Buscar

Direitos Humanos Contra a Pena de Morte (Grupo 9)

Prévia do material em texto

UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA 
CAMPUS: Chácara Santo Antonio 
 
Prof. Carlos Marcatto 
 
 
D I R E I T O S H U M A N O S 
 
A ERA DO DIREITO - Norberto Bobbio 
 
Capítulo 9: Contra a Pena De Morte 
 
 
 
 
GRUPO 9 
Maele Camargo de Lucena..................D3851H-0 
Karen Christine Gomes........................N15185-4 
Kelly Aparecida da Mota.....................N1475G-0 
Alessandra Lopes.................................B3520E-0 
Rosimeire Nascimento Amadio............T4167F-6 
Lucas Marcolino..................................D50FEH-0 
Diego Noronha Ferreira.......................T3787C-2 
Leonardo Pereira................................N16676-2 
 
TURMA: DR2S40/DR2Q40/DR1Q40 
 
NORBERTO BOBBIO 
CONTRA A PENA DE MORTE 
 
 
 
0. INTRODUÇÃO 
 
Neste artigo Bobbio faz uma análise histórica dos argumentos contra e a favor 
da pena de morte. Ele mostra como essa evolução aconteceu a partir da discussão 
de alguns filósofos sobre a função da pena. 
 
Não vamos falar sobre o Bobbio, porque os grupos anteriores já deram muito bem a 
sua biografia...TODOS SABEMOS JÁ QUEM FOI BOBBIO. 
 
Neste trabalho a idéia é expor um pouco das ideias de Norberto Bobbio sobre a 
Pena de Morte, ou mais precisamente sobre SER CONTRA a pena de morte. 
 
 
Também queremos deixar claro que não vamos aqui iniciar nenhum debate sobre a 
pena de morte, (ATÉ PORQUE ESTA DISCUSSÃO NÃO COMEÇOU ONTEM E 
CERTAMENTE NÃO TERMINARÁ AMANHÃ) mas apenas queremos trazer 
um pouco das ideias de Bobbio sobre o tema, sejam a favor, e ele trouxe vários 
personagens que são a favor, ou visceralmente contra, e ele também nos trouxe 
alguns personagens com argumentos neste sentido. 
 
Chama a atenção neste artigo de Bobbio um relato que ele faz sobre Robespierre, 
herói e líder máximo da revolução francesa, (era ADVOGADO!!!) que tocou o 
horror durante a revolução, assassinando e mandando matar milhares de 
adversários, e que se revelou mais tarde ser contra a pena de morte....e que por 
ironia, mais tarde também foi mandado para a guilhotina. 
 
Se voltarmos no tempo e examinarmos o longo período da historia da raça humana, 
mais que milenar, teremos de reconhecer — quer isso nos agrade ou não — que o 
debate sobre a aplicação (ou não) da pena de morte mal começou. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. ANTIGUIDADE E IDADE MÉDIA 
 
Bobbio inicia seu artigo dizendo que esta discussão mal começou, pois 
durante muitos séculos, a questão da pena de morte sequer foi colocada. 
Para exemplificar o pensamento dessa época ele cita Platão, no livro as Leis, 
no qual o filósofo grego diz em certo momento, se referindo aos homicidas, que 
eles devem “necessariamente pagar a pena natural”, algo como sofrer as mesmas 
consequências do que fizeram. 
Neste ponto, é introduzido o primeiro argumento a favor da pena de morte 
e um dos mais usados até hoje, o da reciprocidade ou concepção retributiva. Diz 
ele, que por conta dessa doutrina, durante todo o período que compreende a 
Antiguidade e a Idade Média, a pena de morte foi considerada não somente 
legítima, mas até mesmo “natural”. E tão pouco foi considerada um problema, 
mesmo para a religião. 
 
