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NR10 SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE Prof. Jayme Passos Rachadel 2 1. INTRODUÇÃO NR’s – Requisitos mínimos legais para implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, que garantam a saúde e a segurança dos trabalhadores. NR-10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade, recentemente alterada pela • Portaria MTE nº 598, de 7 de dezembro de 2004. Publicada no DOU 08.12.2004; • Portaria nº 126, de 3 de junho de 2005, publicada no DOU de 06.06.2005, inclui no anexo II da NR-28 as penalidades e respectivas infrações pelo não atendimento à Norma Regulamentadora nº 10. Para a aplicação da NR-10, as seguintes NR’s também devem ser observadas: • NR-1 Disposições Gerais; • NR-3 Embargo ou interdição; • NR-6 Equipamento de Proteção Individual – EPI; • NR-7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO; • NR-17 Ergonomia; • NR-23 Proteção Contra Incêndio; • NR-26 Sinalização de Segurança; • NR-28 Fiscalização e Penalidades. PENALIDADES 3 2. SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA Quando falamos em setor elétrico, referimo-nos normalmente ao Sistema Elétrico de Potência (SEP), definido como: O conjunto de todas as instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica até a medição inclusive. A geração, transmissão e distribuição de energia elétrica apresentam riscos diferenciados em relação ao consumidor final. A Metodologia de análise de riscos é de fundamental importância para a avaliação crítica das condições de trabalho. 2.1. Geração de energia elétrica No Brasil a GERAÇÃO de energia elétrica é 80% produzida a partir de hidrelétricas, 11% por termoelétricas e o restante por outros processos. A partir da usina a energia é transformada, em subestações elétricas, e elevada a níveis de tensão e transportada em corrente alternada (60 Hertz) através de cabos elétricos, até as subestações rebaixadoras, delimitando a etapa de Transmissão. Características da geração: se encerram nos sistemas de medição da energia usualmente em tensões de 138 a 750 kV. 2.2. Transmissão de energia elétrica Basicamente está constituída por linhas de condutores destinados a transportar a energia elétrica desde a etapa de geração até a etapa de distribuição, abrangendo processos de elevação e rebaixamento de tensão elétrica, realizados em subestações próximas aos centros de consumo. Essa energia é transmitida em corrente alternada (60 Hz). 2.3. Distribuição de energia elétrica É o segmento do setor elétrico que compreende os potenciais após a transmissão, indo das subestações de distribuição entregando energia elétrica aos clientes. A distribuição de energia elétrica aos clientes é realizada nos potenciais de 110, 127, 220 e 380 Volts até 23 kV. A distribuição de energia elétrica possui diversas etapas de trabalho, conforme descrição abaixo: • Recebimento e medição de energia elétrica nas subestações; • Rebaixamento ao potencial de distribuição da energia elétrica; • Construção de redes de distribuição. 4 3. RISCOS EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE São muito grandes os riscos que o trabalhador está sujeito quando opera com eletricidade. O contato com redes elétricas energizadas poderá provocar acidentes graves devido ao choque ou arco elétrico. Podemos classificar os Riscos de Origem Elétrica em: • Choque elétrico; • Arco elétrico; • Campo eletromagnético. 3.1. CHOQUE ELÉTRICO É uma perturbação de natureza e efeitos diversos que se manifesta no corpo humano, quando por ele circula uma CORRENTE ELÉTRICA. Por que isso acontece? O corpo humano é ou se comporta como um CONDUTOR ELÉTRICO, que possui uma RESISTÊNCIA. EFEITOS: O choque elétrico pode ocasionar contrações violentas dos músculos, a fibrilação ventricular do coração, lesões térmicas e não térmicas podendo levar a óbito, como efeito indireto temos as quedas e batidas, etc. O choque elétrico pode se manifestar por três formas distintas: • Eletricidade estática (tensão elétrica constante); • Eletricidade dinâmica (tensão elétrica na forma de onda eletromagnética alternada ou contínua); e • Descargas atmosféricas ou arcos elétricos advindos de acumulação de cargas elétricas no espaço circundante. No caso de choque elétrico por eletricidade estática, a manifestação do fenômeno normalmente se dá por um único pulso sensorial de descarga, muitas vezes de valor significativo, o qual é sentido pelas partes internas (micro choque) e externas (macro choque) do corpo, nos instantes em que ocorrem desligamentos ou contatos com as chamadas ¨partes vivas¨ da instalação, como, por exemplo, em conexões de baterias e em terminais de capacitores (condensadores), que são aparelhos elétricos ou eletrônicos armazenadores de cargas elétricas. No caso de choque por eletricidade dinâmica, como ocorre na corrente alternada, a sensação que a pessoa experimenta é a de um violento estremecimento no corpo, seguido de um calor intenso no ponto de contato. Esse estremecimento é tão mais intenso quanto maior for a tensão e a freqüência aplicadas, enquanto que a queima do corpo, no ponto de contato, é tanto mais forte quanto maior for a intensidade da corrente elétrica sentida. CONDIÇÕES DE TENSÃO QUE FAVORECEM OS ACIDENTES POR CHOQUE ELÉTRICO TENSÃO DE TOQUE – é a tensão elétrica existente entre os membros superiores de um indivíduo, devido a um toque num condutor energizado, ou defeito de equipamento; 5 TENSÃO DE PASSO – é a tensão entre os dos pés no instante da operação. FATORES DETERMINANTES DA GRAVIDADE DO CHOQUE ELÉTRICO • Percurso da corrente elétrica; • Intensidade da corrente elétrica; • Características da corrente elétrica; • Tempo de exposição a passagem da corrente elétrica; • Resistência elétrica do corpo humano. PERCURSO DA CORRENTE ELÉTRICA O percurso da corrente elétrica pela região do tórax é extremamente perigoso por passar próximo a órgãos vitais (coração e pulmão), podendo resultar em fibrilação ventricular e tetanização respectivamente. INTENSIDADE DA CORRENTE ELÉTRICA Quanto maior a corrente elétrica, maior serão os danos ao organismo humano. A Tabela abaixo apresenta os efeitos da corrente elétrica no organismo humano e as medidas de primeiras de primeiros socorros necessárias: A fibrilação ventricular do coração se inicia com correntes entre 70 a 100 mA, mas a parada cardíaca pode ocorrer a partir de 30 mA. A fibrilação ventricular é a contração desritimada do coração. O coração raramente se recupera por si só da fibrilação ventricular. 6 A Tabela abaixo apresenta os limiares de percepção para homens e mulheres. CARACTERÍSTICAS DA CORRENTE ELÉTRICA Se a corrente for contínua, ao invés de alternada, os experimentos científicos mostram que, no caso de choque elétrico ocorre a eletrólise do sangue, com o aumento do número de glóbulos brancos – o que podem levar a pessoa a contrair leucemia. A corrente elétrica pode matar imediatamente ou deixar a pessoa inconsciente. A corrente faz os músculos se contraírem a 60 ciclos por segundo, que é a freqüência da corrente alternada. O limiar de sensação de corrente alternada varia com a freqüência como pode ser visto na Tabela abaixo. TEMPO DE EXPOSIÇÃO A PASSAGEM DE CORRENTE ELÉTRICA Correntes maiores que 20 mA são muito perigosas, mesmo quando atuam durante curto espaço de tempo. As correntes da ordem de 70 mA, quando atingem a zona do coração, produzem fibrilaçãoventricular em apenas 2 ou 3 segundos, e a morte é praticamente certa. Por esta razão a NBR5410 torna obrigatório a instalação de dispositivos de corrente de fuga (DR) em locais com muita umidade. RESISTÊNCIA ELÉTRICA DO CORPO A resistência que o corpo humano oferece a passagem da corrente é quase que exclusivamente devida a camada externa da pele. Esta resistência está situada entre 1000 e 2000 ohms quando a pele se encontra seca e não apresenta cortes. A resistência oferecida pela parte interna do corpo constituída pelo sangue, músculos e demais tecidos, comparativamente a da pele é bem baixa, medindo normalmente de 300 a 500 ohms. As partes do corpo que oferecem maior resistência a passagem da corrente elétrica são os ossos e a pele. 7 FATORES DETERMINANTES DA GRAVIDADE DO CHOQUE ELÉTRICO O choque pode ocorrer pela combinação dos seguintes fatores: • Falta de CONHECIMENTO; • Falha de TREINAMENTO; • Falha de SUPERVISÃO; • PRÁTICAS inadequadas de trabalho; • Instalação e MANUTENÇÃO precárias; • AMBIENTE DE TRABALHO cheio de riscos. Causas determinantes operacionais • Contato com um condutor nu energizado • Falha na isolação elétrica • Calor e Temperaturas elevadas • Umidade • Oxidação 8 3.2. ARCO ELÉTRICO O arco elétrico caracteriza-se pelo fluxo de corrente elétrica através do ar, e geralmente é produzido quando da conexão e desconexão de dispositivos elétricos e também em caso de curto-circuito, provocando queimaduras de segundo ou terceiro grau. A energia produzida pelo arco é convertida