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PENAL IV

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Penal IV – Daniela Portugal. Rudá Figueiredo. 
· EXPLANAÇÃO GERAL 
No estudo dos crimes em espécie, é feita uma análise sobre duas perspectivas: 
1. Ocorrência de Crime 
1.1 Observar a Tipicidade 
 1.1.1 Tipicidade Objetiva: enquadramento do fato a norma. Demanda que saibamos o conteúdo dos tipos penais, de modo que estes devem ser dotados de taxatividade: preceito primário e secundário. 
 1.1.2 Tipicidade Subjetiva: ânimo do agente (dolo ou culpa)
2. A penalidade 
· Roteiro de Estudo da Parte Especial – Roberto Lyra 
1. Bem jurídico tutelado pelo Direito Penal. A análise do bem jurídico que o tipo penal deseja proteger permite distinguir alguns crimes como latrocínio x roubo seguido pela lesão grave; aborto x homicídio. Afeta também o princípio da insignificância. 
2. Tipicidade Objetiva: é necessário saber identificar as elementares do tipo penal. É o suporte fático que permite a incidência da norma, por exemplo: roubo – subtração de coisa alheia ou móvel. Neste quesito é importante diferenciar as elementares do tipo de suas circunstâncias. Circunstância é aquilo que circunda o tipo, mas não é essencial. Sobre a comunicabilidade das elementares, o art. 30 do CP, informa que as circunstâncias e condições do crime só irão se comunicar se forem de caráter pessoal/objetiva. As circunstâncias objetivas são aquelas inerentes ao sujeito. 
3. Tipicidade Subjetiva: a responsabilidade penal é subjetiva, possui verificação de dolo e culpa da conduta. A intenção/ânimo do agente é visto na tipicidade. A regra geral é a conduta dolosa, então quando houver a modalidade culposa o Código deve indicar. Crime culposo não admite tentativa. 
4. Consumação e Tentativa: o crime é considerado consumado quando preenchidas todas as elementares para perfectibilização do tipo penal, identifica todo suporte fático descrito no tipo. Existe a tentativa quando os sujeitos não completam os atos executórios por motivação alheia a sua vontade. A consumação antecipada configura mero exaurimento. 
5. Classificação doutrinária do crime 
6. Notas de Confronto: em havendo conflito aparente de normas penais, entende-se: pluralidade de normas + unidades do caso = aplica-se o que tiver maior especificidade. 
7. Questões Especiais: devem ser consideradas as questões residuais, jurisprudenciais, etc. 
Destacando: circunstâncias elementares do tipo sempre irão se comunicar. As circunstâncias (fatos que circundam o crime) só irão se comunicar se for de caráter objetivo – diz respeito aos fatos e não aos agentes. Se for de caráter subjetivo – só irão se comunicar se 
· CRIMES CONTRA A PESSOA – VIDA 
O art. 121 do Código Penal inicia a parte especial. Os crimes contra a pessoa se subdividem em bens jurídicos. Os crimes contra a vida estão divididos em dois grupos distintos: crimes de dano e perigo. Os crimes de dano são aqueles disciplinados pelo capítulo I do Título I. Os de perigo, disciplinados no Título II colocam em perigo a vida de determinada pessoa[footnoteRef:1]. [1: BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Especial 2. Editora Saraiva, 15 edição, 2015. Pg. 52. ] 
Acerca dos crimes contra a vida, vale destacar que a constituição determina que os crimes dolosos, contra a vida, são de competência do Tribunal do Júri. Quem decide é o conselho de sentença, formado por 7 juízes leigos, de forma imotivada. O homicídio culposo não está incluso neste rol, mas se houver conexos passives, sim[footnoteRef:2]. [2: Não existe crime triplamente qualificado, isto porque não se pode qualificar o crime três vezes. Nomenclatura utilizada para impressionar, sobretudo leigos. ] 
· HOMICÍDIO
O art. 121 do CP trata o homicídio da sua forma mais simples. No tocante a classificação doutrinária: sobre sua sujeição ativa e passiva é um crime comum, vez que é praticado e sofrido por qualquer pessoa; é simples, pois protege um bem jurídico; é de dolo genérico, na medida em que basta a intenção de praticar o verbo, independente do seu fim de agir; é crime material, já que para se consumar necessita de um resultado naturalístico, a morte; possui forma livre, pois a forma com que se mata não muda a incidência deste tipo penal, pode ser praticado de qualquer forma; é mono/unissubjetivo, porque é praticado por uma pessoa, sendo o concurso de pessoas uma eventualidade; é plurisubsistente porque pode sofrer desdobramentos, quais sejam: tentativa, desistência voluntária e arrependimento eficaz. “Alguém” refere-se a pessoa humana. 
Homicídio Simples é aquele quando fato não se adequar a qualquer hipótese de homicídio privilegiado ou qualificado, encontrando descrito no caput do art. 121. Homicídio Privilegiado ocorre quando sua execução é fundada em relevante valor moral ou social, representando sua forma mais branda, previsto no §1º do art. 121. Homicídio Qualificado ocorrerá diante do enquadramento nas hipóteses do §2º. 
O homicídio se consuma com a morte, verificada quando há cessação da atividade cerebral, desde a lei de transplantes. O Direito Penal não trabalha com a ideia de morte presumida. O homicídio não é transeunte, ele deixa marcas e vestígios, por isso existe a necessidade do corpo de delito, na impossibilidade deste, a prova testemunhal. 
§1º: este parágrafo não interfere na tipificação, apenas na dosimetria da pena, já que é uma causa de diminuição de pena. Não contém exatamente um privilégio, pois esta modalidade apresenta uma pena menor que o homicídio simples, de modo autônomo. Sua incidência é chamada de homicídio privilegiado, de forma não técnica (o privilégio é quando na dosimetria é sentenciada uma pena para baixo do mínimo daquela cominada pelo legislador), mas amplamente aceito e dito pela doutrina. O valor social, quer dizer um valor apreciado pela sociedade. O valor moral é relevante para o próprio indivíduo que guarda reprovabilidade reduzida[footnoteRef:3]. A violenta emoção não exclui imputação, pode gerar uma compreensão, desde que tenha existido um comportamento da vítima, necessariamente uma injusta provocação. Análise casuística. Se preencher os requisitos, torna-se um direito público subjetivo para o acusado, ou seja, o juiz deve aplicar. [3: O pai que mata o autor do estupro do qual a sua filha foi vítima, é compreensível. Isto é exemplo de valor moral. ] 
§2º: refere-se ao homicídio qualificado. Segundo a lei 8.072/90 (lei de crimes hediondos), nem todo homicídio simples é considerado crime hediondo, excepcionalmente se for atividade de grupo de extermínio. Pena nova, autônoma do tipo simples. Todavia, o homicídio qualificado previsto nesse parágrafo é hediondo em todas as suas modalidades. O bem jurídico tutelado é a vida.
Lembrando que: as circunstâncias de caráter pessoal, salvo se elementares do crime, não se comunicam. Isso significa que: se duas pessoas realizam um crime, e existe uma circunstância pertencente subjetivamente a uma delas, essa circunstância só afetará o comparsa se for elementar do crime. Ex.: os dois praticam um homicídio contra o pai de um deles, é subjetiva, causa de aumento de pena, não se comunica porque não é uma qualificadora. O tipo qualificado é um tipo autônomo. Não é “homicídio aumentado”. Ex.: Roubo aumentado por incisos I e II, não existe, é roubo do 157 com possibilidade de aumento. 
Homicídio qualificado. Então se o sujeito pratica homicídio qualificado por motivo fútil, é uma circunstância subjetiva, mas é elementar do crime. 
I - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou[footnoteRef:4] por outro motivo torpe. A paga é o pagamento, ou seja, vantagem econômica, valor econômico. Qualquer outra vantagem que não envolva o aspecto econômico é considerada motivo torpe. A promessa de recompensa é aquele pagamento ajustado antes da execução do homicídio. Analogia é aplicada em casos de lacuna legislativa que é suprida pelo magistrado mediante utilização de uma norma aplicável a caso semelhante, método de integração do direito. Porém, o legislador deixa espaço para que o legislador interprete com base em outro dispositivo legal. O motivo torpe é vil, objeta, se houvevantagem que não seja econômica. [4: “Ou outro meio” “ou” permite a interpretação extensiva e analógica da norma. ] 
Neste caso, é possível a interpretação analógica/extensiva, muito embora não exista lacuna, há norma para o caso concreto. Na interpretação analógica não existe lacuna, há norma para o caso concreto, o legislador deixa espaço para que o magistrado interprete o conteúdo dessa norma com base em um trecho do dispositivo legal ou em outro dispositivo legal. Ex.: o conceito de motivo é torpe é aberto, o juiz é quem dirá o que causa desprezo, mas ele fará isso no próprio dispositivo, no caso, pagamento e promessa de recompensa são motivos torpes, mas há outras possibilidades de motivos torpes (motivo abjeto, que causa desprezo). Ex.: quem paga pratica homicídio qualificado? Um sujeito estupra minha filha, eu pago alguém pra matar; eu pratico este homicídio qualificado? Sim, apesar de circunstância subjetiva é elementar do tipo. 
II - Motivo fútil é aquele banal, nonada, sominos. O motivo pequeno cria o desprezo, a pequenez. Avulta a desproporção do crime e a motivação. Existem duas correntes doutrinárias: a 1ª: a ausência de motivos qualifica o delito, aplicada largamente na jurisprudência, porém é uma analogia in pejus; a 2ª: entende que a falta de motivo não é a mesma coisa que motivo fútil, ao considerar que é a mesma coisa, ofende a taxatividade, e ainda burla o princípio da presunção de inocência, afinal o motivo sempre existe, o ônus de provar o elemento motivador cabe à acusação, não basta simplesmente alegar a inexistência de motivos. A vingança não é pequena, é motivo torpe e não fútil. “Porque eu quis, porque eu estava a fim” integra o próprio tipo. A finalidade – matar. Difere da motivação, que é o porquê desta finalidade. 
