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APOSTILA TAXA E CONTRIBUI O DE MELHORIA

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DIREITO TRIBUTÁRIO
TAXAS E CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
DECIO SILVEIRA JÚNIOR
INTRODUÇÃO:
Dentre as figuras ou espécies tributárias trazidas pela Constituição Federal de 1988 e seguindo a classificação adotada pela doutrina majoritária, que é defensora da teoria pentapartida ou quinquipartide, entendendo, por conseguinte, que são cinco as espécies tributárias, estudaremos no tema de hoje as taxas e a contribuição de melhoria, cada uma com suas particularidades e peculiaridades. 
TAXAS E CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA: 
De maneira geral em relação à competência, os tributos podem ser Federais, Estaduais ou Municipais. Nesse sentido, também podemos encontrar taxas e contribuições de melhoria federais, estaduais ou municipais. Em relação à vinculação, somente o imposto, que já estudamos, é considerado não vinculado, sendo que todas as demais espécies são vinculadas a uma contraprestação estatal. 
Taxa:
O único tributo não vinculado é o imposto, todos os demais são vinculados a uma contraprestação do Estado, significando dizer que o Poder Público somente poderá instituí-los e cobrá-los se praticar alguma atividade em benefício do contribuinte, direta ou indiretamente. 
A taxa é um daqueles tributos classificados como vinculados. Mas vinculado a quê? A taxa não poderá ser confundida com outros tributos, pois tem fatos geradores próprios. 
A Carta Magna já determina que, quanto à competência, a taxa poderá ser Federal, Estadual ou Municipal, definindo assim uma competência comum. Diferentemente dos impostos, que estão em rol fechado, nas taxas as situações geradoras são amplas, deixando a possibilidade para cada ente tributante instituir aquela taxa que entender conveniente dentro dos parâmetros legais e daqueles que a mesma bem informa. 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: 
[...] II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
[...] Então, a atuação estatal que dá azo à cobrança da taxa pode ser em relação ao exercício regular do poder de polícia ou por ter colocado à disposição do contribuinte serviço público específico e divisível. 
Vamos analisar as circunstâncias em que cada ente pode criar esse tributo, para que assim possamos entendê-las, dividindo-as em taxas de polícia e taxas de serviços. 
TAXAS DE POLÍCIA:
As taxas de polícia são aplicadas em razão do exercício do poder de polícia. E o que vem a ser esse poder de polícia? Será que é o poder dado à polícia propriamente dita (polícia militar, civil, federal etc.)? 
Vejamos: ao falarmos da polícia já não vem em nossas mentes situações em que determinadas atividades são impedidas de serem praticadas, inibindo ou freando outras tantas, com objetivo de manter a ordem social e jurídica?
A partir dessa reflexão conseguiremos chegar ao entendimento do que é essa taxa. Corroborando e completando essa inteligência, apresentamos aqui a decisão do Supremo Tribunal Federal: 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. TAXA DE LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. EFETIVO EXERCÍCIO DE PODER DE POLÍCIA. AUSÊNCIA EVENTUAL DE FISCALIZAÇÃO PRESENCIAL. IRRELEVÂNCIA. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. 1. A incidência de taxa pelo exercício de poder de polícia pressupõe ao menos (1) competência para fiscalizar a atividade e (2) a existência de órgão ou aparato aptos a exercer a fiscalização. 
2. O exercício do poder de polícia não é necessariamente presencial, pois pode ocorrer a partir de local remoto, com o auxílio de instrumentos e técnicas que permitam à administração examinar a conduta do agente fiscalizado (cf., por semelhança, o RE 416.601, rel. min. Carlos Velloso, Pleno, DJ de 30.09.2005). Matéria debatida no RE 588.332-RG (rel. min. Gilmar Mendes, Pleno, julgado em 16.06.2010. Cf. Informativo STF 591/STF). 
3. Dizer que a incidência do tributo prescinde de “fiscalização porta a porta” (in loco) não implica reconhecer que o Estado pode permanecer inerte no seu dever de adequar a atividade pública e a privada às balizas estabelecidas pelo sistema jurídico. Pelo contrário, apenas reforça sua responsabilidade e a de seus agentes. 
