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Resumo Strongyloides stercoralis

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RESUMÃO DE PARASITOLOGIA CLÍNICA: Strongyloides stercoralis
Filo: Nematódeos / Nematódos / Nematelmintos
Características: vermes cilíndricos, maioria de vida livre, alongados, simetria bilateral, macho menor que a fêmea.
Representantes: Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Larva migrans visceral, Strongyloides stercoralis
Strongyloides stercoralis
Distribuição: Mundial, especialmente nas regiões tropicais, infectando mamíferos, entre eles cães, gatos e macacos.
Morfologia: há seis formas evolutivas:
1. Fêmea Partenogenética Parasita: 
 Coloca de 30 a 40 ovos por dia;
 Ovovivípara;
 Elimina na mucosa intestinal o ovo já larvado, a larva RABDITOIDE (L1);
2. Fêmea de vida livre ou estercoral:
 Elimina até 28 ovos por dia;
3. Macho de vida livre:
 Extremidade anterior arredondada e posterior recurvada ventralmente.
4. Ovos: 
 Idênticos aos ovos dos ancilostomídeos;
 Ovo embrionado e larvado;
5 Larvas Rabditoides:
 Apresentam vestíbulo bucal curto;
 Cauda pontiaguda;
 Esôfago do tipo rabditoide, daí o nome da larva.
6 Larvas Filarioides:
 Esôfago do tipo filarioide;
 Apresentam vestíbulo bucal curto;
 Cauda entalhada;
 Esta é a forma infectante do parasito (L3).
Habitat: A fêmea partenogenética localiza-se na parede do intestino, mergulhada nas criptas da mucosa duodenal, principalmente nas glândulas de Lieberkuhr e na
porção superior do jejuno, onde faz as posturas.
Ciclo biológico: tipo monoxênico, ou seja, possui um único hospedeiro. As larvas rabditoide eliminadas nas fezes do individuo parasitado podem seguir dois ciclos:
1. Direto ou Partenogenético;
2. Indireto, sexuado ou de vida livre.
Isso devido á constituição da fêmea partenogenética que é triplóide (3n) e pode produzir três tipos de ovos, dando origem a três tipos de larvas rabditoides:
1. Larva rabditoide triplóide (3n) que se transformam em larvas FILARIOIDES TRIPLÓIDES INFECTANTES, completando o ciclo direto;
2. Larva rabditoide diplóide (2n) que originam as fêmeas de vida livre;
3. Larvas rabditoides haplóides (1n) que evoluem para macho de vida livre, estas duas últimas completam um ciclo indireto.
 O ciclo direto e indireto se completa pela penetração ativa das larvas L3 na pele ou mucosa oral, esofágica ou gástrica do hospedeiro;
 Realizam CICLO DE LOSS. 
Transmissão: 3 tipos:
 Hetero ou Primoinfecção:
 Larvas filarioides infectantes (L3) penetram na pele, geralmente nas pessoas que não usam calçados, nos espaços interdigitais. Este parece ser o modo mais
frequente;
 Auto infecção externa ou exógena:
 Larvas rabditoides presentes na região perianal de indivíduos infectados transformam-se em larvas filarioides infectantes e ai penetram completando o ciclo direto.
Este modo de infecção pode ocorrer em crianças e idosos ou pacientes internados que defecam nas fraldas, roupas ou ainda em indivíduos, que, por deficiência
de higiene, deixam permanecer restos de fezes em pelos perianais;
 Auto infecção interna ou endógena:
 Larvas rabditoides, ainda na luz intestinal de indivíduos infectados, transformam-se em larvas filarioides, que penetram na mucosa intestinal (íleo ou cólon). Esse
mecanismo pode cronificar a doença por vários meses ou anos. A autoinfecção interna pode acelerar-se, provocando a elevação do número de parasitos no
intestino e nos pulmões, fenômeno conhecido como HIPERINFECÇÃO; ou disseminar para outros órgãos, conhecido como FORMA DISSEMINADA. Ambas são
consideradas formas graves, potencialmente fatais, em indivíduos imunossuprimidos. 
Patogenia e sintomatologia: Estrongiloidíase é a doença causada pelo parasito Strongyloides stercoralis.
Pequeno número de parasitos – assintomáticos (porém não significa ausência de ação patogênica ou lesões);
Formas graves – podem levar á morte, dependendo de fatores extrínsecos: carga parasitária adquirida e fatores intrínsecos: subalimentacão com carência de
proteínas provocando enterites, diarréias e vômitos, alcoolismo crônico, infecções parasitárias e bacterianas associadas;
As principais alterações na estrongiloidíase são devidas á ação mecânica, traumática, irritativa, tóxica e antigênica decorrente não só das fêmeas partenogenéticas, mas
também das larvas e dos ovos.
