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Prof. Diego Degrazia Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. 1 Apostila de apoio Direito Tributário - Site Nota 11 – Capítulo 01: Noções Introdutórias O que são as apostilas de apoio de Direito Constitucional do Site Nota 11? Trata-se de um material teórico, superobjetivo, que aborda de forma direta e didática os principais pontos sobre cada assunto do Direito Constitucional, como forma de servir de apoio ao estudo no “ambiente interativo do site Nota 11”, local onde o aluno poderá fixar de vez tais temas, além aprofundar o estudo através de milhares de fichas contendo perguntas e respostas classificadas por dificuldade e forma de abordagem (literalidade, doutrina e jurisprudência). REFERIBILIDADE Prof. Diego Degrazia Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. 2 Referibilidade: A ideia da “referibilidade tributária” tem como ponto de partida a existência de uma correlação lógica entre o sujeito que recebe a verba tributária e o sujeito passivo da obrigação. Quem começou a trabalhar essa teoria por aqui foi o mestre Geraldo Ataliba, ao tentar traçar algumas características diferenciadoras entre taxas e contribuições “parafiscais”.1 Enquanto as taxas partiam do pressuposto de uma atuação estatal DIRETA ao obrigado, as contribuições eram, nas palavras do mestre: “tributo vinculado cuja hipótese de incidência consiste numa atuação estatal indireta imediatamente (mediante uma circunstância intermediária) referida ao obrigado”.2 Em outras palavras: Ataliba entendia que a referibilidade podia ser direta, quando uma taxa estava relacionada a uma contraprestação feita diretamente ao indivíduo que arcava com o tributo, ou indireta, quando, por exemplo, um empresário pagava uma contribuição que iria se refletir em uma prestação estatal relacionada de forma indireta à sua atividade econômica. A melhor definição que a gente encontra na doutrina atual sobre o tema parte de Leandro Paulsen, muito usado pela ESAF. Notem só: “ O custeio dentre os integrantes do grupo a que se refere a atividade estatal é característica essencial às contribuições, denominando-se referibilidade. Não pressupõe benefício para o contribuinte, mas que a ele se relacione a atividade enquanto integrante de um determinado grupo.” 3 Vamos ver dois exemplos disso. Quando um contribuinte arca com uma taxa em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou 1 Lembrem que essa denominação está em desuso, sendo mais comumente aceita atualmente a redação de contribuições especiais. 2 ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6. ed. 4. tir. São Paulo: Malheiros, 2002. 3 PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário Completo. 6ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2014. Página 52. Prof. Diego Degrazia Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. 3 resíduos provenientes de seu imóvel ele estará recebendo um serviço específico e direto da Administração Pública. Por isso a taxa é um tributo de referibilidade direta. Já numa contribuição de interesse das categorias profissionais, por exemplo, o benefício é para um grupo específico de pessoas, que fazem parte de uma categoria, ou seja, o beneficio é indireto. A doutrina entende que a referibilidade é um requisito inerente às contribuições especiais, ou seja, no exemplo do Paulsen, “só os médicos podem ser contribuintes da contribuição do Conselho de Medicina”. Entretanto, há exceções. A primeira delas diz com as contribuições sociais de seguridade social. Em tais espécies tributárias existe uma espécie de referibilidade ampla ou global em face da dicção do artigo 195 da Constituição o qual impõe seu custeio a toda sociedade, ou seja, uma espécie de solidariedade social. CF/88 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: A segunda exceção diz com as Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico, as CIDES. Nesses casos, indo de encontro às posições da doutrina, o STJ passou a entender não estarem sujeitas ao critério de referibilidade tais exações. Notem o seguinte julgado: TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO INCRA – LEI 2.613/55 (ART.6º, § 4º) – DL 1.146/70 – LC 11/71 – NATUREZA JURÍDICA E DESTINAÇÃO CONSTITUCIONAL – CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO – CIDE – Prof. Diego Degrazia Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. 4 LEGITIMIDADE DA EXIGÊNCIA MESMO APÓS AS LEIS 8.212/91 E 8.213/91 – PREJUDICADO O EXAME DAS DEMAIS ALEGAÇÕES DA AUTORA. (...) 