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia (qualquer meio que deixe a vítima sem oxigênio), tortura ou outro meio insidioso ou cruel (sofrimento exarcebado), ou de que possa resultar perigo comum; o veneno possui conceito aberto, pois pode ser tudo aquilo em que o acusado saiba que é nocivo fatal para a vítima. A tortura pode ser física ou psicológica[footnoteRef:5]. O emprego de veneno denomina-se também venefício. Existe uma diferença entre a tortura quanto qualificadora do homicídio x tortura com resultado morte, pois na qualificadora a tortura é o meio para se alcançar a morte mais lentamente; a tortura com resultado morte, ´uma figura preterdolosa (dolo na conduta e culpa no resultado). Ainda é possível torturar e matar como crimes distintos, com intencionalidades e resultados diferentes, ex.: tortura porque quer, e depois mata. Juarez Cirino entende que quando há crime progressivo há apenas uma conduta, ex: começa com intenção de lesão corporal, depois decide matar, pra ele é um só tipo = homicídio. [5: O homicídio qualificado pela tortura é diferente da tortura com resultado morte. No primeiro o homicídio é um fim e a tortura um meio; no segundo ocorre o contrário. ] 
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; A traição é a quebra de confiança, que no DP não é presumida, portanto é necessário comprovar que há relação de confiança; a emboscada refere-se à tocaia, o agente cria um estratégia, através do qual pega a vítima de surpresa, conhecidamente como tocaia; a dissimulação é a ocultação do real desejo, valer-se de um personagem ou falsidade para o cometimento do crime, engana a vítima mesmo sem situação de confiança; 
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. É uma qualificadora por conexão, ligação com outros crimes, como é o caso da queima de arquivo. Conexão Consequencial: O crime tem uma ligação como pretérito, isso acontece quando o homicídio é realizado para garantir a ocultação de um crime anterior (esconder um crime que eu cometi). Ou o homicídio é praticado para garantir a impunidade, o seja, já se sabe que o crime já existiu, nesse caso ocorre a conhecida “queima de arquivo”. O executar do homicídio não necessariamente tem que ter praticado o crime anterior, pode ser para garantir a impunidade de terceiro. Já o homicídio por conexão teleológica, o crime é praticado para assegurar a execução de outro crime.
Ex.: João praticou um homicídio para garantir a impunidade do crime de estupro cometido pelo seu filho. Nesse caso, o filho de João, não necessariamente, precisa estar envolvido no homicídio.
 Feminicídio: V e VII §2º A
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função (não importa o motivo do agente, nessa situação o crime não é qualificado pelo motivo) ou em decorrência dela (o crime é praticado por conta da função), ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
Lei 13.104/2015: a lei conhecida como feminicídio inseriu o inciso VI ao rol de qualificadoras do homicídio, e o parágrafo 2-A do inciso VII, é uma novatio legis in pejus, portanto é válido para crimes cometidos a partir de sua vigência. Não devemos confundir fenicídio com feminicídio. Fenicídio significa matar a fêmea, empregando um sentido biológico. Feminicídio possui o aspecto social para a mulher que é vítima de homicídio em razão do seu sexo. 
O inciso VII 2-A demonstra que não basta provocar o resultado morte contra pessoas do sexo feminino para que se fale na qualificadora do feminicídio. Subjetiva, a incidência a qualificadora se dará pela motivação que se fundamentou o crime, sendo indispensável que a morte da mulher (sentido biológico) tenha sido praticada em razão da sua condição de possuir o sexo feminino: por violência domestica familiar e/ou menosprezo da sua condição de mulher[footnoteRef:6]. O conceito de violência domestica é encontrado na Lei Maria da Penha, que diz: [6: O termo “condição de mulher” abarca inclusive relações de trabalho. ] 
“No âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.”
A crítica reside no fato de que o §2ª, não explica satisfatoriamente condições do sexo feminino. O inciso I poderia abarcar as situações de violência doméstica ou familiar, ou a utilização subsidiária do art. 5º da lei 11.340/06. O problema é que tal forma interpretativa é extremamente ampliativa e incompatível com a taxatividade que se espera de um tipo penal incriminador, sobretudo qualificado. Notadamente, trata-se de legislação simbólica. 
Causa de Aumento de Pena para o Feminicídio: o aumento de pena decorre do juízo de reprovabilidade da conduta delitiva. Existia um debate doutrinário para saber se o feminicídio é homicídio qualificado ou não. Para uns seria crime qualificado, mas outros discordam porque não se encontra listado nos incisos que qualificam o homicídio. A atual redação do art. 1º, I da lei 8.072/90 – crimes hediondos, após lei 13.142/15, resolve a matéria, na medida em que insere expressamente o inciso VI (feminicídio) como crime hediondo. 
Outra modalidade de qualificadora - VII: crimes praticados contra autoridades ou agentes descritos nos artigos 142 e 144 da Constituição, e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. Relaciona-se com o processo de militarização urbana, sendo um projeto de guerra dentro do próprio Estado, por exemplo, através do “modelo de pacificação”; pois esta normavisa coibir o reflexo de morte de policiais ocorrentes desta guerra. 
É possível um homicídio ser qualificado e ao mesmo tempo privilegiado? A primeira corrente (minoritária) entende que não, pois o privilegiado se encontra no art. 121, §1º. A segunda corrente (majoritária) entende que o homicídio qualificado pode ser privilegiado desde que as qualificadoras sejam objetivas relacionadas aos meios empregados, exemplo: meio que resulta perigo comum ou impossibilita defesa da vítima. Já os motivos, crimes contra segurança nacional, conexões, são subjetivas, e não podem ser privilegiados porque nestes crimes o sujeito possui uma razão de agir – relevante valor moral ou social. 
Apenas uma qualificadora qualificará o crime, as demais servirão para aumento da pena base. 
Compatibilidade entre qualificadoras e dolo eventual:
Dolo direto de1º grau. De modo geral envolve, o desejo direito do agente de alcançar o homicídio. 
1ª corrente: existe compatibilidade entre as qualificadoras e o dolo eventual, sejam essas qualificadoras objetivas ou subjetivas. Se apega aula interpretação legalista da teoria geral do DP. 
2ª corrente: não há compatibilidade entre o homicídio qualificado e o dolo eventual, ou seja, é impossível cometer homicídio qualificado por dolo eventual. De modo geral, essa corrente vem sendo adotada pelos Tribunais Superiores (mas há decisões na terceira corrente)
3ª corrente: é possível a prática do homicídio qualificado com dolo eventual, desde que a qualificadoras seja objetiva. Ex.: um incendiário 
A importância desse assunto é maior sobre o homicídio de trânsito, pois é muito comum nos casos de acidente que o MP denuncie com dolo eventual, principalmente quando há embriaguês (muitas vezes há uma discursão a cerca da compatibilidade com esse dolo eventual é uma qualificadora) 
§3º: o homicídio culposo é um homicídio privilegiado. Mata alguém pela violação do dever jurídico de cuidado (negligência – omissão; imprudência – ação afoita; imperícia = quando o agente não detém de capacidade técnica para o exercício de uma atividade; ou mesmo quando detém esta capacidade, mas empreende o comportamento, ex.: dirigir sem carteira). É ofertado algumas condições para que haja a suspensão condicional do processo, para que não haja processo, não terá antecedentes. 
No art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro é previsto uma pena maior para o homicídio culposo, do que o art. 121, §3º do CP. Questiona-se sobre a violação da proporcionalidade. A doutrina majoritária entende que não, porque o crime de trânsito é mais perigoso, traz maior perigo. A doutrina minoritária entende que há uma violação, na medida em que o homicídio culposo é baseado no desvalor da conduta.
§4º: causa de aumento de pena. 
I – Inobservância da Regra Técnica: pondera duas vezes a mesma circunstância, na medida em que analisa a mesma circunstância fática. Este inciso traz o aumento de pena pela inobservância da regra técnica, o que gera dois pontos de discussão: o primeiro – qual seria a diferença entre inobservância e o dever de cuidado, se este é integrante da essência do crime culposo e a inobservância da regra técnica afim de não se incorrer em bis in idem? Se considerando a inobservância da regra técnica como uma inobservância deliberada da regra, não seria caso de dolo eventual? * Não seria bis in idem entre inobservância de regra técnica e dever de cuidado. O STJ entende que há uma especificação necessária. O STF entende que não se aplica ----
II – Omissão de Socorro: ocorre no inter criminis: entre a execução e o resultado, por exemplo: se o agente morrer na hora não se fala em omissão de socorro. A majorante omissão de socorro não se confunde com o tipo penal omissão de socorro. Isto porque na majorante o indivíduo lesionou a vítima e não socorreu. No caso do art. 135, o indivíduo não causou perigo a vítima, apenas deixou de socorre-la quando deveria. Não cabe punição por omissão dolorosa.
III – Diminuição das Consequências: as consequências são derivados do crime que já compõe a morte. Quando o agente busca a reparação do dano, de alguma forma. 
IV – Se o agente fizer para evitar o flagrante: O flagrante pode ser real – durante ou logo após a execução do delito; ou o flagrante pode ser presumido- é pego o objeto do crime na perseguição ou após a execução do delito, de modo que possa presumir que ele praticou. 
V – Se for vítima <14 >60. 
§5º O homicídio culposo prevê o perdão judicial sendo causa extintiva de punibilidade. Quando o crime por si só é a pena do sujeito, normalmente quando existe forte vínculo afetivo entre autor e vítima, dado ao juiz no fim do processo, na sentença. Sumula 18 do STJ informa que neste caso não subsiste efeitos condenatórios. O sujeito é atingido pelo próprio fato delitivo. 
