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FACULDADE CAPIXABA DE NOVA VENÉCIA CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS MIQUÉIAS TEIXEIRA DA SILVA RAIMUNDO JULIO DE MORAES GUIMARÃES A IMPORTÂNCIA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS PARA AS COMPANHIAS BRASILEIRAS: ESTUDO DE CASO PARA ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA. NOVA VENÉCIA 2012 MIQUÉIAS TEIXEIRA DA SILVA RAIMUNDO JULIO DE MORAES GUIMARÃES A IMPORTÂNCIA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS PARA AS COMPANHIAS BRASILEIRAS: ESTUDO DE CASO PARA ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA. Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado ao Programa de Graduação em Ciências Contábeis da Faculdade Capixaba de Nova Venécia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis. rientadora: Prof.ª Maria das Graças Santana Fernandes. NOVA VENÉCIA 2012 Catalogação na fonte elaborada pela “Biblioteca Pe. Carlos Furbetta”/UNIVEN MIQUÉIAS TEIXEIRA DA SILVA RAIMUNDO JULIO DE MORAES GUIMARÃES A IMPORTÂNCIA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS PARA AS COMPANHIAS BRASILEIRAS: ESTUDO DE CASO PARA ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA. Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado ao Programa de Graduação em Ciências Contábeis da Faculdade Capixaba de Nova Venécia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis. Aprovada em ____ de novembro de 2012. COMISSÃO EXAMINADORA ______________________________________ Prof.ª Maria das Graças Santana Fernandes. Faculdade Capixaba de Nova Venécia Orientadora _____________________________________ Prof.º Faculdade Capixaba de Nova Venécia Membro 1 ____________________________________ Prof.º Faculdade Capixaba de Nova Venécia Membro 2 Miquéias Teixeira da Silva Dedico este trabalho a toda minha família e amigos que me auxiliaram e compreenderam-me nos momentos difíceis dessa jornada, mas em especial dedico a duas pessoas que contribuíram de forma incondicional em minha formação pessoal e profissional, meus pais: Daci Martins da Silva e Maria Marta de Jesus Teixeira Silva, que me apoiaram e acreditaram em mim, mesmo quando as circunstâncias diziam não, eles mantiveram a fé. Raimundo Julio de Moraes Guimarães Esse trabalho é dedicado aos meus pais Jair G. Guimarães (in memória) e Elza de M. Guimarães e minha esposa Nadyezda N.S.S. Guimarães pela fé e confiança demonstrada no decorrer dessa jornada, apoiando, acompanhado e principalmente acreditando em mim. Aos meus amigos pela cumplicidade, ajuda e amizade e a todos que contribuíram direta e indiretamente na realização deste trabalho. Dedico à chegada de minha filha Nicoly. Miquéias Teixeira da Silva Agradeço a Deus por ter me dado o dom da vida e forças para chegar até aqui. Aos meus pais pela motivação contínua em meus dias de desesperança. Aos meus grandes amigos que estiveram sempre ao meu lado nessa caminhada. Aos meus professores queridos, e a minha orientadora Maria das Graças Santana Fernandes que juntos contribuíram de forma responsável em minha formação, dando as bases necessárias para realização desta pesquisa. Agradeço à Faculdade Capixaba de Nova Venécia, por ter disponibilizado uma formação de ensino de qualidade, com um corpo docente formado por profissionais altamente qualificados. Por fim, agradeço a todos que contribuíram de forma direta e indireta na realização desse trabalho. Raimundo Julio de Moraes Guimarães Agradeço a Deus, pela força espiritual para a realização desse trabalho, por ter me oferecido a oportunidade de viver e evoluir a cada dia e aprender aceitar as dificuldades impostas pelo caminho, pois: “Para tudo há uma ocasião certa; há tempo certo para cada propósito debaixo do Céu”. (Eclesiastes 3:1) “Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses quefazeres que se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a verdade”. Paulo Freire RESUMO A realização deste trabalho vem mostrar a importância das publicações das Demonstrações Financeiras de acordo com as normas internacionais de contabilidade e seus princípios fundamentais. Foram abordadas as Leis e suas alterações que regulam essas demonstrações financeiras no Brasil na atualidade e, ainda, na fundamentação teórica discorreu-se sobre as principais demonstrações financeiras, a contabilidade geral e seus aspectos, os usuários das informações contábeis e seus interesses nas demonstrações financeiras, por fim, as analises financeiras e econômicas das demonstrações contábeis, concluindo assim a parte teórica. Em uma segunda fase foi analisado os indicadores econômicos e financeiros das demonstrações (Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício), consolidadas de uma Empresa “X” Sociedade Anônima que faz parte de um grupo econômico no ramo varejista, os exercícios analisados foram de 2009, 2010 e 2011. Na terceira e ultima fase encontra-se a conclusão dos resultados obtidos e a resposta da hipótese levantada, confirmando assim a importância das demonstrações financeiras e suas análises para a tomada de decisões dos usuários. PALAVRAS-CHAVE: Normas Internacionais de Contabilidade. Leis Nº 11.638/2007 e 11.941/2009. Usuários das Demonstrações Financeiras. LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - MECANISMOS DE FUNCIONAMENTO DO IASC................... 31 QUADRO 2 - COMPARAÇÃO DO ATIVO DA LEI Nº 6.404/1976 COM A LEI 11.638/2007........................................................................ 39 QUADRO 3 - COMPARAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO DA LEI Nº 6.404/1976 COM A LEI Nº 11.638/2007................................... 40 QUADRO 4 - COMPARAÇÃO DO ATIVO DA Nº 11.638/2007 COM A LEI Nº 11.941/2009......................................................................... 41 QUADRO 5 - COMPARAÇÃO DO PASSIVO DA LEI Nº 11.638/2007 COM A LEI Nº 11.941/2009................................................................ 43 QUADRO 6 - PROCESSO CRONOLÓGICO DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS........................................ 54 QUADRO 7 - INDICADORES DE LIQUIDEZ.................................................. 57 QUADRO 8 - INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAL...................... 58 QUADRO 9 - INDICADORES DE RENTABILIDADE...................................... 59 QUADRO 10 - INDICADORES DE ROTAÇÃO OU ATIVIDADE...................... 61 QUADRO 11 - ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL (BP)............................. 63 QUADRO 12 - ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL (DRE).......................... 66 QUADRO 13 - ANÁLISE DA SITUAÇÃO ECONÔMICA................................... 70 QUADRO 14 - ANÁLISE DA SITUAÇÃO FINANCEIRA................................... 76 LISTA DE SIGLAS ABRASCA – AssociaçãoBrasileira das Companhias Abertas. AICPA – Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados. APIMEC – Associação dos Analistas e profissionais de Investimento do Mercado de Capitais. BM&FBOVESPA – Bolsa de Mercadorias, Valores e futuros. BOARD – Comitê de Monitoramento. BP – Balanço Patrimonial. CFC – Conselho Federal de Contabilidade. CMV – Custo da Mercadoria Vendida. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CSSL – Contribuição Social Sobre o Lucro líquido. CVM – Comissão de Valores Mobiliários. DFC – Demonstração do Fluxo de Caixa. DLPA – Demonstração do Lucro Prejuízo Acumulado. DMPL – Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido. DOAR – Demonstração da Origem e Aplicação de Recursos. DRE – Demonstração do Resultado do Exercício. DVA – Demonstração do Valor Adicionado. EUA – Estados Unidos da América. FASB – Junta de Normas de Contabilidade. FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis Atuarias e Financeiras. IAS – Normas Contábeis Internacionais. IASB – Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade. IASC – Comitê de Normas Contábeis Internacionais. IASCF – Fundação do Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade. IBRACON – Instituto de Auditores Independentes do Brasil. IFRC – Comitê de Interpretação das Normas Internacionais de Relatórios Financeiros. IFRS – Normas e Padrões Internacionais de Contabilidade. IR – Imposto de Renda. MP – Medida Provisória. PMPC – Prazo Médio de Pagamento das Compras. PMRE – Prazo Médio de Rotação do Estoque. PMRV – Prazo Médio de Recebimento das Vendas. S/A – Sociedade Anônima. SAC – Conselho Consecutivo de Normas. US GAAP – Princípios Contábeis Geralmente Aceitos nos Estados Unidos. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................... 15 1.1 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA DO TEMA....................... 16 1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA.................................................................. 17 1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA....................................................... 17 1.4 OBJETIVOS........................................................................................ 18 1.4.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................. 18 1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................... 18 1.5 HIPÓTESE.......................................................................................... 18 1.6 METODOLOGIA................................................................................. 19 1.6.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA................................................................ 19 1.6.2 TÉCNICAS PARA COLETA DE DADOS........................................................ 21 1.6.3 FONTES PARA COLETA DE DADOS.......................................................... 21 1.7 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DAS PARTES DO TRABALHO....................................................................................... 22 2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................. 23 2.1 A CONTABILIDADE E SEUS OBJETIVOS....................................... 23 2.1.1 USUÁRIOS DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS............................................. 26 2.2 O PROCESSO DE NORMATIZAÇÃO CONTÁBIL NO BRASIL....... 29 2.2.1 LEI Nº 6.404/1976 DAS SOCIEDADES POR AÇÕES................................... 34 2.2.2 PROMULGAÇÃO DA LEI Nº 11.638/2007 E A MP 449/2008...................... 36 2.3 ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS................................................................................... 38 2.3.1 LEI Nº 11.638/2007............................................................................. 38 2.3.2 LEI Nº 11.941/2009............................................................................. 41 2.4 AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS BRASILEIRAS.................. 44 2.4.1 BALANÇO PATRIMONIAL (BP)................................................................ 45 2.4.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE)........................... 46 2.4.3 DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS (DLPA).......... 47 2.4.4 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL).......... 48 2.4.5 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (DFC)........................................... 50 2.4.6 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA)..................................... 52 2.5 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS........................ 53 2.5.1 VISÃO HISTÓRICA E EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE ANÁLISE..................... 53 2.5.2 TÉCNICAS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS.................... 55 2.5.2.1 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL........................................................... 55 2.5.2.2 ANÁLISE POR ÍNDICES OU QUOCIENTES................................................... 56 2.5.2.2.1 INDICADORES DE LIQUIDEZ..................................................................... 56 2.5.2.2.2 INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAIS.............................................. 58 2.5.2.2.3 INDICADORES DE RENTABILIDADE........................................................... 59 2.5.2.2.4 INDICADORES DE ROTAÇÃO OU ATIVIDADE............................................... 60 3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS................................................................................ 62 3.1 EMPRESA X OBJETO DE ESTUDO DA PESQUISA........................ 62 3.2 ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL (BP)....................................... 63 3.3 ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL (DRE) ................................... 66 3.4 ANÁLISE DA SITUAÇÃO ECONÔMICA............................................ 70 3.4.1 ANÁLISE DOS INDICADORES DE ROTAÇÃO OU DE ATIVIDADE...................... 71 3.4.2 ANÁLISE DOS INDICADORES DE RENTABILIDADE....................................... 72 3.5 ANÁLISE DA SITUAÇÃO FINANCEIRA............................................. 76 3.5.1 ANÁLISE DOS INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAL.......................... 77 3.5.2 ANÁLISE DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ................................................. 79 3.6 ANÁLISE GERAL DOS RESULTADOS OBTIDOS............................ 81 4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES............................... 84 4.1 CONCLUSÃO..................................................................................... 84 4.2 RECOMENDAÇÕES........................................................................... 87 5 REFERÊNCIAS................................................................... 88 ANEXOS ANEXO A – DEMONSTRAÇÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL....... 91 ANEXO B – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 96 15 1 INTRODUÇÃO Com o advento da globalização e o crescimento cada vez mais rápido dos mercados de capitais em diversos países do mundo influenciando empresas, investidores e empreendedores a entrar nesse novo mercado com grande potencial lucrativo, tem se criado a estrutura perfeita para o aumento das relações internacionais e o intercambio entre as grandes companhias de capital aberto. Esses gigantes econômicos tem se estabelecido cada vez mais em outros países através de fusões, incorporações, aquisições de coligadas e abertura de novas subsidiárias ou, até mesmo, implantando um novo tipo de negócio envolvendo capital de terceiro ou estrangeiro. Por outro lado, as empresas e companhias nacionais tem tidoacesso a esse mercado internacional por intermédio de tomada de financiamentos externos e emissão de títulos de suas ações em bolsas de valores espalhadas pelo mundo. Dessa forma Schmidt, Santos e Fernandes (2010, p. 1-2) relatam que: Nos dias de hoje, os conceitos de economia, capitais, produtos e empresas nacionais, isoladamente, passam a ter menor relevância. O processo de globalização dos mercados trouxe à tona a necessidade de harmonização contábil em todo o mundo, pois os investidores, de forma geral, são atraídos para mercados que conhecem e nos quais confiam. Diante dessas novas condições de mercado, surgem novos desafios para estudiosos, profissionais e usuários da contabilidade, bem como para as entidades responsáveis pela emissão de normas contábeis, que passam a desempenhar um importante papel no processo de harmonização das praticas contábeis. No decorrer dessa grande evolução surge para contabilidade a necessidade de se adequar a esse novo cenário econômico, transpassando as barreiras impostas pela língua, moeda e principalmente as diferenças existentes entre as praticas contábeis exercidas em diversos países, de modo a viabilizar o entendimento das demonstrações contábeis entre os mercados, tornando uniformes as praticas contábeis. 16 Nesse sentido, o Brasil vem moldando sua contabilidade ano após ano, de forma a incorporar as normas brasileiras aos padrões internacionais, viabilizando uma maior transparência e interpretação das demonstrações contábeis para todos os seus usuários tanto internos, quanto externos: empresários, investidores, sócios, fornecedores etc. Sendo assim, Montoto (2011) afirma que diante da internacionalização da contabilidade e as mudanças que estão ocorrendo nos setores contábeis, vê à necessidade de um estudo sobre as demonstrações financeiras e suas mudanças mais recentes, para analisar sua importância para as entidades e os usuários dessas demonstrações. Desse modo, o presente trabalho priorizará a importância das demonstrações financeiras elaboradas pelas grandes companhias, visando entender seus conceitos, as finalidades, os seus usuários e as transformações ocorridas com a harmonização das normas brasileiras advindas através da lei Nº 11.638/2007 e como essas demonstrações influenciam na tomada de decisão das grandes organizações. 1.1 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA A contabilidade brasileira está aderindo a contabilidade internacional desde 2007 por meio da edição da Lei Nº 11.638/2007 e da Lei Nº 11.941/2009, que alteraram a Lei Nº 6.404/1976 dando autoridade aos órgãos públicos para criação de um comitê de pronunciamento, chamado CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), que traduz as normas internacionais. A princípio, as demonstrações contábeis brasileiras eram realizadas de acordo com os princípios estipulados pela legislação e regidos em sua maioria pelos dispositivos da Lei das sociedades por ações. Com a internacionalização da contabilidade brasileira os profissionais contábeis, estudiosos, empresários, investidores e usuários em potencial, se depararam em um pequeno espaço de tempo com um conjunto de modificações estruturais e conceituais. Iniciando, dessa forma, uma corrida incessante pela busca de informação, pois a contabilidade brasileira a partir 17 de 2008 já vigorava de acordo com os novos dispositivos inseridos pela Lei Nº 11.638/2007. O tema abordado neste trabalho justifica-se pela necessidade de informação quanto às mudanças inseridas pela internacionalização da contabilidade brasileira em especialmente no que tange a importância da elaboração das demonstrações financeiras, pois são elas responsáveis pela principal fonte de recursos de qualquer organização. 1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA O trabalho limitou-se a analisar a importância, estrutura e os benefícios advindos da elaboração das demonstrações financeiras para as sociedades anônimas brasileiras, de acordo com os novos parâmetros internacionais instituídos pela Lei Nº 11.638/07. Não se pretende nesse trabalho apresentar todas as técnicas de análise de demonstrações contábeis, pois não serão abordados todos os demonstrativos financeiros exigidos pela legislação societária brasileira. Entretanto será realizado estudo comparativo das demonstrações financeiras da empresa x (balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício), findos de 2009, 2010 e 2011. 