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Direito Processual Civil - Intervenção de Terceiros

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INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
1. Generalidades
1.1. Efeitos das sentenças e intervenção de terceiros (506 NCPC)
Um processo se inicia, em regra, para que seus efeitos fiquem restritos às partes (endoprocessuais). Todavia as relações jurídicas são complexas. Portanto, pode ser que um dos efeitos desse processo escape. Pode não atingir terceiro, mas pode ser que atinja. O terceiro quando atingido pode participar do processo. Toda vez que o terceiro é, ainda que potencialmente, alcançado pelos efeitos da decisão proferida nos autos de processo alheio, o terceiro passa a ter legitimidade para intervir nesse processo. O que define a modalidade de intervenção é o modo, a intensidade, que o terceiro é atingido. 
Se o terceiro for atingido apenas reflexamente, de raspão, será de assistência simples. Se for atingido de forma potencial, direta, será assistência litisconsorcial, equivale quase ao fenômeno da parte.
1.2. Conceito de terceiro: é bem comum utilizar a definição de que terceiro é aquele que não é parte. No entanto, convém definir o que é terceiro: é quem no processo não pede e nem tem contra si pedidos formulados. Ele está externo ao processo, a partir do momento em que é atingido pelos efeitos do processo alheio, o terceiro deixa de ser terceiro (“adquire legitimidade”) e passa a ser parte (passa a ter pedidos contra si).
CUIDADO!!! Alguns autores defendem que o assistente simples é o único que continua sendo terceiro (não fariam pedidos para si, ele pede ou não pede para alguém; não é ele). Trata-se de uma posição minoritária.
OBS: o amicus curiae – também dá a entender que continua sendo terceiro se se utilizar o mesmo raciocínio acima.
1.3. Classificação das formas de intervenção
a) intervenção típica (119 a 138) ou atípica (674, 996, 908, etc).
A típica é a prevista pela lei como tal. Integram o capítulo próprio do NCPC (assistência, amicus curiae, denunciação à lide, chamamento ao processo e incidente de desconsideração da personalidade jurídica.
As atípicas são aquelas que existem com outra roupagem, mas não integram o capítulo específico de intervenção de terceiros (ex. embargos de terceiro; recurso de terceiro prejudicado; concurso de credores ou concurso de preleções).
b) intervenção espontânea ou provocada
A espontânea é aquela que o terceiro ingressa no processo sem ser convidado (assistência). A provocada é quando o terceiro é oficialmente comunicado para participar do processo (denunciação à lide; chamamento ao processo, incidente de desconsideração da P.J). O amicus curiae pode ser espontânea ou provocada.
c) intervenção por inserção ou por ação
A intervenção por inserção é quando o terceiro ingressa na mesma relação processual jurídica existente. A intervenção por ação se dá quando o ingresso do terceiro se dá através da formação de uma nova ação (denunciação à lide).
1.4. Intervenção de terceiros no NCPC (03 grandes mudanças)
a) Substituição da nomeação à autoria (62 a 69 CPC) pela técnica de correção da legitimidade passiva (338/339 NCPC)
Nomeação à autoria era um fracasso! O réu, agora, não precisa concordar em figurar no polo passivo.
b) Realocação da oposição entre os procedimentos especiais (56 a 61 CPC/73) (682 a 686 NCPC).
A oposição era típica. No NCPC a oposição agora é atípica. É muito próximo dos embargos de terceiro.
c) Inserção do amicus curiae e desconsideração da PJ entre as hipóteses típicas de intervenção de terceiros (133/137 e 138 do NCPC)
Art. 338 NCPC. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º.
Art. 339 NCPC. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338.
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.
2. Assistência (119/124 NCPC)
2.1. Hipóteses de cabimento
a) interesse jurídico (119 NCPC)
Toda vez que um terceiro tenha interesse jurídico que o processo alheio seja julgado favoravelmente a uma das partes.
INTERESSE JURÍDICO – tem interesse jurídico todo aquele que é atingido, ainda que reflexamente, pela decisão proferida em processo alheio.
