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Execução contra a fazenda publica

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EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PUBLICA
- Conceito da expressão “Fazenda Pública”
O termo “Fazenda Pública” é utilizado em referências às entidades da administração direta e indireta dotadas de personalidade de direito público, excetuando aqueles que tenham personalidade privada. Assim, o uso do termo fazenda pública alude ao exercício em juízo das pessoas jurídicas de direito público. Para melhor compreensão, o art. 4º do Decreto-lei 200/1967 que trata sobre a Administração Pública do Brasil, dispõe:
Art. 4º A Administração Federal compreende:
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios.
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas.
Abrangem a administração direta, os entes públicos, também chamados de entes políticos: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Ao passo que, formam a administração indireta: Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista; mas, essas duas últimas, embora integrem a administração pública indireta, não ostentam natureza de direito público, revestindo-se da condição de pessoa jurídica de direito privado, a cujo regime estão subordinadas.
Compreende-se, portanto, que o conceito de Administração Pública direta e indireta é mais amplo do que a expressão “Fazenda Pública”, pois essa se restringe aquelas entidades com personalidade de direito público, excluindo-se empresas públicas e sociedades de economia mista, estas, sujeitas ao regime geral das pessoas jurídicas de direito privado.
Vale destacar que, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT, embora seja uma empresa pública, é equiparada por determinação legal à Fazenda Pública, na forma definida no art. 12 do Decreto-Lei 509/1969, recepcionado pela Carta Política de 88.
Em virtude do Novo Código de Processo Civil (Lei 13.105 de 16 de Março de 2015), é imperioso salientar quanto às prerrogativas processuais da Fazenda Pública a respeito dos prazos diferenciados. O novo estatuto determina que a União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas respectivas autarquias e fundações públicas, gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, conforme estabelece o art. 183 do diploma. Sendo assim, tem-se que o NCPC unificou os prazos, quando estabelece prazo em dobro para todas as manifestações da Fazenda Pública.
- Da impenhorabilidade dos bens da Fazenda
 Os bens públicos, ou seja, aqueles pertencentes à União, Estado e Município, são legalmente impenhoráveis. Desta forma, é impossível a execução contra a Fazenda Pública, pois esta se faz de forma diferente, não admite penhora e expropriação, conforme disposição do artigo 100 da Constituição Federal.
 É a característica dos bens públicos que impedem que sejam eles oferecidos em garantia para cumprimento das obrigações contraídas pela Administração junto a terceiros. A execução contra a Fazenda não será feita mediante a constrição, penhora e expropriação de bens, mas sim através da expedição de precatório.
 O precatório é uma forma de pagamento, na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, disciplinada pelo artigo 730, do Código de Processo Civil. É o instrumento para fazer cumprir o mandamento constitucional previsto no art. 100 da CR/88.
Código de Processo Civil.
Art. 730. Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedora para opor embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão as seguintes regras: (Vide Lei nº 8.213, de 1991) (Vide Lei nº 9.494, de 1997).
I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente;
II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo crédito.
- A Execução contra a Fazenda Pública
 A execução contra a Fazenda Pública pode se embasar tanto em título executivo judicial, quanto em título executivo extrajudicial. 
 Por execução contra a Fazenda Pública entende-se aquela em que no polo passivo figura pessoa jurídica de direito público, o que inclui as autarquias e fundações públicas, mas não as empresas públicas e sociedades de economia mista. Ou seja, quando a fazenda publica for executada.
O novo CPC previu dois procedimentos diferentes:
Se o título executivo for JUDICIAL: o procedimento é chamado de cumprimento de sentença, sendo regido pelos arts. 534 e 535
Se o título executivo for EXTRAJUDICIAL: o procedimento é chamado de execução contra a Fazenda Pública (art. 910).
No cumprimento de sentença, a defesa da Fazenda é chamada de IMPUGNAÇÃO. Já na execução contra a Fazenda Pública, esta se defende por meio de EMBARGOS.
Tanto o prazo da impugnação como dos embargos continua sendo de 30 dias.
Existem duas espécies de execução contra a Fazenda Pública:
Execuções contra a Fazenda Pública envolvendo a sistemática de precatórios (art. 100, caput, CF/88);
Execuções contra a Fazenda Pública cobrando dívidas de pequeno valor (§ 3º do art. 100 da CF/88), nas quais o precatório é dispensado.
