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Universidade de Passo Fundo Faculdade de Engenharia e Arquitetura Curso de Engenharia Mecânica PROJETO E CONSTRUÇÃO DE “HELICÓPTEROS” DE PAPEL: PROJETO COMBINADO TEÓRICO/EXPERIMENTAL Relatório Técnico para a Disciplina Síntese I Joaquim B. Araújo Manuel S. Soares acadêmicos Passo Fundo 2002 INTRODUÇÃO O presente relatório diz respeito ao primeiro projeto proposto para a disciplina de Síntese I, no primeiro semestre de 2002: Projeto e Construção de “Helicópteros” de Papel: Projeto Combinado Teórico/Experimental. Na primeira fase do projeto é adotado um modelo matemático simplificado que calcula a velocidade de descida de helicópteros de papel, em função de parâmetros físicos e geométricos. Um modelo experimental é construído e testado e os resultados são comparados com a velocidade predita pelo modelo. Na segunda fase do projeto, são adotadas técnicas de otimização de experimentos para que conclusões a respeito das variáveis relevantes no projeto possam ser obtidas, com um mínimo de experimentos (modelos de “helicóptero”) possível. PROJETO E CONSTRUÇÃO DE “HELICÓPTEROS” DE PAPEL 1. Primeira Fase: Predição do Comportamento com Modelo Matemático e Construção de um Protótipo. O presente projeto diz respeito ao estudo dos fatores que influem no desempenho de helicópteros de papel. O objetivo da primeira fase do projeto é encontrar combinações de variáveis que maximizem o tempo de descida do helicóptero. Embora exista um sem número de variáveis que podem influir no comportamento do helicóptero, por simplicidade adotamos como variáveis de projeto (mostradas na Figura 1, abaixo): comprimento do rotor ( ), largura da cauda ( ) e comprimento da cauda ( ). rR wT lT Figura 1. Desenho esquemático do helicóptero de papel. 1.1 Modelamento matemático Consideraremos um modelo matemático simplificado, ou seja, que obedece às leis físicas, mas que ignora vários fatores que estão presentes em análises mais sofisticadas. Ignorando o tempo requerido para que o helicóptero entre em regime permanente, (ou seja, deve-se encontrar uma elevação para o lançamento do helicóptero suficientemente grande para que tal transiente seja ignorado), a equação do balanço de forças fica resumida a: WD = , (1) Onde representa a força de arrasto e W o peso do helicóptero. D A força de arrasto é dada pela equação: DCSVD 2 2 1 ρ= , (2) onde ρ é a densidade do ar, V a velocidade de descida, , a área coberta pela rotação do rotor. Segundo a literatura, o coeficiente de arrasto , nesta situação, é aproximadamente igual a 1,1. A área é dada pela equação: S DC S 2 rRS π= . (3) Substituindo a Equação 2 na Equação 1, e isolando na expressão resultante a velocidade , obtém-se: V Dr CρπR WV 2 2= . (4) Em conformidade com o objetivo do trabalho, devem ser encontradas configurações que minimizem a velocidade de descida (maximizem o tempo de descida). O peso total W é dado pelo somatório dos pesos das asas, cauda e corpo, além dos pesos do clipe de papel, adicionado para dar estabilidade ao modelo: clipecaudacorpoasas WWWWW +++= . (5) O peso do clipe é medido com uma balança de precisão. Os pesos do corpo e da cauda são dados pelas áreas multiplicadas pela gramatura1 do papel e a aceleração gravitacional: grgBBW wlcorpo = , (6) grgTTW wlcauda = , (7) sendo gr , nas equações, a gramatura do papel. Para atender as exigências decorrentes das leis de resistência dos materiais, é assumido que o peso das asas (rotor), aumenta cubicamente com o raio: 3 0 ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛= r