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1 4ª Prova de Fundamentos de Clínica I Neurologia Avaliação neurológica na atenção primária - Princípios do exame neurológico: - Lógico (com o exame neurológico e a história do paciente, você já vai saber a causa, onde e o que pedir); - Bases anatômicas bem definidas – lesões e correlações anatômicas: - Linha inter-hemisférica: cerebral anterior, pensar em lesão de membro inferior; - Hemiparesia e hemiplegia em membro (braço ou perna), pior em braço: cerebral média; - Ocular, cerebelo, mesencéfalo: cerebral posterior; - Sistematizado evita-se omitir partes; - Começa quando o paciente entra no consultório (como anda, fala, se olha nos olhos (autismo). - Anamnese: - História: - Pilar do diagnóstico médico. - Diagnóstico pode basear-se apenas na história (Ex: febre, irritabilidade e inapetência por 30 dias + dúvida no exame físico puncionar, pois a história é sugestiva de meningite). - Aspecto mais importante é ouvir com atenção. - Aproveitar para observar o paciente (mímica, franze a testa, pisca, etc). - Inicia com QP: é necessário perder mais tempo nos detalhes da queixa inicial (quando, se apareceu sozinha). - Iniciar com “que tipo de problema você está tendo?” - Faça o paciente passar pela história de forma +- cronológica (ex: Guillain-Barré: dor em ambos os pés, sensível, com formigamento, há 1 semana e foi ascendendo). - Use perguntas fechadas para analisar os sintomas (quando não compreende). - Em pacientes neurológicos deve-se dar atenção a evolução temporal da doença. - Perguntar ao paciente o que está o preocupando. - Tranquilizar o paciente, por vezes, é tudo o que ele necessita. - História médica pregressa (doença sistêmica com manifestação neurológica). - Questionar sobre uso de medicamentos (intoxicação, efeito colateral). - HF: doenças hereditárias, consanguinidade e características familiares (macrocrania é frequentemente familiar – melhora com 1 ano e 8 meses, enquanto a microcrania tem mais tendência a ser patológica). - HS: atuais e antigos hábitos de vida e vícios; onde, com quem e com que trabalha; com quem mora, quem cuida, se mãe trabalha. - Prática sexual do paciente também é de suma importância. - Anamnese especial - Exame físico: - Clínico - Neurológico: - Pode não ser realizado em uma sequencia específica, podendo ser desenvolvido pelo médico através de uma rotina médica. - Pode ser regional: avalia todos os sistemas em uma extremidade; ou sistêmica: avalia sistema motor, equilíbrio, sensorial etc. - 2 tipos de exame: - Tradicional: estado mental, nervos cranianos, parte motora, sensorial, reflexos, função cerebelar, coordenação, marcha, postura e outros sinais. - Neurológico de triagem: analisa se vias ascendentes, vias do processamento e vias descendentes estão funcionando para ação. - Se o paciente faz o básico, ela está funcionando. - É baseado na execução perfeita de cada prova. - É usado na atenção primária de saúde, pois é rápido, dinâmico, funde abordagens regional e sistêmica, tem indicadores sensíveis de patologia, exige o desempenho do SNC a um nível elevado e execução sem falhas de manobras complexas. Todos os pacientes com queixas neurológicas precisam de um exame de triagem bem feito. - Etapas de um exame neurológico de triagem 1. Exame do estado mental: - Avaliar durante a coleta de história e exame neurológico 2 - Observação simples - Normal: narrativa lógica e coerente - Alterado: história vaga, desconjuntada, começa a falar, mas não termina (distúrbio cognitivo). 2. Pupilas: - Usar uma lanterna portátil. - Observar a posição das pálpebras e a largura das fissuras palpebrais bilaterais. - Verificar as pupilas - Verificar a reação pupilar a luz OBS: a lanterna é colocada na periferia do olho - Normal: simetria de fenda, miose, reflexo fotomotor cruzado (resposta à luz), isocórica (mesmo tamanho). - Alterado: anisocórica (1% é naturalmente assim, pupilar maior que outra), miose ou midríase, dependendo da situação. 3. Movimentos extra-oculares: - Avalia os movimentos extra-oculares nas suas posições principais do olhar. - Paciente na sua frente; pedir para acompanhar a lanterna (esquerda, direita, cima e baixo – 4 ou 6 direções) - Normal: sem diplopia (visão dupla), os movimentos de perseguição dos olhos são uniformes. - Alterado: - Se paralisia do nervo troclear – paralisia do músculo oblíquo superior, cuja função é puxar o olho para baixo e para fora: o paciente olha para cima e ligeiramente para dentro. - Se paralisia do nervo abducente – paralisia do musculo reto lateral, cuja função é a abdução do olho: o paciente olha para dentro estrabismo convergente e olhar parético. OBS: na paralisia não há movimentação nenhuma da musculatura, na paresia há lesão do nervo com diminuição da força muscular. Na paresia, o paciente pode tentar mover os dois olhos, mas eles “voltam” antes pela falta de força ou pode aparecer como “olho tremendo” tentando fazer o movimento. - Paralisia do nervo oculomotor: midríase, oftalmoparesia e ptose palpebral. OBS: Paralisia de Bell: é uma paralisia do nervo facial (nervo craniano VII) que resulta em inabilidade para controlar os músculos faciais no lado afetado. Ex: se paralisia à direita, a boca fica desviada contralateralmente e olho direito não consegue se fechar. 4. Faringe e língua: - Lanterna em mãos; - Observar a abertura do maxilar (ramo motor do trigêmeo); - Observar a língua: atrofias ou fasciculações (contração muscular pequena, local - lesões nervosas mais velhas); - Pedir paciente para emitir som; verificar úvula; pedir para colocar a língua para fora, mover de um lado para outro; - Reflexo de vômito apenas quando há alguma queixa; - Normal: mandíbula centrada, úvula do palato se eleva na linha média, língua centrada na linha mediana e se move para 2 lados, reflexo de vomito (caso precise pesquisar); - Alterado: - Lesão da raiz motora do trigêmeo: desloca a mandíbula para o lado mais fraco, pois há paralisia da musculatura do lado lesionado. (Normalmente, o lado direito empurra o esquerdo e o esquerdo empurra o direito, ficando os dois em equilíbrio. Quando há paralisa em um lado, o outro lado não comprometido empurra demais) Há desvio da mandíbula para o lado da lesão. - Lesão no glossofaríngeo e vago: a úvula desvia para o lado não comprometido. (O lado direito puxa para direita e o esquerdo puxa para a esquerda; quando há paralisia de um lado, o outro puxa); - Lesão do nervo hipoglosso: a língua aponta para o lado lesado (mais fraco). Encontrado nas lesões crônicas de língua e doenças neurológicas neuromusculares. 5. Funções motoras faciais: - Pedir para fazer caretas, mostrar os dentes, enrugar a testa, mandar beijo para mãe, sorrir, levantar os olhos; - Alterado: paralisia central (apenas boca torta, mas mecanismo de fisiopatologia pior, pois lesão é antes do nervo) e periférica (pior visivelmente, pois tem um olho que não fecha e boca torta); OBS: face é dividida em 4 quadrantes quanto à inervação. O córtex emite fibras ipsilaterais (superior) e contralaterais (superior e inferior), sendo que o nervo é feixe de todas essas fibras. Quando ocorre um AVC, perde-se a inervação contralateral inferior, pois há fibras do outro lado do córtex que mantém o quadrante superior dos dois lados. Ex: AVC da cerebral média esquerda sorriso puxa para esquerda (lado da lesão), pois perde inervação do quadrante inferior da direito.3 6. Campo visual: - Paciente a 1 metro de distancia, cabeça no mesmo nível, objeto na mesma distância para os 2 lados. - Pede-se para o paciente tampar 1 olho e fixar no seu rosto. Movimenta o objeto e o paciente fala quando o objeto entra no campo visual. - Normal: ausência de perda. - Alteração: escotoma central: trombose da artéria central da retina (enxerga apenas periferia); escotoma periférico: visão tubular (enxerga apenas central). - Não pode dirigir quando há perda de campo visual. 7. Fundo de olho 8. Exame formal de força na extremidade superior: - Se preocupação de lesão no trato córtico-espinhal, procura-se lesões superiores: inerva extensores dos dedos, extensores do punho, supinadores do antebraço, rotatórios externos dos ombros, tríceps e deltoide, além de proporcionar o motor fino. - Pede-se para o paciente que realize todos os movimentos possíveis com aquele segmento do corpo e observa-se a força dos músculos. - Observar o paciente: atrofia, hipertrofia ou tônus muscular (hipertônico), rigidez, espasticidade (ao puxar precisa fazer força maior no início do movimento e depois relaxa), hipotonia, movimentos involuntários anormais como tremores, fasciculação ou coreia, distonia. - Quantificação: grau 0: paralisia; grau 1: apenas contração muscular; grau 2: contração muscular com deslocamento sem ação da gravidade; grau 3: movimento ativo contra a ação da gravidade; grau 4: movimento ativo contra a ação da gravidade com resistência moderada (4+: próximo ao normal e 4- não é próximo ao normal); grau 5: movimento ativo normal. - Hipertonia: global – paralisia cerebral, só responde a blacofeno venoso (baclofeno é um relaxante muscular de ação central usado para tratar espasmos, soluços persistentes e neuralgias). Faz risotomia (corta parte das raízes motoras da coluna). - Hipotonia: global – musculatura mole. 9. Exame quanto ao desvio pronador, olhos fechados - Manobras auxiliares para detectar déficits discretos no trato córtico espinhal (analisa reflexo córtico espinhal) - Pede-se para o paciente ficar de pé, com os braços estendidos, palmas das mãos para cima, olhos fechados. - Normal: palmas retas, braços para cima, cotovelos esticados e membros na horizontal. - Alterado (lesão de trato córtico espinhal): mão em pronação, cotovelo flexionado e membros para baixo 10. Exame de esterognosia da extremidade superior: - Capacidade de reconhecer o objeto de olhos fechados. - Nesse exame, já podemos aproveitar e analisar as funções sensoriais do paciente. - Toque de leve em uma das mãos, na outra e nas duas. - Peça para dizer onde é tocado - Faça estímulos nas extremidades inferiores. - Teste de esterognosia: coloque na palma da mão do paciente um objeto e peça para identifica-lo. Nesse teste, já é possível avaliar o motor fino, pois o paciente precisa levar o objeto para a ponta dos dedos. - Normal: reconhece onde é tocado, vias sensoriais normais. - Alterado: não sente o toque, não identifica o objeto, desajeitado (tenta manipular e ele cai ou não consegue manipular). 