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Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Campus Virtual Atividade de avaliação a distância Unidade de Aprendizagem: História Econômica Curso: Ciências Econômicas Professor Tutor: Rosa Beatriz Madruga Pinheiro Data: 23/10/2020 Orientações: Procure o professor sempre que tiver dúvidas. Entregue a atividade no prazo estipulado. Esta atividade é obrigatória e fará parte da sua média final. Encaminhe a atividade via Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA). 1. Leia o texto de Gordon Childe sobre a agricultura como atividade econômica: A economia agrícola “mesmo em sua forma mais simples, proporciona uma oportunidade e um motivo para o acúmulo de um excedente. Uma colheita não deve ser consumida imediatamente. Os grãos devem ser conservados e protegidos, de forma a durarem até a próxima colheita, por todo um ano. E uma parte de cada colheita deve ser posta de lado para servir de semente. Os animais que tenham sido protegidos laboriosamente contra a estação seca não devem ser abatidos e devorados indiscriminadamente. As cabras e vacas mais novas devem ser poupadas e criadas para proporcionar leite e aumentar o rebanho. Quando tais ideias passam a predominar, a produção e acumulação de um excedente são mais fáceis para os produtores de alimentos do que para os coletores. O excedente assim reunido ajudará a atender a comunidade durante as estações más, constituirá uma reserva contra secas e fracassos da colheita. Servirá para manter uma população crescente. Por fim, poderá constituir uma base de comércio.” CHILDE, G. A evolução cultural do homem. São Paulo: Zahar, 1975. 228 p. A partir dessas considerações e dos conhecimentos que você adquiriu no estudo sobre a economia na Antiguidade, elabore um texto dissertativo, relacionando os aspectos da formação de excedentes agrícolas e do desenvolvimento do comércio na Idade Antiga. (3,0 pontos) Inicialmente, destaco que a agricultura compreende a produção de plantas, animais, a pesca e a produção de mel. No período da Pré-História a agricultura não era praticada, tendo em vista que o planeta possuía um clima muito mais frio e instável do que agora e essa atividade era extremamente dependente dos fatores climáticos. Todavia, a partir de 10.000 anos atrás, o clima do planeta mudou, fazendo com que os grupos humanos iniciassem o processo da domesticação de plantas e animais, ocorrendo assim, o surgimento da agricultura em diversos lugares do mundo. A agricultura mudou a vida das pessoas, pois os grupos deixaram de se deslocar por longas distâncias para caçar e coletar alimentos e começaram a construir cidades, assim, verifica-se que a revolução agrícola destruiu formas de existência anteriores. É importante ressaltar que a produção de alimentos provocou uma grande transformação nos grupos humanos, pois com a sedentarização e o aumento populacional foi possível produzir muitos alimentos e o que não era consumido passou a chamar-se excedente de produção, e assim, pela primeira vez ocorreu a formação de excedentes agrícolas, ou seja, excedente de alimentos a ser armazenado que decorreu da realidade ditada pela natureza, tendo em vista que os grãos produzidos ficavam maduros de uma só vez, mas deveriam ser consumidos lentamente, em refeições distribuídas pelo ano todo. Ainda, parte da colheita era utilizada como semente na próxima semeadura. Deste modo, os grupos humanos começaram a planejar e a poupar os alimentos, bem como começou a construir silos para armazenar os grãos. O desenvolvimento da agricultura também fez surgir o conceito de propriedade que levou à necessidade de definir lotes e áreas, contar rebanhos, medir a produção agrícola, etc. Essas necessidades provocaram o surgimento da escrita, com isso, ocorreu o início da primeira globalização que consiste na difusão de produtos e culturas características de uma região para todas as outras partes do mundo, com o estabelecimento da agricultura como a principal atividade econômica dos grupos humanos. Destaco que com o desenvolvimento da prática agrícola, as comunidades humanas procuraram as regiões mais férteis, normalmente, ao longo de rios com planícies inundáveis, e deste modo, surgiram as primeiras civilizações: gregos, egípcios, mesopotâmios, chineses, indianos, entre outros. Ainda, a respeito do excedente agrícola, é importante destacar que ele passou a ser comercializado, fazendo surgir uma nova classe, os comerciantes. Portanto, as civilizações supracitadas tinham como principais atividades econômicas: a agricultura e o comércio. Durante o surgimento da escrita, ocorreu o estabelecimento de um intenso comércio em diversas partes do mundo. Todavia, na Idade Antiga, o comércio internacional era inexpressível. Só houve o estabelecimento de uma relação comercial com a civilização mesopotâmica e com os fenícios que passaram a estabelecer portos comerciais em diversos pontos da Europa. 