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Criminologia O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 1 www.cursoenfase.com.br Sumário 1. Introdução .............................................................................................................. 2 2. Escolas .................................................................................................................... 2 2.1 Escola Antropológica ou Positivista ................................................................... 2 2.2 Escola Clássica ................................................................................................... 2 2.3 Escola Psicanalítica ........................................................................................ 2 2.4 Escola Estrutural Funcionalista ......................................................................... 3 2.5. Escola da Socialização Defeituosa ..................................................................... 4 2.5.1. Teoria do broken home .............................................................................. 4 2.5.2 Teoria dos contatos diferenciais ................................................................. 4 2.5.3 Teoria da subcultura de grupos ................................................................... 4 2.6. Escola do Labeling Approuch ............................................................................ 5 2.7 Escola Crítica ..................................................................................................... 5 2.8 Outras teorias com definições diferentes: ......................................................... 5 3.Velocidades do direito penal ................................................................................... 8 Criminologia O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 2 www.cursoenfase.com.br 1. Introdução Inicialmente, comenta-se a entrevista de Marcola, um criminoso que disse ter lido mais de três mil livros no presídio, dentre eles, Dante, e que surpreendeu a todos ao tratar sobre a criminalidade. Para ele, o crime é sedutor e a morte é uma naturalidade. Afirma que, se realmente quisessem acabar com a criminalidade, duas coisas deveriam ter acontecido: a primeira, seria a tentativa de acabar com a criminalidade há 50 ou 60 anos atrás, o que era possível, já que nessa época tinha o êxodo rural e pequenas estruturas criminosas, destacando que para os bandidos, o crime é normal, já que não há regras nem lei e a morte é uma consequência natural. A segunda é que para tentar combater a criminalidade, seria necessária uma conjugação perfeita entre os poderes executivo, legislativo e judiciário, um governante disposto a acabar com a criminalidade, o poder judiciário ajudando o poder executivo e o poder legislativo elaborando leis para que o poder executivo atuasse de forma efetiva, que segundo Marcola, isso nunca aconteceria já que o Estado briga entre si, chegando-se a conclusão de que não há mais o que ser feito. 2. Escolas 2.1 Escola Antropológica ou Positivista: Se o indivíduo é criminoso, não é possível castigá-lo. O fundamento da pena não é o castigo, mas sim a proteção da sociedade, tendo como fundamento a estrutura contratualista. Alguns autores sustentam que o Estado é um contrato, um acordo de vontades no qual o cidadão faz um contrato com o Estado investindo-o de poder. 2.2 Escola Clássica: Tem como pressuposto os suplícios medievais. Acredita-se que o cidadão não nasceu criminoso, mas escolheu ser criminoso, é o livre arbítrio, negando assim os fatores endógenos. Desta forma, se o indivíduo escolheu ser criminoso, faz-se necessário reafirmar a soberania do Estado, punindo o indivíduo e demonstrando a repugnância do criminoso. 2.3 Escola Psicanalítica: Defende que o indivíduo não nasceu criminoso e nem escolheu ser criminoso. Na verdade, é a mente do sujeito que o faz ser criminoso. Não há aqui o livre arbítrio. Têm-se ainda os seguintes elementos: o ide, o ego e o superego. O problema está na cabeça do indivíduo que tem influências externas, imposição dos regramentos sociais. O superego refere-se aos regramentos, a ide é o impulso e o ego é aquilo que você se acha de você. A partir do momento em que a ide explode e o superego não consegue conter, o cara comete o crime, sendo este o conceito de Freud. O crime é sedutor, passando a ser institivo e aumenta o ego. A pena reforça o superego. Criminologia O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 3 www.cursoenfase.com.br 2.4 Escola Estrutural Funcionalista: Analisa-se a estrutura do criminoso e a função de se analisar o porque de ser criminoso. Os autores mais importantes são: Emilin Durkeim e Robert Merton (1910). Para o primeiro autor, o crime é natural da fisiologia social, ou seja, é natural que haja o crime