Exs. Sublocatário na ação de despejo; Condôminos nas ações possessórias do art. 1.314 do CC. 
Interesse jurídico não se confunde com interesse moral, econômico, corporativo – nesses três casos não cabe assistência.
b) intervenção anódina (art. 5º Lei 9.469/97 – é uma assistência atípica porque não possui interesse jurídico) (138, § 1º e 565,§ 4º, NCPC)
Admite a assistência mesmo sem interesse jurídico. Anódina – sem cheiro, não tem impacto na competência, ou seja, mesmo com a assistência da União, não altera a competência! 
2.2. Espécies (verdadeiras – com interesse jurídico)
a) assistência simples (121 NCPC) – relação jurídica entre assistente e assistido.
b) assistência litisconsorcial (125 NCPC) - há relação jurídica também entre o assistente e o adversário do assistido.
Art. 5º da Lei 9.469/1997. A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais.
Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes.
2.3. Poderes do assistente simples (121 e 122 do NCPC) (SUBORDINAÇÃO).
A atividade dele no processo é completamente subordinada a do assistido. O acessório segue o principal. A única exceção é a do art. 121 P.U, do NCPC – na omissão do assistido, o artigo estabelece que o assistente será seu “substituto processual”.
2.3.1 Justiça da decisão (123 NCPC)
Criou uma figura enigmática. Não seria razoável falar que o assistente é pego pela coisa julgada. Criou-se o fenômeno da Justiça da decisão. Não chega a ser coisa julgada. Como o assistente não atuou com liberdade suficiente, criou-se duas hipóteses em que não haverá coisa julgada, nos casos em que (1) o assistente recebeu o processo em fase avançada e (2) quando há má gestão processual pelo assistido.
Não chamaram de coisa julgada por que o assistente nas duas hipóteses acima mencionadas, pode discutir em outros processos, afasta a imutabilidade.
2.4. Poderes do assistente litisconsorcial (124 NCPC) (TRATAMENTO DE LITISCONSORTE)
O assistente pode ir contra o assistido. Mas somente na assistência litisconsorcial. 
2.4.1 Coisa julgada (467 NCPC) – Assistente litisconsorcial. Aqui o assistente age amplamente.
2.5. Casuística:
a) súmula 150 e 224 do STJ e art. 45, §§, NCPC); o juiz estadual não tem que suscitar conflito de competência; 
b) assistência provocada (75, § 1º, NCPC) (produção antecipada de provas (381) e denunciação) – regra geral, ela é espontânea. 
3.0. Denunciação à lide (art. 125/129 NCPC)
No mesmo processo há uma ação regressiva contra os responsáveis.
3.1 Hipóteses de cabimento (art. 125 NCPC)
São duas as hipóteses com o NCPC.
Transferência da propriedade (evicção – 447/457 CC)
A evicção garante aocomprador o valor da coisa mais perdas e danos caso a cláusula geral seja violada.
Direito de regresso por lei ou contrato 
Garantia própria – garantia de regresso que constam expressamente na lei.
Para a maioria da doutrina denunciação com base no art. 186 do CC. Porque a denunciação deve ocorrer numa hipótese clara. 
O contrato aqui é o contrato de seguro – dever de indenizar no lugar do causador do dano.
Não há mais a hipótese de transferência da posse. O NCPC não mais prevê. Na doutrina existem duas posições em construção a esse respeito: 1. Não cabe mais denunciação nesses casos de transferência da posse; 2. Continua cabendo por interpretação extensiva do art. 125, inciso I do NCPC.
3.2 procedimento e formação de litisconsórcio entre denunciante e denunciado (Art. 127 e 128 do NCPC)
A denunciação pode ser feita tanto pelo autor quanto pelo réu – art. 126 NCPC.
A formação do litisconsórcio – o denunciado passa a ser litisconsorte do denunciante – litisconsórcio ativo, facultativo e ulterior. Ou pode ser, passivo, facultativo e ulterior.
*art. 128 do NCPC.

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