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Anais 03 a 06 de novembro de 2014 Anais 9a Edição, Série 4 São Luís - Maranhão 2014 Reitor: Francisco Roberto Brandão Ferreira Coordenação Geral: Natilene Mesquita Brito Ligia Cristina Ferreira Costa Comissão Científica: Adriana Barbosa Araújo Kiany Sirley Brandao Cavalcante Aline Silva Andrade Nunes Luís Cláudio de Melo Brito Rocha Ana Patrícia Silva de Freitas Choairy Luzyanne de Jesus Mendonça Pereira Ana Silvina Ferreira Fonseca Robson Luis e Silva Cleone das Dores Campos Conceição Samuel Benison da Costa Campos Cristovão Colombo de Carvalho Couto Filho Tânia Maria da Silva Lima Dea Nunes Fernandes Tereza Cristina Silva Delineide Pereira Gomes Terezinha de Jesus Campos Lima Flávia Arruda de Sousa Thayara Fereira Coimbra Janete Rodrigues de Vasconcelos Chaves Vilma de Fátima Diniz de Souza José Antonio Alves Cutrim Junior Yrla Nivea Oliveira Pereira Karla Donato Fook Apoio Técnico: Comunicação e Cultura: Andreia de Lima Silva Cláudio Antônio Amaral Moraes Diego Deleon Mendonça Macedo Emanuel de Jesus Ribeiro Jorge Araújo Martins Filho José Augusto do Nascimento Filho Karoline da Silva Oliveira Luís Cláudio de Melo Brito Rocha Mariela Costa Carvalho Maycon Rangel Abreu Ferreira Miguel Ahid Jorge Junior Nayara Klecia Oliveira Leite Rondson Pereira Vasconcelos Valdalia Alves de Andrade Wanderson Ney Lima Rodrigues Cerimonial e Hospitalidade: Aline Silva Andrade Nunes Fernando Ribeiro Barbosa Janete Rodrigues de Vasconcelos Chaves Thaiana de Melo Carreiro Terezinha de Jesus Campos de Lima Infraestrutura e Finanças: Ana Ligia Alves de Araujo Anselmo Alves Neto Carlos César Teixeira Ferreira Edmilson de Jesus Jardim Filho Gláucia Costa Louseiro Hildervan Monteiro Nogueira Juariedson Lobato Belo Keila da Silva e Silva Mauro Santos Priscilla Maria Ferreira Costa Rildo Silva Gomes Tecnologia da Informação: Allan Kassio Beckman Soares da Cruz Cláudio Antônio Costa Fernandes Francisco de Assis Fialho Henriques José Maria Ramos Leonardo Brito Rosa William Corrêa Mendes Projeto Gráfico e Diagramação: Luís Cláudio de Melo Brito Rocha Realização: Patrocínio: Apoio: Outros Apresentação Esta publicação compreende os Anais do IX CONNEPI - Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação. O material aqui reunido é composto por resumos expandidos de trabalhos apresentados por pesquisadores de todo o Brasil no evento realizado em São Luís-MA, entre os dias 3 e 6 de novembro de 2014, sob organização do Instituto Federal do Maranhão. Os resumos expandidos desta edição do CONNEPI são produções científicas de alta qualidade e apresentam as pesquisas em quaisquer das fases em desenvolvimento. Os trabalhos publicados nestes Anais são disponibilizados a fim de promover a circulação da informação e constituir um objeto de consulta para nortear o desenvolvimento futuro de novas produções. É com este propósito que trazemos ao público uma publicação científica e pluralista que, seguramente, contribuirá para que os cientistas de todo o Brasil reflitam e aprimorem suas práticas de pesquisa. ECONOMIA SOLIDÁRIA COMO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL A. C.P Silva (PQ)¹ ; I. P. MELO (PQ) 2 1 Instituto Federal do Rio Grande do Norte(IFRN) – Campos João Câmara ; andrezaejoza@yahoo.com.br- 2 Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) -João Câmara; ipm88641702@hotmail.com (PQ) Andreza Cristina Pereira da Silva (PQ) Iranilson Pereira de Melo RESUMO A economia solidária é considerada um passo concreto, indispensável para dar competência e gerar intensa adesão social aos propósitos de uma nova forma de economia mundial mais justa e inclusiva. Em todo o Brasil há um grande número de empreendimentos solidários que já adotaram modelos da Economia Solidária. E é justamente neste cenário que a Economia Solidária se propõe interferir na atual situação da população brasileira para contribuir com a transformação da realidade se afirmando como estratégia de desenvolvimento e transformação social PALAVRAS-CHAVE: Economia Solidária, Estratégias, desenvolvimento, Solidariedade, Solidários. SOLIDARITY ECONOMY