A consequência do homicídio é a morte. Na década de 40, o legislador não tratou destas vias de morte abaixo. A resolução 1.805 do Conselho Federal de Medicina expressa a ortotanásia. O MPF interviu, entendendo que somente a União cabe legislar sobre matéria penal. Posteriormente se convenceu do erro, mantendo a resolução. Importante atentar para a possibilidade de manipulação de conceitos, quando se propõe a interferência de outra área com o Direito, na medida em que a esfera médica passa a ditar os conceitos, tornando-os mutáveis, não podendo alegar omissão legislativa. 
· Eutanásia: é o encurtamento da vida, interrupção. O sentido etimológico da palavra é a “boa morte” no sentido piedoso. Possui a eutanásia ativa, que é a conduta ativa de interromper a vida; e a eutanásia passiva que se refere à omissão, podendo ser direta e indireta – quando é o efeito colateral. A eutanásia ativa acontece quando se apela a recursos que podem findar com a vida do doente (injeção letal, medicamentos em dose excessiva etc.). Na eutanásia passiva, a morte do doente ocorre por falta de recursos necessários para manutenção das suas funções vitais (falta de água, alimentos, fármacos ou cuidados médicos). É ilicitude prevista no art. 121, §1º. 
· Distanásia: é o prolongamento artificial da vida, baseado na obstinação terapêutica, com a noção de tratamentos fúteis. Prolongamento da vida e o processo de morrer. CFM. 
· Mistanásia: transcende o contexto hospitalar, pois nem chega à realização do tratamento. A etimologia da palavra indica como morte miserável. Significa abandonar o inferno da própria dor. Envolve uma questão de política pública. 
· Ortotanásia: se opõe a distanásia, propõe o tempo certo para morte. Na etimologia da palavra “morte correta”. Propõe uma forma de evitar a manutenção artificial da vida. Eutanásia passiva x Ortotanásia. O papel do médico é não interferir no desfecho final, envolvendo sensibilidade no morrer e o dever de cuidar. Direito a vida, morte digna e dignidade. 
· Diretivas Antecipadas da Vontade: DAV’S. É a manifestação da vontade do indivíduo sobre sua morte. Pode ser via mandado duradouro, quando há outorga de poderes; ou via testamento vital, quando ainda em vida, o indivíduo escolhe ao qual tratamento irá se submeter. Objetiva a prevalência pela autonomia do sujeito, bem como resguardar o médico. Deve ser escrito e pode ser revogável. Deve ser um consentimento informado, tanto dos benefícios quanto dos malefícios. Consiste numa análise sistemática.
Art. 122: “Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave”. Teoria da acessoriedade mitigada – acessoriedade mitigada. Não criminaliza o suicídio em si, o suicídio próprio tentado não é punido por motivos de política criminal. Pelo principio da bilateralidade ou transcendentalidade, referido aqui por Nilo Batista, o direito penal não pune a conduta que não extrapola a esfera individual do próprio sujeito (autolesão). Pune a participação moral (instigar, que é quando o sujeito ativo fomenta uma ideia já existente e induzir, que é quando o sujeito ativofaz nascer a ideia do suicídio) e material (auxilio que é uma colaboração, que tem natureza necessariamente secundária, já que se esta tem natureza de principal configura-se um homicídio). O suicídio coletivo era tratado por Nelson Hungria, se no caso de duas pessoas, as duas praticam a conduta, mas só uma morre, a que sobreviveu não poderá ser punida por nada, mas se apenas uma pessoa pratica a conduta e não morre, esta será punida por auxilio ao suicídio, já que praticou uma ação secundária. Os induzimentos genéricos são aqueles que não se voltam para pessoa certa e determinada, não configura o crime do art. 122. O art. 122 descreve na lesão e na morte condições objetivas de punibilidade, porque sem estas não se pode punir. O art. 129 complementa este referido artigo. No parágrafo único, a pena é duplicada, prevendo aumento de pena: I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor (<18. Guilherme Nucci faz a interpretação sistemática, e entende que menor se trata de <14 em razão do art. 217-A; Já a 2ª corrente entende que esta menoridade se vê em análise da vulnerabilidade, logo se vê no caso concreto) ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. Se a vitima não possuir qualquer discernimento, trataremos o ato de induzir, instigar ou auxiliar como praticas de homicídio, já que o sujeito ativo em tal caso se torna garantidor nos termos do Art.13, §2º, alínea c. 
Para Nelson Hungria, a morte e lesão decorrente do induzimento ao suicido não admite tentativa. Para Mirabete, o induzimento e a instigação são execuções do crime, a morte e a lesão não admite tentativa. Para Bittencourt, são execuções do crime, de maneira que para ele a lesão grave é sui generis, forma especial, art. 14, II. 
 
· INFANTICÍDIO 
O art. 123 do Código Penal regula este crime. É um crime cometido pela mãe, ao próprio filho, sob influência do estado puerperal, no parto ou logo após (ao filho que acabou de nascer, entendimento consolidado na doutrina). Próprio, pois só pode ser cometido por mãe em estado puerperal – estado químico e psicológico, que reduz a capacidade de redução livre da pessoa, podendo durar horas, dias, meses o que não tem como se objetivar o período. É a chamada depressão pós-parto, reduz a capacidade de escolhas, por vezes a mãe deve se afastar da criança. Não se confunde com puerpério, que é o período que a mãe retorna ao seu estado normal. Nem todas as mães ficam em estado puerperal. Cumpre-se dizer que o erro sobre pessoa ou execução não afasta este tipo penal. Pena de detenção, logo regime semi-aberto. É um homicídio privilegiado, em razão do desvalor da conduta em relação ao homicídio, o legislador optou pela diminuição da pena que passa a ser de 2 a 6 anos. São elementares normativas: “influência do estado puerperal” e “durante o parto ou logo após”. Classificação: é próprio (mãe que mata), material, de dano, plurisubsistente, doloso. 
Existe uma divergência doutrinária. Sabe-se que o crime é doloso. Porém, se a mãe mata o filho em estado puerperal, por negligência, sai do quarto e a criança morre. Se ela atuar em negligência, qual o crime? Damásio diz que o fato é típico, porque não se pode exigir da mãe o nível de exigência normal e esperado. E os demais autores entendem que é homicídio culposo, o estado puerperal não afeta a mãe. 
Não se pode confundir infanticídio /abandono de recém-nascido/ recém-nascido com resultado morte (art. 134, §2º). No art. 134 do CP, temos o crime puerperal, o dolo da conduta é o dolo de perigo, já que possui a finalidade de abandonar o recém-nascido, a culpa necessariamente é pelo resultado morte, logo se trata se uma figura preterdolosa. Ao contrário do infanticídio, que é crime doloso, pois há intenção de matar. Hipótese: se a mãe abandona o incapaz em estado puerperal, com intuito de que ele morra, qual crime pratica: infanticídio. Se a mesma abandona sem querer que ele morra, e ele morra: abandono de incapaz. A pena do infanticídio é de 2 a 6 anos; enquanto o abandono é de 4 a 12, isto é um problema. Entende-se que é a pena do abandono, mas Rudá entende que por analogia aplica-se o art. 29 §2º, da mesma forma que se entende a coautoria no infanticídio. 
· Infanticídio e Coautoria 
Concurso de pessoas: coautoria / participação – natureza acessória. 
Mãe + Pai = infanticídio. Mãe e pai cometem a conduta de matar o filho, enquanto a mãe está em estado puerperal (art. 30), as circunstancias nesse caso se comunicam e ambos respondem por infanticídio, porque o estado puerperal é uma elementar do tipo, que “contamina” os coautores.
Mãe + Terceiro que ajuda = infanticídio. A mãe responde por infanticídio e o terceiro pratica infanticídio, porque as elementares de caráter objetivo se comunicam, o ordenamento pátrio adota a teoria monista, aplicando o art. 30 do CP.
Terceiro + Mãe (partícipe) = infanticídio para os dois, esta é uma corrente majoritária – pelas mesmas razões, teoria monista – os agentes em concurso respondem pelo mesmo crime, e as circunstâncias elementares de caráter objetivo se comunicam. Se considerar o rigor técnico os dois respondem por homicídio, sendo que a mãe pega uma pena menor por participe de homicídio, do que por autora de infanticídio. Em razão desta incongruência, existem três caminhos doutrinários: o 1° corrente: posto por Damásio, através do princípio da proporcionalidade, a mãe deve responder por infanticídio ainda que seja partícipe na ação – não basta excetuar uma situação somente por esta máxima. 2° corrente: Luís Regis Prado entende que deve ser aplicado por analogia o art. 29, refere-se aos crimes de menor importância, de maneira que para ele, a mãe responde por homicídio, fazendo jus a diminuição prevista no art. 29, §2º. Recebe críticas em razão de não necessariamente a participação da genitora ser de menor importância, podendo surgir mais uma vez uma ruptura injustificada, uma legitimação, ex.: se a mãe empresta a arma para matar a criança mão é uma participação de menor importância. 3° corrente: Bittencourt defende a aplicação do art. 29, §2º que trata do desvio subjetivo de conduta. 
Ex.: Elisangela durante o estado puerperal decide matar seu filho. Paula, enfermeira do hospital, sabendo da condição de Elisangela, foi orientada a não deixá-la sozinha com o parto. Paula decide então colocar outro bebê, filho de um desafeto seu no quarto junto com Elisangela, que sufoca o bebê, levando a óbito. Quem responde pelo quê? 
	
	HOMICÍDIO
	INFANTICÍDIO
	ABORTO
	Bem Jurídico
	Extra Uterina
	Extra Uterina
	Intra Uterina
	Configuração do Crime
	A partir do nascimento
com vida.
	Início do parto ou logo
após. No estado puerperal
	Antes do início do parto.
Parto normal – dilatação mínima
Parto Cesárea – incisão cirúrgica.
