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Turismo Ecologico I


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CURSO TÉCNICO DE MEIO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA DE ECOTURISMO 
 
 
APOSTILA I 
 
Prof. Laurindo Chaves Neto 
 
 
 
2009 
 
 2
1. HISTÓRIA E CONCEITO DE ECOTURISMO 
 
1.1. Introdução 
 
O turismo é uma atividade que tem crescido muito nas últimas décadas, 
tanto no Brasil quanto em diversas partes do mundo. A EMBRATUR (Instituto 
Brasileiro de Turismo) e o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na 
sigla em inglês) apontam que o número de estrangeiros que visitam o Brasil, 
anualmente, é de cerca de cinco milhões de pessoas, das quais mais de metade 
são provenientes de países da América do Sul, principalmente Argentina, Chile, 
Paraguai e Uruguai; seguidos de Estados Unidos, Alemanha, Espanha, França, 
Inglaterra, Itália e Portugal. 
No Brasil, alguns fatos importantes demonstram o crescimento do turismo. 
Investimentos do setor privado, com a construção de hotéis, parques temáticos e 
centros de convenção; assim como a criação de inúmeros cursos voltados à 
formação em turismo, desde cursos rápidos e técnicos até graduações (que 
atualmente são mais de 500, em todo o país) e pós-graduações. Por isso, a área 
precisa de profissionais capacitados, comunicativos e que, em algumas situações, 
tenham conhecimento de um idioma estrangeiro. 
O turismo, como o conhecemos hoje, é uma atividade iniciada em 1841, 
com a realização da primeira viagem organizada de que se tem registro. Foi uma 
excursão, na Inglaterra, entre as cidades de Leicester e Loughborough. Um jovem 
pregador batista, Thomas Cook, teve a idéia de alugar um trem a fim de levar os 
fiéis de sua igreja a um congresso antialcoólico. 
Segundo o conceito de turismo da Organização Mundial do Turismo, que é 
adotado no Brasil turismo é “uma atividade econômica representada pelo conjunto 
de transações – compra e venda de serviços turísticos – efetuados entre os 
agentes econômicos do turismo, gerado pelo deslocamento voluntário e 
temporário de pessoas para fora dos limites da área ou região em que têm 
residência fixa, por quaisquer motivos, excetuando-se o de exercer alguma 
atividade remunerada no local que visita”. 
O turismo, quando comparado com outras atividades, como a industrial ou 
agrícola, costuma causar menos problema à natureza e às pessoas. Contudo, se 
 3
mal planejado, pode promover grandes descaracterizações às paisagens naturais 
e culturais dos destinos turísticos. 
Nos anos 1970 e 1980, houve uma expansão dos locais turísticos, os quais 
foram saturados com infra-estrutura, equipamentos e serviços de apoio ao 
turismo. Tratou-se de uma fase de excessos, acentuada pela baixa qualidade das 
casas e infra-estrutura das localidades turísticas, onde predominou o concreto, o 
crescimento desordenado, a arquitetura urbana, falta de controle de efluentes. 
Com isso, grandes extensões de áreas acabaram transformando-se de 
destinações turísticas em locais de segundas residências, desabitadas fora da 
temporada de visitação. 
Vejam alguns exemplos problemáticos desse período: 
• aumento e esgotamento de recursos naturais; 
• grande quantidade de construções, descaracterizando a paisagem original; 
• aumento da produção de lixo e esgoto; 
• alteração de ecossistemas naturais devido à introdução de espécies 
exóticas (de fora da localidade) de 
• animais e plantas; 
• compra de lembranças produzidas a partir de elementos naturais escassos; 
• descaracterização cultural, com perda de valores tradicionais; 
• aumento do custo de vida, gerando inflação; 
• geração de fluxos migratórios para áreas de concentração turística; 
• adensamentos urbanos não planejados; 
• favelização. 
 
