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PLANO DE AULA 4 DIREITO PENAL III

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SEMANA 4
Crimes contra a honra
Conceito de Honra.
Honra é o conjunto de qualidades físicas morais e intelectuais de um ser humano, que o fazem merecedor de respeito no meio social e promovem sua autoestima
Disponibilidade para fins de atipicidade da conduta.
A honra é um bem jurídico disponível. Assim sendo, o consentimento do ofendido, se prévio, emanado de pessoa capaz e livre de qualquer tipo de coação ou fraude, exclui o crime, como por exemplo o comerciante que autoriza o credor a chamá-lo de "ladrão" se não vier a pagar a dívida dentro do prazo.
Distinção entre honra objetiva e subjetiva.
Honra objetiva é a reputação, aquilo que os outros pesam a respeito do cidadão no tocante a seus atributos físicos, intelectuais, morais etc. Honra subjetiva é o sentimento de cada um a respeito de seus atributos físicos, intelectuais, morais e demais dotes da pessoa humana. Enquanto a honra subjetiva é o sentimento de que temos a respeito de nós mesmos, a honra objetiva é o sentimento alheio incidido sobre nossos atributos.
 
Calúnia - Art. 138
Bem jurídico tutelado
Tutela a honra objetiva, ou seja, a reputação do indivíduo.
Elementos do tipo
Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).
Elemento normativo: "FALSAMENTE" ao contrário dos descritivos, seu significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...
Elemento subjetivo: há somente o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e consciente de caluniar a vítima, imputando-lhe a prática de fato definido como crime, de que o sabe inocente). Todo doutrina entende que exige-se um especial fim de agir (elemento subjetivo específico do tipo), consistente na intenção de macular a honra alheia.
 
Exigindo seriedade na conduta do agente, não incide no crime (inexistindo dolo) aquele que age com intenção de brincar (animus jocandi), aconselhar (animus consulendi), narrar o fato, próprio da testemunha (animus narrandi), corrigir (animus corrigendi) ou defender direito (animus defendendi).
Sujeitos do delito. 
SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, em regra qualquer pessoa pode praticar. Excepcionalmente não podem ser autores pessoas que desfrutam de inviolabilidade (senadores, deputados, vereadores, estes nos limites do município em que exercem a vereança). O advogado (art. 7º, § 2º da Lei 8.906/94) não está imune ao delito de calúnia. 
SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa, inclusive, majoritariamente os inimputáveis. também majoritariamente entende-se que a pessoa jurídica pode ser sujeito passivo da calúnia, como por exemplo imputar falsamente um crime ambiental (arts. 3º e 21 a 24 da Lei 9605/98).
Consumação e tentativa.
Consumação – o momento consumativo ocorre quando a imputação falsa chega ao conhecimento de um terceiro que não a vítima.
	
	
Tentativa - admite-se a tentativa, desde que a forma não seja verbal.
Classificação doutrinária
Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado naturalístico para a consumação, isto é, não exige dano à reputação do ofendido); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO (o resultado opera-se de forma imediata, sem se prolongar no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE quando praticado por escrito (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta) ou CRIME UNISSUBSISTENTE quando praticado de forma verbal (praticado com um único ato). 
Exceção da verdade no crime de calúnia (art. 138, § 3º).
Visto que a falsidade da imputação é elemento constitutivo da calúnia, sem a qual o tipo não se perfaz, o suposto caluniador poderá arguir, em sua defesa, a exceção da verdade, isto é, que atribuiu fato verdadeiro. Afinal, uma vez provada a veracidade da imputação, exclui-se a própria tipicidade da alegada calúnia.
Confronto entre os delitos de calúnia e denunciação caluniosa.
Para caracterizar a denunciação caluniosa (art. 339 do CP) não basta a imputação falsa de crime, mas é indispensável que em decorrência de tal imputação seja instaurada investigação policial ou processo judicial. A simples imputação falsa de fato definido como crime constitui calúnia.
JURISPRUDÊNCIA, STJ, CORTE ESPECIAL
AÇÃO PENAL Nº 574 - BA (2009/0107351-2) RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMON AUTOR : A C DE A AUTOR : J S M ADVOGADO : JOAO DANIEL JACOBINA BRANDÃO DE CARVALHO RÉU : A F T ADVOGADO : LUCAS PINTO CARAPIÁ RIOS EMENTA PROCESSUAL PENAL – CRIMES CONTRA A HONRA – QUEIXA-CRIME – ARTS. 138, CAPUT , 139, CAPUT E 140, CAPUT , DO CÓDIGO PENAL – DELITOS DE CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA – JUÍZO DE DELIBAÇÃO – JUSTA CAUSA DEMONSTRADA. 1. O agente que atribui falsamente a terceiros a prática de fatos criminosos incorre na prática do delito de calúnia. Dolo específico que, em juízo de delibação da exordial acusatória, revela-se demonstrado. 2. Imputação de fatos desabonadores e ofensas que, em juízo de admissibilidade da exordial acusatória, demonstram-se aptos a atingir a reputação profissional e a honra do ofendido. 3. Queixa-crime recebida em parte.
Difamação - Art.139
Bem jurídico tutelado
Tutela a honra objetiva, isto é, a reputação do indivíduo, a sua boa fama.
Elementos do tipo
Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).
Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...
Elemento subjetivo: há somente o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e consciente de difamar o ofendido imputando-lhe a prática de fato desonroso). Todo doutrina entende que exige-se um especial fim de agir (elemento subjetivo específico do tipo), consistente na intenção de macular a honra alheia.
 