3. Em síntese, estes foram os fundamentos acolhidos pela Primeira Seção: a) a referibilidade direta NÃO é elemento constitutivo das CIDE's; b) as contribuições especiais atípicas (de intervenção no domínio econômico) são constitucionalmente destinadas a finalidades não diretamente referidas ao sujeito passivo, o qual não necessariamente é beneficiado com a atuação estatal e nem a ela dá causa (referibilidade). Esse é o traço característico que as distingue das contribuições de interesse de categorias profissionais e de categorias econômicas; c) as CIDE's afetam toda a sociedade e obedecem ao princípio da solidariedade e da capacidade contributiva, refletindo políticas econômicas de governo. Por isso, não podem ser utilizadas como forma de atendimento ao interesse de grupos de operadores econômicos; d) a contribuição destinada ao INCRA, desde sua concepção, caracteriza-se como CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO, classificada doutrinariamente como CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL ATÍPICA (CF/67, CF/69 e CF/88 - art. 149); (...) f) a contribuição do INCRA tem finalidade específica (elemento finalístico) constitucionalmente determinada de promoção da reforma agrária e de colonização, visando atender aos princípios da função social da propriedade e a diminuição das desigualdades regionais e sociais (art. 170, III e VII, da CF/88); g) a contribuição do INCRA não possui REFERIBILIDADE DIRETA com o sujeito passivo, por isso se distingue das contribuições de interesse das categorias profissionais e de categorias econômicas;Prof. Diego Degrazia Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. 5 h) o produto da sua arrecadação destina-se especificamente aos programas e projetos vinculados à reforma agrária e suas atividades complementares. Por isso, não se enquadram no gênero Seguridade Social (Saúde, Previdência Social ou Assistência Social), sendo relevante concluir ainda que: h.1) esse entendimento (de que a contribuição se enquadra no gênero Seguridade Social) seria incongruente com o princípio da universalidade de cobertura e de atendimento, ao se admitir que essas atividades fossem dirigidas apenas aos trabalhadores rurais assentados com exclusão de todos os demais integrantes da sociedade; h.2) partindo-se da pseudo-premissa de que o INCRA integra a "Seguridade Social", não se compreende por que não lhe é repassada parte do respectivo orçamento para a consecução desses objetivos, em cumprimento ao art. 204 da CF/88; i) o único ponto em comum entre o FUNRURAL e o INCRA e, por conseguinte, entre as suas contribuições de custeio, residiu no fato de que o diploma legislativo que as fixou teve origem normativa comum, mas com finalidades totalmente diversas; j) a contribuição para o INCRA, decididamente, não tem a mesma natureza jurídica e a mesma destinação constitucional que a contribuição previdenciária sobre a folha de salários, instituída pela Lei 7.787/89 (art. 3º, I), tendo resistido à Constituição Federal de 1988 até os dias atuais, com amparo no art. 149 da Carta Magna, não tendo sido extinta pela Lei 8.212/91 ou pela Lei 8.213/91. 4. Prejudicado o exame das demais alegações da empresa autora. 5. Recurso especial improvido. (REsp 895.596/SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/05/2007, DJ 23/05/2007, p. 255) No mesmo passo está o STF, com os seguintes julgados: Prof. Diego Degrazia Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. 6 RE 449233 AgR / RS - RIO GRANDE DO SUL AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI Julgamento: 08/02/2011 Órgão Julgador: Primeira Turma EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO – CIDE. LEI 10.168/2000. DESNECESSIDADE DE LEI COMPLEMENTAR E DE VINCULAÇÃO DIRETA ENTRE O CONTRIBUINTE E A APLICAÇÃO DOS RECURSOS ARRECADADOS. EXTENSÃO DE BENEFÍCIO FISCAL A CONTRIBUINTES NÃO COMTEMPLADOS PELA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. PODER JUDICIÁRIO. ATUAÇÃO COMO LEGISLADOR POSITIVO. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I – As contribuições de intervenção no domínio econômico podem ser criadas por lei ordinária e não exigem vinculação direta entre o contribuinte e a aplicação dos recursos arrecadados. Precedentes. II – Ante a impossibilidade de atuação do Poder Judiciário como legislador positivo, não cabe a ele, com base no princípio da isonomia, estender benefício fiscal a contribuintes não abrangidos pela legislação pertinente. III – Agravo regimental improvido. RE 451915 AgR / PR - PARANÁ AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. GILMAR MENDES Julgamento: 17/10/2006 Órgão Julgador: Segunda Turma EMENTA: Agravo regimental em recurso extraordinário. 2. Lei no 10.168, de 2000. Contribuição social de intervenção no domínio econômico. Inexigência de lei complementar e de Prof. Diego Degrazia Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. 7 vinculação direta entre o contribuinte e o benefício. Precedentes. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. Assim, podemos resumir o ponto em estudo para concursos com as assertivas abaixo 1) A referibilidade pressupõe a existência de uma correlação lógica entre o sujeito que recebe a verba tributária e o sujeito passivo da obrigação; 2) A referibilidade pode ser direta – quando falamos de taxas, por exemplo, ou indireta, quando mencionamos algumas espécies de contribuições especiais; 3) As contribuições sociais de seguridade social não passam por um juízo específico de referibilidade, pois esta é, em face do artigo 195 da CF/88, ampla e global; 4) As contribuições de intervenção no domínio econômico não se sujeitam à ideia de referibilidade; 5) As contribuições de interesse das categorias profissionais e de categorias econômicas, de regra, devem respeito à referibilidade tributária, ainda que de forma indireta. VQV!! TAMUJUNTU!!!
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