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DIREITO DAS COISAS
PROFESSOR: DENIS DE SOUZA LUIZ
www.denis-souza.blogspot.com.br
DIREITO DAS COISAS
DISCIPLINA TELETRANSMITIDA
DIREITO CIVIL V – FAMÍLIA
AULA 2 
Conceito de posse irá variar de acordo com qual teoria da for adotada. 
Temos duas teorias clássicas: 
A primeira é a teoria subjetiva, de Savigny;
A segunda é a teoria objetiva, de Ihering.
DIREITO DAS COISAS
ESTUDO DA POSSE
AULA 2
Para Savigny a posse consiste no poder exercido sobre determinada coisa, com a intenção, o propósito, de tê-la para si.
Seu conceito pode ser decomposto em 2 elementos:
TEORIA SUBJETIVA
SAVIGNY
AULA 2
DIREITO DAS COISAS
Para Ihering a posse não precisa ser decomposta em 2 elementos. Posse seria simplesmente, em uma análise objetiva, a exteriorização da propriedade.
Ou seja, possuidor é a pessoa que exerce poderes de proprietário, imprimindo destinação econômica à coisa.
Por considerar irrelevante a prova do animus (a intenção de ter a coisa como sua), esta teoria consegue explicar a questão da posse indireta.
TEORIA OBJETIVA
IHERING
AULA 2
DIREITO DAS COISAS
O código civil brasileiro, ao regular a posse, em seu art. 1.196, sutilmente optou pela teoria objetiva, se coadunando com o princípio constitucional da função social. 
Contudo, em diversos dispositivos, deixa-se influenciar pela teoria subjetiva (Savigny), a exemplo da disciplina da usucapião, art. 1.238, com referência inequívoca feita ao animus “possuir como seu”.
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
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DIREITO DAS COISAS
"Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.”
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. 
CONCEITO DE POSSE
AULA 2
DIREITO DAS COISAS
Poderes inerentes ao domínio: 
(ou atributos da propriedade)
Usar - usar a coisa para seu fim precípuo, para o qual ela foi concebida.
Gozar - colher os frutos que esta coisa produz (sejam eles naturais, industriais ou civis)
Dispor - é o poder do proprietário em dar o destino que quiser à coisa
Reaver - não é sempre que o proprietário pode reaver a coisa, somente quando não houver razão jurídica para um terceiro possuir o bem. 
CONCEITO DE POSSE
AULA 2
DIREITO DAS COISAS
Posse não é direito, mas sim um FATO.
A posse é a exteriorização da propriedade, que é o principal direito real.
Como a posse não é direito, a propriedade é mais forte do que a posse. Assim, a propriedade prevalece sobre a posse (súmula 487 do STF: será deferida a posse a quem tiver a propriedade)
Dizemos que a posse é uma relação de fato transitória, enquanto a propriedade é uma relação de direito permanente. 
Existe uma presunção de que o possuidor é o proprietário da coisa.
CONCEITO DE POSSE
AULA 2
DIREITO DAS COISAS
O que a teoria preconiza é que não há hierarquia entre posse e propriedade, desde que seja cumprida a sua função social.
Então, na verdade, posse e propriedade seriam institutos distintos, não havendo relação de hierarquia entre eles.
Fundamentos constitucionais da teoria sociológica
 
Art. 6º, CRFB – direito social à moradia;
Art. 1º, III, CRFB – dignidade da pessoa humana;
Art. 5º, XXIII – fala em função social da propriedade. 
CONCEITO SOCIOLÓGICO DA POSSE
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Posse é menos do que propriedade, e DETENÇÃO é menos do que posse. 
Sim, existe um estado de fato inferior à posse que é a detenção.
POSSE
DETENÇÃO
POSSE E DETENÇÃO
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 Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Exemplos:
O motorista de ônibus; 
O motorista particular em relação ao carro do patrão; 
O bibliotecário em relação aos livros, 
O caseiro de nossa granja, casa de praia, etc.
