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FACULDADE CAPIXABA DE NOVA VENÉCIA CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS MIQUÉIAS TEIXEIRA DA SILVA RAIMUNDO JULIO DE MORAES GUIMARÃES A IMPORTÂNCIA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS PARA AS COMPANHIAS BRASILEIRAS: ESTUDO DE CASO PARA ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA. NOVA VENÉCIA 2012 MIQUÉIAS TEIXEIRA DA SILVA RAIMUNDO JULIO DE MORAES GUIMARÃES A IMPORTÂNCIA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS PARA AS COMPANHIAS BRASILEIRAS: ESTUDO DE CASO PARA ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA. Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado ao Programa de Graduação em Ciências Contábeis da Faculdade Capixaba de Nova Venécia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis. rientadora: Prof.ª Maria das Graças Santana Fernandes. NOVA VENÉCIA 2012 Catalogação na fonte elaborada pela “Biblioteca Pe. Carlos Furbetta”/UNIVEN MIQUÉIAS TEIXEIRA DA SILVA RAIMUNDO JULIO DE MORAES GUIMARÃES A IMPORTÂNCIA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS PARA AS COMPANHIAS BRASILEIRAS: ESTUDO DE CASO PARA ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA. Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado ao Programa de Graduação em Ciências Contábeis da Faculdade Capixaba de Nova Venécia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis. Aprovada em ____ de novembro de 2012. COMISSÃO EXAMINADORA ______________________________________ Prof.ª Maria das Graças Santana Fernandes. Faculdade Capixaba de Nova Venécia Orientadora _____________________________________ Prof.º Faculdade Capixaba de Nova Venécia Membro 1 ____________________________________ Prof.º Faculdade Capixaba de Nova Venécia Membro 2 Miquéias Teixeira da Silva Dedico este trabalho a toda minha família e amigos que me auxiliaram e compreenderam-me nos momentos difíceis dessa jornada, mas em especial dedico a duas pessoas que contribuíram de forma incondicional em minha formação pessoal e profissional, meus pais: Daci Martins da Silva e Maria Marta de Jesus Teixeira Silva, que me apoiaram e acreditaram em mim, mesmo quando as circunstâncias diziam não, eles mantiveram a fé. Raimundo Julio de Moraes Guimarães Esse trabalho é dedicado aos meus pais Jair G. Guimarães (in memória) e Elza de M. Guimarães e minha esposa Nadyezda N.S.S. Guimarães pela fé e confiança demonstrada no decorrer dessa jornada, apoiando, acompanhado e principalmente acreditando em mim. Aos meus amigos pela cumplicidade, ajuda e amizade e a todos que contribuíram direta e indiretamente na realização deste trabalho. Dedico à chegada de minha filha Nicoly. Miquéias Teixeira da Silva Agradeço a Deus por ter me dado o dom da vida e forças para chegar até aqui. Aos meus pais pela motivação contínua em meus dias de desesperança. Aos meus grandes amigos que estiveram sempre ao meu lado nessa caminhada. Aos meus professores queridos, e a minha orientadora Maria das Graças Santana Fernandes que juntos contribuíram de forma responsável em minha formação, dando as bases necessárias para realização desta pesquisa. Agradeço à Faculdade Capixaba de Nova Venécia, por ter disponibilizado uma formação de ensino de qualidade, com um corpo docente formado por profissionais altamente qualificados. Por fim, agradeço a todos que contribuíram de forma direta e indireta na realização desse trabalho. Raimundo Julio de Moraes Guimarães Agradeço a Deus, pela força espiritual para a realização desse trabalho, por ter me oferecido a oportunidade de viver e evoluir a cada dia e aprender aceitar as dificuldades impostas pelo caminho, pois: “Para tudo há uma ocasião certa; há tempo certo para cada propósito debaixo do Céu”. (Eclesiastes 3:1) “Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses quefazeres que se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a verdade”. Paulo Freire RESUMO A realização deste trabalho vem mostrar a importância das publicações das Demonstrações Financeiras de acordo com as normas internacionais de contabilidade e seus princípios fundamentais. Foram abordadas as Leis e suas alterações que regulam essas demonstrações financeiras no Brasil na atualidade e, ainda, na fundamentação teórica discorreu-se sobre as principais demonstrações financeiras, a contabilidade geral e seus aspectos, os usuários das informações contábeis e seus interesses nas demonstrações financeiras, por fim, as analises financeiras e econômicas das demonstrações contábeis, concluindo assim a parte teórica. Em uma segunda fase foi analisado os indicadores econômicos e financeiros das demonstrações (Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício), consolidadas de uma Empresa “X” Sociedade Anônima que faz parte de um grupo econômico no ramo varejista, os exercícios analisados foram de 2009, 2010 e 2011. Na terceira e ultima fase encontra-se a conclusão dos resultados obtidos e a resposta da hipótese levantada, confirmando assim a importância das demonstrações financeiras e suas análises para a tomada de decisões dos usuários. PALAVRAS-CHAVE: Normas Internacionais de Contabilidade. Leis Nº 11.638/2007 e 11.941/2009. Usuários das Demonstrações Financeiras. LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - MECANISMOS DE FUNCIONAMENTO DO IASC................... 31 QUADRO 2 - COMPARAÇÃO DO ATIVO DA LEI Nº 6.404/1976 COM A LEI 11.638/2007........................................................................ 39 QUADRO 3 - COMPARAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO DA LEI Nº 6.404/1976 COM A LEI Nº 11.638/2007................................... 40 QUADRO 4 - COMPARAÇÃO DO ATIVO DA Nº 11.638/2007 COM A LEI Nº 11.941/2009......................................................................... 41 QUADRO 5 - COMPARAÇÃO DO PASSIVO DA LEI Nº 11.638/2007 COM A LEI Nº 11.941/2009................................................................ 43 QUADRO 6 - PROCESSO CRONOLÓGICO DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS........................................ 54 QUADRO 7 - INDICADORES DE LIQUIDEZ.................................................. 57 QUADRO 8 - INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAL...................... 58 QUADRO 9 - INDICADORES DE RENTABILIDADE...................................... 59 QUADRO 10 - INDICADORES DE ROTAÇÃO OU ATIVIDADE...................... 61 QUADRO 11 - ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL (BP)............................. 63 QUADRO 12 - ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL (DRE).......................... 66 QUADRO 13 - ANÁLISE DA SITUAÇÃO ECONÔMICA................................... 70 QUADRO 14 - ANÁLISE DA SITUAÇÃO FINANCEIRA................................... 76 LISTA DE SIGLAS ABRASCA – AssociaçãoBrasileira das Companhias Abertas. AICPA – Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados. APIMEC – Associação dos Analistas e profissionais de Investimento do Mercado de Capitais. BM&FBOVESPA – Bolsa de Mercadorias, Valores e futuros. BOARD – Comitê de Monitoramento. BP – Balanço Patrimonial. CFC – Conselho Federal de Contabilidade. CMV – Custo da Mercadoria Vendida. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CSSL – Contribuição Social Sobre o Lucro líquido. CVM – Comissão de Valores Mobiliários. DFC – Demonstração do Fluxo de Caixa. DLPA – Demonstração do Lucro Prejuízo Acumulado. DMPL – Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido. DOAR – Demonstração da Origem e Aplicação de Recursos. DRE – Demonstração do Resultado do Exercício. DVA – Demonstração do Valor Adicionado. EUA – Estados Unidos da América. FASB – Junta de Normas de Contabilidade. FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis Atuarias e Financeiras. IAS – Normas Contábeis Internacionais. IASB – Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade. IASC – Comitê de Normas Contábeis Internacionais. IASCF – Fundação do Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade. IBRACON – Instituto de Auditores Independentes do Brasil. IFRC – Comitê de Interpretação das Normas Internacionais de Relatórios Financeiros. IFRS – Normas e Padrões Internacionais de Contabilidade. IR – Imposto de Renda. MP – Medida Provisória. PMPC – Prazo Médio de Pagamento das Compras. PMRE – Prazo Médio de Rotação do Estoque. PMRV – Prazo Médio de Recebimento das Vendas. S/A – Sociedade Anônima. SAC – Conselho Consecutivo de Normas. US GAAP – Princípios Contábeis Geralmente Aceitos nos Estados Unidos. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................... 15 1.1 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA DO TEMA....................... 16 1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA.................................................................. 17 1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA....................................................... 17 1.4 OBJETIVOS........................................................................................ 