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93 Ciência em Movimento | Ano XVI | Nº 33 | 2014/2 Artigo original O Vaginismo como problema de saúde a ser resolvido na ótica fisioterapêutica e multidisciplinar: uma revisão narrativa Vaginismus as the health problem to be solved in physical therapy and multidisciplinar: a literature review Adalberto Gomes Pereira Junior1 Diedja Cleide da Silva Souza2 Luanalice dos Anjos Leite3 RESUMO O vaginismo é uma disfunção sexual, caracterizada por espasmos involuntários da musculatura do terço externo da vagina. O objetivo desta revisão é relatar os aspectos do vaginismo, como fisiopatologia, diagnós- tico, tratamento e as características biopsicossociais das pacientes. O levantamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados Scielo, Pubmed, LILACS, Periódicos e Biblioteca Virtual em Saúde, utilizando as palavras chaves: Vaginismo, vaginismus and pathophysiology, Vaginismus and Physical therapy, Fisioterapia and vagi- nismo, sendo encontrados 10 artigos, uma dissertação e uma citação importante. Os 10 artigos foram delimi- tados em 4 categorias: Fatores psicológicos, Fatores epidemiológicos, Diagnóstico e Tratamento Fisioterapêu- tico, Vaginismo uma abordagem geral. Fatores psicológicos: Diminuição da autoestima, submissão, falta de informação sexual, medos sexuais e problemas conjugais. Fatores epidemiológicos: Estudo revela que 1% das mulheres apresentaram vaginismo, o outro relata que a disfunção é a segunda causa mais prevalente, repre- sentando 10%. Diagnóstico e Tratamento: A EMG foi considerada o melhor método diagnóstico, enquanto no tratamento não tivemos consenso, sendo elencadas várias formas. Vaginismo geral: Disfunções do MAP como hipertonia são consideradas no desenvolvimento do vaginismo. Os estudos a cerca da etiologia, fisiopatologia, diagnóstico e tratamento são escassos. A disfunção atinge os MAP, principalmente o Bulbocavernoso, Isquio- esponjoso e levantadores do ânus, sobretudo, o Vaginismo traz consequências psicológicas para a mulher. PALAVRAS-CHAVE Vaginismo – Disfunção – Fisiopatologia - Revisão. 1 Graduado em Educação Física pela Universidade de Brasília-UnB. Discente do curso de Fisioterapia da Universidade Federal da Paraíba-UFPB . Email:agp-juninho@hotmail.com. Cel:(83) 9146-5478. Endereço: Rua Radialista Antônio Assunção de Jesus, n°80, Residencial Sartre, Bairro: Jardim Cidade Universitária. João Pessoa-PB. 2 Discente do Centro de Ciências da Saúde-CCS, Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal da Paraíba, Campus I, João Pessoa, PB, Brasil. Email: diedjacleide@hotmail.com.Cel:(83)9131-8783. Endereço: Rua Wilson Dias Novo, n°53. Bairro: Jardim São Paulo. João Pessoa-PB. 3 Discente do Centro de Ciências da Saúde-CCS, Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal da Paraíba, Campus I, João Pessoa, PB, Brasil. Email:luana_a.leite@hotmail.com. Cel: (83) 87232082. Endereço: Rua Dilson Pessoa, nº49. Bairro: Cuiá. João Pessoa-PB. O Vaginismo como problema de saúde a ser resolvido na ótica fisioterapêutica e multidisciplinar: Ciência em Movimento | Ano XVI | Nº 33 | 2014/2 94 ABSTRACT The vaginismus is a sexual dysfunction characterized by involuntary spasm of the outer third musculature of the vagina. The objective of this review is to report the aspects of vaginismus, as pathophysiology, diagno- sis, treatment and biopsychosocial characteristics of the patients. The literature was conducted from the Scie- lo, Pubmed, LILACS, Journals and Virtual Health Library, using the keywords: Vaginismo, vaginismus and pa- thophysiology, Vaginismus and Physical therapy, Fisioterapia and vaginismo, found 10 articles, a dissertation and an important reference. 