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Introdução ao Direito das Sucessões

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Introdução ao Direito das Sucessões
Conceito de Sucessão: conjunto de princípios jurídicos que disciplina a transmissão do patrimônio de uma pessoa que morreu, ou que é presumida morta, que são consideradas seus sucessores. 
Fundamentos da Sucessão:
Dignidade da Família: o direito sucessório visa á preservação do patrimônio familiar e, com isso, a manutenção do sustento e da dignidade dos membros da família. A regra básica presente no direito das sucessões é que a lei, ao nomear os sucessores, procura beneficiar as que eram mais próximas e que compunham a família nuclear do falecido. Por isso, na ordem de vocação hereditária, dá-se preferencia aos filhos e ao conjugue, depois aos ascendentes e por fim aos colaterais.
Direito de Propriedade: ao analisar o artigo 5º da CF, caput, e também os incisos XXII e XXX, percebe-se que o direito de herança decorre do direito de propriedade. Assim, estabelece o caput: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito á vida, liberdade, á igualdade, á segurança e a propriedade, nos termos seguintes”, ou seja, nos termos delineados pelos incisos do artigo 5º, dentre os quais encontram-se:
- Inciso XXII= é garantido o direito de propriedade.
- Inciso XXX= é garantido o direito á herança.
Logo, o direito de propriedade é fundamento do direito sucessório na atualidade. Propriedade que se extinguisse com a morte não seria propriedade, mas mero usufruto. A propriedade ultrapassa os limites da vida.
Objeto da Sucessão:
É a herança, que compreende o ativo e o passivo. É um somatório que se incluem os direitos e as obrigações, as pretensões e ações de que era titular o falecido, e as que contra ele foram propostas, desde que transmissíveis.
De acordo com o artigo 1791 do Código Civil, a herança defere-se como um todo unitário, o que significa que entre a abertura da sucessão e a partilha, o direito dos coerdeiros será considerado indivisível, porque ainda não individualizaram os quinhões hereditários. 
Liberdade de Testar (artigo 1789 do Código Civil):
No direito brasileiro a liberdade de testar é limitada. A liberdade de testar só será plena quando não houver herdeiros necessários, podendo o testador afastar da sucessão os herdeiros colaterais (artigo 1850 do Código Civil). 
Havendo herdeiros necessários, a liberdade de testar será restrita, dividindo-se em partes iguais a herança (sistema da divisão necessária); nestes casos só pode o testador livremente dispor de uma dessas metades, pertencendo a outra (chamada legitima) aos herdeiros necessários (artigo 1846 do Código Civil).
Espécies de Sucessão e Sucessores:
Quanto á fonte de que deriva:
Em função do artigo 1786 do Código Civil, as espécies de sucessão causa mortis são duas: “a sucessão se dá por lei (legitima) ou por disposição de ultima vontade (testamentária)”
Sucessão Legitima: é a que decorre de lei, e baseia-se na suposta (ou presumida) vontade do falecido quando deixa de testar, ou na hipótese de sucessão testamentaria expressa. Prevalece nos casos de ausência, nulidade, anulabilidade ou caducidade do testamento (artigos 1786 e 1788 do Código Civil), passando o patrimônio do falecido ás pessoas indicadas na lei (artigo 1829 do Código Civil).
Sucessão Testamentária: resulta de disposição de ultima vontade válida com a observância dos artigos 1789,1845,1846,1801 e 1850, todos do Código Civil.
Quanto aos seus efeitos:
Sucessão a Titulo Universal: quando houver a transferência da totalidade ou de parte indeterminada da herança, tanto no seu ativo como no passivo, para o herdeiro do de cujus , que se sub-roga, abstratamente, na posição do falecido, como titular na totalidade ou parte ideal daquele patrimônio. 
Sucessão a Titulo Singular: quando o testador transfere ao beneficiário apenas objetos certos e determinados. Nessa Espécie é o legatário que sucede ao de cujus sub-rogando-se concretamente na titularidade jurídica de determinada relação de direito, sem representar o morto, pois não responde pelas dividas da herança.
Sucessão Contratual: não é admitida no direito brasileiro, tendo em vista que é vedado negocio jurídico sobre herança de pessoa viva pacta corvina (artigo 426 do Código Civil). A doutrina admite algumas exceções como: o artigo 2018 do Código Civil; pacto antenupcial que prevê reciproca e futura sucessão.
Sucessão Irregular ou anômalas: assim consideradas as que são reguladas por normas como tais:
- art. 629,III,CC\16 (enfiteuse) combinado com o artigo 2038,CC\02; 
- art. 520,CC (direito de preferencia na compra e venda);
- art. 5º,XXXI,CF (sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil);
- Lei 9610\98 (direitos autorais);
- Decreto-lei nº 5384\43 (seguro de vida);
- Decreto-lei nº 3438\41 (proíbe sucessão de conjugue estrangeiro em terrenos de marinha).
 g) Espécies de Sucessores:
Legítimos: são os sucessores indicados pela lei em ordem preferencial (artigo 1829 do Código Civil) na ordem de vocação hereditária.
Herdeiros Necessários: são definidos por lei e entre os quais se partilha, no mínimo metade da herança em quota ideais (artigos 1789,1845 e 1846, todos do Código Civil), salvo casos de deserdação.
Necessário, Legitimário ou Reservatário: é o descendente, ascendente sucessível ou conjugue (artigo 1845 do Código Civil).
Herdeiros facultativos: são herdeiros legítimos que não compõem a categoria dos herdeiros necessários , como os colaterais até 4º grau e, por isso, podem ser privados da herança por disposição de ultima vontade (artigo 1850 do Código Civil).
Testamentário ou instituído: beneficiado pelo testador no ato de última vontade.
Legatário: é o contemplado em ato de ultima vontade com bem certo e determinado. 
Universal: é o herdeiro único que recebe a totalidade da herança.
Aparentes (artigos 1817 e 1827 do Código Civil): são aqueles que, não sendo titulares de direitos sucessórios são tidos, entretanto, como legítimos proprietários da herança, em consequência de erro invencível e comum.
Momento da Transmissão da Herança:
Com morte do de cujus, dá-se abertura da sucessão e a transmissão da herança aos herdeiros, ocorrem exatamente a um só tempo, independente de saberem ou não os herdeiros desse evento, uma vez que se opera ipso jure (artigo 1784 do Código Civil).
A abertura da sucessão é também denominada de delação ou devolução sucessória e beneficia desde logo todos os herdeiros.
Tempo: artigo 1784 do Código Civil
- deve –se considerar a morte real: artigo 6º, CC.
- deve –se considerar a morte presumida – artigo 7º,CC.
- deve –se considerar a sucessão do ausente – artigo 26,CC.
- deve-se considerar a comoriência – artigo 8º, CC.
Transmissão da herança:
- Principio da Saisine: pelo artigo 1784, terminando a existência da pessoa natural com a morte, pelo o art. 6º,extingue –se a personalidade civil, que começou pelo nascimento com vida, de acordo com o artigo 2º , abre-se a sucessão, dando-se, no mesmo instante, a transmissão do patrimônio do de cujus.
Em virtude desse principio, a sucessão e a legitimação para suceder são regulados pela lei vigente ao tempo da abertura daquela (artigo 1784 do Código Civil), bem como, o imposto causa mortis é devido pela alíquota vigente na data do óbito (Súmula 112 do STF).
Requisitos da transmissão:
- que o herdeiro exista ao tempo da delação e;
- que nesse tempo não seja incapaz de herdar.
Comoriência (ou morte simultânea) trata-se de hipótese em que o herdeiro e o hereditando morrem simultaneamente, não se podendo identificar quem morreu primeiro (artigo 8º,CC).
Nesses casos, o principal efeito será que um não herda do outro, uma vez que não há transmissão de bens e de direitos entre os comorientes.
Lugar da Abertura da Sucessão:
O artigo 1785, CC, dispõe que a sucessão abre-se no lugar do ultimo domicilio do falecido.
Porem:
- sendo o local do domicilio do falecido desconhecido, faculta-se a abertura do inventario no foro de situação dos bens deixados.
-sendo local de domicilio do falecido desconhecido e havendo bens em diferentes locais, o foro será do óbito.
- havendo pluralidade de domicílios, o foro será de qualquer um deles.
- bens situados no Brasil podem ser partilhados em território brasileiro, ainda que o autor da herança seja estrangeiro ou estivesse domiciliado em território estrangeiro. 
Sucessão e Herança:
Indivisibilidade da herança: até que seja realizada a partilha, a herança é considerada uma universalidade de direito, todo unitário é indivisível do qual os coerdeiros são considerados condôminos (artigo 1791 do Código Civil)e, por isso, são aplicadas as regras referentes aos condomínios (uma vez que se trata de condomínio forçado).
Deve-se destacar que o herdeiro nunca responde ultra vires hereditatis , o que significa que não responderá por encargos superiores ás forças da herança (artigo 1792 do Código Civil), incumbindo –lhe, no entanto, a prova do excesso (exceto quando o inventario demostra desde logo o valor dos bens herdados).
Responsabilidade dos herdeiros: o herdeiro como substituto natural do de cujus , recebe a herança e com isso todos os direitos e obrigações pertencentes ao falecido, ocorre assim, uma substituição em todas as relações jurídicas que aquela participava e que fora sucedido.
Segundo o artigo 1791,CC,aberta a sucessão o domínio e a posse da herança, transmitem-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. Com o ativo, inseparavelmente, se transmite o passivo ,por isso, temos que a morte não dissolve o nexo que em vida unia o falecido a seus credores, assim, o patrimônio deste é o responsável pelo pagamento de eventuais débitos.
O sucessor se torna responsável no lugar do de cujus, somente na qualidade de herdeiro, portanto pelos débitos até o limite da herança que recebeu (artigo 1792,CC).
Obriga o herdeiro a responder com seu patrimônio, por dividas da herança integralmente, seria o mesmo que obriga-lo individualmente por um debito que não contraiu.
Cessão de Direitos hereditários: os direitos hereditários são incorporados no patrimônio dos sucessores a partir da abertura da sucessão (principio da saisine).
