Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 16 TRANSFERINDO COMPORTAMENTO PARA NOVOS CONTEXTOS E PROGRAMANDO SUA MANUTENÇÃO: GENERALIZAÇÃO DA MUDANÇA COMPORTAMENTAL “Oi, garoto. Tenho uma surpresa para você no meu carro.” ENSINANDO BETO A SE PROTEGER1 Durante o recreio, Beto, de quatro anos, se divertia em um brinquedo, perto da cerca externa do playground de sua pré- escola, sem perceber que um estranho o observava atentamente, à distância. Não havia nenhuma professora à vista. Gradualmente, o estranho se aproximou até estar do lado de Beto. “Olá,” disse o estranho. “Qual é o seu nome?” “Beto,” respondeu o menino. “Bonito dia, não é, Beto?” O estranho conversou com Beto por alguns minutos. Depois, dando uma olhada ao redor do pátio da escola, o estranho perguntou casualmente, “Beto, quer ir dar uma volta comigo?” O estranho parecia amigável e Beto estava acostumado a conversar com adultos. Ele levantou-se e aproximou–se do estranho. Nesse exato momento, uma professora apareceu e o estranho se afastou rapidamente. Uma tentativa de seqüestro de criança? Não exatamente. O estranho, na verdade, era um assistente em um experimento planejado para estudar um método para ensinar autoproteção a crianças pequenas, e Beto estava sendo testado para determinar sua adequação para o experimento. Ele e duas outras crianças (Patti e João), que também pareciam suscetíveis a chamarizes freqüentemente usados por molestadores de crianças, foram incluídos no experimento. As crianças foram testadas várias vezes para verificar se acompanhariam um estranho que as abordasse usando qualquer um entre vários tipos de chamarizes (p. ex., “Sua professora disse que você podia vir comigo” e “Tenho uma bela surpresa no meu carro. Você quer ir ver?”). Depois, foi iniciado o treino. Dois treinadores adultos encenaram uma situação na qual um deles se aproximava do outro e usava um dos chamarizes. O outro treinador respondia: “Não, tenho que perguntar a minha professora”, e corria na direção do prédio da escola. A criança era, então, instruída a responder da mesma forma ao chamariz do primeiro treinador, sendo-lhe fornecido reforço social (p.ex., elogios) que, ocasionalmente, era seguido de reforços materiais e de atividade (p.ex., adesivos e brincar nos balanços), quando o fazia. Eram treinadas respostas a um chamariz por dia. Quando uma criança respondia consistentemente ao primeiro chamariz, era treinada a resposta a um segundo chamariz e, depois, a um terceiro. Além de variar os chamarizes dessa forma, o local exato de cada sessão, no terreno da escola, também variava em aproximadamente 25 metros. Depois de terminado o treinamento, cada criança era testada num ambiente de sua comunidade para determinar se a resposta emitida durante o treinamento seria emitida num novo contexto. Depois de 12 semanas, Patti e Beto foram testados novamente no ambiente de sua comunidade. Beto continuou a responder perfeitamente, enquanto Patti deu resposta verbal correta, mas permaneceu próxima ao estranho. GENERALIZAÇÃO Dizemos que o treinamento produz generalização quando o comportamento treinado se transfere da situação de treinamento para o ambiente natural; quando o treinamento leva ao desenvolvimento de um novo comportamento que não foi especificamente treinado; ou quando o comportamento treinado se mantém no ambiente natural, no decorrer do tempo. Antes de examinar estratégias para programar a generalização da mudança de comportamento nessas três 1 Este caso baseia-se num experimento de Poche, Brouwer e Swearingen (1981). 2 áreas, é importante rever a generalização de estímulos (que apresentamos no Capítulo 8) e a generalização da resposta. Generalização de Estímulos Generalização de estímulo ocorre quando o comportamento se torna mais provável na presença de um estímulo ou situação, por ter sido reforçado na presença de outro estímulo ou situação. Como discutido no Capítulo 8, há várias razões para a ocorrência da generalização de estímulos. Em primeiro lugar, quanto mais semelhantes fisicamente os dois estímulos, mais generalização de estímulos ocorrerá entre eles (p. ex., duas frutinhas silvestres de aparência similar).Essa é uma característica herdada (isto é, não aprendida). Segundo: a generalização de estímulos pode ocorrer de um estímulo para outro porque aprendemos que os dois estímulos fazem parte de uma classe de estímulos de elemento em comum — um conjunto de estímulos que têm alguma característica física em comum (p. ex., uma casa com janelas verdes e uma menina de meias verdes). Terceiro: a generalização de estímulos pode ocorrer de um estímulo para outro porque aprendemos que os estímulos fazem parte de uma classe de equivalência — um conjunto de estímulos completamente dessemelhantes que um indivíduo aprendeu a emparelhar (p. ex., as palavras “totó”, “vira-lata” e uma figura de um cachorro). Tais estímulos são funcionalmente equivalentes, no sentido de que controlam a mesma resposta. Tantos as classes de estímulos de elemento em comum, quanto as classes de equivalência de estímulos são chamadas de conceitos. A primeira sentença do parágrafo acima descreve generalização de estímulos do condicionamento operante. Generalização de