11. Exame da coordenação dedo-nariz de olhos fechados: - Paciente de pé, com os olhos fechados, pede-se para tocar com indicador a ponta do nariz. - Se fizer com perfeição: não há doença cerebelar e vestibular. 11. Exame de rolar o braço e os dedos: - Paciente cerra os punhos, mantém os antebraços na horizontal, palma de mão apontada para o umbigo e efetua a rotação. - Normal: simetria - Alterado: extremidade envolvida tem uma excursão menor de movimento e fica quase fixa. 12. Exame de força das extremidades inferiores: - Flexores do quadril: flexionar o quadril e fazer força contrária - Extensores do joelho: estender a perna e fazer força contrária - Dorsiflexão dos pés: o examinador segura contralateral e o paciente empurra. 13. Terminar a avaliação sensorial: - Toca em membros inferiores com olhos fechados (proximal, distal) e bilateralmente; - Sensação vibratória: diapasão, pesquisada sobre o halux (balança e coloca sobre os dedos). 14. Exame dos reflexos tendinosos profundos, extremidades superiores e inferiores: - Indica se é lesão periférica ou central 4 - Evoca-se os reflexos patelares: paciente sentado, bater logo abaixo da patela; reflexos dos bíceps: coloca a mão na frente e bate em cima da mão; reflexo do tríceps: segura o braço na extremidade e bate; reflexo aquiliano: segura o pé e bate, é o mais difícil de perceber; braquiorradial: imagina um relógio e bate em cima. - Quantificar: 0: nada; 1: sente movimento leve; 2: normal, deslocamento; 3: reflexo mais vivo; 4: 3 com clonus (movimento do pé “tremendo”). OBS: se o reflexo é grau 3 em ambos os lados, sem outros sinais não tem significado; no entanto, se um lado é 3 e o outro é 2 tem significado (assimetria é sinal de problema). 15. Evocação de repostas plantares: reflexo cutâneo plantar - A flexão dos pododáctilos quando um firme estímulo táctil é aplicado à sola lateral do pé ocorre normalmente. - Sinal de Babinski positivo ou cutâneo plantar positivo: extensão cutâneo plantar. É normal até 1 ano, depois é patológico. Está presente em lesão cortical (neurônio motor superior). 16. Exame da postura e marcha: - Equilíbrio dinâmico e estático; - Pedir para o paciente andar sobre os calcanhares e ponta dos pés; pular em um pé só; marchar pé ante pé; fazer teste de Romberg (estático: em pé, juntar os pés, esticar os braços e fechar os olhos. Cada lado que cai é uma lesão diferente. Positivo: pode cair, abrir os olhos ou abrir as pernas). - Alterado: marcha anserina ou pés colados no chão, marcha calcaneante (bate calcanhar), marcha ceifante (AVC de cerebral média, junto com mão e boca tortas), marcha ebriosa e Romberg positivo. - Particularidades na criança: - Anamnese: HP bem detalhada (gestação, pré natal, etc), questionar parentesco dos pais. - Exame realizado em vigília, entre 2 mamadas e em ambiente propício. Exame segue a aceitação da criança. - Exame clínico: observar fácies, dismorfismos, pele – cabelo (mesoderma é origem dos 2 – Ex: hemangioma na face pensar em mal formação cerebral), crânio, peso-altura-PC, AR, ACV, AGU, AD OBS: PC: medir da glabela até proeminência occipital - 3 primeiros meses: 6 cm (2,2,2); 3 meses seguintes: 3 cm (1,1,1) e nos 6 meses seguintes: 3 cm (0,5 por mês), de modo que o aumento é de 12 cm em 1 ano. - Formato de cabeça: - Escafocefalia: fusão prematura da sutura sagital (craniossinostose). A cabeça é cabeça longa e estreita. É comum em prematuros. - Trigonocefalia: fusão prematura da sutura metópica (parte da sutura frontal que une as duas metades do osso frontal do crânio). Caracteriza-se por uma prominência triangular da frente e olhos muito juntos. Pode ocorrer perda visual. - Plagiocefalia: cabeça amassada pela posição única. Tratamento por rodízio. - Dismorfismos: - Síndrome de Crouzon: órbita curta (fechamento da base do crânio rápido: cabeça cresce e órbita fica curta), não tem retardo mental. - Reflexos: moro, sucção (aparece na 16ª semana de gestação), voracidade, preensão palmar (até 3º mês), preensão plantar (até 8º mês), marcha reflexa (até 2º mês), tônico-cervical assimétrico/ esgrimista (desaparece no 2º mês). - Sinais do desenvolvimento: sorriso social (começa 15 dias de vida), firma pescoço (3 meses), senta (6 meses), engatinha (9 meses), anda (12 meses até 1 ano e 6 meses) - Linguagem: 1º trimestre: lalação, 80% dos lactentes aos 2 meses; 2º trimestre: lalação; 3º trimestre: substitui lalação por expressõesmais evoluídas; 7º mês: sílabas, 8º mês: palavras- frase; 4º trimestre: 10º mês: atende pelo próprio nome, 11º mês: 90% já enunciaram as 1ªs palavras (3 coerentes). Não emite som nenhum: surda ou autista - Estado de consciência: ECG modificada. - Nervos cranianos: observar mímica facial - Acompanhar objetos com os olhos, - Estimular reflexo do vômito, - Observar mobilidade da língua - Coordenação motora: movimento da criança 5 - Equilíbrio: observa a criança e marcha - Sensibilidade grosseira: dolorosa e tátil (se precisar). Doenças Cerebrovasculares Isquêmicas - São responsáveis por 50% dos distúrbios neurológicos de um hospital geral. - 70 a 80% dos eventos vasculares são isquêmicos (é melhor, pois os acidentes vasculares hemorrágicos são muito piores). - 15 a 30% vêm de uma embolia cardíaca. - 15 a 30% são causadas por doença lacunar de pequenos vasos. - 3% são causados por vasculites (alteração na parede do vaso, que o torna mais frágil ou mais propenso a trombos) ou dissecções arteriais. Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica (EHI) - Hipóxia: diminuição da concentração arterial de O2. Ex: Afogamento. - Anóxia: falta completa de O2 no sangue. Ex: Em uma parada cardiorrespiratória. - Isquemia: fluxo sanguíneo insuficiente pras células e órgãos. Ex: ICC, torniquete, hipotensão. - Encefalopatia Hipóxico-isquêmica: se desenvolve quando há um distúrbio perfusional significativo associado a uma diminuição da oferta de oxigênio. Ex: Paciente que nasce em parada cardiorrespiratória. - Na encefalopatia, há uma isquemia global do encéfalo. - Em 15 a 25 minutos de asfixia, já ocorre lesão cerebral. - Uma lesão potencialmente reversível requer no mínimo um fluxo sanguíneo cerebral (FSC) de 10 a 20 ml em 100g de tecido por minuto. - Se o FSC for menor que 10 ml em 100g de tecido por minuto, ocorre uma lesão irreversível. - Causas da encefalopatia hipóxico-isquêmica: - Hipotensão arterial (traumas, infarto). - IAM extenso. - Distúrbios do ritmo cardíaco (fibrilação). - Vasculopatia (vai entupindo os vasos). - Trauma cranioencefálico com hipertensão intracraniana. - Hemorragia subaracnóidea com vasoespasmo acentuado (o vasoespasmo é uma resposta à hemorragia, para tentar conter o sangramento). - Fisiologia do SNC: - O SNC utiliza 20% do O2 corporal e recebe 15% do débito cardíaco. - FSC = média do FSC da substância cinzenta (SC) + FSC da substância branca (SB). - A SC tem mais vasos sanguíneos que a SB, pelo fato de conter os corpos neuronais. - Fisiopatologia da EHI - autorregulação cerebral: - O processo de asfixia causa uma redistribuição do débito cardíaco com o objetivo de preservar a perfusão do SNC, do coração e das glândulas adrenais (autorregulação cerebral). Os tecidos periféricos, as vísceras abdominais e os pulmões se tornam hipoperfundidos, em detrimento dos órgãos mais nobres citados anteriormente. - Entretanto, quando o processo hipóxico-isquêmico se torna muito intenso e extremamente grave, o SNC, o coração e as glândulas adrenais também são acometidos, surgindo manifestações clínicas decorrentes de suas disfunções. - Em nível celular, ocorre um aporte insuficiente de oxigênio, que causa uma diminuição na síntese do ATP celular. - A energia disponível não é mais capaz de manter a bomba da membrana celular, que é crítica para a manutenção do gradiente normal de íons. Posteriormente, com o restabelecimento da chegada de oxigênio à mitocôndria, há a formação excessiva de substâncias oxidantes, que também acarretam lesão tecidual. - Durante a