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Resenha Roberto Simonsen e Eugênio Gudin

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Resenha da obra A controvérsia do planejamento da economia brasileira de Roberto Simonsen e Eugênio Gudin
João Vitor Ianovalli Cassia - 41547233
Matutino
Esta obra foi escrita por dois autores, o primeiro, Roberto Cochrane Simonsen nascido no Rio de Janeiro em 1889, ingressou com apenas 14 anos na escola Politécnica de São Paulo cursando engenharia civil, conhecedor do Taylorismo, tornou-se eficiente em métodos de gestão de empresas, propiciando o surgimento de novos empreendimentos, por ser engenheiro de formação, torneou-se economista autodidata. Já o outro, Eugênio Gudin Filho, nascido em 1886, também no Rio de Janeiro, cursou engenharia civil na escola Politécnica do Rio de Janeiro, mas também demonstrou interesse pela economia. Esta obra tem por objetivo analisar o papel do estado na economia, o qual foi objeto de debate entre os autores, visando mostrar as ideias defendidas por ambos, para assim, compreender de que modo e como se desenvolveu o pensamento econômico brasileiro no contexto da época.
O debate ocorreu a partir do final da década de 20 e durante a era Vargas, onde a grande Depressão foi de grande impacto na economia mundial, no qual a diminuição do comércio internacional prejudicou as exportações de café no Brasil.
“A restrição das importações e a contínua demanda interna que resulta da receita gerada pelo programa de apoio ao café causaram escassez de bens manufaturados e um consequente aumento em seus preços relativos, o que agiu como catalisador para uma arrancada na produção indústria.” (BAER, 2009, p. 57).
As políticas de manutenção do preço indicava que Vargas tinha interesse em manter as elites cafeicultoras no poder, aproveitando a oportunidade para alavancar a indústria brasileira. Assim, cresce o mercado interno, criando um novo caminho de renda para a indústria manufatureira. Tal exigência do setor industrial ganhou força no período em questão, na forma de uma proposta de planificação da economia nacional, com objetivo de desenvolver a industrialização, tornando a recuperação econômica do Brasil mais rápida devido a essas políticas. Neste período também o câmbio de importações estava desalinhado, forçando os brasileiros a buscarem alternativas nacionais, portanto as políticas fiscal e cambial expansionista permitiram a sustentação da demanda nacional. Durante os anos iniciais da guerra, o Brasil viu suas exportações crescerem para países aliados, fazendo suas reservas crescerem graças à política fiscal expansionista. Porém no pós-guerra a situação mudou, onde os EUA se recusaram a reajustar os preços do café e prejudicaram as exportações norte-americanas para o Brasil. E é neste contexto que ocorre a controvérsia entre Gudin e Simonsen em relação ao planejamento econômico brasileiro.
Roberto Simonsen, sendo representante do empresariado industrial no Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial justificou a necessidade de planificação da economia, a partir da criação de novas escolas de engenharia, institutos de pesquisa e melhora do ensino profissional.
“Impõe-se, assim, a planificação da economia brasileira (...) apelando para a ciência e a técnica modernas, a exemplo do que se fez na Rússia e na Turquia, bem como das planificações sugeridas para os Estados Unidos e para a Inglaterra.” (SIMONSEN, GUDIN, 2010, p.55).
“A planificação do fortalecimento econômico nacional deve, assim, abranger, por igual, o trato dos problemas industriais, agrícolas e comerciais, como o dos sociais e econômicos, de ordem geral” (SIMONSEN).
Destacou-se como defensor de uma maior radicalização da intervenção estatal na economia, visando fortalecer o setor industrial, cujos objetivos consistiam na criação da infraestrutura necessária à industrialização, como também estímulos para expansão da livre empresa, ou seja, o planejamento como instrumento de política. Tal planejamento consiste em um modelo teórico, que propõe organizar e sistematizar a ação do poder governamental, racionalizando o sistema econômico a partir de hipóteses sobre a realidade. O protecionismo foi importante para Simonsen porque ele foi influenciado por dois autores, Friedrich List e Mihail Manoilescu, sendo o primeiro no ponto de vista prático e teórico, e o segundo do ponto de vista científico. Simonsen utilizou argumentos históricos para defender sua visão, dizendo que a indústria nacional aproveitou a grande depressão para expandir seu foco, utilizando da política fiscal para manter a demanda e buscar aumentar a renda nacional, pois os bens industriais eram mais caros do que os bens derivados de produtos primários e serviços. Além de que o aumento da renda nacional se traduziria em uma melhora nas condições de vida e evitaria o saldo negativo. Para Roberto: “o planejamento é uma técnica econômica e o intervencionismo uma técnica política” (SIMONSEN, GUDIN, 2010, p.79).
O papel do Estado era de grande importância segundo o autor, porém deveria ser pontual, intervindo quando houvesse uma falha de mercado ou uma oportunidade de empreendimento que não fosse viável pela iniciativa privada, promovendo a política protecionista.
Eugênio Gudin também se tornou um economista autodidata, todavia, diferente de Simonsen não se concentrou na análise histórica, ele seguiu os economistas desenvolvimentistas e institucionalistas, se apoiou nos economistas teóricos, tanto monetaristas quanto liberais e suas principais influências foram Jacob Viner e Gottfried Haberler. O pensamento de Gudin se alinhou ao liberalismo econômico e o principio de não intervenção, sendo ela menor o possível. 
Em 1943 no Rio de Janeiro o I Congresso Brasileiro de Economia, com a presença de ambos os autores, onde o evento assinalou a necessidade de uma coordenação estatal nas decisões econômicas, apresentou propostas com relação à indústria, comércio e finanças. Eugênio foi contrario as teses de intervencionismo estatal e liderou o congresso a oposição liberal que defende a livre iniciativa. Gudin também foi o representante brasileiro na Conferência Monetária Internacional, onde foi decidida a criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), também conhecido como Banco Mundial. 