18 1.4.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................. 18 1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................... 18 1.5 HIPÓTESE.......................................................................................... 18 1.6 METODOLOGIA................................................................................. 19 1.6.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA................................................................ 19 1.6.2 TÉCNICAS PARA COLETA DE DADOS........................................................ 21 1.6.3 FONTES PARA COLETA DE DADOS.......................................................... 21 1.7 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DAS PARTES DO TRABALHO....................................................................................... 22 2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................. 23 2.1 A CONTABILIDADE E SEUS OBJETIVOS....................................... 23 2.1.1 USUÁRIOS DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS............................................. 26 2.2 O PROCESSO DE NORMATIZAÇÃO CONTÁBIL NO BRASIL....... 29 2.2.1 LEI Nº 6.404/1976 DAS SOCIEDADES POR AÇÕES................................... 34 2.2.2 PROMULGAÇÃO DA LEI Nº 11.638/2007 E A MP 449/2008...................... 36 2.3 ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS................................................................................... 38 2.3.1 LEI Nº 11.638/2007............................................................................. 38 2.3.2 LEI Nº 11.941/2009............................................................................. 41 2.4 AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS BRASILEIRAS.................. 44 2.4.1 BALANÇO PATRIMONIAL (BP)................................................................ 45 2.4.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE)........................... 46 2.4.3 DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS (DLPA).......... 47 2.4.4 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL).......... 48 2.4.5 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (DFC)........................................... 50 2.4.6 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA)..................................... 52 2.5 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS........................ 53 2.5.1 VISÃO HISTÓRICA E EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE ANÁLISE..................... 53 2.5.2 TÉCNICAS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS.................... 55 2.5.2.1 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL........................................................... 55 2.5.2.2 ANÁLISE POR ÍNDICES OU QUOCIENTES................................................... 56 2.5.2.2.1 INDICADORES DE LIQUIDEZ..................................................................... 56 2.5.2.2.2 INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAIS.............................................. 58 2.5.2.2.3 INDICADORES DE RENTABILIDADE........................................................... 59 2.5.2.2.4 INDICADORES DE ROTAÇÃO OU ATIVIDADE............................................... 60 3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS................................................................................ 62 3.1 EMPRESA X OBJETO DE ESTUDO DA PESQUISA........................ 62 3.2 ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL (BP)....................................... 63 3.3 ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL (DRE) ................................... 66 3.4 ANÁLISE DA SITUAÇÃO ECONÔMICA............................................ 70 3.4.1 ANÁLISE DOS INDICADORES DE ROTAÇÃO OU DE ATIVIDADE...................... 71 3.4.2 ANÁLISE DOS INDICADORES DE RENTABILIDADE....................................... 72 3.5 ANÁLISE DA SITUAÇÃO FINANCEIRA............................................. 76 3.5.1 ANÁLISE DOS INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAL.......................... 77 3.5.2 ANÁLISE DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ................................................. 79 3.6 ANÁLISE GERAL DOS RESULTADOS OBTIDOS............................ 81 4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES............................... 84 4.1 CONCLUSÃO..................................................................................... 84 4.2 RECOMENDAÇÕES........................................................................... 87 5 REFERÊNCIAS................................................................... 88 ANEXOS ANEXO A – DEMONSTRAÇÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL....... 91 ANEXO B – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 96 15 1 INTRODUÇÃO Com o advento da globalização e o crescimento cada vez mais rápido dos mercados de capitais em diversos países do mundo influenciando empresas, investidores e empreendedores a entrar nesse novo mercado com grande potencial lucrativo, tem se criado a estrutura perfeita para o aumento das relações internacionais e o intercambio entre as grandes companhias de capital aberto. Esses gigantes econômicos tem se estabelecido cada vez mais em outros países através de fusões, incorporações, aquisições de coligadas e abertura de novas subsidiárias ou, até mesmo, implantando um novo tipo de negócio envolvendo capital de terceiro ou estrangeiro. Por outro lado, as empresas e companhias nacionais tem tidoacesso a esse mercado internacional por intermédio de tomada de financiamentos externos e emissão de títulos de suas ações em bolsas de valores espalhadas pelo mundo. Dessa forma Schmidt, Santos e Fernandes (2010, p. 1-2) relatam que: Nos dias de hoje, os conceitos de economia, capitais, produtos e empresas nacionais, isoladamente, passam a ter menor relevância. O processo de globalização dos mercados trouxe à tona a necessidade de harmonização contábil em todo o mundo, pois os investidores, de forma geral, são atraídos para mercados que conhecem e nos quais confiam. Diante dessas novas condições de mercado, surgem novos desafios para estudiosos, profissionais e usuários da contabilidade, bem como para as entidades responsáveis pela emissão de normas contábeis, que passam a desempenhar um importante papel no processo de harmonização das praticas contábeis. No decorrer dessa grande evolução surge para contabilidade a necessidade de se adequar a esse novo cenário econômico, transpassando as barreiras impostas pela língua, moeda e principalmente as diferenças existentes entre as praticas contábeis exercidas em diversos países, de modo a viabilizar o entendimento das demonstrações contábeis entre os mercados, tornando uniformes as praticas contábeis. 16 Nesse sentido, o Brasil vem moldando sua contabilidade ano após ano, de forma a incorporar as normas brasileiras aos padrões internacionais, viabilizando uma maior transparência e interpretação das demonstrações contábeis para todos os seus usuários tanto internos, quanto externos: empresários, investidores, sócios, fornecedores etc. Sendo assim, Montoto (2011) afirma que diante da internacionalização da contabilidade e as mudanças que estão ocorrendo nos setores contábeis, vê à necessidade de um estudo sobre as demonstrações financeiras e suas mudanças mais recentes, para analisar sua importância para as entidades e os usuários dessas demonstrações. Desse modo, o presente trabalho priorizará a importância das demonstrações financeiras elaboradas pelas grandes companhias, visando entender seus conceitos, as finalidades, os seus usuários e as transformações ocorridas com a harmonização das normas brasileiras advindas através da lei Nº 11.638/2007 e como essas demonstrações influenciam na tomada de decisão das grandes organizações. 1.1 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA A contabilidade brasileira está aderindo a contabilidade internacional desde 2007 por meio da edição da Lei Nº 11.638/2007 e da Lei Nº 11.941/2009, que alteraram a Lei Nº 6.404/1976 dando autoridade aos órgãos públicos para criação de um comitê de pronunciamento, chamado CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), que traduz as normas internacionais. A princípio, as demonstrações contábeis brasileiras eram realizadas de acordo com os princípios estipulados pela legislação e regidos em sua maioria pelos dispositivos da Lei das sociedades por ações. Com a internacionalização da contabilidade brasileira os profissionais contábeis, estudiosos, empresários, investidores e usuários em potencial, se depararam em um pequeno espaço de tempo com um conjunto de modificações estruturais e conceituais. Iniciando, dessa forma, uma corrida incessante pela busca de informação, pois a contabilidade brasileira a partir 17 de 2008 já vigorava de acordo com os novos dispositivos inseridos pela Lei Nº 11.638/2007. O tema abordado neste trabalho justifica-se pela necessidade de informação quanto às mudanças inseridas pela internacionalização da contabilidade brasileira em especialmente no que tange a importância da elaboração das demonstrações financeiras, pois são elas responsáveis pela principal fonte de recursos de qualquer organização. 