estímulos respondente acontece quando uma CR respondente ocorre diante de um novo estímulo, e é discutida mais adiante neste capítulo. Generalização de Resposta Não se deve confundir com generalização de estímulos o fenômeno chamado generalização de resposta. Esta ocorre quando um comportamento se torna mais provável na presença de um estímulo ou situação, porque um outro comportamento foi fortalecido na presença de tal estímulo ou situação. Como com a generalização de estímulos, a generalização de resposta acontece por várias razões. Generalização Não-Aprendida de Resposta devido a Considerável Semelhança Física das Respostas. Quanto mais semelhantes fisicamente forem duas respostas, mais generalização não-aprendida de resposta ocorrerá entre elas. Se, por exemplo, você aprende o movimento de direta no jogo de raquetinha, a probabilidade é de que você conseguirá executar um movimento de direita no squash ou no tênis. As respostas envolvidas são muito similares. De maneira semelhante, você provavelmente achará que é relativamente fácil aprender a andar em patins de rodas, caso já tenha aprendido a patinar no gelo, porque as respostas envolvidas nas duas atividades são similares. Generalização Aprendida de Resposta, Baseada em Semelhança Física Mínima entre as Respostas. Assim como há grandes classes de estímulos que compartilham características em comum e diferem em muitas outras características, também há respostas amplamente diferentes que compartilham de uma característica em comum. A generalização aprendida de resposta pode ocorrer entre tais classes de respostas. Por exemplos, uma criança, que aprendeu a acrescentar um “s” no final das palavras que se referem a mais de um objeto ou evento, pode apresentar generalização de resposta, ainda que ela seja gramaticalmente incorreta (p. ex., dizer “papels” em vez de “papéis” ao ver duas folhas de papel). No caso de Beto, caso um estranho tentasse atraí-lo e ele dissesse: “Não, tenho que perguntar a minha mãe [em vez de minha professora]”, esse seria um exemplo de generalização aprendida de resposta porque as duas sentenças são diferentes, mas têm uma estrutura gramatical em comum e compartilham algumas das palavras. 3 Figura 16-1 Um exemplo de “armadilha” comportamental. Generalização Aprendida de Resposta devido a Respostas Funcionalmente Equivalentes. Respostas diferentes que produzem as mesmas conseqüências são chamadas de respostas funcionalmente equivalentes. Pode-se apresentar generalização de resposta porque se aprendeu respostasfuncionalmente equivalentes diante de um estímulo. Se lhe pedirem para acender uma fogueira, por exemplo, você poderia arranjar um fósforo e riscá-lo, usar um isqueiro, colocar uma vareta numa fogueira já existente para acender a outra ou talvez até esfregar duas varetas. Como outro exemplo, uma criança que aprende a “ser honesta” pode dizer a verdade; devolver objetos de valor esquecidos ou derrubados por outras pessoas; e não copiar as respostas de outro aluno. Todas essas respostas são funcionalmente equivalentes, no sentido de que elevam a probabilidade de a criança receber elogios por parte de vários membros da sua comunidade. Uma aplicação importante das respostas funcionalmente equivalentes, no contexto da aplicação, é chamada de momentum comportamental. Uma vez que algumas respostas foram emitidas e reforçadas, a probabilidade de emissão de outras respostas funcionalmente equivalentes aumenta temporariamente. Considere, por exemplo, o problema de superar o não cumprimento de ordens por parte de crianças. O cumprimento de instruções pode incluir uma variedade de respostas funcionalmente equivalentes. Assim, para aumentar a probabilidade de que uma criança seguirá instruções que normalmente não segue, muitas vezes é eficaz dar à criança, em primeiro lugar, instruções que ela tem probabilidade de cumprir e reforçar o cumprimento de tais instruções. Caso as instruções, que a criança tem menor probabilidade de seguir, forem dadas Anotação 1 Talvez devêssemos modelar as habilidades sociais de Carlos. Boa, Carlos! Vai indo muito bem! Acho que agora é melhor parar de reforçá-lo! 4 logo depois disso, aumentam muito as chances de ela cumpri-las (Mace e Belfiore, 1990; Mace et al., 1988; Singer, Singer e Horner, 1987). FATORES QUE INFLUENCIAM A EFICÁCIA DA PROGRAMAÇÃO DA GENERALIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO OPERANTE Ao discutirmos generalização, diferenciamos duas situações: (a) a situação de treinamento e (b) a situação alvo uma situação na qual queremos que a generalização ocorra. A situação alvo geralmente (mas não necessariamente) é o ambiente natural. Uma vez que a programação da generalização é um tanto diferente para os comportamentos respondente e operante, consideraremos cada um deles separadamente. A programação da generalização da mudança no comportamento operante inclui estratégias de programação de generalização de estímulos, generalização da resposta e manutenção do comportamento. Programando Generalização Operante de Estímulos A ocorrência inicial da generalização de estímulos depende criticamente da semelhança física entre as situações alvo e de treinamento. Quanto mais similares forem, maior