10 articles were delimited into 4 categories: Psychological factors, Epidemiologi- cal, Diagnosis and Treatment physiotherapy, Vaginismus a general approach. Psychological factors: self-esteem decreased, submission, lack of sex education, sexual fears and marital problems. Epidemiological factors: Study reveals that 1% of women had vaginismus, the other reports that the dysfunction is the second most prevalent cause, accounting for 10%. Diagnosis and Treatment: The EMG was considered the best diagnostic method, while the treatment had no consensus, and listed several ways. General vaginismus: PFM abnorma- lities such as hypertension are considered in the development of vaginismus. Studies about the etiology, pa- thophysiology, diagnosis and treatment are scarce. The dysfunction affects the PFM, especially bulbocaverno- so, Isquioesponjoso lifters and the anus, above all vaginismus brings psychological consequences for women. KEYWORDS Vaginismus – Dysfunction – Pathophysiology – Review. O Vaginismo como problema de saúde a ser resolvido na ótica fisioterapêutica e multidisciplinar: 95 Ciência em Movimento | Ano XVI | Nº 33 | 2014/2 1.Introdução Disfunção sexual é qualquer desordem em algu- mas das fases do ciclo de resposta sexual. A Associa- ção Psiquiátrica Americana (2002) apud Abdo et al (2006) classifica as disfunções em: Transtorno do de- sejo sexual, Transtorno de excitação sexual, Transtor- no do orgasmo, Transtorno sexuais dolorosos. Se- gundo Abrão et al (2004) nas mulheres, a prevalência varia entre 20 a 73% e pode ser de causa multifato- rial, onde envolve aspectos físicos, psicológicos, sociais ou desconhecidos. O vaginismo é uma disfunção sexual, que é defi- nida como “espasmo involuntário da musculatura do terço externo da vagina, recorrente ou persistente, que interfere no ato sexual” (DSM IV, 1994-2000). Es- sa contração involuntária ocorre ao tentar qualquer tipo de penetração vaginal, seja com o pênis, dedo ou objetos de introdução vaginal. Esses espasmos ocor- rem nos músculos perineais e elevadores do ânus. O médico inglês, Sims descreveu no século XVII, a definição do vaginismo relacionando com as con- dições irritantes da Vulva e Vagina. Os autores Mas- ters e Johson (1970) apud Moreira (2013) estabele- ceram uma definição e um protocolo de tratamento, os quais são utilizados até dias atuais. Na década presente, os principais estudiosos do vaginismo são os pesquisadores da Universidade McGuill, localiza- do em Montreal, Canadá. Kaplan (1977) associa o vaginismo com inibição social e inibição do orgasmo, podendo gerar dor fí- sica ou angústia psicológica. Valin (1994) relata co- mo uma condição emocional, envolvendo fatores psicológicos que se apresentam por reações físicas. Ferreira e Souza (2007) afirmam que não existe uma definição da etiologia do vaginismo, porém é impor- tante ressaltar os fatores psicológicos e interpessoais no desenvolvimento dessa disfunção. Os motivos causadores são principalmente questões sociais e afetivas, como por exemplo, o repúdio e a visão da- nosa do sexo, questões de homossexualidade femi- nina, episódios de violência doméstica. Existe uma classificação diagnóstica onde o exa- me ginecológico é dispensado, considerando que o vaginismo impossibilita a penetração vaginal, ou se- ja, a mulher não permite o toque vaginal e não temos uma indução de resultado diagnóstico. Os autores Cavalcanti e Cavalcanti (2006) estabelecem uma clas- sificação dessa disfunção como primária e secundá- ria. Na primeira, existe dificuldade da penetração desde a tentativa inicial. A disposição secundária existe em mulheres que tinha uma vida sexual ativa, porém obtiverem experiências traumáticas e desen- volveram a disfunção. O presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre os aspectos que envol- vem o vaginismo, como diagnóstico, fisiopatologia, incidência, tratamento e as características biopsicosso- ciais das mulheres que apresentamessa disfunção. 