Cutânea – eritema, edema, prurido, pápulas hemorrágicas e urticárias;
Pulmonar – tosse com ou sem expectoração, febre, dispneia e crimes asmatiformes. A travessia das larvas do interior dos capilares para os alvéolos provoca
hemorragia, infiltrado inflamatório constituído de linfócitos e eosinófilos, os quais podem provocar bronco-pneumonia, SÍNDROME DE LOEFFLER, edema
pulmonar e insuficiência pulmonar;
Intestinal – enterite catarral, enterite edematosa, enterite ulcerosa, dor epigástrica antes das refeições, diarreia em surtos, náuseas e vômitos, emagrecimento;
Disseminada – além dos intestinos e dos pulmões, são encontrados nos rins, fígado, vesícula biliar, coração, cérebro, pâncreas, tireoide, adrenais, próstata,
glândulas mamárias, linfonodos. 
OBS: A interação entre Strongyloides stercoralis e o hospedeiro humano é complexa devido a sua capacidade intrínseca de reprodução, existindo em indivíduos
infectados três possibilidades de evolução:
1. A erradicação da infecção;
2. A cronicidade decorrente da auto-infecção;
3. Possibilidade de hiperinfecção ou disseminação.
Diagnóstico: 
Clinico – difícil, por ser assintomático na maioria dos casos; a tríade clássica: diarreia, dor abdominal e urticária podem ajudar no diagnóstico;
Laboratorial;
 Parasitológico ou direto – encontro das formas evolutivas;
 Indireto – imunológico: teste de Screening;
 Direto – Lutz ou Hoffmann
 Exame de fezes – método de Baerman;
 Coprocultura – método de Looss;
 Pesquisa de larvas em secreções e outros líquidos cavitários orgânicos;
 Endoscopia digestiva;
 Biópsia intestinal: duodeno, jejuno e íleo;
 Métodos indiretos: hemograma, diagnóstico por imagem: raios-X do tórax, ultrassonografia, tomografia;
 Método imunológico: ELISA
Tratamento: Das infecções causadas por Nematódeos, a estrongiloidíase é a mais difícil de ser tratada; o mebendazol não atua sobre a Strongyloides stercoralis.
Mais eficazes: tiabendazol, cambendazol, albendazol, ivermectina.
Profilaxia:
Lavagem adequada dos alimentos;
Utilização de calçados;
Educação e engenharia sanitária;
Melhoria da alimentação;
Tratamento de todos os indivíduos parasitados mesmo que assintomáticos, bem como os animais domésticos infectados, para eliminar a fonte de infecção.
Mecanismos de respostas imunes a Strongyloides stercoralis:
 Resposta humoral: devido a longa permanência do parasito no hospedeiro e a continua passagem da larva filarioide através dos tecidos, resultam em uma
incessante exposição sistêmica aos antígenos parasitários e a maioria dos indivíduos infectados desenvolvem anticorpos das classes IgA, IgM, IgE, IgG;
 Resposta celular: Th2 (Este fenótipo esta relacionado com as respostas imunes contra alergénos e helmintos), sendo um mecanismo T dependente;
 As células T, da resposta protetora, são predominantemente do tipo Th2 e secretam citocinas, como as Interleucinas: IL-3, IL-4, IL-5, IL-6, IL-10 E IL-13;
 Diminuição da IL-5 favorece o processo de infecção da estrongiloidíase, pois a IL-5 promove a atração e ativação de eosinófilos e a indução de IgA;
 Com a diminuição da IL-5 há o aumento da eosinofilia;
 Há forte associação entre a estrongiloidíase e o vírus HTLV-1, pois causa imunossupressão nestes pacientes e compromete a imunidade mediada por células
Th2;
 Em indivíduos co-infectados pode ocorrer hiperinfecção ou disseminação da parasitose, devido a redução na produção de IL-4, IL-5, IL-13 e IgE, como
componentes essenciais da resposta protetora contra S. stercoralis. 
 A prevalência da infecção por Strongyloides stercoralis é elevada em pacientes alcoolistas. O consumo excessivo de álcool eleva os níveis de corticosteróides
endógenos, os quais estimulama fecundidade da fêmea e a diferenciação das larvas rabditoides em filarioides infectantes, mimetizando o efeito do hormônio
parasitário ECDISONA, levando a autoinfecção interna. Além disso, as alterações da barreira intestinal e da resposta imune do hospedeiro, pelo uso crônico do
álcool, contribuem para o desenvolvimento da hiperinfecção e estrongiloidíase grave.
Referências: 
NEVES. David Pereira. Parasitologia Humana. 11 ed. Atheneu. São Paulo. 2005.

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