1.2. Breve Histórico 
O termo ecoturismo é recente, data da metade do séc XX, mas dos monges 
da era medieval e de viajantes naturalistas do séc XIX encontramos relatos sobre 
deslocamentos motivados por locais paradisíacos ou atrativos naturais exóticos. 
Encontramos neste comportamento o embrião do Ecoturismo. 
Podemos então destacar os antecedentes do que hoje conhecemos como 
ecoturismo: 
- caminhadas de longo curso, com a busca por novos conhecimentos e lugares; 
- expedições, como a procura pela fonte da eterna juventude, pelo “fim da terra”; 
- peregrinações por trilhas sagradas e áreas intocadas cultuadas por povos 
antigos. 
 4
Da Antigüidade aos meados do séc XX ficou clara a busca por um 
conhecimento cultural ou pelo interesse na natureza ou pelo interesse na 
sociedade. 
A história do ecoturismo está ligada a uma noção de turismo ao ar livre. 
Mas ele é mais do que isso, antes de mais nada é um posicionamento ambiental 
de conservação do patrimônio natural e cultural, tanto nas áreas naturais com não 
naturais. 
O ecoturismo é um segmento da atividade turística e, portanto, uma 
atividade humana. 
 
1.3. Mudanças a partir do Ano Internacional do Ecoturismo 
A OMT estabeleceu o ano de 2002 como o Ano Internacional do 
Ecoturismo.O objetivo foi chamar atenção dos governos e da comunidade 
internacional para as potencialidades que esse segmento do turismo possui e, 
ainda alertar sobre os impactos positivos e negativos no ambiente natural e 
cultural, onde existe este tipo de turismo. 
A OMT fortalece assim a terminologia Ecoturismo, o que passou a gerar 
maior facilidade no controle de sua utilização comercial, na fiscalização e 
indicação legal. 
No Brasil, a Embratur vem apresentando uma política de valorização desse 
segmento mediante publicações como as Diretrizes para uma política nacional de 
ecoturismo (1996) e, recentemente, com a criação dos Pólos de Ecoturismo 
(2000). 
O Ibama é o outro organismo estatal empenhado em incentivar a prática 
ecoturística, atuando por meio da criação de novas Unidades de Conservação – 
principalmente parques nacionais – e estabelecendo uma política de terceirização 
no atendimento de visitantes de algumas áreas. 
Para a Embratur (1994), a atividade ecoturística deve abranger como 
características conceituais: 
• à comunidade: melhores condições de vida e mais benefícios; 
 5
• ao meio ambiente: uma poderosa ferramenta na valorização dos recursos 
naturais; 
• à nação: uma fonte de riqueza, divisas e geração de empregos; 
• ao mundo: a oportunidade de conhecer e utilizar o patrimônio natural dos 
ecossistemas para onde convergem a economia e a ecologia, para o 
conhecimento e uso das gerações futuras. 
Atualmente, o ecoturismo se expande aproximadamente 20% ao ano. No Brasil, 
em 2001, 13,2% dos estrangeiros que visitaram o país eram ecoturistas. Esse 
crescimento do turismo na natureza reflete mudanças muito importantes na forma 
como os seres humanos observam e interagem com o ambiente natural. 
 
1.4. Turismo comum (clássico) x Ecoturismo (turismo ecológico) 
Das diferenças existentes entre o turismo comum (clássico) e o ecoturismo 
(turismo ecológico) ressalta-se que enquanto no turismo clássico as pessoas 
apenas contemplam estatisticamente o que elas conseguem ver sem muita 
participação ativa, no ecoturismo existe movimento, ação e as pessoas, na busca 
de experiências únicas e exclusivas, caminham, carregam mochilas, suam, tomam 
chuva e sol, tendo um contato muito mais próximo com a natureza. O ecoturismo 
ainda se diferencia por passar informações e curiosidades relacionados com a 
natureza, os costumes e a história local o que acaba possibilitando uma 
integração mais educativa e envolvente com a região. 
Considerando que o Ecoturismo é uma tendência em termos de turismo 
mundial que aponta para o uso sustentável de atrativos no meio ambiente e nas 
manifestações culturais, devemos ter em conta que somente teremos condições 
de sustentabilidade casohaja harmonia e equilíbrio no "diálogo" entre os 
seguintes fatores: resultado econômico, mínimos impactos ambientais e culturais, 
satisfação do ecoturista (visitante, cliente, usuário) e da comunidade (visitada). 
O ecoturismo é uma atividade sustentável e, por se preocupar com a 
preservação do patrimônio natural e cultural, diferencia-se do turismo predatório. É 
uma tendência mundial em crescimento e responde a várias demandas: desde a 
prática do esporte radical ao estudo científico dos ecossistemas. 
 6
 