Exigindo seriedade na conduta do agente, não incide no crime (inexistindo dolo) aquele que age com intenção de brincar (animus jocandi), aconselhar (animus consulendi), narrar o fato, próprio da testemunha (animus narrandi), corrigir (animus corrigendi) ou defender direito (animus defendendi).
Sujeitos do delito. 
SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar. 
SUJEITO PASSIVO – qualquer pessoa, inclusive, majoritariamente, a pessoa jurídica.
Consumação e tentativa.
Consumação – o momento consumativo ocorre quando um terceiro, que não o ofendido, toma conhecimento da imputação ofensiva à reputação.
	
	
Tentativa – admite-se a tentativa, desde que a forma não seja verbal.
Classificação doutrinária
Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado naturalístico para a consumação, isto é, não exige dano à reputação do ofendido); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE(pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO (o resultado opera-se de forma imediata, sem se prolongar no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE quando praticado por escrito (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta) ou CRIME UNISSUBSISTENTE quando praticado de forma verbal (praticado com um único ato). 
Exceção da verdade no crime de difamação - funcionário público no exercício de suas funções - art. 139, Parágrafo Único. 
Excepcionalmente o legislador autoriza nos casos em que o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Semelhanças e dessemelhanças entre calúnia e difamação.
 
As semelhanças: ambas lesam a honra objetiva do sujeito passivo, imputam fatos e necessitam chegar ao conhecimento de terceiro para consumar-se.
As dessemelhanças: natureza do fato imputado, isto é, na calúnia é fato definido como crime, enquanto na difamação a imputação é de fato ofensivo à reputação do ofendido, depreciativo do seu apreço social, mas não é fato criminoso. Na calúnia há elemento normativo do tipo indispensável (falsidade), já na difamação é de regra irrelevante, salvo quando se tratar de funcionário público (art. 139, PU, CP)
JURISPRUDÊNCIA
INFORMATIVO 491, STJ (5ª TURMA) 
ADVOGADO. CRIME DE DIFAMAÇÃO. AUSÊNCIA TEMPORÁRIA DO MAGISTRADO DA SALA DO INTERROGATÓRIO.
O paciente responde à ação penal pelo crime de difamação, por ter afirmado, ao peticionar em processo judicial em que atuava como advogado, que a juíza do feito, ainda que temporariamente, ausentou-se do interrogatório do seu cliente, deixando de assinar o referido ato. Ciente dessa manifestação, a juíza ofereceu representação ao Ministério Público Federal, requerendo que fossem tomadas as medidas criminais cabíveis, originando-se a denúncia pelo crime de difamação. A Turma concedeu a ordem de habeas corpus para trancar a ação penal por atipicidade da conduta do paciente, por não ter sido caracterizado o animus difamandi,consistente no especial fim de difamar, na intenção de ofender, na vontade de denegrir, no desejo de atingir a honra do ofendido, sem o qual não se perfaz o elemento subjetivo do tipo penal em testilha, impedindo que se reconheça a configuração do delito. Precedentes citados: APn 603-PR, DJe 14/10/2011, e APn 599-MS, DJe 28/6/2010. HC 202.059-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 16/2/2012.
Injúria - Art.140 
Bem jurídico tutelado
Tutela a honra subjetiva. 
Dignidade é o sentimento próprio a respeito dos atributos morais do cidadão. Decoro é o sentimento próprio a respeito dos atributos físicos e intelectuais da pessoa humana
Elementos do tipo
Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).
Elemento normativo: NÃO HÁ ao contrário dos descritivos, seu significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano. Aparecem em expressões como “sem justa causa”, “indevidamente”, “documento”, “funcionário público”, “dignidade”, “decoro” ...
Elemento subjetivo: há somente o elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e consciente de
Sujeitos do delito. 
SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar. 
SUJEITO PASSIVO – as pessoas que têm a capacidade de compreender as ofensas contra ela proferidas, ou seja, ter consciência de estar sendo atacada na sua dignidade. A pessoa jurídica, por não possuir honra subjetiva, não pode ser sujeito passivo do crime de injúria.
Consumação e tentativa.
Consumação – o momento consumativo ocorre quando a ofensa à dignidade e o decoro chega ao conhecimento da vítima.
	