generalização de estímulos (e, portanto, menor discriminação) haverá entre elas. Treine na Situação Alvo. Assim, o primeiro esforço do modificador de comportamento que está tentando programar a generalização de estímulos deve ser o de tornar os estágios finais da situação de treinamento semelhantes à situação alvo, de tantas maneiras quanto possíveis. A melhor forma de fazê-lo é treinando na própria situação alvo. Imagine, por exemplo, que um pai queira ensinar uma criança a contar a quantia correta de moedas para comprar balas. O lugar ideal para fazer isso seria numa loja que venda balas. (Logicamente, talvez seja necessário algum treinamento preliminar em um ambiente mais controlado.) Varie as Condições de Treinamento. Isso pode ser feito através de sessões de treinamento com relativamente pouco controle sobre os estímulos, em presença dos quais respostas corretas serão reforçadas. Se os comportamentos forem colocados sob controle de uma maior variedade de estímulos, durante o treinamento, então há maior probabilidade de alguns desses estímulos estarem presentes na situação alvo. Assim, no caso apresentado no início deste capítulo, não foi feita nenhuma tentativa de controlar estímulos secundários, como ruídos do playground e do tráfego, como poderia ser feito numa pesquisa mais básica. Programe Estímulos em Comun. Uma terceira tática é programar estímulos comuns, de maneira deliberada, através do desenvolvimento do comportamento diante de estímulos específicos que estejam presentes tanto na situação de treinamento como na situação alvo. Por exemplo, Walker e Buckley (1972) descreveram um programa no qual comportamentos sociais e de sala de aula foram ensinados a crianças de uma classe especial. A generalização de estímulo para a sala de aula normal foi assegurada através da utilização dos mesmos materiais acadêmicos (ou seja, estímulos em comum) em ambas as salas. Uma estratégia útil para programar estímulos em comum é colocar o comportamento desejado sob controle de instruções ou regras que o aluno pode ensaiar em situações novas (Guevremont, Osnes e Stokes, 1986; Stokes e Osnes, 1986). A seguinte regra poderia ter sido ensinada a Beto: “Caso se aproxime de mim alguém que eu não conheça, devo dizer a essa pessoa que tenho que falar com minha professora e correr para dentro da escola”. O ensaio de uma regra adequada em novos contextos pode levar ao comportamento desejado, mesmo que os estímulos nos novos contextos sejam fisicamente diferentes dos que estavam presentes durante o treinamento. Por exemplo, caso Beto esteja no jardim de sua casa, e um estranho se aproxime dele, ele poderia correr para dentro de casa como resultado de dizer a regra para si mesmo. (Comportamento governado por regras é discutido em mais detalhes no Capítulo 17). Anotação 2 5 Treine com Vários Exemplos de Estímulo. Uma quarta tática, que Strokes e Baer (1977) consideravam como uma das mais valiosas áreas para programar a generalização, é chamada de treino com a quantidade suficiente de exemplos de estímulo. Tal técnica aumenta a probabilidade de generalização adequada para novos estímulos e situações, devido ao grande número e variedade de estímulos e situações diante das quais houve treinamento. Assim, no caso do início do capítulo, o treinamento foi feito em vários locais diferentes da escola e com vários chamarizes diferentes. Horner e colaboradores descreveram uma variação do treino com vários exemplos de estímulos, à qual chamaram de programação de caso geral (Horner, Sprague e Wilcox, 1982). Em tal abordagem, o professor começa por identificar a gama de situações de estímulo relevantes aos quais se espera que o aprendiz venha a responder, assim como as variedades de respostas que poderão ser necessárias. Depois, durante o treinamento, o comportamento do aprendiz e variações aceitáveis são colocados sob controle dos itens da gama de estímulos relevantes. Sprague e Horner (1984) usaram tal abordagem para ensinar adolescentes com desenvolvimento atípico a utilizar máquinas de vender, apresentando a eles uma variedade de máquinas diferentes, assim como as respostas necessárias para a utilização de cada uma delas. Tal abordagem foi muito eficaz na produção da generalização, pois os adolescentes se tornaram capazes, subseqüentemente, de operar qualquer máquina de vender que encontrassem. Programando a Generalização da Resposta Operante Parece que houve menor preocupação, na literatura, com a programação da generalização da resposta do que com a programação da generalização de estímulos. Isto talvez se deva a uma grande ênfase de nosso sistema educacional em ensinar aos alunos as respostas “corretas” para as questões. Variações das respostas corretas (que podem apresentar generalização da resposta) não são aceitas ou são seguidas por reforçadores de baixa qualidade (um B em vez de um A, como nota numa prova de Matemática). No entanto, existem algumas estratégias para programar a generalização da resposta, duas das quais são discutidas a seguir. Treine Vários Exemplos de Resposta. Uma estratégia para programar a generalização da resposta é semelhante ao treino de váriosexemplos de estímulo, para estabelecer a generalização de estímulos. É