1.5. Turismo Ecológico e Ecoturismo 
Ecologia: ciência que estuda a interação dos seres vivos com seu 
ambiente orgânico. 
Ecologia social: relação do homem com o meio ambiente, ressaltando a 
importância dos recursos naturais na realidade moderna e o uso racional destes 
recursos. 
Turismo Ecológico é o setor especializado do Turismo que se caracteriza 
por uma clara propensão demonstrada por seus praticantes em procurar viagens 
que os coloquem em contato íntimo com a natureza, dela desfrutando por simples 
observação ou estudo sistemático. 
Portanto, são atividades turísticas ligadas ao meio ambiente natural, em 
geral amadoras, onde os participantes mantêm estreito contato com a natureza. 
Referente ao turismo baseado na ecologia, que constitui uma forma de turismo 
especializado na natureza e dá ênfase a pequenas excursões em áreas naturais, 
podendo incluir visitas a locais de interesse cultural e tradicional. É dada 
prioridade ao desenvolvimento que respeite o ambiente (educação ambiental) e a 
utilização dos recursos naturais pelos visitantes. 
Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza de forma 
sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a 
formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, 
promovendo o bem estar das populações envolvidas. 
No Turismo Ecológico ocorre apenas o desfrute e a contemplação passiva 
dos recursos naturais, enquanto que no Ecoturismo ocorre uma simbiose do 
turista com os atrativos naturais e culturais. 
 
1.6. Conceito de Ecoturismo 
A terminologia ECOTURISMO – absorvida com o tempo pelo trade turístico 
– foi conceituada pela Embratur, em 1991, como: 
“Turismo desenvolvido em localidades com potencial ecológico, de forma 
conservacionista, procurando conciliar a exploração turística com o meio 
 7
ambiente, harmonizando as ações com a natureza, bem como oferecer aos 
turistas um contato íntimo com os recursos naturais e culturais da região, 
buscando a formação de uma consciência ecológica.” 
Na definição do MICT/MMA de março de 1995, temos: 
“Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma 
sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva a sua conservação e busca a 
formação de uma cultura ambientalista através da interpretação do ambiente, 
promovendo o bem-estar das populações envolvidas”. 
Martha Honey, 1999, propôs a seguinte definição: 
“Ecoturismo envolve viagens a áreas conservadas, frágeis e em geral protegidas, 
com o compromisso de serem de mínimo impacto e (usualmente) em grupos 
pequenos. O ecoturismo incentiva a educação viajante, recursos para a 
conservação, direciona benefícios para o desenvolvimento econômico e 
fortalecimento político das comunidades locais e promove o respeito por culturas 
diferentes e pelos direitos humanos”. 
Segundo The Ecotourism Society : 
“Ecoturismo é a viagem responsável a áreas naturais, visando preservar o meio 
ambiente e promover o bem-estar da população local”. 
David Western no prefácio do livro Ecoturismo: guia de planejamento e 
gestão, Ed. SENAC, 1995. define: 
“Ecoturismo é provocar e satisfazer o desejo que temos de estar em contato com 
a natureza, é explorar o potencial turístico visando à conservação e ao 
desenvolvimento, é evitar o impacto negativo sobre a ecologia, a cultura e a 
estética”. 
Analisando todas estas definições podemos concluir que o Ecoturismo: 
? É uma atividade econômica; 
? Promove o uso sustentável dos recursos; 
? Busca a conscientização ambiental; 
? Envolve as populações locais. 
 
 
 
 8
2. CARACTERÍSTICAS DO ECOTURISMO 
 
Chaves & Omarzabal (1989) afirmam que o ecoturismo deve apresentar as 
seguintes características: 
• Possuir um caráter disciplinar em todas as etapas de seu desenvolvimento; 
• Necessitar de uma organização adequada e de discernimento com vistas a 
evitar grandes grupos de visitantes, já que os ecoturistas aspiram desfrutar 
da exclusividade e privacidade; 
• Proporcionar opções de visitas e excursões dirigidas; 
• Englobar grupos que desejam contato mais estreito com as populações 
locais para conhecer seus costumes e sua cultura; 
• Constituir-se de grupos exigentes quanto ao tratamento de algumas 
questões éticas, ecológicas ou ambientais; 
• Proporcionar atividades de relaxamento com outras de índole desportiva, 
tais como caminhadas, escaladas, ciclismo, etc. 
Em 1994, um grupo multidisciplinar formado por representantes dos mais 
diversos segmentos interessados dos setores governamentais e privado, analisou 
e estabeleceu bases para a implantação de uma Política Nacional de Ecoturismo, 
de forma a assegurar: 
• a dimensão do conhecimento da natureza, 
• a experiência educacional interpretativa, 
• a valorização das culturas tradicionais locais, e 
• a promoção do desenvolvimento sustentável. 
 
