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Psicologia Aplicada ao Direito - Aula 6 - Família

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1 
 
 
Universidade Estácio de Sá – Campus Resende 
Disciplina: Psicologia Aplicada ao Direito 
Prof.: Ciro Ferreira dos Santos 
 
 
 
AULA 06 - A FAMÍLIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES. UM BREVE HISTÓRICO TIPOS 
DE FAMÍLIAS 
A família é, em princípio, o primeiro grupo ao qual o ser humano pertence. 
 
A família, enquanto instituição, pode ser entendida como uma construção social que varia ao 
longo da história da humanidade. 
 
A família é, em princípio, o primeiro grupo ao qual o ser humano pertence. 
 
A família, enquanto instituição, pode ser entendida como uma construção social que varia ao 
longo da história da humanidade. 
 
Na civilização romana antiga, a consanguinidade (o parentesco biológico) não era necessária 
para o pertencimento à família. Se partirmos da família patriarcal, observaremos que esta 
não era composta apenas de marido, mulher e filhos. Ela se caracterizava como família 
extensa e poderia incluir parentes, criados, escravos, e todos aqueles que vivessem sob o 
comando do patriarca. 
 
Até a Idade Média, o casamento era um contrato articulado pelos pais dos noivos para servir 
de base a alianças entre as famílias. O pai da jovem transferia a tutela de sua filha para o 
marido, sem que a existência de amor e a possibilidade de escolha fossem consideradas. 
 
O sentimento de família, como nós o conhecemos, começou a ser desenvolvido a partir do 
século XVI. Antes disso, a família não era entendida como um espaço privado. 
 
Supremacia do patriarcado permaneceu por vários séculos. A partir da Revolução Francesa 
os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade e o respeito à singularidade de cada um na 
rede social ganharam força e o patriarcado foi lentamente entrando em declínio. 
 
Individualismo - é um conceito que exprime a afirmação e a liberdade do indivíduo frente a 
um grupo, à sociedade ou ao Estado. O exercício da liberdade individual implica, 
necessariamente, na possibilidade de fazer escolhas e por elas se responsabilizar. 
 
O casamento por amor foi se estabelecendo como o desejável e, entre os séculos XVIII e 
XIX, o amor romântico se torna o ideal de casamento e deu sustentação ao casamento 
monogâmico e à família nuclear burguesa, ou seja, aquela composta por pai, mãe e filhos. 
 
Com a modernidade e o crescimento do individualismo, amor, sexualidade e casamento se 
associaram. Um novo ideal de conjugalidade fez do casamento o lugar de promessa de 
felicidade onde o amor e a sexualidade são condições fundamentais. 
 
 
 
2 
 
No final do século XIX e início do século XX - passamos de uma sociedade repressiva para 
uma sociedade mais permissiva. 
 
Início do declínio do modelo patriarcal no meio doméstico - a relação entre pais e filhos se 
modificou. O domínio do homem neste terreno se enfraqueceu e a mulher se consagrou 
como “rainha do lar”. Espaço privado passou a ser o território feminino, enquanto o espaço 
público se consolidou como território masculino. 
 
Invenção da maternidade - quando se exaltou a importância da mãe na criação dos filhos. 
 
A criança tornava-se propriedade exclusiva da mãe, havendo praticamente um 
desconhecimento do pai no início de sua vida. 
 
A família se firmou como base de sustentação da sociedade. A família patriarcal evoluiu e 
deu lugar à família caracterizada como um grupo vinculado pelo afeto. 
 
A família moderna passou a ser compreendida como uma entidade socioafetiva que tem o 
dever de afeto entre os seus membros. 
 
Base para o processo de socialização da criança, bem como as tradições e os costumes 
perpetuados através de gerações. 
 
A família tornou-se responsável pela garantia da ordem e pela formação educacional e 
afetiva de sua prole. 
 
Até meados do século passado, era desejado que o amor, e consequentemente, o 
casamento, durassem para sempre e se sustentassem em projetos comuns. 
 
Trocava-se uma parcela de felicidade por segurança 
 
A inserção da mulher no mercado de trabalho e as possibilidades por ela adquiridas de 
controle da natalidade contribuíram para o declínio progressivo do patriarcado. 
 