1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA Com a consolidação do crescimento do processo de negociação de ações, é necessário conhecer as variantes que devem ser levadas em consideração na hora de assumir o risco de um negócio. Sendo assim, a contabilidade é de suma importância, pois é através das demonstrações financeiras que se têm as principais informações sobre o patrimônio das organizações e suas respectivas mutações. As demonstrações financeiras elaboradas pelas grandes companhias de capital aberto de acordo com Lei Societária brasileira são importantes meios de informações para quem deseja entrar nesse mercado ou investir nesse ramo de 18 atividade, pois são elas que demonstram a real situação financeira e econômica das organizações, e são através delas que os usuários da contabilidade se informam sobre: o capital de giro investido, a utilização de capital de terceiro ou próprio, rendimentos das ações etc. A partir desse contexto, o presente trabalho pretende responder a seguinte questão: Qual a importância da análise das demonstrações financeiras para avaliação econômica e financeira das sociedades anônimas brasileiras? 1.4 OBJETIVOS 1.4.1 OBJETIVO GERAL Verificar a importância da análise das demonstrações financeiras para avaliar a situação econômico-financeira das sociedades anônimas brasileiras. 1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Apresentar aspectos gerais do processo de normatização contábil no Brasil; Apresentar as principais mudanças estruturais nas demonstrações financeiras; Demonstrar as principais técnicas de análise das demonstrações financeiras, utilizadas para tomada de decisão; Analisar, as demonstrações financeiras (balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício), disponibilizado pela empresa x. 1.5 HIPÓTESE Com a promulgação da lei Nº 11.638/2007, e as constantes atualizações em seus dispositivos através de medidas provisórias, a contabilidade vem passando por diversas transformações principalmente com relação às demonstrações financeiras, 19 pois se localizam no foco central da discussão: o processo de convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade as Normas Internacionais. Portanto, para os usuários da contabilidade, faz-se necessário um estudo minucioso das leis e das suas alterações, para que as demonstrações financeiras elaboradas sejam uniformes entre si. E proporcione uma análise consistente do que realmente ocorreu na empresa, viabilize uma tomada de decisão estratégica, a aquisição de novos investimentos na companhia e também uma demonstração da capacidade econômico-financeira da entidade, etc. Sendo assim, torna-se indiscutível a importância das demonstrações financeiras, não só para as companhias de capital aberto, mas também para as empresas de um modo geral. Essas demonstrações financeiras possibilitam as empresas maximizar seus lucros e reduzir seus tributos com bases em previsões futuras e comparar a situação econômico-financeira de seus exercícios anteriores para uma projeção estatística de crescimento futuro. 1.6 METODOLOGIA 1.6.1 CLASSIFICAÇÃODA PESQUISA Para a realização desse trabalho de pesquisa será necessária a classificação da mesma quanto aos objetivos, pois conforme Gil (2002, p. 41): É sabido que toda e qualquer classificação se faz mediante algum critério. Com relação às pesquisas, é usual a classificação com base em seus objetivos gerais. Assim, é possível classificar as pesquisas em três grandes grupos: exploratórias, descritivas e explicativas. Neste sentido, o presente trabalho classifica-se em exploratório e descritivo. Ao abordar sobre a pesquisa exploratória Marconi e Lakatos (2002), afirmam que é um tipo de pesquisa de natureza empírica tem por objetivo a evidenciação de um problema ou de questões com finalidades distintas: desenvolver hipóteses, aumentar 20 a familiaridade do pesquisador com um ambiente, chegar-se a um fato ou fenômeno para realização de pesquisa futura mais precisa e ajudar a clarificar os conceitos. Na concepção de Gil (2002, p.43) a pesquisa exploratória tem como objetivo: Proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Marconi e Lakatos (2002) falam que as pesquisas descritivas consistem na investigação empírica, cuja principal finalidade é a análise das características de fatos ou fenômenos, a avaliação de programas, isolamento de variáveis principais. Os artifícios utilizados são quantitativos tendo por objetivo a coleta de dados sobre populações, programas, ou amostra de população e programas. Conforme, Cervo e Bervian (2002, p. 66): A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. [...] Procura descobrir, com a precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características. [...] A pesquisa descritiva desenvolve-se, principalmente, nas ciências, abordando aqueles dados e problemas que merecem ser estudados e cujo registro não consta de documentos. Para a realização e a concretização dos objetivos deste trabalho foi utilizada a pesquisa exploratória com o intuito de obter mais informações sobre a importância das demonstrações financeiras, analisando os demonstrativos contábeis da empresa pesquisada. Enquanto que a pesquisa descritiva, pela possibilidade de ser possível a coleta de dados para descrever as principais técnicas de análise financeiras utilizadas pelas companhias brasileiras, além de poder correlacionar as possíveis variáveis. 21 1.6.2 TÉCNICAS PARA COLETA DE DADOS Segundo Cervo e Bervian (2002, p. 64), o interesse e a curiosidade do homem pelo saber levam a investigar a realidade sob os mais diversificados aspectos e dimensões. Barros e Lehfeld (1986, p. 29) conceituam como “pesquisa bibliográfica é a pesquisa exploratória que os alunos realizam para obter conhecimentos, procurando encontrar informações publicadas em livros, documentos (catálogos, folhetos, artigos etc.)”. Já Cervo e Bervian (2002, p. 65) definem que: A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a parti de referências teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental, Em ambos os casos, busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. Na realização deste trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica, pois foram utilizados documentos já publicados e que não sofreram alterações. Foram utilizadas as demonstrações financeiras da empresa em questão, considerando que todo esse material já foi publicado e revisado para o desenvolvimento da pesquisa, por abranger muita informação abordar-se-á apenas as informações concretas, classificadas com bibliográficas. 1.6.3 FONTES PARA COLETA DE DADOS Na visão de Andrade (2001, p. 43): Fontes primárias são constituídas por obras, ou textos originais, material ainda não trabalhado, sobre determinado assunto. As fontes secundárias referem-se a determinadas fontes primárias, isto é, são constituídas pela literatura originada de determinadas fontes primárias e constituem-se em fontes das pesquisas bibliográficas. Richardson (1999) afirma que, fontes de dados classificam-se em fontes primárias e fontes secundárias. Uma fonte primária é aquela que teve uma relação física direta 22 com os fatos analisados, existindo um relato ou registro da experiência vivenciada e uma fonte secundária é aquela que não tem uma relação direta com o acontecimento registrado, será através de algum elemento intermediário. Para a coleta de dados foram utilizadas as fontes secundárias, pois o trabalho se concretizou com base em documentos, artigos, leis e livros publicados, que servirão para apoiar teoricamente e cientificamente, enriquecendo com dados concretos da pesquisa. 1.7 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DAS PARTES DO TRABALHO O presente trabalho está dividido em cinco capítulos apresentados da seguinte forma: No capítulo 1 é feita a introdução, justificativa da escolha do tema, delimitação e formulação do problema, os objetivos geral e específicos, a hipótese e a metodologia utilizada; No capítulo 2 é abordado o conceito teórico que fundamenta a importância da realização deste estudo de pesquisa. No capítulo 3 é desenvolvida a apresentação e análise comparativa dos dados obtidos através da pesquisa. No capítulo 4 aborda-se a conclusão do trabalho e as possíveis recomendações para pesquisas e implementações futuras. E por fim, no quinto capítulo aborda-se as referências utilizadas no desenvolvimento desta monografia. 23 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A CONTABILIDADE E SEUS OBJETIVOS A Contabilidade é muito antiga e já era utilizada em sua forma primitiva desde que o homem percebeu a necessidade de contar, controlar, negociar, valorizar, classificar, entre outros motivos, isso a tornou indispensável à evolução da sociedade. Com o passar do tempo, a contabilidade foi se adaptando às diversas necessidades do homem, numa busca incessante pelo acúmulo de riquezas. Entretanto, no mundo sua definição, seus objetivos e importância ficaram mais claros após a crise econômica da bolsa de valores de Nova Iorque. Isso ocasionou perdas sem precedentes pelo mundo, onde empresários, auditores, analistas, membros do governo e congressistas dos EUA se focaram na análise das razões que podiam ter desencadeado a crise e nas medidas que eles tomariam para remediá-la. Após diversas análises, chegaram à conclusão de que as medidas de prevenção deveriam ser adotadas dentro da contabilidade e precisariam de um novo reposicionamento do governo para que houvesse uma normatização contábil voltada para o preparo de auditoria e das demonstrações financeiras. Com isso a contabilidade deu um salto na evolução de seus conceitos e objetivos passando a ser o elo entre empresa e governo, conciliando e auxiliando gestores na tomada de decisões, e se transformou hoje na ciência social que estuda, controla e orienta a administração econômica das entidades. Contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos fatos nelesocorridos, com o fim de oferecer informações sobre sua composição e variação, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial (CREPALDI, 2008, p. 3). 24 Montoto (2011, p. 35) define o termo contabilidade como “uma ciência social que estuda o Patrimônio de uma entidade econômico-administrativa, pessoa física ou jurídica, com objetivo de obter registros classificados e sintetizados dos fenômenos que afetam a sua situação patrimonial e financeira”. As informações geradas pela contabilidade têm como objetivo principal o auxílio da administração no controle e execução das metas planejadas pela empresa. Essas informações devem ser precisas para serem confiáveis, e apenas seguindo os princípios de contabilidade no exercício da função, pode se ter essa precisão. Esses princípios são os seguintes: O princípio da competência; O princípio da continuidade; O princípio da prudência; O princípio da atualização monetária; O princípio do registro pelo valor original; O princípio da oportunidade; O princípio da entidade. Iudicíbus e Marion (2002, p. 89) definem que: Os Princípios Fundamentais de Contabilidade são os conceitos básicos que constituem o núcleo essencial que deve guiara profissão na consecução dos objetivos da Contabilidade, que, como vimos, consistem em apresentar informações estruturadas para os usuários. Neste sentido, quando os fatos contábeis ocorridos na entidade são registrados e controlados de acordo com as normas e princípios de Contabilidade vigentes, consequentemente as demonstrações financeiras que são os resultados de todos esses fatos passam a proporcionar relatórios precisos, análises estratégicas e decisões acertadas, contribuindo para que os usuários das informações contábeis disponham de diversas informações coerentes entre si sobre o patrimônio da entidade em questão. 25 Marion (2009, p. 28) acredita que a contabilidade “é uma ciência social, pois estuda o comportamento das riquezas que se integram no patrimônio, em face das ações humanas (portando, a Contabilidade ocupa-se de fatos humanos)”. Na concepção de Montoto (2011, p. 38): A Contabilidade é, portanto, uma ciência que estuda e pratica suas funções a partir dos fatos contábeis produzidos pela entidade em determinado período. Assim, registra os fatos contábeis nos livros, controla a entidade a partir das demonstrações financeiras e orienta os gestores a parti das Analise das Demonstrações Financeiras a da Auditoria em toda a produção de fatos contábeis da entidade. Os principais objetivos da contabilidade é a coleta de dados, registros e processamento das informações, com intuito de gerar relatórios sobre o patrimônio, principal objeto da contabilidade, para demonstrar aos usuários da contabilidade e outros interessados esses resultados, que tem por finalidade o auxiliar nas tomadas de decisões. Os relatórios contábeis por sua própria definição vêm com o propósito de relatar a situação do patrimônio no presente e suas mutações no tempo com precisão e transparência para que os usuários vislumbrem uma visão da continuidade da entidade. A contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados econômicos, mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para a tomada de decisões (MARION, 2009, p. 25). O objetivo principal da contabilidade, portanto, conforme a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade é o de permitir a cada grupo principal de usuários a avaliação de situação econômica e financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer inferências sobre suas tendências futura (MARION, 2009, p. 28). 26 O conceito de contabilidade hoje está “vinculado ou impregnado” como instrumento essencial na administração é gerência do patrimônio de uma entidade, visando não só o registro das informações, mais auxiliando nas tomadas de decisões e no planejamento de ações a serem tomados. Como se expressa Gouveia (2001, p. 1): A importância de registrar as transações de uma companhia é proveniente de uma série de fatores, como por exemplo: o dinamismo das empresas, com mudança dos seus dirigentes e do pessoal que as opera (como na documentação hipotética colocada); a necessidade de comprovar, com registro e documentos, a veracidade das transações ocorridas: a possibilidade de reconstruir, com detalhes, transações ocorridas muitos anos antes; a necessidade de registrar as dívidas contraídas, os bens adquiridos, ou o capital que os proprietários investiram no negócio. E, ainda, informa os reflexos que as transações provocam na situação econômico-financeira de uma companhia para que os diversos interessados em seu passado, presente ou futuro tenham conhecimento do seu progresso, estagnação financeira ou retrocesso. A contabilidade veio evoluindo no processo de registro e controle do patrimônio transformando-se em uma ferramenta muito importante para os seus usuários. 2.1.1 USUÁRIOS DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS A contabilidade ao passar por diversas transformações no decorrer dos anos, veio aprimorando cada vez mais seu campo de atuação, deixando de lado aquele velho paradigma “que somente o profissional contábil precisa da contabilidade”. No mundo atual, onde a informação é a chave para tomada de decisão, a contabilidade surge como uma ferramenta de vital importância para bom funcionamento da grande engrenagem que move o mundo da economia. Nesse sentido as analises das demonstrações financeiras se caracterizam como uma técnica contábil que permite a seus usuários uma diversidade de informações de uma determinada organização quer sejam econômico-financeiras, gerencias ou 27 administrativas, dessa forma seus usuários têm em mãos o espelho da empresa avaliada monetariamente. Na concepção de Assaf Neto (2010, p. 39): A análise das demonstrações contábeis de uma empresa pode atender a diferentes objetivos consoantes os interesses de seus vários usuários ou pessoas físicas ou jurídicas que apresentam algum tipo de relacionamento com a empresa. Nesse processo de avaliação, cada usuário procurará detalhes específicos e conclusões próprias e, muitas vezes, não coincidentes. Para Montoto (2011), no quadro dos usuários das demonstrações contábeis, incluem-se investidores atuais e potenciais, empregados, credores por empréstimos, fornecedores e outros credores comerciais, clientes, governos e suas agências e o público. Apesar das variáveis, cada usuário das demonstrações financeiras utiliza de forma específica a análise desses demonstrativos, pois necessitam de informações diversificadas para determinados grupos de usuários que se encaixar. Dessa forma conceituam-se: Investidores Podem ser considerados como os potenciais usuários da contabilidade, são eles e seus analistas responsáveis pela avaliação de uma entidade, preocupam-se com o risco do investimento, utilizam-se das demonstrações financeiras para decidirem se devem realizar um investimento ou mantê-lo para negociação futura. Juntamente nessa classificação de usuário encontram-se os acionistas, que necessitam de informações sobre o patrimônio da organização para avaliar se ela possui capacidade de pagar dividendos. Empregados Preocupam-se com a empresa onde atuam, e necessitam de informações sobre o nível de crescimento e o grau de lucratividade de seus empregadores. Avaliam ainda os fatores ocorridosdentro da entidade que possam prejudicar seus níveis de 28 remuneração, suas oportunidades de emprego ou de crescimento na própria entidade, seus benefícios e direitos trabalhistas. Credores por empréstimos Estes usuários necessitam de informações de natureza econômico-financeira, pois evidenciam a capacidade que a entidade possui de liquidar seus financiamentos, empréstimos. Avaliam ainda o patrimônio da entidade, caso esta não honre com seus compromissos até que valor a entidade pode liquidar a dívida com seu patrimônio. Fornecedores Buscam por informações que lhes permitam avaliar se os seus direitos devidos serão pagos no prazo estipulado em contrato. Estes, por sua vez, diferenciam-se dos credores por empréstimos, pois se preocupam com o índice de liquidez da entidade ou contas a pagar em curto prazo. Clientes Tendem a avaliar a estabilidade da entidade, os seus ciclos econômicos e sua capacidade operacional, basicamente seus interesses são sobre a continuidade da empresa no mercado na qual esta inserida, isso fica mais evidenciado quando existe alguma relação de curto ou longo prazo com ela, ou trata-se de um fornecedor importante. Governo Caracteriza-se como analista em potencial, pois se preocupam com a capitalização de impostos e a destinação de recursos, portanto tem foco nas atividades operacionais e não operacionais da entidade. Utilizam essas informações para avaliações de origens fiscais, e buscam através delas estabelecer o nível de crescimento dos diversos setores da economia, implementando cada vez mais suas políticas fiscais, com o intuito de aumentar cada vez mais a renda nacional. 