 
 
2. ILUMINISMO 
 
 Somente no Iluminismo teria ocorrido um debate amplo sobre a licitude da 
pena de morte. Cesare Beccaria, aristocrata italiano e considerado um dos 
principais representantes do Iluminismo Penal, enfrenta seriamente o problema e 
oferece alguns argumentos utilitaristas para contestar a eficácia da pena de morte. 
 Partindo do pressuposto que a pena possui uma função exclusivamente de 
intimidação, ele propõe dois princípios: (1) o da infalibilidade, no qual a certeza de 
ser punido pesa mais do que a severidade da pena; e (2) o da extensão, que diz que 
a intimidação não nasce da intensidade, mas da duração da pena. 
 Além destes argumentos, Beccaria também insere em seu estudo uma 
perspectiva contratualista, dizendo que por meio do contrato social os homens 
criam leis para se protegerem, e por isso, é inconcebível que o direito a vida fique a 
cargo dos seus semelhantes. 
 Por influência deste debate iniciado por Beccaria, foi aprovada a primeira lei 
penal que aboliu a pena de morte: a lei toscana de 1786. 
 
 
 
3. ROUSSEAU, KANT e HEGEL 
 
 Apesar do sucesso das ideias de Beccaria, a pena de morte não foi extinta 
nos países civilizados e tampouco a causa da abolição predominou entre os 
filósofos da época. 
 Anos antes, Rousseau já havia refutado o argumento contratualista ao 
dispor em sua mais conhecida obra a noção de que o direito a própria vida 
confiado ao Estado serviria não para destruí-la, mas para garantir a proteção 
contra o ataque dos outros. 
 Kant e Hegel, voltam seus argumentos para a doutrina da reciprocidade 
advinda da Antiguidade e Idade Média, e chegam a conclusão que a pena de morte 
é até mesmo um dever. 
 Kant acredita que a função da pena não é prevenir delitos, mas 
simplesmente fazer justiça, ou seja, fazer com que haja uma perfeita 
correspondência entre o crime e o castigo: “Se ele matou, deve morrer... Não há 
nenhuma compensação entre o delito e a punição, salvo a morte juridicamente 
infligida ao criminoso”. 
 Hegel afirma que o delinquente não só deve ser punido com uma pena 
correspondente ao crime cometido, mas tem o direito de ser punido com a morte, 
já que somente a punição o resgata, tornado o criminoso “honrado”. 
 
 
 
4. A DEFESA DE ROBESPIERRE 
 
Enquanto os maiores filósofos da época continuavam a defender a legitimidade 
da pena de morte, coube a Robespierre, o maior responsável pelo terror e 
crueldade durante a Revolução Francesa, defender a abolição da pena de morte, 
anos antes em um famoso discurso à Assembleia Constituinte. 
 Em primeiro lugar ele refuta o argumento da intimidação, afirmando não 
ser verdade que a pena de morte seja mais intimidadora do que as outras penas, 
dando o exemplo do Japão, que na época aplicava severas penas e, no entanto, 
permanecia com altos níveis de criminalidade. Em seguida apela para a 
irreversibilidade dos erros judiciários e mostra que a suavidade das penas é prova 
de civilização, enquanto a crueldade é característica dos povos bárbaros. 
 
 
 
5. EFEITOS DO DEBATE 
 
Apesar da persistência e predominância das teorias a favor da pena de 
morte, o debate produziu efeitos, como a limitação dessa pena a alguns crimes 
graves, eliminação de suplícios e supressão de execução pública. 
Hoje a maioria dos Estados que conservam a pena de morte a executam com 
discrição e buscam torná-la o mais possível indolor. 
Esses elementos levantam um forte argumento contra a função intimidatória 
da pena de morte, pois seus efeitos tentam ser cada vez mais obscurecidos. 
Do que se disse até o momento, é evidente que os argumentos pró e contra 
dependem quase sempre da concepção que os debatedores tem da função da pena. 
A concepção retributiva, utilizada entre aqueles que são a favor da pena de 
morte, repousa em uma ética da justiça como igualdade, na qual está implícita a 
ideia de que é justo que quem realizou uma má ação seja atingido pelo mesmo mal. 
A função preventiva, defendida pelos abolicionistas, segue uma ética 
utilitarista ao questionar a utilidade da força intimidatória da pena. Ao 
desencorajar, com a ameaça de um mal, as ações consideradas danosas pelo 
ordenamento jurídico, a pena de morte só se justificaria se pudesse demonstrar que 
sua força de intimidação é maior do que qualquer outra pena. 
 Reduzidos a seus termos mais simples, os dois raciocínios opostos poderiam 
ser resumidos nestas duas afirmações: para uns, “a pena de morte é justa”; para 
outros, “a pena de morte não é útil”. Justa, para os primeiros, independentemente 
de sua utilidade. Não útil, para os segundos, independentemente de qualquer 
consideração de justiça.6. A CRÍTICA DE BOBBIO 
 