em uma sociedade com interesses múltiplos, periferia, diferenças econômicas, bens escassos, conflitos de interesses, ao contrário de outras teorias como a contratualista que considera como anormal o crime e o sujeito que não consegue controlar a ide. Assim, se um homem tem um carro mais caro ou uma mulher bonita, é natural que outro deseje o mesmo. Na concepção do renomado autor, quando se há bens escassos, é natural que haja o conflito de interesses. Conviver em sociedade é ter cometimento de crimes. Em hipótese alguma, Durkeim considera o criminoso como uma pessoa anormal, mas tão somente o resultado de um convívio social. O renomado autor defende ainda que se o crime é da natureza da fisiologia social, a partir do momento em que se muda a sociedade, o conceito de crime também mudará, sustentando que o criminoso do passado poderá ser a virtude do futuro. Exemplo: Galileu Galilei quando afirmava que a terra era redonda, naquela época, foi considerado criminoso. Jesus Cristo foi crucificado e hoje, ambos são tidos como pessoas admiráveis, já que a sociedade mudou (momentos religiosos, históricos e científicos). Se o criminoso de hoje pode ser uma pessoa virtuosa no futuro, compete a criminologia estudar este avanço na sociedade, fazendo algumas propostas para a superação desses paradigmas. Por sua vez, Roberto Merton (1910) defende que é da fisiologia social, porém o crime é fruto da diferença entre os fins sociais e culturais com os instrumentos colocados a sua disposição. Basicamente, defende o referido autor que o crime só será natural da fisiologia social quando a sociedade estiver mal estruturada, pois em uma sociedade bem estruturada consegue-se reduzir o crime, mas não acabá-lo. O crime surge quando a sociedade exige uma postura da pessoa e não são colocados instrumentos a disposição dela para alcançá-lo. A sociedade impõe um padrão de consumo, de postura social, cultural, corporal, dentre outros, mas a partir do momento em que os instrumentos não são disponibilizados a alguém, a forma encontrada para que a pessoa se satisfaça será: a)Inovação: é a busca de meios alternativos para obter o padrão de consumo, embora a pessoa não tenha instrumentos para alcançar os seus objetivos. b) Ritualismo: Não busca um novo fim social, mas apena nega-os. A pessoa nãoaceita os padrões de consumo imposto pela sociedade. Exemplo: a pessoa resolve ir morar na região de montanhas. Não há ruptura do paradigma. Criminologia O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 4 www.cursoenfase.com.br c) Apatia: é o conformismo. A pessoa aceita a sua situação. Não irá quebrar o paradigma. d) Rebelião: Há a quebra do paradigma de consumo, o indivíduo se rebela contra o Estado, elegendo meios alternativos para busca de fins diferentes. Não comete crime social, embora seja possível o cometimento do crime político. O livre arbítrio não é negado nesta teoria, pois o indivíduo tem a opção de ir para o mato, se rebelar contra esses padrões ou se conformar, mas ele escolhe buscar esses padrões. Exemplo: O cidadão não escolheu ser criminoso, mas a sociedade impôs isso a ele, quando exige que para ser respeitado, é necessário que utilize uma camisa cara, por exemplo. A escolha não é negada, mas não se trata do livre arbítrio. 2.5. Escola da Socialização Defeituosa: Os fatores endógenos e exógenos são mesclados. Sustenta essa teoria que o cara não nasceu e nem escolheu ser criminoso, mas a sociedade que é defeituosa, levando as seguintes teorias: 2.5.1. Teoria do broken home: A maioria dos criminosos, a princípio, vem de uma família desestruturada. O crime é uma reação a essa frustação, é um fator, mas não é explicação. Exemplo: Suzane Hichthofen : ela tinha todos os instrumentos colocados a disposição dela, era rica, bonita e ainda sim, escolheu um meio alternativo para atingir seu objetivo. Exemplo: Sandro1. 2.5.2 Teoria dos contatos diferenciais 2: Processo de aprendizado diferenciado, intenso, duradouro e precoce. Exemplo: O garoto que mora na comunidade tem contato com o crime de forma precoce, já que vê o traficante com fuzil andando pela comunidade, sendo também intensa (o vizinho é traficante ou vem da própria família). A UPP não é para combater o tráfico, mas sim para evitar influência intensa, duradoura e precoce. 2.5.3 Teoria da subcultura de grupos: 1 Para o professor André Queiroz, este caso é o resultado de uma sociedade defeituosa, é a prova de que o Estado não protegeu a família. 