2.1. Caracterização da oferta ecoturística 
 O ecoturismo pode ser ofertado de forma fragmentada ou desenvolvido, em 
segmentos, proporcionando vários produtos devido as particularidades dos 
ecossistemas e dos recursos naturais visitados. 
 Bozzano (2001) apresenta um resumo dos principais ecotemas (tipos de 
temas ecoturísticos) encontrados em nosso planeta: 
 
 
 9
ECOTEMAS AMBIENTES SIGNIFICAÇÃO 
Paisagem e 
ecossistemas de 
montanhas, glaciares, 
vulcanismo. 
Áreas de montanha, 
vulcões altiplanos. 
Valorização paisagística, 
conhecimentos de fenômenos 
geológicos e formas de vida. 
Biodiversidade, 
ecossistemas, fauna e 
flora. 
Áreas de selva, 
bosques, manguezais, 
alagados e uma gama 
variada de 
ecossistemas. 
Interpretação de inter-relações e 
processos dos ecossistemas, 
espécies de flora e fauna. 
Espeleologia. Cavernas, grutas. Formações geológicas, 
elementos singulares, usos 
antrópicos, traços culturais, biota.
Biota e paisagens 
marinhas, avifauna, 
flora e geologia. 
Zonas marinho-
costeiras. 
Caracterização de paisagens, 
formações geológicas e biota 
associada. 
Insularidade, 
geomorfologia, 
fragilidade, adaptação. 
Ambientes insulares, 
arquipélagos 
Caráter de isolamento análise de 
processos de evolução e 
diferenciação de unicidade e 
endemismo de espécies, 
intervenção antrópica 
Manejo de água, 
hidrologia, conservação 
de nascentes. 
Áreas lacustres, 
quedas d´água e rotas 
fluviais. 
Contemplação de paisagem, 
valores de produção, uso e 
conservação de recursos 
hídricos. Obras humanas e usos.
Termalismo. Fontes termais, 
balneários, mananciais 
e águas minerais. 
Propriedades medicinais e de 
recuperação na natureza. 
Interesse por lugares e práticas 
tradicionais, banhos rituais. 
Interação entorno 
cultural-ambiente 
natural. 
Áreas culturais 
históricas, centros e 
monumentos, zonas 
arqueológicas, 
entornos naturais e 
urbanos. 
Valores testemunhais, 
singularidade e diferenciação 
histórico-cultural relevante, 
ecologia humana. 
Etnografia, interação 
ecocultural. 
Territórios indígenas, 
comunidades 
tradicionais, 
assentamentos. 
Identidade cultural, adaptação ao 
meio, entornos naturais 
modificados por práticas 
tradicionais, convivência cultural.
Agronaturalismo. Espaços rurais,paisagem cultural ou 
modificada. 
Produção sustentável, cultivos 
agroecológicos, processos de 
recuperação de solos, 
reflorestamento, 
agroreflorestamento. 
 10
3. CLASSIFICAÇÃO DO ECOTURISMO 
 
Para que uma atividade se classifique como ecoturismo, são necessárias 
quatro condições básicas: 
1-respeito às comunidades locais; 
2-envolvimento econômico efetivo das comunidades locais; 
3-respeito às condições naturais e conservação do meio ambiente; 
4-interação educacional - garantia de que o turista incorpore para a sua vida 
o que aprende em sua visita, gerando consciência para a preservação da natureza 
e dos patrimônios histórico, cultural e étnico. 
 
3.1. Tipos de Ecoturismo 
a) Ecoturismo Científico 
Estudos e Pesquisas Científicas em Botânica, Arqueologia, Paleontologia, 
Geologia, Zoologia, Biologia, Ecologia, etc. 
b) Ecoturismo Educativo 
Observação da Vida Selvagem (fauna e flora),Interpretação da Natureza, 
Orientação Geográfica, Observação Astronômica. 
c) Ecoturismo Lúdico e Recreativo 
Caminhadas,Acampamentos, Contemplação da Paisagem, Banhos e 
Mergulhos, Jogos e Brincadeiras, Passeios Montados, etc. 
d) Ecoturismo de Aventura 
"Trekking", Montanhismo, Expedições, Contatos com Culturas Remotas, etc. 
e) Ecoturismo Esportivo 
Escalada, Canoagem, "Rafting", Bóia Cross, Rapel, "Surf", Vôo livre, 
Balonismo, etc. 
f) Ecoturismo Étnico 
Contatos e integração cultural do ecoturista com populações autóctones 
(primitivas/nativas) que vivem em localidades remotas em estreita relação com 
a natureza. 
 