4. Peculiaridades do caso. Necessidade de abertura de instrução probatória. Súmula 279/STF. Agravo regimental ao qual se nega provimento. (RE 361009 AgR / RJ - RIO DE JANEIRO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator: Min. JOAQUIM BARBOSA. Julgamento: 31/08/2010. Órgão Julgador: Segunda Turma. Publicação: DJe- 12/11/2010). 
É importante já nesse primeiro momento deixar claro que a polícia pode ser administrativa e judiciária, exercendo o Estado o poder de polícia quando atua tão somente na esfera administrativa. 
Quando citamos a polícia federal, civil e as demais, estamos nos referindo à polícia judiciária, e os outros atos praticados pelo Poder Público, com os mesmos objetivos, acontecem quando o mesmo exerce o poder de polícia administrativa. A Lei 5.172/1966 traz em seu artigo 78 o que considera ser esse poder de polícia, bem como, no parágrafo único, o exercício regular desse poder. Observe. 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. 
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. 
O particular é autorizado constitucionalmente a livremente, desde que dentro dos limites legais, explorar a atividade econômica, praticando entre si uma concorrência leal e saudável. 
Acontece que mesmo sendo a regra aquela de que o Poder Público não fará interferência ou ingerência alguma nas atividades do particular, sem a necessidade de autorizações especiais, salvo aquelas expressas por lei, é necessário se fazer um controle, mesmo que a distância, dessas atividades e de outras tantas. 
Há certos direitos cujo exercício deve ser conciliado com o interesse público, cabendo ao Estado policiar a atuação do indivíduo. 
A construção de um prédio ou a instalação de uma empresa devem obedecer às leis de zoneamento, de segurança, etc. Cabe à administração pública verificar o cumprimento das normas pertinentes e conceder a autorização, licença ou alvará. 
Do mesmo modo, se um indivíduo deseja portar uma arma, ele deve solicitar a licença do estado; se quer viajar para o exterior, compete-lhe obter passaporte. 
Em outras palavras, as pessoas podem e devem se aplicar e crescer em suas atividades, se sentir seguras ou atuar em qualquer segmento, ao mesmo tempo em que o Poder Público tem a obrigação de verificar se todos estão se portando de maneira correta e legal, fiscalizando, autorizando ou praticando qualquer atividade nesse sentido, tudo em favor do interesse público. 
Quando o Poder Público assim age, está exercendo o seu poder de polícia, podendo para tanto criar e exigir do contribuinte determinada taxa, para teoricamente custear a atividade praticada. 
Parece-nos redundante a afirmação contida no parágrafo único, mas o legislador entendeu conveniente deixar claro para que não se fizesse interpretação contrária ao determinar que regular é aquele poder de polícia desempenhado pelo órgão competente e dentro dos parâmetros legais, sem abuso ou desvio de poder, aparelhando-se para que o serviço possa ser prestado de maneira eficaz e eficiente, tratando-se de ato que também a lei tenha como discricionário, ou seja, dando aoPoder Público a possibilidade de escolher, dentre alguns, aquele mais conveniente e relevante ao seu intuito. 
Ressaltamos que esses requisitos são básicos para se determinar a diferença entre o efetivo exercício do poder de polícia da outra possibilidade de criação de taxas, por outros serviços prestados pelo Poder Público, também já esclarecido pela jurisprudência do Egrégio Supremo Tribunal Federal. 
Ementa: Recurso Extraordinário 1. Repercussão geral reconhecida. 2. Alegação de inconstitucionalidade da taxa de renovação de localização e de funcionamento do Município de Porto Velho. 
3. Suposta violação ao artigo 145, inciso II, da Constituição, ao fundamento de não existir comprovação do efetivo exercício do poder de polícia. 
4. O texto constitucional diferencia as taxas decorrentes do exercício do poder de polícia daquelas de utilização de serviços específicos e divisíveis, facultando apenas a estas a prestação potencial do serviço público. 
5. A regularidade do exercício do poder de polícia é imprescindível para a cobrança da taxa de localização e fiscalização. 
6. À luz da jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal, a existência do órgão administrativo não é condição para o reconhecimento da constitucionalidade da cobrança da taxa de localização e fiscalização, mas constitui um dos elementos admitidos para se inferir o efetivo exercício do poder de polícia, exigido constitucionalmente. Precedentes. 