Em agosto de 1944, Simonsen, representante do empresariado industrial no CNPIC, apresentou um projeto sugerindo a institucionalização do planejamento econômico para estimular a industrialização. Gudin criticou o projeto, sugerindo uma eliminação gradual dos mecanismos de intervenção na economia, a fim de reestabelecer a superioridade da iniciativa privada e o livre jogo de mercado. O autor seguia à risca o principio de divisão internacional do trabalho, que seria vantajoso aos países que se especializassem em produzir e exportar aqueles produtos em que sua produtividade era maior. Recomenda uma política de austeridade econômica, considerando o crescimento dos meios de pagamentos, a alta dos preços e a inflação os principais problemas a ser enfrentada por uma reformulação da política monetária, citando a redução do volume de obras e investimentos do governo federal.
Do ponto de vista teórico, Simonsen propunha um avanço mais acentuado da industrialização por meio da proteção tarifária e com base na infraestrutura proporcionada pelo Estado, porém seus conhecimentos de economia com ciência eram precários, sua posição tinha mais a ver com a esfera política, o que deu a Gudin, em todas as etapas do debate uma superioridade “técnica”. Em relação ao Banco Central, Simonsen defendeu que fosse um órgão coordenador da economia e do desenvolvimento, enquanto para Gudin a única função seria garantir liquidez na economia, para a inflação, o segundo advogou a posição monetarista, o excesso dos meios de pagamento deve ser enxugado, já para Roberto, embora fosse causada pela emissão de moeda, a inflação não estava alta devido aos baixos níveis salariais.
Simonsen indicou uma serie de problemas que eram obstáculos para o crescimento industrial, como o sistema inadequado de transportes, faltam recursos para investimentosindustriais, restrições ao capital estrangeiro, além de que, segundo ele: 
"O padrão de vida do brasileiro também estava aquém do ideal. O índice de consumo médio do brasileiro era 25 vezes menor do que o americano. O baixo nível de renda poderia causar problemas sérios de longo prazo. “A prevalecer o lento ritmo observado em nosso progresso material, estaríamos irremediavelmente condenados, em futuro próximo, a profundas intranquilidades sociais.” (SIMONSEN; GUDIN, 2010, p. 44). 
Assim para evitar tais problemas, propôs:
“Impõe-se, assim, a planificação da economia brasileira em moldes capazes de proporcionar os meios adequados para satisfazer as necessidades essenciais de nossas populações e prover o país de uma estruturação econômica e social, forte e estável, fornecendo à nação os recursos indispensáveis a sua segurança e a sua colocação em lugar condigno na esfera internacional.” (SIMONSEN; GUDIN, 2010, p.44).
Tal relatório foi enviado à Comissão de Planejamento Econômico e Eugênio Gudin foi incumbido a comentar sobre ele. Como dissera anteriormente, ele parte para a crítica citando o New Deal como fracassado e demonstra ceticismo quanto à possibilidade de que o planejamento econômico seja eficiente. Argumenta que tal planejamento era essencialmente mercantilista, em contraposição, o Laissez-faire é a negação do plano, onde o papel do Estado deve ser limitado porque a complexidade do sistema econômico aumentava à medida que a economia crescia, logo era melhor deixar que os mercados se regulassem.
Gudin acreditava que a economia brasileira estava em pleno emprego, por isso o deslocamento de mão de obra, da agricultura para a indústria, faria com que houvesse ineficiência. Também argumentou que medidas mais severas podem frear a inflação de forma mais eficiente, além de que escolhas arbitrarias também levam a ineficiência. Com isso seria mais eficiente melhorar a produtividade 
Simonsen concorda que a produtividade é importante, entretanto, afirma que os países desenvolvidos obtiveram seu grau de desenvolvimento ao diversificar sua estrutura de produção.
“Ora, não é possível assemelhar a estrutura econômica de países fortemente aparelhados e de produção diversificada industrial e agrícola, com a dos que exploram poucos produtos e, ainda estes, de natureza “colonial”. Essa é uma das causas da nossa permanente insuficiência e insegurança econômicas.” (SIMONSEN; GUDIN, 2010, p.132).
Apesar de a discussão ser teórica, Simonsen acusou Gudin de ignorar o papel da industrialização no desenvolvimento dos países, acima de tudo, o New Deal não foi um fracasso, pois tinha importância não só econômica, mas também social.
Por fim, Gudin encerrou sua participação com uma carta à comissão, criticando a postura de Simonsen, também afirmou que em nenhum momento ele quis declarar a indústria nacional como algo ruim, que deve haver diversificação da estrutura produtiva e o aumento da produtividade deveria ser a principal preocupação do país.
Em comparação, as argumentações de ambos os autores demonstraram as profundas transformações estruturais que o Brasil vinha sofrendo, que fica de base de conhecimento que se estrutura no país a partir do enfrentamento de seus próprios problemas. Tal conflito político e ideológico da inicio a um processo de formação de uma personalidade do pensamento econômico brasileiro.
Referências bibliográficas 
MARIGONI, G. Simonsen versus Gudin, a controvérsia pioneira do desenvolvimento In: Desafios do Desenvolvimento. Brasília: IPEA, Edição 73, Ano 9, 2012. 
SIMONSEN, R.; GUDIN, E. A controvérsia do planejamento na economia brasileira (3ª edição). Brasília: IPEA, 2010.
TEIXEIRA, A.; MARINGONI, G.; GENTIL, D. L. Desenvolvimento: o debate pioneiro de 1944-1945. Brasília: IPEA, 2010.

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