1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA O trabalho limitou-se a analisar a importância, estrutura e os benefícios advindos da elaboração das demonstrações financeiras para as sociedades anônimas brasileiras, de acordo com os novos parâmetros internacionais instituídos pela Lei Nº 11.638/07. Não se pretende nesse trabalho apresentar todas as técnicas de análise de demonstrações contábeis, pois não serão abordados todos os demonstrativos financeiros exigidos pela legislação societária brasileira. Entretanto será realizado estudo comparativo das demonstrações financeiras da empresa x (balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício), findos de 2009, 2010 e 2011. 1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA Com a consolidação do crescimento do processo de negociação de ações, é necessário conhecer as variantes que devem ser levadas em consideração na hora de assumir o risco de um negócio. Sendo assim, a contabilidade é de suma importância, pois é através das demonstrações financeiras que se têm as principais informações sobre o patrimônio das organizações e suas respectivas mutações. As demonstrações financeiras elaboradas pelas grandes companhias de capital aberto de acordo com Lei Societária brasileira são importantes meios de informações para quem deseja entrar nesse mercado ou investir nesse ramo de 18 atividade, pois são elas que demonstram a real situação financeira e econômica das organizações, e são através delas que os usuários da contabilidade se informam sobre: o capital de giro investido, a utilização de capital de terceiro ou próprio, rendimentos das ações etc. A partir desse contexto, o presente trabalho pretende responder a seguinte questão: Qual a importância da análise das demonstrações financeiras para avaliação econômica e financeira das sociedades anônimas brasileiras? 1.4 OBJETIVOS 1.4.1 OBJETIVO GERAL Verificar a importância da análise das demonstrações financeiras para avaliar a situação econômico-financeira das sociedades anônimas brasileiras. 1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Apresentar aspectos gerais do processo de normatização contábil no Brasil; Apresentar as principais mudanças estruturais nas demonstrações financeiras; Demonstrar as principais técnicas de análise das demonstrações financeiras, utilizadas para tomada de decisão; Analisar, as demonstrações financeiras (balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício), disponibilizado pela empresa x. 1.5 HIPÓTESE Com a promulgação da lei Nº 11.638/2007, e as constantes atualizações em seus dispositivos através de medidas provisórias, a contabilidade vem passando por diversas transformações principalmente com relação às demonstrações financeiras, 19 pois se localizam no foco central da discussão: o processo de convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade as Normas Internacionais. Portanto, para os usuários da contabilidade, faz-se necessário um estudo minucioso das leis e das suas alterações, para que as demonstrações financeiras elaboradas sejam uniformes entre si. E proporcione uma análise consistente do que realmente ocorreu na empresa, viabilize uma tomada de decisão estratégica, a aquisição de novos investimentos na companhia e também uma demonstração da capacidade econômico-financeira da entidade, etc. Sendo assim, torna-se indiscutível a importância das demonstrações financeiras, não só para as companhias de capital aberto, mas também para as empresas de um modo geral. Essas demonstrações financeiras possibilitam as empresas maximizar seus lucros e reduzir seus tributos com bases em previsões futuras e comparar a situação econômico-financeira de seus exercícios anteriores para uma projeção estatística de crescimento futuro. 1.6 METODOLOGIA 1.6.1 CLASSIFICAÇÃODA PESQUISA Para a realização desse trabalho de pesquisa será necessária a classificação da mesma quanto aos objetivos, pois conforme Gil (2002, p. 41): É sabido que toda e qualquer classificação se faz mediante algum critério. Com relação às pesquisas, é usual a classificação com base em seus objetivos gerais. Assim, é possível classificar as pesquisas em três grandes grupos: exploratórias, descritivas e explicativas. Neste sentido, o presente trabalho classifica-se em exploratório e descritivo. Ao abordar sobre a pesquisa exploratória Marconi e Lakatos (2002), afirmam que é um tipo de pesquisa de natureza empírica tem por objetivo a evidenciação de um problema ou de questões com finalidades distintas: desenvolver hipóteses, aumentar 20 a familiaridade do pesquisador com um ambiente, chegar-se a um fato ou fenômeno para realização de pesquisa futura mais precisa e ajudar a clarificar os conceitos. Na concepção de Gil (2002, p.43) a pesquisa exploratória tem como objetivo: Proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Marconi e Lakatos (2002) falam que as pesquisas descritivas consistem na investigação empírica, cuja principal finalidade é a análise das características de fatos ou fenômenos, a avaliação de programas, isolamento de variáveis principais. Os artifícios utilizados são quantitativos tendo por objetivo a coleta de dados sobre populações, programas, ou amostra de população e programas. Conforme, Cervo e Bervian (2002, p. 66): A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. [...] Procura descobrir, com a precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características. [...] A pesquisa descritiva desenvolve-se, principalmente, nas ciências, abordando aqueles dados e problemas que merecem ser estudados e cujo registro não consta de documentos. Para a realização e a concretização dos objetivos deste trabalho foi utilizada a pesquisa exploratória com o intuito de obter mais informações sobre a importância das demonstrações financeiras, analisando os demonstrativos contábeis da empresa pesquisada. Enquanto que a pesquisa descritiva, pela possibilidade de ser possível a coleta de dados para descrever as principais técnicas de análise financeiras utilizadas pelas companhias brasileiras, além de poder correlacionar as possíveis variáveis. 21 1.6.2 TÉCNICAS PARA COLETA DE DADOS Segundo Cervo e Bervian (2002, p. 64), o interesse e a curiosidade do homem pelo saber levam a investigar a realidade sob os mais diversificados aspectos e dimensões. Barros e Lehfeld (1986, p. 29) conceituam como “pesquisa bibliográfica é a pesquisa exploratória que os alunos realizam para obter conhecimentos, procurando encontrar informações publicadas em livros, documentos (catálogos, folhetos, artigos etc.)”. Já Cervo e Bervian (2002, p. 65) definem que: A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a parti de referências teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental, Em ambos os casos, busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. Na realização deste trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica, pois foram utilizados documentos já publicados e que não sofreram alterações. Foram utilizadas as demonstrações financeiras da empresa em questão, considerando que todo esse material já foi publicado e revisado para o desenvolvimento da pesquisa, por abranger muita informação abordar-se-á apenas as informações concretas, classificadas com bibliográficas. 1.6.3 FONTES PARA COLETA DE DADOS Na visão de Andrade (2001, p. 43): Fontes primárias são constituídas por obras, ou textos originais, material ainda não trabalhado, sobre determinado assunto. As fontes secundárias referem-se a determinadas fontes primárias, isto é, são constituídas pela literatura originada de determinadas fontes primárias e constituem-se em fontes das pesquisas bibliográficas. Richardson (1999) afirma que, fontes de dados classificam-se em fontes primárias e fontes secundárias. Uma fonte primária é aquela que teve uma relação física direta 22 com os fatos analisados, existindo um relato ou registro da experiência vivenciada e uma fonte secundária é aquela que não tem uma relação direta com o acontecimento registrado, será através de algum elemento intermediário. Para a coleta de dados foram utilizadas as fontes secundárias, pois o trabalho se concretizou com base em documentos, artigos, leis e livros publicados, que servirão para apoiar teoricamente e cientificamente, enriquecendo com dados concretos da pesquisa. 