hipóxia-isquemia, inicialmente, ocorre uma inativação sináptica como resposta adaptativa. É reversível e precede uma significativa redução do aporte cerebral de fosfatos de alta energia. Quando a lesão se torna irreversível, por falta de energia para manter as bombas ATPase dependentes, há a liberação de neurotransmissores, incluindo glutamato. Aminoácidos excitatórios têm sido implicados no dano neuronal e na hipóxia-isquemia. O ácido glutâmico, maior aminoácido excitatório no cérebro, é citotóxico em células neuronais. Os neurônios que liberam glutamato são ativados durante evento hipóxico pela entrada de cálcio para dentro da célula e pela própria despolarização dessas células. A ação dos aminoácidos excitatórios como glutamato e aspartato é mediada por vários subtipos de receptores, principalmente, N-metil-D-aspartato (NMDA) e amino-3-hidroxi-5- metil-4-isoxazole ácido propiônico (AMPA). O receptor NMDA parece ser essencial para os mecanismos de lesão cerebral hipóxico-isquêmica; apresenta sítios modulatórios para exercer um influxo altamente regulado de cálcio pelos canais iônicos. - O acúmulo do cálcio citosólico é o principal fator dentre as múltiplas lesões e cascata de eventos irreversíveis que causam a morte celular induzida pela hipóxia-isquemia e reperfusão. O cálcio ativa enzimas degradativas tais como endonucleases, proteases e fosfolipases. O cálcio aumentado no espaço intracelular pode iniciar vários eventos bioquímicos com geração de radicais livres. 6 - Correlacionando com a clínica: - Paciente que teve um infarto, com uma hipotensão prolongada, teve uma encefalopatia hipóxico-isquêmica. O que você espera encontrar na TC? - TC mais escura (hipodensaágua). - Pode não ter ventrículos ou eles estão diminuídos. - Não tem sulcos. - Síndrome Neurológica: - Depende: da duração e intensidade do evento; da idade do paciente; do estado da parede vascular; da vulnerabilidade seletiva (pacientes diferentes, com as mesmas características, podem ter diferentes gravidades da encefalopatia). - A SC é mais vulnerável, pois precisa de maior quantidade de O2 para funcionar. Esse fato é corroborado pela maior quantidade de vasos existentes nesse local. - As zonas limítrofes de irrigação entre a artéria cerebral média e a artéria cerebral anterior são as primeiras zonas lesadas, visto que esses locais recebem menos irrigação. - Áreas mais sensíveis: hipocampo, cerebelo, caudado e putâmen. - Áreas menos sensíveis: globo pálido, tálamo, substância branca, tronco e medula. OBS: sangue na TC: hiperdenso fica branco Água, hipóxia na TC: hipodenso fica preto 7 - Alteração do nível de consciência: confusão mental, estupor, coma, estado vegetativo, morte encefálica. - Déficits motores. - Amnésia - Ataxia - Crise convulsiva - Hipotonia - Um indivíduo que sofreu um insulto hipóxico-isquêmico pode ter todo o tipo de manifestação neurológica. - Normalmente, na EHI, tem-se alteração na TC 8 a 12 horas depois do evento isquêmico. No entanto, a TC é feita na hora para descartar um evento hemorrágico, na qual a alteração ocorre na hora. Acidente vascular cerebral (AVC) – Infarto cerebral - O acidente vascular cerebral se caracteriza pela instalação de um déficit neurológico focal, repentino e não convulsivo, determinado por uma lesão cerebral, secundária a um mecanismo vascular e não traumático. Podemos encontrar, consequentemente, AVCs secundários a embolia arterial e processos de trombose arterial e/ou venosa, causando, assim, isquemia e/ou hemorragia cerebral. É 3ª causa de morte em países desenvolvidos. - A diminuição da função neuronal pela isquemia não significa, obrigatoriamente, morte neuronal e irreversibilidade, fato este que ocorre quando se instala o infarto. Quando se estabelece a obstrução de uma artéria que irriga o encéfalo, admitimos a formação,no território correspondente, de duas zonas com diferenciado funcionamento metabólico e com caracteres hemodinâmicos peculiares: a) Zona isquêmica central: é a área central mais crítica na qual os eventos secundários a cascata isquêmica neuronal ocorrem em maior velocidade em função do nível crítico de oferta de O2. b) Zona de penumbra isquêmica: ocorrendo em volta da área de isquemia, em que a ausência de oxigênio é suficiente para levar à diminuição elétrica, mas não para despolarizar a membrana neuronal. O fluxo e o metabolismo oscilam entre condições adversas e possíveis, ocorrendo a viabilidade do tecido. Se o atendimento ao paciente for rápido e adequado, a área de penumbra é preservada. Caso não ocorra um atendimento adequado, essa área é perdida também. - Já o infarto cerebral é a necrose de parte do encéfalo, que ocorre por intensa diminuição ou interrupção do fluxo sanguíneo cerebral. - Ele pode ser classificado como anêmico (80%) ou hemorrágico (20%). Infartos cerebrais originados em oclusão venosa são sempre hemorrágicos. A grande maioria dos causados por obstrução arterial são anêmicos. - Infartos anêmicos (substância branca) alteração macroscópica em 12 horas. - Quanto à evolução, os infartos são classificados como: - Recentes: até a 1ª semana. - Em fase de organização: 2ª a 5ª semana. - Antigos (cicatrizados): após a 5ª semana. - A área irrigada pela artéria cerebral média é a mais frequentemente afetada por isquemias. - A área irrigada pela artéria cerebral posterior é pouco acometida, visto que a oclusão dessa artéria é também pouco frequente. - Infartos na medula espinha são raros devido à ampla circulação colateral das artérias espinhais. - Causas de infarto cerebral arterial: - Oclusão arterial trombótica: aterosclerose - Embolia - Vasoespasmo por hemorragia subaracnóidea - Hipotensão arterial com arritmias cardíacas - Aumento da viscosidade do sangue: anemia falciforme, desidratação. - Fisiopatologia: - A mesma fisiopatologia da EHI, porém no infarto a lesão é em uma área restrita. - Manifestações clínicas: - Aparecimento súbito e rápido de déficit neurológico, que persiste por mais de 24 horas. Se não persiste por mais de 24 horas, é classificado como ataque isquêmico transitório. - A grande maioria dos pacientes não tem comprometimento da consciência. O que difere uma encefalopatia hipóxico-isquêmica de um AVC? Basicamente, o nível de consciência. Na encefalopatia, pode existir confusão mental, estupor, coma, etc., já no AVC, uma boa parcela fica acordada. Corte axial de TC sem contraste. Evolução da lesão isquêmica aguda (setas em A) no território da ACM. Lesão com 3 horas (A) e 15 horas de evolução (B). 8 - Eventos trombóticos: - Início durante o sono - Menor gravidade e mais restritos - Eventos embólicos: - Durante atividades (academia, por exemplo) - Devastadores - Cardiopatia associada - Revisão da circulação cerebral: - Circulação cerebral se faz por dois sistemas: - Anterior: carótida e seus ramos irriga frontal, parietal, a maioria dos temporais, núcleos da base e cápsula interna. - Posterior: vertebro-basilar tronco cerebral, lobo occipital e tálamo. - Síndrome neurovascular: - Comprometimento da circulação anterior: - Quando somente a artéria cerebral anterior (ACA) é afetada: - As lesões nesta artéria são raras. - E é caracterizada pela confusão mental, afasia (se for o hemisfério dominante), hemiplegia contra lateral (com predomínio do membro inferior), hemianestesia contra lateral (com predomínio do membro inferior), e pode haver apraxia de marcha, reflexo de sucção, reflexos de preensão e incontinência urinária e fecal. - Quando somente a artéria cerebral média (ACM) é afetada: - Esta artéria é o local mais comum de AVC. - E é especializada pelo coma, hemianopsia (perda parcial ou completa da visão em uma das metades do campo visual de um ou ambos olhos), hemiplegia (com predomínio do membro superior – diferença da ACA), hemianestesia (com predomínio do membro superior), afasia (se for o hemisfério dominante), e agnosia visual. - AMC esquerda: - Hemiplegia ou hemiparesia à direita. - Afasia de broca – lesão motora (córtex opercular): dificuldade em se expressar verbalmente, porém com a compreensão preservada. - Afasia de Wernicke – perda da compreensão: consiste em uma desordem da linguagem oral e escrita, resultando em uma comunicação imprecisa. - Alteração de campo visual: lesão nas radiações ópticas. - Hipotonia inicial, com o tempo é que fica hipertônico. - Babinski positivo - Anestesia, pior em membros superiores. - ACM direita: - Hemiplegia e hemiparesia à esquerda. - Alteração de campo visual: lesão nas radiações ópticas. - Heminegligência – anosognosia: denota uma dificuldade ou perda da habilidade de reagir a um estímulo sensorial (visual, auditivo, somático, olfatório) apresentado no hemiespaço contralateral a uma lesão do hemisfério cerebral humano direito ou esquerdo. Além da negligência sensorial, a negligência motora pode ocorrer e se manifestar com o reduzido uso ou não uso de uma extremidade contralateral durante a marcha ou atividades bimanuais. - Pode haver estado confusional agudo. - Não tem tônus emocional: não entende o sentido figurado das coisas, piadas, sarcasmos. - Comprometimento da circulação posterior: - Unilateral: - Alterações visuais: hemianopsia homônima contralateral. - Alucinações no campo cego. - Bilateral: - Cegueira cortical ou visão tubular, depende do tamanho do AVC (geralmente, os pacientes voltam a enxergar depois de um tempo). - Incapacidade de juntar as partes como um todo. - Coordenação olho-mão deficientes. - Dificuldade de coordenar o olhar. - Metamorfopsia: é um distúrbio visual caracterizado pela distorção de parte da visão. Assim, linhas retas parecem tortas, superfícies planas parecem distorcidas e/ou objetos não são completamente vistos. - Agnosia visual - Delirium com agitação A manifestação do infarto cerebral é um déficit focal agudo geralmente em paciente lúcido. 