- precatórios
Precatórios são formalizações de requisições de pagamento de determinada quantia, superior a 60 salários mínimos por beneficiário, devida pela Fazenda Pública, em face de uma condenação judicial.
Excluem-se da expedição de precatório as dívidas de pequeno valor, assim consideradas as inferiores a 60 salários mínimos para as dívidas da fazenda federal, a 40 salários mínimos para a fazenda estadual e distrital e a 30 salários mínimos para a fazenda municipal, salvo lei estadual, distrital ou municipal que disponha em sentido diverso.
A definição do que seja precatório, decorre da impossibilidade do juiz da execução de primeira instância remeter diretamente ao ente público, a ordem de inclusão no orçamento de determinado valor. 
Em síntese, transitado em julgado a sentença, cabe ao juiz de primeira instância expedir o ofício requisitório, o qual é encaminhado ao Presidente. Na presidência será feito o registro e certo juízo de admissibilidade quanto aos requisitos necessários. Passada esta última fase, aí sim o Presidente expedirá à Fazenda Pública o precatório.
Na Justiça do Trabalho, os precatórios são expedidos pela Vara do Trabalho, após o trânsito em julgado das ações contra os entes de direito público, sendo remetidos ao Tribunal, de onde são geridos pelo Presidente do TRT.
- Da conciliação, do direito ao pagamento preferencial e da renúncia de valores
Como dito anteriormente, não existe possibilidade de se alterar a ordem cronológica. Há isto sim, há maneiras de se evitá-la, ou de reduzir o tempo de espera, de modo que o titular do crédito possa receber mais brevemente seu dinheiro. 
Estas maneiras são três: 
a) conciliando devedor e credor; 
b) tendo o exequente direito a pagamento preferencial; 
c) renunciando o exequente a parte de seu crédito, de modo a adequar o rito ao da rpv.
Os precatórios trabalhistas são divididos em duas vertentes, natureza alimentar e natureza não alimentar:
Natureza alimentar: quando decorrem, por exemplo, de ações judiciais como as que se referem a salários, aposentadorias, pensões e indenizações por morte ou invalidez;
Natureza não alimentar: quando decorrem de ações de outras espécies, como as que se referem a tributos e desapropriações.
As pessoas que têm o direito de receber o precatório trabalhista são aquelas que por algum motivo tenham movido uma ação judicial contra o Poder Público e tenham ganhado a causa definitivamente, ou seja, após terem acabado todas as possibilidades de recursos, mais conhecido também como “trânsito em julgado”.
Na Justiça do Trabalho, os precatórios são considerados de natureza alimentícia e devem ser pagos com preferência sobre todos os demais débitos, como determina o artigo 100 da Constituição Federal.  A exceção é os detentoresde crédito maiores de 60 anos de idade e os portadores de doença grave. 
Caberá ao Poder Judiciária a função de organizar a fila dos pagamentos dos precatórios e determinar os respectivos pagamentos de acordo com a ordem cronológica destes.
 Para que o precatório seja incluso na proposta orçamentária do ente federativo referente ao ano seguinte, este deverá ser apresentado ao Poder Judiciário até o dia primeiro de julho. Caso o precatório seja apresentado ao Poder Judiciário após o dia primeiro de julho não poderá ser incluso na proposta orçamentária do ano seguinte, mas tão somente no ano subsequente.
- créditos de pequeno valor contra a fazenda pública 
Nem sempre que uma ação contra o governo é efetivada o pagamento por precatório trabalhista é feito. Essa questão vai depender muito do valor que for apurado na ação judicial, sendo que o crédito pode ser satisfeito pelo denominado ofício requisitório de pequeno valor (RPV).
A RPV (requisição de pequeno valor) é uma espécie de requisição de pagamento que possibilita ao Juiz que condena, após o transito em julgado, determinar que a Fazenda Pública pague determinada quantia.
No caso de ganho de causa em ação movida em face do Estado, dos Municípios ou suas autarquias e fundações, a RPV deverá ser expedida pelo juiz que proferiu a sentença condenatória, devendo, após a expedição, ser encaminhada ao representante do ente público que perdeu a ação e que é o responsável pelo seu pagamento.