1.7 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DAS PARTES DO TRABALHO O presente trabalho está dividido em cinco capítulos apresentados da seguinte forma: No capítulo 1 é feita a introdução, justificativa da escolha do tema, delimitação e formulação do problema, os objetivos geral e específicos, a hipótese e a metodologia utilizada; No capítulo 2 é abordado o conceito teórico que fundamenta a importância da realização deste estudo de pesquisa. No capítulo 3 é desenvolvida a apresentação e análise comparativa dos dados obtidos através da pesquisa. No capítulo 4 aborda-se a conclusão do trabalho e as possíveis recomendações para pesquisas e implementações futuras. E por fim, no quinto capítulo aborda-se as referências utilizadas no desenvolvimento desta monografia. 23 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A CONTABILIDADE E SEUS OBJETIVOS A Contabilidade é muito antiga e já era utilizada em sua forma primitiva desde que o homem percebeu a necessidade de contar, controlar, negociar, valorizar, classificar, entre outros motivos, isso a tornou indispensável à evolução da sociedade. Com o passar do tempo, a contabilidade foi se adaptando às diversas necessidades do homem, numa busca incessante pelo acúmulo de riquezas. Entretanto, no mundo sua definição, seus objetivos e importância ficaram mais claros após a crise econômica da bolsa de valores de Nova Iorque. Isso ocasionou perdas sem precedentes pelo mundo, onde empresários, auditores, analistas, membros do governo e congressistas dos EUA se focaram na análise das razões que podiam ter desencadeado a crise e nas medidas que eles tomariam para remediá-la. Após diversas análises, chegaram à conclusão de que as medidas de prevenção deveriam ser adotadas dentro da contabilidade e precisariam de um novo reposicionamento do governo para que houvesse uma normatização contábil voltada para o preparo de auditoria e das demonstrações financeiras. Com isso a contabilidade deu um salto na evolução de seus conceitos e objetivos passando a ser o elo entre empresa e governo, conciliando e auxiliando gestores na tomada de decisões, e se transformou hoje na ciência social que estuda, controla e orienta a administração econômica das entidades. Contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos fatos nelesocorridos, com o fim de oferecer informações sobre sua composição e variação, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial (CREPALDI, 2008, p. 3). 24 Montoto (2011, p. 35) define o termo contabilidade como “uma ciência social que estuda o Patrimônio de uma entidade econômico-administrativa, pessoa física ou jurídica, com objetivo de obter registros classificados e sintetizados dos fenômenos que afetam a sua situação patrimonial e financeira”. As informações geradas pela contabilidade têm como objetivo principal o auxílio da administração no controle e execução das metas planejadas pela empresa. Essas informações devem ser precisas para serem confiáveis, e apenas seguindo os princípios de contabilidade no exercício da função, pode se ter essa precisão. Esses princípios são os seguintes: O princípio da competência; O princípio da continuidade; O princípio da prudência; O princípio da atualização monetária; O princípio do registro pelo valor original; O princípio da oportunidade; O princípio da entidade. Iudicíbus e Marion (2002, p. 89) definem que: Os Princípios Fundamentais de Contabilidade são os conceitos básicos que constituem o núcleo essencial que deve guiara profissão na consecução dos objetivos da Contabilidade, que, como vimos, consistem em apresentar informações estruturadas para os usuários. Neste sentido, quando os fatos contábeis ocorridos na entidade são registrados e controlados de acordo com as normas e princípios de Contabilidade vigentes, consequentemente as demonstrações financeiras que são os resultados de todos esses fatos passam a proporcionar relatórios precisos, análises estratégicas e decisões acertadas, contribuindo para que os usuários das informações contábeis disponham de diversas informações coerentes entre si sobre o patrimônio da entidade em questão. 25 Marion (2009, p. 28) acredita que a contabilidade “é uma ciência social, pois estuda o comportamento das riquezas que se integram no patrimônio, em face das ações humanas (portando, a Contabilidade ocupa-se de fatos humanos)”. Na concepção de Montoto (2011, p. 38): A Contabilidade é, portanto, uma ciência que estuda e pratica suas funções a partir dos fatos contábeis produzidos pela entidade em determinado período. Assim, registra os fatos contábeis nos livros, controla a entidade a partir das demonstrações financeiras e orienta os gestores a parti das Analise das Demonstrações Financeiras a da Auditoria em toda a produção de fatos contábeis da entidade. Os principais objetivos da contabilidade é a coleta de dados, registros e processamento das informações, com intuito de gerar relatórios sobre o patrimônio, principal objeto da contabilidade, para demonstrar aos usuários da contabilidade e outros interessados esses resultados, que tem por finalidade o auxiliar nas tomadas de decisões. Os relatórios contábeis por sua própria definição vêm com o propósito de relatar a situação do patrimônio no presente e suas mutações no tempo com precisão e transparência para que os usuários vislumbrem uma visão da continuidade da entidade. A contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados econômicos, mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para a tomada de decisões (MARION, 2009, p. 25). O objetivo principal da contabilidade, portanto, conforme a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade é o de permitir a cada grupo principal de usuários a avaliação de situação econômica e financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer inferências sobre suas tendências futura (MARION, 2009, p. 28). 26 O conceito de contabilidade hoje está “vinculado ou impregnado” como instrumento essencial na administração é gerência do patrimônio de uma entidade, visando não só o registro das informações, mais auxiliando nas tomadas de decisões e no planejamento de ações a serem tomados. Como se expressa Gouveia (2001, p. 1): A importância de registrar as transações de uma companhia é proveniente de uma série de fatores, como por exemplo: o dinamismo das empresas, com mudança dos seus dirigentes e do pessoal que as opera (como na documentação hipotética colocada); a necessidade de comprovar, com registro e documentos, a veracidade das transações ocorridas: a possibilidade de reconstruir, com detalhes, transações ocorridas muitos anos antes; a necessidade de registrar as dívidas contraídas, os bens adquiridos, ou o capital que os proprietários investiram no negócio. E, ainda, informa os reflexos que as transações provocam na situação econômico-financeira de uma companhia para que os diversos interessados em seu passado, presente ou futuro tenham conhecimento do seu progresso, estagnação financeira ou retrocesso. A contabilidade veio evoluindo no processo de registro e controle do patrimônio transformando-se em uma ferramenta muito importante para os seus usuários. 2.1.1 USUÁRIOS DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS A contabilidade ao passar por diversas transformações no decorrer dos anos, veio aprimorando cada vez mais seu campo de atuação, deixando de lado aquele velho paradigma “que somente o profissional contábil precisa da contabilidade”. No mundo atual, onde a informação é a chave para tomada de decisão, a contabilidade surge como uma ferramenta de vital importância para bom funcionamento da grande engrenagem que move o mundo da economia. Nesse sentido as analises das demonstrações financeiras se caracterizam como uma técnica contábil que permite a seus usuários uma diversidade de informações de uma determinada organização quer sejam econômico-financeiras, gerencias ou 27 administrativas, dessa forma seus usuários têm em mãos o espelho da empresa avaliada monetariamente. Na concepção de Assaf Neto (2010, p. 39): A análise das demonstrações contábeis de uma empresa pode atender a diferentes objetivos consoantes os interesses de seus vários usuários ou pessoas físicas ou jurídicas que apresentam algum tipo de relacionamento com a empresa. Nesse processo de avaliação, cada usuário procurará detalhes específicos e conclusões próprias e, muitas vezes, não coincidentes. Para Montoto (2011), no quadro dos usuários das demonstrações contábeis, incluem-se investidores atuais e potenciais, empregados, credores por empréstimos, fornecedores e outros credores comerciais, clientes, governos e suas agências e o público. Apesar das variáveis, cada usuário das demonstrações financeiras utiliza de forma específica a análise desses demonstrativos, pois necessitam de informações diversificadas para determinados grupos de usuários que se encaixar. Dessa forma conceituam-se: Investidores Podem ser considerados como os potenciais usuários da contabilidade, são eles e seus analistas responsáveis pela avaliação de uma entidade, preocupam-se com o risco do investimento, utilizam-se das demonstrações financeiras para decidirem se devem realizar um investimento ou mantê-lo para negociação futura. Juntamente nessa classificação de usuário encontram-se os acionistas, que necessitam de informações sobre o