MANDADO DE SEGURANÇA

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA __ VARA FEDERAL DE RIO GRANDE DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.
METALÚRGICA ABC LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 12.345.678/0001-02, com sede na Rua das Andorinhas, nº 123, bairro “...”, na cidade de Novo Hamburgo - RS , neste ato representada por “...” , (nacionalidade), (estado civil), empresário, portador do RG n° “...”, inscrito no CPF sob o n° “...”, residente e domiciliado na Rua (endereço completo), por seu(sua) procurador(a) infrafirmado(a), “...”, nos termos do incluso instrumento de mandado (documento em anexo), o(a) qual recebe notificações sito à Rua/Av.”...”, “n...”, “Bairro...”, na “Cidade de...”, “CEP...” , “telefone...”, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5°, inciso LXIX, da Constituição Federal de 1988, e artigo 1°, da Lei n. 12.016/2009, impetrar o presente: 
MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO, com Pedido Liminar
 em face de ato ilegal do Ilustríssimo Senhor INSPETOR ALFANDEGÁRIO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL na Alfândega do Porto de Rio Grande, Rio Grande do Sul, agente da Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão vinculado à UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público representada pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional no Estado do Rio Grande do Sul, Seccional em Rio Grande, ou quem lhe faça as vezes no exercício das funções administrativas, tendo em conta as razões de fato e os fundamentos de Direito a seguir expostos:
I – DOS FATOS
A Impetrante é pessoa jurídica de direito privado que exerce atividade de produção de materiais no ramo metalúrgico, nos termos dos documentos e certidões juntadas ao final.
De acordo com os arquivos anexados, a Impetrante importou componentes para a sua linha de produção, através das Declarações de Importação nº 17/1234567-2 e nº 17/7654321-1, que foram registradas em 02/10/2017, parametrizadas para o canal verde, material avaliado em R$ 10.000,00.
Porém, desde então estão sem qualquer movimentação perante a autoridade alfandegária do Porto de Rio Grande, sendo que o desembaraço aduaneiro foi interrompido em decorrência da operação-padrão dos servidores da Receita Federal (movimento grevista).
Ocorre que a retenção dos bens em questão ocasionará parada da produção da empresa, que opera no método just in time, havendo períodos críticos de recebimento de matérias-primas para industrialização, podendo provocar a interrupção do processo produtivo. 
Neste âmbito, justifica-se a impetração do presente Mandado de Segurança Preventivo, indicados os fatos relevantes e havendo justo receio de violação de direito líquido e certo do Impetrante, para que o Impetrado, via liminar, proceda com o desembaraço das mercadorias retidas no Porto em função da greve.
II – DO DIREITO
O cabimento do writ constitucional vem insculpido no art. 5º, inciso LXIX da Constituição Federal, in verbis: 
“Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;”
Destarte, o  presente mandamus tem o escopo de determinar a remoção dos óbices gerados pela autoridade coatora ou sustar os seus efeitos, a fim de fluir, sem empecilho, o direito líquido e certo da Impetrante de manter em funcionamento a sua atividade empresarial.
 
Denota-se que o texto constitucional exige a existência de direito líquido e certo em favor da impetrante.
 Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
 “direito líquido e certo é o que resulta de fato certo, e fato certo é aquele capaz de ser comprovado de plano” (RSTJ 27/169).
É de conhecimento público que os auditores fiscais da Receita Federal do Brasil estão em greve, conforme noticiado em data de “...” pelo Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil – SINDIFISCO e isso está trazendo enorme prejuízo à Impetrante, que, por conta da greve, não consegue desembaraçar as mercadorias importadas.
O ato ilegal das autoridades coatoras consiste na omissão de praticar os atos necessários à efetivação do desembaraço aduaneiro das mercadorias da Impetrante, causando prejuízos irreparáveis.
Há de se asseverar que, no exercício de suas atividades, a Impetrante importa insumos e matérias-primas para os produtos que fabrica e essas importações estão sujeitas a “despacho aduaneiro”, procedimento que consiste na verificação, por parte da autoridade aduaneira, dos dados declarados pelo importador, documentos apresentados e a legislação específica, com o fim do desembaraço da mercadoria.