Pode-se dizer que a estrutura familiar tradicional foi redefinida com a diluição da supremacia 
do homem no contexto familiar. 
 
As exigências atuais do individualismo pressionam os parceiros no sentido da ruptura de uma 
relação que não se encaixe nos moldes considerados ideais. 
 
A contemporaneidade produz a crença de que a conjugalidade não deve interferir na 
individualidade e, cada vez mais, os indivíduos parecem acreditar que não se deve abrir mão 
do prazer em nome da estabilidade da relação conjugal. 
 
Alguns autores: 
 
Feres-Carneiro - os ideais individualistas de relação conjugal enfatizam mais a autonomia e a 
satisfação de cada cônjuge do que os laços de dependência entre eles. Ehrenberg - estimula-
se a busca de prazer constante, o que, paradoxalmente, resulta em uma experiência de 
insuficiência e fracasso. Bauman - hoje, vive-se uma espécie de modernidade líquida, fluida 
 
 
3 
 
e com um consumismo exacerbado. A exacerbação do individualismo e a cultura do 
descartável repercutem na conjugalidade e na parentalidade. 
 
Família Patriarcal e o machismo 
 
A palavra machismo está associada ao sistema patriarcal (sistema familiar e social ensinado 
na Bíblia, no Alcorão e em outros livros também religiosos). Nesse sistema, o pai é o líder da 
família sob todos os aspectos. Já a palavra feminismo está associada a movimentos anti-
patriarcalistas e ao sistema matriarcal (sistema mais ou menos teórico em que a mãe é a 
líder da família). Alguns historiadores dizem existir indícios de que o matriarcado já teria 
existido em algumas tribos da região africana (uma das regiões mais subdesenvolvida do 
mundo). De qualquer modo, o sistema matriarcal é utilizado por algumas espécies de 
animais. A mais famosa é a hiena, onde matriarcas (fêmeas) disputam o poder a força e 
comandam pequenos grupos. No Brasil, as feministas dizem que só querem igualdade. Mas, 
os adeptos do patriarcalismo acham que elas querem inverter a ordem natural das coisas e 
dominar sobre os homens. 
 
 
 
Tipos de famílias 
 
• Nuclear - família padrão, dita tradicional. Pais casados morando com seus filhos 
biológicos. 
 
• Monoparental - é aquela em que apenas um dos pais de uma criança arca com as 
responsabilidades de criar o filho. Podem ser beneficiadas por uma rede de apoio social e 
afetiva, ou seja, pela presença de pessoas significativas, sejam da família extensa, amigos 
ou membros da comunidade, com os quais possam manter relações afetivas. 
 
• Família recomposta ou família reconstituída - define-se pela presença, no lar, de 
filhos provenientes de uniões anteriores de um ou de outro cônjuge, ou seja, uma pessoa 
que já tem uma família leva seus filhos, oriundos desta família, para conviverem com a sua 
nova relação, que pode também já ter filhos. Não existe uma família recomposta típica. 
 
 
 
4 
 
• Famílias homoafetivas - colocam em questão o modelo tradicional fundado na 
reprodução biológica e a heterossexualidade do casal, pois as crianças não nasceram de sua 
união sexual. 
 
 
 
 
A opção por não constituir família (eu sozinho) - o casamento contemporâneo não 
necessariamente envolve um projeto de filiação e descendência e vem crescendo o número 
de casais que optam por não ter filhos. Há muita estigmatização e pressão social sofrida por 
casais que optam por não ter filhos. 
 
 
 
Caso Concreto 
1 - Adaptado STJ -REsp nº 889.852 - RS (2006/0209137-4) -Decisão proferida em 2009 
Um casal formado por duas pessoas do mesmo sexo vivendo em união há muitos anos, 
decidiu que uma das companheiras vai ingressar com processo judicial para requerer a 
adoção dos menores J.M. e H.M, irmãos biológicos, que foram adotados judicialmente desde 
o nascimento, pela outra companheira.É importante destacar, a qualidade do vínculo e do 
afeto que permeia o meio familiar em que se insere as crianças e o o saudável vínculo 
existente formado entre as crianças e o casal. Em realidade existe dupla maternidade desde 
o nascimento das crianças e não há qualquer prejuízo em suas criações. 
Questiona-se: 
A - Mediante a leitura do caso acima, identifique o tipo de família e responda se a 
configuração dessa família é reconhecida como entidade familiar? Fundamente. 
B - A opção sexual da requerente é fator impeditivo para que tenha êxito na obtenção da 
adoção das crianças? Fundamente. 
C - Na evolução da família brasileira ao longo dos anos, o modelo da família patriarcal cedeu 
lugar ao modelo da família contemporânea, quais as diferenças significativas entre um 
modelo e outro? 
 