patrimônio da organização para avaliar se ela possui capacidade de pagar dividendos. Empregados Preocupam-se com a empresa onde atuam, e necessitam de informações sobre o nível de crescimento e o grau de lucratividade de seus empregadores. Avaliam ainda os fatores ocorridosdentro da entidade que possam prejudicar seus níveis de 28 remuneração, suas oportunidades de emprego ou de crescimento na própria entidade, seus benefícios e direitos trabalhistas. Credores por empréstimos Estes usuários necessitam de informações de natureza econômico-financeira, pois evidenciam a capacidade que a entidade possui de liquidar seus financiamentos, empréstimos. Avaliam ainda o patrimônio da entidade, caso esta não honre com seus compromissos até que valor a entidade pode liquidar a dívida com seu patrimônio. Fornecedores Buscam por informações que lhes permitam avaliar se os seus direitos devidos serão pagos no prazo estipulado em contrato. Estes, por sua vez, diferenciam-se dos credores por empréstimos, pois se preocupam com o índice de liquidez da entidade ou contas a pagar em curto prazo. Clientes Tendem a avaliar a estabilidade da entidade, os seus ciclos econômicos e sua capacidade operacional, basicamente seus interesses são sobre a continuidade da empresa no mercado na qual esta inserida, isso fica mais evidenciado quando existe alguma relação de curto ou longo prazo com ela, ou trata-se de um fornecedor importante. Governo Caracteriza-se como analista em potencial, pois se preocupam com a capitalização de impostos e a destinação de recursos, portanto tem foco nas atividades operacionais e não operacionais da entidade. Utilizam essas informações para avaliações de origens fiscais, e buscam através delas estabelecer o nível de crescimento dos diversos setores da economia, implementando cada vez mais suas políticas fiscais, com o intuito de aumentar cada vez mais a renda nacional. 29 Público As entidades em seus campos de atuação (atividades diárias) afetam a sociedade na qual está inserida de diversas formas. Os modos como elas fazem as restituições à sociedade são distintas, podendo ser a contribuição do crescimento local, a utilização de mão de obra da comunidade. Neste sentido as entidades utilizam de duas ferramentas contábeis: o balanço social que demonstra as atividades sociais desenvolvidas na comunidade onde está inserida e as demonstrações financeiras onde podem se informar sobre desempenho da entidade e suas conquistas recentes. 2.2 O PROCESSO DE NORMATIZAÇÃO CONTÁBIL NO BRASIL Ante as diversas exigências e mudanças impostas quanto à contabilidade, tornou-se necessária a revisão do processo de normatização contábil. Logo as normas internacionais de contabilidade é algo novo no Brasil quem vem se desenvolvendo desde 2007 com a promulgação da Lei Nº 11.638/2007, mas pelo mundo ela já era vista e falada há muito tempo, suas origens remontam a década de 30. Após o cataclismo econômico e social provocado pela crise da Bolsa de Nova Iorque em 1929, membros do Governo dos Estados Unidos, congressistas daquele país, dirigentes empresariais, auditores, analistas de crédito e do mercado de ações e pesquisadores acadêmicos se debruçaram na análise das razoes para a crise e na concepção de mecanismos para superá-la. Dentre as medidas imaginadas e implantadas estava um reposicionamento relativo à regulação governamental e à normatização contábil voltadas para o preparo e auditoria de demonstrações financeiras, também chamadas de demonstrações contábeis (LEMES, 2010, p. 1). Nota-se que após a revolução causada pela crise de 1929 várias empresas espalhadas pelo mundo quebraram. Investidores, acionistas, empresários todos saíram perdendo, e o governo capitalista da época foi um dos responsabilizados pela crise, a omissão dos parlamentares em intervir para criação de medidas de 30 escape, foi um dos motivos que levou centenas de empresas a falência repentinamente. Apesar de tudo, foi neste contexto que se falou pela primeira vez em uma contabilidade unificada em que todos pudessem elaborá-la e entendê-la de forma igual, nasciam então as normas internacionais de contabilidade. Lemes (2010) relata que foi criado em meados de 1930 nos Estados unidos o Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados (AICPA). Órgão voltado para produção de normas contábeis ate o inicio dos anos 70. Essas normas eram denominadas de Princípios Contábeis Geralmente Aceitos nos Estados Unidos (US GAAP). Em 1973, esse órgão foi substituído por uma entidade sem fins lucrativos, que assumiu a tarefa de emitir tais normas, desenvolvia-se então a Junta de Normas de Contabilidade Financeira (FASB). Alicerçado no pensamento de Lemes, constata-se que, até a década de 70, somente os americanos possuíam esses institutos específicos para tratamento de normas de contabilidade, o que gerou grandes resultados para a alavancagem após a crise. Nesse mesmo espaço de tempo nascia uma ideia que mudaria a história da contabilidade pelo mundo, e elevaria o patamar da profissão contábil a nível de importância internacional. Foi criado um organismo internacional com o propósito de produzir normas contábeis não sob a ótica de um país em particular, porém com a intenção de serem normas genuinamente internacionais, no sentido de “supranacionais”: nascia o Comitê de Normas Contábeis Internacionais (IASC) [...]. Esse organismo gerou Normas Contábeis Internacionais (IAS), até 2001 algumas das quais ainda estão vigentes. Nesse ano de 2001, houve grande consenso na comunidade empresarial internacional quanto a necessidade de dotar de mais consistência o preparo de tais normas internacionais, e procedeu-se a uma reforma constitucional no mecanismo de funcionamento do antigo IASC, que passou a adotar a forma hoje vigente [...] (LEMES, 2010, p. 2). Para melhor compreensão de desenvolvimento desses mecanismos segue quadro com algumas das organizações criadas e suas respectivas atribuições no preparo e desenvolvimento das normas internacionais: 31 Entidade Criada Função desenvolvida (BOARD – Monitoring Board) Organismo desenvolvido para supervisionar o modo de funcionamento da entidade que produz as normas contábeis. Sua intenção e que os reguladores dos mercados de capitais que exigem ou permitem o uso das normas IFRS em suas jurisdições possam de maneira mais eficaz desincumbir-se de seus deveres relativos à proteção a investidores, integridade dos mercados e formação de capital; (IASCF – International Accounting Standards Committee Foundation) Fundação criada desde o inicio das normas internacionais, mas que não têm como tarefa escrever normas contábeis, seus objetivos é: Promover, no interesse público, um conjunto único de normas contábeis de alta qualidade; Promover o uso e rigorosa aplicação de tais normas; Atender as pequenas e medias empresas no que se refere às normas contábeis e viabilizar a convergência das normas contábeis nacionais ruma as internacionais; (IASB – International Accounting Standards Board) Sob a fundação da IASCF, encontra o IASB principal corpo de profissionais responsáveis pela efetiva discursão e elaboração das normas contábeis internacionais. Possui regime de dedicação de tempo integral, dirige e supervisiona o trabalho de um quadro técnico de profissionais também de tempo integral na minuta e discursão de normas ate sua aprovação final; (IFRIC – International Financial Repotting Interpretations Committee) Criado com o objetivo de interpretação, o IFRIC é responsável por interpretar as aplicações dos padrões do IASC. Esse organismo atua de forma não exclusiva e em tempo parcial; (SAC – Standards Advisory Council) Criada com o intuito de oferecer sugestões sobrea agenda de trabalho do IASB e sobre o andamento e os rumos de pronunciamentos contábeis internacionais específicos. É composta por creca de 40 representantes diretos de instituições envolvidas diretas ou indiretamente com os desafios encontrados pela contabilidade ao redor do mundo com legítimos interesses no processo de normatização contábil internacional. Quadro1 – Mecanismos de funcionamento do IASC Fonte: Lemes, 2010. 