em calor, pressão, luz visível e radiação. Esta energia é medida em cal/cm2 e pode queimar roupas e provocar incêndios, emitindo vapores de material ionizado e raios ultravioleta. O valor de 1 cal/cm2 é igual a exposição de um dedo na brasa do cigarro por 1 segundo. Quanto mais afastado, menor os efeitos do arco. Pode causar ferimentos graves até 3m de distância do ponto de falha nos equipamentos industriais de AT. No interior de painéis elétricos, os arcos elétricos normalmente ocorrem por: • Mau contato (perda de pressão dos parafusos); • Defeitos de isolação (fim de vida do dielétrico); • Defeito de fabricação de componentes ou equipamento; • Projeto inadequado ou mal dimensionado; • Manutenção inadequada; • Contatos acidentais de ferramentas ou peças. Outras causas: • Operação de liga-desliga; • Inserção e remoção de partes ou componentes extraíveis com barramentos energizados; • Medição de tensão ou inspeção; • Alterações ou mudanças introduzidas nos equipamentos após a sua instalação pela necessidade de substituição de componentes danificados, mudanças alterações e em alguns casos alterações construtivas do equipamento para facilitar a operação e manutenção alteram as características de segurança original. O arco elétrico traz duas conseqüências graves: • O efeito das ondas térmicas; • O efeito das ondas eletromagnéticas. ARCO ELÉTRICO – PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA • Para trabalhos com risco elétrico, deverão ser avaliados a severidade de exposição potencial, planejando práticas de trabalho seguras, e selecionando equipamento proteção pessoal adequado. • Trabalhos na zona controlada devem ser precedidos de análise de risco a arco e determinada a exposição a energia incidente (em cal/cm2). O resultado deverá ser documentado; • Os trabalhadores deverão usar roupas resistentes a chama e EPI’s de acordo com a exposição da energia incidente em determinada tarefa. • A NFPA 70E e IEEE 1584 apresentam as fórmulas para cálculo da energia incidente, e sua relação com a resistência das vestimentas a essa energia; 9 • O Cálculo leva em conta: o Corrente de curto-circuito; o Nível de tensão; o Tempo de abertura do arco; o Afastamento do ponto de origem do arco. A NFPA 70E define as seguintes classes de riscos para o arco elétrico: • CLASSE 0 – Risco Mínimo; • CLASSE 1 – Algum Risco; • CLASSE 2 – Risco moderado; • CLASSE 3 – Risco Elevado; • CLASSE 4 – Risco Elevadíssimo. Queimaduras A queimadura elétrica está entre as mais graves lesões causadas ao corpo humano. Ela difere dos outros tipos de queimaduras por conta de um certo “fator Iceberg”: a lesão interna sempre é bem maior do que a epidérmica. Diferentemente da queimadura causada por qualquer outra fonte de calor externa, a queimadura proveniente do arco elétrico queima internamente com mais intensidade do que externamente. A queimadura produzida pela corrente elétrica que passa no tecido orgânico gera um forte calor que é dissipado na pele, através do chamado efeito Joule. Por este fenômeno, ao se duplicar o valor da corrente, tem-se quadruplicado o valor da energia térmica dissipada. A queimadura por eletricidade se manifesta das seguintes formas: • Por contato; • Por arco elétrico; • Por radiação, e • Por vapor metálico. A queimadura elétrica é mais intensa nos pontos de entrada e saída da corrente elétrica e tanto mais grave quanto maior for o valor da corrente e a sua respectiva duração. 3.3. CAMPO ELETROMAGNÉTICO É gerado quando da passagem da corrente elétrica nos meios condutores. O campo eletromagnético está presente em inúmeras atividades humanas, tais como trabalhos com circuitos ou linhas energizadas, solda elétrica, utilização de telefonia celular e fornos de microondas. A unidade de medida do campo magnético é o Ampère por Volt, Gauss ou Tesla cujo símbolo é representado pela letra T. Cuidados especiais devem ser tomados por trabalhadores ou pessoas que possuem em seu corpo aparelhos eletrônicos, tais como marca passo, aparelhos auditivos, dentre outros, pois seu funcionamento pode ser comprometido na presença de campos magnéticos intenso. 10 4. RISCOS ADICIONAIS Classificam-se como riscos adicionais os agentes de riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes, (exceto a eletricidade). Neste capítulo estudaremos os riscos de áreas classificadas. 4.1. ÁREAS CLASSIFICADAS Este assunto será apresentado na 3ª apostila. 