2. Metodologia O levantamento Bibliográfico foi realizado nas bases de dados Scielo, Pubmed, LILACS, Periódicos e Biblioteca Virtual em Saúde. Foram aceitos os artigos a partir do ano de 2005 a 2015, usando as palavras chaves: Vaginismo, vaginismus and pathophysiology, Vaginismus and Physical therapy, Fisioterapia and va- ginismo. O período de busca da revisão bibliográfica foi de 13/02/2015 até 22/03/2015, sendo achados 160 artigos, porém apenas 10 se enquadraram nos critérios de inclusão, além destes encontrou-se uma dissertação de Mestrado e a outra citação importan- te de um livro online totalizando 12 referências. Alguns critérios de inclusão foram adotados para selecionar os artigos: Aqueles que apresentavam maiores coerências relacionados ao tema em discus- são, aqueles que relatassem sobre a fisiopatologia da disfunção Vaginismo. Critérios de exclusão: Foram excluídos os que não permitiam o acesso completo ao conteúdo, repetição de artigos e aqueles que es- tavam fora do intervalo de 2005 a 2015. Foram utilizadas fontes bibliográficas de períodos anteriores para citações e referências, devido à impor- tância dos aspectos históricos do tema em discussão. 3. Resultados Dentre os artigos pesquisados nas bases de dados citadas, apenas 10 artigos se enquadraram nos cri- térios de inclusão da pesquisa, aqueles que nos fora permitido os acessos completos aos seus conteúdos. O Vaginismo como problema de saúde a ser resolvido na ótica fisioterapêutica e multidisciplinar: Ciência em Movimento | Ano XVI | Nº 33 | 2014/2 96 Os artigos selecionados trazem informações dife- renciadas, a cerca da população observada, quanto à faixa etária, estado civil, porém todas as mulheres apresentavam o diagnóstico de vaginismo não estan- do relacionadas às doenças físicas conhecidas ou não relataram nenhuma alteração física que poderia cau- sar a disfunção. Para facilitar o entendimento das informações foi adotado um critério de subdivisão dos artigos, sendo os 10 delimitados em 4 categorias: Fatores psicoló- gicos, Fatores epidemiológicos, Diagnóstico e Tra- tamento Fisioterapêutico, Vaginismo uma abor- dagem geral. No tópico 4 resolvermos incluir todos os artigos que tratavam o vaginismo como uma disfunção e trazia curiosidades sobre o tema, além de incluir a discussão da Fisiopatologia deste acometimento. A seguir temos todos os quadros que demonstram o resultado da pesquisa: Quadro 1. Dois artigos que abordam os fatores psicológicos do Vaginismo, apresentando título, autores e objetivo do artigo Artigos Autor Objetivo do artigo Perfiles e indicadores psicológicos rela- cionados con la dispareunia y el vaginis- mo: Estudio cualitativo. Segunda parte Bravo CS, et al Identificar a frequência, a diferença, a relação e a com- binação de disfunção sexual feminina (dispareunia e vaginismo) o papel de gênero e autoestima (fatores psicológicos), e um pouco da história sexual para gerar um perfil de cada uma dessas disfunções sexuais que contribuem com os itens para os planos de intervenção Abordagem das disfunções sexuais femi- ninas Lara LCS, et al Levantar as causas e prevalência das disfunções sexuais e oferecer estratégias de abordagem da função sexual feminina. Quadro 2 temos os artigos relacionados ao tópico: Fatores epidemiológicos, apresentando o nome do artigo, autores e objetivos Artigos Autor Objetivo do artigo Prevalência das disfunções sexuais femi- ninas em clínica de planejamento fami- liar de um hospital escola no Recife, Per- nambuco. Ferreira ALCG, et al. Determinar a prevalência de disfunções sexuais femini- nas em mulheres atendidas no Centro de Atenção à Mulher do Instituto Materno Infantil Prof. Fernando Fi- gueira, IMIP, utilizando os critérios de classificação da 4ª. edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Trans- tornos Mentais. Disfunção sexual e fatores associados re- latados no período pós-parto Holanda JBL, et al. Estimar a prevalência e os fatores associados à disfun- ção sexual no período pós-parto O Vaginismo como problema de saúde a ser resolvido na ótica fisioterapêutica e multidisciplinar: 97 Ciência em Movimento | Ano XVI | Nº 33 | 2014/2 Quadro 3 temos os artigos relacionados ao tópico: Fatores epidemiológicos, apresentando o nome do artigo, autores e objetivos. Artigo Autor Objetivo Intervenção Fisioterapêutica em Mulhe- res com Vaginismo pós Tratamento Hor- monal do Câncer de Mama Santos AH, et al. Identificar os efeitos da aplicação de um protocolo de tratamento fisioterapêutico em mulheres com vaginis- mo pós-tratamento hormonal do câncer de mama