2 Segundo o referido mestre, admitir que a maioridade penal seja reduzida para os 16 anos de idade, é negar a teoria dos contatos diferenciais, já que o menor teve uma estrutura familiar diferente dos demais, não havendo o que se falar em ide, ego e superego. Criminologia O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 5 www.cursoenfase.com.br Observa o feixe plural de valores, sejam jurídicos, esportivos, médicos, dentre outros. Os valores oficiais são eleitos pelo legislador, mas o valor pode estar acima da constituição. Exemplo1: A máfia yakuza, que tinha valores contrários a sociedade. O crime não é desvio, mas uma axiologia paralela a escolha do legislador. Exemplo2: Constituição compromissória: algumas pessoas se reúnem para definir seus valores. 2.6. Escola do Labeling Approuch: O criminoso não escolheu e nem pode ser somente o resultado de uma sociedade defeituosa. Crime não é realidade ontológica, mas sim uma convenção discursiva (possibilidade de escolher o que é considerado crime). O crime varia de acordo com o momento histórico, é uma seleção feita pelo legislador, os crimes são etiquetados e as pessoas também (o professor tem uma conduta e a pessoa que mora em comunidade tem outra). Esta escola trabalha com conceitos vagos. 1.Interacionanismo simbólico: Diálogo com o criminoso. Sociedade teatral. Alteração da auto-imagem. Estado bombardeia o indivíduo de valores. As pessoas são rotuladas. O egresso é o indivíduo que cometeu o crime, cumpriu a pena e ao retornar a sociedade, precisa reingressar no mercado de trabalho, o patronato que é o órgão responsável pelo reingresso já não funciona e a sociedade não aceita o egresso. O indivíduo é etiquetado pela sociedade. 2) Agências estigmatizantes: analisa-se a trajetória criminosa da pessoa, que é considerada a ovelha negra da família, tendo sua carreira coroada quando cometer o crime. 3) Superação do paradigma neokantista: ciências culturais e naturais misturadas. Resgate do diálogo do ser e dever ser. Analisa-se não o que a pessoa é, mas o que acha que a pessoa deve ser. 2.7 Escola Crítica: Defendida por Carnevale, Lacassagne, Tarde, Liszt. Provém das anteriores, mais moderadas, busca casar as outras escolas. O crime é dado predominantemente por fatores sociais. A pena também tem a função de defesa da sociedade. Visualiza fatores endógenos e exógenos. 2.8 Outras teorias com definições diferentes: 1. Escola positiva: Fator endógeno. César Lombroso. Fenômeno de atavismo. Instintos bárbaros com ideias infantis (estado mais primitivo do homem). Analisa os aspectos físicos dos indivíduos. Criminologia O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 6 www.cursoenfase.com.br 2.Escola francesa: Lacassagne analisa os fatores endógenos e exógenos. Comparava o criminoso como um vírus, afirmando que se é um criminoso, ele só explodirá na criminalidade quando encontrar um ambiente propício. 3.Escola macro-sociológica: Teoria ecológica. A cidade produz a deliquência. Uma sociedade grande, analisando o crime de forma ampla, visualiza que a própria cidade produz delinquentes. Referem-se a gangues, guetos, comunidades. 4.Teoria da associação diferencial: Crimes contra o sistema financeiro, crimes de colarinho branco. Macro criminalidade. 5.Teoria da anomia: Espaços sociais sem norma. Sustenta que o criminoso nasce porque existem espaços como comunidades e cidades afastadas, que não existem leis. 6. Teoria da sub-cultura: Existem grupos onde os valores das guangues, que são maiores do que o do contexto social. 7.Teoria do etiquetamento ou rotulação: A pessoa assume um papel que a sociedade vê nele. Egresso do sistema carcerário. 8.Teoria da criminologia crítica: Critica todas as teorias, entendendo que devem ser aplicadas de forma moderada, concluiu-se que o Estado deve atuar em três casos: a) Abolicionismo: Prega o direito administrativo sancionador, ou seja, deve-se substituir o direito penal pelo direito administrativo. O direito penal não deve atuar sempre, já que a própria sociedade exerce mecanismos de controle. A pessoa tem comportamentos diferenciados em razão do controle imposto na sociedade, como no clube, no trabalho, na mídia, etc. O princípio da ultima ratio ou intervenção mínima afirma que o direito penal só deverá punir alguém criminalmente quando o direito civil e administrativo for insuficiente. Segundo o abolicionismo, a partir do momento em que o direito penal pune de forma exemplar os crimes mais graves, indiretamente pune os crimes mais leves. Exemplo: a lei 9.099/1995 - que não encarcera no caso das infrações mais leves e contravenções. O abolicionismo prega medidas despenalizantes, através da transação e a composição para os crimes mais leves, admitindo que o controle social irá inibir os crimes mais leves e o poder judiciário poderá punir de forma exemplar os crimesmais graves. Esta teoria propõe teses, pois se o crime for visualizado como fisiologia social, não será somente o direito penal responsável pela punição desta pessoa, devendo ser criado outros mecanismos de controle da sociedade, além do poder judiciário. Assim, quando ocorrerem crimes considerados mais graves