· ABORTO 
3 dispositivos: 124: aborto com consentimento. 125: aborto sem consentimento. 126: aborto com consentimento. A intenção é proteger a vida intra-uterina. 
Art. 124: “aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque.” O comportamento delitivo é o abortamento, o aborto é a consequência, há uma impropriedade meramente teórica. Existem duas condutas nucleares: o ato propriamente dito e o consentimento para que o 3º realize. Crime de mão própria: a execução não pode ser transferida a terceiro, somente por determinado sujeito, só quem pratica um auto-aborto é a gestante, do mesmo modo, apenas ela consente. Então se trata de exceção a teoria monista. Hipótese 1: a gestante não pensa a priori em abortar, mas o namorado dá a ideia = induzimento. Ela toma remédio e realiza o abortamento. Os crimes de mão própria permitem a participação, então o namorado é partícipe do 124, ele só poderia ser imputado pelo 126 se ele tem o domínio do fato. Hipótese 2: a namorada quer abortar, o namorado compra o remédio e dá a ela, ele é partícipe, porque não detém o domínio do fato. Observações: quando a gestante consente que o 3º realize o procedimento abortivo, e este realiza a prática, responderão por crimes distintos. O terceiro pelos artigos 121, 122, 124 em sua parte final, 126.A grávida pelo art. 124. Vale dizer que o art. 124 trata de uma hipótese de ruptura da teoria monista[footnoteRef:7], por isso, o art. 124 não admite coautoria, somente participação. Crimes que só admitem a participação são classificados como crimes de mão própria. O crime de aborto é doloso em todas as suas modalidades[footnoteRef:8]. Pena de detenção com regime aberto ou semi-aberto, a consumação se dá com a morte do feto e o próprio é entendido como sujeito passivo do delito, sendo perfeitamente admitida a figura da tentativa.[footnoteRef:9] O auto-aborto ou aborto provocado é crime de mão própria, com a possibilidade de participação, de modo que se este terceiro intervir nos atos executórios, aplica-se o art. 126 do CP. [7: Pela teoria Monista, o crime, ainda que praticado por várias pessoas em colaboração, continua único, indivisível. Assim, todo aquele que concorre para o crime, causa-o na sua totalidade e por ele responde integralmente, de vez que o crime é o resultado da conduta de cada um e de todos indistintamente. Não se distinguindo, portanto, entre as várias categorias de pessoas, autor, partícipe, instigador, cúmplice etc. Todos são considerados autores ou co-autores do crime.] [8: Todavia, se a mulher toma um remédio, sem saber que tinha efeito abortivo e perde o filho, a conduta será considerada atípica.] [9: Exemplo 1: quero abortar e dou vários murros na minha barriga, mas me levam pro hospital e conseguem manter a gestação, que dura seu curso normal, mas o feto nasce com deformidades pelas pancadas que levou. Será assim, uma tentativa de aborto, porque se leva em consideração o momento da ação, ainda que seja outro o momento só resultado. Exemplo 2: dei vários murros na barriga, a gestação consegue ser mantida, mas o feto nasce e pouco tempo depois morre em razão de complicações que derivaram da minha agressão. O tipo penal é aborto consumado, pois o momento da lesão foi uma lesão contra a vida intra-uterina. Concausa relativamente independente superveniente. Exemplo 3: Ex: uma gestante dispara uma serie de golpes, na intenção de matar o feto e ele ainda assim sobrevive e nasce com vida, com deformidade em razão da agressão, e a gestante mata a criança. Nesse caso há um concurso de crimes, tentativa de aborto em concurso com homicídio, considerando que ela não estava em estado puerperal. ] 
Aborto é a interrupção da gravidez. O crime de aborto exige as seguintes condições jurídicas: dolo, gravidez, manobras abortivas, morte do feto. O inicio do parto normal se dá com a dilatação que seja suficiente para o parto, e na cesárea se dar a partir do momento da incisão cirúrgica. O início da vida se dá a partir da ovulação. 
Art. 125 e 126: Aborto provocado por terceiro: crime comum que pode ser praticado por qualquer pessoa, envolve uma dupla sujeição passiva, porque tanto gestante quanto fetos são sujeitos passivos. Obs.: o consentimento inválido para o aborto será equiparado à ausência de consentimento. Critérios para a validade do consentimento, p (ex.: menor de 14 anos – art. 217 A; erro, dolo ou coação; falta de discernimento mental...). Crime que se consuma com o resultado morte, sendo admitida a tentativa. Se o terceiro não sabe que a mulher tá grávida, não existe aborto porque é necessário ser doloso. O tempo do crime é o tempo da conduta, teoria da atividade. Então, se o sujeito atira na grávida, o bebê nasce, porém, após uma semana vem a falecer, é considerado aborto, já que a causação da morte ocorreu com a vida intra-uterina. Hipótese: o sujeito mora em uma fronteira, ele mora em uma fazenda no Paraguai, brasileiro casado com a brasileira que está grávida, ele fica retado, dá uma facada nela, ela atravessa a fronteira, a criança nasce e vive uma semana. O crime foi praticado no Uruguai ou em Foz do Iguaçu? Aplica-se lei brasileira? = teoria da ubiquidade, tanto no lugar da ação quanto no resultado. 
Art. 127: prevê uma forma qualificada de aborto. “As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém à morte.”[footnoteRef:10] [10: João sem a ciência de Maria e no desejo de fazê-la abortar ministra substancia abortiva em sua comida. Maria cuja gravidez era avançada é levada ao hospital. Os médicos conseguem salvar o feto, todavia, Maria morre. Tipifique a conduta considerando que João não desejou a morte de Maria. R= Quando se qualifica um crime em razão do resultado, o tipo penal é preterdoloso. O tipo penal aqui é de aborto, o fato de ser preterdoloso vai interferir no aumento de pena. Não se pode concorrer tentativa de aborto com homicidio, porque a pena pode acabar sendo mais gravoso do que se o sujeito conseguisse de fato o aborto. Será tentativa de aborto com pena aumentada pelo resultado morte da gestante.] 
Em verdade, o art. 127 não trouxe formas qualificadas de aborto, mas sim causas de aumento de pena 1/3 ou duplicação, na prática cria um dispositivo autônomo. Tem circunstâncias objetivas, é importante para aplicação da pena, seria feita na terceira fase da dosimetria da pena. É uma figura preterdolosa, isto é, a lesão grave ou a morte da gestante derivam necessariamente de culpa, para que este artigo seja aplicado. Hipótese: gestante com barrigão, por vingança, um cara atira na gestante não se importando com a criança = seria aborto (conduta dolosa) e homicídio Havendo dolo, estaremos diante de um concurso formal impróprio de infrações[footnoteRef:11]. [11: O concurso formal se aplica quando o a gente com uma ação ou omissão pratica mais de um crime, esse concurso se desdobra em próprio e impróprio, no primeiro ou ele não quis nenhum dos resultados ou só um deles, já no impróprio ele desejou cada um dos resultados produzidos. No próprio quer um resultado e atingem vários. E no impróprio você quer todos os resultados, pressupõe os resultados. ] 
Art. 128: refere-se às formas permissivas de aborto – aborto legal. “Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro  II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.” 
Inciso I: Questiona-se primeiramente a restrição da figura permissiva do médico, isto porque, especialmente na figura do inciso I, admite-se analogia benéfica para outros sujeitos, como por exemplo, a parteira. O inciso I fala do aborto necessário, terapêutico, onde esse estado de necessidade seria aplicado a mais de um sujeito, não somente ao médico. Essencial o perigo de vida da gestante, justificando quando não outro meio de salva-la, corroborando em autêntico estado de necessidade. 
Inciso II: Quando afirma “necessariamente o médico”, não quer dizer estado de necessidade porque retira a característica do perigo atual, além disso, não há risco de vida a gestante. Também chamado de “aborto humanitário ou ético”. Representa a inexigibilidade de conduta diversa. “Resultante de estupro” não é regulado pelo Código Penal, que não traz requisitos legais para aborto de gravidez resultante de estupro, diante disto, sustenta-se em geral que a gestante necessitará do registro da conduta criminosa da qual foi vítima. Se a gestante mentir, o médico não será responsabilizado, ocorre o erro de tipo; a gestante responde em concurso com o aborto, por ele, denunciação caluniosa ou comunicação falsa de crime, conforme art. 340. 
O aborto de anencéfalo, figura como a terceira hipótese de aborto legal, reconhecido pelo STF, a partir da ADPF 54 (lei posterior a Constituição) quando se compreendeu a inexigibilidade da conduta diversa da gestante, em nome da dignidade da pessoa humana. Não diz que permite, porque não tem esta competência. 
· LESÕES CORPORAIS 
Consiste em todo e qualquer dano produzido por alguém, sem o animus necandi, à integridade físicaou à saúde de outrem. Atos que ofendem a incolumidade do indivíduo. Causar e/ou agravar um problema já existente. A dor, com relação a este crime, ela é dispensável para que se considere praticado o crime. Delito de execução livre, praticado de qualquer forma, por qualquer meio. Em todo ofende a integridade física: o objeto de proteção legal é a integridade física e a saúde do ser humano. Discute-se se a integridade física é um bem disponível ou indisponível – a doutrina moderna entende que o bem é disponível, embora tradicionalmente entendesse como indisponível ex.: tatuagem. Para que não haja pena, a lesão seja leve e não contrarie a moral e os bens costumes, segundo Bittencourt. É passível de desdobrar a lesão corporal em: lesão leve ou simples (prevista no caput); grave (§1º); gravíssima (§2º); seguida de morte (§3º); culposa (§6º); doméstica (§9º). Crime comum, material, de dano, podendo se apresentar nas formas dolosas, culposas e preterdolosas. 
Art. 129, caput: se trata de uma infração de menor potencial ofensivo (Juizados Especiais). A ação penal é publica condicionada à representação (art. 88 da lei 9.099/95).