Após apresentada a RPV, esta deverá ser paga, independentemente de precatório, em até 60 (sessenta) dias do seu recebimento pelo responsável do Estado ou Município, por exemplo, contra quem ela for expedida, sendo que, no caso de não pagamento da RPV no prazo de 60 (sessenta) dias da comunicação, por meio do depósito do valor correspondente na conta aberta em nome do credor pelo juiz, o valor devido deverá ser sequestrado pelo juiz e, posteriormente, repassando ao credor após os descontos de imposto de renda e contribuição previdenciária devidas, extinguindo-se o processo ao final.
Instrumentos do credor da fazenda pública na hipótese de inadimplemento dos precatórios.
A mora da fazenda pública será iniciada exatamente no primeiro dia do ano seguinte, e não da data da inclusão do orçamento público. Logo, além da correção monetária será incluso juros de mora. Conforme dito, a correção deve ser realizada no momento do pagamento. Noutro pórtico, os juros de mora deverão ser lançados por meio de um precatório complementar.
-Sequestro
O sequestro é conceituado por Humberto Theodoro Júnior como "(...) a medida cautelar que assegura execução para entrega de coisa e que consiste na apreensão de bem determinado, objeto do litígio, para lhe assegurar entrega, em bom estado, ao que vencer a causa." [25]
Depreende-se do conceito acima, que o termo jurídico mais apropriado para a questão em análise seria o arresto, que se vincula a uma execução por quantia certa, uma vez que o sequestro serve para assegurar uma execução para entrega de coisa certa.
Entretanto, como o legislador Constitucional utiliza-se do termo sequestro, no §2º, do art. 100 [26], mantém-se esse vocábulo, já que sua finalidade cinge-se à própria constrição do crédito público. Isto é, sobre as rendas da Fazenda Pública, disponibilizadas pelo orçamento para o pagamento de decisões judiciais.
Como visto, existe previsão expressa na Constituição Federal (art. 100, §2º) e na Lei (art. 731, do Código de Processo Civil), autorizando o presidente do tribunal a sequestrar a quantia necessária à satisfação dos créditos de natureza alimentícia, desde que tenha havido violação do direito de precedência dos credores e manifestação expressa da parte prejudicada.
Com efeito, na esteira do entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal [27], a ordem dos pagamentos dos precatórios assume tamanha relevância que sua violação constitui exceção constitucional capaz de ensejar o sequestro do numerário público.
Agora, e os créditos considerados de pequeno valor, provenientes de sentenças trabalhistas?
A conclusão que se alcança é que estas situações adquiriram igual relevância, não só de ordem jurídica, mas, sobretudo, de ordem econômica e social, uma vez que a política direcionada pelo Poder Público, há algum tempo, se concentra na efetividade da justiça.
Ora, como consentâneo lógico, nada mais justo do que a aplicação analógica do instituto do sequestro, em casos de inadimplemento de ordens judiciais trabalhistas consideradas de pequeno valor.
Isto porque, não obstante a ausência de precatório, a Constituição determina que deve haver dotação orçamentária suficiente para a satisfação desses débitos, em razão de sua própria natureza simplificada.
Verifica-se, portanto, que não existe justificativa legal para haver insuficiência de recursos, porque, o próprio Texto Constitucional prevê a inclusão de verbas em orçamento, especificamente para o pagamento de obrigações de pequeno valor.
O Tribunal Superior do Trabalho, em pronunciamento recente sobre o assunto, entendeu que, não havendo previsão orçamentária, não há como ser viabilizado o pagamento direto dos débitos de pequeno valor em face da Fazenda Pública, razão pela qual, inexiste a possibilidade de sequestro, neste caso.
Atualmente, existe entendimento jurisprudencial no sentido da estipulação de prazo razoável para a realização do pagamento de forma direta, e que nesta própria ordem mandamental deve existir previsão do sequestro do numerário suficiente para o cumprimento da decisão.
- Multa
Havendo o sequestro da quantia devida pela entidade pública, surgem duas possibilidades: a Fazenda Pública aquiesce e paga diretamente o que deve, dentro do prazo estipulado pelo juízo; ou se insurge contra a ordem judicial emanada, interpondo recurso, para que não sofra restrição de seu crédito direto na conta bancária, até o pronunciamento final sobre a questão.