	
Tentativa – admite-se a tentativa, desde que a forma não seja verbal.
Classificação doutrinária
Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que exige resultado naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação), porém pode ser praticado por OMISSÃO (na figura do auxílio); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME INSTANTÂNEO (o resultado opera-se de forma imediata, sem se prolongar no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta). 
Espécies: simples, real, discriminatória.
Art. 140, caput (injúria simples)
Art. 140, § 2º (injúria real)
Art. 140, § 3º (injúria qualificada)
Perdão Judicial.
Art. 140, § 1º, I e II. Trata-se de causa de extinção da punibilidade, conforme art. 107, IX, do CP.
Semelhanças e dessemelhanças entre calúnia, difamação e injúria. 
Semelhanças: entre calúnia e injúria praticamente inexiste semelhança, a não ser o procedimento para o processo penal (art. 519 e ss. do CPP). Entre difamação e injúria reside na não exigência do elemento normativo falsidade (exclusiva da calúnia), pois nesses dois crimes é irrelevante que a conduta desonrosa do agente ativo seja falsa ou verdadeira.
Dessemelhanças: na calúnia e na difamação imputa-se fato, enquanto na injúria a conduta do agente limita-se à emissão de conceitos depreciativos, sem imputar, objetivamente, a autoria de qualquer fato. 
Disposições gerais aos crimes contra a Honra
Pedido de explicações em Juízo. Art. 144 do Código Penal.
É medida de ordem cautelar e só se justifica na hipótese de ofensas equívocas.
INFORMATIVO Nº 525
Pedido de Explicações - Inocorrência de Ofensas Equívocas – Inadmissibilidade (Transcrições)
PROCESSO - Pet - 4444
INFORMATIVO Nº 624
Explicações em Juízo (CP, art. 144) - Natureza e Finalidade - Competência (Transcrições)
PROCESSO - HC - 107370
Retratação. Art. 143 do Código Penal.
Retratar-se significa retirar o que foi dito. É causa de extinção da punibilidade (art. 107, VI, CP). Tem natureza subjetiva, ou seja, não se comunica aos demais querelados que não se retrataram. Só é cabível na calúnia e na difamação e desde que seja antes do juiz proferir a sentença, não se tratando de decisão irrecorrível. É preciso que seja cabal, isto é, total, abrangendo tudo que foi dito pelo ofensor.
Art. 143, Parágrafo Único .  Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.      (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015)
A retratação em regra dispensa a concordância do ofendido. Porém, a Lei 12.188/15 (dispõe sobre o direito de resposta) acrescentou o parágrafo único ao art. 143 e, de acordo com o novo dispositivo legal, nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação será, se assim entender o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.
INFORMATIVO 657, STF, (2ª TURMA)
Retratação e crime de calúnia
A 2ª Turma indeferiu habeas corpus em que alegada ausência de justa causa para a ação penal em virtude de retratação por parte do acusado, nos termos do art. 143 do CP. Na espécie, o paciente fora denunciado pela suposta prática do crime de calúnia (CP, art. 138), com a causa de aumento de pena prevista no art. 141, II, do CP (“contra funcionário público, no exercício das funções”), porquanto imputara a magistrado o delito de advocacia administrativa ao deferir reiterados pedidos de dilação de prazo à parte contrária. Salientou-se que a retratação seria aceitável nos crimes contraa honra praticados em desfavor de servidor ou agentes públicos, pois a lei penal preferiria que o ofensor desmentisse o fato calunioso ou difamatório atribuído à vítima à sua condenação. Porém, reputou-se que, no caso, não houvera a retratação, uma vez que o paciente apenas tentara justificar o seu ato como reação, como rebeldia momentânea, ao mesmo tempo em que negara ter-se referido ao juiz em particular.
HC 107206/RS, rel. Min.Gilmar Mendes, 6.3.2012. (HC-107206)
Exclusão do crime. Art. 142 do Código Penal. 
São causas especiais de exclusão da ilicitude e por expressa previsão legal aplicam-se somente à injúria e à difamação.
Causas de aumento. Art. 141 do Código Penal.
ART. 141, II, CP - CRIME CONTRA HONRA DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO e DESACATO - De acordo com BITENCOURT se a ofensa é proferida na presença ou diretamente ao funcionário público, no exercício da função ou em razão dela, o crime deixa de ser contra a honra para tipificar o desacato. DAMÁSIO entende que a ofenda praticada na presença do ofendido constitui desacato, em sua ausência , crime contra honra majorado.
ART. 141, III, CP - na presença de várias pessoas devem existir no mínimo três, não ingressando no cômputo o ofendido e o coautor ou partícipe. Para ser computada é preciso que a pessoa tenha capacidade de entender a ofensa. assim, não podem ingressar no cômputo, por exemplo, as crianças, que no momento do fato não tenham condições de entender o caráter ofensivo à honra do sujeito passivo.
ART. 141, IV, CP - somente se aplica quando o sujeito tinha conhecimento da idade ou da peculiar condição da vítima. A ressalva final "exceto no caso de injúria" visa evitar o bis in idem, pois praticá-la contra pessoa idosa ou portadora de deficiência física incorre no crime de injúria qualificada.
Ação Penal nos crimes contra a Honra. Art. 145 do Código Penal. Questões controvertidas: a ação penal de iniciativa pública condicionada, nos casos de injúria real, injúria discriminatória e quando perpetradas contra a honra do Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro.
A ação penal de iniciativa privada é a regra nos crimes contra a honra, contudo, há exceções. 
Será de ação pública incondicionada quando na injúria real, ou seja, quando da injúria resulta lesão corporal (art. 145, caput, parte final). Se resultar vias de fato a ação continua ser de iniciativa privada.
Será pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça nos crimes contra a honra do presidente da república ou de chefe de governo estrangeiro (art. 145, PU, 1ª parte). 
No tocante ao crime contra honra de funcionário público, em razão de suas funções públicas (art. 141, II, CP), necessário se faz observar a súmula 714 do STF:
É CONCORRENTE A LEGITIMIDADE DO OFENDIDO, MEDIANTE QUEIXA, E DO MINISTÉRIO PÚBLICO, CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO, PARA A AÇÃO PENAL POR CRIME CONTRA A HONRA DE SERVIDOR PÚBLICO EM RAZÃO DO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES.
 