Bobbio critica o argumento da força de intimidação utilizado pelos 
abolicionistas. Segundo ele, a ideia de que a pena de morte teria menos força 
intimidatória do que a pena de trabalhos forçados era, na época, uma afirmação 
fundada em opiniões pessoais. 
Por isso, a comparação entre dados de criminalidade em diferentes períodos 
e lugares com ou sem pena de morte se faz necessária para compreender o 
fenômeno. No entanto, diz ele, nenhuma dessas pesquisas forneceu resultados 
inteiramente convincentes porque outras variáveis de maior peso, como por 
exemplo a certeza da pena ou os meios de investigação, deveriam ser levadas em 
consideração. Ele questiona, no caso, o que teria contribuído mais para a derrota 
do terrorismo na Itália: o agravamento das penas ou o melhoramento dos meios 
para descobrir os terroristas? Sem isolar essas variáveis, fica praticamente 
impossível chegar a uma conclusão confiável sobre os efeitos intimidatórios da 
pena de morte. 
Diante dos resultados incertos obtidos por esse tipo de análise, tem-se 
buscado refúgio nas pesquisas de opinião. No entanto, como bem colocado por 
Bobbio, em matéria de bem e de mal, o princípio da maioria não vale, já que as 
pesquisas de opinião estão sujeitas as mudanças de humor das pessoas, que 
reagem emotivamente diante dos fatos. 
Mas talvez o ponto mais grave do argumento dos abolicionistas em função 
da força da pena reside no fato de que, caso fosse possível mostrar de modo 
irrefutável que a pena de morte tem um poder de dissuasão maior do que de 
outras penas, ela deveria ser mantida. Sendo assim, seria um erro fundar a tese da 
abolição apenas neste argumento utilitarista. 
 Outros pontos fracos levantados por Bobbio são referentes a 
irreversibilidade da pena, pois os antiabolicionistas podem sempre retorquir que a 
pena capital, precisamente por sua gravidade e irremediabilidade, deva ser 
aplicada somente em casos de certeza absoluta de culpa; e sobre as recaídas, no 
caso de um condenado liberado voltar a praticar crimes. 
 
 
 
7. A POSIÇÃO DE BOBBIO 
 
 Por fim, em vista de sua crítica, Bobbio conclui que aos abolicionistas só 
resta como argumento recorrer a uma instância de caráter moral, como tal “não 
matarás”. 
Refletindo se o Estado poderia ter o direito de matar, sabendo que o 
indivíduo, em legítima defesa, o tem, ele diz: “o Estado não pode colocar-se no 
mesmo plano do indivíduo singular. O indivíduo age por raiva, por paixão, por 
interesse, em defesa própria. O Estado responde de modo mediato, reflexivo, 
racional. Também ele tem o dever de se defender. Mas é muito mais forte que o 
indivíduo singular e, por isso, não tem necessidade de tirar a vida desse indivíduo 
para se defender”. 
Portanto, a única razão frente a pena de morte seria o mandamento de não 
matar. Razão essa, mesmo com o risco de ser tachada de moralismo ingênuo, 
representaria um sinal indiscutível de progresso civil. 
 
 
 
 
8. C O N C L U S Ã O 
 
O que Bobbio tenta mostrar neste artigo é que a discussão sobre a pena de 
morte gira em torno de sua função e que ambos os lados possuem argumentos 
convincentes tanto a favor quanto contra a pena. Isso demonstra uma tensão 
insolúvel entre as duas posições ao longo do tempo. 
Desta forma, buscando encontrar uma saída, Bobbio apela para um 
argumento moral, jusnaturalista, para defender sua posição, o direito natural a 
vida, subentendido na norma “não matarás”. 
No entanto, como colocado por ele próprio, na Antiguidade e Idade Média a 
pena de morte também era considerada como “direito natural”. Portanto, o foco da 
discussão deveria girar em torno da questão relativa aos fundamentos dos direitos 
naturais. 
 
A solução de Bobbio, vista desta forma, também não se sustenta de forma 
absoluta.

Continue navegando

Outros materiais