29 Público As entidades em seus campos de atuação (atividades diárias) afetam a sociedade na qual está inserida de diversas formas. Os modos como elas fazem as restituições à sociedade são distintas, podendo ser a contribuição do crescimento local, a utilização de mão de obra da comunidade. Neste sentido as entidades utilizam de duas ferramentas contábeis: o balanço social que demonstra as atividades sociais desenvolvidas na comunidade onde está inserida e as demonstrações financeiras onde podem se informar sobre desempenho da entidade e suas conquistas recentes. 2.2 O PROCESSO DE NORMATIZAÇÃO CONTÁBIL NO BRASIL Ante as diversas exigências e mudanças impostas quanto à contabilidade, tornou-se necessária a revisão do processo de normatização contábil. Logo as normas internacionais de contabilidade é algo novo no Brasil quem vem se desenvolvendo desde 2007 com a promulgação da Lei Nº 11.638/2007, mas pelo mundo ela já era vista e falada há muito tempo, suas origens remontam a década de 30. Após o cataclismo econômico e social provocado pela crise da Bolsa de Nova Iorque em 1929, membros do Governo dos Estados Unidos, congressistas daquele país, dirigentes empresariais, auditores, analistas de crédito e do mercado de ações e pesquisadores acadêmicos se debruçaram na análise das razoes para a crise e na concepção de mecanismos para superá-la. Dentre as medidas imaginadas e implantadas estava um reposicionamento relativo à regulação governamental e à normatização contábil voltadas para o preparo e auditoria de demonstrações financeiras, também chamadas de demonstrações contábeis (LEMES, 2010, p. 1). Nota-se que após a revolução causada pela crise de 1929 várias empresas espalhadas pelo mundo quebraram. Investidores, acionistas, empresários todos saíram perdendo, e o governo capitalista da época foi um dos responsabilizados pela crise, a omissão dos parlamentares em intervir para criação de medidas de 30 escape, foi um dos motivos que levou centenas de empresas a falência repentinamente. Apesar de tudo, foi neste contexto que se falou pela primeira vez em uma contabilidade unificada em que todos pudessem elaborá-la e entendê-la de forma igual, nasciam então as normas internacionais de contabilidade. Lemes (2010) relata que foi criado em meados de 1930 nos Estados unidos o Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados (AICPA). Órgão voltado para produção de normas contábeis ate o inicio dos anos 70. Essas normas eram denominadas de Princípios Contábeis Geralmente Aceitos nos Estados Unidos (US GAAP). Em 1973, esse órgão foi substituído por uma entidade sem fins lucrativos, que assumiu a tarefa de emitir tais normas, desenvolvia-se então a Junta de Normas de Contabilidade Financeira (FASB). Alicerçado no pensamento de Lemes, constata-se que, até a década de 70, somente os americanos possuíam esses institutos específicos para tratamento de normas de contabilidade, o que gerou grandes resultados para a alavancagem após a crise. Nesse mesmo espaço de tempo nascia uma ideia que mudaria a história da contabilidade pelo mundo, e elevaria o patamar da profissão contábil a nível de importância internacional. Foi criado um organismo internacional com o propósito de produzir normas contábeis não sob a ótica de um país em particular, porém com a intenção de serem normas genuinamente internacionais, no sentido de “supranacionais”: nascia o Comitê de Normas Contábeis Internacionais (IASC) [...]. Esse organismo gerou Normas Contábeis Internacionais (IAS), até 2001 algumas das quais ainda estão vigentes. Nesse ano de 2001, houve grande consenso na comunidade empresarial internacional quanto a necessidade de dotar de mais consistência o preparo de tais normas internacionais, e procedeu-se a uma reforma constitucional no mecanismo de funcionamento do antigo IASC, que passou a adotar a forma hoje vigente [...] (LEMES, 2010, p. 2). Para melhor compreensão de desenvolvimento desses mecanismos segue quadro com algumas das organizações criadas e suas respectivas atribuições no preparo e desenvolvimento das normas internacionais: 31 Entidade Criada Função desenvolvida (BOARD – Monitoring Board) Organismo desenvolvido para supervisionar o modo de funcionamento da entidade que produz as normas contábeis. Sua intenção e que os reguladores dos mercados de capitais que exigem ou permitem o uso das normas IFRS em suas jurisdições possam de maneira mais eficaz desincumbir-se de seus deveres relativos à proteção a investidores, integridade dos mercados e formação de capital; (IASCF – International Accounting Standards Committee Foundation) Fundação criada desde o inicio das normas internacionais, mas que não têm como tarefa escrever normas contábeis, seus objetivos é: Promover, no interesse público, um conjunto único de normas contábeis de alta qualidade; Promover o uso e rigorosa aplicação de tais normas; Atender as pequenas e medias empresas no que se refere às normas contábeis e viabilizar a convergência das normas contábeis nacionais ruma as internacionais; (IASB – International Accounting Standards Board) Sob a fundação da IASCF, encontra o IASB principal corpo de profissionais responsáveis pela efetiva discursão e elaboração das normas contábeis internacionais. Possui regime de dedicação de tempo integral, dirige e supervisiona o trabalho de um quadro técnico de profissionais também de tempo integral na minuta e discursão de normas ate sua aprovação final; (IFRIC – International Financial Repotting Interpretations Committee) Criado com o objetivo de interpretação, o IFRIC é responsável por interpretar as aplicações dos padrões do IASC. Esse organismo atua de forma não exclusiva e em tempo parcial; (SAC – Standards Advisory Council) Criada com o intuito de oferecer sugestões sobrea agenda de trabalho do IASB e sobre o andamento e os rumos de pronunciamentos contábeis internacionais específicos. É composta por creca de 40 representantes diretos de instituições envolvidas diretas ou indiretamente com os desafios encontrados pela contabilidade ao redor do mundo com legítimos interesses no processo de normatização contábil internacional. Quadro1 – Mecanismos de funcionamento do IASC Fonte: Lemes, 2010. 32 As normas internacionais denominadas de IAS, a partir de 2001, passaram a se chamar de Normas Internacionais de Relatórios Financeiros (IFRS), cujo objetivo não só abrange a contabilidade de forma isolada societária ou fiscal, mas sim em desenvolver todo o leque de temas envolvidos na elaboração e divulgação das atividades operacionais de uma entidade por meio de demonstrações de fluxo de caixa, balanços patrimoniais, demonstrações de resultado e etc. A elaboração e emissão de uma norma IFRS é o último passo de um processo rigoroso de discursão entre entidades envolvidas, a fim de desenvolver a melhor solução possível com base em experiências vividas no ambiente contábil. O resultado final dessa discursão não é decidido por uma pessoa individualmente nem por um restrito grupo de pessoas, ninguém possui autonomia para a decisão da escolha final a se seguir. Lemes (2010) destaca que o processo de elaboração de uma IFRS se inicia quando o IASB aceita incluir em sua agenda ativa, sugestões de temas ou opiniões sobre determinado assunto referente ao campo da contabilidade, vindas dos mais diferentes usuários da contabilidade empresas, contabilistas em geral, investidores e a acionistas a fins de solução para determinada discursão. O pessoal técnico permanente do IASB se focaliza na análise da questão e na busca que existam ao redor do mundo, essa busca conduz a um documento para audiência pública mundial denominada “Minuta para Discussão”. Neste sentido os usuários da contabilidade ao redor do mundo podem acessar esse documento e enviar comentários sobre omissões, interpretações faltantes ou incorretas e suas próprias opiniões sobre o determinado assunto em questão. Após a revisão dessas cartas de comentários pelo IASB realizados em uma audiência pública a quem se propôs comentar e opinar sobre a futura norma, é então deliberada a emissão de uma norma IFRS em caráter final e oficial. No Brasil com o desenvolvimento da economia em função do mercado internacional e a aceleração do processo de globalização, tornou-se indiscutível a necessidade de uma harmonização contábil. Processo este que traz consigo uma série de benefícios e oportunidades para o mercado brasileiro. 33 Para Andrade (apud SCHMIDT; SANTOS; FERNANDES, 2010, p. 3), Argumenta que a harmonização, em primeiro lugar, abre o mercado brasileiro aos investidores internacionais, além de tornar o mercado de capitais e o sistema financeiro brasileiro mais transparente para as agências internacionais, melhorando assim o nosso relacionamento e a nossa imagem com esses organismos internacionais, além de reduzir o risco país. Criada com o intuito de aperfeiçoar e evoluir o sistema contábil no Brasil a Lei Nº 6.404/1976 - Lei das sociedades anônimas - foi um marco para o desenvolvimento da economia brasileira, contudo, ao passar dos anos viu-se a necessidade de aperfeiçoamento de alguns dispositivos da referida Lei, pois já não atendia as necessidades do mercado atual que evoluía rapidamente. A existência da Lei (das Sociedades por Ações), se por um lado foi a maior alavanca para a melhoria da Contabilidade no Brasil nas últimas décadas, com o decorrer do tempo levou a uma situação de camisa de força que impediu a evolução, principalmente rumo às Normas Internacionais de Contabilidade (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 14). Nesse sentido foi entregue ao congresso para votação um projeto de Lei que tinha por objetivos a alteração de alguns dispositivos da Lei Nº 6.404/1976, com o anseio de adequar a Contabilidade brasileira aos padrões internacionais, que recebeu a numeração de projeto Nº 3.741/2000. Esse processo de votação, no congresso, perdurou por quase uma década. Durante o processo de votação para transformar o projeto Nº 3.741/2000 em Lei, houve também adiamentos de sessões e pressionamento dos profissionais de contabilidade e empresários da época, o que culminou em um importante passo no Brasil, a criação do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis). E um importante passo, no Brasil, foi dado pela criação do CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Depois de duas décadas, seis entidades não governamentais entraram em acordo, uniram-se, e cinco delas pediram à sexta a formalização do Comitê. Assim, o CFC – Conselho Federal de Contabilidade, e pedido da APIMEC NACIONAL – Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais -, da ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias Abertas -, da BM&FBOVESPA – Bolsa de Mercadorias, Valores e Futuros -, da FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (conveniada à 34 FEA/USP) -, e do IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil -, emitiu sua resolução 1.055/05, criando esse Comitê. Ele está sendo suportado materialmente pelo Conselho Federal de Contabilidade, mas possui total e completa independência em suas deliberações (Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações) (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 15). Dentre as variáveis qualitativas do CPC, sua criação teve como principal objetivo dar início ao longo processo de convergências das normas brasileiras as normas internacionais emitidas pelo IASB. Iudícibus (2010), ainda destaca que os pronunciamentos e as interpretações e as orientações emanadas do CPC são, basicamente, traduções das normas internacionais, com raras adaptações de linguagem e de algumas situações específicas. Contudo não existe uma única determinação do CPC que não esteja abrigada pelas normas internacionais. 2.2.1 LEI Nº 6.404/1976 DAS SOCIEDADES POR AÇÕES A Lei das Sociedades por Ações Lei Nº 6.404/1976 surgiu para regular e controlar as sociedades por ações, além disso, veio para substituir o decreto Nº 2.627 de 1940 que regulava as sociedades de capital aberto. Essa Lei foi de grande avanço para contabilidade Brasileira na época de sua publicação, e, apesar dos contadores não estarem preparados para mudanças, foi de grande aceitação. De acordo com Iudícibus et al (2000, p. 24): [...] com intuído não só de auxiliar no processo de viabilidade pratica da Lei nº 6.404/76, então recém-editada para efetiva aplicação a parti de 1978, como também visado dar entendimento e interpretação uniformes a inúmeras disposições daquela Lei e da legislação de Imposto de Renda que acabava de ser profundamente alterada. De fato, toda aquela nova legislação representou uma verdadeira “revolução” no campo da contabilidade, introduzindo inclusive muitas técnicas para as quais uma parcela substancial dos profissionais da área não estava preparada. Apesar de sofrer varias alterações até os dias de hoje, a Lei Nº 6.404/76 na sua época estava à frente de seu tempo era uma Lei moderna, essas alterações na Lei Nº 6.404/76 foram para que ela ficasse o mais próximo o possível das demonstrações financeiras aceitas internacionalmente. Junto à Lei Nº 6.404/76 35 surgiu a Lei Nº 6.385, de 1976 que criou a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que fiscaliza e registra as Sociedades por Ações. De acordo com o Iudícibus et al (2000), “a Lei nº 6.404/76 é um texto legislativo que preserva sua essência através do tempo, ou seja, desdeo ano de 1976, em que foi aprovada pelo congresso nacional. No entanto essa essência pode ser confrontada com a realidade contábil”. Depois de ser sancionada em 15 de dezembro de 1976, a lei Nº 6.404 recebeu várias alterações significativas e importantes, para se adaptar às evoluções contábeis não só no cenário nacional, mais também internacional. A Lei sofreu muita dessas atualizações para se adaptar às normas contábeis que são emitidas pelo CFC (Conselho Federal de Contabilidade) e CVM, e com apoio do IBRACON (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil) procuram o aperfeiçoamento para uma técnica contábil simplificada e clara para que as entidades publiquem suas demonstrações financeiras para todos os usuários da contabilidade moderna, interna e externa. Existia uma grande dificuldade para adaptar as demonstrações financeiras contábeis na forma da legislação fiscal vigente com os princípios da contabilidade até o surgimento da Lei Nº 6.404/76 e suas alterações, que visam colocar as normas contábeis de demonstrações alinhadas com as leis fiscais. Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência (Redação dada pela Lei nº 6.404/76). Essas atualizações na Lei Nº 6.404/76 estão se aprimorando para adequar a Lei das Sociedades Anônimas a legislação fiscal vigente e a internacionalização da contabilidade e as demonstrações aceitas internacionalmente. 36 2.2.2 PROMULGAÇÃO DA LEI Nº 11.638/2007 E A MP 449/2008 A Lei Nº 6.404/1976 em sua totalidade foi um marco para a evolução da contabilidade no Brasil, pois incorporou uma legislação específica para as sociedades de grande porte da época que crescia e se desenvolvia rapidamente necessitando de uma contabilidade focada em suas atividades e necessidades, desde a escrituração a divulgação das demonstrações contábeis. Com o aumento das relações internacionais no Brasil, viu-se o crescente aumento dos custos e a onerosidade dos contabilistas e das grandes companhias para elaboração de duas contabilidades, uma realizada de acordo com os parâmetros brasileiros e pela lei Nº 6.404/76 e outra focada nos padrões internacionais de cada país, visando elaborar informações para os diversos usuários, principalmente investidores e acionistas internacionais ou multinacionais instaladas no Brasil. Com isso, no Brasil, no ano 2000, foi elaborado o projeto de lei Nº 3.741/2000 de iniciativa da CVM para ser analisado e votado no congresso nacional brasileiro que visava alterar e revogar alguns dispositivos da lei Nº 6.404/1976, que em seu desenvolvimento buscava não só mudanças no balanço patrimonial e na demonstração do resultado do exercício, mas a adoção de mais duas demonstrações financeiras para as companhias brasileiras de capital aberto. Após tramitar por quase uma década no congresso brasileiro, o projeto de lei Nº 3.741/2000 foi transformado em Lei Nº 11.638/2007. A Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, alterou, revogou e introduziu dispositivos da Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e estendeu às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Embora a Lei n. 11.638/2007 não tenha promovido todas as alterações esperadas por alguns setores da sociedade, conforme propunha o projeto de Lei n. 3.741/2000 de iniciativa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), é preciso considerar que as mudanças efetuadas principalmente na parte que trata dos procedimentos contábeis e de elaboração das demonstrações financeiras representam, sem dúvida, um grande avanço em relação aos procedimentos contábeis até então praticados no Brasil. As alterações ocorreram nos arts. 176, 177, 178, 179, 181, 182, 183, 184, 187 e 188, todos do Capítulo XV, que trata do exercício social e das 37 demonstrações financeiras; nos arts. 197 e 199, ambos do Capítulo XVI, que trata do lucro, das reservas e dos dividendos; no art. 226 do Capitulo XVII, que trata da dissolução, liquidação e extinção; e no art. 248 do Capítulo XX, que trata das sociedades coligadas, controladoras e controladas. Além das mudanças nos artigos supramencionados, a Lei n. 11.638/2007 introduziu o art. 195-A que trata de reservas para incentivos fiscais (RIBEIRO, 2008, p. 3). Após a vigência da Lei Nº 11.638/2007, os rumores de uma legislação defasada se confirmaram, a respectiva Lei trouxe em sua redação várias divergências tanto na área fiscal como contábil. Os problemas iam desde o entendimento da nova legislação à execução das demonstrações dentro das normas internacionais. O projeto de Lei Nº 3.741/2000 ficara tramitando no congresso há quase uma década, neste processo, a sociedade e o mercado estavam em movimento, evoluindo sua forma de pensar e agir, dessa forma a Lei Nº 11.638/2007 possuía em seu texto, dispositivos que precisavam ser atualizados para atender as novas necessidades do mercado internacional e das grandes companhias. Diante disso o governo federal sancionou a MP 449/2008, que foi convertida em Lei Nº 11.941/2009 em 27 de maio de 2009. Em sua redação, a Lei Nº 11.941/2009 fez mudanças significativas no campo da contabilidade e principalmente na estrutura das demonstrações financeiras, embora seu texto traga mudanças em diferentes campos contábeis, abordar-se-á daqui em diante apenas as transformações no campo das estruturas das demonstrações financeiras. Entre as novidades da nova Lei Nº 11.941/2009 que altera alguns dispositivos da Lei Nº 6.404/1976 e consequentemente a Lei Nº 11.638/2007 no grupo das demonstrações em seu art. 37, § 1º, se encontra a extinção do grupo de contas do “ativo permanente” e a segregação elaborada do ativo que foi subdividido em: ativo circulante, e ativo não circulante. Este primeiro passou a identificar as disponibilidades da entidade de valores imediatos, ou seja, valores monetários que a empresa dispõe ou que podem consegui-los com mais facilidade. E o ultimo passou a se formar pelo grupo de contas: realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. 