32 As normas internacionais denominadas de IAS, a partir de 2001, passaram a se chamar de Normas Internacionais de Relatórios Financeiros (IFRS), cujo objetivo não só abrange a contabilidade de forma isolada societária ou fiscal, mas sim em desenvolver todo o leque de temas envolvidos na elaboração e divulgação das atividades operacionais de uma entidade por meio de demonstrações de fluxo de caixa, balanços patrimoniais, demonstrações de resultado e etc. A elaboração e emissão de uma norma IFRS é o último passo de um processo rigoroso de discursão entre entidades envolvidas, a fim de desenvolver a melhor solução possível com base em experiências vividas no ambiente contábil. O resultado final dessa discursão não é decidido por uma pessoa individualmente nem por um restrito grupo de pessoas, ninguém possui autonomia para a decisão da escolha final a se seguir. Lemes (2010) destaca que o processo de elaboração de uma IFRS se inicia quando o IASB aceita incluir em sua agenda ativa, sugestões de temas ou opiniões sobre determinado assunto referente ao campo da contabilidade, vindas dos mais diferentes usuários da contabilidade empresas, contabilistas em geral, investidores e a acionistas a fins de solução para determinada discursão. O pessoal técnico permanente do IASB se focaliza na análise da questão e na busca que existam ao redor do mundo, essa busca conduz a um documento para audiência pública mundial denominada “Minuta para Discussão”. Neste sentido os usuários da contabilidade ao redor do mundo podem acessar esse documento e enviar comentários sobre omissões, interpretações faltantes ou incorretas e suas próprias opiniões sobre o determinado assunto em questão. Após a revisão dessas cartas de comentários pelo IASB realizados em uma audiência pública a quem se propôs comentar e opinar sobre a futura norma, é então deliberada a emissão de uma norma IFRS em caráter final e oficial. No Brasil com o desenvolvimento da economia em função do mercado internacional e a aceleração do processo de globalização, tornou-se indiscutível a necessidade de uma harmonização contábil. Processo este que traz consigo uma série de benefícios e oportunidades para o mercado brasileiro. 33 Para Andrade (apud SCHMIDT; SANTOS; FERNANDES, 2010, p. 3), Argumenta que a harmonização, em primeiro lugar, abre o mercado brasileiro aos investidores internacionais, além de tornar o mercado de capitais e o sistema financeiro brasileiro mais transparente para as agências internacionais, melhorando assim o nosso relacionamento e a nossa imagem com esses organismos internacionais, além de reduzir o risco país. Criada com o intuito de aperfeiçoar e evoluir o sistema contábil no Brasil a Lei Nº 6.404/1976 - Lei das sociedades anônimas - foi um marco para o desenvolvimento da economia brasileira, contudo, ao passar dos anos viu-se a necessidade de aperfeiçoamento de alguns dispositivos da referida Lei, pois já não atendia as necessidades do mercado atual que evoluía rapidamente. A existência da Lei (das Sociedades por Ações), se por um lado foi a maior alavanca para a melhoria da Contabilidade no Brasil nas últimas décadas, com o decorrer do tempo levou a uma situação de camisa de força que impediu a evolução, principalmente rumo às Normas Internacionais de Contabilidade (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 14). Nesse sentido foi entregue ao congresso para votação um projeto de Lei que tinha por objetivos a alteração de alguns dispositivos da Lei Nº 6.404/1976, com o anseio de adequar a Contabilidade brasileira aos padrões internacionais, que recebeu a numeração de projeto Nº 3.741/2000. Esse processo de votação, no congresso, perdurou por quase uma década. Durante o processo de votação para transformar o projeto Nº 3.741/2000 em Lei, houve também adiamentos de sessões e pressionamento dos profissionais de contabilidade e empresários da época, o que culminou em um importante passo no Brasil, a criação do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis). E um importante passo, no Brasil, foi dado pela criação do CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Depois de duas décadas, seis entidades não governamentais entraram em acordo, uniram-se, e cinco delas pediram à sexta a formalização do Comitê. Assim, o CFC – Conselho Federal de Contabilidade, e pedido da APIMEC NACIONAL – Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais -, da ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias Abertas -, da BM&FBOVESPA – Bolsa de Mercadorias, Valores e Futuros -, da FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (conveniada à 34 FEA/USP) -, e do IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil -, emitiu sua resolução 1.055/05, criando esse Comitê. Ele está sendo suportado materialmente pelo Conselho Federal de Contabilidade, mas possui total e completa independência em suas deliberações (Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações) (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 15). Dentre as variáveis qualitativas do CPC, sua criação teve como principal objetivo dar início ao longo processo de convergências das normas brasileiras as normas internacionais emitidas pelo IASB. Iudícibus (2010), ainda destaca que os pronunciamentos e as interpretações e as orientações emanadas do CPC são, basicamente, traduções das normas internacionais, com raras adaptações de linguagem e de algumas situações específicas. Contudo não existe uma única determinação do CPC que não esteja abrigada pelas normas internacionais. 2.2.1 LEI Nº 6.404/1976 DAS SOCIEDADES POR AÇÕES A Lei das Sociedades por Ações Lei Nº 6.404/1976 surgiu para regular e controlar as sociedades por ações, além disso, veio para substituir o decreto Nº 2.627 de 1940 que regulava as sociedades de capital aberto. Essa Lei foi de grande avanço para contabilidade Brasileira na época de sua publicação, e, apesar dos contadores não estarem preparados para mudanças, foi de grande aceitação. De acordo com Iudícibus et al (2000, p. 24): [...] com intuído não só de auxiliar no processo de viabilidade pratica da Lei nº 6.404/76, então recém-editada para efetiva aplicação a parti de 1978, como também visado dar entendimento e interpretação uniformes a inúmeras disposições daquela Lei e da legislação de Imposto de Renda que acabava de ser profundamente alterada. De fato, toda aquela nova legislação representou uma verdadeira “revolução” no campo da contabilidade, introduzindo inclusive muitas técnicas para as quais uma parcela substancial dos profissionais da área não estava preparada. Apesar de sofrer varias alterações até os dias de hoje, a Lei Nº 6.404/76 na sua época estava à frente de seu tempo era uma Lei moderna, essas alterações na Lei Nº 6.404/76 foram para que ela ficasse o mais próximo o possível das demonstrações financeiras aceitas internacionalmente. Junto à Lei Nº 6.404/76 35 surgiu a Lei Nº 6.385, de 1976 que criou a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que fiscaliza e registra as Sociedades por Ações. De acordo com o Iudícibus et al (2000), “a Lei nº 6.404/76 é um texto legislativo que preserva sua essência através do tempo, ou seja, desdeo ano de 1976, em que foi aprovada pelo congresso nacional. No entanto essa essência pode ser confrontada com a realidade contábil”. Depois de ser sancionada em 15 de dezembro de 1976, a lei Nº 6.404 recebeu várias alterações significativas e importantes, para se adaptar às evoluções contábeis não só no cenário nacional, mais também internacional. A Lei sofreu muita dessas atualizações para se adaptar às normas contábeis que são emitidas pelo CFC (Conselho Federal de Contabilidade) e CVM, e com apoio do IBRACON (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil) procuram o aperfeiçoamento para uma técnica contábil simplificada e clara para que as entidades publiquem suas demonstrações financeiras para todos os usuários da contabilidade moderna, interna e externa. Existia uma grande dificuldade para adaptar as demonstrações financeiras contábeis na forma da legislação fiscal vigente com os princípios da contabilidade até o surgimento da Lei Nº 6.404/76 e suas alterações, que visam colocar as normas contábeis de demonstrações alinhadas com as leis fiscais. Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência (Redação dada pela Lei nº 6.404/76). Essas atualizações na Lei Nº 6.404/76 estão se aprimorando para adequar a Lei das Sociedades Anônimas a legislação fiscal vigente e a internacionalização da contabilidade e as demonstrações aceitas internacionalmente. 