7. O Tribunal de Justiça de Rondônia assentou que o Município de Porto Velho, que criou a taxa objeto do litígio, é dotado de aparato fiscal necessário ao exercício do poder de polícia. 
8. Configurada a existência de instrumentos necessários e do efetivo exercício do poder de polícia. 
9. É constitucional taxa de renovação de funcionamento e localização municipal, desde que efetivo o exercício do poder de polícia, demonstrado pela existência de órgão e estrutura competentes para o respectivo exercício, tal como verificado na espécie quanto ao Município de Porto Velho/RO 
10. Recurso extraordinário ao qual se nega provimento. (RE 588322 / RO – RONDÔNIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator: Min. GILMAR MENDES. Julgamento: 16/06/2010.Órgão Julgador: Tribunal Pleno. Publicação: DJe 03/09/2010). 
TAXAS DE SERVIÇO:
Inicialmente, vamos clarear o entendimento do que é serviço público. 
Serviço público é aquele praticado pelos agentes públicos, visando à satisfação das necessidades coletivas, pois esse é o maior dos objetivos do Estado. 
Veja o que apresenta o comando do artigo 79, do Código Tributário Nacional. 
Art. 79: Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: 
I - Utilizados pelo contribuinte: 
a) Efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; 
b)Potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; 
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas; 
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. 
No primeiro inciso, o texto afirma que o serviço público será considerado utilizado pelo contribuinte quando efetivamente o mesmo o tenha usufruído, independentemente da forma de sua utilização, o que nos parece bastante óbvio. 
Em seguida, considera utilizado potencialmente pelo contribuinte aquele serviço público efetivamente prestado ou que tenha sido obrigatoriamente colocado à disposição do mesmo contribuinte. 
Depois, apresenta o serviço público específico e divisível. Ficou fácil de entender? 
Para reforçar o entendimento: Serviços divisíveis, diz o Código Tributário Nacional, são aqueles suscetíveis de ser fruídos isoladamente por cada usuário. 
Serviços indivisíveis (como a defesa do território nacional) não comportam taxação. 
Já o serviço jurisdicional, sendo divisível, ao permitir que cada usuário dele se utilize isoladamente, enseja a cobrança de taxa (custas) de cada indivíduo que solicitar do Estado a prestação jurisdicional, assumindo o contribuinte (em relação jurídica de diversa natureza) o direito de reembolso pela outra parte, se vitorioso. 
É ocioso dizer que os serviços, sobre serem divisíveis, precisam ser específicos para que se sujeitem à taxação. 
Os serviços gerais ou indivisíveis (como a gestão patrimonial do estado, a defesa do território, a segurança pública etc.) são financiáveis com a receita de impostos, e não com taxas de serviço, pois configuram atividades que o Estado desenvolve em atenção a toda a coletividade, sem visar a este ou àquele indivíduo, sendo irrelevante saber se tais atividades são ou não específicas. 
Já no caso dos serviços que ensejam a cobrança de taxa, sua necessária divisibilidade pressupõe que o Estado os destaque ou especialize, segregando-os do conjunto de suas tarefas, para a eles vincular a cobrança de taxas. 
A partir do momento em que o estado se aparelha para executar o serviço, está atendida a exigência de “especificação”. Se (específico embora) o serviço for indivisível, descabe taxá-lo; se divisível, a taxa pode ser instituída. Ou seja, o que importa é a divisibilidade, e não a especificidade do serviço. 
Assim, o serviço público será divisível quando puder ser individualizado e utilizado por uma pessoa, ou por pelo menos um grupo determinado de pessoas, e específico quando for destacado em unidade autônoma do Poder Público, por exemplo, o Corpo de Bombeiros para o combate a incêndios. 
Quanto aos fatos geradores da taxa, fica evidente que não dependem do contribuinte, mas sim do Estado, quando atuar em alguma das situações anteriormente abordadas, exercendo o regular poder de polícia ou tendo prestado ou deixado à disposição do contribuinte determinado serviço público específico e divisível. 