r refasas R RWW , (8) sendo e um peso de referência (nominal) do rotor e o raio correspondente a este peso, respectivamente. refW 0rR 1.2 Dimensionamento e Construção do Protótipo Em uma planilha Excel foram inseridos os dados e as equações do modelo matemático descrito acima, conforme a Figura 2. Com auxílio da ferramenta Solver do Excel, a Equação 4 foi resolvida de forma a minimizar a velocidade de descida, tendo como parâmetros faixas de valores, arbitradas para cada variável de projeto. O Solver determina os valores das três variáveis de projeto (dentro da faixa estipulada), cuja combinação minimiza a velocidade, como pode ser visto na Figura 3. 1 A gramatura é dada pelo quociente entre a massa de uma amostra do papel com dimensões conhecidas (obtido com uma balança de precisão) e a área da amostra. Figura 2. Planilha Excel para cálculo da velocidade máxima de descida. Figura 3. Janela da ferramenta Solver mostrando a condição de minimização do valor da velocidade e as restrições para os valores que as variáveis podem assumir (faz referência à planilha mostrada na Figura 2). De acordo com a solução obtida pela planilha, um protótipo foi construído, conforme o modelo da Figura 1. Uma vez construído, o protótipo foi lançado do poço do elevador do prédio G1 da FEAR, cuja altura é de 9,32 m, por cinco (cinco) vezes. O tempo de cada lançamento foi registrado e uma média, bem como um desvio padrão da média, foram calculados. Os resultados são mostrados na Tabela 1. Distância(m) Tempos(s) Velocidades (m/s) 9,32 3,58 2,60 9,32 3,81 2,45 9,32 3,87 2,41 9,32 3,98 2,34 9,32 3,95 2,36 Velocidade média 2,43 Desvio padrão da média 0,07 Velocidade mínima 2,36 Velocidade máxima 2,51 Tabela 1. Velocidade média e erro aleatório (considerado como o desvio padrão da média) associado, para o modelo construído de acordo com os valores mostrados na Figura 2. 2. Segunda Fase: Planejamento de Experimento com o Método de Box-Behnken. Construção de Modelos Experimentais e Experimentação dos Protótipos. O método de Box-Behnken é um dos métodos que podem ser utilizados para planejamento de experimentos. O planejamento de experimentos visa obter, com o mínimo de experiências possível, o máximo de informações. No presente trabalho, consideramos como variáveis de projeto apenas as medidas , e . O método de Box-Behnken exige que cada uma das variáveis possa assumir um valor mínimo (representado por –1), um valor máximo (representado por +1) e um valor médio entre os dois primeiros (representado pelo algarismo 0). Na Tabela 2 são apresentadas as treze combinações possíveis para as três variáveis em questão. lT wT rR No presente trabalho adotamos como valores mínimo, médio e máximo, para cada variável, os valores, em centímetros, vistos na Tabela 3. Substituindo os algarismos –1, 0 e +1, da Tabela 2, pelos seus valores, dados acima, resulta na Tabela 4. Nº lT wT rR 1 0 -1 1 2 0 1 -1 3 0 1 14 0 -1 -1 5 -1 0 1 6 1 0 -1 7 1 0 1 8 -1 0 -1 9 -1 1 0 10 1 -1 0 11 1 1 0 12 -1 -1 0 13 0 0 0 Tabela 2. Combinações possíveis para as três variáveis, pelo método de Box-Behnken. Variável Valor Mínimo Valor Médio Valor Máximo lT 5 7 9 wT 3 5 7 rR 6 8 10 Tabela 3. Valores adotados para as variáveis, em centímetros. Nº lT wT rR 1 7 3 10 2 7 7 6 3 7 7 10 4 7 3 6 5 5 5 10 6 9 5 6 7 9 5 10 8 5 5 8 9 5 7 8 10 9 3 8 11 9 7 8 12 5 3 8 13 7 5 8 Tabela 4. Medidas das variáveis para os treze protótipos, pelo método de Box-Behnken. O próximo passo foi a construção e teste dos protótipos tendo por medidas aquelas vistas na Tabela 4. Um total de