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MICROBIOLOGIA INDUSTRIAL Prof. Reinaldo Bastos Curso de Biotecnologia Ementa Formulação de meios de cultura para fermentação. Manutenção de culturas. Testes de rendimento e seleção. Monitoramento de micro-organismos durante processosMonitoramento de micro-organismos durante processos fermentativos. micro-organismos e processos de produção de etanol, ácidos orgânicos, proteínas,aminoácidos, enzimas, antibióticos, solventes, polissacarídeos e lipídeos. Programação 1) Introdução a processos microbiológicos industriais 2) Bioquímica microbiana, formulação de meios de cultura e tipos de micro- organismos de interesse industrial 3) Balanços de massa e energia nos cultivos microbianos 4) Estequiometria, balanço do grau de redução dos substratos, requerimento de nutrientes e oxigênionutrientes e oxigênio 5) Cinética dos processos microbiológicos 6) Monitoramento dos processos fermentativos, cálculo de velocidades de transformação, produtividade e rendimento 6) Tecnologia das fermentações (cultivos submersos e em estado sólido) 7) Fermentações industriais (produção de etanol, ácidos orgânicos, proteínas, antibióticos, polissacarídeos, lipídios e tratamento biológico de resíduos) Avaliações: 17/10 e 05/12/2013 (90% da nota final) + trabalho extra-classe Bibliografia Bibliografia Borzani et al. Biotecnologia Industrial: Fundamentos, Vol. I - IV, Ed. Edgard Blücher, 2001. Bailey & Ollis. Biochemical Engineering. 2ª ed. 1986, Ed. McGraw-Hill. New York. Doran, P. Bioprocess Engineering Principles. Academic Press. 5a. ed. 2000. Levenspiel, O. Engenharia das reações químicas. Edgar Blücher Ltda. 2000. Shuler & Kargi. Bioprocess Engineering - Basic Concepts. Prentice Hall International Series. 1992. Aiba, Humphrey & Milis. Biochemical Engineering. Academic Press. 1965. Crueger & Crueger. Biotecnologia: Manual de Microbiologia Industrial. Editorial Acribia. 1993. Roels, J.A. Energetics and kinetics in biotechnology. Elsevier Biomedical Press. 1983. Rhodes & Fletcher. Principios de Microbiologia Industrial. Editorial Acribia. 1969. Stanbury, P.F.; Whitaker, A. & Hall, S. Principles of Fermentation Technology. Elsevier Science. 2003. Definições � Engenharia Bioquímica/Bioengenharia: campo de atividade multidisciplinar de aplicação das ciências da engenharia (cinética, termodinâmica e fenômenos de transporte) nos processos biotecnológicos, os quais envolvem micro-organismos e/ou enzimas � Biorreatores (fermentador, dorna): recipientes onde ocorrem reações bioquímicas, ou � Biorreatores (fermentador, dorna): recipientes onde ocorrem reações bioquímicas, ou seja, catalisadas por enzimas ou envolvendo crescimento de micro-organismos. � Processos submersos: processos biotecnológicos onde o biocatalisador (enzimas ou micro-organismos) encontram-se em suspensão num meio líquido. Normalmente são consideradas biorreações numa única fase (homogêneos) � Processos em estado sólido: envolvem o crescimento de micro-organismos na ausência de água livre, utilizando-se suportes sólidos (processo heterogêneo) � Processos com catalisadores imobilizados: biorreações com enzimas ou micro- organismos confinados num espaço físico definido (processo heterogêneo) Definições e terminologia � Fermentação: processo bioquímico de catabolismo, ou seja, conversão anaeróbia de compostos orgânicos complexos tais como carboidratos em moléculas mais simples tais como alcoóis e ácidos orgânicos. Ex: fermentação alcoólica/etanólica; ou seja, processo de conversão anaeróbia da glicose em etanol realizado principalmente por Saccharomyces cerevisiaeSaccharomyces cerevisiae � Substrato (mosto): compostos que são consumidos para obtenção de energia nos cultivos microbianos � Produto: moléculas produzidas devido ao metabolismo microbiano; encontram-se no vinho (mosto fermentado) e vinho delevurado (sem micro-organismos) � micro-organismos: metabolismo heterotrófico (aeróbio ou anaeróbio) ou autotrófico Engenharia Bioquímica/Bioengenharia Microbiologia Industrial Louis Pasteur Alexander FlemingMaud Menten Leonor Michaelis Jacques Monod Engenharia Bioquímica/Bioengenharia Microbiologia Industrial James Watson & Francis Crick Walter Borzani - EP/USP Vitalis Moritz - EQ/UFRJ Histórico � 6000 a.C. : Bebidas alcoólicas no Egito � 4000 a.C. : Pão, queijo e iogurte � 1150 d.C. : Produção de vinagre a partir de vinhos � Século XIV: Estabelecimento da indústria de vinagre � 1700: Invenção do microscópio por Antonie von Leeuvenhoek �1789: Lavoisier demonstra que a fermentação produz etanol e CO�1789: Lavoisier demonstra que a fermentação produz etanol e CO2 � 1810: Gay-Lussac propõe balanço de massa da produção de etanol a partir de glicose � 1837: Erxleben, De La Tour, Schawnn & Kützing demonstram que as leveduras são causadoras da fermentação � 1857: Pasteur descobre que as leveduras são seres vivos � 1894: Obtenção de culturas puras de leveduras por Hansen, Müller-Thurgau & Wortman � 1897: Buchner descobre que extrato de leveduras apresenta a propriedade de transformar açúcar em etanol – Marco Inicial da Bioquímica � 1900: Produção de diversos bioprodutos (acetona, glicerol, butanol e ácido cítrico) Histórico � 1928: Descobrimento da penicilina por Fleming � 1945: Engenharia Bioquímica - Descoberta de diversos antibióticos - Produção industrial da penicilina- Produção industrial da penicilina - Desenvolvimento de reatores com sistema de aeração e assepsia � 1975 aos tempos atuais - Desenvolvimento da engenharia genética e técnicas de biologia molecular - Utilização de micro-organismos engenheirados - Engenharia metabólica: aumento do rendimento dos processos biotecnológicos por mudanças nas reações/rotas metabólicas existentes ou inclusão de novas rotas através da técnica de DNA recombinante Estágios cronológicos da microbiologia industrial Estágio Produtos principais Processo Seleção de micro-organismos Pré 1900 Álcool Vinagre Batelada, em tanques de madeira e cobre Batelada, barris e bandejas Culturas puras usadas primeiramente na cervejaria Calsberg em 1886 Fermentações inoculadas com vinagre 1900 – 1940 Levedura de panificação, ácido cítrico, ácido láctico e acetona Batelada e sistemas semi-contínuos em tanques de aço de centenas de metros cúbicos Uso de culturas puras láctico e acetona 1940 – dias atuais Penicilina e outros antibióticos, aminoácidos, nucleotídeos, enzimas Tanques mecanicamente aerados, operados assepticamente, com eletrodos de pH e oxigênio, processos contínuos e em batelada Seleção programada de micro- organismos e mutações 1964 – dias atuais Proteínas unicelulares a partir de resíduos Tanques pressurizados, configurações para contornar problemas de transferência de calor, processos contínuos com reciclos Linhagens geneticamente modificadas 1979 – dias atuais Proteínas heterólogas e anticorpos monoclonais Fermentadores adaptados para células animais com sensores de controle Introdução de genes em células microbianas e animais (técnica do DNA recombinante) Distribuição das Empresas de Biotecnologia por Segmentos de Mercado Multinacionais Instrumentação Distribuição de Empresas de Biotecnologia por Região Distribuição de Empresas de Biotecnologia por Estado Análise e monitoramento de processos industriais Balanço de massa CentrífugaSubstatos Água (A) Biomassa CO2 Cuba Biorreator Água (A) Biomassa Inóculo Meio contendo os produtos Produto final Estequiomentria Análise e monitoramento de processos industriais Cinética Análise e monitoramento de processos industriais CÉLULASMICROBIANAS O que são? Como trabalham? Como podemos modificá-las e adaptá-las? Como podemos equacionar o seu trabalho em processos industriais? ���� Parâmetros de transformação ���� Balanços de massa e energia���� Balanços de massa e energia ���� Equações cinéticas e reatores Exemplos de aplicações industriais de micro-organismos Agentes de fermentação em diversos processos Leveduras na produção etanol Fungos filamentosos na produção de enzimas, ácido cítrico, antibióticos Diversas bactérias na indústria de alimentos, farmacêutica e tratamento Diversas bactérias na indústria de alimentos, farmacêutica e tratamento de efluentes Produção de single-cell protein Leveduras, fungos filamentosos e microalgas Fixadores de nitrogênio na agricultura Bactérias do gênero Rhizobium Controle biológico de pragas Produção de vacinas Exemplos de micro-organismos e produtos obtidos � Leveduras do gênero Saccharomyces: para bebidas alcoólicas e etanol � Acetobacter sp. : produção de vinagre � Aspergillus niger : ácido cítrico, amiloglicosidase� Aspergillus niger : ácido cítrico, amiloglicosidase � Lactobacillus: ácido lático, bebidas lácteas � Propionibacterium: cianocobalamina (B12) � Penicillium chrysogenum : penicilina G � Xanthomonas campestris: goma xantana � Corynebacterium glutami: glutamato monossódico � Escherichia coli e Bacillus megaterium: penicilina G acilase (E.C. 3.5.1.11) Exemplos de micro-organismos e produtos obtidos � A venda de antibióticos movimentou R$ 760 milhões no Brasil, representando 40% dos medicamentos consumidos � Na safra 2010/2011 foram produzidos no Brasil 27,6 bilhões de litros de álcool (8 bilhões de litros de anidro e 19,6 de hidratado), contra 60 bilhões de litros nos EUA � Ácido cítrico: 1,4 milhão ton/ano � Ácido acético: 5 milhões ton/ano Critérios para a escolha de micro-organismos de interesse industrial � Características nutricionais (projeto do meio de cultivo) � Condições físico-químicas adequadas para instalação industrial (pH, temperatura, aeração, agitação) � Elevada rendimento dos substratos nos produtos de interesse industrial (baixa produção de substâncias incompatíveis) �Adequação do micro-organismo com o equipamento � Estabilidade do micro-organismo micro-organismos engenheirados Obtenção de um produto microbiano ou enzimático Conhecimento prévio do catalisador Enzima: - Estrutura e estabilidade no armazenamento- Estrutura e estabilidade no armazenamento micro-organismo: Forma de preservação da cultura - congelado com crioprotetores - liofilização - repiques em slants - criotubos (esporos) Isolamento, preservação e propagação de micro- organismos de interesse industrial � National Collection of Type Cultures (NCTC) – London, UK � American Type Culture Collection (ATCC) – Rockville/MD, USA � Deutsche Sammlung von Mikroorganismen und Zelkulturen (DSM) – Braunschweig, � Deutsche Sammlung von Mikroorganismen und Zelkulturen (DSM) – Braunschweig, Germany �Collection Nationale de Cultures de Microorganisms (CNCM) – Institute Pasteur, Paris, France �Japan Collection of Microorganisms (JCM) – Saitama, Japan � Fundação Tropical de Pesquisas e Tecnologia André Tosello – Campinas, Brasil Inóculo Escalonamento do inóculo em fase laboratorial × A cultura pura adquirida vai sendo sucessivamente escalonada para volume maiores de mosto esterilizado, na proporção aproximada de 1: 5, aumentando gradativamente o teor de açúcar fermentescível a fim de adaptar a levedura a pressões osmóticas crescentes De acordo com STANBURY et al. (2003), os cinco principais grupos de “fermentações” industriais mais importantes são: Obtenção de um produto microbiano ou enzimático � processos em que o produto é a própria massa microbiana � produção de enzimas microbianas � produção de metabólitos microbianos � obtenção de produtos recombinantes � biotransformação ou bioconversão de compostos micro-organismo (fase biótica) Cinética do crescimento do micro-organismo Obtenção de um produto microbiano ou enzimático � Cinética do crescimento do micro-organismo � Escolha das fontes de carbono e nitrogênio, adição de sais (enxofre, fósforo) e micronutrientes (vitaminas) � Determinação experimental ou teórico dos rendimentos e produtividades � Meios de cultivo complexas � Fontes típicas Soro do queijo, extrato de levedura, água de maceração de milho Obtenção de um produto microbiano ou enzimático Soro do queijo, extrato de levedura, água de maceração de milho � Fontes sintéticas : custo maior Ex: Glicose, glicerol, sulfato de amônia, aminoácidos, vitaminas puras, solução de sais inorgânicos , hidrolisados protéicos Autotróficos: CO2 (anabolismo) Heterotróficos: fontes orgânicas (catabolismo) Obtenção de produtos microbianos Produtos da redução microbiana de piruvato: A) ácido láctico (Streptococcus, Lactobacillus) B) Clostridium propionicum C) Leveduras, Acetobacter, Zymomonas D) Clostridia E) Klebsiella F) Leveduras G) Bactérias do ácido butírico H) Bactérias do ácido propiônico Obtenção de produtos microbianos Relações entre as rotas metabólicas principais e o metabolismo secundário Estudo cinético Cinética de crescimento do micro-organismo � Cinética de consumo dos substratos e formação dos produtos Condições de cultivo:Condições de cultivo: - pH - temperatura - concentração limitada de substratos e nutrientes Carbono, nitrogênio, fósforo, enxofre, potássio, cálcio, magnésio, sódio, zinco, ... Relações C/N e N/P - disponibilidade de oxigênio - efeito de inibidores �Cinética de consumo de substrato Determinação experimental (empírica) ou teórica de YX/S Estudo cinético �Cinética de formação do produto � Associada (YP/X) � Não associada