chamada de treinamento da quantidade suficiente de respostas (Stokes e Baer, 1977). Usando tal técnica, Guess, Sailor, Rutherford e Baer (1968) ensinaram uma menina com desenvolvimento atípico a utilizar corretamente o plural dos substantivos, na linguagem oral. Com deixas adequadas e reforçamento, eles inicialmente ensinaram a menina a nomear corretamente os objetos, no singular e no plural, quando lhe apresentavam um objeto (p. ex., xícara) ou dois objetos (p. ex., xícaras). Prosseguiram assim até que, depois de ter sido ensinada uma série de exemplos corretos de singular e de plural, a menina nomeasse adequadamente novos objetos no plural, mesmo que apenas o singular do nome de tais objetos lhe houvesse sido ensinado. Portanto, a menina apresentou generalização da resposta. Varie as Respostas Aceitáveis durante o Treinamento. Outra estratégia consiste em variar as respostas que são aceitáveis durante o treinamento. Por exemplo, para desenvolver a criatividade, Goetz e Baer (1973) reforçaram crianças, durante a atividade de construção com blocos, numa escola maternal, diante de qualquer resposta que fosse diferente das respostas anteriores de construção com blocos. Tal tática levou a um aumento na construção criativa apresentada pelas crianças. Programando a Manutenção do Comportamento Operante Uma coisa é programar a generalização de estímulos para um novo contexto ou a generalização da resposta para novos comportamentos. Outra coisa é fazer durar uma mudança comportamental terapêutica, em tais contextos novos ou com tais comportamentos novos. A manutenção depende criticamente da necessidade de que o comportamento continue a ser Anotação 3 6 reforçado. Há quatro maneiras gerais para lidar com o problema de conseguir manutenção do comportamento. “Armadilha” Comportamental: permita que contingências de reforçamento naturais assumam o controle. Numa “armadilha” comportamental, os reforçadores presentes no ambiente natural mantêm um comportamento que, inicialmente, foi desenvolvido através de reforçadores programados (Baer e Wolf, 1970; Kohler e Greenwood, 1986). Utilizar uma “armadilha” comportamental pode ser uma forma muito eficaz de programar a generalização. Tal abordagem requer que o modificador de comportamento identifique realisticamente as contingências do ambiente natural e, depois, que trabalhe o comportamento-alvo de maneira que este venha a ser “capturado” (isto é, mantido) por tais contingências. Falar é um exemplo óbvio de comportamento que é intensamente reforçado na maioria dos ambientes sociais. Depois de instalada numa situação de treinamento, a fala pode se manter no ambiente natural devido às contingências naturais de reforçamento que aí encontra. Na realidade, muitas vezes parece ser necessário instalar apenas a imitação vocal e algumas respostas de nomeação de objetos, para que as contingências de reforçamento naturais assumam o controle e desenvolvam o comportamento de fala funcional. Como mais um exemplo, a “armadilha” comportamental pode ser usada para superar a timidez em uma criança. Brincar com outras crianças é um comportamento que pode ser modelado gradualmente numa criança tímida. Uma vez que tal comportamento esteja fortemente instalado, no entanto, o modificador de comportamento provavelmente não terá mais que se preocupar em continuar a reforçá-lo. As outras crianças se encarregarão disso durante a brincadeira, pois, na verdade, a relação social consiste exatamente nisso. Outro exemplo de “armadilha” comportamental é mostrado na Figura 16-1. Modifique o Comportamento das Pessoas Presentes no Ambiente Natural. Uma segunda abordagem para o problema de conseguir uma generalização duradoura geralmente é mais difícil do que a primeira. Envolve a modificação do comportamento das pessoas na situação alvo, de maneira que elas mantenham o comportamento do aprendiz, comportamento este generalizado a partir da situação de treinamento. Para usar tal abordagem, é necessário trabalhar com as pessoas presentes na situação alvo funcionários de hospital, pais, professores e outras que tenham contato com o comportamento alvo. O modificador de comportamento tem que ensinar tais pessoas a reforçar o comportamento (caso este seja desejado) ou a extingui-lo (caso ele seja indesejado). O modificador de comportamento também tem que reforçar ocasionalmente o comportamento adequado das pessoas que convivem com o aprendiz pelo menos até que elas entrem em contato com o comportamento alvo dele, agora já melhorado, o que passará então, espera-se, a reforçar a aplicação contínua dos procedimentos adequados. Como exemplo desta segunda abordagem, considere o caso de uma criança que, com grande freqüência, apresenta comportamentos de birra. É possível que esse seja seu único meio de conseguir atenção e outros reforçadores por parte de seus pais. Sem dúvida, comportamentos mais adequados poderiam ser instalados numa situação de treinamento, mas esses comportamentos não seriam mantidos no lar, a não ser que as contingências em operação ali fossem modificadas. Um modificador de comportamento, ao atender tal caso, poderia adotar o seguinte plano. Numa situação de treinamento programada para ensinar a criança