Verifica-se, todavia, que a segunda hipótese caracteriza atitude manifestamente protelatória, podendo até configurar litigância de má-fé (arts. 17 e 18, do Código de Processo Civil) ou ato atentatório à dignidade da justiça (arts. 600 e 601, do Código de Processo Civil), conforme o caso concreto.
A rigor, a regra geral é de que a todo direito subjetivo do credor corresponde a possibilidade de coercibilidade do devedor, pois do contrário não seria direito subjetivo [31]. A imposição de multa pecuniária, nesta fase do processo de execução, se destinaria a forçar o pagamento pelo ente público.
O estabelecimento de multa se destinaria ao imediato cumprimento da prestação, razão pela qual se encaixa perfeitamente em nosso ordenamento jurídico, principalmente, na parte referente ao cumprimento das obrigações de pequeno valor.
-Bloqueio
O bloqueio da conta bancária da Fazenda Pública possui características semelhantes ao sequestro. Ambas são medidas que visam assegurar o objeto da execução, através da constrição, evitando, forçosamente, que o devedor se desfaça dos seus créditos, antes de garantir o débito executado.
Contudo, verifica-se que a natureza jurídica do bloqueio se aproxima mais da penhora, a qual, segundo Wilson de Souza Campos Batalha "(...) constitui vinculação meramente processual de determinado bem à satisfação da sentença condenatória transita em julgado (...)" [32].
Enquanto o bloqueio da conta bancária impede a transferência dos valores executados, enquanto durar a execução, o sequestro adentra no numerário, buscando o valor executado e, entregando-o ao credor.
Assim, o sequestro possui natureza satisfativa, garantidora do crédito do exequente, ao passo que o bloqueio constituiria medida cautelar, incidente no processo trabalhista, imposta ao devedor até que efetivamente ocorra o pagamento da obrigação.
Contudo, considerando as diferenças acima expostas, verifica-se que, na prática, ambas as medidas estão sendo indistintamente aplicadas a fim de tornar indisponível o crédito do ente público. Ou seja, tanto o sequestro, como o bloqueio estão sendo utilizados como medidasacautelatórias das obrigações declaradas judicialmente como de pequeno valor.
EXECUÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
- a cobrança de contribuições previdenciárias na justiça do trabalho e a emenda constitucional 20/98
Foi somente a partir da emenda constitucional 20/98, de 15 de dezembro, que a competência da justiça do trabalho para executar os débitos fiscais oriundos da incidência das contribuições previdenciárias ganhou claramente status constitucional. 
A justiça laboral, que até então, em matéria de cobrança de débitos tributários, limitava-se, em termos pragmáticos, a notificar os órgãos competentes da administração pública para que tomasse as medidas cabíveis, passou a obrigar-se a proceder à cobrança das contribuições previdenciárias, sem sequer haver a necessidade de ser provocada. Passou, assim, a albergar-se, em nível constitucional, a possibilidade de mover a ação de execução fiscal diante da não satisfação espontânea por parte do empregador. 
Muito embora sejam grandes as implicações decorrentes dessa ampliação de competência jurisdicional, não se pode perder de vista o rígido balizamento realizado pelo constituinte, nitidamente preocupado em bem delimitá-la. Nesse sentido, é importante apontar para três grupos de limitações impostas à competência jurisdicional.
A primeira delas tem como fundamento a natureza jurídica da prestação objeto da ação de execução. Segundo o antigo §3º do art. 114 cf/88, não se tratava de competência ampla, voltada à cobrança de todo e qualquer débito fiscal decorrente da relação de emprego, mas apenas daquele relativo às contribuições sociais previstas nos incisos i, a, e ii, e seus respectivos acréscimos legais. Dessa forma, não todas as contribuições sociais seriam objeto de cobrança judicial nos tribunais trabalhistas, mas apenas as chamadas contribuições previdenciárias:
Do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício, incluídos, portanto, o pis/pasep, o seguro de acidente do trabalho (sat) e as contribuições pára-fiscais devidas ao sistema “s” (sesi, senai, senac, sebrae); e
Do trabalhador e dos demais segurados da previdência social.