A representação não se reveste de rigores formais, assim o mero comparecimento em delegacia já é entendido como representação. A representação do ofendido deve ser exercida no prazo decadencial de 6 meses, a contar da ciência da autoria (art. 103). Nos termos do art. 102, a representação é irretratável depois de oferecida a denuncia. Porém, há autores que admitem a retratação da retratação (único requisito: prazo de 6 meses) e os que não admitem (DP como instrumento de chantagem). É um crime material, vai se consumar com resultado naturalístico (físico), admite tentativa com exceção da lesão corporal culposa. Há quem sustente que englobaria aí também saúde mental, mas isso não é admitido. É uma infração não transeunte (quando passa deixa vestígios), por isso, a prova por excelência é o exame de corpo de delito, mas este nem sempre é realizado, mas ainda assim será passível de condenar. Conforme art. 158, CPP o exame de corpo de delito é indispensável para infrações que deixam vestígios, todavia não sendo passível realizá-lo poderá ser suprido por prova testemunhal (art. 167, CPP). É um crime comum.
Haverá lesão corporal leve por exclusão, se não houver incidência das qualificadoras de lesão grave, gravíssima, com resultado morte e violência doméstica. Soldado de reserva, na acepção de Nelson Hungria. Cláusula residual, aplicada quando não estiverem presentes as hipóteses que incidem as hipóteses citadas. 
Art. 129, §1º: refere-se à lesão corporal grave, é uma qualificadora. 
I) Qualquer tipo de ocupação habitual, não apenas trabalho, qualquer atividade. Há um requisito temporal e a depender do caso pode ser necessária pericia complementar (30 dias). Se passar de 30 dias, não se aplica em razão da taxatividade.
II) Esse perigo de vida é a probabilidade séria, concreta e imediata de modo que a vítima pode morrer em razão da lesão, o que pode ser comprovado por perícia. Necessariamente culposo, porque se houver a intenção de causá-lo, estaremos diante de tentativa de homicídio (qualificadora preterdolosa).
III) Debilidade é o mau funcionamento/enfraquecimento do membro ou função, porque se estivermos diante da perda ou total inutilização, é uma lesão gravíssima. Permanente não é eterno, mas sim duradouro. Ex: a perda de um dedo é uma debilidade de membro, que é analisado na íntegra. 
OBS: Em se tratando de órgãos duplos, a lesão gravíssima pela perda completa, somente se caracteriza quando o ato agressivo atinge a ambos, inutilizando-os. Fora isso, falaremos em debilidade, lesão grave. Na hipótese de órgãos duplos, em que um deles já não funcionava e a lesão atinge o restante, inutilizando-o, falaremos em lesão gravíssima pela perda.
IV) Figura preterdolosa deve ser necessariamente culposa. Se a intenção era causar o aborto, e acelerou o parto, a criança nasceu com vida: se ela não queria gerar lesão corporal - Se houve dolo, se estar diante de 2 crimes (concurso formal impróprio): tentativa de aborto + lesão corporal grave (gestante). A ação penal pública é incondicionada.
Art. 129, §2º: refere-se à lesão gravíssima. 
I) Trabalho especificamente; permanente (duradouro). Aqui há 3 correntes: o tipo penal só pode incidir sobre o trabalho da vítima; só pode qualificar para inutilização para qualquer trabalho (restritivo); incapacidade para o trabalho da própria vitima ou atividade na mesma área (majoritária hoje).
II) Enfermidade é doença.
OBS: Os manuais tradicionais listavam como exemplo de enfermidade incurável a tuberculose, o que não é mais admitido. Um exemplo que é até hoje é a epilepsia. O exemplo mais polêmico é o HIV: no HC 98712, SP, TJ, entendeu-se que a infecção dolosa pelo vírus HIV, corresponderia não à prática do 129, II, §2º, nem do 131, mas sim do 121 c/c, art 14, II. O STF, todavia, afastou o referido delito para trabalhar somente com perigo de contágio de moléstia grave. 
III) A perda é extirpação completa. Para órgãos duplos deve perder ambos. A inutilização é o não funcionamento.
IV) Cicatriz: pouco importa se é aparente ou grande e, além disso, permanente é duradouro, ou seja, a qualificadora se mantém mesmo que a mesma seja revertida por cirurgia plástica.
V) Aborto: aceleração de parto = grave/ aborto= gravíssima. [footnoteRef:12] [12: A auto lesão não é punida, por razões de política criminal. Induzimento, instigação e auxilio à lesão corporal são puníveis? Igor resolve fazer uma tatuagem do rosto da sua mãe nas costas. O tatuador, contudo, tatua outra coisa. É possível se fala em LC gravíssima? É possível se falar em LC gravíssima se ele agiu com imperícia? E com dolo? (DICA: consentimento do ofendido, resultado diverso). 
] 
Art. 129, §3º: refere-se à lesão corporal seguida de morte. Crime preterdoloso (dolo na lesão e culpa na morte). O agente não quis e nem assumiu o risco de produzir o resultado morte.
129, §5º: há uma discussão sobre a substituição. Lesões recíprocas ocorrem quando ambas as partes envolvidas, são a um só tempo, autor e vítima de lesão, ou seja, dois sujeitos com comportamentos agressivos. 
129, §7º: remete ao art. 121 do CP, em sua modalidade culposa. 
129, §9º: refere-se à lesão doméstica, que é a lesão leve qualificada. Para lesão doméstica grave aplica-se o art. 129, §1º c/c o aumento de pena de 1/3. Foi introduzida pela lei Maria da Penha, que é uma lei autônoma e produziu alterações no CP. Necessariamente o sujeito passivo é do sexo feminino, pouco importando o sexo do sujeito ativo. Mas a lesão corporal domestica, corresponde a um crime comum, admitindo qualquer sujeito ativo e qualquer sujeito passivo, desde que seja no ambiente doméstico. Se qualifica em relação ao contexto, ao ambiente, não precisando existir uma relação de parentesco. 
129, §11º: trata da lesão doméstica contra deficiente. 
129, §12º: trata-se da modalidade qualificada em razão da maior vulnerabilidade da vítima, caso esta ocupe a condição de alvo preferencial em razão de ser um agente ou parente de Segurança Pública. Nos termos do art. 144 da CF/88, são agentes: Polícia Federal (incluem-se rodoviária e ferroviária); Polícia Militar e Civil; Corpo de Bombeiros; destacando-se ainda integrante das Forças Armadas (Exército, Marinha, Aeronáutica); integrantes do sistema prisional e segurança pública. Quando o crime for motivado por essas circunstâncias. 
· CRIMES CONTRA A PESSOA – HONRA 
A Honra é um bem jurídico que se desdobra em dois aspectos: 
- Honra Objetiva: a ideia que terceiros tem daquele sujeito, reputação.
- Honra Subjetiva: é a ideia que o sujeito tem de si mesmo, auto-imagem.
	CALÚNIA – Art. 138
	DIFAMAÇÃO – Art. 139 
	INJÚRIA – Art. 140 
	Honra Objetiva
	Honra Objetiva
	Honra Subjetiva
	Imputação falsa de fato definido
como crime.
	Imputação de fato ofensivo 
à sua reputação.
	Ofensa à sua dignidade ou decoro.
Observando os bens jurídicos tutelados e a redação do tipo incriminador, nota-se que uma mesma circunstância fática não poderá ensejarum concurso formal de calúnia e difamação, em razão do ne bis in idem. Já o concurso material, sim. Por outro lado, é plenamente possível que a injúria concorra em concurso formal impróprio com as referidas infrações, já que a mesma ofensa pode atingir a honra objetiva e subjetiva. 
A pessoa jurídica não pode ser sujeito passivo de injúria, pois não é possuidora de auto consciência. Logo, é crime impossível pela absoluta impropriedade do objeto. Quanto a honra objetiva, pode ser passível de difamação e ainda calúnia, caso a imputação se refira a um crime, sendo crime ambiental.
· Calúnia 
Ocorre quando se imputar falsamente a alguém fato definido como crime. Esclarecimentos: 
- A imputação falsa de contravenção não é calúnia por ausência de tipicidade formal, assim sendo será configurado como difamação. 
- A adjetivação desonrosa não caracteriza calúnia, mas sim difamação, se não for fato definido como crime. 
- O crime de calúnia é crime doloso e se exige quando o sujeito, no momento da imputação, saiba que ela é falsa. Se ele apenas acha que a imputação é falsa, incorre-se em erro de tipo. 
- Existe uma diferença entre calúnia e denunciação caluniosa. Este último é crime contra a Administração da Justiça (art. 339). A diferença dos bens jurídicos deve dá causa ao inquérito. Admite-se majoritariamente concurso formal impróprio entre denunciação e calúnia. A ação penal de calúnia é privada; já a denunciação caluniosa é pública. Vale ainda destacar que a denunciação caluniosa de contravenção é expressamente tipificada com base no art. 339, §2º. Observa-se ainda que existe diferença entre calúnia/denunciação caluniosa/comunicação falsa de crime. Neste ultimo tipo penal, do art. 340 do CP, temos crime contra Administração da Justiça que se particulariza pelo fato da comunicação falsa do crime ou contravenção não ser associada a nenhum sujeito. 
- Calúnia é crime formal. Produz resultado jurídico, pois é abstrato. Em regra é unisubsistente (não admite tentativa, desistência voluntária ou arrependimento eficaz), com exceção da calúnia escrita. Crime comum; doloso. 
- Como o bem jurídico é a reputação o título só se concretiza quando a ofensa é referido a terceiros. Ofensa feita à própria vítima ou propagada por esta, não caracteriza calúnia ou difamação, podendo ser injúria. (§1º. Art. 138). 
- O §1º traz uma norma de equiparação. “Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga”. 
- O §2º informa que é punível calúnia contra morto. Sujeito passivo é a família, a fim de preservar a memória. 