Por isso, a indivisibilidade desde então estabelecida é também determinante na cessão de direitos hereditários que é limitada á quota parte (ou fração ideal) do herdeiro na herança, uma vez que ninguém pode transferir mais direitos do que tem.
Vale também lembrar que a própria cessão de direitos hereditários faz presumir sua aceitação e, como ato ‘Inter vivos’, só terá validade quando feita após a morte de quem lhe deu causa (artigo 426, CC).
O que se transfere a titulo oneroso ou gratuito, frise-se, é a titularidade do quinhão ou legado e não a qualidade do herdeiro (que é pessoal e intransmissível), o que significa afirmar que se o herdeiro adquiriu uma universalidade, seu cessionário o sucede nesta mesma universalidade.
Administração Provisória da Herança: é quem tem a posse do espolio e a legitimidade ativa e passiva para representar a herança (artigo 1797,CC).
A posse do administrador provisório só cessará quando o inventariante prestar o respectivo compromisso.
São legitimados a exercer a administração provisória: conjugue (independente do regime de bens) ou companheiro; herdeiro que estiver na posse e na administração dos bens (se mais de um estiver na posse dos bens, a preferencia será do mais velho, só se justifica se demostrar mais experiência); testamentário; pessoa de confiança do juiz (na falta ou desídia dos demais), mas sendo dativo não terá representação do espolio.
O administrador provisório pode ser substituído por ordem do juiz, desde que se demostre que esteja praticando atos em prejuízo do espolio. 
Vocação Hereditária: o artigo 1798,CC, estabelece a capacidade de suceder (sucessão legitima e testamentária) de forma mais ampla do que a prevista no Código Civil de 1916.
Assim, são capazes de suceder:€ as pessoas nascidas ou já concebidas (nascituros-eficácia da vocação depende do nascimento com vida – artigo1800,§3º do CC) no momento da abertura da sucessão e que o herdeiro ou legatário sobreviva ao de cujus (principio da coexistência).
Aceitação e Renúncia da Herança, Herança Jacente:
Aceitação da Herança (artigo 1804, CC): vem a ser o ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro legitimo ou testamentário, manifesta livremente sua vontade de receber a herança que é transmitida, uma vez que ninguém pode ser herdeiro contra a vontade, e produz efeitos meramente confirmatórios.
A aceitação é sempre indivisível, incondicional e irretratável (artigos 1808 e 1812 do CC).
A função da aceitação é ratificar, confirmar, consolidar tornar definitiva a transmissão da herança ao herdeiro, desde a abertura da sucessão (ex tunc).
Espécies de Aceitação:
Quanto á forma: expressa, tácita (artigo 1805) ou presumida (artigo 1807).
 Tácita : 
- habilitação em inventario
-manifestação sobre avaliação ;e
- manifestação sobre primeira e ultimas declarações. 
 II. Quanto ao Agente: direta ou indireta:
Indireta:
- pelos sucessores (artigo 1809,CC);
- pelos mandatários ou gestor de negócios; 
- pelos credores(artigo 1813,CC);
- pelo tutor ou curador de heranças (artigos 1748 e 1781,CC).
Características: 
Independe de anuência dos demais herdeiros ou sucessores potenciais;
Gera efeitos ex tunc á data da abertura da sucessão;
Salvo nos casos de aceitação indireta (artigo 1807, CC) é, em regra , ato personalíssimo;
É declaração não recepticia de vontade;
É ato indivisível, não sendo admitida aceitação parcial (artigo 1808, CC);
É ato incondicional, ou seja, não aceita termo ou condição (artigo 1808 do CC). A aceitação deve ser pura e simples;
É ato jurídico irretratável e irrevogável (artigo 1808,CC). No entanto, a aceitação pode ser anulada se verificados vícios;
A aceitação será ineficaz se o direito hereditário caducar ou for verificada incapacidade sucessória do herdeiro;
Beneficio de Inventário (artigo 1792,CC): a responsabilidade pelas obrigações\dividas do falecido não são assumidas pelo herdeiro.
O herdeiro não responde por encargos superiores ás forças da herança.
Renúncia da herança (artigo 1804,§ único do CC): É o ato jurídico unilateral, pelo qual o herdeiro declara expressamente que não aceita a herança a que tem direito, despojando-se de sua titularidade.
Espécies de Renúncia: 
Renúncia Abdicativa: dá-se quando o herdeiro manifesta sem ter praticado qualquer ato que exprima a aceitação e quando é pura e simples, em beneficio do monte, sem indicar favorecido.
Renúncia Translativa ou Desistência (artigo 1793 e 1794,CC): dá-se quando o herdeiro indica em favor de quem estar renunciando. Nesse caso importa aceitação tácita e doação ou cessão de direitos.
Restrições da Renúncia: 
Capacidade Plena;
Anuência do conjugue (artigo 1647 do CC);
Não prejudicial aos credores (artigo 1813 do CC);
Observância de forma (artigo 1806 do CC).
Efeitos da Renúncia: 
Efeitos Gerais: 
Exclusão do herdeiro da sucessão;
Acréscimo da parte do renunciante a dos outros herdeiros de mesma classe (artigo 1810 do CC);
Proibição da sucessão por direito de representação (artigo 1811 e 1851 do CC);
Na sucessão testamentária, a renuncia importa em caducidade do testamento, salvo os artigos 1947 e 1943,CC.
Efeitos em relação aos credores dos herdeiros: 
Pela regra do artigo 1813, a renuncia não produz efeitos em relação aos credores, por determinação do juiz a pedido destes. (exemplo: artigo 129, V da lei nº 11.101\05).
A renuncia pode também ser declarada ineficaz:
Por invalidade absoluta por vicio de forma ou relativa por vicio de vontade;
Por ineficácia pela falta de outorga do conjugue (artigo 1649 do CC).
Da retratação:
Tal como a aceitação, a renuncia é irretratável e irrevogável (artigo 1812 do CC).
* Ao contrario da aceitação, a renuncia não pode ser tácita.
Herança Jacente (artigos 1819 á 1823 do CC) e (artigos 738 á 743 do CPC): trata-se da herança quando não há herdeiro certo e determinado, ou não se sabe da existênciadele, ou quando a herança é repudiada. O patrimônio inventariado fica sob estado provisório, quando ignorado herdeiro que o reclame, no qual se promove a preservação dos bens acompanhada da investigação sobre a existência de outros sucessores para, na falta destes, promover-se a destinação do acervo patrimonial ao poder publico.
A herança jacente é considerada uma massa de bens única desprovida de personalidade jurídica e não sujeita a representação jurídica.
Como não há ninguém que alegue a titularidade do acervo hereditário, o Estado, com o escopo de impedir o perecimento ou ruína da riqueza representada por aquele espólio, arrecada-o, para conserva-lo com o intuito de entregá-lo aos herdeiros legítimos ou testamentários que aparecerem e provarem sua qualidade de herdeiro, ou então para declara-lo vacante, se
não se apresentar qualquer herdeiro, com o fim de transferi-lo para o patrimônio do poder publico.
Herança Vacante: pode-se dizer que a herança vacante é a que não foi disputada, com êxito, por qualquer herdeiro e que, juridicamente, foi proclamada de ninguém.
O pronunciamento judicial da vacância é uma sentença que encerra a herança jacente e declara a abertura da sucessão, permitindo que seja transferida a titularidade do patrimônio do falecido ao Poder Publico.
Pela vacância, os bens são entregues ao Estado. Essa fase, porém, não tem o condão de incorporar os bens definitivamente ao Estado, o que só vem a acontecer após cinco anos da abertura da sucessão (art. 1.822, CC/02).
Nesse caso, a propriedade transferida ao Poder Publico é resolúvel, já que no quinquênio poderá ainda surgir algum herdeiro.
A passagem dos bens vacantes ao Estado opera-se sem necessidade de aceitação, uma vez que o mesmo não é considerado herdeiro, mas tão somente arrecada os bens deixados pelo falecimento de algum seu cidadão.
	Fenômeno 
	Dies a Quo
	Dies ad quem
	Jacencia 
	Abertura da sucessão sem herdeiros notoriamente conhecidos
	Aparecimento de herdeiro conhecido, habilitação procedente de herdeiro desconhecido ou declaração de vacância 
	Prazo para publicação do primeiro edital
	Termino da arrecadação e do inventario
	Não há
	Prazo para publicação do segundo edital
	Publicação do primeiro edital
	30 dias
	Prazo para publicação do terceiro edital
	Publicação do segundo edital
	30 dias
	Prazo para publicação do quarto edital
	Publicação do terceiro edital
	30 dias
	Prazo para habilitação 
	Publicação do primeiro edital 
	6 meses
	Declaração de vacancia
	1 ano da publicação do primeiro edital
	5 anos da abertura da sucessão
	Aquisição da propriedade resolúvel pelo estado 
	Declaração de vacancia
	5 anos de abertura da sucessão 
	Aquisição da propriedade definitiva pelo Estado
	5 anos da abertura da sucessão, desde que não estejam pendentes ações diretas de reconhecimento da condição de sucessor
	Não há
Arrecadação: Os bens vagos são considerados aqueles que não possuem proprietários, ou que foram abandonados por esses.
Em termos sucessórios, os bens vagos caracterizam-se no contexto de heranças rejeitadas, cujos herdeiros renunciam amplamente; ou pela ausência de herdeiros conhecidos que se habilitem ao processo de inventário.
A destinação dos bens vagos é serem entregues ao Estado, a saber:
1. Se o de cujus não deixou herdeiros (art. 1.844, CC/02);
2. Se o de cujus não deixou herdeiro notoriamente conhecido (art. 1.819, CC/02);
3. Se todos os herdeiros do de cujus renunciaram a herança (art. 1.823, CC/02);
4. Se decorridos cinco anos da abertura da sucessão (art. 1.822, CC/02);
A atribuição dos bens vagos ao Estado não e meio de enriquecê-lo, mas antes modo de evitar que os bens fiquem ao abandono quando já não há nenhuma outra finalidade a atingir.