Narra que, por natureza, o desembaraço aduaneiro está diretamente ligado à atividade dos agentes alfandegários, concluindo que o atraso na realização ou interrupção dos serviços prestados pelos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil impactam os processos produtivos da Impetrante, paralisando as linhas de produção, uma vez que a Impetrante produz sob o método just in time, o que significa dizer que não há estoque de componentes que possam ser utilizados na produção.
Salienta ainda a Impetrante que, apesar de o Sindicato da Categoria ter anunciado a greve a partir do dia “...”, os movimentos de mobilizações com paralisações pontuais dos Auditores Fiscais há algum tempo vêm sendo sentidos pelos contribuintes, na medida em que se iniciou o procedimento padrão.
Vislumbra-se, com tal paralisação, o imenso prejuízo sofrido pela Impetrante, levando em consideração que a mercadoria que aguarda liberação no Porto de Rio Grande fora avaliada em R$ 10.000,00, e que, ao ser utilizada para a produção dos componentes comercializados pela Impetrante, lhe traria rendimentos de valores muito elevados.
As Declarações de Importação nº 17/1234567-2 e nº 17/7654321-1,  foram registradas em 02/10/2017, parametrizadas para o canal verde, todavia, desde então estão sem qualquer movimentação perante a autoridade alfandegária do Porto de Rio Grande.
Com isso, resta demonstrado o direito líquido e certo da Impetrante de manter em funcionamento a sua atividade empresarial e embora o direito à greve esteja assegurado constitucionalmente, deve restar assegurado que a suspensão dos serviços públicos de natureza essencial não prejudicará os particulares.
Sobre o tema, é entendimento sedimentado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região:
MANDADO DE SEGURANÇA. DESEMBARAÇO ADUANEIRO INTERROMPIDO. OPERAÇÃO-PADRÃO DOS SERVIDORES DA RECEITA FEDERAL. MOVIMENTO PAREDISTA. PRAZO PARA CONCLUSÃO DO DESPACHO ADUANEIRO.
1. O exercício do direito de greve por parte dos servidores públicos, não obstante se tratar de direito assegurado pela Constituição, não pode constituir obstáculo à continuidade do serviço público.
2. O administrado tem direito líquido e certo de obter do Estado a prestação do serviço público contínuo, adequado e eficaz, o qual não pode ser frustrado ao fundamento da existência de movimento grevista dos servidores públicos.
3. Ainda que não interrompido totalmente o desembaraço, o fato causa prejuízo às empresas que necessitam dos produtos para o desenvolvimento de suas atividades, merecendo proteção judicial.
4. Inexistindo prazo específico para o desembaraço aduaneiro, deve ser observado o prazo de oito dias, estabelecido para execução de atos no âmbito do processo administrativo fiscal pelo art. 4º do Decreto 70.235, de 1972. (Processo: 5077465-32.2016.4.04.7100, Primeira Turma, Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Relator: Roger Raupp Rios, Julgado em 08/11/2017).
MANDADO DE SEGURANÇA. GREVE DOS SERVIDORES DA RECEITA FEDERAL. MOVIMENTO PAREDISTA. PRAZO PARA CONCLUSÃO DO DESPACHO ADUANEIRO.
1. O exercício do direito de greve por parte dos servidores públicos, não obstante se tratar de direito assegurado pela Constituição, não pode constituir obstáculo à continuidade do serviço público.
2. O administrado tem direito líquido e certode obter do Estado a prestação do serviço público contínuo, adequado e eficaz, o qual não pode ser frustrado ao fundamento da existência de movimento grevista dos servidores públicos.
3. Inexistindo prazo específico para o desembaraço aduaneiro, deve ser observado o prazo de oito dias, estabelecido para execução de atos no âmbito do processo administrativo fiscal pelo art. 4º do Decreto 70.235, de 1972. (Processo: 50166.14-15.2016.4.04.7201, Primeira Turma, Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Relator: Roger Raupp Rios, Julgado em 06/09/2017).
Resta, portanto, evidenciado o direito da Impetrante em ter sua mercadoria liberada, independente da greve doas coatores.
 III – DA LIMINAR
Com fundamento de validade no art. 7°, inciso III, da Lei n. 12.016/2009, requer-se a concessão de medida liminar para suspender a exigibilidade do crédito tributário, com espeque no art. 151, inciso IV, do CTN. 
Para tanto, faz-se mister a presença concomitante da plausibilidade do direito invocado e do perigo de dano irreparável ou de difícil reparação. 