- O §3º refere-se à Exceção da Verdade. “Admite-se a prova da verdade, salvo:”. Exceção neste caso assume sentido de defesa da verdade. Como a calúnia é a imputação de fato criminoso falso, a prova de veracidade da narrativa exclui a punibilidade da calúnia, podendo ser punido por difamação. Para o crime de calúnia, a regra geral é pela admissão da Exceção da Verdade como tese defensiva, ressalvada as hipóteses deste parágrafo: se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
	Sobre a Exceção da Verdade
	Calúnia
	Difamação
	Injúria
	Regra Geral: admite.
	Regra geral: não admite
	Nunca admite.
- A inimputabilidade não descaracteriza a calúnia, ou seja, a imputação falsa de crime a inimputável. A imputabilidade do sujeito passivo pouco importa. 
- A Exceção da Verdade que esteja relacionada a agente tenha foro prerrogativa de função, não é julgado pelo juiz de 1º grau, mas sim pelo respectivo foro. Em tal caso, se a exceção é provida, o processo sobe, definitivamente, para que antes a vítima da calúnia possa ser processada e julgada pelo crime que praticou. Se a exceção da verdade não for provida, significa que houve fato criminoso por aquele que praticou a calúnia. 
· Difamação
A difamação permite que seja um fato verdadeiro ou falso. Como o objeto da difamação é verdadeiro ou falso, provar que é verdadeiro não excluirá em princípio à responsabilidade do agente. Portanto, a exceção da verdade, em regra, não é admitida na difamação, ressalvado o funcionário público no exercício da sua função, porque há interesse público em descobrir se a imputação é verdadeira ou falsa. 
· INJÚRIA 
Honra Protegida: tem como objeto jurídico a tutela da honra subjetiva. Há atribuição de uma qualidade negativa, vai macular a autoestima da pessoa. Sujeito ativo e passivo: qualquer pessoa pode ser sujeito passivo de injuria (crime comum), e o sujeito ativo também pode ser qualquer indivíduo. Obs.: não existe injuria contra os mortos, pois o morto não tem honra. Elemento subjetivo: o elemento subjetivo é o dolo. A injúria só é prevista na modalidade dolosa, deve ter a intenção de injuriar. A consumação se dá quando a vítima fica sabendo de qualidades ruins ou de defeitos atribuídos a ela. Em regra, a injuria não admite tentativa, com exceção da injuria escrita. Perdão: art.140 prevê a possibilidade de perdão em duas situações: 1) quando há provocação da vítima e essa provocação não configura uma injúria (se tem uma provocação que não configura injuria, e o autor devolve com uma injuria); 2) e no caso de retorção (seria uma injuria respondida com injúria. O autor comete a injuria e a “vítima” responde também com uma injúria- nesse caso o perdão é dado para os dois). 
Modalidades qualificadas: (art. 140, §2º) Injúria real-> é quando junto com a ofensa vem vias de fato (ex: beliscão, cuspir no rosto) que tornam a conduta mais grave, mais lesiva; Injuria relacionada ao preconceito-> 1) injuria racial: é direcionada a uma pessoa, não tem relação com a raça como um todo; 2) pessoa maior de 60 anos ou com deficiência: a qualificadora só incide se a injuria ocorrer em razão da condição de idoso e de deficiente. 
Disposições comuns: (art. 141) 
2.1 Causas de aumento de pena: Causas de aumento de pena: 1) se o crime é cometido pelo presidente da república ou chefe de governo estrangeiro: se atinge a honra do presidente da república se entende que está atingindo a honra de um Estado por inteiro. Chefe de estado e chefe de governo é a mesma coisa? Não (na exceção da verdade eles são equiparados, pois é uma norma permissiva); 2) quando o crime é praticado contra funcionário público: se um funcionário público tem sua honra atingida, atinge também a honra da administração; 3) quando o crime é praticado na presença de várias pessoas (a doutrina convencionou que a partir de três pessoas já se configura o termo “várias”) ou por meio que facilite a divulgação (ex: ofensa através de auto falante, pichação); 4) se a vítima é deficiente ou maior de 60 anos.
2.2 Exclusão de crime: (art.142) 1) se tem uma discursão acalorada em juízo; 2) a vontade de criticar, análise crítica, somente não quer dizer que seja uma ofensa ou um crime contra a honra; 3) o funcionário público faz analises de processos
2.3 Retratação: nos crimes de difamação e calunia é possível a retratação. Porém na injúria não se admite retratação, pois ela fere a honra subjetiva e não tem como desdizer o que foi dito. 
A regra nos crimes contra a honra é que seja ação penal privada, mas condicionada a representação no caso da vítima ser funcionário público, no caso do presidente da república a ação penal é condicionada a requisição do Ministro da Justiça, e no caso de injúria real, a ação é penal pública incondicionada. 
Obs.: tratando especificamente de crime contra honra de funcionário público no exercício de suas funções, o STF consagrou a legitimidade concorrente entre o próprio funcionário ofendido e o MP na propositura da ação penal. Ao funcionário público cabe a interposição de queixa crime – ação penal privada; ao Ministério Público cabe a proposição de ação penal pública condicionada à representação. 
· CRIMES CONTRA LIBERDADE INDIVIDUAL
· CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
O crime está previsto no art. 146 do Código Penal. Trata-sede um tipo penal subsidiário, cuja subsidiariedade está tacitamente depreendida do seu texto legal. Portanto, se o ato de constrangimento fizer parte de um crime mais grave, por este será punido. Jamais poderá imputar dois crimes separadamente, seria um conflito, e o critério da subsidiariedade será utilizado. Para o crime complexo, que contém o constrangimento mediante violência ou grave ameaça, não se admite a ruptura do tipo complexo para punição. O constrangimento ilegal processado nos Juizados Especiais admite, ainda que envolvendo violência ou grave ameaça, substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos – orientação jurisprudencial, com base no art. 44, I. 
Art. 146, §1º: a incidência da majorante independe se o agente também está respondendo ou não pelos crimes de associação e organização criminosa e/ou porte ilegal de armas. Para o STJ, não há ofensa ao ‘ne bis in idem’. Todavia, o fundamento para o aumento de pena é o mesmo da tipificação autônoma, por isso seria uma dupla punição. 
Art. 146, §2º: afasta expressamente a possibilidade de subsunção (absorção) dos atos de violência em razão da aplicação deste caput. Desta maneira, se não houver previsão legal de crime mais grave, e o agente no ato do constrangimento que lesionou a vítima, responderá tanto pela respectiva lesão corporal em concurso com o constrangimento ilegal.[footnoteRef:13]. [13: Exemplo: forçar o outro a dançar. ] 
Art. 146, §3º: é o mais importante dos parágrafos. Questiona-se a natureza do §3º: se causa excludente de ilicitude; ou de antijuridicidade. Compreendendo-se majoritariamente por antijuridicidade. Entretanto, para que se aplique a hipótese do inciso I (intervenção médica ou cirúrgica), partindo da interpretação sistemática, é imprescindível que a intervenção seja para salvar a vida do paciente, de forma iminente.[footnoteRef:14], combinando com o art.13, 14 e 15 do Código Civil. Nos casos da lesão corporal, em que se lesiona para proteger uma lesão mais gravosa, entende-se pela teoria da imputação objetiva. [14: Exemplo: Bob Marley. A intervenção deve ser urgente, sob risco de vida ou morte, porque cabe ao paciente recusar ou não, se não houver urgência. ] 
· Sequestro e Cárcere Privado 
Previstos no art. 148 do Código Penal. Crimes permanentes, onde a consumação se prolonga no tempo, durando o tempo que durar a permanência. É um fator que implica diversos reflexos, por exemplo: tempo do crime, prisão em flagrante (art. 271 do CPP). A prisão será considerada em flagrante em todo período da consumação do crime. 
Não existe muita diferença entre sequestro e cárcere privado, estão no mesmo tipo penal. Há os que entendem pela diferenciação, distinguindo sequestro para aquela restrição de liberdade que ocorrer em local público; e cárcere privado, para privação da liberdade em locais privados. 
Art. 148, I: se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, ou maior de 60 anos. 
Art. 148, II: conduta necessita ser dolosa;
Art. 148, III: não existe tempo mínimo na privação da liberdade para que seja caracterizado o sequestro. Prazo superior a 15 dias, este inciso apenas qualifica o delito, mas não estabelece um tempo mínimo.
Art. 148, IV: se o crime é praticado contra menor de 18 anos. 
Art. 148, V: se o crime é praticado com fins libidinosos. 
Nos casos em que a delegacia não registra a ocorrência, solicitando que seja aguardado um tempo, esta espera não é um requisito formal, apenas porque pode não se tratar de sequestro/cárcere privado. 
É possível a concorrência de sequestro com crimes contra liberdade sexual, desde que seja claro que o agente intentou tanto a liberdade individual quanto a sexual, de modo que serão analisadas as finalidades autônomas. 
Art. 146, §2º: casos em que envolve grave sofrimento. Concorrência com lesão corporal, finalidades autônomas.
· CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
· FURTO
Previsão no art. 155 do Código Penal. Trata-se de crime com dolo específico ou eventual, exigindo-se, pois, a especial finalidade de se apropriar ou fazer com que terceiro se aproprie. Em razão disto, é admitida a tese do furto de uso como causa de exclusão de tipicidade, em que pese o “fim de agir”. 
Furto de uso tem a finalidade de usar o bem por breve lapso temporal. Coisa deve ser devolvida com a integridade preservada, de modo que o bem deve ser não consumível e substituível. A doutrina minoritária entende que a vítima não deve perceber o furto. 
Por se tratar de crime contra patrimônio, a subtração de coisas que tenham um valor exclusivamente sentimental configura crime impossível, em razão da impropriedade do objeto, por exemplo: fotografia comum. Como não há valor econômico expressivo, ocorre à exclusão da tipicidade. 