9 - Alteração de memória - Hemiparesia contralateral quando ocorre um infarto perto do pedúnculo do mesencéfalo. - Ataxia contralateral quando ocorre um evento que afeta a vazão cerebelar superior. Infarto lacunar - São lesões de pequeno diâmetro (geralmente, entre 2 a 15mm) localizadas nas áreas irrigadas pelas artérias perfurantes profundas do cérebro. - Os AVCs lacunares que representam 20% dos AVCs isquêmicos. - Eles formam cavidades cheias de líquido. - A hipertensão arterial sistêmica é responsável por 80 a 90% dos casos. A diabetes também pode ser uma causa. - Os sintomas dependem da localização. - A mesma síndrome pode ocorrer em pacientes com lesões em locais diferentes. - Uma mesma lesão pode resultar em diferentes síndromes. - O paciente deve exibir uma das 5 clássicas síndromes lacunares, a saber: hemiparesia motora pura, hemiparesia atáxica, síndrome sensitiva pura, síndrome sensitivo-motora e síndrome da disartria- mão desajeitada, não podendo, sob nenhuma hipótese, apresentar sinais de disfunção cortical (afasia, apraxia, agnosia, negligência). História de HAS ou DM reforça este diagnóstico clínico e o paciente deve ter TC ou RM normais ou com lesão isquêmica relevante no tronco cerebral ou na região subcortical, desde que com diâmetro menor que 15 mm. - Acidente vascular motor puro:- O mais frequente dos síndromes lacunares, e o primariamente explorado e reconhecido clinicamente, é o síndrome motor puro; surge com uma frequência que varia desde os 33% aos 50%, dentro dos síndromes lacunares e corresponde a 10% de todos os infartos cerebrais. - Acomete fundamentalmente a cápsula interna (que só passa fibras motoras), sendo o braço posterior desta mais frequentemente envolvido, desde o joelho até à cauda. - Lesões isoladas de fibras córtico espinhais, que levam a uma hemiparesia densa e pura. Não há défices sensitivos, hemianopsia homónima, afasia, agnosia ou apraxia. - A clínica pode surgir de forma abrupta ou por progressão gradual ao longo de 2 a 6 dias, e prognóstico é geralmente excelente, pois a terapia de reabilitação prolongada consegue resultados muito satisfatórios. Necrose neuronal seletiva - São alterações teciduais encontradas na EHI, com quadro menos intenso. - Ocorre necrose isquêmica exclusiva de neurônios atrofia do cérebro na TC. - Também pode ocorrer nas isquemias focais. - Ocorre após crises convulsivas repetidas e prolongadas principal causa de necrose neuronal seletiva. Ataque isquêmico transitório - O AIT pode preceder, acompanhar ou suceder um AVC. Tem importância prognóstica, pois o paciente pode ter um AIT e pouco tempo depois ter um AVC. - Também pode vir isolado, sem repercussões após o AIT. - Até 15% dos AVC são precedidos por AIT. - 10 a 20% dos pacientes com AIT não-retiniano vão ter um AVC em 90 dias e metade desses em 48 horas. Por isso, a propedêutica e terapêutica do AIT é praticamente a mesma do AVC. - Apresenta 2 diferenças do AVC: o tempo e a imagem. O AIT tem déficit que pode durar até 24 horas e não tem exame de imagem positivo. Pode ser devido a um vasoespasmo, que o sangue já recirculou. Se durar até 24 horas, mas tiver exame de imagem positivo é um AVC. - O AIT em crescendo é uma emergência médica: 2 ou mais ataques em 24 horas (tem um, melhora, tem outro..) - Também chamado de acidente vascular isquêmico transitório: é uma disfunção neurológica súbita, focal, que dura menos de 24 horas, geralmente entre 10 a 30 minutos, até 1 hora. São episódios breves, tipicamente menor de 1 hora, sem evidências de infarto agudo nos exames de imagem. - Fazer 1ª TC à admissão pode não ser hemorrágico, mas deve pensar em isquêmico, por isso espera 12 horas e faz a 2ª TC. Esse processo é independente da melhora clínica, já que o Morte exclusiva de neurônios Preserva glia (por isso não tem retração de parênquima) e vasos Não ocorre cavitação Remoção de neurônios mortos, gliose e atrofia difusa do cérebro 10 diagnóstico de um AIT é confirmado pela ausência de imagem positiva. - Os ataques melhoram sem deixar déficit neurológico detectável. - Causas: (mesmas do AVC) trombos originados do coração ou das placas ateromatosas, arritmias cardíacas, aumento da viscosidade sanguínea. Doenças cerebrovasculares hemorrágicas - O nome das doenças são definidos pelo sítio onde elas estão. - Meninges e espaços meníngeos: - Entre calota craniana e dura-máter: espaço extradural ou epidural. - Entre a dura-máter e aracnóide: espaço subdural. - Entre a aracnoide e a pia-máter: espaço subaracnóideo - Para identificar o tipo de hemorragia é necessário saber as diferentes imagens geradas. - Hemorragia extradural: - Caracteriza-se por um foco hemorrágico entre a tábua interna da calota craniana e a dura-máter, geralmente decorrente de lesão da artéria meníngea média, sendo comumente observado em traumatismos cranioencefálico. OBS: A calota é fixa e a dura-máter é dura e aderida à calota. Para descolar a dura-máter, é necessário um sangramento intenso, que faz com que o sangue descole naquela região e a imagem fica com aspecto de vidro de relógio. - A localização mais comum desses hematomas é na região temporal ou temporoparietal. Possui aspecto convexo, sendo comum observar-se efeito de massa sobre o parênquima cerebral adjacente. - Hemorragia subdural: - sangue escorre pelo espaço subdural, de modo que o sangramento acompanha o contorno da calota, pois o espaço é mais móvel e fácil de ser preenchido. Empurra o parênquima de forma difusa. - Geralmente está relacionado a lesões das veias corticais e raramente das artérias corticais. Essas lesões, em geral relacionadas a ruptura destes vasos, ocorrem quando o indivíduo é submetido a um movimento rotacional ou linear intenso. - Sua localização mais comum é supratentorial ao longo da superfície cerebral (95% dos casos). - O formato mais frequentemente observado é o de uma coleção em crescente, pois o sangue espalha-se mais facilmente pelo espaço subdural devido à baixa pressão nesse espaço. A – Exame de tomografia computadorizada. Corte axial sem injeção do meio de contraste. Hematoma subdural agudo frontoparietal esquerdo demonstrando o aspecto em crescente. B – Corte coronal de exame de ressonância magnética. Hematoma subdural agudo, com aspecto em crescente, localizado em região parietal direita. - Hemorragia subaracnóidea: - Ela pode ocorrer devido à ruptura de pequenos vasos subaracnóideos, como nos aneurismas ou, ainda, como consequência direta de uma contusão. - Nos estudos por tomografia computadorizada, a HSA é vista como área de alta "densidade" dentro das cisternas e sulcos cerebrais. Como o sangue se mistura ao líquor, apresenta diferentes características de imagem, tanto na TC como na RM, distinguindo-a de outros tipos de hemorragia. - Ela envolve todo o cérebro e tem contorno muito demarcado. Ela marca os sulcos e a linha inter- hemisférica, moldando o cérebro. Ela pode ser difícil de ver, dependendo do volume. 11 - Hemorragias intraparenquimatosas: intracerebrais, mais fáceis de ver. - As causas e as sedes de hemorragia no SNC são numerosas. - Conforme a sede, as hemorragias são divididas: extradural ou epidural; subdural; subaracnóidea; cerebral ou intracerebral; subependimária (epêndima envolve o ventrículo, quando há laceração do epêndima sangra); intraventricular; intramedular ou hematomielia. OBS: A hemorragia pode começar como subaracnóidea e, se tiver volume de sangue maior, pode tornar subependimária (tanto volume dentro do ventrículo que ela lesa o epêndima, extravasando) ou intraventricular (circulando dentro do sistema). As duas são comuns em crianças. - Conforme a natureza dos vasos rompidos as hemorragias são divididas em: arterial, capilar ou venosa (seios clínica da hemorragia/trombose do seio: hipertensão intracraniana) OBS: Criança com desidratação grave podem ter trombose de seio e hipertensão intracraniana difícil de identificar. - Conforme a causa da lesão: primária (ex: trauma) ou secundária (ex: vasculite). OBS: sangue em espaço subaracnóideo = rigidez de nuca!! Hemorragia subaracnóidea (HSA) - HSA não traumática representa 10% dos AVCs. - Principal causa é o aneurisma 80% dos casos - A outra causa é a malformação arteriovenosa (MAV) 5 a 10% (vaso é mais frágil e pode levar a sangramentos). - Outras causas: distúrbios de coagulação, traumas. - A HSA pode ser decorrente de uma hemorragia cerebral (rompe a parede do ventrículo). - 10 a 15% dos casos não se identifica a causa dos sangramentos microaneurismas, aneurismas contidos por trombos. - Afetam pacientes mais jovens, mulheres (hipertensão, tabagismo e uso de ACO) 30 a 70% morrem. Ex: em casa, dor de cabeça insuportável.