e estes chegarem ao poder judiciário, ele terá uma estrutura melhor para punir de forma exemplar o agente. Criminologia O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 7 www.cursoenfase.com.br b) Neo realismo de esquerda : Surge com a falência do welfare state, quando o Estado não consegue dar todas as condições estruturais para as pessoas, o estado vai a falência, adotando-se políticas radicais. Exemplo1: Itália – combate aos mafiosos. Exemplo2: Combate a Lei Seca nos EUA. Estes estados criaram políticas radicais, no sentido contrário do abolicionismo, ou seja, a partir do momento que se pune de forma exemplar os crimes mais leves, para que não ocorram crimes mais graves. Alguns autores chegaram a afirmar que um marido nunca mata uma esposa de imediato, primeiro, ele xinga, bate de uma forma mais leve, moderada para depois matá-la. A ausência do Estado faz com que surja o criminoso. A teoria do fixing the broken windows (consertando as janelas quebradas) afirma que o Estado não tem que ser seguro, mas aparentar ser seguro. Esta teoria foi adotada em Nova York e contribuiu para a redução da criminalidade. No direito penal do inimigo3, existem pessoas que não atentam contra a lei, mas sim contra a própria estrutura do Estado. Alguns criminosos devem ser considerados como inimigos públicos, já que atentam contra o próprio Estado, mitigando-se alguns princípios constitucionais. Se o cara realiza um crime contra o Estado, não há razão para que a Constituição respeite o criminoso. c) Minimalismo penal: Garantismo penal. Defendida por Luigi Ferrajoli. A grande ideia desta teoria é de que o estado deve atuar de forma adequada, mínima, presente, respeitando as garantias dos indivíduos, da dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da CRFB). O Estado não deve ser nem radical nem liberal. A teoria crítica criou dez axiomas4 como forma de limitação do poder estatal, divididos em três pontos, a seguir: Pena: • Não há pena sem crime. A retribuição refere-se ao castigo e a prevenção que é uma forma de defesa social. Se entender que ele escolheu cometer crime, tem que ser castigado e se nasceu criminoso, tem que ser defendido da sociedade. • Não há crime sem lei. Se há lei, há uma escolha da sociedade em tipificar aquela conduta como crime, tendo como fundamento o princípio da legalidade. 3 O crime praticado pela Suzane Richthofen atenta contra a lei. No caso de Fernandinho Beira-Mar o crime de tráfico atenta contra a própria estrutura do Estado, devendo ser considerado como inimigo público. 4 Já foi objeto de prova discursiva. O professor não lembra se foi para a magistratura ou ministério público. Criminologia O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 8 www.cursoenfase.com.br • Não há lei penal sem necessidade. Cada crime protege um bem jurídico essencial ao convívio em sociedade. O legislador não pode escolher qualquer crime, só escolhendo se existir necessidade. Exemplo1: Existem crimes que deixaram de ser assim considerados como o adultério. Alguns autores afirmavam que este crime deveria ser aplicado somente para a mulher que traía o marido. Exemplo2: A mulher estuprada poderia extinguir a punibilidade do agente, se ela casasse com o estuprador, além de ser uma ação penal privada. Por outro lado, o jogo do bicho que é uma contravenção será criminalizado, já que atrapalha o convívio em sociedade. Fato • Não há necessidade sem ofensa. Só haverá necessidade quando existir ofensa ao bem jurídico. É o caso do princípio da bagatela ou da insignificância. Alguns autores sustentam que há inconstitucionalidade no crime de perigo abstrato, já que o perigo não pode ser presumido. Alguns doutrinadores sustentam ainda que o poder judiciário pune alguém por realizar uma conduta que gerou um perigo para a sociedade e este perigo é presumido, há violação ao princípio da ofensa. Se o estado está punindo um crime de perigo abstrato, estará agindo de forma abusiva, não respeitando o estado mínimo. Exemplo: Crime de omissão de cautela no trânsito. • Não há ofensa sem conduta. O agente só pode ser punido pelo que ele fez e não pelo que é. Está se estudando o direito penal do autor e não do fato. • Não há conduta sem culpa. Não existe responsabilidade penal objetiva, mas tão somente será subjetiva. O STF ao apreciar o crime de embriaguez ao volante entendeu que este crime é de perigo abstrato. A Ministra Ellen Gracie afirmou que o crime de embriaguez ao volante é um crime de dano, já que o bem jurídico tutelado é a segurança viária. Processo • Não há culpa sem jurisdição. • Não há jurisdição sem acusação. • Não há acusação sem prova. • Não há prova sem defesa. 