38 Trouxe também modificações o grupo do passivo art. 37, § 2º, que exclui o passivo exigível a longo prazo, dessa forma subdividido em: passivo circulante, não circulante e patrimônio líquido. 2.3 ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 2.3.1 LEI Nº 11.638/2007 A Lei Nº 11.638/2007 em sua autonomia substituiu uma demonstração contábil por outra e incluiu mais uma demonstração ao quadro de divulgação das companhias brasileiras: Substituição da demonstração das origens e aplicações de recursos (DOAR), pela demonstração dos fluxos de caixa (DFC). (art. 174, inciso V, da Lei 11.638/2007). Inclusão, entre as demonstrações obrigatórias a demonstração do valor adicionado (DVA). (art. 174, inciso V, da Lei 11.638/2007). Ocorreram mudanças significativas quanto à nova estrutura do balanço patrimonial no que tange o ativo permanente e o patrimônio líquido: Ativo Permanente A principal alteração dessa classificação de ativos foi a criação do grupo intangível, os bens e direitos desse grupo até então eram classificados no ativo imobilizado, sendo eles representativos de bens imateriais. (art. 178, § 1º, alínea c). O intangível compõe-se dos bens de propriedade industrial ou comercial legalmente conferidosà empresa, originando-se disto seu valor, e não da propriedade física dos mesmos. Como exemplos de bens permanentes intangíveis podem ser citados 39 direitos autorais, patentes, marcas, fundo de comércio (ou goodwill), gastos com desenvolvimento de novos produtos etc. (ASSAF NETO, 2010, p. 56). O ativo imobilizado sofreu mudanças em seu conceito, dando espaço para que outros bens possam ser classificados nesta conta. Neste sentido, a Lei Nº 6.404/1976, art. 179, inciso IV determina que: As contas serão classificadas do seguinte modo: IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedades industrial ou comercial; [...] De acordo com a nova redação dada pela Lei Nº 11.638/2007, art. 179, inciso IV que trata do conceito de ativos imobilizados, ficou da seguinte forma: As contas serão classificadas do seguinte modo: IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; [...] Para maior entendimento das mudanças ocorridas no balanço patrimonial pela Lei Nº 11.638/2007 segue um quadro comparativo com a Lei Nº 6.404/1976 abaixo: ATIVO – Lei Nº 6.404/1976 ATIVO – Lei Nº 11.638/2007 Ativo Circulante Ativo Circulante Ativo Realizável a Longo Prazo Ativo Realizável a Longo Prazo Ativo Permanente Ativo Permanente Investimentos Investimentos Imobilizado Imobilizado Diferido Intangível Diferido Quadro 2 – Comparação do ativo da Lei nº 6.404/1976 com a Lei nº 11.638/2007 Fonte: Desenvolvido pelos autores. No grupo do ativo do Balanço Patrimonial não houve grandes alterações em suas estruturas, apenas a inclusão do novo subgrupo intangível, nesta conta classificará 40 os ativos que tem por bases bens incorpóreos destinados à manutenção das atividades operacionais da empresa. Patrimônio Líquido No grupo do patrimônio líquido ocorreram várias mudanças, tanto extinção de contas, como as inclusões de novas no grupo do patrimônio líquido, na qual Ribeiro (2008, p. 6) relata: Foi extinta a conta Lucros Acumulados, entretanto se manteve a conta Prejuízo Acumulados. O lucro líquido apurado em cada exercício deverá ser totalmente destinado à constituição de reservas de lucros, na compensação de prejuízos ou na distribuição de dividendos. Os órgãos da administração da companhia submeterão, com as demonstrações financeiras do exercício, à assembleia geral ordinária proposta sobre a destinação a ser dada ao lucro líquido. Extinguiu-se o grupo das reservas de reavaliação. Foi criado o grupo “Ajustes de Avaliação Patrimonial”, no qual se deverão classificar as contrapartidas de determinadas avaliações de ativos a preço de mercado (instrumentos financeiros) e, ainda, os ajustes de conversão com base na variação cambial de investimentos societários no exterior. O prêmio recebido na emissão de debêntures e as doações e subvenções recebidas, que antes geravam Reservas de Capital, agora devem ser considerados como receitas do período, transitando pela DRE. A parcela do lucro líquido relativa a doações ou subvenções governamentais para investimentos, decorrentes de incentivos fiscais, poderá, no entanto, ser destinada à constituição da reserva por incentivos fiscais (art. 195-A da Lei Nº 6404/1976). Para melhor compreensão segue um quadro comparativo da Lei Nº 6.404/1976 com as atualizações da Lei Nº 11.638/2007 em relação ao patrimônio líquido: PATRIMÔNIO LÍQUIDO – LEI Nº 6.404/1976 PATRIMÔNIO LÍQUIDO – LEI Nº 11.638/2007 (continua) Patrimônio Líquido Patrimônio Líquido Capital Social Capital Social Reservas de Capital Reservas de Capital Quadro 3 – Comparação do patrimônio líquido da Lei nº 6. 404/1976 com a Lei nº 11.638/2007 Fonte: Desenvolvido pelos autores. 41 PATRIMÔNIO LÍQUIDO – LEI Nº 6.404/1976 PATRIMÔNIO LÍQUIDO – LEI Nº 11.638/2007 (conclusão) Reservas de Reavaliação Ajustes de Avaliação Patrimonial Reservas de Lucros ou Prejuízos Acumulados Reservas de Lucros (-) Ações em Tesouraria (-) Prejuízos Acumulados Quadro 3 – Comparação do patrimônio líquido da Lei nº 6. 404/1976 com a Lei nº 11.638/2007 Fonte: Desenvolvido pelos autores. Apesar das mudanças estéticas e conceituais estabelecidas pela Lei Nº 11.638/2007 no que tange o balanço patrimonial, esta por sua vez ainda não conseguiu estruturar o balanço patrimonial de acordo com as normas internacionais, somente com a aprovação da MP 449/2008 em Lei, é que se estabeleceram os padrões normatizados. 2.3.2 LEI Nº 11.941/2009 A Lei Nº 11.941/2009 provocou grandes mudanças na estética do balanço patrimonial o que ocasionou inserção e extinção de contas e mudanças quanto à classificação de grupo, as mudanças foram estabelecidas em ambos os lados do balanço patrimonial tanto ativo como passivo. Ativo Para melhor visualizar segue o quadro comparativo do balanço patrimonial da Lei Nº 11.638/2007 com as atualizações da Lei Nº 11.941/2007: ATIVO – LEI Nº 11.638/2007 ATIVO – LEI Nº 11.941/2009 Ativo Circulante Ativo Circulante Ativo Realizável a Longo Prazo Ativo Não Circulante Ativo Permanente Realizávela Longo Prazo Investimentos Investimentos Imobilizado Imobilizado Intangível Intangível Diferido Quadro 4 – Comparação do ativo da Lei nº 11.638/2007 com a Lei nº 11.941/2009 Fonte: Desenvolvido pelos autores. 42 A grande novidade dessa nova atualização foi a divisão do grupo do ativo em apenas “ativo circulante e ativo não circulante”, em seu art. 37 a Lei Nº 11.941/2009 altera o art. 178 da Lei Nº 6.404/1976 que consequentemente altera a redação dada pela Lei Nº 11.638/02007. O art. 178, § 1º, alínea a, b, c da Lei Nº 6.404/1976 relata: No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: a) Ativo circulante; b) Ativo realizável a longo prazo; c) Ativo permanente, dividido em investimentos, imobilizado, intangível e diferido. (redação dada pela Lei Nº 11.638/2007). De acordo com os novos parâmetros estabelecidos pela Lei Nº 11.941/2009, a estrutura do balanço patrimonial segue a seguinte nova estrutura, em que a referida Lei trata em seu art. 37: A Lei Nº 6.404/1976, de 15 de dezembro de 1976, passa a vigorar com as seguintes alterações: Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 1º. No ativo as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: a) ativo circulante; e b) ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. Em sua redação a Lei Nº 11.941/2009, retirou as figuras do ativo realizável a longo prazo e ativo permanente como grupos, sendo estes agora subgrupo do ativo não circulante. Extingui a conta do diferido do balanço, mas deu respaldo as organizações que possuíam saldo nessa conta, em que em relata em seu art. 38: A Lei Nº 6.404/1976, de 15 de dezembro de 1976, passa a vigorar acrescida dos arts. 184 – A, 299 – A e 299 – B: “Art. 299 – A. o saldo existente em 31 de dezembro de 2008 noativo diferido que, pela sua natureza, não puder ser alocado a outro grupo de contas, poderá permanecer no ativo sob essa classificação até sua completa amortização, sujeito à análise sobre a recuperação de que se trata o paragrafo 3º do art. 183 desta Lei.” 43 Dessa forma as demonstrações contábeis e especialmente o balanço patrimonial após a promulgação da Lei Nº 11.941/2009, deverão alocar ou reconhecer as contas do diferido como gastos pré-operacionais como despesa do período. A permanência da conta diferido no balanço serão apenas permitido para entidades que não tenha como alocar seus “bens e direitos” em outra conta. Passivo Como no ativo a Lei Nº 11.941/2009 trouxe mudanças nas contas do lado do passivo do balanço patrimonial. A nomenclatura do grupo do exigível a longo prazo deixa de existir dando espaço para o grupo do passivo não circulante, com isso foi extinta a conta para resultados de exercícios futuros, que era classificada como direitos antecipados ou receitas antecipadas. Para melhor compreensão das mudanças nas contas do passivo, segue quadro comparativo da Lei Nº 11.638/2007 com as atualizações da Lei Nº 11.941/2009: Passivo – lei Nº 11.638/2007 Passivo – Lei Nº 11.941/2009 Passivo Circulante Passivo Circulante Passivo Exigível a Longo Prazo PassivoNão Circulante Resultado de Exercícios Futuros Patrimônio Líquido Patrimônio Líquido Capital Social Capital Social Reservas de Capital Reservas de capital Ajustes da Avaliação Patrimonial Ajustes de Avaliação Patrimonial Reservas de lucros Reservas de lucros (-) Ações em Tesouraria (-) Ações em Tesouraria (-) Prejuízos Acumulados (-) Prejuízos Acumulados Quadro 5 – Comparação do passivo da Lei nº 11.638/2007 com a Lei nº 11.941/2009 Fonte: Desenvolvida pelos autores. A Lei 6.404/1976 após as atualizações da Lei Nº 11.638/2007, em seu art. 178, § 2º, alínea a, b, c editava que: Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: a) passivo circulante; b) passivo exigível a longo prazo; c) resultados de exercícios futuros. 44 Com as devidas atualizações necessárias ao sistema normativo contábil internacional a Lei Nº 11.941/2009 em seu art. 37 alterou os dispositivos da Lei Nº 6.404/1976, dessa forma o art. 178, § 2º da Lei das sociedades anônimas, passou a vigorar da seguinte maneira: A Lei Nº 6.404/1976, de 15 de dezembro de 1976, passa a vigorar com as seguintes alterações: Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 2º No passivo as contas serão classificadas nos seguintes grupos: a) passivo circulante; b) passivo não circulante; e c) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. (redação dada pela Lei Nº 11.638/2007). Em resumo as mudanças ocorridas no balanço patrimonial com a Lei Nº 11.638/2007 e a Lei Nº 11.941/2009 têm por principais objetivos adequação das informações contábeis às normas internacionais de contabilidade. Este é um processo lento, pois se trata do patrimônio das organizações e, apesar de estar sendo desenvolvido no Brasil a passos largos, cabe aos profissionais contábeis e seus respectivos usuários um estudo aprofundado dessas mudanças que vêm ocorrendo no campo das demonstrações financeiras. 2.4 AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS BRASILEIRAS O processo de normatização contábil no Brasil trouxe consigo, um acervo enorme de conceitos e princípios a serem seguidos no processo de elaboração das demonstrações financeiras. Com isso torna-se importante o conhecimento sobre os demonstrativos exigidos pela legislação fiscal brasileira e uma revisão sistemática desses processos para que se tenha a certeza e confiança na hora de elaborar tais demonstrativos, que atualmente seguem os princípios internacionais de contabilidade. 45 Esses relatórios são de vital importância para as empresa e seus potenciais usuários que ficam a par de toda estrutura e movimentação financeira da instituição. Os objetivos da elaboração de tais relatórios são diversos que vão desde a transparência das atividades operacionais da empresa a captação de recursos para a manutenção da organização. Sendo assim, Perez Junior e Begalli (2002, p. 230), definem os objetivos da empresa em relação à elaboração das demonstrações financeiras, dos quais são: Extrair informações das informações das demonstrações contábeis úteis para tomada de decisão, de forma a concluir sobre a saúde econômico- financeira da empresa e sobre o desempenho de sua atividade operacional; Obter os dados nos relatórios contábeis e transformá-los em informações. Atualmente as sociedades anônimas de capital aberto são as únicas instituições no Brasil, obrigadas à elaboração e divulgação das demonstrações contábeis ou financeiras, o que não impede que outras instituições elaborem tais demonstrativos. Essas companhias normalmente assim chamadas são regidas pela Lei Nº 6.404/1976, que rege sobre a disciplina das demonstrações financeiras em seus arts. 176 a 188. Com isso a referida Lei Nº 6.404/1976 em seu art. 176, estipula e conceitua os demonstrativos contábeis exigidos pela legislação fiscal brasileira: Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I – balanço patrimonial; II – demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III – demonstração do resultado do exercício; e IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (redação dada pela Lei Nº 11.638/2007) V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. 2.4.1 BALANÇO PATRIMONIAL (BP) O balanço patrimonial é um relatório contábil que evidencia em sua estrutura a posição financeira e patrimonial de uma determinada entidade. Em sua essência o balanço traz consigo três partes fundamentais para uma análise consistente de suas 46 contas, que são denominadas: ativo, passivo e patrimônio líquido. Cada uma dessas partes apresentam conceitos diferentes para classificação. No ativo classifica-se todas as contas de bens e direitos da entidade, quanto ao passivo se relacionam as contas identificadas como exigibilidade e obrigações da empresa e enquanto o patrimônio líquido é representado pela diferença entre o total do ativo e do passivo ou mais caracterizado como recursos próprios da empresa. Para Ribeiro (2008, p. 39), “o Balanço Patrimonial deve compreender todos os bens e direitos, tanto tangíveis (materiais) como intangíveis (imateriais), as obrigações e o Patrimônio Líquido da entidade, levantados a partir dos resultados contábeis no seu livro razão”. Na visão de Assaf Neto (2010, p. 47): O balanço apresenta a posição patrimonial e financeira de uma empresa em dado momento. A informação que esse demonstrativo fornece é totalmente estática e, muito provavelmente, sua estrutura se apresentará relativamente diferente algum tempo após seu encerramento. No entanto, pelas relevantes informações de tendências que podem ser extraídas de seu diversos grupos de contas, o balançoservirá como elemento de partida indispensável para o conhecimento da situação econômica e financeira de uma empresa. Dessa forma a Lei Nº 6.404/1976 em seu art. 178 estabelece que “no balanço, as contas serão classificadas segundo elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia”. 2.4.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) A demonstração do resultado do exercício apresenta de forma resumida, mas bem organizada, as operações realizadas na entidade durante seu exercício social a que está obrigada, a fim de destacar o resultado ou lucro obtido pela organização. 47 No processo de elaboração da demonstração do resultado do exercício Ribeiro (2008, p. 53) destaca dois tipos de contas: A DRE é composta por contas de Resultado e Patrimoniais: as contas de resultado referem-se a todas as contas que representam as despesas, os custos e as receitas, observando o principio da competência. As contas patrimoniais são aquelas representativas das deduções e das participações no resultado. Com um conceito sistêmico Perez Junior e Begalli (2002, p. 140), estabelecem os processos dessa demonstração: A empresa de informar a terceiros interessados em seu balanço como foi obtido o resultado do exercício, lucro ou prejuízo, transferido para a conta de lucros ou prejuízos acumulados. Essa informação sobre o resultado do período é fornecida, em sua maior parte, pela Demonstração do Resultado do Exercício – DRE -, que nada mais é do que a apresentação das contas de receitas e despesas, feitas de modo ordenado. Tal ordenação consiste, basicamente, na separação das receitas, custos e despesas operacionais e não operacionais e em sua apresentação na forma indicada pela legislação vigente, de forma vertical e dedutiva. Contudo a demonstração do resultado do exercício apresenta os aumentos e as reduções efetuadas no patrimônio líquido da organização. Para Blatt (2001, p. 25), “[...] a DRE, é um resumo ordenado das receitas e despesas, não envolvendo necessariamente entrada ou saída de numerário”. 2.4.3 DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS (DLPA) A demonstração dos lucros e prejuízos acumulados é um relatório contábil utilizado de forma específica para caracterizar e definir os meios em que se se destinou o lucro do exercício da entidade. Como forma de conceituação Assaf Neto (2010, p.75 e 76), estabelece que: A DLPA promove a integração entre o Balanço Patrimonial e a demonstração de Resultados do Exercício (DRE). Seu objetivo básico é o de demonstrar a destinação do lucro líquido do exercício: parcela distribuída aos acionistas e aquela retida pela empresa para reinvestimento. [...] Pela 48 Lei atual das sociedades por ações, a conta “Lucros Acumulados” não pode apresentar saldo positivo ao final do exercício social. Os resultados apurados no exercício que não foram pagos aos acionistas – permaneceram retidos na empresa para reinvestimento em seus ativos – devem obrigatoriamente ser destinados a reservas próprias. Para Ribeiro (2008), a DLPA antes da Lei Nº 11.638/2007, era utilizada para evidenciar as mutações ocorridas na conta “lucros ou Prejuízos acumulados”, agora todo lucro apurado no final do exercício deve ser destinado à compensação de prejuízos, à constituição de reservas e à distribuição de dividendos. Como a Lei Nº 11.638/2007 não alterou o art. 186 da Lei Nº 6.404/1976 que trata da DLPA, acredita-se que esta demonstração tem como principal objetivo elaborar e evidenciar o saldo inicial da conta prejuízos acumulado se houver ajustes de exercícios anteriores, as reversões de reservas, bem como o lucro líquido apurado e sua destinação. A Lei 6.404/1976 em seu art. 186 disciplina sobre a estruturação da DLPA em que fala: Art. 186. A demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados discriminará: I – o saldo do inicio do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária do saldo inicial; II – as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício; III – as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período. 