 11
g) Ecoturismo Naturista 
Prática do "Nudismo" ao ar livre e junto à natureza. 
h) Gastronomia 
Oferecer alimentos naturais, locais e livres de contaminação. 
O ecoturismo é uma das facções do turismo que mais cresce no mundo 
inteiro. Porém, devem existir limites a este crescimento, pois os recursos naturais 
são finitos. Se o ecoturismo é viver de acordo com seu potencial, contribuindo 
para a qualidade ambiental, deve ser necessário permanecer restrito. Deve 
permanecer uma base de empenho fundamentada na economia local, sendo fonte 
de orgulho e envolvimento da população e não sendo somente um veículo de 
lucro. 
Utilizado como instrumento para preservação biológica e promoção do 
desenvolvimento sustentável, o advento do ecoturismo deve ser aplicado de forma 
benéfica, visando à conservação dos ecossistemas. Ele pode ser uma parte para 
se solucionar os problemas de conservação de áreas frágeis, mas ele deve ser 
reconhecido somente como parte de um grande quadro ambiental e econômico. 
 
4. SUSTENTABILIDADE E ECOTURISMO 
 
4.1. Desenvolvimento sustentável 
 “O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do 
presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às 
suas próprias necessidades”. 
 
4.2. Aspectos prioritários da sustentabilidade 
• satisfação das necessidades básicas da população em geral; 
• a solidariedade para com as gerações futuras; 
• a preservação dos recursos naturais 
• a elaboração de um sistema social que procure eliminar a miséria e a 
exclusão social , os preconceitos , afirme todas as formas de tolerância e 
de respeito à pessoa humana; 
 12
• a participação da população envolvida na tarefa de propor e trabalhar na 
construção de um novo modelo de desenvolvimento 
• efetivar programas educativos e de aperfeiçoamento técnico-profissional, 
que busquem fornecer sólida formação humana e profissional. 
 
4.3. As Cinco Dimensões da Sustentabilidade 
a) A sustentabilidade social – que se entende como a criação de um 
processo de desenvolvimento sustentado por uma civilização com maior 
equidade na distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir o abismo 
entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres. 
b) A sustentabilidade econômica – que deve ser alcançada através do 
gerenciamento e alocação mais eficientes dos recursos e de um fluxo 
constante de investimentos públicos e privados. 
c) A sustentabilidade ecológica – que pode ser alcançada através do 
aumento da capacidade de utilização dos recursos, limitação do consumo 
de combustíveis fósseis e de outros recursos e produtos que são 
facilmente esgotáveis, redução da geração de resíduos e de poluição, 
através da conservação de energia, de recursos e da reciclagem. 
d) A sustentabilidade espacial – que deve ser dirigida para a obtenção de 
uma configuração rural-urbana mais equilibrada e uma melhor distribuição 
territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas. 
e) A sustentabilidade cultural – incluindo a procura por raízes endógenas de 
processos de modernização e de sistemas agrícolas integrados, que 
facilitem a geração de soluções específicas para o local, o ecossistema, a 
cultura e a área. 
 
4.4. Atividade Turística Sustentável 
 “Considerar a atividade turística sustentável ou integrante da possibilidade 
do desenvolvimento sustentável é apenas desviar os termos da questão sem 
analisar a complexidade de uma atividade econômica que tem por base o 
consumo de paisagens naturais exóticas ou a história passada” 
 13
4.5. Princípios do Turismo Sustentável 
O turista é um consumidor das paisagens, sendo que a paisagem é um produto 
do turismo; portanto o ambiente do turismo deve ser transformado e produzido ou 
reproduzido para atender as necessidades dos turistas. O ambiente do turismo 
pode ser classificado como: 
a) Natural – elementos da paisagem e do espaço; 
b) Sócio-cultural – elementos da paisagem e do espaço mais as ações 
humanas; 
c) Econômico – complexa produção, diferença entre custos e investimentos – 
público e privado. 
Para que o turismo venha a se tornar sustentável há a necessidade de seguir 
os seguintes Princípios: 
• Estratégias de conservação e planos integrais; 
• Princípios éticos de respeito a cultura e ambientes (naturais, econômicos e 
sociais); 
• Encaixar na nova atividade turística, os modos de vida tradicionais e os 
fatores ambientais aos diferentes tipos de desenvolvimento turístico; 
• Princípio de equidade social e econômica; 
• Estimulo a população local na iniciativa de planejar o desenvolvimento do 
local; 
• Programa de evolução, vigilância e medição para que a população se 
beneficie das oportunidades e reaja bem aos impactos da atividade. 
 