2. Leia com atenção o texto abaixo e depois responda: Como estudamos na unidade de aprendizagem, Portugal e Espanha foram os dois primeiros estados nacionais modernos a serem constituídos. Depois deles, a França e Inglaterra conseguiram sua unificação e também constituíram estados nacionais. Assim, cada um destes países buscou sua forma de expandir-se economicamente, moldado nos princípios mercantilistas. A Inglaterra, por exemplo, apesar de ter iniciado tardiamente sua expansão marítima, utilizou diversas estratégias eficientes para atingir seu desenvolvimento econômico. Com base neste cenário, responda: a) Relacione os principais fatores econômicos que foram decisivos para o pioneirismo industrial inglês. Os principais fatores que foram decisivos para o pioneirismo industrial inglês foram: a existência de vastos capitais obtidos do comércio de produtos orientais, da agricultura e da produção e comércio de produtos manufaturados; a grande oferta de matérias-primas industriais, provenientes da agricultura e da mineração; a grande oferta de mão de obra, proveniente do crescimento populacional; a existência de mercado consumidor, já que as relações de trabalho industriais eram assalariadas; e a existência de uma sociedade liberal, mais flexível do que os regimes absolutistas que predominavam nos demais países europeus. Mesmo iniciando a sua expansão marítima tardiamente, a Inglaterra foi o país que mais acumulou riquezas durante a época mercantilista (séculos XV, XVI, XVII), tendo em vista que enfatizou a balança comercial favorável, o industrialismo e o protecionismo. Deste modo, Londres tornou-se o principal centro financeiro do mundo, pois canalizava capitais do comércio de produtos orientais, do comércio de produtos de sua crescente indústria, da produção agrícola e comércio de seus excedentes, bem como da produção mineral nacional. Consequentemente houve o aumento da disponibilidade de alimentos, bem como um crescimento populacional considerável. Cabe destacar que a área rural inglesa era fornecedora de alimentos e fibras, gerando uma grande quantidade de matérias-primas industriais. Devido a sua produção industrial, a Inglaterra obteve grandes lucros na atividade comercial, comprando matérias-primas das colônias e de suas metrópoles e vendendo produtos manufaturados com maior valor agregado. Ainda, ao contrário dos demais países europeus, a Inglaterra tinha poder aquisitivo para consumir produtos manufaturados e dispunha das principais matérias-primas necessárias à industrialização, como: lã, minério de ferro e carvão; algodão. Como consequência do crescimento populacional, a Inglaterra disponha de uma oferta de mão de obra abundante e barata. Igualmente, disponha de um imenso mercado consumidor interno, fruto da elevação do padrão de vida dos habitantes das áreas rurais, que constituíam a maioria da população e que estavam dispostos a consumir produtos manufaturados de ótima qualidade.A sociedade inglesa desse período era mais liberal do que a sociedade de outros países europeus, e o Liberalismo contribuiu para o desenvolvimento da indústria. Cabe destacar que no século XVII ocorreu o fim do absolutismo monárquico inglês, que também favoreceu à industrialização, pois aumentou a influência política da burguesia, segmento da sociedade que foi um dos principais patrocinadores da indústria na Inglaterra. Ainda, o desenvolvimento da indústria na Inglaterra também contou com uma forte intervenção estatal nas decisões econômicas. b) Além dos fatores apresentados (na questão a), que outro aspecto da economia inglesa, ausente na França e na Espanha, foi fundamental para acelerar seu processo industrial? Explique: (3,0 pontos) Além dos fatores citados na letra “a)”, cabe destacar que a distribuição de riqueza menos desigual do que em países como França e Espanha foi fundamental para acelerar o processo de industrialização da Inglaterra. Esses dois países citados, apesar de serem donos de um mercado interno potencialmente maior, possuíam um baixo poder aquisitivo, e isto deve-se ao fato de que nesses países grande parte da renda estava concentrada nas mãos de uma pequena parte da população. Do contrário desses países, a Inglaterra tinha uma riqueza nacional per capita que lhe deixava recursos disponíveis para financiar sua industrialização, bem como a população tinha poder aquisitivo para consumir produtos, tendo em vista que distribuição de riqueza não era fortemente concentrada nas mãos de parte da população. 