Neste âmbito, a verossimilhança do direito se pauta no entendimento jurisprudencial consolidado, como, acerca do fato de que a paralisação dos serviços públicos essenciais não pode prejudicar o particular. 
De outro lado, o perigo de lesão grave ou de difícil reparação evidencia-se pelos prejuízos causados à Impetrante, que vê-se impossibilitada de prosseguir com a produção de seus produtos, o que coaduna, consequentemente, com a impossibilidade de comercialização e impedimento de arrecadação de lucros.
Assim, presentes, de forma inexorável, os pressupostos para a concessão da liminar, levando-se ainda em consideração os documentos juntados pela Impetrante – que coadunam a importação por consumidor final – requer-se o deferimento da medida liminar para reconhecer a exigibilidade de liberação da mercadoria que encontra-se embaraçada junto ao Porto de Rio Grande.
É entendimento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região:
TRIBUTÁRIO. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. PRAZO PARA CONCLUSÃO. PARALISAÇÃO DOS SERVIDORES DA RECEITA FEDERAL. CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO. ORDEM PARA CONCLUSÃO DO DESPACHO DE IMPORTAÇÃO. 1. Movimento grevista, ainda que com respaldo constitucional no direito de greve, não pode impedir o prosseguimento das atividades econômicas das empresas, porquanto a omissão do serviço público, na presente situação, causa notória lesão ao direito líquido e certo da impetrante no exame do pedido de liberação de mercadorias importadas. 2. A jurisprudência vem admitindo a fixação do prazo de prazo de cinco dias para a conclusão do procedimento de fiscalização, razoável para garantir a satisfatória prestação do serviço público, com amparo legal no artigo 24 da Lei nº 9.784/99.(...) Está presente a aparência do bom direito, no que se refere ao pedido liminar de desembaraço aduaneiro. (Processo: 5020587-86.2012.4.04.0000, Segunda Turma, Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Relatora: Luciane Amaral Corrêa Münch, Julgado em 06/12/2012).
IV – DOS PEDIDOS
Diante do exposto e preenchidos os requisitos processuais para concessão da liminar no presente Mandado de Segurança Preventivo – o direito subjetivo incontestável, líquido e certo – requer-se, respeitosamente: 
 A concessão de medida liminar com fundamento no art. 7°, inciso III, da Lei n. 12.016/2009, determinando, em caráter de urgência, que o Ilustríssimo Senhor Inspetor Chefe da Receita Federal na Alfândega do Porto de Rio Grande, Rio Grande do Sul, a liberação das mercadorias registradas em 02/10/2017, através das Declarações de Importação nº 17/1234567-2 e nº 17/7654321-1, que encontram-se embaraçadas junto ao Porto, em virtude do movimento grevista dos servidores da Receita Federal. 
Para cumprimento da liminar, pugna a Impetrante que a Secretaria desta Vara Federal entre em contato com a Procuradoria da União e com o Procurador da Inspetoria da Receita Federal solicitando que ambos abram o prazo no sistema e-proc. 
Confirmando-se a liminar eventualmente concedida no início do presente feito, requer a Impetrante, respeitosamente, Vossa Excelência se digne a determinar:
 
A notificação do Ilustríssimo Senhor Inspetor Chefe da Receita Federal na Alfândega do Porto de Rio Grande, Rio Grande do Sul, para prestar as informações que tiver, no prazo de 10 (dez) dias, nos termos do art. art. 7.º, inciso I, da Lei n. 12.016/2009; 
O julgamento de integral procedência dos pedidos do presente Mandado de Segurança para a finalidade de determinar, com fulcro no art. 269, inciso I, do CPC, que a autoridade coatora proceda com a liberação das mercadorias registradas em 02/10/2017, através das Declarações de Importação nº 17/1234567-2 e nº 17/7654321-1, que encontram-se embaraçadas junto ao Porto, em virtude do movimento grevista dos servidores da Receita Federal. 
A intimação do Ilustre Representante do Ministério Público Federal, nos termos do artigo 84 do Código de Processo Civil e artigo 12 da Lei n. 12.016/2009, para intervir no presente feito. 
Atribui à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). 
Nestes termos
Pede e Espera Deferimento, na urgência que o caso requer. 
De Novo Hamburgo para Rio Grande, “data”. 
(assinatura advogado(a) )
(OAB)