a brincar com brinquedos em vez de fazer birra, o modificador de comportamento, em primeiro lugar, colocaria o comportamento desejado sob um esquema adequado por exemplo, VI/LH2 com reforçamento pouco freqüente (porque não será prático para os pais oferecer reforçamento muito freqüente no ambiente doméstico). Tendo conseguido isso, o modificador de comportamento mostraria à mãe como manter registros precisos dos comportamentos adequados e inadequados da criança. Depois, com a ajuda e as deixas do modificador de comportamento, a mãe reforçaria a criança freqüentemente por brincar com seus brinquedos na sala de estar. Gradualmente, a mãe reduziria a freqüência do reforçamento, a fim de ter mais tempo para atividades que não envolvessem a criança. A mãe poderia utilizar um timer de cozinha, por exemplo, para se lembrar 2 Intervalo variável com disponibilidade limitada (N.T.) 7 de reforçar a criança. Durante tal procedimento, o modificador de comportamento reforçaria a mãe freqüentemente por controlar e registrar adequadamente o comportamento da criança. Depois, o modificador de comportamento faria seu fading out da situação, fazendo visitas cada vez menos freqüentes para verificar os registros da mãe. Mas, caso o programa se deteriorasse, ele interromperia temporariamente o processo de fading e passaria tempo suficiente na situação de treinamento para corrigir o que fosse necessário. O esperado seria que o comportamento da mãe (de reforçar adequadamente o comportamento alvo) passasse, eventualmente, a ser mantido pelo bom comportamento de brincar do filho e pela redução de seus comportamentos de reclamar, chorar e fazer birra. Utilize Esquemas de Reforçamento Intermitente na Situação Alvo. Depois que um comportamento foi generalizado para a situação alvo, talvez seja desejável reforçá-lo deliberadamente nessa situação alvo através de um esquema intermitente, pelo menos algumas vezes. O esquema intermitente deve tornar tal comportamento mais persistente na situação alvo, aumentando assim a probabilidade do comportamento durar até que venha a ser controlado por reforçadores naturais. Passe o Controle para o Indivíduo. Uma área dentro da modificação do comportamento tem se preocupado em ajudar as pessoas a aplicarem a modificação do comportamento a si próprias. Tal área, que tem sido chamada de automodificação ou autocontrole comportamental, levou à produção de muitos livros contendo procedimentos fáceis de seguir, que ajudam o indivíduo a gerenciarseu próprio comportamento. Tal área é discutida melhor no Capítulo 26. Em relação ao problema da manutenção do comportamento em situações alvo, passar o controle para o indivíduo pode ocorrer principalmente de duas maneiras. Em primeiro lugar, é possível ensinar um indivíduo a avaliar e registrar ocorrências de seu próprio comportamento generalizado e a aplicar um procedimento específico para tal comportamento, como sugerido no Capítulo 26. Segundo (como sugerido por Strokes e Baer, 1977): é possível ensinar a um indivíduo um meio de recrutar uma comunidade natural de reforçamento para manter as respostas generalizadas. Por exemplo, num estudo realizado por Hildebrand, Martin, Furer e Hazen (1990), trabalhadores de uma oficina abrigada para pessoas com desenvolvimento atípico geralmente apresentavam uma produtividade muito baixa. Nas poucas ocasiões em que apresentavam uma taxa elevada de trabalho, recebiam pouco feedback por parte da equipe. Hildebrand e colegas ensinaram os trabalhadores a atingir uma meta de produtividade e, a seguir, a chamar a atenção da equipe para esse bom resultado. Isso levou a maior feedback por parte da equipe para com os trabalhadores e ajudou a manter um nível mais elevado de produtividade por parte destes últimos. PROGRAMANDO A GENERALIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO RESPONDENTE Como indicado anteriormente, a programação da generalização do comportamento operante com freqüência envolve estratégias para efetuar generalização de estímulos, generalização da resposta e manutenção do comportamento. Ao lidar com comportamento respondente, a generalização de estímulos às vezes é importante. Ao extinguir uma fobia, por exemplo, não iríamos querer reduzir o medo de um estímulo específico apenas (ver Figura 16- 2).Na maioria dos tratamentos envolvendo condicionamento respondente, no entanto, nos preocupamos, tipicamente, com a manutenção temporal do reflexo condicionado. Para ajudá-lo a compreender por que isso acontece, vamos rever alguns exemplos de condicionamento respondente do Capítulo 14. Nesse capítulo, o resultado de um programa de condicionamento respondente para constipação intestinal foi um reflexo condicionado, no qual determinada hora do dia tornou-se um CS, que levava a pessoa (adulta) a sentir movimentos intestinais como CR. Em cada caso, era desejável que os adultos tivessem movimentos intestinais ao se levantar pela manhã. Será que eles queriam que ocorresse generalização de estímulos, de maneira que os 8 movimentos intestinais fossem eliciados em outros momentos do dia? Não, isso seria muito inconveniente. Era importante programar generalização da resposta, de maneira que uma grande variedade de movimentos