Treinamento dos músculos do assoalho pélvico nas disfunções sexuais femininas Piassarolli VP, et al Avaliar o efeito do treinamento dos músculos do asso- alho pélvico (TMAP) sobre as disfunções sexuais femi- ninas Aspectos diagnósticos e terapêuticos das disfunções sexuais femininas Abdo CHN, et al. Artigo não determinou objetivo. Vaginal Spasm, Pain, and Behavior: An Empirical Investigation of the Diagnosis of Vaginismus Reissing ED, et al. Investigar o papel do espasmo vaginal, dor e compor- tamento no vaginismo e a capacidade dos psicólogos, ginecologistas, fisioterapeutas e chegar a acordo sobre um diagnóstico devaginismo. Quadro 4. Temos os artigos relacionados ao tópico: Vaginismo uma abordagem geral, com o nome do artigo, autores e objetivos Artigo Autor Objetivo Vaginismus: A Review of the Literature] on the Classification/Diagnosis, Etiology and Treatment Marie-Andrée L, et al. Uma revisão da literatura sobre a classificação / diag- nóstico, etiologia e tratamento do vaginismo será pre- senteado com um foco sobre as últimas descobertas empíricas. Vaginismo Moreira RLBD Discutir os aspectos fundamentais e o estado atual da arte dessa disfunção sexual. 4. Discussão Os artigos selecionados trazem em sua maioria informações, acerca de fatores psicológicos que le- vam as mulheres a sofrerem de disfunções sexuais, entre elas o vaginismo. A mulher que sofre dessa disfunção apresenta “diminuição da autoestima, submissão, falta de informação sexual, medos sexu- ais e problemas conjugais” (BRAVO et al, 2010). Esses fatores desenvolvem uma frustação no casal, já que a mulher não consegue ter a relação sexual. O estudo de Lara et al (2010) relata a prevalência da repressão sexual tanto da família, quanto social e religiosa como fatores extrínsecos que contribuem para o surgimento do vaginismo, além de outros fa- tores como o medo da relação sexual, experiências prévias negativas, o culto a virgindade e o abuso sexual. No tópico 2, o artigo de Holanda et al (2014) dessa categoria relata uma pesquisa realizada na região Nordeste do Brasil, com mulheres que fre- quentavam o ambulatório do hospital escola de Per- nambuco, no qual foi observado que dentre todas as disfunções sexuais apenas 1% das mulheres apre- sentaram o vaginismo. Enquanto um estudo feito com puérperas o vaginismo foi a segunda disfunção mais relatada, o que representou 10% do total. O estudo traz ainda dados que relacionam as disfun- ções antes, durante e pós-gestação, as quais apre- sentaram maior porcentagem das disfunções du- rante o período gestacional. Um dos fatores relata- dos pelos autores é o fato de que as mulheres du- rante esse período são consideradas “imaculadas e submissas”, assim devendo se dedicar ao filho, sen- do assim reprimida a sensação de prazer durante esse período. O Vaginismo como problema de saúde a ser resolvido na ótica fisioterapêutica e multidisciplinar:Ciência em Movimento | Ano XVI | Nº 33 | 2014/2 98 No tópico 3, os artigos discorrem sobre as dificul- dades para se dar o diagnóstico precoce no vaginis- mo, em decorrência de que, por muitas vezes, as pacientes não relatam ao profissional de saúde suas queixas e geralmente, os médicos demonstram-se constrangidos com a investigação da disfunção. Ab- do & Fleury (2006) e Marie-Andrée et al(2010) vem nos referenciar que esses fatores influenciam direta- mente na qualidade de vida dessas mulheres, pois afeta sua função sexual. A dificuldade de se ter um diagnóstico exato, obs- cura um pouco a doença e retarda o início do trata- mento. As formas de se realizar o diagnóstico que podem ser por meio da anamnese, exame físico com a palpação vaginal bidigital usando as escalas AFA e o PERFECT, aplicação de questionários WHOQOL-bref, resposta sexual feminina, índice de dor de Mcgill e ao término de cada atendimento a escala visual analógi- ca (FERREIRA et al, 2007). O outro método aplica os seguintes exames: “[...] palpação vaginal bidigital, eletromiografia (EMG) intravaginal (captação das amplitudes de contração dos músculos do assoalho pélvico - MAP) e Female Sexual Function