11 5. MEDIDAS DE CONROLE DO RISCO ELÉTRICO São medidas destinadas a eliminar ou reduzir os riscos, mantendo sob controle as incertezas ou eventos indesejáveis, que possam causar danos a saúde do trabalhador. Devem integrar-se às demais políticas de segurança do trabalho da empresa, atendendo ao disposto no item 10.2 da NR-10 que prevê: 10.2.1 Medidas preventivas de controle do risco elétrico e outros adicionais, mediante técnicas de análise de risco. 10.2.2. Devem integrar-se as demais iniciativas da empresa, no âmbito da preservação da segurança, saúde e meio ambiente do trabalho, para: • Extinguir risco existente; • Na impossibilidade de extinção do risco, deverão ser adotadas medidas para torná-lo tolerável; • Na impossibilidade de obtenção de um valor tolerável, conviver com a anuência da responsabilidade frente a um acidente. Constituem Medidas de Controle: • Técnicas de análise de risco; • Diagrama unifilar; • Prontuário de instalações elétricas; • Medidas de proteção coletiva: o Desenergização; o Aterramentos; o Dispositivos a corrente de fuga – DR; o Barreiras e invólucros; o Bloqueios e impedimentos; o Isolação de partes vivas, etc. • Medidas de Proteção individual 5.1. PRONTUÁRIO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS O Prontuário das instalações elétricas – deve conter: • Conjunto de procedimentos e medidas de controle existentes; • Informações técnicas sobre o SPDA; • Especificações dos EPC’s e EPI’s; • Laudo dos testes de isolação elétrica realizados em EPC’s e EPI’s; • Comprovação de qualificação, habilitação, capacitação;• Autorização dos trabalhadores; • Diagrama unifilar; • Certificação dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas; • Laudo das instalações elétricas com recomendações e cronograma de adequações. 12 5.2. MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA Dentre as medidas de proteção coletiva podemos citar a desenergização, seccionamento automático da alimentação e os sistemas de aterramentos, como exemplos. 5.2.1. Desenergização É a principal Medida de Controle contra choque elétrico. É um conjunto de ações coordenadas, sequenciadas e controladas. Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas liberadas para trabalho, mediante os procedimentos apropriados e obedecida a sequência a seguir: • Seccionamento/desligamento • Bloqueio/impedimento de reenergização; • Constatação de ausência de tensão; • Instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores dos circuitos • Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada • Instalação da sinalização de impedimento de reenergização – colocação e etiqueta. 5.2.2. Aterramentos Definição de Aterramento: Ligação intencional à terra através da qual correntes elétricas podem fluir. O aterramento pode ser: • Funcional: ligação através de um dos condutores do sistema neutro. • Proteção: ligação à terra das massas e dos elementos condutores estranhos à instalação. • Temporário: ligação elétrica efetiva com baixa impedância intencional à terra destinada a garantir a equipotencialidade e mantida continuamente durante a intervenção na instalação elétrica. 5.2.2.1. Aterramentos funcionais Os diferentes esquemas de aterramento caracterizam o método de aterramento do neutro da BT de um transformador AT/BT e o aterramento das partes metálicas expostas da instalação suprida por ele. A escolha do esquema de aterramento determina as medidas a serem tomadas para proteção das pessoas contra os riscos de contatos indiretos. Se necessário, vários esquemas de aterramento podem coexistir em uma instalação. Esquema TN � TN-S � TN-C � TN-C-S 13 TN-S. O condutor neutro e o condutor de proteção ficam separados ao longo de toda a instalação. TN-C – As funções de neutro e de condutor de proteção são combinadas em um único condutor TN-C-S – As funções do condutor neutro e do condutor de proteção são combinadas em uma parte da instalação. TT - O esquema TT possui um ponto da alimentação diretamente aterrado, estando as massas da instalação ligadas a eletrodo(s) de aterramento eletricamente distinto(s) do eletrodo de aterramento da alimentação, figura abaixo. O condutor neutro é aterrado de maneira independente do aterramento das massas. 