CONCEITO DE DETENÇÃO
AULA 2
DIREITO DAS COISAS
Tais pessoas não têm posse, mas mera detenção por isso jamais podem adquirir a propriedade pela usucapião dos bens que ocupam.
Só a posse prolongada enseja usucapião, a detenção prolongada não enseja nenhum direito. 
O detentor é o fâmulo, ou seja, aquele que possui a coisa em nome do verdadeiro possuidor, obedecendo ordens dele.  (+ 1.208 CC)
CONCEITO DE DETENÇÃO
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Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
Enunciado 301 do CJF
301 – Art.1.198. c/c art.1.204. É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios.
MUDANÇA DE STATUS
Art. 1.198 § único
AULA 2
DIREITO DAS COISAS
POSSE DIRETA E POSSE INDIRETA
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
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Posse direta é aquela exercida diretamente pelo possuidor com a autorização do proprietário.
Por exemplo: o inquilino.
Posse indireta é aquela que o proprietário exerce, após ter transferido a coisa, por sua própria vontade, ao possuidor direto.
Por exemplo: o locador do imóvel.
POSSE DIRETA E POSSE INDIRETA
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1ª.) TEMPORARIEDADE: artigo 1.197, CC. Sabendo que a posse direta é temporária, fica claro que o possuidor direto, assume uma obrigação de restituir. 
2ª.) LÍCITA: E além de temporária, a posse direta é necessariamente lícita. Isso porque o 1.197 diz que a posse direta decorre de direito pessoal ou real. 
Então a posse direta é lícita porque tem sempre um título como base no exercício poder de fato, seja de direito pessoal ou de direito real. 
Assim, só falamos em desmembramento possessório nos casos de locação, comodato, etc.
POSSE DIRETA TEM 2 CARACTERÍSTICAS
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DIREITO DAS COISAS
O artigo 1.197, parte final diz assim “podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto”. 
ENUNCIADO 76 DO CJF – Art. 1.197: O possuidor direto tem direito de defender a sua posse contra o indireto, e este, contra aquele (art. 1.197, in fine, do novo Código Civil).
O artigo 1.197, parte final vem em harmonia com a teoria sociológica da posse. 
POSSE DIRETA
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DIREITO DAS COISAS
Possuidor DIRETO pode usucapir a coisa locada?
REGRA GERAL  NÃO!
- EXCEÇÃO: exceto se provar mudança na natureza da posse.
Neste caso, temos a figura da INVERSÃO OU INTERVERSÃO DA POSSE, que representaria a mudança do título da posse. 
POSSE DIRETA
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Art. 1200, CC, diz o seguinte:
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
A contrário sensu é injusta a posse violenta, clandestina ou precária. 
Violência, clandestinidade e precariedade são chamados VÍCIOS OBJETIVOS DA POSSE. 
Qual é o VÍCIO SUBJETIVO DA POSSE?
É a posse de má-fé. 
POSSE JUSTA E INJUSTA
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Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
Quando se fala em posse de boa-fé, o Código Civil se refere à boa-fé subjetiva. 
POSSE DE BOA FÉ E MÁ-FÉ
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Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
TRANSMUTAÇÃO DA BOA FÉ PARA A MÁ FÉ
Primeiro,
que haja propositura de ação judicial por um terceiro. Esse terceiro, em tese, vai ser o legítimo proprietário ou possuidor. 
Segundo, além da propositura da ação, se exige que haja trânsito em julgado favorável ao demandante. 
Para fins de transmudação da posse de boa para má-fé, retroage à data de citação (posição dominante). 
A partir da citação, presumidamente, o possuidor passa a tomar ciência. Antes da citação válida, ele era tipo como possuidor de boa-fé. E o possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos. 
POSSE DE BOA FÉ E MÁ-FÉ
AULA 2
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Posse nova até ano e dia. Posse velha mais de ano e dia.
A questão tem cunho nitidamente processual.
Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na
petição inicial.
 
Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório.