pH Temperatura Inibição Produção de metabólitos primários ou secundários Estudo cinético Escolha do tipo de reator Biocatalisador livre ou imobilizado? Superfície (líquido ou semi-sólido) ou submerso? - Submerso: forma de agitar o líquido Fluxo tubular? Se imobilizado, em leito fixo ou fluidizado? Mistura? - Agitação mecânica (maioria dos casos para dissolução dos gases e mistura dos sólidos) - Outras configurações Fluxo em vórtice Fluidizado Air-lift Confinados entre membranas Escolha do tipo de reator Escolha do tipo de operação � Descontínua – Flexível, bom controle do produto por lote, baixa contaminação, baixa produtividade (altos tempos mortos)produtividade (altos tempos mortos) � Contínua – Alta produtividade, risco de contaminação e mutação, difícil controle de qualidade � Semi-contínua – Ocorre em tanques grandes descontínuos – Permite manter baixa concentração de nutrientes (evita repressão catabólica) Separação do produto Separação entre meio de cultura (caldo de fermentação) e micro-organismos (filtração e centrifugação) Se o produto é biomassa ?– Se o produto é biomassa ? – Produto intracelular ? – Produto extracelular ? Relação entre o preço de venda e a concentração do bioproduto após as etapas de downstream Fornecimento de O2 - Aeróbio restrito, aeróbio facultativo e anaeróbio - O2 : aceptor final de elétrons nos cultivos aeróbios - Submerso: borbulhamento de ar (difusão e aeração forçada) - Superfície (apenas difusão) Solubilidade de oxigênio em água pura e 1atm Solubilidade de oxigênio em água pura e 1atm de pressão de ar (0,209atm de O2) Esterilização de meios e equipamentos � Esterilização: – Vapor úmido (mínimo 20 minutos/120°C ) e seco (acima de 150 °C ) – O aumento da temperatura e do tempo aumenta a perdade nutrientes termo sensíveis (vitaminas) – Binômio tempo-temperatura– Binômio tempo-temperatura � Pasteurização (eliminação de patogênicos) 62°C/30 minutos ou 75oC/15 segundos - Desinfecção - Filtração Processos não térmicos (UV, micro-ondas, alta pressão, fluidos supercríticos, aplicação de campos elétricos/magnéticos) Processo Químico Típico Preparo Reação Reagentes Matéria-prima Separação Estocagem Produtos Subprodutos Efluentes BioprocessoBioprocesso típicotípico Células Preparo Biorreação Preparo do inóculo Esterilização Meio de Cultura upstream Produtos Subprodutos Efluentes Recuperação e Purificação de Bioprodutos downstream Comparação entre processos químicos e Comparação entre processos químicos e bioquímicosbioquímicos Características Reator Químico Biorreator Concentração, Pressão não diluída, Alta diluída, Baixa Temperatura -100 a 1200°C 15 a 40 °C Acidez, Alcalinidade Extremo Pequena faixaAcidez, Alcalinidade Extremo Pequena faixa (Valor de pH) (3 a 8) Taxa de reação Alta Baixa Tempo de vida do meses, anos geralmente curto catalisador Seletividade freqüentemente alta moderada a baixa Reator sistemas pequenos e compactos alto, volumoso Produtividade Alta Baixa Modo de operação contínuos, descontínuos especialidades descontínuos Escalas de biorreatores � Até 1 a 2 m3 : micro-organismos patogênicos, crescimento de células animais e vegetais e bioprodutos ligados à área de saúde (vacinas)saúde (vacinas) � 10 a 100 – 200 m3 : Produção de enzimas, antibióticos e vitaminas � Até milhares de m3 : Processos que não exigem muita assepsia (fermentação alcoólica, tratamento biológico de resíduos) Escalas de biorreatores Desafio Escalonamento de Processos Escala Processo Fase do Volume da Concentração produto fermentação do produto Etanol L Larga variação 7 - 12% Polissacarídeos L+S 40 - 200 m3/ bat 3% Ácidos orgânicos S 50 - 250 m3/ bat 10% Escala de produção de vários processosEscala de produção de vários processos L a r g a Penicilina G, V L 40 - 200 m3/ bat 3 - 5% Cefalosporina L 50 - 200 m3/ bat 3% Estreptomicina L 40 - 200 m3/ bat 1,5% Enzimas extracelulares L 10 - 200 m3/ bat 0,05 - 1% Enzimas intracelulares S 40 - 100 m3/ bat << 0,1% Glucose isomerase S 40 - 200 m3/ bat 3 - 5% Vitamina B12 S 40 - 100 m3/ bat 0,005% M é d i a P e q u e n a Propagação do inóculo e escala de produção industrial Propagação do inóculo e escala de produção industrial Exemplo de processo microbiológico industrial Produção de biomassa Processo de fabricação de levedura de panificação 6% açúcares 25-30ºC/ 24-48 horas ar filtrado e esterilizado
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