Para reforçar e completar a compreensão sobre a taxa, será apresentado como complemento o esquema a seguir, observando que sua base de cálculo será indicada pela própria lei que a instituir, devendo ser distinta daquelas que já possuam outros impostos, como também não pode ser calculada em função do capital das empresas, consoante previsão do parágrafo único do artigo 77, do CTN. 
Outrossim, deve ser razoável, tendo em vista o custo da atividade prestada pelo Estado. Agora que você já tem pleno entendimento sobre a taxa, podemos ir mais além. Outra questão que sempre cogita dúvidas é o pedágio. Será que o pedágio é mais um tipo de tributo ou é preço público, também chamado de tarifa? 
De início, obrigatoriamente temos que diferenciar a taxa do preço público. Como acabamos de estudar e sabemos o que é a taxa, veja o que é o preço público conforme a Súmula 545 do Egrégio Supremo Tribunal Federal: Súmula nº.545: 
PREÇOS DE SERVIÇOS PÚBLICOS E TAXAS NÃO SE CONFUNDEM, PORQUE ESTAS, DIFERENTEMENTE DAQUELES, SÃO COMPULSÓRIAS E TÊM SUA COBRANÇA CONDICIONADA À PRÉVIA AUTORIZAÇÃO ORÇAMENTÁRIA, EM RELAÇÃO À LEI QUE AS INSTITUIU. (MAIÚSCULAS NO ORIGINAL). A indicação dada pela súmula 545 é a de que o preço público é facultativo e que não necessita estar atrelado à autorização orçamentária: A taxa é um tributo, sendo, portanto, objeto de uma obrigação instituída por lei; já o preço é obrigação contratual. 
O preço é, pois, obrigação assumida voluntariamente, ao contrário da taxa de serviço, que é imposta pela lei a todas as pessoas que se encontrem na situação de usuários (efetivos ou potenciais) de determinado serviço estatal. (itálicos no original). 
Agora vamos voltar ao pedágio! 
O pedágio já foi tema de acaloradas discussões doutrinárias, jurisprudenciais, envolvendo também o legislador e o Poder Público, alguns entendendo se tratar de preço público, pois consideram-no um contrato de concessão, sujeito, por conseguinte, à cobrança de uma tarifa, embasados no ditame da Lei 8.987/1995, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no artigo 175 da Constituição Federal, mas que gerou novo problema, que veremos a seguir,pois outros considerandoo como tributo, especialmente em virtude da previsão constitucional do artigo 150, inciso V. Art. 150.
Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
[...]V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; 
[...] A Lei 8.987/1995 trouxe, como citamos acima, mais um problema, que se refere à obrigatoriedade do Poder Público disponibilizar ao cidadão vias alternativas e gratuitas, para que possa escolher entre pagar ou não o pedágio. Mesmo tendo alterado seu texto através da Lei 9.648/1998, ainda não é pacífico seu entendimento pelos tribunais do País. 
Art. 9º A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço da proposta vencedora da licitação e preservada pelas regras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato. [...] § 1o A tarifa não será subordinada à legislação específica anterior e somente nos casos expressamente previstos em lei, sua cobrança poderá ser condicionada à existência de serviço público alternativo e gratuito para o usuário. Leia o posicionamento que nega a obrigatoriedade das vias alternativas: Ementa: 
AÇÃO DECLARATÓRIA. TRIBUTÁRIO. PEDÁGIO-TARIFA. POSSIBILIDADE DE INSTITUIÇÃO POR DECRETO. REGIME JURÍDICO CONTRATUAL DE EXPLORAÇÃO, QUE NÃO ESTÁ ADSTRITO À EXISTÊNCIA DE RODOVIA ALTERNATIVA. Trata-se de hipótese de pedágio-tarifa, que decorre do poder do Estado de dispor a respeito da organização e funcionamento da administração (artigo 84, inciso VI da Constituição Federal), com a correlata atividade estatal específica em contraprestação (conservação e restauração da rodovia). Inexiste, pois, vício de inconstitucionalidade. 
Tem como fato gerador a efetiva utilização da rodovia e dos serviços públicos específicos; corresponde, exclusivamente, ao uso da via, cujo regime jurídico de exploração é contratual, através de concessionária ou permissionária do Poder Público. 