AS A STRATEGY FOR SOCIAL DEVELOPMENT ABSTRACT The solidarity economy is considered a concrete step, is indispensable to generate intense social competence and commitment to the purposes of a new form of world fairer and more inclusive economy. Throughout Brazil there are a lot of solidarity enterprises that have adopted models of the Solidarity Economy. And it is precisely this scenario that the Solidarity Economy intends to interfere in the present situation of the population to contribute to the transformation of reality asserting itself as a development and social transformation strategy KEYWORDS: Solidarity Economy, Strategy, Development, Solidarity, Solidarity. ECONOMIA SOLIDÁRIA COMO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL 1- INTRODUÇÃO A Economia Solidária é um modo de organização socioeconômico, que busca uma nova racionalidade na autogestão e na cooperação em empreendimentos coletivos, ou seja, busca-se superar os desafios ou mesmo as condições de vida existentes através de estratégias que vão além dos aspectos econômicos. Havendo no pano de fundo deste modo de organização econômica o fortalecimento das identidades sociais de grupos informais, cooperativas e associações que se articulam sob seus paradigmas. Nos últimos anos a Economia Solidária tem sido objeto de grandes questionamentos e discussões, vem se mostrando como uma inovadora alternativa de geração de oportunidade de trabalho e renda, que em sua essência valoriza principalmente as relações humanas solidária sendo uma resposta a favor da inclusão social. Seus princípios envolvem ação econômica, redistribuição igualitária e reciprocidade. Assim esta economia apresenta aspectos que não visam apenas a geração de renda ou mercado consumidor de seus produtos, mas, sobretudo a inclusão social de grupos e indivíduos que encontram na Economia Solidária uma forma de participação na sociedade em que estão inseridos. No final da década de 1990 foi criado o Grupo de Trabalhadores Brasileiros de Economia Solidária, em 2001 foram realizados os Fóruns Sociais Mundiais no Brasil. No ano de 2002, foi realizada a Primeira Plenária Brasileira de Economia Solidária, com a elaboração de uma Plataforma Nacional de Economia Solidária. Em 2003 foi criada a Secretaria Nacional de Economia Solidária no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego, um trabalho político que andou em conjunto com uma série de organizações que atuam com Economia Solidária no Brasil. Também foi realizada a Terceira Plenária Nacional de Economia Solidária, criando o Fórum Brasileiro de Economia Solidária. Em junho de 2003 foi criada, a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES) apresentando como objetivo “Promover o fortalecimento e a divulgação da Economia Solidária, mediante políticas integradas, visando à geração de trabalhoe renda, a inclusão social e a promoção do desenvolvimento justo e solidário”, confirma também o apoio e o reconhecimento público. Em 2004, foi realizada o I Encontro Nacional de Empreendimentos Econômicos Solidários com mais de mil empreendimentos participantes, anunciando a grande heterogeneidade econômica e cultural obtida pela economia solidária no nosso país. Entre 2005 e 2007 com o mapeamento da Economia Solidária, foram identificados 21.859 Empreendimentos Econômicos Solidários em 2.934 municípios do Brasil (o que corresponde a 52% dos municípios brasileiros). Os dados colhidos pelo mapeamento indicam que está em construção uma importante alternativa de inclusão social pela via do trabalho e da renda. Apesar do crescimento e importância que vêm adquirindo, esses empreendimentos apresentam grandes fragilidades, tais como as dificuldades na comercialização, acesso ao crédito, apoio e assistência técnica. Atualmente o Brasil conta com o suporte do Fórum Brasileiro, existem ainda 27 fóruns estaduais com milhares de participantes (empreendimentos, entidades de apoio e rede de gestores públicos de economia solidária) em todo o território brasileiro. Além de contar com as ligas e uniões de empreendimentos econômicos solidários, foram criadas novas organizações de