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Cap´ıtulo 1 Derivadas Parciais 1.1 Derivadas Parciais Antes de definirmos o conceito de derivada parcial vejamos o seguinte exemplo: Problema: A temperatura em uma placa de metal em cada ponto (x, y) e´ dada por T (x, y) = 9x2 +4y2. 1. Determine a curva de n´ıvel que passa pelo ponto (2, 1). 2. Uma formiga esta´ no ponto (2, 1) e caminha na direc¸a˜o do eixo x, isto e´, sobre a reta y = 1 ate´ o ponto sobre a curva de n´ıvel z = 80. Calcule a taxa me´dia de variac¸a˜o da temperatura sofrida pela formiga. 3. Calcule, agora, a taxa (instantaˆnea) de variac¸a˜o da temperatura sofrida pela formiga, em relac¸a˜o a` distaˆncia andada na direc¸a˜o do eixo x sofrida pela formiga. 4. Se ela andar na direc¸a˜o do eixo y, qual e´ a taxa instantaˆnea de variac¸a˜o de temperatura? Figura 1.1: Direc¸a˜o eixo x e direc¸a˜o eixo y, respectivamente. Soluc¸a˜o: 1. T (2, 1) = 9.22 +4.1 = 40. Logo a equac¸a˜o da curva de n´ıvel que passa pelo ponto (2, 1), chamada de isoterma, e´ 9x2 + 4y2 = 40. 2. Como podemos ver na figura acima, a temperatura no ponto (2, 1) e´ de 40 graus. Determinando o ponto de intersec¸a˜o da curva de n´ıvel z = 80 com a reta y = 1, 9x2 + 4 = 80 −→ x = 2, 9 Assim a taxa me´dia de variac¸a˜o de temperatura para a formiga ir do ponto (2, 1) ate´ ponto (2.9, 1) e´ aproximadamente: 80− 40 2, 9− 2 = 40 0, 9 = 44, 4 graus metro 1 UNIFAVIP Nu´cleo de Engenharia Ca´lculo Aplicado na direc¸a˜o do eixo x. 3. Para calcularmos a taxa (instantaˆnea) de variac¸a˜o de temperatura no ponto (2, 1) em relac¸a˜o a` distaˆncia andada na direc¸a˜o do eixo x, observe que y permanece constante e igual a 1, o que varia e´ apenas a varia´vel x. Neste caso, o que fazemos e´ calcular o limite das taxas me´dias de variac¸a˜o de temperatura em relac¸a˜o a` variac¸a˜o de x, lim ∆x→0 T (2 + ∆x; 1)− T (2, 1) ∆x = lim ∆x→0 9(2 + ∆x)2 + 4− 40 ∆x = lim ∆x→0 36∆x+ 9∆x2 ∆x =⇒ lim ∆x→0 T (2 + ∆x; 1)− T (2, 1) ∆x = lim ∆x→0 36 + 9∆x = 36 graus metro , andando na direc¸a˜o do eixo x. 4. Se a formiga andar na direc¸a˜o do eixo y, a varia´vel x permanece constante e neste caso calculamos o limite, lim ∆y→0 T (2; 1 + ∆y)− T (2, 1) ∆y = lim ∆y→0 40 + 4(1 + ∆y)2 − 40 ∆y = lim ∆y→0 8 + 4∆y = 8 graus metro , andando na direc¸a˜o do eixo y. Observe que em (3) quando calculamos a taxa de variac¸a˜o de temperatura na direc¸a˜o do eixo x, y permanece constante. De forma similar, quando calculamos a taxa de variac¸a˜o de temperatura na direc¸a˜o do eixo y no item (4), a varia´vel x permanece constante. Isto nos leva a` definic¸a˜o de Derivada Parcial: Definic¸a˜o 1 A Derivada Parcial de f em relac¸a˜o a x em um ponto (x, y) e´ definida como sendo o valor do limite fx(x, y) = ∂f ∂x (x, y) = lim ∆x→0 f(x+ ∆x, y)− f(x, y) ∆x , se este limite existir. Definic¸a˜o 2 A Derivada Parcial de f em relac¸a˜o a y em um ponto (x, y) e´ definida como sendo o valor do limite fy(x, y) = ∂f ∂y (x, y) = lim ∆y→0 f(x, y + ∆y)− f(x, y) ∆y , se este limite existir. Exemplo 1 Calcule as derivadas parciais ∂z∂x e ∂z ∂y da func¸a˜o z = f(x, y) = x 2y3sen(xy). Soluc¸a˜o: Para calcular a derivada parcial de f em relac¸a˜o a x, considera-se y como uma constante e deriva-se f normalmente como uma func¸a˜o de uma varia´vel x. Primeiro aplica-se a regra do produto e depois a regra da cadeia para func¸a˜o de uma varia´vel, ∂z ∂x = 2xy3sen(xy) + x2y3ycos(xy) = 2xy3sen(xy) + x2y3cos(xy). Para calcular a derivada parcial de f em relac¸a˜o a y, considera-se x como uma constante e da mesma forma obte´m-se, ∂z ∂y = 3x2y2sen(xy) + x3y3cos(xy). Exemplo 2 Calcule ∂z∂x e ∂z ∂y . (a) f(x, y) = √ x2 + 3xy2. (b) z = ex 3y + (x5 + 10xy).ln(xy2). Soluc¸a˜o. (a) ∂z∂x = 2x+3y2 2 √ x2+3xy2 e ∂z∂y = 3xy√ x2+3xy2 . (b) ∂z ∂x = 3x2yex 3y + (5x4 + 10y).ln(xy2) + (x5 + 10xy). 1 x e ∂z ∂y = x3ex 3y + 10xln(xy2) + (x5 + 10xy). 2 y . Cleibson Silva Engenharia Civil UNIFAVIP/Devry UNIFAVIP Nu´cleo de Engenharia Ca´lculo Aplicado 1.2 Interpretac¸a˜o Geome´trica das derivadas parciais A figura a seguir nos mostra a interpretac¸a˜o geome´trica da derivada parcial de f em relac¸a˜o a x, no ponto (x0, y0), ∂f ∂x (x0, y0). Quando derivamos em relac¸a˜o a x mantemos a varia´vel y fixa. Com isto temos uma func¸a˜o de uma varia´vel x, z = f(x, y0). O gra´fico desta func¸a˜o de uma varia´vel x e´ a curva C1 , obtida pela intersec¸a˜o do gra´fico de f com o plano y = y0 . A curva C1 tem uma reta tangente T1 no ponto P do gra´fico de f no plano y = y0 . A derivada parcial ∂f ∂x (x0, y0) representa, enta˜o, a tangente do angulo α, que e´ o angulo que a reta tangente T1 forma com a reta y = y0 paralela ao eixo x, ou seja, ela e´ a inclinac¸a˜o da reta tangente ao gra´fico de z = f(x, y0) (curva C1 no ponto P no plano y = y0). Da mesma forma, a figura posterior nos mostra a interpretac¸a˜o geome´trica da derivada parcial de f com relac¸a˜o a y no ponto (x0, y0 ), ∂f ∂y (x0, y0). O plano x = x0 intercepta o gra´fico de f na curva C2, que e´ o gra´fico da func¸a˜o z = f(x0, y). A curva C2 tem uma reta tangente neste plano que forma um angulo β, com a reta x = x0 paralela ao eixo y. Assim, a derivada parcial de f em relac¸a˜o a y, ∂f ∂y (x0, y0), e´ igual ao valor da tangente do angulo β, ou seja, ela e´ a inclinac¸a˜o da reta tangente ao gra´fico de z = f(x0, y) (curva C2 ) no ponto P no plano x = x0. Figura 1.2: Derivada na direc¸a˜o do eixo x e na direc¸a˜o y 1.3 Derivadas de Ordem Superior Como vimos nos exemplos da sec¸a˜o anterior, as derivadas parciais ∂f∂x e ∂f ∂y de uma func¸a˜o z = f(x, y) sa˜o, tambe´m, func¸o˜es de duas varia´veis. Assim, podemos considerar novamente suas derivadas parciais, chamadas de derivadas parciais de segunda ordem de z = f(x, y), assim definidas: • fxx = ∂ 2f ∂x2 = ∂ ∂x ( ∂f ∂x ) • fyy = ∂ 2f ∂y2 = ∂ ∂y ( ∂f ∂y ) • fyx = ∂ 2f ∂x∂y = ∂ ∂x ( ∂f ∂y ) • fxy = ∂ 2f ∂y∂x = ∂ ∂y ( ∂f ∂x ) Do mesmo modo podemos ter derivadas parciais de 3a ordem, 4a ordem, . . . Exemplo 3 Determine as derivadas parciais de primeira e segunda ordem de z = f(x, y) = x3 + 2y3 + 3x2y2 Soluc¸a˜o. • ∂z∂x = 3x2 + 6xy2 e ∂z∂y = 6y2 + 6x2y; Cleibson Silva Engenharia Civil UNIFAVIP/Devry UNIFAVIP Nu´cleo de Engenharia Ca´lculo Aplicado • ∂2z∂x2 = 6x+ 6y2 e ∂ 2z ∂y2 = 12y + 6x 2; • ∂2z∂x∂y = ∂ 2z ∂y∂x = 12xy. Observe que, nos dois exemplos acima, as derivadas parciais mistas ∂ 2z ∂x∂y e ∂2z ∂y∂x coincidem. Este fato na˜o e´ uma coincideˆncia, isto se verifica para a grande maioria das func¸o˜es com as quais trabalhamos em Ca´lculo. O exerc´ıcio 6 mostra que a igualdade nem sempre se verifica. As condic¸o˜es que garantem a igualdade das derivadas parciais mistas sa˜o dadas pelo pro´ximo teorema do matema´tico franceˆs Alexis Clairaut (1713-1765). 1.3.1 Exerc´ıcios 1. Determine as derivadas parciais ∂z∂x e ∂z ∂y das func¸o˜es: (a) z = 4x2y − 5x3y2 + 2x− y; (b) z = x √ y; (c) z = ln(xy2); (d) z = √ x2 + y2 − 1; (e) f(x, y) = 2xy3x−2y . 2. Encontre a declividade da reta tangente a` curva resultante da intersecc¸a˜o de z = x2 + y2 com o plano x = 1 no ponto (1, 2, 5). 3. Determine as taxas de variac¸a˜o das func¸o˜es dadas a seguir, nos pontos indicados. (a) z = sen(y2 − 4x), no ponto (2, 1); (b) z = 1x+y , no ponto (−2, 4). 4. Considere que a func¸a˜o T (x, y) = 16 − 2x2 − y2 representa a temperatura em qualquer ponto de uma placa, em graus. Determine raza˜o de variac¸a˜o da temperatura em relac¸a˜o a` distaˆncia ao longo da placa, medida em cent´ımetros, na direc¸a˜o dos eixos positivos x e y, no ponto (1 , 2). 5. Suponha que uma pessoa em uma festa beba x = x(t) = 0.8t litros de refrigerantee coma y = y(t) = 0, 2t quilogramas de bolo de chocolate apo´s t horas. Com isso ele produz E(x, y) = 12x+ 3y calorias de energia ao beber x litros de refrigerante e comer y quilogramas de bolo. Quanta energia ele produziu apo´s 5 horas de festa? Qual a taxa de produc¸a˜o de energia em t = 5? (Resposta) 6. Mostre que a func¸a˜o f(x, y) = { xy(x2−y2) x2+y2 , (x, y) 6= (0, 0) 0, (x, y) = (0, 0). tem derivadas parciais cont´ınuas em (0, 0), pore´m, as derivadas parciais mistas na˜o sa˜o a´ı cont´ınuas. Cleibson Silva Engenharia Civil UNIFAVIP/Devry Derivadas Parciais Derivadas Parciais Interpretação Geométrica das derivadas parciais Derivadas de Ordem Superior Exercícios
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