 
 G1 e G6 - SMP, sendo que os resultados obtidos pelo grupo 1 
foram mais elevados do que os obtidos pelo grupo 6; 
 G2 e G3 - SMT, sendo que os resultados obtidos pelo grupo 3 
foram mais elevados do que os obtidos pelo grupo 2; 
 G2 e G4 - SMT e escore 11, sendo que os resultados obtidos 
pelo grupo 4 foram mais elevados do que os obtidos pelo grupo 2; 
 G2 e G5 - SMP e escore 11, sendo que os resultados obtidos 
pelo grupo 2 foram mais elevados do que os obtidos pelo grupo 5; 
 G2 e G6 - SMT, sendo que os resultados obtidos pelo grupo 6 
foram mais elevados do que os obtidos pelo grupo 2 
 G3 e G5 - SMP e escore 11, sendo que os resultados obtidos 
pelo grupo 3 foram mais elevados do que os obtidos pelo grupo 5; 
 G5 e G6 - SMT, sendo que os resultados obtidos pelo grupo 6 
foram mais elevados do que os obtidos pelo grupo 5. 
 17 
 
 
 
DISCUSSÃO 
 
 
O estudo foi realizado em ambiente natural dos animais, onde 
a temperatura oscilou entre 28 e 36 graus Celsius. Essa temperatura 
é considerada ótima, onde o animal apresenta seu metabolismo em 
melhor funcionamento (BENNETT, 1991). Portanto, foi esperada a 
maior ação possível das drogas utilizadas. 
A contenção farmacológica foi obtida em todos os animais 
estudados, o período de indução, apesar de não mensurado foi 
menor que um minuto. Fatos que são justificados pela escolha dos 
anestésicos, tanto o propofol quanto o etomidato são drogas de 
rápido efeito (TREVOR & MILLER, 2002), e pela via de 
administração, pois o seio vertebral cervical pode facilitar a 
distribuição pelo sistema nervoso. A não ocorrência de óbitos 
demonstrou também a segurança dos protocolos e da via de 
administração adotada. 
Nos grupos estudados pode-se observar que o grupo G1, onde 
o propofol foi utilizado isoladamente, foi o único em que todos os 
animais foram anestesiados (escore 11). De acordo com Thurmon, 
Tranquilli & Benson, (1996) o propofol induz depressão no SNC, 
por intensificar os efeitos inibitórios do neurotransmissor GABA, e 
por reduzir a atividade metabólica cerebral. Conforme o exposto 
pode-se creditar o efeito do propofol nas tartarugas da Amazônia, 
em decorrência de uma acentuada depressão da atividade metabólica 
cerebral. 
Já em G2 (propofol e butorfanol) e G3 (propofol e fentanila) 
seis e oito animais, respectivamente, obtiveram escore 11. O 
butorfanol e a fentanila foram utilizados com propósito de promover 
analgesia, porém isto não foi observado, pois no teste de 
 18 
sensibilidade dolorosa alguns animais responderam com sinais de 
dor, apontando portanto, diferenças estatisticamente significativas 
entre SMT e SMP de G1 para G2, e de SMP de G1 para G3. Uma 
interação medicamentosa antagônica pode ter ocorrido entre os 
opióides e o propofol, fazendo com que o propofol não atuasse tão 
bem como em G1. Pivovarov & Izmest’ev (1987) relatam que 
algumas drogas podem modificar os efeitos de agonistas opióides 
em tartarugas. Conforme Buatti & Pasternak (1981) e Teixeira 
(2005) existem diferenças dos receptores opióides entre diferentes 
espécies. Os resultados encontrados demonstraram que os 
analgésicos (butorfanol e fentanila) não promoveram aumento de 
analgesia. 
Os grupos G4 (etomidato), G5 (etomidato e butorfanol) e G6 
(etomidato e fentanila) apresentaram, respectivamente, seis, dois e 
seis tartarugas da Amazônia anestesiadas. Números de indivíduos 
anestesiados mais baixos, quando comparados aos primeiros grupos. 
Com base nos resultados, o etomidato parece ter uma ação 
depressora do sistema nervoso central menor do que o propofol. 
O etomidato é um potente agente hipnótico, sem propriedades 