abrangência nacional, como é o exemplo da União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (UNICAFES) e da União e Solidariedade de Cooperativas e empreendimentos de Economia Social (UNISOL). As fragilidades e dificuldades encontradas pelos empreendimentos solidários não impedem seu avanço. Assim Economia Solidária no Brasil está se propagando nas organizações políticas, constituindo fóruns e redes, com a intenção de ultrapassar a dimensão de iniciativas isoladas e fragmentadas. No Brasil, é visível uma nova forma solidária popular que se expressa no método e no ideário de um número crescente de empreendimentos econômicos, levados à frente por trabalhadores acanhados pela falta de alternativas de subsistência ou movidos por seus valores e convicções. Esses empreendimentos se organizam das mais diversas formas, em associações informais ou grupos comunitários de produção ou cooperativas. A aderência cada vez maior de labutadores a alternativas de afazeres e renda de costume associativo e cooperativo, ao lado da multiplicação de organizações só confirmam o crescente sucesso da economia solidária como uma nova alternativa de vida. De modo geral o crescimento, as ações realizadas e os resultados alcançados da economia solidária só evidenciam os avanços na constituição de uma política pública federal para a economia solidária no Brasil. 2-ECONOMIA SOLIDÁRIA COMO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO As reivindicações da Economia Solidária traz uma espécie de ressurreição de valores que fazem parte da cultura do movimento operário: solidariedade, autogestão, autonomia, mutualismo e economia moral. Nesse sentido, é cada vez mais frequente o agrupamento de pessoas que se reúnem emoldurados pelos princípios e aplicabilidades dessa forma de fazer economia, isso se dá como alternativa as condições de vida degradantes que muitas pessoas compartilham mundo a fora. A política de Economia Solidária projeta incremento integral que visa à sustentabilidade, à justiça econômica, social, cultural e ambiental e à democracia participativa, surge como alternativa de equacionar, no que tange ao trabalho, a precarização das relações de trabalho e combater o desemprego. Nas palavras de Singer é “apenas a manifestação mais visível de uma transformação profunda da conjuntura do emprego.”2002, p.103. Sendo assim Economia Solidária sinaliza para a formulação de novas maneiras de pensar e fazer o trabalho, ponto que se traduz como sobrevivência para os seres humanos. Nesse sentido, compreende-se por Economia Solidária o conjunto de atividades econômicas de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito, aparelhado sob a forma de autogestão. Rocca (in TAUILE, 2001) defende que: A economia solidária recobre diferentes formas de organização onde os cidadãos e cidadãs se incumbem seja para criar sua própria fonte de trabalho, seja para ter acesso a bens e serviços de qualidade ao mais baixo custo possível, numa dinâmica solidária e de reciprocidade que articula os interesses individuais aos coletivos ( ROCA,2001 IN TAUILE,2001,P. 3). Segundo França Filho e Laville ao analisar a emergência de laços sociais de solidariedade, especialmente frente à crise generalizada de ocupação consideram que a [...] economia solidária mergulha suas raízes nas relações de pertencimento vividas que podem ser tradicionais. Entretanto, ela não se confunde com a economia tradicional, pois vai além do domínio privado, exprimindo no espaço público a reinvidicação de um poder-agir na economia, isto é, a demanda de uma legitimação da iniciativa, independente da detenção de um capital. Ela funda, assim, um empreendedorismo que não é movido pela rentabilidade do capital investido e não distingue o que é da ordem da produção e da distribuição, combinando associação para exercer uma profissão em comum e ajuda mútua. (FRANÇA FILHO E LAVILLE,2004,P.135.) O fato é que a Economia Solidária tem desenhado um novo cenário para trabalhadores e trabalhadoras que se unem num esforço coletivo para se inserir no mercado de trabalho. Também é realidade que nos últimos anos está crescendo os