Index (FSFI), q u e s t i o n á r i o d e a v a l i a ç ã o d a f u n ç ã o sexual”(PIASSAROLLI et al, 2010). Estes dois protoco- los demonstraram efetividade na constatação da do- ença. Porém, a utilização de um desses métodos, iso- ladamente, não apresentaria reais conclusões acerca da doença, o qual seria a palpação bidigital, já que as pacientes se negam a permitir qualquer exame gine- cológico devido aos espasmos vaginais. Dentre as pesquisas, a EMG apresentou mais confiança na cons- tatação, pois ele visualiza a ação elétrica muscular. Piassarolli et al (2010) relatam que o tratamento do vaginismo deve basear-se na normalização do tô- nus muscular, de forma a trabalhar o relaxamento e contração da MAP. Dentre os recursos fisioterapêu- ticos citados pelo autor estão a cinesioterapia, ele- troestimulação, biofeedback, exercícios de Kegel, cones vaginais, técnicas de dessensibilização, dilata- dores graduados vaginais, massagem perineal e a terapia manual para liberação de pontos de gatilho principalmente nos músculos isquiocavernoso, bul- boesponjoso e elevador do ânus que são os músculos mais afetados pelo vaginismo. Com o avanço do tra- tamento, foi observado uma melhora na função se- xual das mulheres devido ao aprendizado do contro- le do MAP e o conhecimento corporal. O tópico 4 aborda o vaginismo e seus fatores fi- siopatológicos, onde essa disfunção vaginismo ocor- re devido as patologias orgânicas como anomalias congênitas, infecções e lesões na vagina que resul- tam em uma impossibilidade ou a dolorosa penetra- ção, sendo esses um dos fatores etiológico a serem considerados, porém não existem muitos estudos que comprovem essa afirmação. Segundo Moreira (2014) as disfunções da MAP como hipertonia são consideradas no desenvolvi- mento do vaginismo. Porém ainda não está definido se essas disfunções dos MAP são predisponentes ou se caracterizam como um sintoma. História de infec- ções recorrentes que levam as pacientes a sentirem dores ou irritação durante o ato sexual, dispareunia, podem evoluir para o vaginismo. Bem como a nega- ção do homossexualismo pelas mulheres, que ten- tam a relação heterossexual mesmo não sentindo desejo pelo parceiro, e o fato de trocar esse parceiro sexual pode resultar no desaparecimento dessa dis- função. Uma fase frequente dessa disfunção é o pe- ríodo da menopausa devido à atrofia genital. 5. Conclusão O Vaginismo é uma disfunção sexual que afeta uma boa parte da população feminina, na fisiopato- logia vimos que se trata de um problema neuromus- cular, afetando os músculos Isquiocavernoso, Bulbo- esponjoso e Levantadores do ânus com espasmos vigorosos, o que não permite a consumação da rela- ção sexual com penetração peniana. O vaginismo é uma disfunção multifatorial e que afeta a vida dessas pacientes de forma global. Os estudos a cerca da etiologia, fisiopatologia, diagnós- tico e tratamento são escassos, principalmente os realizados no Brasil, já que são encontrados poucos trabalhos a cerca do vaginismo como assunto prin- cipal e único. Como toda disfunção sexual, o vaginismo ainda é um tabu a ser enfrentado pela população feminina, já que muitas mulheres omitem esta realidade e pou- cos profissionais são capacitados para perceber e in- vestigar os sinais e sintomas, e assim, tratar essas alterações. Além disso, existe pouca discussão desse assunto no meio social, tornando o tema obscuro à sociedade. O Vaginismo como problema de saúde a ser resolvido na ótica fisioterapêutica e multidisciplinar: 99 Ciência em Movimento | Ano XVI | Nº 33 | 2014/2 Referências ABDO, C.H.N.; FLEURY H.J. Aspectos diagnósticos e terapêu- ticos das disfunções sexuais femininas. Revista de Psiquia- tria Clínica, São Paulo, v. 33, p. 162-167, março 2006. BRAVO, C.S.; MELÉNDEZ J.C.; AYALA N.P.C.; ALMARAZ C.H. Perfiles e indicadores psicológicos relacionados con la dis- pareunia y el vaginismo. Estudio cuantitativo. Segunda par- te. Salud mental, Montes Urales, v. 33, n. 04, p.347-357, julho-agosto 2010. CAVALCANTI R.; CAVALCANTI M. 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