3. As mudanças econômicas, que as sociedades humanas passaram em todo período de exploração de seu ambiente, estão relacionados às mudanças no pensamento econômico. Estas levaram as sociedades ocidentais a vivenciar desde o pensamento paternalista cristão até o individualismo capitalista. Assim, antes do estabelecimento do capitalismo como modo de produção predominante, aspectos de nossa economia considerados comuns não existiam. Atividades comerciais, hoje presentes em quase todas as regiões e sociedades do planeta, se desenvolveram modernamente após o final da Idade Média. As relações de trabalho apresentaram perfis muito distintos do moderno, onde os trabalhadores são remunerados pela venda de seu trabalho. Diante disso, e com base nos seus estudos, explique como ocorreu, a partir do surgimento da camada de mercadores, o processo de evolução das relações de trabalho para a venda da força humana. (4,0 pontos) Na Pré-História o regime de trabalho era o igualitário, onde o trabalho era dividido entre os membros de um grupo, de acordo com a idade e o sexo. Durante a Idade Antiga, houve a mudança nas relações de trabalho. Os grupos humanos passaram do trabalho igualitário para a servidão coletiva e o escravismo. Na servidão coletiva os meios de produção (a terra, as ferramentas agrícolas, as sementes etc.) pertenciam apenas ao governante, e assim, as pessoas utilizavam esses bens sob a condição de prestar trabalhos coletivos sempre que solicitado. Essa forma de trabalho predominou nas civilizações antigas (Egito, Mesopotâmia, China), onde as pessoas não eram escravas, mas cada família de agricultores era obrigada a ceder alguns de seus membros para os trabalhos. A servidão coletiva também é conhecida como trabalho compulsório e era utilizado para a construção de canais de irrigação e para a construção das cidades e pirâmides. Esse tipo de trabalho é aquele em que o trabalhador é recrutado involuntariamente e do qual não pode se retirar se assim o desejar, sem ficar sujeito à possibilidade de uma punição. O trabalho escravo foi o sistema predominante na Grécia e em Roma, até o século V d.C. O modo de produção escravista surgiu na Grécia clássica e, posteriormente, foi assimilado pelo império romano. As atividades braçais cabiam somente aos escravos que recebiam em troca de seu trabalho apenas alimentos, vestuário e moradia, pois eram vistos como meras ferramentas de trabalho. A escravidão era a forma de trabalho padrão em todas as províncias romanas. Com a queda do Império Romano, iniciou-se a Idade Média, período em que surgiu outro modo de produção de riquezas: o Feudalismo que teve seu auge do século V ao XI. Esse sistema era baseado na relação pessoal entre servos e senhores feudal. Os trabalhadores não eram escravos, mas também não eram livres. Eles não recebiam salários por seu trabalho, recebiam apenas a possibilidade de plantar e criar animais próprios em algum lugar da propriedade, precisavam trabalhar a terra para garantir seu alimento e dos senhores e guerreiros. O desenvolvimento tecnológico agrícola na Idade Média trouxe transformações econômicas que culminou com o final do Feudalismo. No início do século XV, ocorreu o surgimento de novas relações, que foram chamadas de Mercantilismo e conjunto de práticas políticas estatais que conduziram a economia para o Capitalismo comercial. Nesse período houve um acentuado crescimento populacional e das cidades, e assim, surgiram novas formas de trabalho, pois o crescimento dos centros urbanos (Renascimento Comercial e Urbano) criou uma especialização do trabalho rural e do trabalho urbano. Como consequência, ocorreu o aumento da produção de bens manufaturados, tendo em vista que havia mão de obra disponível nas cidades que por estarem cada vez mais povoadas, dependiam das áreas rurais para a obtenção de comida e de boa parte da matéria-prima utilizada nas manufaturas. Assim, os senhores feudais passaram a depender das cidades para comprar