2.4.4 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL) A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) e completa e envolve todo o Patrimônio Líquido e suas contas, registrando diminuições ou acréscimo em transações aferidas nas contas que compõe o Patrimônio Líquido. A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido demonstra essas diminuições e acréscimo de uma forma simples, através de tabela que apresenta as vicissitudes do exercício que findaram as contas do Patrimônio Líquido, incluindo a Demonstração de Lucro e Prejuízo Acumulado (DLPA). 49 A demonstração das mutações patrimoniais abrange todas as contas do patrimônio líquido, identificando os fluxos ocorridos entre uma conta e outra e as variações (acréscimos e diminuições) verificados no exercício (ASSAF NETO, 2010, p. 78). A DMPL não e obrigatória pela Lei das Sociedades por Ações, Lei Nº 6.404/1976, por sua vez ela se tornou obrigatória depois de publicações da CVM, CPC 26 e CFC, tornando-a obrigatória, e veio para substituir a DLPA. A Lei n. 6.404/76 (Lei das S/A) só exige a DPLA. A CVM por sua vez, só exige a DMPL para as S/A de Capital aberto. Já o CPC 26 (CFC) exige a DMPL para todas as sociedades de grande porte. O CPC-PME exige a DMPL para todas as sociedades de pequeno e médio porte. Entretanto, as PMEs em que as únicas alterações do PL derivem do lucro líquido, do pagamento de dividendos e de ajuste no PL em função de erros ou mudanças de critérios contábeis podem elaborar somente a DLPA (MONTOTO, 2011, p. 726). A Lei Nº 6.404/76 reconhecendo a importância da DMPL apresenta como opção de publicação a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, se esta trouxer em seu corpo a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, a Demonstração do Lucro ou Prejuízo Acumulado é obrigatório pela Lei Nº 6.404/76. Art. 186. § 2º. A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia (Lei 6.404/76). A DMPL tem sua importância em meio às demonstrações contábeis no Brasil por ela ser de simples apresentação e inserir todas as contas que compõem o Patrimônio Líquido. A DMPL demonstra a sequência e o valor das operações feitas no Patrimônio Líquido, completando assim as demais demonstrações com suas informações precisas sobre a criação das reservas e onde foram destinadas suas reservas do período anterior. A DMPL é de muita utilidade, pois fornece a movimentação ocorrida durante o exercício nas diversas contas componentes do Patrimônio Líquido; faz clara indicação do fluxo de uma conta para outra e indica a origem e o valor de cada acréscimo ou diminuição no Patrimônio Líquido durante o exercício. Trata-se, portando, de informações que complementa os demais dados constantes do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício; é particularmente importante para as empresas que tenham seu 50 Patrimônio Líquido formados por diversas contas e mantenham com elas inúmeras transações. [...] pois a demonstração indicará claramente a formação e a utilização de todas as reservas, e não apenas das originadas por lucros. Servirá também para melhor compreensão, inclusive quanto ao cálculo dos dividendos obrigatórios (IUDÍCIBUS et al, 2010,p. 554). A DMPL será demonstrada em uma planilha disposta em colunas trazendo as contas do PL mostrando as operações e transformações nos valores aferidos no período apurado. [...] a DMPL é composta por colunas onde são evidenciadas as operações ocorridas no Patrimônio Liquido. No que se refere à apresentação das Reservas de Capital, de Lucro e Outros resultados Abrangentes, a divulgação de forma analítica (com uma coluna para cada conta) ou sintética (com o agrupamento das contas) fica a critério da entidade (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 558). 2.4.5 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (DFC) A Demonstração do fluxo de Caixa só passou a ser obrigatório a partir da Lei Nº 11.638/2007. Em dezembro de 2007, a legislação societária brasileira, Lei nº 6.404/76 foi modificada pela Lei nº 11.638 que trouxe a obrigatoriedade de elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) em substituição à demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR). Entretanto não tratou de sua forma de apresentação de maneira detalhada (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 564). A Demonstração do Fluxo de Caixa tem por finalidade demonstrar para os usuários das demonstrações a situação da empresa em honrar com seu equivalente de caixa suas dividas do período. A DFC permite que se analise, principalmente, a capacidade da empresa em honrar seus compromissos financeiros, gerar resultados de caixa futuros, e sua liquidez e solvência financeira (ASSAF NETO, 2010, p. 84). 51 A demonstração dos fluxos de caixa tem o objetivo de apresentar aos usuários das demonstrações financeiras as modificações ocorridas no “Caixa” de uma empresa durante um exercício social (MONTOTO, 2011, p. 763). [...] é prover informações relevantes sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma empresa, ocorrido durante um determinado período, e com isso ajudar os usuários das demonstrações contábeis na análise da capacidade da entidade de gerar caixa e equivalente de caixa, bem como suas necessidades para utilizar esses fluxos de caixa (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 565). A DFC mostra com eficiência a movimentação do Caixa da empresa e os equivalentes de caixas, que são contas com liquides imediatas, essas movimentações deveram ser demonstradas no mínimo em três fluxos. O art. 188 da Lei n. 6.404/76, transcrito a seguir, especifica quais as informações mínimas que o demonstrativo dos fluxos de caixa deve apresentar: “Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput do art. 176 desta Lei indicarão, no mínimo: (Redação dada pela Lei n. 11.638, de 2007). I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalente de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos: (Redação dada pela Lei. 11.638, de 2007) (MONTOTO, 2011, p. 763). Esses três fluxos se encontram descritos da seguinte forma: operacional, investimentos e dos financiamentos por Assaf Neto (2010, p. 84): Fluxos Financeiros Operacionais: descrevem basicamente as transações registradas na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Entradas de caixa: recebimento de vendas realizadas a vista e de títulos representativos de vendas a prazo; recebimentos de receitas financeiras provenientes de aplicações no mercado financeiro, dividendos de participações acionárias em outra empresa, outros recebimentos como indenizações de seguros, sentença judiciais favoráveis etc. Saídas de Caixa: pagamento a fornecedores por compras a vista e de títulos representativos de compras a prazo, pagamentos de impostos, contribuições e taxas, pagamentos de encargos financeiros de empréstimos e financiamentos etc. 52 Fluxos Financeiros de Investimentos: são geralmente determinados por variações nos ativos não circulantes (ativos de longo prazo) e destinados à atividade operacional de produção e venda da empresa. Entrada de Caixa: recebimento pela venda de título de aplicações de longo prazo (investimento) e participação acionária, de imobilizados etc. Saídas de Caixa: aquisições de títulos de longo prazo para investimentos, desembolsos para participações acionárias em outras companhias, compras avista de bens imobilizados etc. Fluxos Financeiros de Financiamentos: referem-se basicamente às operações com credores e investidores. Entradas de Caixa: captações no mercado através de emissão de títulos de dívida, integralização de ações emitidas etc. Saídas de Caixa: pagamentos de dividendos e juros sobre o capital próprio aos acionistas, amortização de empréstimos e financiamentos (pagamento de principal) etc. 2.4.6 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA) A Demonstração do Valor Adicionado se refere à riqueza gerada pela empresa, e demonstra em grupos distintos sua distribuição e seus efeitos no patrimônio da empresa. Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caputdo art. 176 desta Lei indicarão, no mínimo: (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) II – demonstração do valor adicionado – o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007). (Lei 6.404/76). Montoto (2011), Demonstração do Valor adicionado passou a ser obrigatória somente para sociedades por ações de capital aberto a partir da alteração que a Lei 6.404/76 sofreu em seu art. 176, inc. V com advento da Lei 11.638, de 2007, que obrigou as sociedades de capital aberto a publicarem essa demonstração. Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.(Incluído pela Lei nº 11.638, de 2007). (Lei 6.404/76) 53 2.5 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS A análise dos demonstrativos financeiros consiste num processo rigoroso de índices e coeficientes extraídos dos lançamentos efetuados na publicação das demonstrações financeiras. Essas análises variam de acordo com as necessidades dos usuários que buscam informações quanto a situação financeira ou econômica da organização. A maneira com que os indicadores de análise são utilizados é particular de quem faz a análise, sobressaindo-se, além do conhecimento técnico, a experiência e a própria intuição do analista. Dois analistas podem chegar a conclusões bem diferentes sobre a mesma empresa, mesmo tendo eles trabalhado coma as mesmas informações e utilizando iguais técnicas de análise. [...] (ASSAF NETO, 2010, p. 36). Para Blatt (2001), a análise das demonstrações financeiras ou análises econômico- financeiras dos demonstrativos contábeis visa determinar a involução ou evolução das situações financeira e econômica de uma entidade. Correlacionando com essas afirmações Iudícibus (1998) relata que “a análise das demonstrações contábeis pode ser conceituadas como a arte de saber extrair relações uteis, para o objetivo econômico que tivermos em mente, dos relatórios contábeis e de suas extensões e detalhamentos”. 2.5.1 VISÃO HISTÓRICA E EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE ANÁLISE Se tratando do processo histórico de análise das demonstrações financeiras, autores em conjunto afirmam que este processo e tão antigo quanto o surgimento da contabilidade. Marion (2012, p. 6-7) relata que:Se nos reportarmos para o início provável da Contabilidade (+/- 4000 a. C.), em sua forma primitiva, encontraremos os primeiros inventários de rebanhos (o homem que voltava sua atenção para a principal atividade econômica: o 54 pastoreio) e a preocupação da variação de sua riqueza (variação do rebanho). A análise da variação da riqueza realizada entre a comparação de dois inventários em momentos distintos leva-nos a um primeiro sintoma de que aquela afirmação (análise tão antiga quanto a própria Contabilidade) é possível. Portanto, a partir dessa definição constata-se que mesmo em tempos longínquos, já era realizado mesmo que de forma simples uma averiguação do patrimônio constatando dessa forma se houve acréscimo ou uma redução de seus recursos, configurando dessa forma uma análise mesmo que precária da posição financeira de seus bens e riquezas. Com o passar dos tempos e a evolução da sociedade, o processo de análise das demonstrações financeiras foi-se aprimorando até se tornar hoje uma ferramenta gerencial de vital importância dentro das organizações. Contudo seus aspectos e marcos durante o desenvolver dos tempos são correlatados a seguir: No final do século passado, banqueiros americanos passaram a solicitar balanços das empresas tomadoras de empréstimos; Em 9-2-1895, o Conselho Executivo da Associação de Bancos de Nova Iorque recomendou a seus membros que solicitassem balanços aos tomadores de empréstimos; Em 1900, a associação divulgou um formulário de proposta de crédito que incluía espaço para balaço; Em 1919, Alexander Wall (considerado o pai da análise de balanços) desenvolveu um modelo de análises de índices; Em 1925, Stephen Gilman propôs a análise horizontal; Em 1930, surgiu na Du Pont um modelo de análise de rentabilidade (ROI – ReturnonInvestment) que decompunha o retorno em margem e giro; Em 1931, a Dun&Bradstreet passou a elaborar e divulgar índices padrões para os diversos ramos de atividades dos EUA; No brasil, em 1968, foi criada a SERASA e surgiu a metodologia de análise e de construção de índices-padrões. Quadro 6 – Processo cronológico da análise das demonstrações financeiras Fonte: Perez Junior e Begalli, (2002). Todavia, o processo de análise das demonstrações financeiras remonta-se de forma concreta e objetiva no final do século XIX, com o surgimento dos bancos governamentais com interesse na situação econômico-financeira das organizações e a abertura do capital por parte das grandes corporações, possibilitaram a evolução do processo de análise dos demonstrativos financeiros. 55 2.5.2 TÉCNICAS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Dentre o processo de análise das demonstrações financeiras o analista em questão se disponibiliza de uma serie de técnicas que possibilitam uma análise consistente da situação econômico-financeira da empresa. Esses indicadores como são normalmente conhecidos, se analisados separadamente produzem informações insuficientes para o processo de análise de quaisquer demonstrativos contábil. Mas quando agrupados de forma linear, produzem uma análise consistente sobre a situação da empresa em questão. Dentre as técnicas de análise mais utilizadas para se ter um conhecimento da posição econômico-financeira de certa organização em determinado período se destacam: Análise vertical e horizontal; Indicadores financeiros e econômicos; 2.5.2.1 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL O processo de análise de qualquer demonstração segue duas características principais, em que Assaf Neto (2010, p. 93), discorre que “são elas a comparação dos valores obtidos em determinado período com aqueles levantados em períodos anteriores e o relacionamento desses valores com outros fins”. Dessa forma o processo de comparação de valores de contas entre si, evidencia com clareza a posição estática das demonstrações analisadas. Com isso esse processo comparativo de dados é caracterizado pela análise horizontal e análise vertical. A análise horizontal também denominada de análise de números-índices avalia uma conta ou grupo de contas de forma temporal, avaliando a evolução ou regressão de seus valores em determinado período. 56 Blatt (2001, p. 60) destaca que esse processo “tem por objetivo demonstrar o crescimento ou queda ocorrida em itens constituem as demonstrações contábeis em períodos consecutivos”. A análise vertical, também denominado de análise por coeficientes, consiste na análise de comparação de certos grupos de contas em relação ao seu conjunto total. Para Assaf Neto (2010, p. 101) este “é também um processo comparativo, expresso em porcentagem, que se aplica ao se relacionar uma conta ou grupo de contas com um valor afim ou relacionável, identificando no mesmo demonstrativo”. 2.5.2.2 ANÁLISE POR ÍNDICES OU QUOCIENTES Considerada por muitos autores como uma técnica fácil e dinâmica, a análise por índices e quocientes se destacam por avaliar profundamente o nível de liquidez de determinada empresa ao ser analisada, ou seja, apresenta de forma sucinta a situação financeira da organização em relação a seus clientes e fornecedores. Para Blatt (2001, p. 61), considera que: Os índices são relações que se estabelecem entre duas grandezas; facilitam sensivelmente o trabalho do analista, uma vez que a apreciação de certas relações ou percentuais é mais significativa (relevante) que a observação de montantes por si só. Este tipo de análise, basicamente se empenhar em avaliar através de indicadores, o desempenho passado, presente e suas futuras projeções. 2.5.2.2.1 INDICADORES DE LIQUIDEZ A capacidade de informações deste grupo de índices é muito importante para avaliação financeira do balanço patrimonial, pois avaliam o ativo circulante em relação as obrigações passivas da entidade. Esses indicadores se classificam em liquidez corrente, liquidez imediata, liquidez seca e liquidez geral, conforme segue: 57 Liquidez Corrente (Ativo Circulante) / (Passivo Circulante) Liquidez Imediata (Disponível) / (Passivo Circulante) Liquidez Seca (Ativo Circulante – Estoque) / (Passivo circulante) Liquidez Geral (Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo) / (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo) Quadro 7 – Indicadores de liquidez Fonte: Desenvolvido pelos autores. Liquidez corrente De acordo com Blatt (2001, p. 75), “um índice de liquidez corrente maior que 1 significa que o valor contábil do ativo circulante é maior que o passivo circulante. Sendo menor que 1 significa que a empresa não possui ativos líquidos suficientes para sanar sua dividas”. Nessa avaliação quanto maior o índice melhor. Liquidez imediata Considerado um dos índices mais importantes, pois evidenciam os ativos a curto prazo em relação aos passivos a curto prazo. Para Assaf Neto (2010, p. 163), “este índice revela a porcentagem das dividas a curto prazo (circulante) em condições de serem liquidadas imediatamente”. Liquidez seca Segundo Silva (2012, p. 141), “este indicador é muito útil quando necessitamos ver a capacidade de pagamento da empresa nas situações em que a mesma tem uma rotação de estoque muito baixa [...]”. Liquidez geral Para Assaf Neto (2010, p. 164), “esse indicador revela a liquidez, tanto a curto como a longo prazo. De cada R$ 1,00 que a empresa mantém de dívida, o quanto existe de direitos e haveres no ativo circulante e no realizável a longo prazo”. 58 2.5.2.2.2 INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAIS Estes indicadores viabilizam a análise quantoa composição dos capitais existentes dentro da organização, ou seja, capitais próprios e de terceiros. Evidenciando as vantagens e consequências desses investimentos em alto nível, permitindo dessa forma que o analista vislumbre: a participação de capitais de terceiros, o grau de endividamento, imobilização do patrimônio liquido e a imobilização dos recursos não correntes. Participação de Capitais de Terceiros (Exigível Total) / (Patrimônio Líquido) x 100 Grau do Endividamento (Passivo Circulante) / (Exigível Total) x 100 Imobilização do Patrimônio Líquido (Ativo Permanente) / (Patrimônio Líquido) x 100 Imobilização dos Recursos Não Correntes (Ativo Permanente) / (Patrimônio líquido + Exigível a longo Prazo) x 100 Quadro 8 – Indicadores de estrutura de capitais Fonte: Desenvolvido pelos autores Participação de capitais de terceiros Na visão de Assaf Neto (2010, p. 137), este índice “revela a dependência da empresa em relação a suas exigibilidades totais”. [...] Por exemplo, se o índice for igual a 0,60, significa que 60% do ativo encontra-se financiado por dívidas (recursos de terceiros) e 40% por capital próprio, neste caso quanto menor o índice melhor. Grau de endividamento Na concepção de Silva (2012, p. 144), “através dessa análise é possível mensurar o volume de dívidas da empresa com vencimento no curto prazo em relação à dívida total”. Imobilização do patrimônio líquido Na avaliação deste índice, Blatt (2001, p. 69) indica que “esta relação indica qual porcentagem do patrimônio líquido ou dos recursos próprios está investida no ativo 59 permanente. Quanto maior for o índice resultante da relação, menos capital de giro próprio está sendo investido no giro dos negócios”. Imobilização dos recursos não correntes Este indicador permite evidenciar o quanto de recursos não correntes esta injetado no ativo permanente da empresa, proporcionando a análise de quanto a organização possui de capital próprio circulante. Silva (2012, p. 146) define que “quando este indicador for superior a 100%, teremos a evidenciação de que o patrimônio líquido juntamente com o passivo não circulante não apresenta valor suficiente para cobrir os investimentos no ativo permanente”. 