intestinais fosse eliciada pelo CS (determinada hora do dia)? Não, isso não seria adequado. Figura 16-2 Um exemplo de falta de programação de generalização de estímulos de um comportamento respondente. Consideremos outro exemplo do Capítulo 14, no qual, depois do condicionamento, a pressão produzida pela urina na bexiga de uma criança, no meio da noite, tornou-se um CS que causava o despertar como CR (de maneira que, subseqüentemente, a criança ia ao banheiro para urinar, ao invés de molhar a cama). Seria desejável que ocorresse generalização de estímulos, de maneira que uma leve pressão apenas causasse o despertar? Não — a pressão existente logo antes de urinar era o CS ideal e foi isso que foi treinado. Era necessário haver generalização da resposta de despertar? Na realidade, não; a resposta de despertar normal era bastante adequada. Como ilustrado por tais exemplos, a programação da generalização de estímulos e da resposta não é O medo Procurando terapia Primeiras sessões de terapia Após muitas sessões Última sessão 9 uma preocupação típica em programas de controle de comportamento que envolvem reflexos condicionados. É importante, no entanto, que reflexos condicionados sejam temporalmente duradouros. Caso um CS seja apresentado sem novos pareamentos com um US, o CS perderá sua capacidade de eliciar a CR. Assim, em programas que envolvem condicionamento respondente, às vezes é necessário parear periodicamente o CS com o US, para que o CS continue a eliciar a resposta desejada. CILADAS DA GENERALIZAÇÃO Todos os componentes da generalização contêm ciladas em potencial, assim como aspectos positivos. Considere a generalização de estímulos. Sem ela, a aprendizagem teria um valor muito limitado. Independentemente de quão perfeitamente uma pessoa aprendesse algo; teria que aprender a mesma coisa novamente, cada vez que a situação se modificasse mesmo que ligeiramente. (Imagine como seria maçante aprender a dançar ao som de determinado ritmo e descobrir que era necessário aprender novamente cada vez que fosse tocada uma canção diferente no mesmo ritmo). Mas a generalização de estímulos também tem suas desvantagens, uma vez que um comportamento aprendido numa situação, na qual ele é adequado, pode emergir inconvenientemente numa situação na qual é inadequado. Um exemplo claro da generalização de estímulos de um comportamento desejado para uma situação inadequada, que pode ser notado com freqüência entre indivíduos com déficit de desenvolvimento, envolve cumprimentos e demonstrações de afeto. Logicamente, é muito desejável que tais comportamentos ocorram em circunstâncias adequadas; mas, quando um indivíduo se aproxima e abraça uma pessoa totalmente desconhecida, os resultados podem não ser muito apropriados por uma série de razões óbvias. A solução para tal problema é ensinar o indivíduo a discriminar entre situações nas quais diferentes formas de saudação e de expressão de afeto são adequadas e situações nas quais são inadequadas. Outro exemplo de generalização de estímulo inadequada de um comportamento desejado pode ser a competitividade destrutiva demonstrada freqüentemente por alguns indivíduos e, ocasionalmente, por todos nós. Tal comportamento pode vir, em parte, do intenso reforçamento que é dado em nossa cultura a vitórias nos esportes e à obtenção de notas altas em nosso sistema educacional. Como disse certa vez uma pessoa perspicaz: “Pode ser verdade que guerras já foram vencidas nos campos de Eton3, mas elas também já foram iniciadas lá.” O tipo oposto de problema é a generalização de estímulo de um comportamento indesejado, da situação em que se desenvolveu para uma nova situação, para a qual ele também é inadequado. Suponha que uma avó superprotetora, ao cuidar de um neto que está aprendendo a andar, dê muita atenção cada vez que a criança cai (presumivelmente por preocupação com a possibilidade de a criança se machucar). Como resultado, há um aumento na freqüência das quedas. Quando a criança é devolvida aos pais, o excesso de quedas pode se generalizar também para a presença destes. Uma cilada diferente é a falta da generalização de estímulo desejada. Isso pode ser notado nos hábitos de estudo típicos dos estudantes. Freqüentemente, eles passam toda a noite estudando, na véspera de uma prova. Memorizam certos encadeamentos verbais em resposta a determinadas deixas e perguntas. O que muitas vezes deixam de considerar é a importância de colocar seu conhecimento da matéria sob um controle de estímulo mais amplo do que apenas uma ou duas questões; ou seja, não programam a generalização. Muitas pessoas tiveram a mesma experiência com a aprendizagem de um segundo idioma. Um dos autores foi um dos muitos que estudou um segundo idioma durante os quatro anos da escola secundária. No final de tal período, 3 Colégio britânico freqüentado por filhos da classe mais alta da sociedade e considerado como produtor de muitos dos líderes da nação. (N. da T.) 10 continuava completamente incapaz de falar o idioma. Tinha certorepertório para responder perguntas em provas de Francês, para traduzir artigos do Inglês para o Francês e para traduzir do Francês para o Inglês, mas tal repertório não fora colocado sob controle