produtos manufaturados. Nesse ínterim, surgiu um novo tipo de trabalhador: o mercador que era responsável pelo transporte de mercadorias entre o feudo e as cidades. Cabe ressaltar que durante o Feudalismo, as atividades econômicas se mesclavam em uma mesma pessoa. Todavia, no final da Idade Média, com o crescimento urbano e das manufaturas ocorreu a especialização do trabalho, os agricultores passaram a exercer apenas a atividade agrícola, os artesãos apenas confeccionavam os produtos e os vendiam para os mercadores que tornaram-se componentes importantes da sociedade da época. Com o tempo, a especialização aumentou e cada mercador passou a trabalhar com apenas alguns produtos. Destaco que nesse sistema, o mercador-capitalista adquiria a matéria-prima que era fornecida ao mestre artesão que era remunerado em moeda, e os produtos eram comercializados pelos mercadores. Também, nesse período, surgiu uma camada de pessoas totalmente desprovidas de capital e de bens de produção e que só possuíam sua força de trabalho (venda da força humana de trabalho), característica muito forte das relações de trabalho capitalista. Assim, em vez de vender o produto acabado para os mercadores, os artesãos passaram a vender sua força de trabalho para os mercadores capitalistas que, no final da Idade Média, detinham todo o processo produtivo manufatureiro. O desenvolvimento do Capitalismo inicia-se concretamente a partir da época do renascimento comercial, no final da Idade Média. Esse sistema subdividiu-se em fases, dentre as quais destaco: o Pré-capitalismo, o Capitalismo Comercial e o Capitalismo Industrial. O Pré-capitalismo e o Capitalismo Comercial representou a primeira fase e surgiu no final do século XV, marcando o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna e durou até o século XVIII, quando desponta a Revolução Industrial. O capitalismo comercial foi empregado nas colônias da América, África e Ásia, locais onde a metrópole buscava riquezas e produtos nas novas terras. Nessa época, como consequência do expansionismo marítimo europeu, houve o ressurgimento de uma relação de trabalho com o retorno da escravidão dos povos africanos em moldes capitalistas. A colonização portuguesa na América do Sul teve como um de seus pilares a implantação do trabalho escravo africano. Por outro lado, a colonização espanhola na Américado Sul, Central e do Norte se baseou na exploração do trabalho indígena. A coroa espanhola não adotou a escravidão propriamente dita, mas adotou outras modalidades de trabalho compulsório (repartimiento e encomienda). Uma diferença entre o Pré-capitalismo e o Capitalismo Comercial é que no primeiro não se generalizou o trabalho assalariado, ou seja, não vendiam o seu trabalho e no segundo, generaliza-se o trabalho assalariado. O Capitalismo Industrial corresponde a segunda fase do capitalismo e surgiu com a Revolução Industrial no século XVIII e se consolida com a Segunda Revolução Industrial em meados do século XIX e início do XX. Neste período, o trabalho assalariado se instala, separando claramente os possuidores dos meios de produção e o exército de trabalhadores, ocorre uma nova forma de divisão social do trabalho, bem como o surgimento da classe operária (proletariado) e dos sindicatos. Cabe destacar que nessa fase, a classe operária (assalariada) era explorada nas fábricas, com condições precárias de trabalho (quantidade de horas de trabalho e os baixos salários que recebiam), assim, as desigualdades sociais cresceram exponencialmente. Isto deve-se ao fato da ampla disponibilidade de pessoas para o trabalho, associada ao liberalismo que permitia grande exploração dos trabalhadores, que recebiam salários extremamente reduzidos. Nesse período, não haviam leis trabalhistas e os empregadores poderiam pagar qualquer salário aos funcionários, bem como podiam exigir extensas jornadas de trabalho, empregar mulheres e crianças pagando menos ainda. Todavia, o proletariado percebeu que estavam em maior número e, juntos, poderiam ser capazes de lutar para melhorar sua situação, ou seja, lutar por melhores condições de trabalho e direitos trabalhistas. Com o desenvolvimento da indústria moderna, o Capitalismo foi-se transformando e assumindo características mais próximas do sistema atual, como o trabalho assalariado, a formação de classes sociais e a regulação pelo mercado. https://www.todamateria.com.br/divisao-social-do-trabalho/
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