- Aneurismas cerebrais: - A maioria ocorre em vasos da circulação anterior: a. carótida (40%), a. comunicante anterior (30%), a. cerebral média (20%). - Os aneurismas ocorrem por defeito da parede vascular em regiões de bifurcação ou ramificação (sangue batendo leva a deformidade da parede do vaso). - Rompem durante a prática de exercício ou estresse físico. - Fisiopatologia: OBS: as granulações subaracnóideas são próprias para drenar líquor e não sangue. Com a presença de sangramento, continua a produção de líquor, mas diminui a absorção nas granulações, levando a hidrocefalia e HIC. - Síndrome neurológica: - Cefaleia intensa e súbita no occipital ou na nuca – “rimbombar de trovão”: dor muito forte, alivia e vem novamente, referida como “a pior dor de cabeça da vida”. - Comprometimento do nível de consciência (confusão mental até coma); - Náusea e vômito; - Fotofobia; - Rigidez de nuca (aparece dentro de 6 horas); - Crises convulsivas (sangue é irritativo); - Ausência de sinais focais de localização, dependendo do volume de sangue; - Hemorragias pré retinianas (25% dos casos) quase patognomônico da HSA. Ex: síndrome do bebê sacudido: hemorragia subaracnóidea, intracerebral e retiniana. Hemorragia cerebral intraparenquimatosa (HIP) - A HIP ou simplesmente AVC hemorrágico (AVCH) apresenta elevada morbi-mortalidade: mais que 1/3 dos pacientes morrem em 30 dias e apenas 1/5 recupera independência funcional após 6 meses. - Os mecanismos da HIP são múltiplos. A HAS se destaca como o seu principal fator etiológico, pois favorece a formação de microaneurismas, sendo responsável pela maioria dos casos de AVCH (50%). Ruptura de aneurisma ou MAV Sangramento no espaço subaracnóideo Vasoespasmo arterial fluxo sanguíneo cerebral Isquemia localizada ou maciça do cérebro Dificuldade de reabsorção do LCR e/ou aumento do conteúdo intracraniano Hipertensão intracraniana 12 - Em adultos jovens, especial atenção deve ser dada às malformações vasculares (aneurismas, malformações artério- venosas e angiomas cavernosos) e ao uso de drogas (lícitas e ilícitas), ao passo que a HAS predomina como fator causal em pacientes do sexo masculino entre 50 e 70 anos de idade. OBS: Hemorragia subaracnóidea mais comum em mulheres. - Em indivíduos idosos não hipertensos, a angiopatia amilóide cerebral (ACC) constitui causa comum de HIP de localização lobar. - Outras causas: - Distúrbios da coagulação sanguínea (plaquetas < 20.000 – visto nas leucemias, na púrpura trombocitopênica idiopática): as hemorragias formadas são múltiplas e em vários pontos diferentes. - Neoplasias, traumatismos - As HIPs hipertensivas são mais frequentemente localizadas na profundidade dos hemisférios cerebrais, sendo mais comuns no putamen e tálamo, podendo também exibir topografia lobar, cerebelar, pontina e no núcleo caudado. Surgem a partir da ruptura de pequenas artérias perfurantes, de 50 a 200 μ de diâmetro, alvos de um processo degenerativo de sua parede denominado lipohialinose, caracterizado por depósito subintimal rico em lípides, e microaneurismas descritos inicialmente por Charcot e Bouchard em 1868. Por exemplo, a elevação abrupta da PA em paciente previamente hipertenso, pode levar à ruptura de artérias lenticuloestriadas lipohialinóticas causando, nesse caso, hemorragia putaminal. - Se a hemorragia é lobar em idosos, geralmente você pensa em angiopatia amiloide em idosos. - Se são hemorragias múltiplas, você pode pensar em coagulopatias, aneurisma micótico (devido ao seu formato) e vasculites. - As hemorragias cerebrais são denominadas hematomas quando maiores que 3 cm. - O quadro clínico depende da sede e do volume de sangue. - Fisiopatologia da HIP secundária a hipertensão: - Síndrome Neurológica: - No AVCH, as manifestações clínicas podem ser divididas em 2 vertentes: uma sinalizando os efeitos da HIC aguda (cefaleia intensa e súbita – devido ao estiramento das fibras cerebrais; vômitos e rebaixamento do nível de consciência – que dura 24 a 48 horas, devido ao edema perilesional, que surge e se desfaz após esse tempo) e outra específica ao sítio de sangramento. - O volume do hematoma se correlaciona diretamente com a intensidade e severidade do quadro clínico, determinando maior morbi-mortalidade. - Ao contrário do AVCI, em que habitualmente o comprometimento neurológico é máximo na sua instalação, no AVCH é comum a progressão, no curso de algumas horas, dos déficits neurológicos focais, devido à compressão e destruição da cápsula interna, e da sintomatologia de HIC (causada por hemorragias volumosas, que podem levar à herniação, com compressão do tronco cerebral e morte). - Rigidez de nuca, principalmente quando o sangue cai no espaço subaracnóideo. - Crises convulsivas, pois o sangue é extremamente irritante para o parênquima cerebral. - As HIP pequenas sem comunicação com o espaço subaracnóideo podem ser indistinguíveis dos AVCs isquêmicos. - Doença cerebral hipertensiva: - Se divide em: (1) hemorragia intraparenquimatosa e (2) encefalopatia hipertensiva. A AAC é uma condição clínica/patológica que resulta da deposição extracelular de uma substância eosinofílica amorfa (proteína fibrilar amiloide) nas paredes das artérias de pequeno e médio porte, com consequente alteração vascular degenerativa. A fragilidade vascular resultante justifica a apresentação hemorrágica intracerebral da doença e seu caráter recorrente e/ou múltiplo. A Púrpura Trombocitopênica idiopática (PTI) é uma doença hematológica frequente, que se caracteriza pela produção de autoanticorpos dirigidos contra proteínas da membrana plaquetária, o que leva à sensibilização das plaquetas que são fagocitadas por macrófagos. Hipertensão Arterial Lesões na parede Crises hipertensivas Hemorragia volumosa extensa geralmente na lateral do putâmen e tálamo (60%) Rompem as paredes ventriculares e chegam ao espaço subaracnóideo 13 Encefalopatia hipertensiva - A síndrome é acompanhada de pressões arteriais acentuadamente elevadas. - É uma emergência médica, pois a pressão precisa ser normalizada aos poucos, e não de uma vez. - Síndrome Neurológica: - Dor de cabeça - Náuseas e vômitos - Borramento visual - Déficits focais - Crises convulsivas - Alteração do sensório torpor coma - Hemorragia ou edema de papila óptica Edema cerebral – Hipertensão Intracraniana - O edema cerebral é o aumento do volume cerebral secundário ao aumento de H2O e Na+. - Pode ser localizado (tumor, hemorragia, AVCI) ou difuso. - O edema e a herniação são causa de morte em 1/3 dos AVCs fatais e ¾ dos AVCH. - Doutrina de Monro-Kellie: - A Doutrina de Monro-Kellie estabelece que o encéfalo reside em um continente inelástico (o crânio) e que o volume intracraniano deve persistir constante. O volume intracraniano é de aproximadamente 1500 ml, sendo constituído 80% cérebro, 10% líquor e 10% sangue. O aumento de um compartimento (líquor, sangue, encéfalo, outros), por algum tumor ou hemorragia, por exemplo, deve ser compensado pela diminuição do outro compartimento ou haverá aumento da pressão intracraniana. - Mecanismos Compensatórios: 1. Deslocamento de Líquor do compartimento intracraniano para o compartimento intratecal. 2. Deslocamento de sanguevenoso para as veias jugulares. 3. Deslocamento de sangue arterial para o sistema carotídeo externo. 4. Deslocamento tecido cerebral (hérnias). - Estado compensado – pressão intracraniana normal (PIC) normal: ainda não teve lesão cerebral, pois o volume arterial ainda consegue manter um nível de O2 adequado. - Estado descompensado – PIC elevada: ocorre lesão cerebral, pois o volume arterial diminui no encéfalo, comprometendo a circulação de O2. Pressão arterial média (PAM) = 𝑃𝐴 𝑠𝑖𝑠𝑡ó𝑙𝑖𝑐𝑎 + (2𝑥 𝑃𝐴 𝑑𝑖𝑎𝑠𝑡ó𝑙𝑖𝑐𝑎) 3 Pressão de perfusão cerebral (PPC) = PAM – PIC - Importância: é possível estimar a pressão de perfusão cerebral através da PAM, que é obtida de modo não invasivo. Então: - Um paciente hipotenso tem PAM, consequentemente ele tem uma PPC. - Um paciente hipertenso tem PAM, consequentemente ele tem uma PPC lesão vascular. - Um paciente com edema cerebral, tem PIC, consequentemente tem PPC. - Tipos de edema: - Edema vasogênico: Níveis pressóricos Perda da autorregulação cerebral Cérebro sobre pressão passiva pressão dos capilares Deslocamento de plasma para os tecidos Edema local e difuso Aplanamento dos giros e apagamento dos sulcos. 