A opção do Poder Público pelo regime contratual não está adstrita à existência de rodovia alternativa, que seria apenas mais um fator da caracterização do pedágio, no caso, como tarifa. Tarifa não é taxa, não precisa observar os princípios próprios a esta, podendo ser instituída por Decreto. 
Apelo provido, por maioria. Voto vencido. (Apelação Cível Nº 598406759. Segunda Câmara Cível. Tribunal de Justiça do RS. Relator: João Armando Bezerra Campos. Julgamento: 25/08/1999). (maiúsculas no original). Agora leia o que dizem aqueles que entendem ser obrigatório o oferecimento de vias alternativas para a cobrança do pedágio: 
DIREITO CONSTITUCIONAL. SUSPENSÃO DA COBRANÇA DE PEDÁGIO. NECESSIDADE DE VIA ALTERNATIVA. ILEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Não merece guarida tal afirmação, visto que se trata de ação civil pública que objetiva a proteção de interesses difusos (direito de ir e vir, assegurado constitucionalmente) e a defesa de direitos individuais homogêneos (via alternativa). 
[...] NO CASO PARTICULAR DO PEDÁGIO. Exige-se que a estrada apresente condições especiais de tráfego (via expressa de alta velocidade e segurança), seja bloqueada e ofereça possibilidade de alternativa para o usuário (outra estrada que conduza livremente ao mesmo destino), embora em condições menos vantajosas de tráfego. 
O ATO NORMATIVO IMPUGNADO está eivado de ilegalidade, visto que ofende o direito de todos os utendes da BR-369, independente da sua capacidade econômica. 
DIREITO DE RESSARCIMENTO. Os usuários que tiveram os valores cobrados indevidamente têm direito ao ressarcimento. Desta forma, os réus são condenados à devolução dos valores cobrados a título de pedágio, cabendo aos prejudicados procederem à liquidação e execução da sentença, na forma do art. 97 do CDC. 
(TRF4. Acordão 2000.04.01.057802-0. Órgão Julgador: Quarta Turma. Relator: EDGARD ANTÔNIO LIPPMANN JÚNIOR. Julgamento: 15/12/2000). Hodiernamente a discussão em relação a ser ou não tributo já não tem cabimento, pois de tributo se trata, devendo, por conseguinte, serem aplicados todos os princípios constitucionais tributários para a sua instituição, como já decidido pelo Supremo Tribunal Federal. EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PEDÁGIO. Lei 7.712, de 22.12.88. I.- Pedágio: natureza jurídica: taxa: C.F., art. 145, II, art. 150, V. II.- Legitimidade constitucional do pedágio instituído pela Lei 7.712, de 1988. III.- R.E. não conhecido. (RE 181475 / RS - RIO GRANDE DO SUL RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator: Min. CARLOS VELLOSO. Julgamento: 04/05/1999. Órgão Julgador: Segunda Turma. Publicação: DJ 25-06-1999). Mesmo assim, alguma jurisprudência contrária ainda existe. 
Ementa: TRIBUTÁRIO. AÇÃO DECLARATÓRIA. PEDÁGIO. NATUREZA DE PREÇO OU TAXA. DECRETO ESTADUAL 35.112/94. CONSTITUCIONALIDADE. O PEDÁGIO É PREÇO, SE DIFERENCIA DA TAXA PORQUE FACULTATIVO, DEVIDO POR QUEM VOLUNTÁRIA, CONTRATUAL E INDIVIDUALMENTE FAZ USO DE VIA PÚBLICA, QUANDO TEM A SEU DISPOR VIAS ALTERNATIVAS A SEREM UTILIZADAS PELOS USUÁRIOS QUE NÃO DESEJAREM PAGAR. NÃO SENDO COMPULSÓRIO, REMUNERA SERVIÇOS PRESTADOS AO CIDADÃO. A COBRANÇA DE PEDÁGIO, POR ISSO, NÃO ESTÁ SUJEITA AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS - EDIÇÃO DE LEI FORMAL E ANTERIORIDADE - PODENDO SER EXIGIDA MEDIANTE DECRETO. PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL. À unanimidade, negaram provimento. (Apelação Cível Nº 70006305940. Vigésima Primeira Câmara Cível. Tribunal de Justiça do RS. Relator: Francisco José Moesch. Julgamento: 31/03/2004). 