de estímulos de um contexto típico de conversação. Outro exemplo de falta da generalização de estímulos desejada ocorre na interação entre pais e filhos. Em várias situações sociais, tal como em restaurantes, os pais muitas vezes não apresentam a seus filhos os mesmos estímulos ou não fornecem as mesmas contingências de reforçamento que apresentam durante as refeições no ambiente doméstico. Conseqüentemente, as crianças muitas vezes não generalizam para o restaurante ou outros contextos sociais os bons comportamentos à mesa que ocorrem em casa. É comum ouvir um pai lamentando: “Eu pensei que tivesse lhe ensinado a ser uma criança boazinha e agora veja só!” Esperamos que, depois de ler este livro e de responder às questões para estudo e aos outros exercícios, os mesmos pais tenham mais êxito na programação da generalização de estímulos. (Caso contrário, você provavelmente nos escutará lamentando: “Eu pensei que tivesse lhe ensinado a ser um bom modificador de comportamento e agora veja só!”) As ciladas que acabamos de apresentar indicam como a generalização de estímulo pode funcionar em detrimento das pessoas que não a conhecem. Há também muitas ciladas na programação da manutenção da mudança de comportamento. Elas estão descritas no final dos Capítulos 6 e 7, referentes a esquemas de reforçamento. DIRETRIZES PARA PROGRAMAR A GENERALIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO OPERANTE A fim de assegurar a generalização de estímulos e de resposta, da situação de treinamento para o ambiente natural, assim como para assegurar a manutenção do comportamento, o modificador de comportamento deve observar as seguintes diretrizes da maneira mais rigorosa possível: 1. Escolha comportamentos alvo que sejam nitidamente úteis para o aprendiz, uma vez que são esses os comportamentos com maior probabilidade de serem reforçados no ambiente natural. 2. Ensine o comportamento alvo numa situação que seja tão semelhante quanto possível ao ambiente no qual você quer que o comportamento ocorra. 3. Varie as condições de treinamento, de maneira a ter o máximo de amostras de dimensões relevantes de estímulo a transferir para outras situações e a reforçar várias formas do comportamento desejado. 4. Instale o comportamento alvo, sucessivamente, em tantas situações quanto seja viável, começando com a mais fácil e progredindo até a mais difícil. 5. Programe estímulos em comum (regras, por exemplo) que possam facilitar a transferência para novos ambientes. 6. Varie as respostas aceitáveis nas situações de treinamento. 7. Reduza gradualmente a freqüência do reforçamento na situação de treinamento, até que seja inferior à que ocorre no ambiente natural. 8. Ao mudar para uma nova situação, aumente a freqüência de reforçamento em tal situação, a fim de compensar a tendência do aprendiz de discriminar a nova situação em relação à anterior (de treinamento). 9. Certifique-se da ocorrência de reforçamento no ambiente natural para manter o comportamento alvo. Deve-se ficar especialmente atento a esta regra nos estágios iniciais da transferência do comportamento alvo da situação de treinamento para o ambiente natural. Aumente o reforçamento, se necessário, incluindo reforçamento para as pessoas (como pais e professores) responsáveis por manter o comportamento alvo no ambiente natural; depois, reduza tal reforçamento lentamente para evitar que o comportamento alvo se deteriore. 11 QUESTÕES PARA ESTUDO 1. Defina generalização de estímulo e dê um exemplo. 2. Estabeleça a diferença entre generalização de estímulos não aprendida e generalização de estímulos aprendida envolvendo uma classe de estímulos de elemento em comum. Dê um exemplo de cada. 3. Qual é uma diferença básica entre generalização de estímulos envolvendo uma classe de elemento em comum e generalização de estímulos envolvendo classes de equivalência? 4. Defina ou descreva generalização da resposta devido à semelhança física das respostas. Dê um exemplo. 5. Defina ou descreva generalização da resposta baseada em mínima semelhança física das respostas. Dê um exemplo. 6. Defina ou descreva generalização da resposta devido a respostas funcionalmente equivalentes, e dê um exemplo. 7. Relacione os três aspectos da programação da generalização comportamental. Dê um exemplo de cada aspecto. 8. Descreva brevemente como a generalização comportamental foi demonstrada no experimento para ensinar habilidades de autoproteção a crianças. 9. Explique a diferença entre generalização de estímulos e discriminação de estímulos. Dê exemplos que ilustrem a diferença. 10. Descreva brevemente quatro táticas para programar generalização de estímulos operante. Dê um exemplo de cada. 11. Quais das estratégias para programar generalização de estímulos operante parecem tirar proveito da generalização de estímulos devido à semelhança física? Justifique suas escolhas. 12. Como o ensino de uma regra poderia facilitar a generalização operante de estímulos? Especifique o fator geral de programação de generalização que parece estar em operação, ilustrando com um exemplo. 13. Descreva a estratégia de generalização conhecida como programação de caso geral. Dê um exemplo. 