14 - É o mais comum. - Resulta da quebra da barreira hematoencefálica, o que provoca aumento da permeabilidade do endotélio capilar e permite o extravasamento de componentes do plasma (água e proteínas), para o espaço intersticial. A partir do local da lesão, o líquido do edema espalha-se pela substância branca adjacente, por gradiente de pressão. A composição do líquido do edema é intermediária entre o plasma e o líquido extracelular e varia desde a sua formação até a sua resolução. - Os principais efeitos prejudiciais do edema vasogênico são: alteração na perfusão tissular por dificuldade de fluxo nos capilares, aumento do volume tissular, dificultando a difusão adequada de substratos metabólicos e catabólitos entre os compartimentos tissular e vascular, desmielinização ou interrupção do fluxo axoplasmático secundários à pressão sobre os axônios, e alterações na excitabilidade da membrana nervosa pelos componentes do líquido do edema. É o tipo de edema que se desenvolve ao redor de tumores, abscessos, infartos, hematomas e contusões (edema perilesional). - Maior acúmulo de líquido que ocorre na substância branca, devido ao espaço extracelular dessa região ser mais frouxo, que melhora depois do 3º ou 4º dia após o evento. - Edema citotóxico: - É menos frequente. - É o acúmulo de líquido no espaço intracelular, caracterizado por um aumento do volume intracelular e redução do volume extracelular. O mecanismo ultraestrutural do edema celular é a alteração da membrana celular. - A situação clínica em que ele ocorre com maior frequência é a isquemia (mesma fisiopatologia da EHI), por alteração no suporte energético das trocas iônicas ao nível da membrana, tanto no neurônio como nas células da glia. Segundos após a falência da bomba de Na+ e K+, verifica-se o acúmulo de água e Na+ dentro da célula e de K+ no líquido extracelular, cujo grau depende da duração e intensidade da isquemia. Nessa fase, não há quebra da barreira hematoencefálica. Entretanto, durante a evolução do edema celular por isquemia, ocorre a sua transformação em vasogênico. - A reversão do edema intracelular pode ocorrer quando os mecanismos de troca iônica ativa, na membrana celular são restabelecidos. - Os astrócitos são mais atingidos e seus prolongamentos sofrem tumefação, o que, em HE, dá aspecto espumoso ao neurópilo (o tecido entre os corpos celulares dos neurônios). - O aspecto de imagem de um edema citotóxico na tomografia computadorizada é a presença de uma área hipodensa em relação ao parênquima cerebral circundante. - Esse tipo de edema é mais evidente na substância cinzenta, entre 3 e 7 dias após o infarto. - Edema intersticial: - Ocorre extravasamento de líquor nas regiões periventriculares, devido ao aumento da pressão intraventricular e lesão do revestimento ependimário, em pacientes com hidrocefalia e HIC. - O acúmulo de líquor no espaço extracelular é aparentemente mais tolerado que no edema vasogênico (pois suas manifestações clínicas são mais rápidas do que as manifestações clínicas do edema intersticial). - Edema hipo-osmótico ou osmótico: OBS: nessas soluções salinas ou glicosadas, o Na+ fica muito diluído. Quando são administradas no paciente, o espaço vascular se enche de água e, como o Na+ está diluído (hiponatremia), a água sai do compartimento vascular para ir atrás de Na+ nas células. - Síndrome neurológica – HIC: - Variam de acordo com o processo subjacente e com modo de instalação (agudo – hemorragia, ou crônico – tumor). - Cefaleia: sintoma comum e inicial. Pode ser pior ao acordar e com os esforços. - Alteração da consciência: sintoma comum. - Náuseas, vômitos, PA, alteração da respiração e bradicardia. Hipóxia Lesão da BHE Passagem de macromoléculas Passagem de H2O para o espaço extracelular Infusão de grande quantidade de solução salina ou glicosada em grande quantidade ou na síndrome de secreção inapropriada do hormônio antidiurético (SSIHAD) Hiponatremia Entrada de H2O na célula e edema celular 15 - Papiledema (é uma das ultimas manifestações da HIC) e estrabismo convergente (perda do nervo abducente, principal nervo acometido na HIC, pois ele é muito longo) - Alteração da visão (visão turva ou perda completa da visão – amaurose fugaz). - Tríade de Cushing: hipertensão arterial, bradicardia, lentidão da respiração – devido à compressão do tronco cerebral CUIDADO! Esse paciente vai herniar. - Sintomas menores: alterações visuais, tonturas, convulsões, apatia, depressão, alteração da personalidade. Ortopedia Luxações - Luxação é o deslocamento total de um osso sobre o osso com o qual articula, levando a perda completa da congruência articular. O local mais comum de ocorrência é o ombro, pelo fato dessa articulação não possuir contenção óssea quase nenhuma e os ligamentos não serem muito resistentes. Isso permite que o ombro tenha grande amplitude de movimento. - Subluxação é o deslocamento parcial, existindo ainda algum contato entre as superfícies articulares. No entanto, as subluxações não são menos graves que as luxações. O joelho é o local mais frequentemente acometido. - Normalmente, o diagnóstico das luxações é clinico. No entanto, faz-se um raio x para saber se há alguma outra lesão associada (fraturas, por exemplo, principalmente em idosos – muito comum a fratura da grande tuberosidade do úmero na luxação glenoumeral) e se a luxação é anterior ou posterior. - Luxação do ombro – articulação glenoumeral: - Durante um episódio clássico de luxação do ombro é observado uma deformidade no ombro conhecida como sinal da dragona, quando o rebordo do ombro fica mais saliente, pela semelhança com a vestimenta utilizada pelos militares. - A presença de dor intensa é frequente e, normalmente os pacientes têm como posição de conforto o apoio do antebraço em abdução. - Normalmente, a luxação é anterior. - A luxação posterior é menos comum, mas geralmente é vista quando o paciente cai devido à crise convulsiva, pois ele bate o ombro no chão, de frente. Nesses casos, o paciente não faz rotação externa. À inspeção, a parte anterior do ombro está plana. Dependendo da incidência doraio X, pode não se detectar alteração alguma. OBS: em pacientes com luxação recidivante, é necessário fazer a redução da luxação e raio-x de controle. - Quanto mais jovem o paciente e menor a energia do trauma que produziu a primeira luxação, mais chances desse paciente ter luxações recidivantes. É provável que ele tenha fatores predisponentes (frouxidão ligamentar, glenoide plana). - É possível ocorrer lesão do nervo axilar (circunflexo do úmero), manifestando-se com parestesias e hipoestesias na região lateral do deltóide, bem como fraqueza deste músculo. - A lesão de Bankart é a sequela mais comum da instabilidade anterior com origem traumática e consiste numa avulsão do lábio glenoidal na sua inserção glenoidal, normalmente na sua porção anteroinferior. Esta lesão pode envolver apenas tecidos moles – Bankart típico – ou comprometer também uma fratura do bordo glenoidal anteroinferior, que é arrancado conjuntamente com a porção labral – Bankart ósseo – levando ao aspeto de pêra invertida. - Essa lesão predispõe a luxações recidivantes, se não for corretamente cicatrizada. - A lesão de Hill-Sachs é uma fratura de impactação da superfície póstero-lateral da cabeça umeral, devido ao choque desta contra o bordo anterior da glenoide durante a luxação. É a segunda lesão mais comum associada à instabilidade anterior do ombro, cuja extensão tem igualmente implicações prognósticas e na abordagem cirúrgica: lesões que afetem menos de 20% da curvatura da cabeça umeral não são normalmente causa significativa de instabilidade; lesões com perda óssea superior a 40% estão diretamente relacionadas com instabilidade recidivante. - Geralmente, essa lesão é encontrada em luxadores recidivantes, pois múltiplas luxações vão aos poucos lesionando a cabeça do 16 úmero. Se ocorrer na primeira luxação, o impacto do trauma provavelmente foi muito forte. - Manobra de redução: - Manobra de Hipócrates: - Técnica original: tração do membro em abdução e contratração com o pé na axila; - Técnica atual – Tração contratração: contratração feita por um auxiliar segurando a axila do paciente com tecido. - Manobra de Stimpson: paciente em decúbito ventral e sedado, membro mantido para fora da mesa com peso de 2 a 3 kg amarrado a ele. - Manobra de Kocher: tração inferior do membro com o cotovelo em flexão de 90º, fazendo em seguida rotação externa e abdução até o ponto zero e por fim, rotação interna e adução. OBS: se mal feita, pode haver lesão do nervo axilar e atrofia do deltóide. - Luxação acrômio clavicular: - Ocorre principalmente nas atividades esportivas que envolvem contato e nos acidentes de trânsito (moto, principalmente). - O paciente se apresenta com dor e edema na porção superior do ombro, na articulação AC. - Ao exame, o paciente apresenta o “sinal da tecla” (deslocamento inferior da clavícula com a palpação), deformidade (extremidade distal da clavícula deslocada para cima), e dor agravada pela tração do ombro para baixo e pela adução forçada do braço contra o tórax. - O tratamento é conservador quando há uma contusão sem deslocamento ou deformidade (grau I), uma subluxação com elevação mínima da clavícula (II), com crioterapia (gelo por 15 min de 4/4 hrs) + AINE + uso de tipoia por duas semanas. - Em casos mais graves, quando há uma luxação com elevação da clavícula a ponto de cavalgar sobre o acrômio e rotura da cápsula e dos ligamentos coracoclaviculares – conoide e trapezoide (grau III), há indicação cirúrgica, ou seja, não é feita a redução fechada (porque a redução aberta é feita durante a cirurgia) em nenhuma hipótese. - Luxação coxo-femoral: - A luxação coxofemoral é o deslocamento traumático da cabeça femoral a partir do acetábulo. - Pelo razoável grau de estabilidade, a articulação do quadril em adultos, para ser luxada, exige trauma de alta energia (ex: acidentes automobilísticos). - A lesão do nervo isquiático pode ocorrer. Na clínica, o pé fica caído. - Lesão