Mas outra discussão se mostrou pertinente acerca de sua espécie tributária: se é um tipo de taxa, nesse caso entendido por alguns como taxa de serviço, cobrada pela prestação de serviço público de conservação de rodovias, ou se é de espécie tributária distinta e autônoma se cuida, compreendida assim por outros. 
A maioria dos estudiosos entende ser taxa de serviço, classificando ao mesmo tempo as taxas em taxa de polícia e taxa de serviço, como também assim tratamos. 
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA:
Mais um tributo vinculado a uma contraprestação estatal, a contribuição de melhoria também é de competência comum, dando a possibilidade à União, aos Estados-Membros, ao Distrito-Federal e aos Municípios de instituí-lo dentro da esfera de atribuições de cada um. Ligado à valorização de imóvel particular, em decorrência de obras públicas realizadas, assim determina a Lei 5.172/1966, do CTN. 
Art. 81: A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Seu fato gerador é a valorização imobiliária decorrente de obra pública, não se admitindo a cobrança do tributo antes de seu término, nem mesmo durante sua execução, pois até então nenhum imóvel ganhou valor, pode até mesmo ter sido desvalorizado nessa situação. 
A contribuição de melhoria está subordinada obrigatoriamente a dois limites: 
Limite total da despesa: não se pode arrecadar mais do que o valor da obra realizada. 
Limite individual: o acréscimo de cada valor que da obra resultou para cada imóvel beneficiado. 
E, se ao contrário, em decorrência da obra pública, o particular teve o seu bem imóvel desvalorizado? Poderíamos falar no valor de “contribuição de pioria”? Poderá sim o particular buscar judicialmente, se outro meio não houver, a indenização devida pelo prejuízo que sofreu, devendo provar e comprovar suas alegações para que possa ter um resultado positivo. 
Destacamos como ponto importante a ser abordado que, por mais que várias outras pessoas possam se utilizar, se aproveitar, direta ou indiretamente da obra pública que deu origem à cobrança de tal contribuição, o sujeito passivo será sempre aquele que teve valorizadoseu bem imóvel, em virtude do serviço público prestado e na mesma proporção. 
O Poder Público às vezes tenta impor ao contribuinte outros tipos de proporcionalidade para que a cobrança da contribuição de melhoria possa ter um valor maior do que os limites anteriormente abordados, mas que poderão ser rechaçados pelo Judiciário. 
Porém, o contribuinte também pode pensar que não tem obrigação de pagar a contribuição, por um motivo ou outro, mas infelizmente, sendo apurado que seu bem imóvel teve valorização, a ele não resta alternativa, mesmo que tente a tutela de seu direito junto ao Poder Judiciário. 
O parâmetro para a cobrança da contribuição de melhoria deverá ser sempre a mesma proporção que cada imóvel valorizou em detrimento de qualquer outro, mesmo que possa ser entendido justo por alguns, por exemplo, a divisão por metro quadrado, pois não significa necessariamente a valorização que cada bem agregou. 
Sendo tributo, e não estando no rol de qualquer exceção, está a contribuição de melhoria obrigada a todos os princípios constitucionais tributários, devendo o ente tributante respeitá-los, sob pena de inconstitucionalidade da lei instituidora. 
Outro detalhe que pode suscitar interrogação é se sua cobrança não seria um bis in idem, se aproveitando o Fisco Municipal para exigir do contribuinte a contribuição de melhoria e o imposto sobre propriedade territorial urbana. 
O Poder Público realizou determinada obra pública onde teve valorizado o bem imóvel do contribuinte, e automaticamente instituiu e cobrou a contribuição de melhoria. 
No próximo exercício fiscal, quando o mesmo contribuinte recebeu em sua casa o carnê do IPTU, notou que o valor venal de seu imóvel havia sido aumentado, claro, em virtude da obra pública – consequentemente, o valor cobrado pelo imposto também foi majorado, dentro de várias alíquotas progressivas. 
Mesmo que seja entendida por muitos que está dentro da capacidade contributiva de cada um, bem como de que não se trata de cobrança em duplicidade, o assunto é deveras polêmico e conflitante, mas não é entendido pela maioria como ilegalidade ou inconstitucionalidade.

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