 
5 
 
Gabarito: 
A - Família homoafetiva decorrente da relação entre pessoas de igual sexo a Constituição 
Federal de 1988 deu nova configuração a família que passou a ser uma comunidade fundada 
na igualdade e no afeto (art 226 CRFB/88), mesmo não sendo a tradicional família nuclear, a 
família contemporânea é aquela que se une pelo amor mútuo entre seus membros, essa 
comunidade formada é uma entidade familiar. 
B - Não há legislação expressa sobre a adoção por homoafetivos, a opção sexual não deve 
impedir a adoção, essa opção não é o que qualifica ou desqualifica quem quer adotar, o 
judiciário apreciará se há ou não, prejuízo no âmbito psicológico-emocional para a criança de 
cuja adoção se cogita, não existindo , e ao contrário, existindo maior segurança, maior 
amparo e maior afeto, a opção sexual não é motivo para que seja negado o pedido de 
adoção. A filiação não é somente aquela que deriva dos laços consanguíneos , é a que deriva 
do amor e da convivência, como é o caso da filiação socioafetiva. O princípio constitucional 
da igualdade já seria suficiente para afastar qualquer forma de discriminação quanto aos 
homossexuais. A recusa à adoção por homossexuais deve estar fundamentada em motivos 
reais e não em meras suposições. Negar a possibilidade de adoção entre pares 
homossexuais é sublinhar o preconceito velado para com os diferentes. 
C - A diferença significativa entre as famílias constituídas no passado e no modelo atual, 
residem na isonomia entre o casal , a mulher passou a exercer o poder familiar, deixou de 
ser uma mera colaboradora nos encargos familiares, essa mudança de paradigma refletiu na 
filiação, no modelo passado só eram reconhecidos os filhos havidos pelo casamento, no 
modelo atual todos os filhos são reconhecidos, a instituição familiar tem base na igualdade e 
afetividade, os laços consanguíneos não são preponderantes, as diversidades de famílias 
existentes ampliaram a possibilidade de todos terem direito à uma família. 
Questões objetivas 
1. Marque a resposta correta: 
Família é o núcleo de pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de 
tempo mais ou menos longo e que se acham unidas (ou não) por laços consanguíneos. As 
novas famílias brasileiras vêm, paulatinamente, ganhando espaço em nossa realidade social. 
Mario e João se conheceram, se envolveram afetivamente e resolveram morar juntos. Este é 
um exemplo de família 
a. ( ) informal 
b. ( ) mononuclear 
c. ( ) homoafetiva 
d. ( ) nuclear 
e. ( ) recomposta 
 
 
6 
 
Gabarito: Letra “C” 
2. Sobre a família, é INCORRETO afirmar que: 
a) a relativa autonomia da organização familiar é determinada por uma complexa interação 
de diversos fatores que vão desde as formas peculiares de organização interna do grupo 
familiar, aos aspectos socioeconômicos e culturais que o circunscrevem; 
b) considerando-se a universalidade do modelo de família burguesa, a dominação e a 
repressão, naturais e inevitáveis, são encontradas em todas as formas de organização 
familiar; 
c) existem padrões internos que diferenciam as famílias das diferentes classes sociais, assim 
como padrões que diferenciam formas familiares diferentes dentro de uma mesma classe 
social; 
d) além da reprodução biológica a família promove também sua própria reprodução social; 
e) não se trata de algo natural, biológico, mas, de uma instituição criada pelos homens em 
relação, que se constitui de formas diferentes em situações e tempos diferentes, para 
responder às necessidades sociais. 
Gabarito: Letra “B”

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