14 IT - No esquema IT todas as partes vivas são isoladas da terra ou um ponto da alimentação é aterrado através de impedância, figura abaixo. As massas da instalação são aterradas. Não existe qualquer ponto da alimentação diretamente aterrado, estando aterradas as massas da Instalação. ESCOLHENDO O TIPO DE ATERRAMENTO • Quando a alimentação provém de uma rede pública de baixa tensão, o neutro deve ser aterrado na origem da instalação (não utilizar esquema IT); • O esquema TN não é recomendado para locais com riscos de incêndio ou explosões devido aos elevados valores das correntes de falta; • Quando possível, utilizar o sistema IT em locais onde não possa ocorrer queda de energia, pois a interrupção do sistema só acontece na ocorrência da segunda falta, enquanto que esquemas como TN e TT, ocorre na primeira falta; • Utilizar o esquema TT quando existirem equipamentos que apresentem correntes de fuga consideráveis, pois é menos sensível às correntes diferenciais – residuais. Equipotencialização A NBR 5410, item 5.1.2.4 prescreve a equipotencialização e o seccionamento automático da alimentação como medidas gerais a serem aplicadas na proteção contra choques elétricos, além de outras exigidas em situações especiais. É o procedimento que consiste na interligação de elementos especificados, visando obter a equipotencialidade necessária para os fins desejados. Todas as massas devem estar ligadas a condutores de proteção. Usado na proteção contra choques elétricos e sobre tensões e perturbações eletromagnéticas; Assim, a equipotencialização completa das instalações é estabelecida já na fase de projeto, através da previsão de ligação equipotencial a um mesmo 15 barramento principal de terra, das seguintes partes metálicas não energizadas das instalações: • Todos os eletrodos de aterramentos do sistema elétrico, ligados à malha de terra da instalação; • Todos os eletrodutos, bandejas e eletrocalhas metálicas (seja de circuitos elétricos, do SPDA – Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas ou de telecomunicações e transmissão de dados); • Todas as capas de cobertura metálica de proteção de cabos de alimentação de energia (onde houver); • Todas as tubulações metálicas das instalações (seja de água, gás, esgoto, etc.), independente de cada uma delas possuir o seu próprio eletrodo de aterramento; • Todos os elementos metálicos da edificação (colunas e vigas de sustentação em aço, treliças de ferro de sustentação de telhados, grades de ferro e cercas divisórias, etc.), onde houver. Em suma, cada sistema (SPDA, antena de TV, estrutura metálica da edificação, etc.) deve ter os seus próprios eletrodos independentes – isso, independente das tubulações respectivas serem conectadas ao barramento principal de terra, comum aos demais circuitos da instalação. Estes procedimentos se complementam. Quando a equipotencialização não for suficiente para impedir tensões de contato perigosas, deve entrar em ação o seccionamento automático. As medidas de proteção coletiva contra choques elétricos compreendem: • Aterramento; • Limitação da tensão de contato (ou de toque); • Seccionamento automático. 16 5.2.2.2. Aterramentos de proteção – SPDA (Sistema de proteção contra descargas atmosféricas) Para evitar danos e lesões dos raios que caem sobre a superfície da terra, toda a instalação predial deve ser provida de SPDA – Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas, construído de acordo com a norma ABNT NBR 5419, última versão. Pára-raios • É um SPDA que tem como objetivo encaminhar a energia do raio, desde o ponto que ele atinge a edificação até o aterramento, o mais rápido e seguro possível; • O SPDA não pára o raio, não atrai raios e nem evita que o raio caia. • O SPDA protege o patrimônio (edificação) e as pessoas que estão dentro da edificação que é protegida. Gaiola de Faraday É formada por um captor, cabos de cobre no formato de uma malha, suportes isoladores e tubos de proteção para os condutores de descida até o solo. 5.2.3. Dispositivos a corrente de fuga – DR São dispositivos que detectam pequenas correntes de fuga para a terra (por exemplo: fio desencapado em contato com a carcaça do equipamento), interrompendo automaticamente a alimentação, desligando o circuito. O caminho para terra pode ser o corpo humano. Os DR’s são classificados em DR de baixa e alta sensibilidade, de acordo com a corrente de atuação: • corrente de atuação > 30 mA – DR’s de baixa sensibilidade, utilizados apenas para contatos indiretos; • corrente de atuação ≤ 30 mA – DR’s de alta sensibilidade, pode ser utilizado tanto na proteção contra contatos indiretos quanto na proteção complementar contra contatos diretos. É obrigatório o uso de DR de alta sensibilidade (corrente diferencial-residual < 30 mA