associada: fratura do rebordo do acetábulo. - A luxação mais frequente é a posterior, na qual a cabeça do fêmur desloca-se lateral e posteriormente em relação ao acetábulo. O mecanismo típico é uma batida de carro, produzindo uma força axial sobre o membro inferior, com a coxa aduzida (“pernas juntas”). - A rotação interna, encurtamento do membro e adução são característicos da luxação posterior. - A luxação anterior também pode ocorrer, com deslocamento da cabeça do fêmur medial e anteriormente sobre o acetábulo. - A rotação externa, encurtamento do membro e abdução são característicos da luxação anterior. - Redução das luxações coxofemorais: - Ambiente cirúrgico com anestesia. - Luxação posterior: - Manobra de Stimson: o paciente fica posicionado em decúbito ventral, com os quadris fletidos na borda da mesa e pernas pendentes. Um assistente estabiliza a pelve. O cirurgião mantem o joelho do paciente fletido a 90°, e aplica pressão descendente constante na perna. A rotação cuidadosa durante a manobra pode ajudar a obter a redução. - Manobra de Allis: é realizada com o paciente posicionado em decúbito dorsal. O assistente estabiliza a pelve. O cirurgião flete o quadril e o joelho e aplica tração longitudinal constante, com o membro em rotação interna e adução. – Luxação anterior: 17 - Manobra de Bigelow: membro em abdução, faz-se uma tração no sentido da deformidade. - Luxação do joelho: - Pela sua estabilidade intrínseca, a luxação do joelho só ocorre após traumas de alta energia, exemplificados nos acidentes automobilísticos ou quedas de grandes alturas, e sempre cursa com a ruptura de pelo menos três ligamentos: os dois cruzados (anterior e posterior) e pelo menos um colateral (medial ou lateral). - A incidência de luxação do joelho é subestimada, já que em até 50% dos casos há redução espontânea logo após o acidente. - A luxação anterior é o tipo mais comum, quando o fêmur desloca-se posteriormente a tíbia anteriormente. - A lesão neurovascular é muito frequente. A lesão da artéria poplítea é encontrada em 35 a 45% dos casos, predispondo a isquemia da perna, com risco de amputação. A lesão do nervo fibular comum ocorre em 25 a 35% dos casos, podendo levar a síndrome do pé caído. OBS: Mauro Ézio falou nervo tibial em aula. A junção das raízes do tibial e do fibular comum formam o nervo isquiático. - A apresentação clínica é de um paciente com dor e grande tumefação do joelho (hemartrose), além de impotência funcional da articulação e instabilidade em valgo e varo. - O tratamento preconizado, a princípio, é a redução fechada por manipulação, sobre analgesia opioide, possível na maioria dos casos, tracionando-se a perna e empurrando anteriormente o fêmur (na luxação anterior). Em alguns casos, a redução só é possível no centro cirúrgico sob anestesia geral ou regional. - O joelho reduzido deve ser imobilizado em semi-flexão em uma órtese funcional de joelho por seis semanas. - Luxação da patela: - Muito comum em mulheres jovens. - Simples de reduzir: estender o joelho lentamente e dar um leve empurrão na patela. - Na maioria das vezes, o paciente já chega com ela reduzida. - Luxação do tornozelo associadas a fraturas: - Primeiro ocorre uma fratura do tornozelo, depois a luxação. - Redução por aposição imobilização posterior correção cirúrgica (sempre). - Luxação da articulação subtalar: - Incomum - Trauma de torção, principalmente em obesos. - Fratura e luxação do tálus: - Geralmente porfratura exposta com perda do tálus. - Manobra de correção: anatômica - Luxação do cotovelo: - É a luxação mais comum na infância. Também é comum no idoso. - Na criança, está associada a arrancamento do epicôndilo medial. - A manobra de redução é feita por tração-contratração. - Se o paciente é não colaborativo, faz-se a anestesia. - Redução de fratura da falange: - Primeiro faz-se uma flexão no sentido da deformidade, e depois coloca na posição anatômica. Osteoartrite – Osteoartrose - A osteoartrose, também chamada de osteoartrite, é uma doença degenerativa das articulações sinoviais (disartroses), caracterizada clinicamente por dor e limitação funcional, radiologicamente pela presença de osteófitos, redução do espaço articular e esclerose do osso subcondral e, histopatologicamente pela perda da integridade da cartilagem articular - elemento alvo desse processo mórbido. - Ao contrário do que se pensava, a osteoartrose não é uma consequência normal do envelhecimento, e sim uma doença que depende da interação de fatores genéticos, biomecânicos (obesidade) e metabólicos. - É a condição clinica mais prevalente no sistema osteoarticular. - É pouco comum antes dos 40 anos de idade, sendo que é encontrada em maior frequência nos pacientes acima de 60 anos. Acomete mais o sexo feminino. - Aos 75 anos, 85% das pessoas têm evidencias radiológicas ou clínicas da doença, sendo que a maioria delas apresenta somente evidencias radiológicas. - Muitas vezes, a imagem radiológica não condiz com os sintomas apresentados pelo paciente. - Fatores de risco: idade, sexo feminino, predisposição genética, obesidade, estresse mecânico, trauma articular, desordens congênitas, afecção articular inflamatória precedente, doenças endócrino-metabólicas (DM, tireoidopatias). - Etiopatogenia: - Os condrócitos, apesar de viverem em um tecido avascular, são células ativas, que numa situação normal possuem metabolismo extremamente lento. Eles são responsáveis pela síntese de matriz cartilaginosa, composta por fibras de colágeno tipo II, ácido hialurônico e proteoglicanas. Os próprios condrócitos também produzem enzimas capazes de degradar as macromoléculas 18 dessa matriz – as metaloproteinases. Três são as principais: colagenase, gelatinase e estromelisina. - Fisiologicamente, o balanço entre síntese e degradação da matriz cartilaginosa é mantido na medida em que a atividade dessas proteínas é regulada por inibidores fisiológicos locais, tais como o inibidor tecidual de metaloproteinases (TIMP) e o inibidor do ativador do plasminogênio (PAI -1). - Na osteoartrose, por sua vez, o balanço é negativo: a degradação é maior do que a síntese. Além disso, na tentativa de reparar o dano, os condrócitos sintetizam macromoléculas diferentes (colágeno tipo X, p. ex.), inadequadas para a composição do tecido cartilaginoso normal. - Classificação: - Primária – idiopática: localizada (em uma única articulação) ou generalizada. - Secundaria: trauma, lúpus, artrite reumatoide. - Achados radiológicos e diagnóstico: - Osteófitos: proeminências ósseas nas bordas da articulação. - Redução (algumas vezes perda) do espaço articular. OBS: esse espaço é virtual. - Esclerose do osso subcondral: acentuação da hipotransparência (osso fica muito esbranquiçado) na região subcondral. Isso é consequência da acentuada mineralização do osso, para impedir a erosão da articulação. - Cistos subcondrais: imagens radiolucentes arredondadas na região subcondral, consequentes do bombeamento de sinóvia por “rachaduras” no osso. - Colapso do osso subcondral. - Quadro clínico: - Idoso, início insidioso, lento e progressivo ao longo dos anos. - Acomete mais frequentemente articulações de carga (joelho e quadril), coluna e mãos (metatarsofalangeanas – hálux valgo, interfalangeanas distais e proximais). - Principal sintoma é a dor articular, precipitada ou piorada pelo uso da articulação. - A dor começa segundos ou minutos após o início do movimento, podendo permanecer por horas após o repouso (diferente da artrite reumatoide, em que a dor melhora com o movimento). - Além da dor, o paciente pode se queixar de rigidez articular desencadeada pelo repouso, que não dura mais que 30 min (ao contrário da artrite reumatoide, que persiste por mais de uma hora). - A dor articular não tem sinais flogísticos (ao contrario da artrite reumatoide). - Ao exame físico, movimentação passiva pode ser dolorosa e apresentar crepitações audíveis ou palpáveis. - Exame de sangue: as provas da atividade inflamatória (hemograma, VHS, proteína C reativa) estão caracteristicamente normais na OA, bem como o FAN (fator antinuclear) e o fator reumatoide. Em idosos, podemos encontrar FR positivo em baixos títulos, mas tal achado se correlaciona com a idade avançada do paciente, e não à presença de um processo inflamatório autoimune. - Escala de Kelgreen e Lawrence para gravidade da AO do joelho: - Tratamento: - Como - até o momento - não é possível intervir no processo fisiopatológico básico da osteoartrose, o tratamento é basicamente sintomático, visando aliviar a dor e melhorar a função articular. - A terapêutica da osteoartrose pode ser dividida em não farmacológica, farmacológica e cirúrgica. - Medidas não farmacológicas: - Nos casos de osteoartrose com sintomatologia leve a moderada, a terapia não farmacológica deve ser a única medida prescrita. - São estratégias que visam uma diminuição na sobrecarga articular através da redução ponderal, uso de bengalas, andadores e a utilização de calçados acolchoadas ou palmilhas especializadas, geralmente prescritas por ortopedistas. - Os exercícios físicos devem ser prescritos no intuito de melhorar o condicionamento físico, reforçar a musculatura periarticular e ampliar a mobilidade da articulação acometida. - Aplicação de frio (geralmente na fase aguda) ou calor (geralmente na fase crônica) local pode elevar o limiar de dor e reduzir a espasticidade muscular. 