4. 6. Certificação do Turismo Sustentável 
Para receber a certificação em turismo sustentável a empresa turística deverá: 
• estar comprometida com o manejo ambiental 
• promover a promoção e venda de produtos responsáveis e autênticos que 
atendam a expectativas realistas 
• promover a retro-alimentação de sua clientela 
• saber avaliar eventuais impactos negativos sociais, culturais, ambientais e 
econômicos, inclusive estabelecendo estratégias para manejo e mitigação 
 14
• seus funcionários deverão estar capacitados, educados, responsáveis e ter 
conhecimento e consciência sobre manejos ambiental, social e cultural 
• ter mecanismos para monitorar e relatar seu desempenho ambiental 
Além dos itens acima a empresa turística ainda deverá obedecer deverá os 
aspectos ambientais, sócio-culturais e econômicos da região. 
 
4.6.1. Aspectos ambientais 
• controlar a emissão de ruídos e gases 
• estar adequadamente implantada com relação ao ambiente natural 
• evitar danos ao local ao implementar o paisagismo ou a recuperação do 
ambiente natural relativamente à situação original 
• evitar impactos visuais e luminosos 
• fazer uso sustentável de materiais e insumos - recicláveis e reciclados - 
produzidos localmente 
• promover o manejo adequado da drenagem, solo e águas pluviais 
• minimizar a produção de dejetos e assegurar sua adequada disposição 
• minimizar os impactosambientais de sua operação 
• promover a conservação da biodiversidade e a integridade dos 
ecossistemas 
• promover a redução e o uso sustentável de água 
• promover a redução e o uso sustentável de energia 
• promover o adequado tratamento e disposição de águas residuais 
 
4.6.2. Aspectos Sócio-culturais 
• adquirir, utilizar e manter a posse de terras de forma apropriada 
• possuir mecanismos para assegurar o reconhecimento dos direitos e 
aspirações de comunidades indígenas e locais 
• possuir medidas para proteger a integridade da estrutura social das 
comunidades locais 
• promover impactos positivos (benefícios) na estrutura social, cultural e 
econômica local (a níveis local e nacional) 
 15
4.6.3. Aspectos Econômicos 
• estabelecer mecanismos de forma a assegurar que as relações trabalhistas 
e as práticas industriais sejam justas e estejam em conformidade com a 
legislação 
• estabelecer mecanismos para minimizar impactos econômicos negativos e 
maximizar benefícios econômicos para a comunidade 
• fomentar contribuições para a manutenção do desenvolvimento da infra-
estrutura comunitária 
• utilizar-se de práticas éticas comerciais 
 
5. COMUNIDADE E TURISMO SUSTENTÁVEL 
 
5.1. Desenvolvimento Sustentável 
“Este conceito propõe a integração da comunidade local com atividades que 
possam promover a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais e 
culturais.” 
 
5.2 Condições para implantação 
Alguns municípios possuem atrações turísticas, mas não a infra-estrutura 
necessária para o turismo. Por isto é importante atentar para o enfoque regional 
dos problemas: municípios vizinhos, sem atrações turísticas, podem ter a infra-
estrutura necessária para permitir esta atividade. 
 
5.2.1. Interesse da População 
Antes de implementar o ecoturismo é necessário saber se a população local 
está disposta a se envolver, direta ou indiretamente com esta atividade. 
 
5.2.2. Conscientização da população 
 *degradação ambiental; 
 *mudanças nos valores locais; 
 *descaracterização ou o abandono de atividades tradicionais; 
 16
 *aumento da violência e da criminalidade; 
 *apoio da prefeitura; 
* sem ser obrigada a se transformar em uma cidade turística 
 
5.3. Programa de capacitação de monitores ambientais locais. 
Capacitar significa fornecer às pessoas ou grupos competências e habilidades 
específicas, por meio de métodos de treinamento 
diversos .É uma das formas de envolver a população com o ecoturismo, gerando 
emprego e renda. 
 