36 2.2.2 PROMULGAÇÃO DA LEI Nº 11.638/2007 E A MP 449/2008 A Lei Nº 6.404/1976 em sua totalidade foi um marco para a evolução da contabilidade no Brasil, pois incorporou uma legislação específica para as sociedades de grande porte da época que crescia e se desenvolvia rapidamente necessitando de uma contabilidade focada em suas atividades e necessidades, desde a escrituração a divulgação das demonstrações contábeis. Com o aumento das relações internacionais no Brasil, viu-se o crescente aumento dos custos e a onerosidade dos contabilistas e das grandes companhias para elaboração de duas contabilidades, uma realizada de acordo com os parâmetros brasileiros e pela lei Nº 6.404/76 e outra focada nos padrões internacionais de cada país, visando elaborar informações para os diversos usuários, principalmente investidores e acionistas internacionais ou multinacionais instaladas no Brasil. Com isso, no Brasil, no ano 2000, foi elaborado o projeto de lei Nº 3.741/2000 de iniciativa da CVM para ser analisado e votado no congresso nacional brasileiro que visava alterar e revogar alguns dispositivos da lei Nº 6.404/1976, que em seu desenvolvimento buscava não só mudanças no balanço patrimonial e na demonstração do resultado do exercício, mas a adoção de mais duas demonstrações financeiras para as companhias brasileiras de capital aberto. Após tramitar por quase uma década no congresso brasileiro, o projeto de lei Nº 3.741/2000 foi transformado em Lei Nº 11.638/2007. A Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, alterou, revogou e introduziu dispositivos da Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e estendeu às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Embora a Lei n. 11.638/2007 não tenha promovido todas as alterações esperadas por alguns setores da sociedade, conforme propunha o projeto de Lei n. 3.741/2000 de iniciativa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), é preciso considerar que as mudanças efetuadas principalmente na parte que trata dos procedimentos contábeis e de elaboração das demonstrações financeiras representam, sem dúvida, um grande avanço em relação aos procedimentos contábeis até então praticados no Brasil. As alterações ocorreram nos arts. 176, 177, 178, 179, 181, 182, 183, 184, 187 e 188, todos do Capítulo XV, que trata do exercício social e das 37 demonstrações financeiras; nos arts. 197 e 199, ambos do Capítulo XVI, que trata do lucro, das reservas e dos dividendos; no art. 226 do Capitulo XVII, que trata da dissolução, liquidação e extinção; e no art. 248 do Capítulo XX, que trata das sociedades coligadas, controladoras e controladas. Além das mudanças nos artigos supramencionados, a Lei n. 11.638/2007 introduziu o art. 195-A que trata de reservas para incentivos fiscais (RIBEIRO, 2008, p. 3). Após a vigência da Lei Nº 11.638/2007, os rumores de uma legislação defasada se confirmaram, a respectiva Lei trouxe em sua redação várias divergências tanto na área fiscal como contábil. Os problemas iam desde o entendimento da nova legislação à execução das demonstrações dentro das normas internacionais. O projeto de Lei Nº 3.741/2000 ficara tramitando no congresso há quase uma década, neste processo, a sociedade e o mercado estavam em movimento, evoluindo sua forma de pensar e agir, dessa forma a Lei Nº 11.638/2007 possuía em seu texto, dispositivos que precisavam ser atualizados para atender as novas necessidades do mercado internacional e das grandes companhias. Diante disso o governo federal sancionou a MP 449/2008, que foi convertida em Lei Nº 11.941/2009 em 27 de maio de 2009. Em sua redação, a Lei Nº 11.941/2009 fez mudanças significativas no campo da contabilidade e principalmente na estrutura das demonstrações financeiras, embora seu texto traga mudanças em diferentes campos contábeis, abordar-se-á daqui em diante apenas as transformações no campo das estruturas das demonstrações financeiras. Entre as novidades da nova Lei Nº 11.941/2009 que altera alguns dispositivos da Lei Nº 6.404/1976 e consequentemente a Lei Nº 11.638/2007 no grupo das demonstrações em seu art. 37, § 1º, se encontra a extinção do grupo de contas do “ativo permanente” e a segregação elaborada do ativo que foi subdividido em: ativo circulante, e ativo não circulante. Este primeiro passou a identificar as disponibilidades da entidade de valores imediatos, ou seja, valores monetários que a empresa dispõe ou que podem consegui-los com mais facilidade. E o ultimo passou a se formar pelo grupo de contas: realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. 38 Trouxe também modificações o grupo do passivo art. 37, § 2º, que exclui o passivo exigível a longo prazo, dessa forma subdividido em: passivo circulante, não circulante e patrimônio líquido. 2.3 ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 2.3.1 LEI Nº 11.638/2007 A Lei Nº 11.638/2007 em sua autonomia substituiu uma demonstração contábil por outra e incluiu mais uma demonstração ao quadro de divulgação das companhias brasileiras: Substituição da demonstração das origens e aplicações de recursos (DOAR), pela demonstração dos fluxos de caixa (DFC). (art. 174, inciso V, da Lei 11.638/2007). Inclusão, entre as demonstrações obrigatórias a demonstração do valor adicionado (DVA). (art. 174, inciso V, da Lei 11.638/2007). Ocorreram mudanças significativas quanto à nova estrutura do balanço patrimonial no que tange o ativo permanente e o patrimônio líquido: Ativo Permanente A principal alteração dessa classificação de ativos foi a criação do grupo intangível, os bens e direitos desse grupo até então eram classificados no ativo imobilizado, sendo eles representativos de bens imateriais. (art. 178, § 1º, alínea c). O intangível compõe-se dos bens de propriedade industrial ou comercial legalmente conferidosà empresa, originando-se disto seu valor, e não da propriedade física dos mesmos. Como exemplos de bens permanentes intangíveis podem ser citados 39 direitos autorais, patentes, marcas, fundo de comércio (ou goodwill), gastos com desenvolvimento de novos produtos etc. (ASSAF NETO, 2010, p. 56). O ativo imobilizado sofreu mudanças em seu conceito, dando espaço para que outros bens possam ser classificados nesta conta. Neste sentido, a Lei Nº 6.404/1976, art. 179, inciso IV determina que: As contas serão classificadas do seguinte modo: IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedades industrial ou comercial; [...] De acordo com a nova redação dada pela Lei Nº 11.638/2007, art. 179, inciso IV que trata do conceito de ativos imobilizados, ficou da seguinte forma: As contas serão classificadas do seguinte modo: IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; [...] Para maior entendimento das mudanças ocorridas no balanço patrimonial pela Lei Nº 11.638/2007 segue um quadro comparativo com a Lei Nº 6.404/1976 abaixo: ATIVO – Lei Nº 6.404/1976 ATIVO – Lei Nº 11.638/2007 Ativo Circulante Ativo Circulante Ativo Realizável a Longo Prazo Ativo Realizável a Longo Prazo Ativo Permanente Ativo Permanente Investimentos Investimentos Imobilizado Imobilizado Diferido Intangível Diferido Quadro 2 – Comparação do ativo da Lei nº 6.404/1976 com a Lei nº 11.638/2007 Fonte: Desenvolvido pelos autores. No grupo do ativo do Balanço Patrimonial não houve grandes alterações em suas estruturas, apenas a inclusão do novo subgrupo intangível, nesta conta classificará 40 os ativos que tem por bases bens incorpóreos destinados à manutenção das atividades operacionais da empresa. Patrimônio Líquido No grupo do patrimônio líquido ocorreram várias mudanças, tanto extinção de contas, como as inclusões de novas no grupo do patrimônio líquido, na qual Ribeiro (2008, p. 6) relata: Foi extinta a conta Lucros Acumulados, entretanto se manteve a conta Prejuízo Acumulados. O lucro líquido apurado em cada exercício deverá ser totalmente destinado à constituição de reservas de lucros, na compensação de prejuízos ou na distribuição de dividendos. Os órgãos da administração da companhia submeterão, com as demonstrações financeiras do exercício, à assembleia geral ordinária proposta sobre a destinação a ser dada ao lucro líquido. Extinguiu-se o grupo das reservas de reavaliação. Foi criado o grupo “Ajustes de Avaliação Patrimonial”, no qual se deverão classificar as contrapartidas de determinadas avaliações de ativos a preço de mercado (instrumentos financeiros) e, ainda, os ajustes de conversão com base na variação cambial de investimentos societários no exterior. O prêmio recebido na emissão de debêntures e as doações e subvenções recebidas, que antes geravam Reservas de Capital, agora devem ser considerados como receitas do período, transitando pela DRE. A parcela do lucro líquido relativa a doações ou subvenções governamentais para investimentos, decorrentes de incentivos fiscais, poderá, no entanto, ser destinada à constituição da reserva por incentivos fiscais (art. 195-A da Lei Nº 6404/1976). Para melhor compreensão segue um quadro comparativo da Lei Nº 6.404/1976 com as atualizações da Lei Nº 11.638/2007 em relação ao patrimônio líquido: PATRIMÔNIO LÍQUIDO – LEI Nº 6.404/1976 PATRIMÔNIO LÍQUIDO – LEI Nº 11.638/2007 (continua) Patrimônio Líquido Patrimônio Líquido Capital Social Capital Social Reservas de Capital Reservas de Capital Quadro 3 – Comparação do patrimônio líquido da Lei nº 6. 404/1976 com a Lei nº 11.638/2007 Fonte: Desenvolvido pelos autores. 41 PATRIMÔNIO LÍQUIDO – LEI Nº 6.404/1976 PATRIMÔNIO LÍQUIDO – LEI Nº 11.638/2007 (conclusão) Reservas de Reavaliação Ajustes de Avaliação Patrimonial Reservas de Lucros ou Prejuízos Acumulados Reservas de Lucros (-) Ações em Tesouraria (-) Prejuízos Acumulados Quadro 3 – Comparação do patrimônio líquido da Lei nº 6. 404/1976 com a Lei nº 11.638/2007 Fonte: Desenvolvido pelos autores. Apesar das mudanças estéticas e conceituais estabelecidas pela Lei Nº 11.638/2007 no que tange o balanço patrimonial, esta por sua vez ainda não conseguiu estruturar o balanço patrimonial de acordo com as normas internacionais, somente com a aprovação da MP 449/2008 em Lei, é que se estabeleceram os padrões normatizados. 