Consumação x Tentativa: tradicionalmente, sempre se entendeu que o momento consumativo do furto demandava a posse mansa e pacífica da coisa. O STJ modificou este entendimento, passando a exigir somente que a coisa seja retirada da esfera de disponibilidade da vítima. Isto é, com a posse da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo, consagrando a teoria da Apprehensio (STJ Resp. 1524450/RJ e Rext. STF 102490/SP). [footnoteRef:15] [15: Subtração em estabelecimentos com sistema de monitoramento e vigilância que sejam frustrados em razão do acompanhamento configura crime impossível ou tentativa de furto? Decisão do STJ. ] 
Art. 155, §1º: repouso noturno para fins de incidência do §1º corresponde ao horário em que normalmente os habitantes da região em que se desenvolveu a ação dormem. Independe do horário habitual de repouso da vítima, ainda que este seja conhecido pelo sujeito ativo. Trata-se de elemento normativo do tipo, que é variável. 
Art. 155, §2º: diminuição ou substituição. Onde tem “pode” leia-se “deve”. Não se trata de faculdade, mas de benefício vinculado a requisitos objetivos que geram direito público subjetivo. Existe uma diferença entre furto de pequeno valor e furto insignificante. Furto de pequeno valor é a subtração inferior a um salário mínimo. O conceito de insignificância é subjetivo, levando em consideração as características da vítima, conduzindo a exclusão de tipicidade; contrariamente, o pequeno valor é de caráter objetivo e não leva em considerações os aspectos da vítima, resulta na diminuição da pena. São conceitos autônomos que podem caminhar juntos ou não.[footnoteRef:16] [16: Se eu roubo R$ 800,00 de Fredie, estarei diante de furto de pequeno valor e insignificante. Todavia, se roubar o mesmo valor do estagiário de Fredie, este será apenas de pequeno valor. ] 
Art. 155, §3º: obs.: a subtração de energia elétrica ou o famoso “gato” figura conduta criminosa nos termos da norma de equiparação do §3. Não se confunde com estelionato de energia elétrica, pois, neste caso o agente adultera o contador de energia, a fim de pagar menos. O questionamento é: a subtração de sinal de TV a cabo se enquadra ou não na norma de equiparação? Para o STJ, a própria norma faz menção, equiparando-se a energia elétrica – Resp. 1123747 do Rio Grande do Sul. Para o STF, todavia, muito embora o sinal de tv a cabo se assemelhe à energia elétrica, não há em tais casos subtração propriamente dita, pressuposto fundamental de todo e qualquer furto. Nesse sentido, dada à vedação da analogia prejudicial, a conduta deve ser considerada atípica – HC 97261 Rio Grande do Sul. 
Art. 155, §4º: hipóteses de furto qualificado. I – obstáculo não pode ser a própria coisa, para que a proporcionalidade não seja quebrada. Por exemplo, furtar um carro com tudo dentro poderia sair com a pena menor daquele que quebra o vidro do carro para furtar um som novo. O Direito Penal não pode estimular condutas delitivas, em homenagem a equidade, o sujeito responderia por furto simples. II – abuso de confiança. A confiança para o Direito Penal não se presume, deve ser provada. Por exemplo, a empregada doméstica que furta em seu 2º dia de emprego. Fraude: o furto qualificado pela realização de fraude não se confunde com estelionato, isto porque no furto, a fraude é empregadasomente para distrair a vítima, enquanto o autor promove a subtração do bem. Já no estelionato, a relação de confiança é travada, a ponto de, normalmente, ser a própria vítima que entrega o bem ao estelionatário. Por exemplo, no momento da dedetização, os funcionários mandam a vítima sair, para despistar. Destreza: conhecimento minucioso de determinada prática, por exemplo, o chamado “batedor de carteira”. III – refere-se à chave falsa ou gazua.[footnoteRef:17] IV – concurso de agentes, quando 2 ou mais pessoas. [17: O emprego de chave mestra qualifica o crime de furto?] 
Art. 155, §5º: inclusão feita pela lei 9.426/96 frisa-se: consuma-se quando o veículo chegar a outro estado ou exterior. 
Art. 156: coisa comum é aquela própria do sujeito descrito no artigo. O bem é insubstituível, não podendo exceder a cota parte. Refere-se a bens fungíveis. 
· ROUBO 
Previsão a partir do art. 157, com pena de 4 a 10 anos e multa. Roubo é diferente de furto. A violência ou grave ameaça é indispensável ao roubo. O roubo é um crime complexo: tutela, a um só tempo, mais de um bem jurídico, quais sejam: liberdade, integridade física, patrimônio. Não admite a incidência do princípio da insignificância dado o seu grau de ofensividade. Admite dupla sujeição passiva: violência para um, subtração para outro. 
Momento Consumativo: de acordo com o STJ, o roubo se consuma no momento em que o agente se torna possuidor da coisa, ainda que por breve lapso temporal, sendo desnecessária a posse mansa e pacífica. Os momentos do roubo e do furto se encontram, muito embora, pouco menos no furto, pouco mais para o roubo. Resp. 1440167 Rio Grande do Sul; STF HC 110642 Rio Grande do Sul. 
Art. 157, §1º: enquanto o caput traz o roubo próprio, o §1º traz a figura do roubo impróprio. No roubo impróprio, a violência ou grave ameaça é feita depois da subtração, contrariamente do caput. Em regra, não há tentativa, porém sustenta-se a tentativa em face da nova ideia do momento consumativo. I – emprego de arma. Poderá ser tanto arma própria (revólver, pistola); quanto arma branca (instrumento que não criado para o fim de ferir, mas assim é utilizado). A súmula 174 do STJ tinha o entendimento pacificado de que o uso da arma de brinquedo serviria como fins de aumento de pena. Contudo, houve o cancelamento da súmula, com isso as Cortes Superiores não aumentam a pena em caso do uso de arma de brinquedo. O mesmo aplica-se a arma sem munição, onde é necessária a perícia direta ou indireta para comprovação. II – concurso de pessoas, duas ou mais. III- o transporte de valores deve ser de conhecimento do agente. Transporte propriamente dito, para esta teoria não abarca boy, cobrador de ônibus. Ainda é ponto de divergência na jurisprudência. IV – a consumação ocorre quando o veículo estiver em outro estado ou exterior. V – o roubo com aumento de pena pela restrição da liberdade não se confunde com a hipótese de concurso de crimes entre roubo e cárcere privado. A diferença reside na utilidade da privação da liberdade, pois no roubo só existe para o estrito fim de viabilizar a fuga e êxito do criminoso. Quando o tempo extrapola o necessário, fala-se em concurso de crimes. VI: o roubo com aumento de pena pela restrição de liberdade não se confunde com a hipótese de concurso de crimes entre roubo e cárcere privado. A diferença reside na utilidade da privação da liberdade e sua duração, pois no roubo esta privação somente existe para o estrito fim de viabilizar a fuga e o êxito dos criminosos. Portanto, caso o tempo de privação extrapole o necessário fala-se em concurso de crime. 
§3º o roubo seguido de lesão grave não é latrocínio, o latrocínio é somente o roubo seguido de morte, seja esta tentada ou consumada. O latrocínio é classificado como crime qualificado pelo resultado, portanto, o elemento subjetivo desdobra-se em dois momentos: a conduta antecedente e o resultado consequente. Como o roubo é um crime doloso, necessariamente, há o dolo na conduta antecedente. É possível se ter dolo nas duas condutas, ou dolo na antecedente e culpa na consequente. Só é possível verificar a tentativa de latrocínio quando houver dolo tanto na conduta antecedente, quanto na consequente. No roubo seguido de lesão grave também temos um crime qualificado pelo resultado, todavia, aqui ou existia a intenção de lesionar, ou esta lesão é culposa, mas nunca falaremos em roubo qualificado pela lesão grave se a intenção do agente em algum momento foi a de matar a vítima.
Obs.: O latrocínio não se confunde também com o homicídio seguido de furto, pois neste caso a intenção é matar sem que haja aqui finalidade de subtração patrimonial e, uma vez alcançada à morte, inaugura-se uma nova linha subjetiva em que o agente subtrai um bem da vítima. (ex.: mata Carol e depois que já matou vê que Carol tinha um computador e resolve pegar).
Momento consumativo do latrocínio: 
	Conduta antecedente (subtração)
	Resultado consequente (morte)
	Inter Criminis
	Consumada
	Consumada
	Latrocínio consumado
	Tentada
	Tentada
	Latrocínio tentado
	Tentada
	Consumada
	Latrocínio Consumado (súmula STF)
	Consumada
	Tentada
	Latrocínio tentado
Súmula 610, STF: há crime de latrocínio quando o homicídio se consuma ainda que não realize o agente a subtração dos bens da vítima. “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima."
Obs.1: Se não está consumada a morte não está consumado o latrocínio mesmo que o agente tenha conseguido efetivar a subtração patrimonial (raciocínio logico). Obs.2: O latrocínio é crime complexo, situado no título que trabalha crimes conta patrimônio; tutela complexamente patrimônio e vida; seu momento consumativo é dado pela ocorrência ou não da morte, mas a competência em todo e qualquer caso não é matéria do tribunal do júri (mesmo quando há dolo na conduta antecedente e consequente do latrocínio não vai ser julgado pelo tribunal do Júri).
· EXTORSÃO 
- Exigência de Vontade;
- Constrangimento da vítima (resultado jurídico) 
- Obtenção da vontade (resultado naturalístico)
É um crime formal, é, portanto, um crime de consumação antecipada, o momento consumativo se dá com o resultado jurídico (atingimento do bem jurídico) e não com a obtenção da vantagem econômica (resultado naturalístico). Súmula 96 STJ “O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.”. 
Estágio do ato de extorsão: na extorsão pode perceber três estágios distintos: 1. A exigência da vantagem, 2. O constrangimento da vítima (resultado jurídico) e 3. A obtenção da vantagem (resultado naturalístico, que é dispensável).