Excluída, pois, da competência jurisdicional da justiça do trabalho, a execução de outras contribuições sociais, tais como as contribuições sobre a receita ou faturamento (cofins, pis/pasep); a contribuição social sobre o lucro (csll), ou ainda sobre a receita de concursos de prognósticos, que continuavam todas elas sob a competência da justiça federal comum. A exclusão, além de estar fundamentada em disposição expressa do texto constitucional, baseava-se na própria natureza dessas contribuições, as quais não decorrem da relação de trabalho, estando vinculadas, na verdade, a fatos relativos ao faturamento, receita, ou lucro da empresa.
Ainda com relação a este primeiro grupo de limitações à competência da justiça do trabalho para promoção, ex officio, da ação de execução fiscal, atente-se para o fato de que não havia espaço para que outros tributos incidentes sobre a remuneração do trabalho pudessem ter execução das suas respectivas dívidas incluída na competência desse âmbito jurisdicional. Assim, ao limitar apenas às contribuições sociais do art. 195 i, a e ii, excluía-se a cobrança do imposto de renda sobre pessoa física (IRPF). De fato, muito embora incida sobre a remuneração do trabalhador, o IRPF sobre os proventos do empregado não poderia ser executado pela justiça do trabalho, devendo esta limitar-se, como antes ocorria com relação à contribuição previdenciária anteriormente à ec 20/98, a notificar a fazenda pública federal para que tomasse as providências cabíveis.
O segundo grupo de limitações imposto pela ec 20/98 à prerrogativa da execução de ofício das contribuições previdenciárias tinha caráter formal e se referia à necessidade de que as contribuições objeto da cobrança devessem necessariamente decorrer da sentença proferida pela justiça trabalhista. O inss não poderia, portanto, pleitear o pagamento da quota patronal da contribuição nesta instância sem que o valor relativo à mesma não tivesse origem na decisão relativa à relação de emprego discutida. 
Questão interessante aqui é a da possibilidade de execução de contribuição previdenciária mesmo diante da deliberação do juízo pela inexistência de direito trabalhista a satisfazer. Seria o caso da decisão que, atestando a realização de todas as remunerações do trabalhador, constata, entretanto, a inadimplência da contribuição previdenciária com relação ao período da reclamação indeferida. Neste caso, caberia à autarquia federal, oficiada pela justiça do trabalho, mover ação de execução na justiça federal comum, não se aplicando a regra da execução de ofício, posto que da sentença não proveio verba trabalhista a pagar e sobre a qual incidiria a contribuição previdenciária objeto de posterior execução. 
O terceiro grupo de limitações refere-se à natureza jurídica do titular da prerrogativa de executar. Apenas o inss poderia figurar como exequente, posto que as contribuições sociais são apenas aquelas do art. 195, i, a e ii, cf/88. Não obstante a competência da justiça do trabalho para conciliar e julgar os dissídios entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta dos municípios, do distrito federal, dos estados e da união, a competência para o julgamento da contribuição previdenciária se refere, nos termos da ec 20/98, apenas às relações regidas pela clt. Portanto, as contribuições destinadas ao custeio do regime próprio de previdência social (RPPS), não tinham a sua cobrança passível de execução de ofício por parte da justiça do trabalho. Toda e qualquer contribuição previdenciária devida em decorrência da remuneração de servidor público vinculado a RPPS estaria, pois, excluída da competência juslaboral.
Do ponto de vista regulamentar, cabe destacar o regime instituído pela lei 10.035/00, de 25 de outubro, que promoveu alterações nos arts. 831, 832, 876, 878, 880, 884, 889, e 897 da clt, muitos dos quais posteriormente modificados pela lei 11.457/07, de 16 de março. Todos eles serão posteriormente analisados.
- As implicações da ampliação da competência material da justiça do trabalho pela ec 45/04
A emenda constitucional 45/04, muito embora não tenha se voltado a inovar diretamente a matéria da competência da justiça do trabalho no que se refere à execução da contribuição previdenciária, terminou, por via transversa, por ampliá-la ao declará-la competente para julgar um maior número de demandas oriundas da relação de trabalho. De fato, no que se refere especificamente ao tema da execução, de ofício, das contribuições, a emenda praticamente repetiu os termos determinados pela ec 20/98, ainda que o tenha feito com redação ligeiramente distinta, sobretudo do ponto de vista da sua disposição formal na estrutura do art. 144 cf/88. Segundo a nova redação do dispositivo:
Compete à justiça do trabalho processar e julgar: […]
Viii – a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, i, a , e ii, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir.