2.3.2 LEI Nº 11.941/2009 A Lei Nº 11.941/2009 provocou grandes mudanças na estética do balanço patrimonial o que ocasionou inserção e extinção de contas e mudanças quanto à classificação de grupo, as mudanças foram estabelecidas em ambos os lados do balanço patrimonial tanto ativo como passivo. Ativo Para melhor visualizar segue o quadro comparativo do balanço patrimonial da Lei Nº 11.638/2007 com as atualizações da Lei Nº 11.941/2007: ATIVO – LEI Nº 11.638/2007 ATIVO – LEI Nº 11.941/2009 Ativo Circulante Ativo Circulante Ativo Realizável a Longo Prazo Ativo Não Circulante Ativo Permanente Realizávela Longo Prazo Investimentos Investimentos Imobilizado Imobilizado Intangível Intangível Diferido Quadro 4 – Comparação do ativo da Lei nº 11.638/2007 com a Lei nº 11.941/2009 Fonte: Desenvolvido pelos autores. 42 A grande novidade dessa nova atualização foi a divisão do grupo do ativo em apenas “ativo circulante e ativo não circulante”, em seu art. 37 a Lei Nº 11.941/2009 altera o art. 178 da Lei Nº 6.404/1976 que consequentemente altera a redação dada pela Lei Nº 11.638/02007. O art. 178, § 1º, alínea a, b, c da Lei Nº 6.404/1976 relata: No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: a) Ativo circulante; b) Ativo realizável a longo prazo; c) Ativo permanente, dividido em investimentos, imobilizado, intangível e diferido. (redação dada pela Lei Nº 11.638/2007). De acordo com os novos parâmetros estabelecidos pela Lei Nº 11.941/2009, a estrutura do balanço patrimonial segue a seguinte nova estrutura, em que a referida Lei trata em seu art. 37: A Lei Nº 6.404/1976, de 15 de dezembro de 1976, passa a vigorar com as seguintes alterações: Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 1º. No ativo as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: a) ativo circulante; e b) ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. Em sua redação a Lei Nº 11.941/2009, retirou as figuras do ativo realizável a longo prazo e ativo permanente como grupos, sendo estes agora subgrupo do ativo não circulante. Extingui a conta do diferido do balanço, mas deu respaldo as organizações que possuíam saldo nessa conta, em que em relata em seu art. 38: A Lei Nº 6.404/1976, de 15 de dezembro de 1976, passa a vigorar acrescida dos arts. 184 – A, 299 – A e 299 – B: “Art. 299 – A. o saldo existente em 31 de dezembro de 2008 noativo diferido que, pela sua natureza, não puder ser alocado a outro grupo de contas, poderá permanecer no ativo sob essa classificação até sua completa amortização, sujeito à análise sobre a recuperação de que se trata o paragrafo 3º do art. 183 desta Lei.” 43 Dessa forma as demonstrações contábeis e especialmente o balanço patrimonial após a promulgação da Lei Nº 11.941/2009, deverão alocar ou reconhecer as contas do diferido como gastos pré-operacionais como despesa do período. A permanência da conta diferido no balanço serão apenas permitido para entidades que não tenha como alocar seus “bens e direitos” em outra conta. Passivo Como no ativo a Lei Nº 11.941/2009 trouxe mudanças nas contas do lado do passivo do balanço patrimonial. A nomenclatura do grupo do exigível a longo prazo deixa de existir dando espaço para o grupo do passivo não circulante, com isso foi extinta a conta para resultados de exercícios futuros, que era classificada como direitos antecipados ou receitas antecipadas. Para melhor compreensão das mudanças nas contas do passivo, segue quadro comparativo da Lei Nº 11.638/2007 com as atualizações da Lei Nº 11.941/2009: Passivo – lei Nº 11.638/2007 Passivo – Lei Nº 11.941/2009 Passivo Circulante Passivo Circulante Passivo Exigível a Longo Prazo PassivoNão Circulante Resultado de Exercícios Futuros Patrimônio Líquido Patrimônio Líquido Capital Social Capital Social Reservas de Capital Reservas de capital Ajustes da Avaliação Patrimonial Ajustes de Avaliação Patrimonial Reservas de lucros Reservas de lucros (-) Ações em Tesouraria (-) Ações em Tesouraria (-) Prejuízos Acumulados (-) Prejuízos Acumulados Quadro 5 – Comparação do passivo da Lei nº 11.638/2007 com a Lei nº 11.941/2009 Fonte: Desenvolvida pelos autores. A Lei 6.404/1976 após as atualizações da Lei Nº 11.638/2007, em seu art. 178, § 2º, alínea a, b, c editava que: Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: a) passivo circulante; b) passivo exigível a longo prazo; c) resultados de exercícios futuros. 44 Com as devidas atualizações necessárias ao sistema normativo contábil internacional a Lei Nº 11.941/2009 em seu art. 37 alterou os dispositivos da Lei Nº 6.404/1976, dessa forma o art. 178, § 2º da Lei das sociedades anônimas, passou a vigorar da seguinte maneira: A Lei Nº 6.404/1976, de 15 de dezembro de 1976, passa a vigorar com as seguintes alterações: Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 2º No passivo as contas serão classificadas nos seguintes grupos: a) passivo circulante; b) passivo não circulante; e c) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. (redação dada pela Lei Nº 11.638/2007). Em resumo as mudanças ocorridas no balanço patrimonial com a Lei Nº 11.638/2007 e a Lei Nº 11.941/2009 têm por principais objetivos adequação das informações contábeis às normas internacionais de contabilidade. Este é um processo lento, pois se trata do patrimônio das organizações e, apesar de estar sendo desenvolvido no Brasil a passos largos, cabe aos profissionais contábeis e seus respectivos usuários um estudo aprofundado dessas mudanças que vêm ocorrendo no campo das demonstrações financeiras. 2.4 AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS BRASILEIRAS O processo de normatização contábil no Brasil trouxe consigo, um acervo enorme de conceitos e princípios a serem seguidos no processo de elaboração das demonstrações financeiras. Com isso torna-se importante o conhecimento sobre os demonstrativos exigidos pela legislação fiscal brasileira e uma revisão sistemática desses processos para que se tenha a certeza e confiança na hora de elaborar tais demonstrativos, que atualmente seguem os princípios internacionais de contabilidade. 45 Esses relatórios são de vital importância para as empresa e seus potenciais usuários que ficam a par de toda estrutura e movimentação financeira da instituição. Os objetivos da elaboração de tais relatórios são diversos que vão desde a transparência das atividades operacionais da empresa a captação de recursos para a manutenção da organização. Sendo assim, Perez Junior e Begalli (2002, p. 230), definem os objetivos da empresa em relação à elaboração das demonstrações financeiras, dos quais são: Extrair informações das informações das demonstrações contábeis úteis para tomada de decisão, de forma a concluir sobre a saúde econômico- financeira da empresa e sobre o desempenho de sua atividade operacional; Obter os dados nos relatórios contábeis e transformá-los em informações. Atualmente as sociedades anônimas de capital aberto são as únicas instituições no Brasil, obrigadas à elaboração e divulgação das demonstrações contábeis ou financeiras, o que não impede que outras instituições elaborem tais demonstrativos. Essas companhias normalmente assim chamadas são regidas pela Lei Nº 6.404/1976, que rege sobre a disciplina das demonstrações financeiras em seus arts. 176 a 188. Com isso a referida Lei Nº 6.404/1976 em seu art. 176, estipula e conceitua os demonstrativos contábeis exigidos pela legislação fiscal brasileira: Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I – balanço patrimonial; II – demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III – demonstração do resultado do exercício; e IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (redação dada pela Lei Nº 11.638/2007) V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. 2.4.1 BALANÇO PATRIMONIAL (BP) O balanço patrimonial é um relatório contábil que evidencia em sua estrutura a posição financeira e patrimonial de uma determinada entidade. Em sua essência o balanço traz consigo três partes fundamentais para uma análise consistente de suas 46 contas, que são denominadas: ativo, passivo e patrimônio líquido. Cada uma dessas partes apresentam conceitos diferentes para classificação. No ativo classifica-se todas as contas de bens e direitos da entidade, quanto ao passivo se relacionam as contas identificadas como exigibilidade e obrigações da empresa e enquanto o patrimônio líquido é representado pela diferença entre o total do ativo e do passivo ou mais caracterizado como recursos próprios da empresa. Para Ribeiro (2008, p. 39), “o Balanço Patrimonial deve compreender todos os bens e direitos, tanto tangíveis (materiais) como intangíveis (imateriais), as obrigações e o Patrimônio Líquido da entidade, levantados a partir dos resultados contábeis no seu livro razão”. Na visão de Assaf Neto (2010, p. 47): O balanço apresenta a posição patrimonial e financeira de uma empresa em dado momento. A informação que esse demonstrativo fornece é totalmente estática e, muito provavelmente, sua estrutura se apresentará relativamente diferente algum tempo após seu encerramento. No entanto, pelas relevantes informações de tendências que podem ser extraídas de seu diversos grupos de contas, o balanço
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