Declaração de vacância: Determina o art. 1.820, CC, que os bens da herança jacente serão
declarados vacantes um ano após a conclusão do inventário.
Assim, a declaração de vacância encerra a herança jacente e as obrigações do curador, transferindo a titularidade definitiva dos bens ao Poder Público, nos seguintes termos (art. 1.844, CC):
1- Município ou Distrito Federal quando o bem está localizado nas respectivas circunscrições;
2- à União quando o bem estiver localizado em território federal.
Declarada a vacância o cônjuge, herdeiros e os credores só poderão reclamar eventuais direitos em ação própria (art. 743, §2º, CPC/2015).
Vocação Hereditária E Excluídos da Sucessão
Vocação Hereditária: 
Regras gerais de legitimação para suceder (art. 1.798, CC):
A legitimação para suceder refere-se à capacidade sucessória.
Só têm legitimação para suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão.
Vigora o princípio de que todas as pessoas têm legitimação para suceder.
A legitimidade passiva é a regra e a ilegitimidade a exceção (art. 1.801,CC).
Outro princípio é o de que o herdeiro ou legatário tem de sobreviver ao de cujus - Princípio da Coexistência.
b. Legitimação para suceder por testamento:
Na sucessão testamentária, além dos legitimados do art. 1.798, também devem ser considerados os mencionados no art. 1.799, CC.
Nesse caso admite-se a suceder os filhos não nascidos, chamados filhos eventuais; bem como as pessoas jurídicas concebidas de fato (art. 45, CC), que podem ser equiparadas ao nascituro.
Em caso de filhos não nascidos, observar a regra do art. 1.800, CC.
Falta de legitimação para ser herdeiro: As pessoas indicadas no art. 1.801, CC (incapacidade testamentária) não podem suceder pois são consideradas suspeitas, pois trata-se de
questão de segurança (impedir o abuso de confiança), ao passo que no caso de concubino, o propósito é proteger a família.
Exceção a essa regra é o fato de o beneficiário da concubina ser também descendente do testador (art. 1.803, CC e Súmula 447, STF).
Os incapazes de suceder (art. 1.801 e 1.799, I CC) se forem contemplados, de modo direto ou por simulação, nula será a disposição testamentária (art. 1.802, CC).
Excluídos da Sucessão: A exclusão da sucessão só ocorre nas hipóteses de indignidade e
deserdação previstas em lei e tem por finalidade afastar o herdeiro culpado da participação patrimonial na herança.
Para Eduardo de Oliveira Leite (2004):
“I. A indignidade - cominada na lei, independe da vontade do ‘de cujus’, aplicando-se a todos os herdeiros na sucessão legítima; A deserdação - é o ato de vontade do testador atingindo os herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge sobrevivente),
facultativos e os testamentários;
A indignidade - é peculiar à sucessão legítima, embora também possa alcançar o
legatário (art. 1.814); A deserdação – como manifestação de vontade do ‘de cujus’, só se verifica na sucessão testamentária, na qual consta o motivo e o fundamento da exclusão (art. 1.964); figuram a indignidade.”
 A indignidade - repousa na vontade presumida do ‘de cujus’, que, certamente, não gostaria que sua herança fosse recolhida por herdeiro que agiu indignamente; A deserdação - corresponde à efetiva vontade do ‘de cujus’, que, através de motivo fundamentado (art. 1.964) exclui o herdeiro;
IV. A indignidade - nem sempre os motivos determinantes da exclusão são anteriores à morte do ‘de cujus’; A deserdação - os motivos determinadores da exclusão são superiores à morte do ‘de cujus’, por isso, vêm indicados no testamento;
A indignidade - os motivos da indignidade são válidos para a deserdação; A deserdação - nem todos os motivos da deserdação configuram a indignidade.”
Conceito de Indignidade: A maioria da doutrina entende ser a indignidade uma espécie de pena privada ou sanção civil imposta ao herdeiro que realizou conduta antiética que acarreta a perda do direito sucessório.
A declaração de indignidade depende de sentença em ação ordinária proposta por quem tenha interesse em até quatro anos contados da abertura da sucessão (prazo decadencial - art. 1.815, CC), sendo que esta ação não suspende o processo de inventário.
A sentença é declarativa da exclusão para sucedere, por isso, a ação só pode ser proposta em face do herdeiro indigno (art. 1.816, CC). A sentença transitada em julgado gera efeitos ex tunc à data da abertura da sucessão.
b. Fundamentos da indignidade: São excluídos da sucessão os herdeiros e legatários que tiverem praticado atos criminosos, ofensivos e desabonadores, extremamente
graves, contra a pessoa do autor da herança ou de membros da família deste.
c. Causas de exclusão por indignidade.
O art. 1.814, CC, elenca taxativamente como causas de indignidade, afirmando serem excluídos da sucessão os herdeiros:
I. Que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente;
II. Que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da
herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou se seu cônjuge ou companheiro;
Que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.
d. Procedimento para exclusão da sucessão (art. 1.815, CC):
- Ação Ordinária;
- Legitimados Ativos: Herdeiros e MP (En. 116, JDC);
- Legitimados Passivos: Herdeiros causadores dos atos de indignidade;
- Prazo decadencial: 4 anos (art. 1.815, Parágrafo Único, CC).
e. Reabilitação e perdão do indigno (art. 1.818, CC): O que o art. 1.818 chamou de “ato autêntico”, sem dúvida, é a escritura pública, e melhor ficaria se tivesse utilizado a denominação própria e inequívoca.
A reabilitação (perdão ou remissão) do indigno não pode ser tácita. Por mais que se reconciliem o ofendido e o indigno, por meio de demonstrações públicas de convívio afetuoso, isso não basta. O perdão tem de ser explícito, inequívoco, diretamente manifestado.
f. Efeitos da exclusão da sucessão:
Como pena civil que é, os efeitos da exclusão são pessoais, não se projetando a toda a estirpe do indigno (art. 1.816, CC).
Os efeitos da sentença retroagem à data da abertura da sucessão (art. 1.817, parágrafo único, CC).
O indigno não terá direito a usufruto e administração dos bens que passem aos filhos menores (art. 1.816, parágrafo único, CC).
Declarada a indignidade os bens tornam-se ereptícios, ou seja, retornam ao acervo sucessório do autor da herança.
Os efeitos da indignidade são sempre pessoais, ou seja, o indigno é considerado como se morto fosse.
A morte de um dos descendentes aquinhoados não restabelece o direito sucessório do indigno.
O indigno tem direito à indenização pelas despesas feitas (art. 1.817,CC).
g. Atos praticados pelos herdeiros excluídos (art. 1.817,CC):
O indigno, antes da sentença que o exclui, pode aparecer diante de todos
como verdadeiro herdeiro.
A aparência deste e a boa-fé de terceiros são reconhecidas pela lei (art. 1.827, CC).
Em razão disso, consideram-se válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, bem como os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão.
Se a alienação é gratuita, este artigo não incide, nem, muito menos, se o terceiro agiu de má-fé, associando-se ao indigno para fazê-lo escapar das consequências legais.
h. Representação do herdeiro excluído (art. 1.816, CC): Os filhos do excluído da sucessão são chamados à herança, e caberão a eles os bens que seriam do indigno.
Este, porém, não terá direito ao usufruto e à administração de tais bens - se seus filhos forem menores - conforme previsto no art. 1.689, querendo a lei evitar que o excluído acabe se beneficiando, indiretamente.
i. Exclusão por deserdação (art. 1.961,CC): É o ato pelo qual o autor da herança em testamento, e com expressa declaração de causa (art. 1.964), priva os herdeiros necessários - descendentes (art. 1.962) e ascendentes (art. 1.963) - de sua legítima (art. 1.846).
A privação da legítima pode ocorrer em todos os casos em que tais herdeiros necessários podem ser excluídos da sucessão. As causas pelas quais o indigno é excluído da sucessão (art. 1.814) autorizam, também a deserdação (arts. 1.962 e 1.963).
Petição de Herança e Sucessão Legitima (Ordem de Vocação Hereditária)
Petição e natureza jurídica: A ação de petição de herança (ou ‘petitio hereditatis’) é novidade no Código Civil/02 (arts. 1.824 a 1.828, CC) e pode ser proposta pelo herdeiro preterido ou desconhecido apenas após a finalização do inventário e efetivação da partilha.
Trata-se de ação ‘universal’ porque por meio dela o herdeiro não visa a devolução de coisas destacadas (podendo essa devolução restringir-se ao direito à posse), mas sim, de todo quinhão hereditário ou de todo patrimônio hereditário (neste caso, quando único herdeiro de sua classe) (art. 91, CC).
Também é ação ‘real imobiliária’ já que procedente determina a restituição de bens ao acervo hereditário (bem imóvel, conforme art. 80, II, CC).
Legitimados:
Legitimidade ativa: Qualquer herdeiro (legítimo ou testamentário –art. 1.824, CC) pode propor a ação de petição de herança. Também possuem legitimidade os cessionários e os adquirentes de bens hereditários. Falecendo o herdeiro preterido, mas havendo direito de representação, os sucessores também terão legitimidade.
Como se trata de ação de natureza real devem estar no polo passivo e ativo os respectivos cônjuges (art. 73, CPC/15), exceto se casados no regime de separação absoluta (art. 1.647, CC).
Legitimidade passiva: A ação deve ser proposta em face de quem detiver a herança (herdeiros – ‘pro herede’- ou não – ‘pro possessore’ – arts. 1.824 e 1.827, CC). A ação não é dirigida contra o inventariante, mas sim, contra os herdeiros detentores dos bens.
Herdeiros aparentes: Herdeiro aparente é a pessoa que sucedeu sem ter direito à herança
(art. 1.828, CC).
Efeitos jurídicos: Comprovada a situação e em respeito ao princípio da aparência, dois poderão ser os efeitos da ação de petição de herança:
1- Se o possuidor estava de boa-fé (arts. 1.214; 1.217; 1.219 e 1.220, CC):.Tem direito aos frutos percebidos; deve restituir os pendentes e os colhidos com a antecipação, ao tempo em que cessar a boa-fé; os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos; não responde pela perda ou deterioração da coisa a que não der causa; tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, podendo levantar as voluptuárias (Eduardo de Oliveira Leite, 2005).