19 - Períodos de repouso programado ao longo do dia também são fundamentais. - Para alívio da dor, pode-se lançar mão da estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS), com resultados variados entre os pacientes. - Medidas farmacológicas: - Dor sem sinais inflamatórios: analgésicos – paracetamol 3- 4g/dia cuidado com a hepatopatia. - Dor com inflamação: inibidores seletivos da COX-2 e não seletivos. - Modificadores da evolução da OA: - Sulfato de glicosamina - Sulfato de condroitina - Outros: diacereína - Uso intra-articular de ácido hialurônico – OA graus II e III - Infiltração de corticoides, quando há presença de sinais inflamatórios exuberantes. - Cirurgias: osteotomias, artroplastias. Lombalgias e Lombociatalgias - A dor lombar constitui uma causa frequente de morbidade e incapacidade, sendo sobrepujada apenas pela cefaleia na escala dos distúrbios dolorosos que afetam o homem. No entanto, quando do atendimento primário por médicos não-especialistas, para apenas 15% das lombalgias e lombociatalgias, se encontra uma causa específica. - As dificuldades do estudo e da abordagem das lombalgias e lombociatalgias decorrem de vários fatores, dentre os quais: (1) inexistência de uma fidedigna correlação entre os achados clínicos e os de imagem; (2) ser o segmento lombar inervado por uma difusa e entrelaçada rede de nervos, tornando difícil determinar com precisão o local de origem da dor, exceto nos acometimentos radículo-medulares; (3) pelo fato das contraturasmusculares, frequentes e dolorosas, não se acompanharem de lesão histológica demonstrável; - Tais fatos fazem da caracterização etiológica da síndrome dolorosa lombar um processo eminentemente clínico, onde os exames complementares devem ser solicitados apenas para confirmação da hipótese diagnóstica. - Do ponto de vista evolutivo, as lombalgias, lombociatalgias e ciáticas podem ser caracterizadas como agudas ou lumbagos, subagudas e crônicas. - As dores lombares podem ser primárias ou secundárias, com ou sem envolvimento neurológico. - Por outro lado, afecções localizadas neste segmento, em estruturas adjacentes ou mesmo à distância, de natureza a mais diversa, como congênitas, neoplásicas, inflamatórias, infecciosas, metabólicas, traumáticas, degenerativas e funcionais, podem provocar dor lombar. - A lombalgia mecânica comum, ou lombalgia inespecífica, é a forma anatomoclínica inicial de apresentação e a mais prevalente das causas de natureza mecânico-degenerativa. - Inúmeras circunstâncias contribuem para o desencadeamento e cronificação das síndromes dolorosas lombares (algumas sem uma nítida comprovação de relação causal) tais como: psicossociais, insatisfação laboral, obesidade, hábito de fumar, grau de escolaridade, realização de trabalhos pesados, sedentarismo, síndromes depressivas, litígios trabalhistas, fatores genéticos e antropológicos, hábitos posturais, alterações climáticas, modificações de pressão atmosférica e temperatura. - Condições emocionais podem levar à dor lombar ou agravar as queixas resultantes de outras causas orgânicas preexistentes. - Na lombalgia mecânica comum (a forma mais prevalente), na maioria dos casos, se limita à região lombar e nádegas. Raramente se irradia para as coxas. Pode aparecer subitamente pela manhã e apresentar-se acompanhada de escoliose antálgica. O episódio doloroso tem duração média de três a quatro dias. Após esse tempo, o paciente volta à completa normalidade, com ou sem tratamento. - Na hérnia de disco, quando se realiza um esforço de flexão durante o dia, o material nuclear é impelido para trás, em sentido ântero-posterior, através das fibras do anel fibroso, mas por ele ainda é contido. Neste momento pode ainda não aparecer dor. No entanto, durante a noite, em razão de uma maior embebição aquosa do núcleo e consequente elevação da pressão intradiscal, as fibras do anel se rompem, dando então início, durante as primeiras horas do dia, à sintomatologia de quadro doloroso agudo, intenso, com irradiação da dor para um ou outro membro inferior e com manobras semióticas positivas de compressão radicular. A dor se exacerba com os esforços. - No osteoma osteóide, a dor é desencadeada pela liberação de prostaglandinas pelas células tumorais durante a madrugada. Os pacientes se queixam de dor neste período, ou no começo do dia. - No estreitamento do canal raquidiano artrósico a dor piora com a marcha, principalmente ladeira abaixo, e melhora ladeira acima ou ao sentar-se. O sinal de Laségue é negativo, enquanto na hérnia discai pode ser positivo. A manobra de Romberg é positiva. A extensão da coluna lombar, durante 30 segundos, desencadeia a dor. - Nas espondiloartropatias soronegativas, que são doenças reumáticas inflamatórias, é característica a exacerbação matinal dos sintomas; aqui, a fisiopatogenia da dor é influenciada pelo ritmo circadiano da secreção do cortisol e pelo sistema nervoso 20 autônomo. A sacro-iliíte bilateral (inflamação das duas articulações sacroilíacas), às vezes unilateral, consolida o diagnóstico. - Na espondilite anquilosante, a dor pode ter uma característica especial: uma pseudociatalgia altemante. Nesta doença, um conjunto de cinco informações, prestadas pelo paciente, que inclui lombalgia de caráter insidioso, antes dos quarenta anos de idade, com duração maior do que três meses, acompanhada de rigidez matinal e melhora com a atividade física, apresenta sensibilidade de 95% e especificidade de 85% para a sua identificação. - Relação existente entre a dor e a atividade corporal ou repouso: - Dor com o movimento corporal ao longo do dia, ou desencadeada por longos períodos de permanência em pé, pode ser devido à alterações mecânicas ou degenerativas. - Associação da dor com queixas sistêmicas: - Quando houver comprometimento sistêmico, a dor lombar, geralmente, tem um começo gradual e progressivo (neoplasia), distribuição simétrica ou alternante (psicossomática), sem relação com o movimento e sem melhora com o repouso (dor visceral), e pode ser acompanhada de rigidez matinal de duração superior a trinta minutos (espongilites). - Tipo de irradiação da dor: - Quando a dor se irradia para a face anterior da coxa, não ultrapassando o joelho, deve-se pensar em neuralgia crural. - Quando existe parestesia dolorosa na face antero-lateral da coxa, deve-se pensar em meralgia parestésica (compressão do nervo cutâneo femoral lateral). - Dor de origem raquidiana ou extra-raquidiana: - A dor de origem extra-raquidiana não tem relação com os movimentos da coluna, aparecendo mesmo com o repouso. Nesta situação, devem ser lembradas a calculose renal, endometriose, aneurisma de aorta abdominal, processos expansivos abdominais, retroperitoniais e outros. - Dor psicossomática: - Pode ser detectada em pacientes que apresentem sensibilidade dolorosa superficial ou de distribuição não-anatômica, com queixa de dor vaga, imprecisa, um dia num lugar, outro dia em outro, com irradiação bizarra para peito, coluna dorsal, abdomen e dramatização do quadro clínico. - Exame físico: - Flexão e extensão da coluna lombar: o aumento da pressão intradiscal durante a flexão da coluna lombar impele o disco para trás, no sentido ântero posterior, piorando a dor na hérnia de disco. Há melhora ao deitar, posição onde a pressão intradiscal vai quase a zero. No estreitamento artrósico do canal raquidiano a dor piora com a extensão. - Manobra de Valsalva: na compressão radicular a manobra provoca exacerbação da dor ou irradiação dela até o pé, que não acontecia antes. - Manobra de Laségue: é geralmente considerada positiva quando a dor se irradia, ou se exarceba, no trajeto do dermátomo de L4- L5, ou L5-S1, quando a elevação do membro inferior faz um ângulo de 35° a 70° com o plano horizontal. Sua positividade a 60° comprova compressão radicular. - Manobra de Romberg: é considerada anormal, se o movimento compensatório do corpo for necessário para manter os pés fixos no mesmo lugar. Este sinal costuma ser positivo na estenose do canal. - Sinal das pontas: - não se consegue andar com um dos calcanhares: compressão da raiz L5. - não se consegue andar com uma das pontas dos pés: compressão da raiz S1. - Sinal do arco de corda: levanta-se a perna do paciente, como na manobra de Laségue, até que a dor apareça; nesse momento, faz- se uma flexão do joelho. Havendo redução e/ou desaparecimento da dor, o sinal é considerado positivo para o diagnóstico de hérnia discal. - Sinais de alerta: 1. De tumor ou Infecção: idade acima de 50 ou abaixo de 20; história de câncer; sintomas como febre, calafrios, perda de peso, sem outra explicação convincente; Infecção bacteriana recente, dependentes químicos, imunossuprimidos; dor com piora noturna; dor com piora em decúbito dorsal. Sinal da piscadela da coruja: acometimento tumoral na coluna vertebral. O tumor destrói o pedículo. 2. De fratura: trauma maior; trauma menor em idosos ou osteoporóticos. 21 3. De síndrome de cauda equina (compressão das raízes
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