2.5.2.2.3 INDICADORES DE RENTABILIDADE Este indicador apresenta o nível de rendimentos que a empresa possui de acordo com seus investimentos, a análise da rentabilidade de uma empresa é uma das operações mais realizadas no momento de se investir ou de requerer um financiamento. Todas as empresas estão inseridas no processo capitalista, ou seja, visam o lucro e o acumulo de bens para expandir seus negócios, pois de nada adianta uma empresa realizar investimentos e operações financeiras se estas não forem rentáveis. Neste processo surgem os seguintes indicadores que contribuem para essa avaliação: giro do ativo, margem líquida, rentabilidade do ativo, rentabilidade do patrimônio líquido. Giro do ativo Vendas líquidas / ativo médio Margem líquida Lucro líquido / vendas líquidas Rentabilidade do ativo (ROA ou ROI) Lucro líquido / ativo médio Rentabilidade do patrimônio líquido (ROE) Lucro líquido / patrimônio líquido médio Quadro 9 – Indicadores de rentabilidade Fonte: Desenvolvido pelos autores. 60 Giro do ativo Este índice mede o grau de eficiência de uma empresa, que leva em consideração as bases do ativo da organização para medir suas vendas no período. Para Blatt (2001, p. 83), “este índice revela quão efetiva uma empresa é em gerar vendas a partir de sua base de ativos; é uma indicação de eficiência geral de uma empresa”. Margem líquida Considerado como um dos índices mais importantes do processo de análise, pois são de interesse principalmente dos sócios e investidores da empresa. De acordo com Blatt (2001, p. 83), “a margem de lucro mostra a porcentagem de resultado líquido produzida pelas vendas líquidas”. Rentabilidade do ativo Este indicador leva em consideração o ativo da empresa para definir o nível de retorno dos investimentos realizados na empresa. Para Perez Júnior e Begalli (2002, p. 240), “é o retorno sobre os investimentos totais (ativo total) efetuados na empresa, independente de sua procedência, seja dos proprietários (capital próprio), das operações da empresa ou de terceiros (capital de terceiros)”. Rentabilidade do patrimônio líquido Este indicador leva em consideração o patrimônio líquido da organização para definir o nível de retorno dos investimentos realizados na empresa. De acordo com Perez Júnior e Begalli (2002, p. 240), este índice “representa o nível de remuneração do capital investido pelos sócios acionistas, quotistas, proprietários”. 2.5.2.2.4 INDICADORES DE ROTAÇÃO OU ATIVIDADE Os índices deste grupo evidenciam a eficiência da empresa com base no gerenciamento de seus recursos que estão a sua disposição, sendo uns dos 61 principais os estoques, duplicatas a receber e outros. Dentre os componentes desse índice se encontram a evidenciação do prazo médio de rotação dos estoques, prazo médio de recebimento das vendas, prazo médio de pagamento das compras. Prazo médio de rotação dos estoques (estoque médio / CMV) X 360 Prazo médio de recebimento das vendas (contas a receber médio / receita líquida) X 360 Prazo médio de pagamento de compras (fornecedores médio / compras) X 360 Quadro 10 – Indicadores de rotação ou atividade Fonte: Desenvolvido pelos autores. Prazo médio de rotação de estoques (PMRE) Para Perez Júnior e Begalli (2002, p. 241), “esse índice fornece o numero de dias, semanas ou meses de cobertura de estoques existentes e mede a eficiência com que a empresa administra seus investimentos em estoques. Esse índice deve ser o menor possível [...]”. Prazo médio de recebimento das vendas (PMRV) De acordo com Blatt (2001, p. 89), “o prazo médio de recebimento de vendas indica, em média, quantos dias a empresa espera para receber suas vendas”. Ao analisar esse índice, devem-se levar em consideração os resultados obtidos do PMRE e PMPC. Prazo médio de pagamento de compras (PMPC) Normalmente quando se trata de pagamentos de compras de mercadorias as empresas buscam a maximização de sua conta de fornecedores para que este período sempre seja maior que seu prazo de recebimento de clientes, para que esse valor financie seus investimentos no ativo circulante. Para Perez Júnior e Begalli (2002, p. 241), esse índice mede o numero de dias, semanas ou meses que a empresa leva para pagar seus fornecedores. [...] Geralmente, quando o PMPC é superior àquele concedido pelo fornecedor, significa que a empresa esta com problemas de liquidez. 62 3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS 3.1 EMPRESA “X” OBJETO DE ESTUDO DA PESQUISA A Empresa “X”, fundada na década de 40, foi a pioneira no Brasil no setor varejista de alimentos e hoje, é a maior empresa de distribuição do País, com mais de 1.300 unidades em supermercados, hipermercados, lojas especializadas e atacarejo, além de postos de combustíveis e drogarias. A referida empresa mantém operações em 18 estados de todas as regiões do Brasil e no Distrito Federal, totalizando mais de 2,8 milhões de m² de vendas. A Empresa “X” tem ações listadas na Bovespa desde outubro de 1995 e na bolsa de Nova York, desde maio de 1997. Fazem parte desse Grupo Econômico, empresas que fecham um conglomerado com uma estratégia multiformato com os modelos de supermercados, hipermercados,lojas de bens duráveis e lojas de conveniências e atacarejo. A empresa também atua no comércio eletrônico nas áreas de alimentos e não alimentos através de sites. Esse grupo econômico em particular atua no ramo varejista, ramo este, que vem crescendo no Brasil com a união de vários segmentos, formando grandes grupos econômicos com crescimento acelerado, dessa forma, sendo uma Sociedade Anônima a mesma está obrigada a apresentar as demonstrações contábeis de acordo com a Lei das Sociedades Anônimas Brasileiras. Quando surgiu o interesse de falar das demonstrações financeiras, apareceram as empresas coligadas no ramo de varejo, em destaque. 63 3.2 ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL (BP) ANALISE HORIZONTAL E VERTICAL EMPRESA X Exercícios Findos em: 31/12/11 31/12/10 31/12/09 Descrição da conta Valor AV AH AH acumulada Valor (mil) AV AH Valor (mil) AV AH ATIVO TOTAL 33.769.005 100,00% 13,42% 81,00% 29.772.263 100,00% 59,58% 18.657.033 100,00% 100,00% ATIVO CIRCULANTE 17.276.392 51,16% 17,74% 105,68% 14.673.067 49,28% 74,68% 8.399.748 45,02% 100,00% Disponibilidade 4.969.955 14,72% 12,48% 112,22% 4.418.607 14,84% 88,67% 2.341.927 12,55% 100,00% Clientes – Contas a Receber 5.717.121 16,93% 32,43% 130,96% 4.317.214 14,50% 74,41% 2.475.373 13,27% 100,00% Estoques 5.552.769 16,44% 15,11% 96,39% 4.823.768 16,20% 70,60% 2.827.463 15,15% 100,00% Outros 1.036.547 3,07% -6,91% 37,29% 1.113.478 3,74% 47,48% 754.985 4,05% 100,00% ATIVO NÃO CIRCULANTE 16.492.613 48,84% 9,23% 60,79% 15.099.196 50,72% 47,20% 10.257.285 54,98% 100,00% Realizável a longo Prazo 3.854.880 11,42% 22,13% 55,02% 3.156.339 10,60% 26,93% 2.486.684 13,33% 100,00% Com pessoas ligadas 662.854 1,96% 7,35% 58,13% 617.497 2,07% 47,31% 419.191 2,25% 100,00% Outras 3.192.026 9,45% 25,73% 54,39% 2.538.842 8,53% 22,80% 2.067.493 11,08% 100,00% Permanente 12.637.733 37,42% 5,82% 62,64% 11.942.857 40,11% 53,69% 7.770.601 41,65% 100,00% Investimentos 253.250 0,75% 8,91% 30,39% 232.540 0,78% 19,73% 194.227 1,04% 100,00% Imobilizado 7.358.250 21,79% 8,30% 37,37% 6.794.337 22,82% 26,84% 5.356.601 28,71% 100,00% Intangível 5.026.233 14,88% 2,24% 126,43% 4.915.980 16,51% 121,46% 2.219.773 11,90% 100,00% Diferido 0 0,00% 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 100,00% PASSIVO E P.LÍQUIDO 33.769.005 100,00% 13,42% 81,00% 29.772.263 100,00% 59,58% 18.657.033 100,00% 100,00% PASSIVO CIRCULANTE 13.501.202 39,98% 23,60% 123,76% 10.923.437 36,69% 81,04% 6.033.725 32,34% 100,00% Fornecedores 6.278.757 18,59% 16,95% 56,80% 5.368.738 18,03% 34,07% 4.004.395 21,46% 100,00% Duplicatas Descontadas 0 0,00% 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 100,00% Financiamentos (inclui Debêntures) 4.917.498 14,56% 68,69% 615,16% 2.915.116 9,79% 323,95% 687.612 3,69% 100,00% Impostos, Taxas e Contribuições 1.091.079 3,23% 22,86% 47,07% 888.039 2,98% 19,70% 741.860 3,98% 100,00% Adiantamento de Clientes 0 0,00% 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 100,00% Provisões Diversas 266.084 0,79% 115,52% 383,15% 123.464 0,41% 124,18% 55.073 0,30% 100,00% Outras Contas a Pagar 947.784 2,81% -41,79% 73,97% 1.628.080 5,47% 198,85% 544.785 2,92% 100,00% 64 PASSIVO NÃO CIRCULANTE 10.173.378 30,13% 8,83% 70,51% 9.348.234 31,40% 56,68% 5.966.583 31,98% 100,00% Exigível a longo Prazo 10.173.378 30,13% 8,83% 70,51% 9.348.234 31,40% 56,68% 5.966.583 31,98% 100,00% Financiamentos 6.240.900 18,48% 11,61% 74,20% 5.591.936 18,78% 56,09% 3.582.599 19,20% 100,00% Dívidas com pessoas ligadas 1.756.076 5,20% 1,48% 1,94% 1.730.508 5,81% 0,46% 1.722.661 9,23% 100,00% Outros 2.176.402 6,44% 7,43% 229,10% 2.025.790 6,80% 206,32% 661.323 3,54% 100,00% PATRIMÔNIO LÍQUIDO 10.094.425 29,89% 6,25% 51,64% 9.500.592 31,91% 42,72% 6.656.725 35,68% 100,00% Quadro 11 – Análise horizontal e vertical (BP) Fonte: Própria. 65 De fato a Empresa “X” mostrou crescimento em suas contas em referência ao ano base de 2009, podendo ser constatado nos índices horizontais que demonstram um crescimento de 59,58% no ano de 2010 e 81,00% no ano de 2011 no acumulado de acorda o QUADRO 3.2. A empresa analisada demonstrou um aumento no Ativo Circulante em comparação ao Ativo Não Circulante, aumentando a participação de todas as contas do ativo circulante em referência ao Ativo Total da empresa, no ano 2009 para 2011. O Ativo Circulante o que mais alavancou esse crescimento, com os índices de 74,68% em 2010 e 105,68% em 2011, referente ao ano base de 2009, esse aumento se deu a uma variação perceptível na conta Clientes, onde em 2010 cresceu 74,41% e 130,96% em 2011, sua participação no ativo passou de 13,27% em 2009 para 16,93% em 2011, tendo um aumento de 3,66% que representa uma expressão significativa monetária. No Passivo e o PL houve um aumento de capital de terceiros comprovado principalmente no Passivo Circulante, onde sua representatividade de 2009 para 2011 partiu de 32,34% para 39,98% respectivamente. A conta do passivo que sofreu a maior alteração foi a de financiamento, variando de 3,69% para 14,56% tendo um aumento de 10,87% do ano base 2009 para o ano de 2011. 66 3.3 ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL (DRE) ANALISE HORIZONTAL E VERTICAL DRE Exercícios Findos em: 31/12/11 31/12/10 31/12/09 Descrição da conta Valor (mil) AV AH AH acumulada Valor (mil) AV AH Valor(mil) AV AH Descrição da conta Receita Bruta de Vendas/Serviços 46.594.486 100,00% 45,19% 100,90% 32.091.674 100,00% 38,37% 23.192.758 100,00% 100,00% (–) Deduções da Receita Bruta 0 0,00% 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 100,00% (=) Receita Líquida de Vendas 46.594.486 100,00% 45,19% 100,90% 32.091.674 100,00% 38,37% 23.192.758 100,00% 100,00% (–) Custo de Bens e/ou Serv. Vend. -33.932.964 -72,83% 39,98% 93,97% -24.241.476 -75,54% 38,57% -17.493.806 -75,43% 100,00% (=) Resultado Bruto 12.661.522 27,17% 61,29% 122,17% 7.850.198 24,46% 37,75% 5.698.952 24,57% 100,00% (+) Despesas/Receitas Operacionais -11.856.867 -25,45% -65,14% 137,19% -7.179.746 -22,37% 43,63% -4.998.898 -21,55% 100,00% Despesas com Vendas -7.936.647 -17,03% 63,09% 124,68% -4.866.289 -15,16% 37,76% -3.532.481 -15,23% 100,00% Gerais e Administrativas -1.683.097 -3,61% 76,99% 147,67% -950.959 -2,96% 39,93% -679.581 -2,93% 100,00% Receitas/Financeiras Líquidas -939.240 -2,02% 63,63% 74,65% -573.996 -1,79% 6,74% -537.773 -2,32% 100,00% Receitas Financeiras -124.070 -0,27% -931,08% -601,68% -12.033 -0,04% -148,66% 24.731 0,11% 100,00% Despesas Financeiras -815.170 -1,75% 45,06% 44,92% -561.963 -1,75% -0,10% -562.504 -2,43% 100,00% Resultado da Equivalência Patrimonial 34.825 0,07% 0,94% 543,48% 34.499 0,11% 537,45% 5.412 0,02% 100,00% Outras Rec./Desp. Oper. Líquidas -1.332.708 -2,86% 61,93% 423,71% -823.001 -2,56% 223,41% -254.475 -1,10% 100,00% Outras Receitas Operacionais 593.250 1,27% 78,85% 137,27% 331.698 1,03% 32,66% 250.030 1,08% 100,00% Outras Despesas Operacionais -1.925.958 -4,13% 66,79% 281,75% -1.154.699 -3,60% 128,88% -504.505 -2,18% 100,00% (=) Resultado Operacional 804.655 1,73% 20,02% 14,94% 670.452 2,09% -4,23% 700.054 3,02%100,00% (=) Resultado Antes do I.R e C. Social 804.655 1,73% 20,02% 14,94% 670.452 2,09% -4,23% 700.054 3,02% 100,00% (–) Provisão p/ IR/Contrib. Social -84.999 -0,18% -0,56% -9,59% -84.522 -0,26% -10,10% -94.015 -0,41% 100,00% (–) IR Diferido 0 0,00% 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 100,00% (=) Resultado Antes Participações 719.656 1,54% 22,82% 100,00% 585.930 1,83% 100,00% 0 0,00% 100,00% (–) Participações/Contrib.Estatutárias 0 0,00% 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 100,00% (–) Rev. dos Juros S. Capital Próprio 0 0,00% 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 100,00% 67 (–) Part. de Acion. Não Controladores 0 0,00% 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 100,00% (–) Outras participações 0 0,00% 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 100,00% (=) Lucro/Prejuízo do Exercício 719.656 1,54% 22,82% 18,75% 585.930 1,83% -3,32% 606.039 2,61% 100,00% Quadro 12 – Análise horizontal e vertical (DRE) Fonte: Própria. 68 Observando de forma sucinta os dados obtidos das análises vertical e horizontal da DRE, constata-se em linha de frente, uma evolução significativa da receita líquida de vendas da Empresa X, que tendo por base o ano de 2009, representou um aumento de 38,37% e 45,19% em 2010 e 2011 respectivamente, totalizando assim um crescimento de suas vendas líquidas em 2011 de 100,90% em relação a 2009. Junto a essa evolução é de se esperar que seus custos dos produtos vendidos também se elevem como pode ser observado um aumento de 38,57% e 39,98% em 2010 e 2011, respectivamente. Mas, tais custos em 2009 absorviam 75,43% da receita de vendas e em 2011 passaram a absolver apenas 72,83%. Nesse sentido, percebe-se uma queda na representatividade dos custos diretos da empresa objeto da análise, que mesmo diante do crescimento favorável das vendas do período a empresa conseguiu manter seus custos abaixo do valor estimado em 2009, e alavancar suas vendas. Diante disto, o resultado bruto da referida empresa passou a acumular um crescimento de 61,29% em 2011, tendo por base o ano de 2009, um resultado positivo ao comparar essa análise com outras empresas do ramo, que fecham seus resultados brutos abaixo de 50% de suas receitas liquidas de vendas. As despesas operacionais dentro da evolução das vendas tiveram grande participação, pois em 2009, 2010 e 2011 representavam 21,55%, 22,37% e 25,45% respectivamente das vendas líquidas da empresa, essa representatividade é comprovada quando se observa a evolução das despesas operacionais da Empresa “X” através dos períodos que são de 22,37% e 65,14% em 2010 e 2011, dessa forma, comparando o grau de evolução da conta de despesas operacionais em relação a 2009 constata-se um crescimento de 137,19% em 2011. As provisões realizadas pela empresa analisada de IR e CSSL absorviam em 2009 0,41% das vendas líquidas e regrediram para 0,26% e 0,18% em 2010 e 2011 respectivamente. 69 Essas conclusões básicas de análise se dão pelo fato da mencionada empresa efetuar um bom planejamento estratégico tanto de vendas como gestão administrativa, pois percebe-se através dessa análise uma discrepância de resultados, pois com o aumento das vendas acarretaria um aumento do CPV das despesas operacionais, mas isso não ocorre, as despesas e o CPV aumentaram de acordo com as vendas oscilando em um percentual gradativo. 70 3.4 ANÁLISE DA SITUAÇÃO ECONÔMICA EMPRESA X ANÁLISE DOS INDICADORES ECONÔMICOS Indicadores de Atividade 31/12/11 31/12/10 31/12/09 ROTAÇÃO DOS ESTOQUES (PMRE) ((Estoque Médio/CMV) x 360) 55 57 29 RECEBIMENTO DAS VENDAS (PMRV) (Contas Receber de Clientes Médio/Receita Líquida) x 360 39 38 19 PAGAMENTO DAS COMPRAS (PMPC) (Fornecedores Médio/Compras) x 360 60 64 35 Indicadores da Rentabilidade 31/12/11 31/12/10 31/12/09 GIRO DO ATIVO Vendas Líquidas/Ativo Médio 1,47 1,33 2,49 MARGEM LÍQUIDA Lucro Líquido/Vendas Líquidas 1,54% 1,83% 2,61% RENTABILIDADE DO ATIVO (ROA ou ROI) Lucro Líquido/Ativo Médio 2,27% 2,42% 6,50% RENTABILIDADE DO PATRIM. LÍQUIDO (ROE) Lucro Líquido/Patrimônio Líquido Médio 7,35% 7,25% 18,21% RENTAB. DO ATIVO – Sistema Dupont Margem Líquida x Giro do Ativo 2,27% 2,42% 6,50% Quadro 13 – Análise da situação econômica Fonte: Própria. 