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AS CONDIÇÕES ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME SE COMUNICAM ENTRE OS AGENTES DO CRIME

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CIRSCUNSTÂNCIAS E ELEMENTARES – 04 PÁG.
AS CONDIÇÕES ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME SE COMUNICAM ENTRE OS AGENTES DO CRIME, NO CASO DE CONCURSOS DE PESSOAS?
Estudo do Art. 30 – “Não se comunicam às circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”.
NOTA: A palavra ‘circunstância’ significa algo que está em volta, ao redor de um fato principal. Diferente do significado da palavra “elementar”, que expressa algo que faz parte de uma estrutura ou da constituição desta coisa, ou deste fato. Por imprecisão semântica, é comum na doutrina penal se chamar às “elementares” de ‘circunstâncias elementares’, dificultando assim a diferenciação que deveria existir entre os dois conceitos. Assim, ao encontrar a expressão ‘circunstâncias elementares’ saiba que se está tratando das ‘elementares do tipo’. 
Dessa forma, Fernando Capez assim interpreta o art. 30 do CP:
“a) As Circunstâncias subjetivas ou de caráter pessoal jamais se comunicam, sendo irrelevante se o co-autor ou participe delas tinha conhecimento (...) b) As circunstâncias objetivas comunicam-se, mas desde que o coautor ou participe delas tenha conhecimento (...) c) As elementares, sejam objetivas, sejam subjetivas, se comunicam, mas desde que o coautor ou participe delas tenha conhecimento” (CAPEZ, 2004, p. 336).
Como visto, o Art.30 preceitua: “Não se comunicam às circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”. Desta disposição decorre, a contrário senso, que as circunstâncias objetivas, regra geral, se comunicam. Para a aplicação destes preceitos é imprescindível o estudo das REGRAS para definir a responsabilidade individual de cada agente no crime cometido em concurso de pessoas.
Obs: O estudo que se segue tem como base a obra de Damásio de Jesus.
REGRAS para definir a responsabilidade individual de cada agente no crime cometido em concurso de pessoas:
As condições ou circunstâncias de caráter pessoal, de natureza subjetiva, não se comunicam.
As circunstâncias objetivas só se comunicam se ingressarem na esfera de conhecimento do outro participante do crime.
As elementares sejam de caráter objetivo ou pessoal, também só se comunicam ao outro agente se ingressarem na esfera de seu conhecimento.
Elementares – Elementos típicos do crime, dados que integram a definição do tipo. Se retiradas do tipo alteram o crime ou o desqualificam. Ex: Se retirar a elementar ‘funcionário público’ do delito ‘peculato de furto’, Art. 312, deixa de existir o ‘peculato’ e resta o ‘furto’, Art. 155. Outro exemplo: ‘O estado puerperal’ é elementar do infanticídio, Art. 123, sem o qual existirá o homicídio. 
Circunstâncias – Não alteram a qualidade do crime. Afetam a gravidade (quantitas delictis), aumentam ou diminuem a pena. São dados acessórios (objetivos/subjetivos). Que aumentam/ diminuem a pena (ex: Art. 61; 62; 65; 26 § único). Observe que retirada a circunstância, o crime não desaparece. A circunstância de José lesionar seu próprio pai é fato que agrava a pena de lesões corporais. Se comprovar-se que a vítima não é seu pai, desaparece a ‘agravante’, mas permanece o delito de lesões corporais.
O QUE É CIRCUNSTÂNCIA ELEMENTAR?
1º CORR- É AQUELA QUE SOMENTE ESTÁ DESCRITA NO CAPUT DO ARTIGO.
O ‘motivo fútil’ para essa corrente não é elementar do homicídio qualificado (Art. 121, § 2º - reclusão de 2 a 30 anos), porque não está descrito no caput do art. 121 do CP.
2º CORR – QUANDO O DISPOSITIVO QUE A CONTÉM TEM UMA ESCALA PENAL PRÓPRIA. 
O ‘motivo fútil’ para essa corrente é elementar do homicídio qualificado, porque o dispositivo tem uma escala penal própria: art. 121, § 2º - reclusão de 2 a 30 anos . Se comprovado que o agente não matou por motivo fútil, desaparecerá a qualificadora, e não havendo qualificadora o agente responderá por homicídio simples (Art.121, caput – reclusão de 6 a 20 anos). Assim como as do 155, § 4º, (bem como as demais qualificadoras).