em:• circuitos que alimentem tomadas de corrente situadas em áreas externas à edificação; • circuitos de tomadas situadas em áreas internas que possam vir a alimentar equipamentos no exterior, e • circuitos que sirvam a pontos situados em locais contendo banheiro ou chuveiro; • circuitos de tomadas de cozinha, copas, lavanderias, áreas de serviço, local interno molhado em uso normal ou sujeito a lavagens CAUSAS TÍPICAS DE FUGAS DE CORRENTE NA INSTALAÇÃO: • Emendas com isolação inadequada ou mal feita; • Danificação da isolação dos condutores durante a instalação; 17 • Caixas de passagem que armazenam água de chuva durante a obra, afetando as emendas; • Fixação e montagem inadequada de luminárias; • Parafusos das caixas de passagem que danificam a isolação dos condutores, durante a fixação. 5.2.4. Barreiras e invólucros São dispositivos que impedem qualquer contato com partes energizadas das instalações elétricas. São componentes que possam impedir que pessoas ou animais toquem acidentalmente as partes energizadas, garantindo assim que as pessoas sejam advertidas de que as partes acessíveis através das aberturas estão energizadas e não devem ser tocadas. As barreiras: • Devem ser robustas, fixadas de forma segura e ter durabilidade; • Não devem ser removíveis sem o uso de chaves ou ferramentas; • Devem impedir que pessoas ou animais toquem acidentalmente as partes vivas; • Garantir que as pessoas sejam advertidas de que as partes vivas acessíveis através da abertura são vivas e não devem ser tocadas intencionalmente. Também são exemplos as novas tomadas de energia e os receptáculos previstos na NBR 5410/2004, onde, além do recuo da face frontal dos orifícios de contato, se observa também o recuo das próprias partes “vivas”, as quais ficam praticamente inacessíveis a contatos, servindo de obstáculo para inserção de qualquer parte do corpo humano que tenha diâmetro >12 mm. Os plugues para essas tomadas contém contato elétrico apenas nas extremidades dos pinos. Outro exemplo são as placas de policarbonato. INVÓLUCROS – São envoltórios das partes energizadas destinados a impedir qualquer contato direto de suas partes internas. EX.: Pontos destinados a medição e distribuição de energia. 5.2.5. Bloqueios e impedimentos Dispositivos de bloqueio são aqueles que impedem o acionamento ou religamento de dispositivos de manobra (chaves, interruptores). 5.2.6. Obstáculos e anteparos Os obstáculos são destinados a impedir o contato involuntário com partes vivas, mas não o contato que pode resultar de uma ação deliberada e voluntária de ignorar ou contornar o obstáculo. 5.2.7. Isolamento das partes vivas São elementos construídos com materiais dielétricos (não condutores de eletricidade) que têm por objetivo isolar condutores ou outras partes da estrutura que estão energizadas, para que os serviços possam ser executados com efetivo controle dos riscos pelo trabalhador (tapetes, mantas, coberturas, etc.). 18 EXEMPLOS DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA – EPC As medidas de proteção coletiva são providências estratégicas que visam proteger todos os trabalhadores expostos à mesma condição de risco (em um mesmo local), eliminando ou minimizando acidentes para garantir a segurança e saúde do trabalhador. A NR-10, item 10.2.8.1 estabelece: “Em todos os serviços executados em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas, prioritariamente, medidas de proteção coletiva aplicáveis, mediante procedimentos, às atividades a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores”. A Tabela abaixo apresenta a relação dos itens das Normas Técnicas e respectivas medidas de proteção coletiva. MEDIDA DE PROTEÇÃO COLETIVA NR-10 NBR 5410 NBR 14039 Desenergização elétrica 10.5.1 NA NA Extra baixa tensão de segurança 10.2.8.2 5.1.2.5 NA Isolação das partes vivas 10.2.8.2.1 B.1 5.1.1.1 Invólucro ou barreira 10.2.8.2.1 B.2 5.1.1.2 Equipotencialização e seccionamento automático da alimentação 10.2.8.2.1 5.1.2.2 5.1.2 Separação elétrica NA 5.1.2.4 NA Isolação dupla ou reforçada NA 5.1.2.3 NA Obstáculos 10.2.8.2.1 5.1.5.3 5.1.1.3 Colocação fora de alcance NA 5.1.5.4 5.1.1.4 Proteção adicional NA 5.1.3 NA As medidas de proteção coletiva complementam-se normalmente com EPC’s (Equipamentos de Proteção Coletiva), onde podemos citar: • Dispositivos de isolação elétrica (calha, tapetes, lençóis isolantes, etc.); • Bloqueio e sinalização; • Varas de manobra; • Detectores de tensão; • Aterramento