Conforme registrado, a grande modificação operada pela ec 45/04 deu-se no tocante à ampliação da competência material da justiça do trabalho. Se antes da emenda tal instância jurisdicional possuía a prerrogativa de julgamento apenas no que se refere às relações de emprego, passou a partir de 2004 a também contemplar a análise, entre outras, 
Das ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da união, dos estados, do distrito federal e dos municípios (art. 114, inciso i);
Das ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho (art. 114, inciso i).
Comoexplica almeida,
Em razão, pois, da emenda constitucional n. 45/2004, amplia-se sobremaneira a competência material da justiça do trabalho, a ponto de podermos afirmar que esta, a rigor deixa de ser a justiça do emprego, para tornar-se, efetivamente, a justiça do trabalho.
[…]
As ações de indenização por dano moral ou patrimonial são, igualmente, da competência da justiça do trabalho, continuando sob a égide desta justiça a execução, de ofício, das contribuições sociais decorrentes das sentenças que proferir. 
Ilustrativo do significado que possui tal ampliação de competência é o caso do representante comercial autônomo, cujas demandas derivadas da respectiva relação de trabalho, antes julgadas no âmbito da justiça comum, passam a estar sob a jurisdição trabalhista, estando, por conseguinte, revogado o art. 39 da lei n. 4.886/65. Do mesmo modo, a prestação civil de serviços, prevista nos arts. 593 a 609, embora não sujeitas às leis trabalhistas, passa à órbita da justiça do trabalho.
Importante lembrar que em todos esses casos aplicam-se apenas as normas processuais trabalhistas, e supletivamente a normativa processual civil. Desde a perspectiva material, entretanto, segue sendo necessária a aplicação da normativa regente do litígio. Nesse sentido, 
É óbvio […] que, não sendo empregado, não pode o trabalhador autônomo ou profissional liberal pretender que se lhe aplique a legislação material do trabalho utilizando-se, tão somente, do processo trabalhista e suas inegáveis vantagens, destacando-se a sua simplicidade e celeridade em relação ao processo civil.
Em tais condições, ao julgar uma questão que envolva a empreitada, o juiz do trabalho indicará, do ponto de vista material, as regras dispostas nos arts. 610 a 626; em se tratando de prestação de serviços civis, os arts. 593 a 609, todos do código civil de 2002.
Em se tratando de representante comercial autônomo, aplicar-se-á a lei n. 4.886/6.
De maneira análoga, é correto afirmar que a execução da contribuição previdenciária, ainda quando realizada na justiça trabalhista, deve obviamente observar a normativa relativa à legislação previdenciária, bem como tributária relativa ao caso. 
As alterações promovidas por via da emenda 45 impactam profundamente na competência para executar, de ofício, as contribuições previdenciárias, na medida em que serão em muito maior número as demandas cujo julgamento produzirá a incidência do encargo social. Se antes era possível vislumbra a execução das contribuições na justiça do trabalho apenas naqueles casos relacionados à relação de emprego, atualmente o universo de possibilidade volta-se também para as contribuições incidentes sobre as prestações devidas a título de remuneração do trabalho, bem como àquelas decorrentes de indenização por danos sofridos no ambiente laboral. 
Estariam aí incluídas as contribuições devidas aos advogados, contadores, corretores, representantes de laboratório, mestres-de-obras, médicos, publicitários, trabalhadores eventuais, contratados do poder público por tempo certo ou tarefa, consultores, economistas, arquitetos, engenheiros, dentre tantos outros profissionais liberais, ainda que não empregados, assim como também as pessoas que locaram a respectiva mão-de-obra (contratantes), quando do descumprimento do contrato firmado para a prestação de serviços.
- Procedimento de execução das contribuições previdenciárias na Justiça do Trabalho.