movimentos sociais e os empreendimentos econômicos populares e de redes associativas, esse crescimento só evidencia o crescimento e a importância de se pensar visando os princípios postulados pela Economia Solidária. No entremeio destas discussões sobre a economia solidária se faz necessário discutir sobre a questão da mulher no espaço rural, pois se comporta como uma categoria social e política diferenciada em função das lutas que trava todos os dias. Atualmente a mulher vem ganhando espaços na sociedade em função das lutas históricas que travou durante séculos, no intuito de que seus direitos fossem respeitados e elevados às estâncias políticas, judiciais e sociais. No entanto, vale ressaltar que sua condição enquanto indivíduo social está ligado a ideologias e crenças de submissão por parte da sociedade, tanto no que concerne a política, a economia como os demais setores da vida social. Foi necessário muitas vozes serem elevadas, muitas barreiras serem ultrapassadas e bandeiras de protestos levantadas para que hoje a mulher pudesse galgar e se fazer presente nos ambientes de decisões do país e do mundo. No entanto, esse acesso ainda é pequeno diante das muitas mulheres que ainda se encontram subjugadas e silenciadas em seus lares e na sua própria razão de ser. Essa situação de submissão se torna ainda mais grave quando remetemos uma análise sobre o espaço rural, onde as desigualdades são mais acentuadas, pois além das questões de gênero, o acesso às políticas públicas de direito universal se tornam mais precárias e menos resolutivas. Ou seja, a mulher nesse cenário precisa lutar contra uma essência de ser culturalmente construída e socialmente imposta de dominação, além de conviver com a “invisibilidade” diante de seus trabalhos diariamente realizados, por não haver um ressarcimento monetário por desempenhar tais funções. Na tentativa de sanar essas dificuldades vários movimentos foram organizados (como o MMTR-NE - Movimento de Mulheres Trabalhadoras do Nordeste-), principalmente após a Constituição de 1988 que incluiu em seus textos direitos antes negados as mulheres, como a posse a terra e a aposentadoria rural. Assim, As questões principais que estão na origem dos movimentos de mulheres trabalhadoras rurais são principalmente o reconhecimento da profissão de agricultora (e nãocomo doméstica, visando quebrar a invisibilidade produtiva do trabalho da mulher na agricultura); a luta por direitos sociais, especialmente o direito à aposentadoria e salário maternidade; e o direito à sindicalização; questões relacionadas com a saúde da mulher. Aparece também o tema do acesso a terra, com as mulheres encampando a bandeira da Reforma Agrária e a ela incorporando reivindicações específicas de gênero, como titulação da terra em nome do casal (conjunta com marido e/ou companheiro) ou em nome da mulher chefe de família, direito das mulheres solteiras ou chefes de família a serem beneficiárias da reforma agrária (HEREDIA E CINTRÃO, 2006, P.10). No entanto, apesar das mudanças na legislação, muita coisa ainda não saiu do papel, e outras caminham a passos lentos. Neste entremeio vale salientar a questão dos assentamentos rurais que se apresentam como soluções positivas no que diz respeito à promoção da habitação, alimentação, do acesso à educação e a saúde favorecendo a organização das mulheres, apesar disso, além de não atender a demanda que existe, essa situação não modifica as desigualdades de gênero no interior das famílias. Há muita coisa que precisa mudar para que a situação de subjugação das mulheres possa transpassar as barreiras das indiferenças. Neste panorama, a Economia Solidária, têm emergido práticas de relações econômicas e sociais que, de imediato, propiciam a sobrevivência e a melhora da qualidade de vida de milhões de pessoas em diferentes partes do mundo. São técnicas constituídas em relações de colaboração solidária, movidas por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econômica, em vez da acumulação privada de riqueza particular. Os valores principais da Economia Solidária são o trabalho, o conhecimento e o atendimento das