5.3.1. Benefícios da capacitação 
• Melhoria dos Produtos e Serviços Existentes 
• Diversificação dos produtos e serviços existentes 
• Aproveitamento de produtos locais, promovendo a verticalização da 
produção 
• Maior capacitação das pessoas implica melhores condições salariais 
• Aumento da renda familiar e ampliação do número de beneficiários 
• Uma nova profissão ou aprimoramento da atual profissão 
• O ecoturismo valoriza ofícios tradicionais 
• O aprendizado dos cursos pode também ser útil em casa 
• Melhores condições de competividade no mercado turístico 
• Maiores benefícios econômicos 
 
5.3.2. Vantagens do processo participativo para o planejamento e 
realização de cursos 
• Possibilita a escolha de cursos que realmente atendam às necessidades 
do projeto de ecoturismo 
• Possibilita a escolha de cronograma mais adequado à realidade local e 
à maioria dos futuros alunos 
• Gera informações para subsidiar a estrutura dos cursos de forma mais 
adequada à realidade da comunidade 
 17
• Favorece a escolha/indicação de pessoas da comunidade com 
conhecimento e capacidade para ministrar cursos 
• Favorece a escolha/indicação de pessoas da comunidade para serem 
monitores dos cursos 
 
5.4. Competitividade e a importância dos serviços no turismo 
O mercado de ecoturismo tem concorrência, portanto, a qualidade do 
serviço é crucial para a sobrevivência do empreendimento em um mercado 
competitivo 
 
6. IMPACTOS DO ECOTURISMO 
Os impactos negativos e positivos que podem advir da atividade do 
ecoturismo estão, a princípio, relacionados a danos potenciais ao meio ambiente e 
ŕ comunidade e, por outro lado, aos benefícios sócio-econômicos e ambientais, 
esperados a níveis regionais e nacional. 
A fragilidade dos ecossistemas naturais, muitas vezes, não comporta um 
número elevado de visitantes e, menos ainda suporta o tráfego excessivo de 
veículos pesados. Por outro lado, a infra-estrutura, se não atendidas normas pré-
estabelecidas, pode comprometer de maneira acentuada o meio ambiente, com 
alterações na paisagem, na topografia, no sistema hídrico e na conservação dos 
recursos naturais florísticos e faunísticos. 
É tecnicamente possível estimar-se o impacto ambiental que uma atividade 
industrial pode vir a causar, se medidas mitigatórias não forem tomadas nas fases 
de projeto, implantação, e operação, uma vez que matérias primas, produtos, 
refugos e resíduos são conhecidos e quantificáveis. 
Um dos danos mais freqüentes são os causados por muitas pessoas 
visitando a um mesmo lugar e a principal conseqüência é que em breve, os 
milhares de pés que seguiram a trilha, simplesmente estragam e destroem a 
vegetação da superfície. Em seguida o vento e a chuva removem o solo ou em 
áreas de pouca drenagem, cria-se um lodaçal. Desta forma, teremos provocado 
um permanente e irreparável dano ŕ natureza. É errado levar ou deixar qualquer 
 18
coisa na natureza, não importa quão pequeno possa parecer diante da imensidão 
natural pois como a cada ano cresce o número de visitantes, há um efeito 
cumulativo e devemos estar preparados para controlar fluxos pois, toda ação 
praticada, todo comportamento, devem ser considerados à luz do que acontecerá 
se milhares de pessoas o repetirem. 
Mas mesmo assim, o ecoturismo apresenta significativos benefícios 
econômicos, sociais e ambientais, como: diversificação da economia regional, 
geração de empregos, melhoramento das infra-estruturas, diminuição do impacto 
sobre o patrimônio natural e cultural, diminuição do impacto no plano estético-
paisagístico e melhoria nos equipamentos das áreas protegidas. 
Não há dúvidas que as concepções vinculadas ao ecoturismo representam 
um avanço em relação ao turismo tradicional e seu manejo superficial do exótico e 
da beleza natural. Suas estratégias mais elaboradas consideram, por exemplo, os 
problemas provenientes do choque cultural e questões de difícil solução como a 
ampliação da distribuição de renda gerada para as populações locais. 
Para que o turismo seja considerado sustentável ele deve obedecer as 
seguintes premissas básicas: 
“A proteção do meio ambiente e o êxito do desenvolvimento turístico são 
inseparáveis”. 
“O movimento de pessoas deve produzir-se em harmonia as necessidades 
fundamentais de todas as sociedades”. 
“É essencial que os residentes participem da adoção de decisões sobre o 
planejamento, desenvolvimento e gestão do turismo”. 
 