3.Velocidades do direito penal: Jesus Maria Silva Sanches. Autor do livro “A expansão do direito penal”. Criminologia O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 9 www.cursoenfase.com.br Analisa-se o tipo de criminoso e as respostas que o direito penal deve dar. 1ª velocidade: Devido processo legal (formal e material). Direito penal sancionador. O primeiro diz que o processo deve agir de acordo com o que está na lei. Já o devido processo legal material tem relação com o princípio da razoabilidade, pois existem autores que sustentam que se um processo dura 15 anos acaba-se punindo outra pessoa, ou seja, uma pessoa que comete um crime com 20 anos e é condenado com 35 anos, não respeita-se o princípio da razoabilidade. Admite-se que o indivíduo seja punido com a pena privativa de liberdade (direito penal sancionador) desde que exista o devido processo legal, o processo regular ainda que lento, respeitando-se todos as suas garantias e direitos fundamentais. 2ª velocidade: Resposta rápida sem prender. Direito penal reparador. Pode ter uma pena restritiva de direitos ou multa. É o caso da lei nº 9.099/95, no qual se admite uma transação penal ou composição civil dos danos, são medidas despenalizantes. O legislador fez essa escolha para as infrações de menor potencial ofensivo5. 3º velocidade: É uma resposta mais rápida podendo prender o agente. Direito penal do inimigo. Guantanamo6. RDD. Art.5º, inciso LV, CRFB. Quando se fala do devido processo legal (art.5º, inciso LV, CRFB), de lei e axiomas referem-se à Constituição, cuja aplicação ocorre para as pessoas que a respeitam. O fundamento desta tese é o direito penal do inimigo, no qual defende que existem criminosos que sempre se posicionaram no sentido de não respeitar o ordenamento jurídico. É o caso do Fernandinho Beira-Mar. Para este posicionamento, não há o que se falar em respeito ao devido processo legal, uma vez que o criminoso nunca respeitou a própria constituição. O criminoso se coloca a margem do Estado. Quem é inimigo, é contrao Estado. O indivíduo é punido não pelo que ele fez, mas porque ele é perigoso. No direito penal, o crime tem as seguintes fases: cogitação, preparação, execução, consumação e exaurimento, destacando-se que o individuo só é punido quando os atos forem executórios. Contudo, no direito penal do inimigo, admite-se que a punição do indivíduo ocorra nos atos preparatórios. 5 No projeto da lei nº 9.099/95 tentou fixar-se a pena privativa de liberdade. No entanto, tal proposta não foi adiante, pois foi entendido que a liberdade individual é um interesse indisponível, razão pelo qual não poderia ser transacionada. 6 O presídio de Guantanamo era localizado fora do EUA para que não fosse necessário respeitar a constituição americana. Há quem diga que os EUA conseguiram capturar Osama Bin Laden após terem torturado presos em Guantanamo. Criminologia O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 10 www.cursoenfase.com.br Exemplo: Terrorista – objetiva desestruturar o Estado. Pena = crime = culpabilidade Medida de segurança = não cometeu crime = periculosidade (tratamento ambulatorial e internação em manicômio). Para que o indivíduo seja punido no direito penal, faz-se necessário analisar o grau de culpabilidade do agente. Se o indivíduo não cometeu crime, será aplicada a medida de segurança que analisará o grau de periculosidade. Entretanto, o direito penal do inimigo propõe que a pena deve ser analisada não só na reprovabilidade, mas também deverá na periculosidade. Exemplo1: No direito pátrio interno, regime disciplinar diferenciado (RDD) = previsto na lei de execuções penais, tendo o Fernandinho Beira-Mar sido condenado neste modalidade, já que ele é perigoso. Exemplo2:No direito internacional, o presídio de Guantanamo. Saddam Hussein cometeu crime de guerra antes da criação do tribunal penal internacional. A sua defesa alegava que estava sendo processado por tribunal de exceção. O EUA entendeu que o crime praticado por Saddam atentava contra o planeta, contra a humanidade. 4ª velocidade: Crimes contra a humanidade. A execução é sumária. O devido processo legal não será respeitado desde a terceira velocidade. O Bin Laden7 cometeu crime contra a humanidade. Não há o que se falar em prender, mas sim em matar este indivíduo. Exemplo: a lei do abate. Se um avião entrar no espaço aéreo e não se identificar, será feito três avisos: o primeiro, para se identificar, de onde vem e para onde vai. Caso não haja resposta, será questionado para onde vai e será enviado um avião-caça e posteriormente, o terceiro aviso será do caça. É uma execução sumária. 7 O governo norte-americano não mostrou foto do Bin Laden morto para evitar qualquer tipo de retaliação do povo muçulmano, enterrou no mar, para evitar que virasse um local de peregrinação e rápido, porque o próprio alcorão afirma que o morto tem que ser enterrado em até 48 horas.
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