No caso de injúria qualificada (art. 140, § 3º) a ação será pública condicionada à representação.
JURISPRUDÊNCIA
INFORMATIVO 557, STJ, (5ª TURMA)
DIREITO PENAL. POSSIBILIDADE DA PRÁTICA DE CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA POR MEIO DA DIVULGAÇÃO DE UMA ÚNICA CARTA.
É possível que se impute de forma concomitante a prática dos crimes de calúnia, de difamação e de injúria ao agente que divulga em uma única carta dizeres aptos a configurar os referidos delitos, sobretudo no caso em que os trechos utilizados para caracterizar o crime de calúnia forem diversos dos empregados para demonstrar a prática do crime de difamação. Ainda que diversas ofensas tenham sido assacadas por meio de uma única carta, a simples imputação ao acusado dos crimes de calúnia, injúria e difamação não caracteriza ofensa ao princípio que proíbe o bis in idem, já que os crimes previstos nos arts. 138, 139 e 140 do CP tutelam bens jurídicos distintos, não se podendo asseverar de antemão que o primeiro absorveria os demais. Ademais, constatado que diferentes afirmações constantes da missiva atribuída ao réu foram utilizadas para caracterizar os crimes de calúnia e de difamação, não se pode afirmar que teria havido dupla persecução pelos mesmos fatos. De mais a mais, ainda que os dizeres também sejam considerados para fins de evidenciar o cometimento de injúria, o certo é que essa infração penal, por tutelar bem jurídico diverso daquele protegido na calúnia e na difamação, a princípio, não pode ser por elas absorvido. RHC 41.527-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 3/3/2015, DJe 11/3/2015.

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