Damásio de Jesus, faz a seguinte qualificação:
Circunstâncias ou condições Objetivas (matérias ou reais) – As que se relacionam com os meios e modos de realização do crime, tempo, ocasião, lugar, objeto matéria.
Circunstâncias ou condições Subjetivas (ou pessoais) – São as de caráter pessoal, que só dizem respeito com a pessoa do participante, sem qualquer relação com a materialidade do delito, como os motivos determinantes (Ter sido traído pela vítima, participar de assalto para pagar tratamento de familiar) que levaram o agente a cometer o crime, suas condições ou qualidades pessoais e relações com a vítima ou com outros concorrentes.
NOTA: As condições pessoais (estado civil, relações de parentesco, de emprego, de cargo) ou são elementares ou circunstâncias. 
São circunstâncias, por exemplo: a condição pessoal de ser filho da vítima – ou seja, cometer o crime contra ascendente – é uma circunstância agravante prevista no Art. 61, II, e; cometer o crime ‘com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão’ – Art. 61, II, g. 
São elementares, por exemplo: a condição pessoal de ser funcionário público é elementar do crime de peculato – Art. 312; a condição de mãe é elementar do crime de infanticídio. Obs: Deverá, ainda, para que seja estendida, ingressar na esfera de conhecimento dos coparticipantes. 
NOTA: As Circunstâncias ou condições Objetivas (matérias ou reais) se comunicam se ingressarem na esfera de conhecimento do outro participante do crime, independentemente de ser elementar ou não. 
Exemplos: 
A e B praticam um crime de roubo contra a vítima C, irmã do primeiro agente. No caso em tela, somente a pena de A será aumentada em virtude da circunstância agravante prevista no art. 61, II, e, terceira figura, ou seja, ter cometido o crime contra a sua irmã. Tal agravante, por gravitar ao redor da infração penal, em nada influencia na sua definição típica, pois que, ainda que praticada a subtração violenta contra qualquer outra pessoa que não a sua irmã, seria classificada como delito de roubo. Considerada como uma circunstância de caráter pessoal (não elementar!!!) , não se comunica, portanto, com o outro agente. 
A, funcionário público, e B, pessoa estranha à Administração Pública, resolvem subtrair um computador na repartição na qual A exerce suas funções. B tem conhecimento de que A é funcionário público. A, num domingo, valendo-se da facilidade que o seu cargo lhe proporciona, identifica-se na recepção e diz ao porteiro que havia esquecido sua carteira de identidade, e que ali voltara para buscá-la. Rapidamente, dirige-se para o local onde o computador se encontrava guardado e, abrindo uma janela que dava acesso para rua, o entrega a B, que o aguardava do lado de fora do mencionado prédio. A conduta de A se subsume-se ao parágrafo primeiro do art. 312 do CP e a de B também ( ou seja, ele responde pelo mesmo crime de A). A qualidade de funcionário público é elementar do tipo (um dado essencial) e não apenas um dado que gravita em torno da figura típica. 
A não é funcionário público e instiga B funcionário a adquirir um bem público. A sabe que B é funcionário ( circunstância subjetiva e elementar) – Peculato. Ser funcionário é condição e está no caput do artigo (1º CORR), além de ter escala penal própria (2º CORR). Os dois respondem por peculato. Se A não soubesse que B fosse funcionário, A responderia por apropriação indébita.
A instiga a B a matar C. B mata C com emprego de asfixia – maneira de execução (cirscunstância objetiva – sempre se comunica se o coautor ou participe dela tiver conhecimento!!!!). A sabia que B iria matar C com emprego de asfixia: A responde pela qualificadora. A não sabia que B iria matar C com emprego de asfixia: A responde como partícipe em crime de homicídio simples. 
A empresta arma para B matar o garçom (o motivo foi fútil), A sabia que o motivo era fútil. O motivo fútil é uma circunstância subjetiva, mas não está no caput do art. 121 do CP. Para a 1º CORR – não é elementar,porque não está no caput do art. 121 do CP. Não se comunica. A responderá por homicídio simples e B por homicídio qualificado. Para a 2º CORR – A sabendo o motivo de B, é elementar, comunica-se, porque tem escala penal própria. Os dois respondem por homicídio qualificado.

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