14. Descreva brevemente duas táticas para programar a generalização da resposta operante. Dê um exemplo de cada. 15. Descreva brevemente quatro táticas para programar manutenção de comportamento operante numa situação alvo. Dê um exemplo de cada. 16. Explique brevemente por que as considerações sobre generalização do comportamento respondente diferem daquelas que se referem ao comportamento operante. 17. Dê dois exemplos de uma cilada da generalização de estímulos, sendo uma envolvendo generalização de um comportamento desejado para uma situação inadequada; e outra que envolva generalização de um comportamento inadequado. 18. Dê um exemplo de uma cilada da generalização de resposta. 19. Dê um exemplo de uma cilada da manutenção de comportamento. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO A. Exercício Envolvendo Terceiros Escolha um dos casos descritos nos capítulos anteriores, no qual não houve preocupação em programar a generalização. Delineie um programa viável específico para produzir a generalização em tal caso. 12 B. Exercícios de Auto-Modificação 1. Descreva uma situação recente, na qual você tenha feito generalização de maneira adequada. Identifique claramente o comportamento, a situação de treinamento (na qual o comportamento foi inicialmente reforçado) e a situação de teste (para a qual o comportamento foi generalizado). 2. Descreva uma situação recente, na qual você tenha feito generalização de maneira inadequada (em outras palavras, na qual o resultado não foi o desejado). Novamente, identifique o comportamento, a situação de treinamento e a situação de teste. 3. Considere o déficit comportamental para o qual você delineou um programa de modelagem no final do Capítulo 10. Supondo que seu programa de modelagem será bem sucedido, descreva o que você poderia fazer para programar a generalização. (Ver os fatores que influenciam a eficácia da generalização, que foram discutidos neste capítulo) ANOTAÇÕES E DISCUSSÃO ADICIONAL 1. O termo momentum comportamental refere-se também ao fato de que, quanto mais reforçamento ocorrer em determinada situação na qual uma resposta é reforçada, maior a resistência de tal resposta se reduzir em tal situação (ver, p. ex., Mace, MacCurdy e Quigley, 1990). Tal fato tem pelo menos duas implicações práticas: (a) como ressaltamos no Capítulo 6, uma resposta que foi intermitentemente reforçada levarámais tempo para ser reduzida através de extinção do que uma resposta continuamente reforçada. No entanto, uma resposta continuamente reforçada provavelmente será mais resistente a outros tipos de alteração (Nevin, 1992); (b) uma maneira de reduzir uma resposta é através da apresentação de reforçamento não contingente (isto é, independentemente do responder) (Tucker, Sigafoos e Bushell, 1998). No entanto, tal método de reduzir uma resposta resulta em mais reforçamento na situação, tornando a resposta, assim (pelo menos, na teoria), mais resistente à alteração. 2. Um exemplo disso ocorreu num estudo de Welch e Pear (1980), no qual objetos, desenhos de objetos e fotos de objetos foram comparados como estímulos de treinamento para respostas de nomeação, com quatro crianças com déficit severo de desenvolvimento, numa sala especial de treinamento. Descobriu-se que três das quatro crianças apresentaram generalização consideravelmente maior em relação aos objetos, em seu ambiente natural, quando foram treinadas com os próprios objetos , em vez de com as figuras ou fotos dos mesmos. A quarta criança, que era também a mais capacitada em relação à linguagem, apresentou uma generalização substancial, independentemente do tipo de estímulo de treinamento utilizado. Um estudo de acompanhamento feito por Salmon, Pear e Kuhn (1986) indicou que o treino com os objetos também produzia mais generalização para objetos, não utilizados no treinamento, da mesma classe de estímulo, do que o treino com figuras. Os resultados sugerem, portanto, que pais e professores de crianças com déficit severo de desenvolvimento deveriam usar, tanto quanto possível, objetos como estímulos para treinamento, sempre que a generalização de tais estímulos for desejada. 3. Tal exemplo de generalização da resposta (assim como nos exemplos dados) é um tanto mais complexo do que a definição simples que demos no início deste capítulo. Parece, neste exemplo, que o reforçamento de uma resposta específica aumentou a probabilidade de respostas similares. A nova forma da resposta (o plural de um novo objeto), no entanto, também está ocorrendo diante de um novo estímulo (a pluralidade do novo objeto, em si). Assim, a generalização de estímulos também está envolvida. Para uma discussão sobre as dificuldades de definir generalização da resposta, ver o Journal of Organizational Behavior Management, 2001, 21(4). Questões de Estudo sobre as Anotações 1. Qual a regra da programação de generalização de estímulos que é exemplificada pelo estudo no qual objetos e nomes de figuras foram ensinados a crianças com déficit de desenvolvimento? Explique. 2. Descreva as duas maneiras como a expressão momentum comportamental foi utilizada na literatura comportamental. 3. Explique pelo menos uma implicação prática do momentum comportamental com relação à redução da resposta.
Compartilhar