analgésicas (FANTONI, CORTOPASSI & BERNARDI, 1999). 
Portanto, a ação dos opióides também não demonstrou ter sido 
eficaz como analgésico nas circunstâncias estudadas. 
Quando comparados G2 e G3, observou-se diferença na SMT, 
sendo que os resultados obtidos pelo grupo 3 foram mais elevados 
do que os obtidos pelo grupo 2. Entre os grupos G5 e G6 ocorre a 
mesma situação, com resultados mais elevados para o grupo 5. 
Esses resultados demonstraram que os animais que receberam 
butorfanol, obtiveram menos analgesia do que os que receberam 
fentanila. Xia & Haddad (2001) demonstraram que a densidade de 
receptores opióides mu e delta no cérebro de tartarugas é muito 
menor do que no cérebro de ratos, e ainda que existe uma 
predominância de receptores delta no cérebro de tartarugas. A 
 19 
pouca presença de receptores opióides mu, em tartarugas pode 
justificar uma menor interferência na ação do propofol e do 
etomidato, permitindo que esses fármacos produzam o efeito 
anestésico, com menor interferência por parte da fentanila (que atua 
mediante receptores mu), em comparação ao butorfanol (que atua 
mediante receptores kappa). Considerações feitas por Balkalkin et 
al. (1989), em que citam a predominância de receptores kappa e 
delta no cortex cerebral esquerdo e direito, respectivamente, no 
cérebro de tartarugas, demonstram uma maior possibilidade da ação 
antagônica do butorfanol. 
Frye(1991) menciona que a fentanila foi usada em répteis na 
dose de 0,01mg/Kg, mostrando ser uma medicação de efeitos 
precários nessa classe animal. Os efeitos da fentanila em 
Podocnemis expansa corroboram as informações de Frye. 
Schumacher (1996) observou sedação após a administração da 
droga em jabutis, iguanas e tartarugas; na dose de 0,4 a 1 mg/Kg 
administrado por via intramuscular. No presente estudo não foram 
observadas diferenças significativas entre os grupos no parâmetro 
grau de sedação, entretanto o butorfanol não foi utilizado 
isoladamente. Todavia efeitos sedativos do butorfanol em 
associação ao propofol e ao etomidato não foram visualizados. 
Schumacher (1996) ainda comenta que a administração de 
analgésicos antes ou durante um procedimento cirúrgico pode em 
répteis pode reduzir a dose de anestésico. G1 e G2 receberam a 
mesma dose de propofol, e os resultados de G1 foram melhores que 
G2. G4 e G5 receberam a mesma dose de etomidato e os resultados 
de G4 foram melhores do que G5. Os grupos G2 e G5 receberam 
butorfanol e contradizem a afirmação do autor acima citado. 
O butorfanol pode ser uma droga proveitosa na associação 
com o isoflurano para anestesia em iguanas (MOSLEY et al. , 2004). 
Já com o propofol e o etomidato a droga mostrou não ser proveitosa 
na dose de 1 mg/Kg. 
 20 
Todos os animais tratados com propofol apresentaram apnéia 
após a administração das drogas. Bennett et al. (1998) anestesiaram 
14 iguanas com propofol intra-ósseo e todas apresentaram apnéia. 
Os resultados encontrados neste estudo corroboram com os 
resultados do autor acima citado, mesmo que sejam de espécies 
diferentes. 
De acordo com Sebbel & Lowdon (1989), a injeção de bolo de 
propofol resulta em alto índice de apnéia durante a indução. Os 
répteis, aqui estudados, manifestaram apnéia de longa duração e não 
receberam ventilação assist ida, apresentaram cianose da mucosa 
oral e língua. 
Os répteis são animais capazes de permanecer por tempo 
prolongado em apnéia, podendo fazer respiração anaeróbia 
(BENNETT, 1991). Os resultados encontrados estão de acordo com 
a afirmação, pois mesmo apresentando cianose nenhum animal que 
teve apnéia veio a óbito. 
 Os animais tratados com etomidato não apresentaram apnéia. 