71 3.4.1 ANÁLISE DOS INDICADORES DE ROTAÇÃO OU DE ATIVIDADE De acordo com Assaf Neto (2010, p. 171), “os indicadores da atividade operacional são mais dinâmicos e permitem que seja analisado o desempenho operacional da empresa e suas necessidades de investimento em giro”. Através dos cálculos efetuados obtiveram-se os seguintes resultados: Prazo médio de Rotação dos estoques Para Silva (2012, p. 132), “normalmente, o ideal é que a empresa tenha um alto índice de rotação de seus estoques (ou seja, gire o estoque em menos dias), desde que isso seja reflexo de alto grau de comercialização de seus produtos”. A Empresa “X” apresentou em seus exercícios findos de 2009, 2010 e 2011 uma rotação de estoque de aproximadamente 29, 57 e 55 dias respectivamente. Estes quocientes evidenciam que os produtos ou mercadorias da referida empresa ficaram estocados 29, 57 e 55 dias para cada exercício antes de serem vendidos. Os quocientes apurados demonstram uma elevação do prazo de estocagem das mercadorias em relação a 2009, que permaneceu no estoque 28 dias a mais em 2010 e manteve a estabilidade em 2011, essa elevação é devido ao aumento do volume de vendas percebido pela analise da DRE que consequentemente aumenta o volume de compras. Prazo médio de recebimentos das vendas De acordo com Silva (2012, p. 133), “este indicador mostra quantos dias ou meses, em media a empresa leva para receber suas vendas. [...] quanto maior o prazo de recebimento pior será para a empresa”. Apurados os resultados verifica-se que a Empresa “X” recebia suas vendas a prazo em 19, 38 e 39 dias nos exercícios de 2009, 2010 e 2011 respectivamente. Nota-se um aumento do prazo de recebimento da citada empresa, de 2009 para 2010 que forneceu a seus clientes 19 dias a mais para pagarem suas compras. Com esse quociente pode-se concluir que o aumento das vendas ocorrido na empresa se deu 72 em grande maioria por venda a prazo, ou seja, não havendo nesse caso entrada de dinheiro no caixa da empresa. Prazo médio de pagamento de compras Na análise desse quociente Perez Júnior (2002, p. 241), relata que “esse índice mede o numero de dias, semanas ou meses que a empresa leva para pagar seus fornecedores [...] geralmente quando o PMPC é superior àquele concedido pelo fornecedor, significa que a empresa está com problemas de liquidez”. A Empresa “X” apresentou um prazo de pagamento de 35 dias em 2009, e nos dois exercícios seguintes apresentou 64 dias em 2010 e 60 dias em 2011. Neste caso, considera-se que as compras efetuadas pela empresa devido o aumento de suas vendas, foram feitas com base em um bom planejamento tanto de mercado como junto a seus fornecedores, que permitiu um maior prazo para quitar suas obrigações. Comprovando essa afirmativa temos a comparação feita entre o PMRV e PMPC, pois em 2009 a referida empresa recebia suas vendas em 19 dias e tinha disponível 16 dias a mais para pagar suas contas, em 2010 recebia em 38 dias e pagava com 64 dias e em 2011 recebia com 39 e quitava suas contas com 60 dias. Dessa forma comprova-se que em todos os períodos a empresa manteve seu ciclo operacional de compra e venda estáveis, mesmo com o crescimento do volume de vendas e compras da empresa. 3.4.2 ANÁLISE DOS INDICADORES DE RENTABILIDADE Este indicador viabiliza a informação de quantoa empresa obteve de êxito econômico em determinado período econômico, ou seja, traça parâmetros de valores em relação ao investimentos feitos na empresa com os resultados obtidos. Giro do ativo Para Blatt (2001, p. 83), “este índice revela quão efetiva uma empresa é em gerar 73 vendas a partir de sua base de ativos; é uma indicação da eficiência geral de uma empresa”. A Empresa “X” vendeu, para cada R$ 1,00 de investimento total, 2,49 vezes em 2009, 1,33 vezes em 2010 e 1,47 vezes em 2011. Com esse resultado, constata-se que os investimentos totais da empresa analisada giraram 2,49, 1,33, 1,47 vezes nos exercícios de 2009, 2010 e 2011, respectivamente. Entre os períodos analisados, o de 2009 apresentou melhor resultado, pois a referida empresa obteve 249% de retorno do capital investido contra apenas 133% em 2010 e 147% em 2011. No entanto, para se ter certeza se este quociente é satisfatório, deve-se analisar o quociente de margem liquida. Margem líquida De acordo com Silva (2012, p. 148), “[...] este índice compara o Lucro Líquido em relação às Vendas Líquidas do período, apresentando o percentual de LUCRATIVIDADE gerado”. A Empresa “X” obteve de cada R$ 100,00 vendidos, 2,61% de lucro em 2009, 1,83% em 2010 e 1,54% em 2011. Neste indicador comprova que para cada R$ 100,00 reais em vendas a empresa obteve R$ 2,61 em 2009, R$ 1,83 em 2010 e R$ 1,54 em 2011, de lucro líquido. Nos exercícios de 2010 e 2011 a margem líquida teve uma queda considerável em relação às operações da empresa. Analisando os dois quocientes de giro de ativo e margem líquida, podemos dizer que houve uma variação significativa das vendas da empresa e que em relação aos ativos dela consegue-se ter um retorno considerável, mas seus resultados de margem líquida revela um alto grau de custos e despesas da empresa nos três exercícios analisados, pois mesmo a empresa vendendo em larga escala seus custos e despesas em 2009, 2010 e 2011 absorveram 97,39%, 98,17% e 98,46% da margem liquida esperada, ou seja, suas vendas efetuadas foi suficiente para cobrir os custos e despesas restando ainda mesmo que pequeno uma margem de lucro liquido. 74 Rentabilidade do ativo O nível de retorno ou mais conhecido rentabilidade do ativo caracteriza-se como um importante índice de avaliação quando se trata de investimentos tanto internos quanto externos. Para melhor compreensão Perez Júnior e Begalli (2002, p. 240), conceituam, “é o retorno sobre os investimentos totais (ativo Total) efetuados na empresa, independente de sua procedência, seja dos proprietários (capital próprio), das operações da empresa ou de terceiros”. A empresa, objeto de análise, apresentou em 2009 os valores de 6,50%, em 2010, 2,42% e em 2011, 2,27% para cada R$ 100,00 de investimento total. A análise deste quociente nos revela que para cada real investido no ativo da Empresa “X” houve uma lucratividade de R$ 6,50 em 2009, R$ 2,42 em 2010 e R$ 2,27 em 2011. Com estes resultados pode-se avaliar o desempenho futuro da organização, ou seja, o cálculo do retorno de capital total investido na entidade, para identificar em quanto tempo a empresa terá duplicado o valor do seu ativo. Cálculo: 2009 2010 2011 1 ano = 6,50% X anos = 100% X= 100 / 6,50 X = 15,38 anos 1 ano = 2,42% X anos = 100% X = 100 / 2,42 X = 41,32 anos 1 ano = 2,27% X anos = 100% X = 100 / 2,27 X = 43,91 anos Com isso conclui-se que, utilizando somente os lucros apurados nos exercícios, a empresa analisada precisaria de 15,38 anos em 2009, 41,32 anos em 2010 e 43,91 anos em 2011 para conseguir dobrar seus investimentos realizados no seu ativo. Rentabilidade do patrimônio líquido Caracterizado normalmente como taxa de retorno de sobre o patrimônio líquido, este indicador viabiliza a informação de retorno de investimentos de capitais próprios, diferente do indicador anterior que analisa todos os investimentos efetuados próprios 75 e de terceiros. Silva (2012, p. 150) define que “este indicador apresenta o retorno que os acionistas ou quotistas da empresa estão obtendo em relação aos seus investimentos na empresa [...]”. A Empresa “X” apresentou o indicador de 18,21% em 2009, 7,25% em 2010 e 7,35 em 2011. Estes resultados indicam que a empresa x obteve R$ 18,21, R$ 7,25, R$ 7,35 em 2009, 2010 e 2011 respectivamente de lucro líquido para cada R$ 100,00 de capital próprio investido. Com estes quocientes também é possível calcular o prazo de retorno do capital investido: Cálculo: 2009 2010 2011 1 ano = 18,21% X anos = 100% X= 100 / 18,21 X = 5,49 anos 1 ano = 7,25% X anos = 100% X = 100 / 7,25 X = 13,79 anos 1 ano = 7,35% X anos = 100% X = 100 / 7,35 X = 13,60 anos Com esses resultados concluímos que os proprietários da empresa citada terão de volta o valor do capital que investiram em 5,49 anos em 2009, 13,79 anos em 2010 e 13,60 anos em 2011. 76 3.5 ANÁLISE DA SITUAÇÃO FINANCEIRA EMPRESA X ANÁLISE DOS INDICADORES ECONÔMICOS E FINANCEIROS Indicadores da Estrutura de Capital 31/12/11 31/12/10 31/12/09 PART. DE CAPITAL DE TERCEIROS Capital de Terceiros/Patr. Líquido 234,53% 213,37% 180,27% COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO Pas. Circ./ Capital Terceiros 57,03% 53,89% 50,28% IMOBILIZAÇÃO DO PATRIM. LÍQUIDO Ativo Permanente/Patrimônio Líquido 125,20% 125,71% 116,73% IMOB. DOS RECUR. NÃO CORRENTES Ativo Permanente/(Passivo Não Circulante + Pat. Liquido) 62,35% 63,36% 61,56% Indicadores da Liquidez 31/12/11 31/12/10 31/12/09 LIQUIDEZ GERAL (Ativo Circ+RLP)/(Passivo Circ+ELP) 0,89 0,88 0,91 LIQUIDEZ CORRENTE Ativo Circulante/Passivo Circulante 1,28 1,34 1,39 LIQUIDEZ SECA (At Circ – Estoque)/Passivo Circulante 0,87 0,90 0,92 LIQUIDEZ IMEDIATA Disponibilidades/Passivo Circulante 0,37 0,40 0,39 Quadro 14 – Análise da situação financeira Fonte: Própria. 77 3.5.1 ANÁLISE DOS INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAL Este indicador é de suma importância para o analisador, pois se identifica e estabelece os meios e formas no qual as empresas se financiam, quer sejam mais por capitais próprios ou de terceiros. Participação de capital de terceiros Para Blatt (2001, p. 67), “este coeficiente indica a dependência da empresa em relação ao capital de terceiros (quanto menor, melhor será a capacidade financeira da empresa)”. Avaliando os dados obtidos deste quociente, tem-se 180,27% em 2009, 213,37% em 2010 e 234,53% em 2011. Isto significa que para cada R$ 100,00 de capitais próprios aplicados na Empresa “X”, existem R$ 180,27, R$ 213,37 e R$ 234,53 de capitais de terceiros, nos exercícios de 2009, 2010 e 2011, respectivamente. Estes resultados evidenciam um alto grau de dependência de recursos financeiros de terceiros, onde no exercício de 2010 e 2011 se obteve os índices mais altos em relação a 2009. Tendo por base a afirmação de Blatt (2001), de que quanto menor esse índice melhor para a empresa fica claro que não houve um bom planejamento por parte da administração no que tange os financiamentos e investimentos da empresa em análise. Composição do endividamento Na visão de Silva (2012, p. 144), “através desta análise é possível mensurar o volume de dívidas da empresa com vencimento no curto prazo em relação à dívida total. [...] O estudo deste indicador nos permite visualizar o perfil da dívida da empresa”. Na apuração deste quociente obteve-se 50,28, 53,89 e 57,03 nos exercícios de 2009, 2010 e 2011, respectivamente. Issosignifica que para cada R$ 100,00 de dívidas totais a Empresa “X” possui R$ 50,28 em 2009, R$ 53,89 em 2010 e R$ 78 57,03 em 2011 de obrigações vencíveis a curto prazo, ou seja, a referida empresa terá de repor a curto prazo 50,28%, 53,89% e 57,03% em 2009, 2010 e 2011, respectivamente, dos capitais de terceiros. Analisando esse quociente verifica-se uma situação equilibrada quanto aos parcelamentos das dívidas da Empresa “X”, pois 50% delas serão pagas a curto prazo, e os outro 50% a longo prazo, ou após um ano em relação ao exercício seguinte, tendo dessa forma tempo necessário para que ele gere bens e serviços para saldar com suas obrigações. Imobilização do patrimônio líquido Para Silva (2012, p. 145), quanto mais uma empresa investir no ativo permanente, mais ela se torna dependente de capitais de terceiros para o seu capital de giro. A analise deste índice possibilita a identificação de quanto do patrimônio líquido da empresa esta aplicado no ativo permanente [...]. Os índices obtidos da empresa, objeto de análise, foram 116,73 em 2009, 125,71 em 2010 e 125,20 em 2011. Estes resultados evidenciam que para cada R$ 100,00 do capital próprio (patrimônio líquido), a empresa imobilizou R$ 116,73, R$ 125,71 e R$ 125,20 em 2009, 2010 e 2011, respectivamente. Analisando esses dados conclui-se que mais de 50% do capital próprio da organização foi imobilizado, o que não é recomendado de acordo com a definição de Silva (2012), pois é necessário que esse capital esteja em giro na empresa, pois é mais fácil conseguir um financiamento a curto ou a longo prazo para solucionar problemas no ativo não circulante, que conseguir recursos monetários em imediato para giro de capital. Imobilização dos recursos não correntes De acordo com Silva (2012, p.146), “este indicador permite identificar quanto dos recursos não correntes da empresa está a p l i c a d o no ativo permanente [...]. é ideal 79 que este indicador se mantenha inferior a 100%”. A Empresa “X” apresentou em 2009 um resultado de 61,56, em 2010 63,36 e em 2011 62,35, ou seja, para cada R$ 100,00 do patrimônio líquido a empresa investiu R$ 61,56 em 2009, R$ 63,36 em 2010 e R$ 62,35 em 2011, de recursos gerados a longo prazo. 3.5.2 ANÁLISE DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ De acordo com Marion (2012, p. 75), “os índices de liquidez são utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos”. Essa capacidade de pagamento pode ser avaliada, considerando: longo prazo, curto prazo ou prazo imediato. Liquidez Geral; A Empresa “X” obteve os indicadores de liquidez geral, basicamente iguais nos três períodos avaliados, apesar de demonstrar uma pequena queda ao ano, pois no ano de 2009 estava em 0,91, em 2010 caiu para 0,88 e em 2011 ficou em 0,89 indicando estabilidade na política de controle desse índice nesses três períodos avaliados. Esse índice, conforme Marion (2012, p. 81), “mostra a capacidade de pagamento da empresa a Longo Prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro (a Curto e Longo Prazo), relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida (a Curto e Longo Prazo)”. Liquidez Corrente; A empresa analisada obteve consecutivamente em 2009, 2010 e 2011 os índices de 1,39, 1,34 e 1,28, nesses indicadores pode-se observar que os índices estão diminuindo no decorre das demonstrações, pois de 1,39 em 2009 passou para 1,28 em 2011, indicando uma queda de 0,11, constatando que a capacidade de pagar 80 suas contas a curto prazo estão se reduzindo, no entanto, a referida empresa em todos os períodos conseguiu manter sua atividade de liquidez estável, mesmo com a redução dos índices em cada período. Para Silva (2012, p. 140), este índice demonstra quanto a empresa possui em dinheiro, em bens e em direitos realizáveis no curto prazo, comparando com suas dívidas a serem pagas no mesmo período. É o índice mais utilizado para medir a situação (saúde) financeira das empresas. Constatamos que a empresa avaliada está perdendo sua autonomia para pagar suas contas a curto prazo, comprovada na analise horizontal, onde o Ativo Circulante teve um crescimento de 105% em 2011 no acumulado, em referencia ao ano base de 2009, e o Passivo Circulante teve um crescimento de 123% em 2011 no acumulado em referencia ao mesmo ano. Mesmo com a representatividade do Ativo Circulante no Ativo Total da empresa ter aumentado de 45,02% em 2009 para 51,16% em 2011. Índice de Liquidez Seca No índice de Liquidez Seca não houve muita variação, apenas de 0,92 em 2009 passou para 0,87 em 2011, esse índice apesar de esta abaixo de 1,00 não esta ruim, pois para cada R$ 1,00 real de divida a empresa tem R$ 0,87 real para saldar suas dividas, sem contar com o estoque. Conforme Marion (2012, p. 81), “o índice de Liquidez Seca, por fim, é bastante conservador para que possamos apreciar a situação financeira da empresa”. Liquidez Imediata; Para Morante (2009, p. 35), o objetivo do índice de Liquidez Imediata é: Demonstrar a capacidade de pagamento de todo o passivo circulante com os recursos disponíveis (moeda corrente) no momento da análise. Trata-se de um índice bastante rigoroso e pouco explorado, até pela dificuldade de obtenção de resultados satisfatórios, na data do balanço, uma vez que o 81 disponível, quando composto de aplicações financeiras, pode ser circunstancial. A Empresa “X” manteve seu índice de Liquidez Imediata estável nos dois períodos em relação para com o ano base, pois em 2009 o índice estava em 0,39 passando para 0,37 em 2011, tendo uma variação pequena em dois anos. 3.6 ANÁLISE GERAL DOS RESULTADOS OBTIDOS Observando os dados levantados através do estudo de caso feito a partir do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício findos em 2009, 2010 e 2011, é possível identificar pontos positivos e negativos evidenciados nas demonstrações financeiras da empresa avaliada. Através da análise vertical e horizontal da DRE evidencia-se um bom crescimento das vendas da empresa, que tendo por base o ano de 2009, apresentou uma receita em 2011 superior ao ano base de 2009 de 100,90%, considerando esta alavancagem em dois períodos. Os custos diretos mantiveram estáveis e evoluíram de acordo com a receita de vendas não extrapolando o limite desejável. Nesse sentido, a grande dificuldade visualizada através do estudo da DRE é em consideração as despesas operacionais da empresa que evoluíram significativamente no decorrer dos períodos analisados, pois tendo por base o período de 2009 as despesas operacionais apresentaram em 2011 um crescimento de 137,19% em relação ao ano base, crescimento este superior até mesmo da receita de vendas, o que não e recomendável, pois em qualquer organização é de se esperar que as vendas se desenvolva mais que seus custos diretos ou indiretos. Na análise da situação financeira da Empresa “X”, os indicadores de estrutura de capital e índices de liquidez, foram claros, pois evidenciaram uma dependência de recursos de terceiros na organização, em que no período de 2011 chegou a 234,53%, ou seja, para cada R$ 100,00 de capital próprio da referida empresa, existe aplicado na mesma R$ 234,53 de terceiros, o que significa que os 82 investimentos efetuados pela empresa em grande parte foi financiado por capitais de terceiros. Essa evidenciação de dependência de capital é comprovada na análisedos índices de liquidez que em grande maioria demonstrou pouca eficiência da empresa avaliada quanto a liquidez de suas dívidas. No entanto com o auxilio do estoque essa situação é revertida, pois consegue se manter adimplente com suas obrigações. Na análise econômica da empresa ora avaliada, se observa o índice de rentabilidade da mesma, que em proporção ao setor que esta inserida não demonstrou planejamento e eficiência quanto a sua rentabilidade, pois de 100% da receita obtida no período de 2009, 2010 e 2011, a referida empresa conseguiu apenas absorver para si como lucro do período 2,61%, 1,83% e 1,54% respectivamente, um índice extremamente baixo de lucratividade, que se persistir nos próximos períodos a empresa não conseguirá arcar com suas obrigações tanto próprias (retorno do capital investido), quanto de terceiros (obrigações acessórias). Apesar da receita de vendas da organização ser bem eficiente, necessita haver um reposicionamento tanto na área dos custos da empresa, quanto no controle administrativo a que se refere às despesas operacionais. Por se tratar de uma organização varejista atuante nos mais diferentes segmentos deste mercado sua analise de liquidez é aceitável, pois em grande parte seu maior investimento se encontra em seus estoques de mercadorias e no imobilizado, no que tange as instalações de vendas e de industrializações, considerando ainda seus maquinários de auto valor. Quanto ao ciclo operacional da empresa, objeto da análise, esta por sua vez demonstrou eficácia no recebimento de suas vendas e nos prazos de pagamentos de suas dívidas que demonstraram serem maiores, dando espaço de tempo para que a empresa gere recursos para pagar com folga suas dividas. Analisando somente BL e a DRE da Empresa “X”, foi possível extrair informações de sentidos econômicos e financeiros, demonstrando os pontos fortes da organização e 83 suas deficiências as quais precisam ser trabalhadas para que haja uma evolução significativa desses dados nos exercícios posteriores. Contudo, as demonstrações financeiras aqui analisadas mesmo que de forma superficial, pois existem inúmeros métodos de analises, contribuíram para o seu proposito; gerar informações e contribuir para o planejamento estratégico da organização evidenciando de forma monetária suas deficiências e conquistas durante o exercício social. 