O art. 876, parágrafo único, da CLT, com a redação dada pela Lei n. 11.457/2007 dispõe que “serão executadas ex officio as contribuições sociais devidas em decorrência de decisão proferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes da condenação ou homologação de acordo, inclusive sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido”.
Assim, a competência da Justiça do Trabalho está restrita às contribuições sociais, incidentes sobre as folhas de salário e demais rendimentos do trabalho, pagos ou creditados, a qualquer título, a pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício, bem como a do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre a aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral da previdência social de que trata o art. 201 da CF.
Segundo Marco Aurélio Marsiglia Treviso, as contribuições sociais diferem-se das contribuições de terceiros. Para ele, alicerçado nas ideias de Sérgio Pinto Martins, a “contribuição previdenciária seria uma obrigação tributária, uma prestação pecuniária compulsória paga ao ente público, com a finalidade de constituir um fundo para ser utilizado em eventos previstos em lei”. Possuem assim inequívoca natureza jurídica tributária e destinação específica, o custeio da seguridade social.
As contribuições de terceiros, por sua vez, são exações “destinadas a entidades privadas que estão fora do sistema de seguridade social, mas são arrecadadas pelo INSS”. Seriam direcionadas às entidades de prestação de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical, como disposto no art. 240 da Constituição.
Assim, dadas as naturezas distintas da contribuição social e da contribuição de terceiros temos que a Justiça do Trabalho é incompetente para a execução destas últimas.
Isso porque as contribuições de terceiros não se enquadram nos limites do art. 876, parágrafo único da CLT, com a redação dada pela Lei n. 11457/2007. Segundo Manoel Antônio Teixeira Filho, o legislador constitucional “se ocupou, unicamente, com as contribuições devidas, por empregados e empregadores, à Previdência Social, não se preocupando, assim, com as contribuições de terceiros”.
A execução das contribuições previdenciárias é feita nos próprios autos do processo. O juiz determinará a execução da contribuição de ofício e impulsionará o andamento do processo.
A Justiça do Trabalho, agora, possui competência para dizer sobre a incidência ou não incidência da contribuição. O juiz considerará as verbas salariais (art. 28 da Lei n. 8.212, de 1991) e as verbas não salariais (§9º do art. 28 da Lei n. 8.212, de 1991). Também possui competência para exigir os acréscimos legais, pelo não recolhimento da contribuição no prazo legal. Seriam os juros, a correção monetária e a multa.
O termo de conciliação eventualmente lavrado vale como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social, quanto às contribuições que lhe forem devidas (art. 831, p.u. da CLT). Destacamos que mesmo em caso de acordo, a União poderá recorrer da decisão que o homologue, porém, apenas em relação às contribuições que lhe forem devidas, conforme art. 832, §4º, da CLT.
Por referência do art. 114, VIII, da CR/88 ao art. 195, a contribuição a ser exigida será:
a) a do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada, incidente sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe presta serviço, mesmo sem vínculo empregatício. Nos dizeres de Sérgio Pinto Martins[6]
“isso significa a exigência da contribuição da empresa sobre os pagamentos feitos a empregados, domésticos, trabalhadores avulsos e até autônomos. É o que acontece quando a Justiça do Trabalho não reconhece o vínculo de emprego, considerando o trabalhador autônomo, ocasião em que serão devidas as contribuições da empresa incidentes sobre a remuneração do autônomo.”
b) a do trabalhador e dos demais segurados da previdência social. Segundo o mesmo autor
“Aqui, a exigência será da contribuição do próprio empregado ou do autônomo que não tiverem sido recolhidas, e não da empresa. A execução será, portanto, feita tanto em relação à contribuição da empresa, na forma acima especificada, como do próprio trabalhador ou executar as duas ao mesmo tempo. Não será executada, porém, contribuição incidente sobre a receita, o faturamento ou o lucro da empresa, hipóteses previstas nas alíneas b e c do inciso I do art. 195 da Lei Maior.”
É importante ressaltar que a União intervirá no processo de execução para cobrar a contribuição previdenciária.Incluiu-se um incidente no processo trabalhista, pois a União não fez parte do processo de conhecimento, mas passará a atuar na execução.
Por fim, salientamos que a contribuição previdenciária que decorra da sentença trabalhista não é título executivo judicial, mas apenas a sentença trabalhista o será.

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