O etomidato exerce efeitos respiratórios mínimos (baixa freqüência 
de apnéia) (TREVOR & MILLER, 2002). Os dados encontrados nas 
Podocnemis expansa coincidem com os efeitos farmacológicos 
citados para outras espécies. 
 Todos os analgésicos opióides podem produzir depressão 
respiratória significativa ao inibir os mecanismos respiratórios do 
tronco cerebral (WAY, FIELDS & SCHUMACHER, 2002). Os 
resultados deste experimento mostraram que a droga responsável 
pela apnéia foi o propofol, pois nenhum animal que recebeu 
butorfanol e fentanila, em associação com o etomidato, apresentou 
apnéia. Estes dados mostraram, novamente, que os efeitos dos 
opióides foram diferentes, porque eles normalmente induzem à uma 
depressão respiratória, que não foi observada em G5 e G6. 
De maneira geral, o tempo de recuperação de G1 foi maior, 
com diferença signif icativa, quando comparado a G4 e G5. Sabendo 
 21 
que G1 foi tratado com propofol, enquanto que G4 e G5 com 
etomidato, a grande redução do metabolismo cerebral em conjunto 
com a apnéia são as prováveis causas dessa diferença significativa. 
No G6, um animal apresentou tempo de recuperação de 577 
minutos, muito superior aos outros animais do mesmo grupo. 
Fatores individuais, como alguma deficiência de metabolização ou 
excreção das drogas, podem justificar o ocorrido. Portanto, os 
animais tratados com etomidato tiveram retorno mais rápido. De 
toda forma, todos os tratamentos podem ter seu tempo de retorno 
considerado rápido, já que os anestésicos dissociativos apresentam 
períodos de recuperação bastante prolongados (SCHILLIGER, 
2000), podendo exceder 24 horas. 
Tendo em vista o rápido retorno dos animais anestesiados, 
pode-se sugerir estudos com essas drogas (propofol e etomidato) 
para indução de anestesia inalatória em répteis (o etomidato por não 
induzir apnéia mostra-se como boa alternativa). 
Machin (2001) afirma que os répteis têm componentes 
neurológicos para mecanismos de dor diferentes dos outros 
vertebrados. O estudo da analgesia em répteis, juntamente com os 
efeitos dos opióides, também é sugerido, tendo em vista os 
resultados encontrados serem diferentes aos normalmente 
encontrados nos mamíferos. 
 22 
 
 
 
CONCLUSÕES 
 
 
Do exposto, conclui-se que: 
 
O propofol, na dose de 10 mg/Kg, foi eficaz e seguro para 
anestesia cirúrgica de Podocnemis expansa, em temperatura ótima. 
O etomidato, na dose de 2mg/Kg, não embora seguro não foi 
eficiente para anestesia cirúrgica de Podocnemis expansa , em 
temperatura ótima. 
O butorfanol (1mg/Kg) e a fentanila (0,01mg/Kg) não 
acresceram analgesia , na anestesia de Podocnemis expansa, quando 
associados ao propofol (10mg/Kg) ou ao etomidato (2mg/Kg). 
 23 
 
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 29 
APÊNDICES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 01 – Administração de propofol no seio vertebral cervical de 
uma tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 02 – Uma tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa) 
apresentando grau três de sedação, facilidade de manipulação e grau 
de coordenação, após 40 segundos à administração de propofol. 
 
 
 
 31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 03 – Teste para avaliação da facilidade de manipulação em 
tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa) anestesiada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 04 – Teste para avaliação da sensibilidade dolorosa em 
membro pelvino por pinçamento digital de tartaruga da Amazônia 
(Podocnemis expansa) anestesiada.

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