POSSE NOVA E POSSE VELHA
AULA 2
DIREITO DAS COISAS
Posse nova cabe o rito especial. Se for posse velha, rito ordinário. 
Essa questão sempre foi muito lembrada em que sentido? Se aplicar a posse nova, será rito especial. 
E no rito especial, há a liminar . 
A doutrina dizia que se fosse posse velha, rito ordinário não teria liminar. 
Só que o entendimento consolidado de hoje é que se for posse velha, rito comum e não haverá a liminar. 
Mas cabe, em tese, tutela de urgência. 
POSSE NOVA E POSSE VELHA
AULA 2
DIREITO DAS COISAS
EN 238 CJF a seguir:
 
EN 238 – Art. 1.210: Ainda que a ação possessória seja intentada além de “ano e dia” da turbação ou esbulho, e, em razão disso, tenha seu trâmite regido pelo procedimento ordinário (CPC, art. 924), nada impede que o juiz conceda a tutela possessória liminarmente, mediante antecipação de tutela, desde que presentes os requisitos autorizadores do art. 273, I ou II, bem como aqueles previstos no art. 461-A e §§, todos do CPC.
POSSE NOVA E POSSE VELHA
AULA 2
DIREITO DAS COISAS
Posse ad interdicta é a que pode ser defendida pelos interditos ou ações possessórias, quando molestada, mas não conduz à usucapião.
O possuidor, como o locatário, por exemplo, vítima de ameaça ou de efetiva turbação ou esbulho, tem a faculdade de defendê-la ou de recuperá-la pela ação possessória adequada até mesmo contra o proprietário. 
POSSE “AD INTERDICTA” 
POSSE “AD INTERDICTA” E POSSE “AD USUCAPIONEM"
AULA 2
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POSSE “AD USUCAPIONEM ” 
POSSE “AD INTERDICTA” E POSSE “AD USUCAPIONEM"
Posse ad usucapionem é a que se prolonga por determinado lapso de tempo estabelecido na lei, deferindo a seu titular a aquisição do domínio. 
AULA 2
DIREITO DAS COISAS
A violação da posse pode dar-se de três formas:
Turbação - equivale a perturbação da posse impedindo que o possuidor faça uso pleno da sua posse.
Esbulho - é uma turbação em grau máximo, mas neste caso há perda de posse pelo esbulhado.
Ameaça de turbação ou esbulho - se houver uma ameaça real pode-se pedir proteção à posse.
VIOLAÇÃO DA POSSE
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Violenta: é aquela que se adquire pela força física ou violência moral.
Exemplo: invasão de uma fazenda, de um terreno urbano, o roubo de um bem.
Clandestina: é a que se estabelece às ocultas daquele que tem interesse em conhece-la.
Exemplo: o furto, às escondidas, e o dono nem percebe o desapossamento para tentar reagir.
Precária: é quando o agente nega-se a devolver a coisa que lhe foi emprestada; abuso de confiança; é justa na sua origem e se torna injusta no momento da devolução.
Exemplo: o comodatário que findo o empréstimo não devolve o bem; o inquilino que não devolve a casa ao término da locação.
VÍCIOS OBJETIVOS DA POSSE
DIREITO DAS COISAS
Os autores divergem quanto à definição da natureza jurídica da posse:
Clóvis Beviláqua: a posse é um estado de fato.
Caio Mário da Silva Pereira: a posse é um direito real.
Luiz Guilherme Loureiro: a posse é um direito pessoal.
NATUREZA DA POSSE
CONTROVÉRSIAS
AULA 2
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Composse acontece quando duas ou mais pessoas exercem simultaneamente poderes possessórios sobre a mesma coisa.
Pode ser ‘pro-diviso’ quando houver uma divisão de fato (exerce poderes somente sobre uma parte definida da coisa);
Pode ser ‘pro-indiviso’ quando todos exercem, ao mesmo tempo e sobre a totalidade da coisa os poderes de fato. 
AULA 2
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