2- Se o possuidor estava de má-fé(arts. 1.216; 1.219; 1.220 e 1.222, CC): Responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que deixou de perceber por culpa; responde pela perda e deterioração da coisa a que não der causa; só lhe serão ressarcidas as benfeitorias necessárias; na indenização das benfeitorias o reivindicante tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo (Eduardo de Oliveira Leite, 2005).
Sucessão Legítima – Ordem de Vocação Hereditária: inexistência, invalidade ou caducidade do testamento ou havendo este e sendo válido quando não contemplarem a universalidade do patrimônio do testador.
Tem, portanto, caráter subsidiário, conforme se depreende do art. 1.788, CC.
Dessa forma, afirma Carlos Roberto Gonçalves (2011) que “herdeiro legítimo é a pessoa indicada na lei como sucessor nos casos de sucessão legal, a quem se transmite a totalidade ou quota-parte da herança”
Vale lembrar que é no momento da abertura da sucessão que se deve verificar as pessoas legitimadas a suceder (art. 1.787, CC), por isso, as novas regras da ordem de vocação hereditária estabelecidas pelo Código Civil de 2002 só se aplicam às sucessões abertas a partir de 11 de janeiro de 2003 (art. 2.041, CC), sendo todas consideradas de ordem pública.
Ordem de vocação hereditária (art. 1.829, CC): Vocação é o aspecto subjetivo da devolução, ou seja, do chamamento dos herdeiros designados à sucessão (art. 1.788 e 1.789, CC).
 A vocação hereditária é o fundamento da delação e pressupõe a existência de lei (vocação legítima ou ab intestato) ou de declaração de última vontade do de cujus (vocação testamentária). [art. 1.786, CC]A ordem de vocação hereditária é estabelecida por lei para disciplinar a sucessão legítima e consiste em uma relação preferencial pela qual a lei chama determinadas pessoas à sucessão do de cujus.
Hipóteses em que se dá a ordem de chamamento hereditário:
a) Os descendentes, em concurso à herança com o cônjuge casado sob o regime da: separação consensual de bens; comunhão parcial, tendo o autor da herança deixado bens particulares; e participação final nos aquestros;
b) Os ascendentes, em concurso, o cônjuge, qualquer que seja o regime de bens do casamento civil;
c) O cônjuge supérstite, no caso de inexistência de descendentes e ascendentes para suceder;
d) Os parentes colaterais até o quarto grau (irmão, tio, sobrinho ou primo, tio-avô, sobrinho-neto).
Herança iure proprio e iure representationis:
a) Em iure próprio os parentes mais próximos são chamados a suceder, todos em igualdade de condições, por se encontrarem no mesmo grau.
b) Em iure representationis quando, por lei, são chamados os parentes do herdeiro falecido a suceder em todos os direitos em que sucederia este último.
c) Em iure transmisssionis quando falecendo o herdeiro sem antes declarar se aceita a herança, tal direito transfere-se aos respectivos herdeiros do falecido.
Sucessão em linha reta – normas gerais: A sucessão em linha reta estabelece-se pelo vínculos de parentesco entre ascendentes e descendentes do autor da herança [art. 1.591, CC];
Nessa modalidade de vocação hereditária, os herdeiros mais próximos do falecido excluem os mais remotos, considerados em uma mesma classe de herdeiros conforme disposição do art. 1.829, CC;
Não há limites jurídico-formais de alcance da vocação hereditária entre os herdeiros na sucessão em linha reta. Apenas o tempo é que pode impor limites, o faz com que as gerações muito distantes acabem não coexistindo.
Sucessão dos Descendentes (art. 1.833, 1.834, 1.835, CC): Entre os descendentes a sucessão dá-se por direito próprio ou por cabeça [art. 1.835, CC];
A divisão da herança entre os descendentes ocorre de forma igualitária para todos os quinhões ou quotas hereditárias [art. 1.834, CC];
Os filhos são tratados com isonomia, ainda possuam parentesco natural ou civil [art. 226, §6º, CR/88];
Os descendentes integram a primeira classe de herdeiros na ordem de vocação hereditária, seja pela proximidade mais intensa com o de cujus, seja por representarem a continuidade da vida humana, a qual deve alicerçar-se sobre energias novas e vigorosas.
Sucessão Legitima (ordem de Vocação Hereditária)
Sucessão Legítima: 
Sucessão dos ascendentes (art. 1.836, CC): Art. 1836 CC – Ascendentes sucedem na falta de descendentes;
Os Ascendentes sucedem por Direito Próprio – art. 1852 CC;
Modo de Partilhar – art. 1836, §2º, CC.
Não havendo descendentes, são convocados a suceder os ascendentes.
Relembrando que na linha reta (descendente ou ascendente) não há limite de grau, estendendo-se a vocação hereditária ao infinito, só se não houver herdeiros da classe dos descendentes (filhos, netos, bisnetos, trinetos, tetranetos, etc.) é que são chamados à sucessão legítima os ascendentes (pais, avós, bisavós, trisavós, tetravós – estes últimos também chamados tataravós - etc.).
Não existe direito de representação entre os ascendentes, que somente sucedem por direito próprio, ou seja, o grau mais próximo afasta definitivamente o mais remoto da sucessão. (art. 1.852, in fine).
Se houver entre os herdeiros ascendentes do mesmo grau e de linhas de parentesco diferentes, a herança é concedida pela metade para cada linha, paterna e materna; após, é dividida por cabeça pelo número de quantos se acharem em cada linha.
Se sobreviverem o pai e a mãe do de cujus, a herança será dividida, igualmente, entre o pai e a mãe.
Se o falecido tem avós paternos e matemos, entre os quatro avós, em partes iguais, dividir-se-á a herança.
Mas, se sobrevivem os dois avós paternos do hereditando e, de outro lado, apenas sua avó materna, há igualdade em grau e diversidade em linha: metade da herança caberá aos dois avós paternos, e a outra metade para a avó materna.
Em cada linha a divisão se fará somente por cabeça.
Sucessão dos ascendentes em concorrência com o cônjuge supérstite:
O cônjuge sobrevivente concorre com os ascendentes, não importa o regime de casamento que tinha com o falecido.
 Se o cônjuge concorrer com os ascendentes de primeiro grau, caber-lhe-á um terço da herança; concorrendo com apenas um ascendente de primeiro grau ou com ascendentes de grau superior ao primeiro, caber-lhe-á metade, resguardada sua meação.
Não havendo descendentes nem ascendentes, toda a herança legítima é entregue ao cônjuge.
O Cônjuge sobrevivente, legitimado como herdeiro necessário, é chamado a sucessão do de cujus sob duas circunstâncias:
Em concorrência com descendentes e ascendentes do de cujus;
Por direito próprio na ausência de ascendentes à sucessão do de cujus.
Requisitos à vocação sucessória do cônjuge sobrevivente (art. 1.830, CC).
SUCESSÃO DO CÔNJUGE EM CONCORRÊNCIA COM DESCENDENTE (Art. 1.832, CC):
Cônjuge e filhos do de cujus – igualdade de quinhão ou quota não inferior a 1/4 ou 25% da herança.
SUCESSÃO DO CÔNJUGE EM CONCORRÊNCIA COM ASCENDENTE (Art. 1837 CC):
Cônjuge e pais do falecido – 1/3
Cônjuge e um dos pais – 1/2
Cônjuge e avós do falecido – ½
Direito Real de habitação (art. 1.831, CC): Em 1962, a Lei 4.121 [Estatuto da Mulher Casada] modificou o direito sucessório do cônjuge ao alterar a redação do art. 1.611 do
CC/16 garantindo, desta forma, o usufruto e o direito real de habitação para o cônjuge sobrevivo.
O artigo não menciona que o direito real de habitação se extingue se o beneficiário convolar a novas núpcias.
O direito real de habitação é personalíssimo e tem destinação especifica de servir de morada ao titular, que, portanto, não pode alugar, nem emprestar o imóvel, devendo ocupá-lo, direta e efetivamente (art. 1.434, CC).
Esse direito de habitação é um usufruto em miniatura (Orlando Gomes, 2012), já que só se pode morar no bem, impondo-se um uso limitado.
Extinção da figura do usufruto vidual: O Usufruto Vidual (direito de usar e fruir) é o direito que se dava ao cônjuge viúvo, se o regime de bens não for o da comunhão universal regime da comunhão parcial ou da separação total de bens], enquanto durar a viuvez, usufruto de ¼ dos bens do falecido se esse deixou descendentes e de ½ dos bens do de cujus, se esse deixou ascendentes.
O cônjuge sobrevivente, agora na qualidade de herdeiro, não tem mais o direito ao Usufruto Vidual que tinha sob a égide do Código Civil de 1916.
Como herdeiro que concorre com ascendentes e descendentes, terá direitos mais amplos dos que tinha anteriormente. O Direito Real de Habitação, anteriormente, garantido apenas ao cônjuge casado pela Comunhão Universal de Bens (art. 1611, §2º, CC/1916), agora foi
ampliado e é garantido ao cônjuge sobrevivente, independentemente do regime de bens (art. 1.831, CC).
Sucessão do colateral (art. 1.839 a 1.843, CC): As regras estabelecidas em nosso Direito para a sucessão dos colaterais:
Na classe dos colaterais, o mais próximos excluem os mais remotos, alvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos.
Herdam os parentes do mesmo grau em igualdade de condições, não se considerando se o parentesco decorre da linha paterna ou materna.
Concorrendo à herança do falecido, irmãos bilaterais ou germanos (irmãos que tem o mesmo pai e a mesma mãe) e irmãos unilaterais (irmãos que tem o mesmo pai ou a mesma mãe, também chamados de uterinos se forem irmãos apenas por parte de mãe) cada um destes
herdará a metade do que cada um daqueles herdar.
Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão em partes iguais, os unilaterais.
Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios.
Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos, herdarão por cabeça.
Se concorrerem filhos de irmãos bilatérias com filhos de irmãos unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdarcada um daqueles.
Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarão por igual.
Se concorreram à herança do falecido tios e sobrinhos deste, serão os tios excluídos.
Se não houver colaterais como irmãos (2º grau), sobrinhos (3º grau) e tios (3º grau), herdarão os colaterais de 4º grau: tios-avós, sobrinhos, netos e primos.
Sucessão do Estado (art. 1.844, CC)
Sucessão e União Estável (art. 1.790, CC): Art. 226 §3º da CF/88 - Art. 1.790 C.C.
Sucessão do Companheiro X Sucessão do Cônjuge:
 O Código Civil distingue os direitos sucessórios de tais pessoas, ao contrário de todas as outras leis que as tratam de forma igualitária. Requisitos para que o companheiro tenha direito sucessório a partir do Código Civil:
a) viver em UE à época do óbito;
b) falecer um deles na vigência do CC de 2002, porque a lei que regula é a do óbito (art. 1.787 e 2.041, CC);
c) aquisição, a título oneroso, de bens durante a UE;
d) comprovação em juízo de sua qualidade de companheiro do de cujus.
A regra atual ainda vigente deve ser interpretada:
Morto o(a) companheiro(a), o(a) sobrevivente tem a meação (+) a herança apenas sobre os bens adquiridos onerosamente durante a união estável, não se beneficiando dos bens adquiridos gratuitamente. (ex: doação ou herança do “sogro”)
Em relação ao patrimônio adquirido onerosamente, durante a união estável, se o(a) companheiro(a) supérstite concorrer com os filhos comuns, terá direito a uma cota equivalente a de cada um destes. Assim, a herança, excluída a meação, será dividida em tantas partes quanto sejam seus filhos comuns, mais uma.
Por exemplo: Tendo três filhos comuns, a herança, excluída a meação, será dividida em quatro partes iguais, ficando cada filho com uma e o(a) companheiro(a) com uma parte.
Em relação aos bens não comuns (particulares), serão divididos exclusivamente aos filhos.
Sucessão do cônjuge (a) X Companheiro(a):
	Sucessão do Conjugue
	Sucessão do Companheiro
	Meeiro em relação aos bens comuns
	Limitada a sucessão aos bens adquiridos onerosamente na constância da união estável 
	Concorrente em relação aos bens particulares
	
O conjugue não concorre com os colaterais, já o companheiro sim.
	 CÔNJUGE
	 COMPANHEIRO
	Integra a ordem de vocação hereditária – art. 1829, III
	Não integra a ordem de vocação hereditária, está apenas no art. 1.790. Parte geral do Direito das Sucessões.
	Em concorrência com descendentes só do autor da herança, terá quinhão igual, garantida a quota de 1/4 se os descendentes com quem concorrer forem comuns. (EN. 527, JDC)
	Em concorrência com descendentes, terá
quota igual se estes forem comuns; terá
a metade do que cada um herdar se
forem só do autor da herança. (EN. 266,
525, JDC).
	É o terceiro na ordem de vocação hereditária e não concorre com colaterais.
	Não é o terceiro na ordem de vocação hereditária e concorre com ascendentes e
colaterais, cabendo-lhe a cota de 1/3 da herança.
	É herdeiro necessário – art. 1.845.
	Não é herdeiro necessário (controvérsia).
O(a) companheiro(a), o(a) sobrevivente tem direito real de habitação pelo disposto
no art. 7º, Parágrafo Único, Lei n. 9.278/96:
Art.7º [...]
Parágrafo único. Dissolvida a união estável por morte de um dos conviventes, o sobrevivente terá direito real de habitação, enquanto viver ou não constituir nova união ou casamento, relativamente ao imóvel destinado à residência da família. O(a) companheiro(a), o(a) sobrevivente tem direito a usufruto vidual pelo disposto no art. 2º, incisos I e II, Lei n. 8.971/94: Art. 2º As pessoas referidas no artigo anterior participarão da sucessão do(a)
companheiro(a) nas seguintes condições:
I - o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito enquanto não constituir nova união, ao usufruto de quarta parte dos bens do de cujos, se houver filhos ou comuns;
II - o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito, enquanto não constituir nova união, ao usufruto da metade dos bens do de cujos, se não houver filhos, embora sobrevivam ascendentes;
Herdeiros Necessários. Direito de Representação. Introdução a Sucessão Testamentária
Direito de representação: A representação só ocorre na sucessão legítima, restringindo-se aos
descendentes do de cujus (art. 1.852, CC).
Tem por finalidade mitigar a regra de que o mais próximo exclui o mais remoto, permitindo, dessa forma, o chamamento à sucessão de parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia se vivo fosse (arts. 1.851 e 1.854, CC).
Por isso, o direito de representação é considerado uma ficção jurídica e aqueles que por esta forma sucedem, fazem-no por estirpe quando concorrem com outros descentes de grau mais próximo.
O representante, portanto, sub-roga-se nos direitos do pré-morto, exercendo direitos que o representado exerceria se vivo fosse.
Requisitos:
a) Prévio falecimento do representado quando da abertura da sucessão, ou ainda, verificadas: ausência (declara por sentença antes da morte do representado), indignidade (art. 1.816, CC), deserdação e comoriência.
b) Que o representante seja descendente do representado (art. 1.852, CC).
c) Que o representante tenha legitimação para herdar do representado, no momento da abertura da sucessão.
d) Que não haja solução de continuidade no encadeamento dos graus entre representante e representado.
e) Que reste, no mínimo, um filho do ‘de cujus’, ou na linha colateral um irmão do morto. Isso porque o direito de representação pode ocorrer na linha descendente (art. 1.852, CC) e na linha colateral em favor dos filhos dos irmãos falecidos (art. 1.853, CC).
Efeitos jurídicos: O principal efeito da representação é atribuir direito sucessório a quem não sucederia em virtude de existir herdeiros mais próximos, garantindo-se, assim, a igualdade entre os herdeiros descendentes.
Além disso, os netos, representando seus pais, devem trazer à colação as doações que seus pais receberam de seu avô, uma vez considerado que houve adiantamento de legítima (art. 544 e 2.009, CC).
Por fim, lembre-se, que o direito de representação não influencia no direito de concorrência do cônjuge sobrevivo, devendo o direito concorrente ser calculado antes da divisão da herança entre os herdeiros.
Introdução à sucessão testamentária: 
Conceito de testamento: Testamento é o ato pelo qual uma pessoa dispõe de seus bens para
depois de sua morte, ou faz outras declarações de última vontade.
bens, no todo ou em parte, ou faz determinações não patrimoniais, para depois de sua morte. Os efeitos obrigacionais e reais das disposições testamentárias não se 
produzem antes do falecimento do seu autor.
Principais características do testamento:
a)Negócio jurídico causa mortis – art. 1.857, 1.860 e 1.861, CC;
b)Unilateral – art. 1.858, CC;
c) Personalíssimo – art. 1.858 e 1.863, CC;
d)Revogável – art. 1.858, CC;
e)Gratuito ato de liberalidade – art. 1.789, 1.846 e 1.847, CC;
f) Solene – art. 1.864, 1.868 e 1.876, CC;
g)Disposição de última vontade – art. 1.857, CC;
h)Disposição de bens e direitos – art. 1.857, CC.
Restrições à liberdade de testar: 
Fundamentos jurídicos: Não se pode testar mais que a parte disponível da herança – art. 1.789, CC.
Não se pode testar conjuntamente, seja de forma simultânea, recíproca ou correspectiva – art. 1.863, CC.
Os analfabetos e os cegos só podem testar por instrumento público – art. 1.867 e 1.872, CC.
Não se pode testar na ausência de testemunhas – art. 1.864, 1.868 e 1.876, CC.
Não podem testar os incapazes na forma da lei – art. 1.860 e arts. 3º e 4º, CC.
Cálculo da legítima: Trata-se de parcela mínima do patrimônio hereditário (50% do acervo = legítima – art. 1.846, CC), direito do qual não podem os herdeiros necessários serem privados por testamento.
Frise-se, no entanto, que a legítima contém em si uma expectativa de direito, porque nada impede que o autor da herança aliene onerosamente todo seu patrimônio em vida e nada deixe a ser partilhado.
A legítima calcula-se tendo em vista o disposto no art. 1.847,CC [Colação = art. 2.002 e 2.012, CC].
Cláusulas restritivas: inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade.
1. Inalienabilidade (art. 1.911, CC e art. 1.848, CC): O objetivo da cláusula é proteger o beneficiário, pois evita a alienação ou disposição de bens ou direitos.
A cláusula se vitalícia perde a validade com a morte do herdeiro ou legatário. Em razão da instituição dessa cláusula, o beneficiário poderá usar, gozar e reivindicar os bens, faltando-lhe o direito de deles dispor ou alienar.
Se um bem é inalienável, significa dizer que também é impenhorável e incomunicável, mesmo que essas duas últimas cláusulas sejam omitidas (art. 1911, caput, do CC).
A Inalienabilidade divide-se em:
a) total ou parcial: conforme se aplique para todos os bens que compõe o patrimônio hereditário;
b) absoluta ou relativa: será absoluta quando o patrimônio recebido não puder ser transferido a qualquer pessoa sob qualquer forma; será relativa quando a proibição de transferência estiver restrita a certos bens e sob determinadas formas ou para pessoas específicas;
c) temporária ou vitalícia: será temporária quando permanecer somente até certo termo ou até a ocorrência de certa condição; será vitalícia quando durar toda a vida do beneficiário ou quando não indicado um termo.
2. Incomunicabilidade (art. 1.668, I, CC): A imposição desta cláusula impedirá que o patrimônio herdado comunique-se ao do cônjuge do herdeiro, em razão do regime de bens que o beneficiário esteja casado ou venha a casar-se. Desse modo, em caso de dissolução da sociedade conjugal, o patrimônio permanecerá com o beneficiário e não será objeto de meação.
A instituição isolada desta cláusula não impede o beneficiário de alienar o bem herdado e não o livra de penhora por dívidas. Em razão do disposto na Súmula 49 do STF, já posicionava-se a jurisprudência no sentido de afirmar que esta cláusula está contida na de
inalienabilidade.