necessidades sociais da população, a partir de uma gestão responsável dos recursos públicos. A Economia Solidária concebe utensílio de combate à exclusão social na medida em que apresenta alternativa viável para a geração de trabalho e renda e para a satisfação direta das necessidades humanas, suprimindo as desigualdades materiais e difundindo os valores da ética e da solidariedade. Para França Filho, Trata-se de uma concepção que insiste antes de tudo sobre a construção de estratégias territoriais de desenvolvimento em torno do fomento de uma outra dinâmica econômica, baseada na construção e fortalecimento de circuitos socioprodutivos locais integrados ao tecido das relações sociais, políticas e culturais de um lugar (2006, p. 262). A Economia Solidária é também um projeto de ampliação integral que visa à sustentabilidade, a justiça econômica e social e a democracia participativa, além da preservação ambiental e a utilização racional dos recursos naturais. Além disso, a Economia Solidária exige o compromisso dos poderes públicos com a democratização do poder, da riqueza e do saber, e estimula a formação de alianças estratégicas entre organizações populares para o exercício pleno e ativo dos direitos e responsabilidades da cidadania (controle social). Pra Owen (2002, p. 129): Torna-se cada vez mais evidente que é muito mais fácil produzir e distribuir riquezas abundantes e bem educar e governar a população pela união dos homens, habituados a cooperar e ajudar-se mutuamente em um único interesse definido e bem compreendido que pela divisão e oposição de interesses. Sendo assim, o valor central da economia solidária é o trabalho, o saber e a criatividade humanos e não o capital-dinheiro e sua propriedade sob quaisquer de suas formas. A Economia Solidária dentro dos seus princípios, também busca a unidade entre produção e reprodução, evitando a contradição fundamental do sistema capitalista, que desenvolve a produtividade, mas exclui crescentes setores de trabalhadores do acesso aos seus benefícios, busca outra qualidade de vida e de consumo, e isto solicita a solidariedade entre os cidadãos. Para a Economia Solidária, a eficácia não pode limitar-se aos melhoramentos materiais de um empreendimento, mas se delibera também como ação social, em função da qualidade de vida e da felicidade de seus membros. De qualquer forma, uma das características marcantes de qualquer EES é o desdobramento de suas ações sobre a comunidade. França Filho e Laville (2004, p. 168) observam que neles existe “uma tentativa de combinação singular entre, ao mesmo tempo, valorização de relações comunitárias e afirmação do princípio da alteridade”. A economia solidária surge então como uma alternativa a este modelo de exclusão. Brota como possibilidade de se resgatar valores humanos que levem a uma formação social mais igualitária. Sem prever patrões e empregados, compradores e vendedores da força de trabalho, mas vendo trabalhadores iguais. A possibilidade de participação do trabalhador no processo de trabalho, a retomada da sua autonomia, aspectos resgatados pelos ideais do cooperativismo, podem tornar o trabalho pleno de sentidos, fonte de criação e de vida, agora se opondo ao estranhamento, à sua forma enfadonha, geradora de sofrimento, pobreza e miséria humana, tão comuns ao modo de produção de mercadorias. Na luta por sobrevivência e igualdade social grande parte da população que sempre foi massacrada pelo modelo capitalista busca amenizar suas mazelas unindo-se em associações, cooperativas, grupos entre outros arranjos. Perante as atribuladas situações políticas, econômicas e sociais que assolam os municípios brasileiros, e as desigualdades que enfrentam, uma parte considerável da população é de grande importância encontrar maneiras de amenizar tais realidades buscando soluções que atendam a tais necessidades. As dificuldades são bem maiores quando se tratam das classes menos favorecidas da sociedade brasileira como é a caso do público pertencente a agricultura familiar e mulheres. Atuando no processo grupal, pode-se, também, auxiliar o grupo a tornar-se um local de