temporário e equipotencialização; • Dispositivos de sinalização; • Dispositivos de manobra; 19 5.3. MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI Nos trabalhos em instalações elétricas quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser implantadas medidas de proteção individual, através dos EPI’s, conforme estabelece a NR-6 (Equipamento de Proteção Individual). (NR-10, subitem 10.2.9.1) Todo EPI deverá possuir CA, de acordo com o que determina a NR-6. Os certificados de EPI e de Proteção coletiva deverão estar anexados aos prontuários. Os EPI’s devem ser utilizados nas seguintes situações: • Sempre que as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes; • Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; • Para atender a situações de emergências. Em condições normais, os EPI’s são medidas complementares ou adicionais às medidas de proteção coletiva e nunca podem ser adotados como primeira opção de medida de segurança. As vestimentas de trabalho também mereceram atenção especial pela NR-10 conforme o estabelecido pelo subitem 10.2.9.2: “As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades, devendo contemplar a condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas”. Alguns exemplos de EPI’s: PROTETOR FACIAL Categoria Riscos 1 e 2 Categoria Riscos 3 e 4 Categoria de Risco 4 20 LUVAS PARA ALTA TENSÃO ÓCULOS 21 5.4. FERRAMENTAS PARA TRABALHOS COM ELETRICIDADE As ferramentas a serem utilizadas em serviços em eletricidade devem ser eletricamente isoladas (corpo inteiro), principalmente quando da utilização em instalações elétricas energizadas. Uma ferramenta isolada é aquela submetida pelo fabricante a ensaios de isolamento, com os níveis adequados de tensão. A isolação para ferramentas manuais até 1000 V deve atender a NBR 9699 última versão ou a Norma IEC 60900: • Origem (identificação do fabricante com sua marca); • Referência do produto (exemplo: MS4); • Ano de fabricação (exemplo 2007); • Símbolo da norma IEC900 e a tensão de uso de 1000 V. Também de acordo com o item 6.1.1 da NBR 9699, as inscrições feitas nas ferramentas isoladas devem ser inspecionadas através de exame visual, devendo ser constatado que estão corretas, completas e bem legíveis. Para trabalhos em áreas que contenham atmosfera explosiva deverão ser utilizadas ferramentas apropriadas para esses ambientes, denominadas ferramentas ATEX. As ferramentas ATEX para trabalho em atmosferas explosivas são desenvolvidas para que o atrito na utilização ou mesmo o choque entre elas, não gere faíscas. A norma NFE 74 400 define as condições a serem cumpridas pelo revestimento aplicado às ferramentas manuais em atmosfera explosiva. Recomendações • Os equipamentos e ferramentas a seremutilizados devem ser previamente inspecionados, estar em bom estado de conservação e, após seu uso, serem limpos, inspecionados, acondicionados e guardados em locais apropriados; • Ferramentas, equipamentos ou métodos de trabalho não padronizados não devem ser usados sem a aprovação prévia; • O empregado não deve trabalhar com ferramentas nos bolsos ou junto ao corpo. Não deve também arremessá-las e nem colocá-las em local que ofereça risco de queda; • As ferramentas e os equipamentos em geral devem ser transportados em sacola ou caixa adequada; • Para içar e descer todas as ferramentas, equipamentos ou pequenas peças, deve ser utilizada a sacola para içar ferramentas com o auxílio de carretilha e corda de mão; 22 5.5. PLANO DE INSPEÇÃO Inspeções São vistorias rotineiras realizadas nas instalações e equipamentos que objetivam diagnosticar as condições ambientais, procedimentos técnicos de trabalho, bem como, comportamentos, atitudes, visando subsidiar estudos que possibilitem a implementação ou revisão das medidas de segurança por ventura existente. Como inspecionar? • Planejar antecipadamente o que observar, quando da inspeção; • Orientar-se através de um check-list; • Identificar causas de atos, procedimentos, condições ambientais e/ou condições abaixo dos padrões esperados; • Adotar medidas de segurança temporárias e imediatas; • Identificar e registrar as “irregularidades” observadas; • Classificar os riscos: intolerável, substancial, moderado, trivial; • Buscar contribuições fora de seu raio de visão. Prazos para regularização das pendências Definida as ações, o passo seguinte é definir os prazos. Para tanto, considerar o tempo necessário para a implementação das ações, considerando a severidade