3. Impenhorabilidade: Os bens gravados com esta cláusula não poderão ser objeto de penhora por dívidas do herdeiro e esse gravame poderá ser oponível a qualquer credor independente da origem do crédito e do tempo em que este tenha sido constituído.
A finalidade desta cláusula é proteger o beneficiário dos credores e garantir um patrimônio para seu sustento. A impenhorabilidade pode ser imposta isoladamente e neste caso não impede que o bem seja alienado.
A impenhorabilidade, assim como a inalienabilidade, resulta da lei (ex: art. 832 e 833 do CPC/15) ou da vontade. Havendo cláusula de impenhorabilidade ou de inalienabilidade, o bem será impenhorável por credores de qualquer natureza (Ver art. 834, CPC/15).
Capacidade para Testar e Formas Ordinárias de Testamento
Capacidade para testar:
Capacidade ativa e capacidade passiva:
Capacidade ativa: A capacidade para testar está definida no art. 1.860, CC.
Assim, podem testar as pessoas maiores de 16 anos, independente da assistência de seus pais, pois o testamento trata-se de ato personalíssimo; e as que tenham pleno discernimento da realidade.
O menor, no caso, age direta e pessoalmente.
Capacidade passiva: Possuem capacidade para adquirir as pessoas mencionadas nos arts.
1.798 e 1.799, CC.
Para receber por testamento:
1 - É preciso que o herdeiro instituído esteja vivo no momento da abertura da sucessão, uma vez que na sucessão testamentária não há direito de representação.
2 - Todos os herdeiros legítimos que possuem legitimidade sucessória podem ser beneficiados por testamento (art. 1.798, CC).
3 - Podem receber por testamento pessoas jurídicas já constituídas; e fundações cuja criação foi determinada pelo testador (art. 62, CC).
4 - O nascituro pode suceder por sucessão legítima ou testamentária (art. 1.798, CC).
5 - Podem receber por testamento os filhos da pessoa indicada pelo testador mesmo que não concebidos quando da abertura da sucessão
(trata-se, aqui, da filiação eventual e não se confunde com o fideicomisso – art. 1.952, CC).
Lembre-se, no entanto, que o filho deve ser concebido até dois anos
contados da abertura da sucessão (art. 1.800, §4º , CC), esgotado o prazo e não concebido o herdeiro, a cláusula testamentária resta ineficaz e os bens transmitidos aos herdeiros legítimos.
6 - Grande controvérsia há em torno da reprodução assistida ‘post mortem’.
Mas a doutrina não é unânime quanto a essa possibilidade, sendo inclusive divergente quanto a ser os embriões congelados nascituros ou prole eventual.
b. Incapacidades: Não possuem capacidade para adquirir as pessoas referidas no art.
1.801, CC.
c. Hipóteses não geradoras de incapacidade: A senectude (idade avançada), a proximidade da morte, o fato de estar o testador acometido por moléstia grave ou internado em hospital,
forte emoção, a ausência, a falência, a insolvência, entre outros, não
são suficientes, por si só, para afastar a capacidade para testar.
A capacidade só restará afastada se outras circunstâncias demonstrarem não estar o testador em pleno gozo do discernimento necessário ao ato. Deve-se ainda lembrar que o ordenamento brasileiro não admite os intervalos lúcidos, nem, tampouco, admite atos de confirmação posteriores.
d. Impugnação da validade do testamento: A capacidade deverá ser verificada no momento em que o testador faz o testamento (art. 1.861, CC), sendo portanto aplicável a lei vigente no
momento da feitura do testamento e não a lei do momento da abertura da sucessão.
Formas Ordinárias de Testamentos:
a. Noções gerais:
Quanto à forma os testamentos dividem-se em ordinários e especiais, não havendo hierarquia entre elas e vedando-se sua utilização híbrida (ou combinada).
Os ordinários dividem-se (art. 1.862, CC) em público, cerrado e particular. Os especiais (art. 1.886, CC) são o marítimo, o aeronáutico e o militar e assim são chamados porque só podem ser utilizados em situações muito específicas.
A todas as formas o legislador impôs solenidades não apenas para assegurar que efetivamente representem a livre manifestação de vontade do testador, como também, para permitir que este reflita sobre o seu ato.
Portanto, a forma é da essência do testamento (‘ad solemnitatem’) e a sua inobservância leva à nulidade absoluta do ato (art. 104, CC).
Quanto a Forma o testamento pode ser: 
Testamento Ordinário ou Comum (art. 1.862, CC):
1. Testamento Público (art. 1.864 a 1.867, CC), 
2. Testamento Cerrado (art. 1.868 a 1.875, CC),
3. Testamento Particular (art. 1.876 a 1.880, CC),
Testamento Especiais (art. 1.886, CC):
1. Testamento Marítimo (art. 1.888 a 1.892, CC),
2. Testamento Aeronáutico (art. 1.888 a 1.892, CC);
3. Testamento Militar (art. 1.893 a 1.896, CC).
Outras espécies de testamento:
1. Testamento Conjuntivo (art. 1.858 e 1.863 CC);
2. Testamento Nuncupativo (art. 1.896, CC);
3. Testamento Biológico.
Testamento Público (art. 1.864 a 1.867, CC): Testamento público, aberto ou autêntico é feito perante tabelião de notas ou seu substituto legal, que escreve as declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos, observando- se os requisitos previstos no código civil.
Testamento Cerrado (art. 1.868 a 1.875, CC):Testamento cerrado, secreto ou místico é o escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por aquele assinado, ficando sujeito à aprovação por parte do tabelião ou seu substituto legal.
O testamento cerrado compõe-se de duas partes: a cédula ou carta testamentária e o auto ou instrumento de aprovação, exarado pelo tabelião.
Testamento Particular (art. 1.876 a 1.880, CC): Testamento particular, privado ou hológrafo (do grego: holos -inteiroou completo - e graphein - escrever): é a mais simples das formas ordinárias de testamento.
Testamento Biológico ou testamento vital: Trata-se deinstruções prévias ou diretivas antecipadas, é o documento pelo qual uma pessoa física, plenamente capaz, manifesta sua vontade de se submeter ou não a certas técnicas médico-terapêuticas, na hipótese de vir a se encontrar em estado terminal ou de sofrer lesão traumática cerebral irreversível.
Testamento Conjuntivo (art. 1.858 e 1.863 CC): O testamento conjuntivo, conjunto ou de mão comum é o feito no mesmo ato, por duas ou mais pessoas.
A proibição é substancial, seja o testamento simultâneo , os que fazem
disposições em favor de terceiro, seja recíproco , se um testador
favorece o outro e vice-versa, seja correspectivo além da reciprocidade, cada testador beneficia o outro na mesma proporção em que este o tiver beneficiado, caso em que a interdependência, a relação causal entre as disposições, é mais intensam.
A vedação é justificada na regra geral em que se proíbe qualquer forma de pacto sucessório (ou negócio jurídico sobre herança de pessoa viva – art. 426, CC), além de descaracterizar a hipótese a possibilidade de revogação do testamento.
Testamento Nuncupativo (art. 1.896, CC):Testamento nuncupativo, ou testamento de viva voz, in articulo mortis.
Trata-se da única exceção à regra de que os testamentos devem ser celebrados por escrito.
O testamento nuncupativo se realiza com a declaração oral do testador, empenhado em combate ou ferido, a duas testemunhas.
Codicilos. Formas de Testamento. Interpretação do Testamento
Codicilo (art. 1.881 a 1.885, CC): Trata-se de palavra de origem latina, diminutivo de
codex, significando pequeno rolo, pequeno escrito. Daí vem a ideia de que codicilo é um
pequeno testamento, ou um testamento menor. (Eduardo de Oliveira Leite, 2005)
O codicilo parece-se com o testamento, mas é muito menos que o testamento.
O codicilo é o ato de disposição de última vontade, causa mortis,
em que o outorgante determina providências sobre o seu enterro, dá esmolas de pouca monta, lega bens de pequeno valor (art. 1.881).
Objeto: O objeto do codicilo está descrito nos arts. 1.881 e 1.882, CC. O codicilo também pode conter a nomeação ou a substituição de testamenteiros (art. 1.883, CC); reconhecimento de filho (art. 1.609, II, CC); destinação de verbas para sufrágio de sua alma (art. 1.998, CC); reabilitação do indigno (art. 1.818, CC).
Não se pode fazer por codicilo a nomeação de herdeiros e legatários.
É, portanto, possível a coexistência de testamento e codicilo, uma vez que neste só serão feitas disposições que não foram feitas naquele.
Requisitos:
1. Subjetivos: Toda pessoa com capacidade de testar pode dispor em codicilo (art. 1.860,
CC).
2. Objetivos: Trata-se de disposição que compreenda bens patrimoniais e não patrimoniais. 
Quanto ao objeto é necessário que as disposições sejam de bens ou vantagens lícitas possíveis, determinados ou determináveis.
Formais: forma manuscrita e particular, ou seja, de próprio punho (art. 1.881,
CC) é requisito essencial do codicilo, porém, assim como no testamento
particular, admite-se a forma datilografada e a digitalizada, desde que numeradas e assinadas todas as páginas.
Caso o codicilo tenha sido feito em caráter fechado, dar-se-á do mesmo
modo que o testamento cerrado (art. 1.885, CC). O codicilo também pode ser efetuado por escritura pública, aberto ou da forma cerrada, desde que tenham sido observadas as regras contidas para esses institutos.
Outro requisito é a data, indispensável para a validade do documento, ao contrário para o caso do testamento.
Outro requisito é a assinatura, que é admitida somente na forma holográfica, não se admitindo assinatura a rogo.
Espécies:
Codicilo Autônomo: Quando instituído pelo autor da herança independentemente de
 ter deixado Testamento (art. 1882, CC)
 Codicilo Complementar: Quando instituído pelo autor da herança tiver deixado Testamento.