Obs. 1: a extorsão se consuma com o efetivo constrangimento da vítima, isto é, quando esta está disposta a ceder à exigência. Jurisprudencialmente, este momento é identificado a partir da prática de qualquer ato da vítima que identifique essa disposição a ceder à chantagem. Obs. 2: cabe falar em tentativa de extorsão, porém a configuração é difícil. Obs.3: o agente não conseguiu constranger a vítima, ou seja, a vítima não se intimidou, nesse caso há uma extorsão tentada. 
É um crime formal que admite tentativa (porém, de difícil caracterização). A consumação ocorre com o efetivo constrangimento da vítima quando ela está disposta a ceder. Jurisprudencialmente, este momento é justificado por qualquer ato da vítima – “quando a vítima cedeu”? Portanto, há o questionamento se é possível falar em tentativa de extorsão. Cabe, contudo é difícil. Se a vítima não cede ao constrangimento, é considerada tentativa. 
Exemplo: Rafael liga para Karen exigindo que ela lhe transferisse uma quantia de R$ 10.000,00, sob a ameaça de matar sua mãe, caso não fosse atendida a exigência. Karen engana Rafael dizendo que faria a transferência, todavia não tinha o valor em conta. Desesperada, Karen vai à delegacia, narra a situação ao delegado, e vai ao encontro de Rafael para lhe entregar o exigido. Durante a ação monitorada por policiais, Rafael é preso em flagrante. 
	ROUBO
	EXTORSÃO
	Crime material
	Crime FormalA ameaça é contemporânea à ação
	A ameaça é transferida ao futuro, existe uma vantagem condicionada ao “se”.
	Independe da ação da vítima
	“Colaboração” forçada é imprescindível para obtenção de vantagem.
Art. 158, §1º: aplica-se tudo o que já foi dito, sobre concurso de pessoas e armas. 
Art. 158, §2º: quando a violência da extorsão resulta em lesão corporal. 
Art. 158, §3º: prevê o sequestro relâmpago. É uma figura questionada no campo da tipificação. Seria roubo com privação de liberdade, extorsão ou extorsão mediante sequestro? Entende-se que é extorsão, uma vez que a privação de liberdade no roubo tem o intuito de viabilizar a fuga; e na extorsão mediante sequestro é pedido um resgate para libertação. 
A lei dos crimes hediondos considera hediondo somente a extorsão qualificada pela morte, já no caso da extorsão mediante sequestro, é hediondo em todas as suas modalidades, conforme art. 1º da Lei de Crimes Hediondos. 
Art. 159: previsão da extorsão mediante sequestro. Existe uma diferença entre extorsão e extorsão mediante sequestro. A extorsão é uma forma de constranger a vítima para uma vantagem econômica, tendo puramente uma finalidade patrimonial. Na extorsão mediante sequestro existe uma intenção que é o elemento subjetivo, tendo o escopo de restringir a liberdade individual. Diferentemente do sequestro relâmpago, nesta figura é exigida um resgate para libertação. É uma modalidade de dolo especial, tendo em vista o seu especial fim de agir. “Qualquer vantagem” significa qualquer vantagem patrimonial. Admite dupla sujeição passiva – dois no polo passivo. 
Exemplo: Orlando para obter vantagem no resgate, sequestra Matheus e Suzana, irmãos gêmeos, exigindo que os seus pais paguem pela libertação dos jovens. Concluída a ação Orlando é preso em flagrante. O promotor está em dúvida de quantas vezes o imputará.
Art. 159, §1º: não existe prazo mínimo para caracterização do sequestro. 24 horas é uma qualificadora. Consumação: sequestrou e pediu resgate. É um crime permanente. 
159, §3º: é a maior pena do Código Penal, sendo de um crime patrimonial. 
159, §4º: este parágrafo foi introduzido pela lei 9.269/96. Posteriormente, a lei 9.807/99 – lei de proteção a vítimas, testemunhas e colaboradores, passou a rever a possibilidade de perdão judicial no art. 13. Recentemente, a nova lei de organização criminosa 12.850/13 passou a prever a colaboração/delação premiada, como causa de diminuição ou substituição de pena, ou perdão judicial, conforme o caso. 
· DANO
Art. 163: é um crime doloso. Via de regra, pode fica absorvido se a intenção era um crime mais gravoso. Exemplo: namorado destrói o carro da namorada. Menor potencial ofensivo, podendo ser levado aos Juizados Especiais, com todas as garantias de suspensão condicional do processo (6 meses). 
Art. 163, I: se o dano é cometido com violência ou grave ameaça, trata-se de dano qualificado, o agente responderá pelo respectivo crime, contra a integridade. 
· APROPRIAÇÃO INDÉBITA 
Art. 168: trata-se de um crime próprio, uma vez que o sujeito ativo será necessariamente possuidor ou detentor da coisa. O momento consumativo se dá pela inversão do animus da posse, que inicialmente é de boa fé. Todavia, em segundo momento o agente passa a desejar a coisa como se sua fosse, animus rem sibi habendi. Não consiste em apropriação indébita, o simples atraso da coisa, seja intencional ou não, sem que haja esta inversão subjetiva. Jurisprudencialmente, a consumação é identificada quando o antes possuidor, passa a agir como dono, praticando atos de proprietário: doação, venda, etc. Na locação de veículo, a simples demora não configura apropriação indébita. 
Apropriação x Estelionato: no estelionato, o agente atua de má fé, desde o momento inicial da conduta. Diferente da apropriação indébito, que inicialmente a conduta é de boa fé. O manobrista que fica com o carro do cliente, fugindo com o automóvel, pratica furto qualificado pela fraude ou apropriação indébita. 
Art. 168, II e III: maior reprovabilidade do agente. Por exemplo: o advogado que recolhe o alvará sem autorização. 
· ESTELIONATO 
O meio que marca a prática do estelionato é a fraude. 
Art. 171: manter alguém dolosamente em erro, a fim de obter vantagem ilícita. Exemplo: Dani se passando por Thaís Bandeira para receber livros. 
Art. 171, §2º: este parágrafo traz uma norma de equiparação relativa a comportamentos fraudulentos diversos, todos eles dolosos, em que se destaca a fraude no pagamento por meio de cheque. 
I – por exemplo: carro emprestado é dado como garantia, venda, mas não se confunde com apropriação indébita, pois possui boa fé. 
II – venda de imóvel litigioso sem a ciência do comprador. 
III – a má fé existe desde o início. 
IV – por exemplos: mistura de perfume; alteração na qualidade ou quantidade dos salgados.
V – por exemplo: colide o carro, mas termina de bater a fim de que dê PT, para ganhar carro novo. 
VI – é a hipótese mais comum. Compreende duas práticas: sustar o cheque para frustrar o pagamento ou emitir cheque sem fundo. Obs. 1: Se o agente emite cheque certo de que possui fundos para pagamento, todavia, o pagamento se frustra por ausência de saldo suficiente, não se trata de prática criminosa, vez que o estelionato é crime doloso. Obs. 2 A linha de defesa nos casos de emissão de cheque pré-datado, é que a coisa se dá no futuro, sem dolo, ele será analisado no caso concreto. Via de regra, quando se projeta data futura por meio de cheque, não se fala em estelionato, pela ausência de fundos, em razão da boa fé do emissor. Todavia, se o emissor já sabia que não teria saldo suficiente, o fato de pré-datar o cheque, não irá descaracterizar a conduta criminosa. Obs. 3: atentar para súmula 246, 521, 554, do STF adverte que o pagamento do valor devido após o recebimento da denúncia, não obsta o prosseguimento da ação. Por logicidade, o pagamento feito anteriormente ao recebimento da denúncia, não obsta o prosseguimento do feito. 
Art. 171, §3º: maior reprovabilidade da conduta.
Art. 171, §4º: é a inclusão recente que prevê aumento de pena para estelionato contra idosos (igual ou superior a 60 anos). É uma novatio legis in pejus, portanto, aplica-se aos casos posteriores, não retroage. 
Conflito aparente de normas: crime meio x crime fim. O documento falseado, para único ato, é absorvido pela sua menor potencialidade. O documento falso para práticas reiteradas não é absorvido. 
· RECEPTÇÃO 
Art. 180, §1º: o conteúdo do crime de receptação é variado, compreendendo não só aquele que adquiriu o produto sabendo ser de origem criminosa, como também aquele que influi para que o terceiro de boa fé adquira. O bem jurídico é o patrimônio e a vítima é a mesma do delito antecedente. É um crime comum, podendo ser imputado a qualquer pessoa, com exceção daquele já punido pelo crime antecedente, situação em que o transporte, a venda, a ocultação será considerada como mero exaurimento. Prestigia o bis in idem, porque o crime necessita de um crime anterior. 
Art. 180, §2º: âmbito industrial ou comercial qualifica-se nos termos deste parágrafo, considerando que são abarcadas na qualificadora, o comércio clandestino irregular ou mesmo residencial. Exemplos: Feiraguai, feira do rolo. 
Art. 180, §3º: é a receptação privilegiada, neste caso, quem adquiriu a coisa produto do crime, não sabe efetivamente da natureza criminosa, mas deveria tê-lo percebido pelas circunstâncias do caso, por exemplo, valor baixo. 
Art. 180, §4º: âmbito de insegurança enorme. 
Art. 180, §5º: se o réu incorrer em receptação privilegiada, e for réu primário, o juiz pode deixar de aplicar a receptação, para imputar o furto de pequeno valor. 
Disposição geral 
Art. 181: imunidade material. Se não for o caso das hipóteses previstas no art. 183, não há crime, é isento de pena: o cônjuge na constância da sociedade conjugal, ascendente ou descente com parentesco legítimo ou ilegítimo, civil ou natural. 
Art. 182: a ação penal é condicionada a representação, mas não isenta de pena. Prevê a imunidade relativa nos casos de: conjunge desquitado

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