três tomadas de tempo foram feitas para cada protótipo. Os resultados podem ser vistos abaixo na Tabela 5. Tomadas de tempos Nº 1ª 2ª 3ª Média (s) Distância(m) Velocidade(m/s) 1 4,53 4,10 4,90 4,51 9,32 2,07 2 3,50 3,68 3,70 3,63 9,32 2,57 3 4,80 4,90 4,90 4,87 9,32 1,92 4 4,23 4,35 4,30 4,29 9,32 2,17 5 5,00 4,55 4,50 4,68 9,32 1,99 6 3,30 3,90 3,71 3,64 9,32 2,56 7 5,02 4,73 4,72 4,82 9,32 1,93 8 4,12 4,30 3,90 4,11 9,32 2,27 9 3,37 3,71 3,72 3,60 9,32 2,59 10 4,23 4,17 4,27 4,22 9,32 2,21 11 4,16 4,24 4,34 4,25 9,32 2,19 12 4,23 4,66 4,18 4,36 9,32 2,14 13 3,72 4,17 4,30 4,06 9,32 2,29 Tabela 5. Velocidades médias de descida para os protótipos obtidos pelo método de Box- Behnken. A fim de se determinar a influência de cada uma das três variáveis na velocidade de descida do helicóptero, os dados foram reunidos da seguinte maneira. Para cada variável foi feita a média das velocidades de descida para cada condição: medida mínima, média e máxima. Os resultados são apresentados nas Figuras 4, 5 e 6 abaixo. Velocidades médias vs. Tl 2,25 2,20 2,22 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 Tl Ve lo ci da de m éd ia (m /s ) Figura 4. Velocidades médias de descida para diferentes alturas da cauda ( ). lT Velocidades médias vs. Tw 2,15 2,21 2,32 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 Tw Ve lo ci da de m éd ia (m /s ) Figura 5. Velocidades médias de descida para diferentes larguras da cauda ( ). wT Velocidades médias vs. Rr 2,39 2,28 1,98 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 Rr Ve lo ci da de s m éd ia s (m /s ) Figura 6. Velocidades médias de descida para diferentes comprimentos do rotor ( ). rR CONCLUSÕES Com relação à primeira parte do trabalho, a comparação entre os valores obtidos através do modelo matemático simplificado e os resultados experimentais, pode-se dizer que foi conseguida uma excelente concordância entre o valor predito (velocidade igual a 2,44 m/s, conforme Figura 2) e obtido (velocidade média igual a 2,43 m/s, conforme tabela 1). Isto valida o modelo matemático para a situação apresentada no presente trabalho. Com relação à segunda parte do trabalho, conclusões podem ser tiradas a respeito do papel desempenhado por cada uma das três variáveis, se forem analisadas as Figuras 4, 5 e 6. Na Figura 4 pode-se ver que a velocidade média de descida atinge um mínimo quando a altura da cauda assume o seu valor central. Aumentando ou diminuindo a altura da cauda, em relação ao valor central, a velocidade tende a aumentar. Na Figura 5 verifica-se facilmente que, à medida que a largura da cauda aumenta, aumenta também a velocidade de descida. A influência do comprimento do rotor pode ser avaliada pela Figura 6. À medida que o comprimento do rotor aumenta, a velocidade de descida decresce. Isto já era esperado, uma vez que, aumentando a superfície coberta pelas hélices, aumenta também a força de arrasto, desacelerando o helicóptero. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MASON, William H. Haftka’s helicopter project: combined theoretical/experimental design. Disponível em: http://www.aoe.ut.edu/~mason/Mason_f/ASEE98.pdf. Acesso em: 10 fev.2002. Universidade de Passo Fundo Manuel S. Soares INTRODUÇÃO PROJETO E CONSTRUÇÃO DE “HELICÓPTEROS” DE PAPEL 1. Primeira Fase: Predição do Comportamento com Modelo Matem 1.1 Modelamento matemático 1.2 Dimensionamento e Construção do Protótipo 2. Segunda Fase: Planejamento de Experimento com o Método de CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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