dos riscos levantados. Acompanhamento das Inspeções. O check-list objeto da inspeção deve gerar um relatório das condições de segurança do ambiente, das instalações, ferramentas, equipamentos e dos comportamentos e atitudes observados. A rotina de inspeções assegura a implementação de ações corretivas, não permitindo novas ocorrências, eliminando os riscos identificados e estabelecendo as responsabilidades, quanto: • Prazos para ações corretivas dos riscos classes A, B e C; • Elaboração de um banco de dados para registro das informações levantadas e analisadas; • A quem deverá ser encaminhado o relatório, apontando às melhorias (alternativas) para a solução dos problemas diagnosticados; • Definição do(s) responsável (is) pela implantação das novas medidas corretivas, de segurança, visando garantir a sua eficácia. 23 5.6. SISTEMA DE GESTÃO Conjunto de ações utilizadas por uma empresa, que se relacionam entre si e que são interdependentes, com o objetivo de planejar, operar e controlar suas atividades visando atingir objetivos estabelecidos e devem possuir princípios, objetivos, estratégias, política, diretrizes, sistemas organizacionais, atividades, métodos, normas e procedimentos. Deve permitir a empresa controlar seus riscos e melhorar continuamente seu desempenho em SSO, em atendimento a sua política e legislação vigente, devendo, para isto, ser periodicamente avaliado A nível nacional, a ABNT (2010) apresentou os requisitos para implantação de um Sistema de Gestão, baseado na Norma OHSAS 18001:2007, de forma que as empresas possam desenvolver e implementar programas que levem em conta os requisitos legais e as informações sobre os riscos nos ambientes de trabalho. O Sistema busca a melhoria contínua, através do Planejamento, Execução, Verificação e Ação e ressalta que o sucesso depende do envolvimento de toda a empresa, principalmente da Alta Direção, sendo elementos desse Sistema: • A participação dos trabalhadores • O controle social • A Política de SST • Requisitos gerais • Planejamento • Execução • Verificação • Ação De acordo com Liggett (2006), a segurança em eletricidade não se resume apenas ao fornecimento de equipamentos de proteção individual. Para eliminarmos ou reduzirmos os riscos de acidentes devemos avaliar todos os fatores que possam contribuir para a geração dessas ocorrências e recomenda que os mesmos sejam divididos em grandes grupos e depois sejam subdivididos para que possam ser melhor controlados e analisados. Covey (1989, apud Liggett, D, 2006) utilizou o conceito de sobreposição de três círculos (Figura abaixo) para analisar as influências dos fatores individualmente e a combinação dos mesmos. Nesse modelo, quanto maior a sobreposição, maior o efeito que cada área separada tem sobre outras áreas, e o impacto global será mais significativo. Esse mesmo conceito poderá ser aplicado em segurança com eletricidade. Fonte: Adaptado de (LIGGETT, 2006) 24 Se a empresa possui pessoal bem treinado e um bom sistema de gestão, mas os equipamentos são antigos e não são bem mantidos, há uma grande possibilidade de ocorrerem falhas nos mesmos, podendo provocar acidentes. PROPOSTA PARA O SISTEMA DE GESTÃO O sistema deve se basear no princípio da melhoria contínua (PDCA), conforme se apresenta na Figura a seguir: Figura: Melhoria contínua do sistema de gestão Fonte: O autor (2013) Num processo de melhoria contínua, além do comprometimento da alta direção da empresa, é importante e necessária a participação de todos, devendo esta conduta ser estimulada permanentemente. Recomendamos a utilização desses sistemas em todas as atividades da empresa, não apenas para serviços com eletricidade. 25 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • Souza, Alexandre Batista de; Eriedna Santos; Santos Jr., Joacy; Nobrega, Justino Sanson Wanderley da – Guia Prático de implementação dos treinamentos de NR-10; • Souza, João José Barrico de – Manual de auxílio na interpretação e aplicação da nova NR-10; • Moraes, Giovani Araújo- Normas Regulmentadoras Comentadas; • Cardella, Benedito – Segurança no trabalho e prevenção de acidentes; • Oliveira, Aloízio Monteiro – Curso básico de segurança em eletricidade; • Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO; • Modelo de Sistema de Gestão de Saúde e Segurança em Serviços com Eletricidade em Canteiros de Obras de Edificações – Jayme Passos Rachadel e Rodrigo Eduardo Catai.
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