Assim, “o indivíduo pode outorgar um codicilo, quer tenha feito, ou não, testamento. O codicilo conviverá com o testamento, integrando-o, completando-o, nos assuntos em que puder o seu autor regular através desse ato. Se o outorgante não tiver testamento, o codicilo terá vida isolada, respeitando-se, quanto ao resto, as regras da sucessão legítima”.
Testamento Especiais (art. 1.886, CC):
1. Testamento Marítimo (art. 1.888 a 1.892, CC): O testamento marítimo pode ser realizado a bordo de navios de guerra ou mercantes, observadas as regras gerais de capacidade para testar. É forma de testar que pode ocorrer de duas maneiras: uma que se assemelha ao
testamento público e outra que se assemelha ao testamento cerrado.
Aquela exige que o comandante o elabore.
O testamento marítimo em regra perde a eficácia se o testador não falecer durante a viagem ou nos noventa dias subsequentes ao desembarque (art. 1.891, CC).
2. Testamento Aeronáutico (art. 1.888 a 1.892, CC): Trata-se de inovação trazida pelo Código Civil em atenção ao desenvolvimento e popularização deste meio de transporte. É o testamento feito a bordo de aeronave civil ou militar com bandeira brasileira (art.
1.889, CC), podendo dele utilizar-se passageiros, tripulantes e a pessoa designada como comandante. Aplicam-se os mesmos preceitos e requisitos previstos para o testamento marítimo, inclusive quanto à caducidade.
Testamento Militar (art. 1.893 a 1.896, CC): Destaca-se que a pessoa não precisa estar a serviço militar, basta que esteja submetida à situação bélica ou em local com comunicações interrompidas para poder fazer uso desta forma de testar.
O testamento militar pode ser feito de três formas:
semelhante ao testamento público em que o comandante atuará como tabelião, ou o oficial de saúde ou o diretor do hospital em que estiverrecolhido o testador (art. 1.893, CC);
semelhante ao testamento cerrado em que o testador entrega a cédula ao auditor ou oficial de patente que lhe faça as vezes nesse mister, na presençade duas testemunhas (art. 1.894, CC); e
nuncupativo feito de viva voz perante duas testemunhas (art. 1.896, CC); mas nada obsta que se use a forma particular (art. 1.876, CC) e aexcepcional (art. 1.879, CC).
Em qualquer das formas o testamento é lavrado por autoridade militar perante duas testemunhas (se o testador puder e souber ler e assinar); ouna presença de três testemunhas (se o testador não puder ou não souber assinar, assinando uma delas a rogo).
Interpretação dos testamentos (art. 1.899, CC): A interpretação de disposição testamentária, o aspecto subjetivista prevalece, e o que se tem de permitir e revelar é a vontade do testador, a real vontade do testador.
Interpretar é revelar o verdadeiro sentido e alcance do ato e, por isso, a
interpretação das disposições testamentárias deve, antes de tudo, preservar
(no que for possível) a vontade do testador.
Aplica-se na interpretação do testamento as mesmas regras que dizem respeito aos contratos.
Prevalece como regras gerais os art. 112 a 114, CC.
Dentre as regras interpretativas destacam-se:
1- Nos testamentos deve prevalecer o fator subjetivo, com verificação do vocabulário usual do testador e o significado das palavras no ambiente em que vivia. (art. 112, CC).
2- Sendo a deixa testamentária negócio jurídico gratuito, deve-se interpretar restritivamente (art. 114, CC).
3- Eventuais prazos fixados em testamento devem ser interpretados em favor do herdeiro (art. 133, CC).
4- Aos testamentos, em regra, é aplicado o processo filológico ou gramatical, procurando-se entender o sentido literal das palavras inseridasno ambiente do testador (art. 1.899, CC).
5-Sendo contemplados pobres e estabelecimentos de caridade ou assistência social, sem a identificação dos beneficiários, deve-se entender como tais os necessitados ou instituições assistenciais do domicílio dotestador (art. 1.902, CC).
6- Admite-se a produção de provas extrínsecas (cartas, e-mails, vídeos, etc.)ao testamento para que seja possível elucidar dúvida quanto ao herdeirou legatário beneficiado, ou sobre a coisa legada (art. 1.903, CC).
7- Quando nomeados vários herdeiros sem a indicação da quota de cada um, presume-se proporcionalmente dividida a deixa testamentária(art.1.904, CC).
8- A nomeação de herdeiros individualmente importa a divisão de quotas de acordo com os indivíduos ou grupos indicados (art. 1.905, CC).
9- A não absorção de quotas dos herdeiros nomeados acarreta o retorno do remanescente à legítima (art. 1.906, CC).
10- Quando nomeados vários herdeiros, indicando-se apenas as quotas para alguns; primeiro se cumprem as cotas determinadas aos legatários e o remanescente se divide proporcionalmente entre os demais herdeiros (art.1.907, CC).
11- Havendo bem remanescente, voltará este aos herdeiros legítimos, conforme a ordem de vocação hereditária (art. 1.908, CC).
Disposições testamentárias (art. 1.897 a 1.911, CC): As disposições testamentárias diz respeito ao que o testador pode ou não instituir no corpo do testamento, seja em relação aos bens e direitos, seja em relação aos herdeiros ou legatários.
Do conteúdo do testamento: São válidas as disposições feitas nos termos dos arts. 1.897, 1.901, 1.902, 1.904 a 1.908, CC/02.
São nulas as disposições feitas nos termos dos arts. 1.898 e 1.900, CC/02;
São anuláveis as disposições feitas nos termos dos arts. 1.903, 1.909, 1.910, CC/02.
Das regras Permissivas e Proibitivas das Disposições Testamentárias: 
1- As disposições testamentárias podem ter natureza patrimonial ou extrapatrimonial (disposição do corpo para fins altruísticos ou científicos, nomeação de tutor, reconhecimento de filho, reabilitação do indigno, entre outras).
2- O testamento destina-se a beneficiar pessoa natural ou jurídica. Não pode ser utilizado para beneficiar animais, coisas ou entidades místicas.
3- Havendo herdeiros necessários deve ser preservada a legítima (art. 1.845, CC).
4- A nomeação de herdeiro ou legatário pode ser pura e simples ou subordinada a condição (resolutiva ou suspensiva) ou encargo (art. 1.897, CC).
No entanto, vale lembrar, não é possível a designação de tempo para que comece ou cesse o direito de herdeiro, exceto quando a disposição for fideicomissária (art. 1.898, CC). Situação diversa é a do legatário que pode ser nomeado a termo (art. 1.924, CC).
5- São vedados os testamentos conjuntivos (art. 1.863, CC).
6- São vedadas as disposições sob condição captatória, ou seja, quando se nomeia alguém herdeiro sob a condição de depois ser nomeado como seu herdeiro ou que nomeie terceiro como beneficiário (art. 1.900, I, CC). Uma vez realizada esse pacto negocial, impõe-se a sua nulidade absoluta.
7- São nulas as disposições feitas a pessoas incertas (art. 1.900, II, CC) quando não for possível se averiguar sua identidade. Aceitam-se, por isso, as nomeações de pessoas determináveis (ex.: quem for o vencedor da prova, quem realizar o melhor trabalho, etc.).
A pessoa não precisa ser certa no momento da feitura do testamento, mas precisa ser determinada no momento da abertura da sucessão.
8- São nulas as disposições feitas a pessoas incertas transferindo a terceiro a determinação da pessoa a ser beneficiada, ressalvadas as exceções dos arts. 1.901 e 1.902, CC (art. 1.900, III,CC).
9- São nulas as disposições que deixam ao herdeiro ou a terceiro o arbítrio de fixar o valor do legado (art. 1.900, IV, CC).
10- São nulas as disposições que favorecem as pessoas indicadas nos arts. 1.801 e 1.802, CC (art. 1.900, V, CC).
11- São anuláveis as disposições testamentárias viciadas por erro, dolo ou coação (art. 1.909, CC).
12- Pode-se anular uma cláusula testamentária, sem que isso gere necessariamente a nulidade do testamento (arts. 1.903 e 1.910, CC). No entanto, haverá ineficácia ‘lato sensu’ se a disposição nula contaminar outras cláusulas.
Restrições ao direito do herdeiro e do legatário:
Da Inalienabilidade (art. 1.911, CC e art. 1.848, CC): A cláusula se vitalícia perde a validade com a morte do herdeiro ou legatário. Em razão da instituição dessa cláusula, o beneficiário poderá
usar, gozar e reivindicar os bens, faltando-lhe o direito de deles dispor ou alienar. A inalienabilidade divide-se em:
a) total ou parcial: conforme se aplique para todos os bens que compõe o patrimônio hereditário;
b) absoluta ou relativa: será absoluta quando o patrimônio recebido não puder ser transferido a qualquer pessoa sob qualquer forma; será relativa quando a proibição de transferência estiver restrita a certos bens e sob determinadas formas ou para pessoas específicas;
c) temporária ou vitalícia: será temporária quando permanecer somente até certo termo ou até a ocorrência de certa condição; será vitalícia quando durar toda a vida do beneficiário ou quando não indicado um termo.
Da Incomunicabilidade (art. 1.911, CC c/c 1.668, I, CC): A imposição desta cláusula impedirá que o patrimônio herdado comunique-se ao do cônjuge do herdeiro, em razão do regime de bens que o beneficiário esteja casado ou venha a casar-se. Desse modo, em caso de
dissolução da sociedade conjugal, o patrimônio permanecerá com o beneficiário e não será objeto de meação.
A instituição isolada desta cláusula não impede o beneficiário de alienar o bem herdado e não o livra de penhora por dívidas. Em razão do disposto na Súmula 49 do STF, já posicionava-se a jurisprudência no sentido de afirmar que esta cláusula está contida na de inalienabilidade.
Da Impenhorabilidade (art. 1.911, CC/02 – art. 832 e 833, CPC/2015): Os bens gravados com esta cláusula não poderão ser objeto de penhora por dívidas do herdeiro e esse gravame poderá ser oponível a qualquer credor independente da origem do crédito e do tempo em que este tenha sido constituído.
A finalidade desta cláusula é proteger o beneficiário dos credores e garantir um patrimônio para seu sustento. A impenhorabilidade pode ser imposta isoladamente e neste caso não impede que o bem seja alienado. A cláusula de inalienabilidade, por sua vez, importa na impenhorabilidade.