7. O ECOTURISTA 
Os ecoturistas, geralmente, apresentam elevado grau de instrução: muitos 
concluíram um curso superior e preferem locais que respeitam as culturas 
tradicionais e a natureza. Eles querem aprender e buscam informações e 
esclarecimentos nas destinações visitadas. 
Os esclarecimentos requisitados pelos ecoturistas dizem respeito, 
principalmente, às características da natureza, ou seja, são pessoas que se 
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apresentam motivadas para aprender sobre rios, montanhas, oceanos, florestas, 
árvores, flores e fauna silvestres. No entanto, não se preocupam apenas em 
observar uma paisagem ou elemento da natureza, mas também em sentir e 
perceber algo mais de seu valor, por exemplo: a importância da natureza para a 
sociedade,seu valor histórico, produção de recursos (alimentos e matéria-prima), 
oportunidades de reflexão, contemplação, controle de processos (controle de 
erosões e inundações, fotossíntese e produção de biomassa), entre outros. 
 Procuram, além do rico contato com a natureza, vivenciar novos estilos de 
vida e esperam ver o dinheiro que gastam em suas viagens, contribuindo para a 
conservação e para o benefício da economia local. 
 
7.1. Tipos de ecoturistas 
a) Ecoturistas praticantes 
Caracterizam-se por uma busca contínua de contato e integração com a 
natureza; 
São adeptos fiéis de uma ou várias práticas ecoturísticas; normalmente com 
alternância na prática das atividades 
b) Ecoturistas eventuais 
Buscam um contato esporádico com a natureza; 
Normalmente são pessoas que procuram aliviar a tensão e o estresse do dia-a-
dia; 
Quase sempre procuram atividades de mais ação. 
 
8. O PROFISSIONAL DE CAMPO 
O ecoturista aceita um guia mais descritivo e espera o fornecimento de um 
nível apropriado de explicação sobre a natureza e a cultura das localizações 
visitadas. Sendo assim, as pessoas que trabalham com o ecoturismo devem ser 
capazes de explicar conceitos, significados da natureza, de entender a estrutura e 
a dinâmica básica dos ecossistemas e das paisagens naturais, e ser capazes de 
explanar sobre as conseqüências das mudanças promovidas pelo ser humano, 
considerando os princípios básicos da conservação da natureza. Ele deve possuir 
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conhecimentos de geografia, história, biologia, ecologia, botânica entre outras 
ciências, além de noções de primeiros socorros e cultura local, de cada um das 
áreas que percorre. 
O profissional de campo recebe várias denominações: Guia de ecoturismo, 
Condutor de áreas naturais, Monitor de trilha ou até mesmo mateiro (normalmente 
morador da região aproveitado para o serviço) 
 
 
9. BIBLIOGRAFIA 
 
BOZZANO,D.P. Planificación e desarrollo de productos ecoturísticos desde 
la perspectiva de la sostenibilidad. Cuiabá: MOT/Embratur, 2001. 
CÉSAR, Pedro de Alcântara Bittencourt [et al]; coordenação ALMEIDA, Regina 
Araújo de [et al}. Ecoturismo. São Paulo: IPSIS, 2007. 
COSTA, Patrícia Cortês. Ecoturismo. São Paulo: Editora Aleph, 2002 – (Coleção 
ABC do Turismo). 
CHAVES, E.; OMARZABAL. Manual de planificación de sistemas nacionales 
de áreas silvestres protegidas en la América Latina. Santiago: FAO/PNUMA, 
1989. 
MENDONÇA, Rita; NEIMAN, Zysman. Ecoturismo no Brasil. Barueri, SP: 
Manole, 2003 
TINEO, Daniela. Projeto Rondon. Pariquera-Açú: Centro Universitário Monte 
Serrat, 2006 – (Palestra). 
http://www.ambientalconsulting.com 
http://www..embratur.gov.br 
http://facabonito.tripod.com/index.html 
http://www.facha.edu.br/faccturismo/ecoturismo/index.asp 
http://www.heliorocha.com.br/