84 4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES 4.1 CONCLUSÃO O processo de análise das demonstrações financeiras está atualmente vinculado ao mercado global, pois suas análises respondem e direcionam ao principal objetivo das grandes organizações, que consiste na capitação de recursos financeiros e a maximização de seus lucros. A análise contábil é uma ferramenta que permite extrair informações relevantes das demonstrações financeiras, tais resultados possibilitam aos diversos usuários um diversificado conjunto de informações da situação tanto econômica quanto financeira da entidade, possibilitando uma tomada de decisão correta quanto aos investimentos, gerenciamentos, concessão de financiamentos e ate mesmo em transações comerciais. O setor varejista brasileiro é um dos setores da economia que mais cresce devido sua alta capacidade de gerar lucros e sua diversidade de produtos e serviços, no qual se destaca a Empresa “X”, objeto deste trabalho. No qual foram propostos objetivos específicos e um geral para responder a problemática levantada para a realização deste trabalho, ou seja, verificar qual a importância da análise das demonstrações financeiras para avaliação econômica e financeira das sociedades anônimas brasileiras. Quanto ao primeiro objetivo específico, foi respondido no item 2.2 deste trabalho, onde foi demonstrado os principais aspectos do processo de normatização contábil no Brasil, tendo por base legal os dispositivos inseridos nas Leis Nº 6.404/1976, Nº 11.638/2007 e Nº 11.941/2009 que em seus textos trazem informações quanto as analises, elaboração e evidenciação das demonstrações financeiras de acordo com os padrões internacionais. 85 Já o segundo objetivo específico, foi atendido em consonância com o primeiro objetivo no item 2.2.2.1, em que foi constado diversas mudanças no decorrer de uma década desde a elaboração da Lei das sociedades anônimas, mudanças significativas quanto a elaboração e reconhecimento de diversas contas que compõe as demonstrações financeiras. Mudanças estas que se focaram tanto na inclusão de uma nova demonstração contábil exigida pela legislação fiscal brasileira, quanto na extinção e adição de contas do ativo, passivo e patrimônio líquido do balanço patrimonial, devido as exigências dos padrões internacionais de contabilidade. O terceiro objetivo especifico foi respondido no item 2.5.2 deste trabalho em que foi evidenciado através de pesquisa bibliográfica as principais técnicas de analises das demonstrações financeiras definidas por diversos autores especialistas quanto a essa questão. No qual tais técnicas foram utilizadas para elaboração do estudo de caso deste trabalho, para comprovação da importância dessas técnicas nas grandes corporações de capital aberto do país. O quarto objetivo especifico levantado, foi respondido no decorrer de todo o capitulo 3 deste trabalho, em que foi realizado o estudo de caso sobre as duas principais demonstrações financeiras, o (BP) e a (DRE) no que tange os períodos findos de 2009, 2010 e 2011. Constatando dessa forma, a grande importância dessa técnica contábil para as empresas de modo geral, pois ficou evidenciado o leque de informação que ela produz, tanto de ordem econômica quanto financeira, que podem auxiliar os diversos usuários da contabilidade a tomar decisões eficazes e de forma consciente. O objetivo geral deste trabalho foi respondido no decorrer dos objetivos específicos e no que tange os itens 3.2.3 e 3.2.4, que evidenciam a situação econômica e financeira da Empresa “X”, no qual demonstrou grande dependência de capital de terceiros para financiar seus investimentos em todos os períodos, não havendo indício de redução da participação de capitais de terceiros, mas sim um aumento nos índices, podendo no futuro apresentar dificuldades para cumprir com suas obrigações internas e externas, gerando uma insolvência. 86 A referida empresa não apresentou boa liquidez nos períodos analisados, seus índices ficaram abaixo do percentual aceito, exceto o índice de liquidez corrente, que apresentou situação favorável, pois leva em consideração os estoques da empresa em que estão situados seus maiores investimentos. A situação econômica da empresa avaliada no que tange seus índices de atividade constatou-se bons resultados tanto do (PMRV), quanto do (PMPC), que inseridos no ciclo operacional a empresa consegue efetuar suas compras com prazos de pagamentos maiores que seus recebimentos de vendas, tendo assim um bom espaço de prazo entre contas a pagar e a receber. Quanto à rentabilidade da empresa ora analisada, constataram-se deficiências profundas na ordem dos retornos dos investimentos nos três períodos analisados. Apesar das vendas evoluírem de forma extraordinária nos períodos, a maior parte dessa receita fica a destino do (CMV) e das despesas operacionais, que no total dos três períodos absorveram 97,86% da receita da empresa contribuindo para uma baixa margem de lucro evidenciado na análise do (DRE). Neste caso, é necessário que haja uma avalição quanto aos custos e margem de lucros das mercadorias da Empresa “X”, e principalmente uma reavaliação do planejamento de despesasda organização. Contudo, a hipótese levantada deste trabalho foi verdadeira, pois evidenciou uma serie de mudanças tanto de conceitos como normas, no que tange as demonstrações financeiras e como a elaboração desses demonstrativos influenciam no processo de decisão de qualquer organização, quer sejam tanto para decisões internas; avaliação dos custos e despesas da entidade, novos planejamentos de vendas, previsões futuras de crescimento analisando os períodos passados, metas e objetivos a longo prazo, quanto para decisões externas; reposicionamento de mercado, aquisição de novos investimentos. No entanto para que o produto final dessas analise sejam verdadeiros e uniformes entre si, é necessário que haja um estudo abrangente deste processo por parte dos usuários da contabilidade, para não haver duvidas quantos aos resultados obtidos. 87 Pois sabe-se que o processo de normatização contábil no Brasil foi iniciado, mas sempre há alterações e inserção de novos dispositivos na legislação, pois este é um processo longo ate que haja uma consonância entre os mercados. 4.2 RECOMENDAÇÕES Sugere-se um estudo comparativo entre outros segmentos de mercado, comparando através das analises das demonstrações financeiras três empresas do mesmo setor econômico analisando de forma objetiva as novas demonstrações contábeis obrigatórias pela legislação fiscal brasileira a (DMPL) e a (DFC), considerando nessas analise variáveis que podem influenciar no processo de tomada de decisão como: situação de mercado, índices inflacionários e etc. 88 5 REFERÊNCIAS 1. ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do Trabalho cientifico: elaboração de trabalhos na graduação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001. 2. ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 3. BARROS, Aidil Jesus Paes de Barros; LEHFELD, Aparecida de Souza. Um guia para inicialização científica. São Paulo: McGraw-Hill, 1986. 4. BLATT, Adriano. Análise de balanços: estrutura e avaliação das demonstrações financeiras e contábeis. São Paulo: MAKRON Books, 2001. 5. BRASIL. Lei Nº. 6.404 de 15 de Dezembro de 1976. Legislação vigente da lei das sociedades anônimas. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 15 dez. 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 15 maio 2012. 6. ______. Lei Nº. 11.638 de 28 de Dezembro de 2007. Institui o processo de normatização contábil no Brasil. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 28 dez. 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 15 maio 2012. 7. ______. Lei Nº. 11.941 de 27 de Maio de 2009. Altera e revoga dispositivos da lei das sociedades anônimas. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 27 maio 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm>. Acesso em: 26 maio 2012. 8. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia cientifica. 5. ed. São Paulo: Prentice hall, 2002. 9. CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 10. DEMONSTRAÇÕES Contábeis publicadas. Disponível em: <http://rigpa.grupopaodeacucar.com.br/grupopaodeacucar/web/arquivos/GPA_D FP_2011_PORT.pdf>. Acesso em: 28 fev. 2012. 11. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 12. GOUVEIA, Nelson. Contabilidade básica. 2º edição. São Paulo: Harbra, 2001. 13. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços. 7 ed. São Paulo: Atlas, 1998. 89 14. IUDÍCIBUS, Sergio de; MARION, José Carlos. Introdução à teoria da contabilidade para o nível de graduação. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 15. IUDÍCIBUS, Sergio de, et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. São Paulo: atlas, 2010. 16. ______. Manual de contabilidade societária: aplicável as demais sociedades. - 5.ed. São Paulo: Atlas, 2000. 17. LEMES, Sirlei; CARVALHO, L. Nelson. Contabilidade internacional para graduação: texto, estudos de casos e questões de múltipla escolha. São Paulo: Atlas, 2010. 18. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 19. MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 7. ed. 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Disponível em: <http://www.taeq.com.br/data/Pages/LUMIS0AE68E36PTBRIE.htm>. Acesso em: 11 nov. 2012. ANEXOS 91 ANEXO A – DEMONSTRAÇÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL DFs Consolidadas / Balanço Patrimonial Ativo (REAIS MIL) Código da Descrição da Conta Último Exercício Penúltimo Exercício Antepenúltimo Exercício Conta 31/12/2011 31/12/2010 31/12/2009 1 Ativo Total 33.769.005 29.772.263 18.657.033 1.01 Ativo Circulante 17.276.392 14.673.067 8.399.748 1.01.01 Caixa e Equivalentes de Caixa 4.969.955 3.817.994 2.341.927 1.01.02 Aplicações Financeiras 0 600 613 0 1.01.02.01 Aplicações Financeiras Avaliadas a Valor Justo 0 600 613 0 1.01.02.01.01 Títulos para Negociação 0 600 613 0 1.01.03 Contas a Receber 5.717.121 4.317.214 2.475.373 1.01.03.01 Clientes 5.437.500 4.047.234 2.475.373 1.01.03.02 Outras Contas a Receber 279.621 269.980 0 1.01.04 Estoques 5.552.769 4.823.768 2.827.463 1.01.06 Tributos a Recuperar 907.702 888.355 416.550 1.01.06.01 Tributos Correntes a Recuperar 907.702 888.355 416.550 1.01.07 Despesas Antecipadas 105.794 225.123 333.551 1.01.08 Outros Ativos Circulantes 23.051 0 4.884 1.01.08.03 Outros 23.051 0 4.884 1.02 Ativo Não Circulante 16.492.613 15.099.196 10.257.285 1.02.01 Ativo Realizável a Longo Prazo 3.854.880 3.156.339 2.486.684 1.02.01.01 Aplicações Financeiras Avaliadas a Valor Justo 0 7.389 0 1.02.01.01.02 Títulos Disponíveis para Venda 0 7.389 0 1.02.01.03 Contas a Receber 662.854 617.496 419.191 1.02.01.03.01 Clientes 555.841 527.939 0 1.02.01.03.02 Outras Contas a Receber 107.013 89.557 419.191 1.02.01.06 Tributos Diferidos 1.249.687 1.136.462 1.207.712 1.02.01.06.01 Imposto de Renda e Contribuição Social Diferidos 1.249.687 1.136.462 1.207.712 1.02.01.07 Despesas Antecipadas 36.899 54.986 19.911 1.02.01.08 Créditos com Partes Relacionadas 133.415 176.241 118.650 1.02.01.08.04 Créditos com Outras Partes Relacionadas133.415 176.241 118.650 1.02.01.09 Outros Ativos Não Circulantes 1.772.025 1.163.765 721.220 1.02.01.09.04 Impostos a Recuperar 729.998 213.506 255.194 92 1.02.01.09.05 Depósitos para Recursos Judiciais 737.688 645.920 466.026 1.02.01.09.07 Opção de compra - Bartira 304.339 304.339 0 1.02.02 Investimentos 253.250 232.540 194.227 1.02.02.01 Participações Societárias 253.250 232.540 194.227 1.02.02.01.01 Participações em Coligadas 252.790 232.540 193.757 1.02.02.01.04 Outras Participações Societárias 460 0 470 1.02.03 Imobilizado 7.358.250 6.794.337 5.356.601 1.02.03.01 Imobilizado em Operação 6.827.551 5.925.461 5.342.744 Código da Descrição da Conta Último Exercício Penúltimo Exercício Antepenúltimo Exercício Conta 31/12/2011 31/12/2010 1.02.03.02 Imobilizado Arrendado 185.025 167.934 0 1.02.03.03 Imobilizado em Andamento 345.674 700.942 13.857 1.02.04 Intangível 5.026.233 4.915.980 2.219.773 1.02.04.01 Intangíveis 5.026.233 4.915.980 2.219.773 1.02.04.01.02 Intangíveis 5.026.233 4.915.980 2.219.773 Fonte: Site < http://rigpa.grupopaodeacucar.com.br/grupopaodeacucar/web/arquivos/GPA_DFP_2011_PORT.pdf>, 2012. 93 DFs Consolidadas / Balanço Patrimonial Passivo (Reais Mil) Código da Descrição da Conta Último Exercício Penúltimo Exercício Antepenúltimo Exercício Conta 31/12/2011 31/12/2010 31/12/2009 2 Passivo Total 33.769.005 29.772.263 18.657.033 2.01 Passivo Circulante 13.501.202 10.923.437 6.033.725 2.01.01 Obrigações Sociais e Trabalhistas 758.663 589.186 428.188 2.01.01.01 Obrigações Sociais 96.376 120.825 52.733 2.01.01.02 Obrigações Trabalhistas 662.287 468.361 375.455 2.01.02 Fornecedores 6.278.757 5.368.738 4.004.395 2.01.02.01 Fornecedores Nacionais 6.229.796 5.253.034 4.001.523 2.01.02.02 Fornecedores Estrangeiros 48.961 115.704 2.872 2.01.03 Obrigações Fiscais 332.416 298.853 313.672 2.01.03.01 Obrigações Fiscais Federais 324.826 292.658 311.711 2.01.03.01.01 Imposto de Renda e Contribuição Social a Pagar 151.052 25.463 19.750 2.01.03.01.02 Outros (Pis, COFINS,IOF,INSS, Funrural) 173.774 267.195 291.961 2.01.03.03 Obrigações Fiscais Municipais 7.590 6.195 1.961 2.01.04 Empréstimos e Financiamentos 4.917.498 2.915.116 687.612 2.01.04.01 Empréstimos e Financiamentos 4.334.011 2.329.974 631.194 2.01.04.01.01 Em Moeda Nacional 3.778.186 1.872.639 292.915 2.01.04.01.02 Em Moeda Estrangeira 555.825 457.335 338.279 2.01.04.02 Debêntures 501.844 520.675 19.386 2.01.04.03 Financiamento por Arrendamento Financeiro 81.643 64.467 37.032 2.01.05 Outras Obrigações 947.784 1.628.080 544.785 2.01.05.01 Passivos com Partes Relacionadas 27.878 274.291 31.734 2.01.05.01.01 Débitos com Coligadas 11.764 69.254 0 2.01.05.01.03 Débitos com Controladores 15.772 187.128 0 2.01.05.01.04 Débitos com Outras Partes Relacionadas 342 17.909 31.734 2.01.05.02 Outros 919.906 1.353.789 513.051 2.01.05.02.01 Dividendos e JCP a Pagar 103.396 116.287 98.052 2.01.05.02.04 Serviços Públicos 18.917 5.383 5.636 2.01.05.02.05 Aluguéis 48.991 68.226 47.424 2.01.05.02.06 Propaganda 89.682 33.615 32.333 2.01.05.02.07 Repasse a Terceiros 158.134 201.224 0 2.01.05.02.08 Financiamento por Compra de Ativos 14.211 14.211 14.212 2.01.05.02.09 Demais Contas a Pagar 431.746 617.359 305.007 2.01.05.02.10 Aquisição de Sociedades 54.829 297.484 0 94 2.01.05.02.11 Seguros 0 0 10.387 2.01.06 Provisões 266.084 123.464 55.073 2.01.06.02 Outras Provisões 266.084 123.464 55.073 2.01.06.02.02 Provisões para Reestruturação 12.957 6.372 0 Código da Descrição da Conta Último Exercício Penúltimo Exercício Antepenúltimo Exercício Conta 31/12/2011 31/12/2010 31/12/2009 2.01.06.02.05 Impostos Parcelados 171.212 54.071 55.073 2.01.06.02.06 Receitas Antecipadas 81.915 63.021 0 2.02 Passivo Não Circulante 10.173.378 9.348.234 5.966.583 2.02.01 Empréstimos e Financiamentos 6.240.900 5.591.936 3.582.599 2.02.01.01 Empréstimos e Financiamentos 3.908.594 4.423.220 2.019.136 2.02.01.01.01 Em Moeda Nacional 3.097.465 3.744.762 1.507.489 2.02.01.01.02 Em Moeda Estrangeira 811.129 678.458 511.647 2.02.01.02 Debêntures 2.137.518 1.067.472 1.481.356 2.02.01.03 Financiamento por Arrendamento Financeiro 194.788 101.244 82.107 2.02.02 Outras Obrigações 1.756.076 1.730.508 1.722.661 2.02.02.02 Outros 1.756.076 1.730.508 1.722.661 2.02.02.02.03 Impostos Parcelados 1.291.810 1.377.758 1.205.579 2.02.02.02.04 Demais Contas a Pagar 275.664 137.690 308.900 2.02.02.02.05 Aquisições de Sociedades 188.602 215.060 0 2.02.02.02.06 Fornecedor 0 0 208.182 2.02.03 Tributos Diferidos 1.114.873 1.028.986 0 2.02.03.01 Imposto de Renda e Contribuição Social Diferidos 1.114.873 1.028.986 0 2.02.04 Provisões 680.123 809.337 661.323 2.02.04.01 Provisões Fiscais Previdenciárias Trabalhistas e Cíveis 680.123 809.337 661.323 2.02.04.01.01 Provisões Fiscais 375.510 520.110 199.005 2.02.04.01.02 Provisões Previdenciárias e Trabalhistas 132.853 131.494 111.182 2.02.04.01.03 Provisões para Benefícios a Empregados 48.669 52.858 35.107 2.02.04.01.04 Provisões Cíveis 123.091 104.875 316.029 2.02.06 Lucros e Receitas a Apropriar 381.406 187.467 0 2.02.06.02 Receitas a Apropriar 381.406 187.467 0 2.03 Patrimônio Líquido Consolidado 10.094.425 9.500.592 6.656.725 2.03.01 Capital Social Realizado 6.129.405 5.579.259 5.374.751 2.03.02 Reservas de Capital 384.342 463.148 647.232 2.03.02.02 Reserva Especial de Ágio na Incorporação 238.930 344.605 428.553 2.03.02.04 Opções Outorgadas 138.014 111.145 83.223 2.03.02.07 Reserva de Capital 7.398 7.398 135.456 2.03.04 Reservas de Lucros 1.111.526 980.915 602.237 95 2.03.04.01 Reserva Legal 248.249 212.339 176.217 2.03.04.05 Reserva de Retenção de Lucros 80.147 66.654 426.020 2.03.04.10 Reserva para Expansão 783.130 701.922 0 2.03.09 Participação dos Acionistas Não Controladores 2.469.152 2.477.270 32.505 Fonte: Site < http://rigpa.grupopaodeacucar.com.br/grupopaodeacucar/web/arquivos/GPA_DFP_2011_PORT.pdf>, 2012. 96 ANEXO B – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DFs Consolidadas / Demonstração do Resultado (Reais Mil) Código da Descrição da Conta Último Exercício Penúltimo Exercício Antepenúltimo Exercício Conta 01/01/2011 à 31/12/2011 01/01/2010 à 31/12/2010 01/01/2009 à 31/12/2009 3.01 Receita de Venda de Bens e/ou Serviços 46.594.486 32.091.674 23.192.758 3.02 Custo dos Bens e/ou Serviços Vendidos -33.932.964 -24.241.476 -17.493.806 3.03 Resultado Bruto 12.661.522 7.850.198 5.698.952 3.04 Despesas/Receitas Operacionais -10.524.159 -6.356.745 -4.744.423 3.04.01 Despesas com Vendas -7.936.647 -4.866.289 -3.532.481 3.04.02 Despesas Gerais e Administrativas -1.683.097 -950.959 -679.581 3.04.04 Outras Receitas Operacionais -124.070 -12.033 24.731 3.04.04.01 Resultado com Ativo Permanente -48.820 -21.182 24.731 3.04.04.02 Outras Receitas Operacionais -75.250 9.149 0 3.04.05 Outras Despesas Operacionais -815.170 -561.963 -562.504 3.04.05.01 Depreciação/Amortização -680.547 -446.129 -459.900 3.04.05.02 Outras Despesas Operacionais -134.623 -115.834 -102.604 3.04.06 Resultado de Equivalência Patrimonial 34.825 34.499 5.412 3.05 Resultado Antes do Resultado Financeiro e dos Tributos 2.137.363 1.493.453 954.529 3.06 Resultado Financeiro -1.332.708 -823.001 -254.475 3.06.01 Receitas Financeiras 593.250 331.698 250.030 3.06.02 Despesas Financeiras -1.925.958 -1.154.699 -504.505 3.07 Resultado Antes dos Tributos sobre o Lucro 804.655 670.452 700.054 3.08 Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro -84.999 -84.522 -94.015 3.08.01 Corrente -142.117 -52.052 -68.081 3.08.02 Diferido 57.118 -32.470 -25.934 3.09 Resultado Líquido das Operações Continuadas 719.656 585.930 606.039 3.11 Lucro/Prejuízo Consolidado do Período 719.656585.930 606.039 3.11.01 Atribuído a Sócios da Empresa Controladora 718.219 618.498 609.431 3.11.02 Atribuído a Sócios Não Controladores 1.437 -32.568 -3.392 3.99 Lucro por Ação - (Reais / Ação) 97 3.99.01 Lucro Básico por Ação 3.99.01.01 ON 2,61000 2,27000 2,34000 3.99.01.02 PN 2,87000 2,50000 2,59000 Fonte: Site < http://rigpa.grupopaodeacucar.com.br/grupopaodeacucar/web/arquivos/GPA_DFP_2011_PORT.pdf>, 2012.