dilogo, solidariedade e cooperativismo, onde os sujeitos se envolvam na luta coletiva contra a opressão, injustiça e desigualdade, antes enfrentadas individualmente. Se, por um lado, o desenvolvimento de um projeto comum transforma esses indivíduos em grupo,caminhos, cooperação e solidariedade, nesse prisma a cooperação e solidariedade entre as pessoas é de fundamental importância para fortalecer a união do de associadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Economia Solidária nos últimos tem se mostrado como uma alternativa ao desemprego e também vem chamando bastante a atenção para seu diferencial de ações e o formato jurídico- institucional assumido como modelo. Os empreendimentos de Economia Solidária como cooperativas ou associações são auto geridas por um caráter de afeição solidária, bem como, sua justificativa, se basear na substituição estrutural ao trabalho assalariado convencional e na requalificação do universo de atividades informais de trabalho. No decorrer deste estudo observou-se que a sociabilidade constituída nesse universo é bastante híbrida reunindo ramos de atividades variados que se relacionam de modo também distinto com o mercado. Verificou-se que diretamente ou indiretamente tais ações laborativas se coadunam com as necessidades da valorização capitalista, mesmo nas situações limites de aquisição de produtos e serviços no mercado para subsistência. Também ficou evidente que em muitos casos há o enfraquecimento estrutural dessas experiências no que se refere a sua sustentabilidade por força do diminuto capital de giro que conseguem reunir, da defasagem tecnológica, baixa escolarização dos trabalhadores e improvisada cadeia produtiva e de comercialização, mas ao mesmo tempo existem as experiências que mantém melhor níveis de sobrevivência quena sua grande maioria são aquelas que estabelecem vínculos mais estreitos com empresas em algum momento da cadeia produtiva, mesmo que isso lhes imponha mais determinantemente o ritmo e a dinâmica do processo produtivo. No proceder da pesquisa esteve aparente o drama social em torno do deserto da desocupação e da informalidade. As fontes pesquisadas deixaram mais marcantes as evidências de que os públicos desajudados socialmente buscam na Economia Solidária uma nova forma de se tornarem mais visíveis aos alhos da nossa sociedade primeiramente capitalista, pois a ética referida na Economia Solidária é portadora de elementos de força social para enfrentamentos a respeito da face crescentemente destrutiva do capital, em sentido humano e ambiental. Essa ética compete para pressionar social e politicamente, mas não deixa de se sustentar numa argumentação teoricamente frágil da força hegemônica do capital que leva a uma visão voluntarista do trabalho. AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me concedido o dom da vida e mostrado que não há impossibilidades quando acreditamos em nós mesmo. A minha família pela compreensão sempre concedida; Aos docentes desta instituição que concederam os desafios a serem desvendados através do espírito da Economia Solidária. Aos amigos que sempre tiveram apostos para um socorro imediato quando necessário. REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, Ricardo (org). Laços financeiros na luta contra a pobreza. São Paulo,1997. TAULI, J. R. Do socialismo de mercado à economia solidária. Trabalho submetido ao seminário internacional: Teorias de Desenvolvimento no novo século em Julho de 2001. FRANÇA FILHO, G.C de e LAVILLE, J. Economia Solidária uma abordagem internacional. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004. HEREDIA, Beatriz; CINTRÃO, Rosângela. Gênero e Acesso as Políticas Públicas no Meio Rural Brasileiro. IN Revista NERA. Rio de Janeiro, V. 08, Nº 09, ano 2006. Disponível em www2.fct.unesp.br/nera/revistas/08/Heredia.PDF, acesso em outubro de 2012. OWEN, R. O livro do novo mundo moral. In: TEIXEIRA, A. Utópicos, heréticos e malditos: os precursores do pensamento social de nossa época. Rio de Janeiro: Record, 2002. SAINT-SIMON, H. Um sonho. In: TEIXEIRA, A. 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