Legados 
O Legado trata-se de uma liberalidade feita em testamento a uma pessoa determinada.
O Legado é coisa certa e determinada deixada a alguém, denominado legatário, em testamento ou codicilo.
No direito pátrio, todo legado constitui liberalidade mortis causa a título singular.
Trata-se, o legado, de negócio jurídico realizado por meio de disposição testamentária em que há, pelo menos, três partes:
Testador = legante;
Legatário ou honrado = beneficiado (pessoa natural ou jurídica);
Herdeiro = onerado (quem deve cumprir o legado).
O objeto dos legados é amplo, podendo abranger: bens móveis e imóveis; corpóreos e incorpóreos; alimentos; direitos reais como o usufruto; entre outros.
Distinção entre herdeiro testamentário e legatário: Herdeiro testamentário é aquele que recebe a herança a título universal e o Legatário aquele que recebe a herança a título singular.
Ambos são considerados apenas em termos da sucessão testamentária. O legatário não é herdeiro, embora o herdeiro possa receber bens e direitos determinados pelo testador.
Classificação:
Espécies de Legado:
1. Quanto à Declaração Testamentária:
a) legado puro e simples (art. 1.897, CC);
b) legado condicional (art. 1.897, CC);
c) legado a termo (art. 1.897, CC);
d) modal ou com encargo (art. 1.897, CC);
2. Quanto ao objeto:
a) de coisa alheia (art. 1.912, CC);
b) de coisa comum (art. 1.914, CC);
c) de coisa singularizada (art. 1.916, CC);
d) de coisa alternativa (art. 1.932, CC);
e) de coisa ou quantidade localizada (art. 1.917, CC);
f) de crédito (art. 1.918, CC);
g) de quitação de dívida (art.1.919, CC);
h) de alimentos (art. 1.920, CC);
i) de usufruto (art. 1.921, CC);
j) de imóvel (art. 1.922, CC).
Efeitos dos legados:
a) de coisa alheia (art. 1.912, CC) ineficaz
Exceções:
a.1) Legado de coisa do herdeiro ou do legatário (art. 1.913, CC) →deve ser cumprido por estes - art. 1.935, CC;
a.2) Legado determinado pelo gênero ou espécie (art. 1.915, CC) →deve ser escolhido pelo herdeiro - art. 1.929 e 1.930, CC;
b) de coisa comum (art. 1.914, CC) → deve ser cumprido pelo herdeiro ou legatário, sob pena de renúncia;
c) de coisa singularizada (art. 1.916, CC) → deve ser requerida aos herdeiros, pois não se defere de imediato – art. 1.923 e 1.924, CC;
d) de coisa alternativa (art. 1.932, CC) → deve ser escolhida segundo opção do herdeiro, cabendo direito de representação na opção – art. 1.933, CC;
e) de coisa ou quantidade localizada (art. 1.917, CC) → deve ser cumprida no lugar que se encontra, salvo se removia do título transitório; 
f) de crédito (art. 1.918, CC) → cumpre-se entregando o herdeiro ao legatário o título respectivo e não compreende as dívidas posteriores ao testamento;
g) de quitação de dívida (art. 1.919, CC) → a compensação requer declaração expressa do testador e subsiste mesmo se posterior ao legado e o testador a houver quitado antes de morrer;
h) de alimentos (art. 1.920, CC) → sob a forma de renda ou pensão periódica nos termos dos arts. 1.926 a 1.928, CC;
i) de usufruto (art. 1.921, CC) → na forma do art. 1.923, §2º, CC;
j) de imóvel (art. 1.922, CC) → na forma do art. 1.923, CC;
k) modal ou com encargo (art. 1.897, CC) → sujeito as mesmas regras da doação modal – art. 1.938, CC.
As despesas e os riscos do legado são por conta do legatário (art. 1.936, CC); e a coisa legada será entregue com os acessórios (art. 1.937, CC).
Responsabilidade pelo pagamento do legado: Em razão do art. 1.784, que consagra o princípio da saisine, aos herdeiros transmite-se a herança, desde a abertura da sucessão. O art. 1.923, CC/02 dispõe que, desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, existente no acervo. Porém o legatário não adquire a posse direta da coisa legada, nem nela pode entrar por autoridade própria, tendo que formular pedido aos herdeiros.
A propriedade do legado também não se transmite, desde logo, ao legatário, se a deixa estiver sujeita a condição suspensiva, pois, enquanto esta não se verificar, não se terá adquirido o direito.
Porém, o domínio da coisa certa se transmite ao legatário, com a abertura da sucessão, ainda que o legado esteja submetido a termo inicial, pois este suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
O pagamento legado é feito mediante pedido ao herdeiro, ao legatário ou testamenteiro (art. 1.934 e 1.935, CC/02). Não havendo designação de quem o execute, pode ser pedido a todos os herdeiros instituídos.
Caducidade do legado e seus efeitos jurídicos: A caducidade inutiliza disposição originariamente válida, atuando, pois, não no plano da validade, mas no da eficácia.
Caducidade é a ineficácia do testamento ou de cláusula testamentária por fato superveniente (art. 1.788, parte final, CC/02).
As causas de caducidade do legado estão descritas nos arts. 1.939 e 1.940, CC/02).
A estas causas somam-se a incapacidade ou falta de legitimação do legatário (arts. 1.801 e 1.802, CC) ou a renúncia do legatário (art. 1.943, CC).
Restrições ao direito do herdeiro e do legatário:
Da Impenhorabilidade: Os bens gravados com esta cláusula não poderão ser objeto de penhora por dívidas do herdeiro e esse gravame poderá ser oponível a qualquer
credor independente da origem do crédito e do tempo em que este tenha sido constituído.
A finalidade desta cláusula é proteger o beneficiário dos credores e garantir um patrimônio para seu sustento. A impenhorabilidade pode ser imposta isoladamente e neste caso não impede que o bem seja alienado. A cláusula de inalienabilidade, por sua vez, importa na
Impenhorabilidade.
Substituições. Direito de Acrescer
Direito de Acrescer (art. 1.941 a 1.946, CC): O direito de acrescer (Jus accrescendi ou Jus non decrescendi) ocorre quando os coerdeiros ou colegatários, nomeados conjuntamente, feita na mesma disposição testamentária, em quinhões não determinados, ficam com a parte que caberia a outro coerdeiro (ou outros coerdeiros) que não quis ou não pôde aceitá-la.
Este direito pressupõe a disposição conjunta, e que caduque o direito de algum dos instituídos. Aquele que não pôde ou não quis aceitar a herança é tido como se não tivesse existido; e o que iria lhe caber vai aumentar a parte dos herdeiros que com ele concorriam.
Na sucessão testamentária não havendo herdeiros da mesma classe, e não havendo direito de representação, haverá o direito de acrescer. O mesmo ocorrerá com os legados quando instituídos vários herdeiros sem determinação de suas quotas ou forem instituídos vários legatários sobre um mesmo bem.
Assim temos esse direito na deixa testamentária comum de bens ou de pessoas, a saber:
→A conjunção re et verbis: o testador por meio de única disposição nomeia sucessor para uma coisa ou universalidade sem menção de frações.
→A conjunção re tantum: o testador por meio de disposições diferentes nomeia sucessores diversos para a mesma coisa.
→A conjunção verbis tantum: o testador por meio de única disposição nomeia mais de um sucessor para a mesma coisa com menção de frações ou quotas para cada pessoa nomeada.
Das Substituições: O instituto da substituição testamentária é meio conferido ao testador
de dar continuidade à cadeia sucessória (apenas na sucessão testamentária e legatária), indicando o substituto (que ainda não é herdeiro) a herdeiro ou legatário que falta, que não possa ou não queira receber a herança (art. 1.947, CC).
Cuida-se, dessa forma, de negócio jurídico unilateral, condicional e subsidiário em que o substituto só substitui o substituído com o implemento do evento futuro e incerto indicado pelo testador.
Instituída nos termos do art. 1.947, CC, a substituição trata-se da indicação de certa pessoa para recolher a herança, ou legado, se o nomeado faltar, ou alguém consecutivamente a ele. 
A substituição testamentária pode ser:
1. Vulgar ou ordinária (art. 1.947, CC/02): ocorre “quando o substituído é chamado para assumir a posição do nomeado anterior. Ou seja, constitui-se numa simples troca de titulares, condicionada ao primeiro herdeiro instituído ou legatário não assumir sua condição na herança”
A substituição vulgar pode ser:
a. Simples ou singular: quando há apenas um substituto.
b. Plural ou coletiva (art. 1.948, CC): se vários forem os substitutos simultâneos (art. 1.959, CC).
c. Não se pode nomear substituto para herdeiro necessário (quanto à sua parte na legítima); isso só pode acontecer quando este herdeiro é beneficiado como herdeiro testamentário.
d. A substituição vulgar irá acontecer mesmo que o testador só tenha se referido, por exemplo, a sua aplicação à causa de renúncia. Se o substituído por outro motivo não puder receber, entende-se que também será substituído pela pessoa indicada pelo testador.
2. Recíproca (art. 1.950, CC/02): ocorre quando o testador expressamente estabelece a reciprocidade entre os herdeiros instituídos. Ocorre quando são nomeados dois ou mais beneficiários que reciprocamente irão se substituir.
A substituição recíproca pode ser (art. 1.950, CC):
a) Geral: “havendo um mesmo número de herdeiros e de substitutos, com distribuição desigual de quinhões, instituída a substituição recíproca, é obedecida a proporção estabelecida”.
b) Particular ou especial: “ocorre quando o testador confere quotas desiguais entre os herdeiros e, além de impor reciprocidade entre eles, nomeia mais um substituto. Como o estranho não tem quota, que possa servir de base, a solução é dividir o quinhão vago em partes iguais”.
3. Fideicomissária (art. 1.951, CC/02): A substituição fideicomissária ocorre quando o testador nomeia um favorecido e, desde logo, designa um substituto, que recolherá a herança, ou legado, depois daquele,

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