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Semana 2 Teoria Geral da Prova II Das provas em espécie

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TEORIA GERAL DA PROVA II: 
(Das provas em espécie)
Prof. Dra. Adriana Geisler
2017.1
Meios de prova
2.1 – O interrogatório. O direito ao silêncio. A chamada de có-reu. A confissão.
Interrogatório (arts. 185 a 196)
• É instrumento do exercício da autodefesa do acusado, sob forma de direito de audiência (direito de influir diretamente no convencimento do juiz, narrando-lhe fatos, manifestando-se sobre a imputação e indicando provas – direito de defesa positivo – ou de permanecer em silêncio – direito de defesa negativo) e direito de presença (prerrogativa do acusado de participar de todos os atos instrutórios).
STF — HC 102.019/ PB — 1ª Turma — Rel. Min. Ricardo Lewandowski — DJe - 200 22.10.2010: “Ao réu é assegurado o exercício da autodefesa consistente em ser interrogado pelo juízo ou em invocar direito ao silêncio, bem como de poder acompanhar os atos da instrução criminal, além de apresentar ao respectivo advogado a sua versão dos fatos para que este elabore as teses defensivas.”
Ato processual que consagra a oitiva do acusado pelo juiz. 
Fala-se, ainda, em interrogatório policial: audiência do indiciado pela autoridade policial.
Natureza jurídica
Não há consenso entre os doutrinadores em relação à natureza jurídica do interrogatório:
natureza mista: meio de meio de defesa e de prova, possibilitando inclusive a colheita de elementos de convicção pelo juiz; ou apenas,
b) meio de defesa: quando essa dupla finalidade é desconsiderada, entendendo que o interrogatório (audiência em que se colhem as declarações) é preordenado somente para permitir a contestação da acusação.
Dúvida não há, no entanto, de que poderá constituir fonte de prova, sempre que o acusado alegar a ocorrência de determinado fato ou circunstância. A propósito: 
“Em sede de persecução penal, o interrogatório judicial — notadamente após o advento da Lei n. 10.792/2003 — qualifica-se como ato de defesa do réu, que, além de não ser obrigado a responder a qualquer indagação feita pelo magistrado processante, também não pode sofrer qualquer restrição em sua esfera jurídica em virtude do exercício, sempre legítimo, dessa especial prerrogativa. Doutrina. Precedentes” (STF — HC 94.601/
CE — 2ª Turma — Rel. Min. Celso de Mello — DJe -171 11.09.2009).
Características do Interrogatório
Oralidade: se perfaz, em regra, por meio de palavras, mas estas não são essenciais ao ato. 
Ver as exceções previstas pelos arts. 192 e 193 CPP, ao estabelecerem normatização própria para o interrogatório do surdo, do mudo, do surdo-mudo e do estrangeiro)
2) Ato não sujeito à preclusão: pode ser praticado a qualquer tempo;
- A ocasião adequada é a audiência de instrução e julgamento, sendo o último ato instrutório da audiência, precedendo o requerimento de diligências complementares ou, conforme o caso, a apresentação de alegações finais orais (art. 400, caput, do CPP)
2) Publicidade: qualquer pessoa pode presenciá-lo, salvo excepcionalmente. 
Finalidade: garantir que as declarações do réu foram prestadas espontaneamente, sem nenhuma forma de pressão. 
Exceção: se da publicidade puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar presentes.
4) Ato bifásico: constituído sobre a pessoa do acusado (interrogatório de qualificação) e sobre os fatos (interrogatório de mérito): 
- Ver art. 187 do CPP: o interrogatório será realizado em duas partes, versando, a primeira, sobre a pessoa do réu (art. 187, § 1.º, do CPP), e, a segunda, sobre o fato (art. 187, § 2.º, do CPP).
5) Ato personalíssimo: só o acusado (ou o querelado) pode ser interrogado, sem que haja possibilidade de ser substituído por outrem no ato (defensor, curador, etc). Na hipótese de interrogatório de pessoa jurídica, ver art. 225, §3, da CRFB/88 (“representante que for indicado pela ré”);
Questão para reflexão: E se o acusado não possuir condições mentais para ser interrogado? 
- Duas hipóteses:
• A incapacidade sobreveio à prática da infração penal: não há falar em interrogatório do acusado – (art. 152 do CPP) a doença mental superveniente à infração penal faz com que o processo criminal permaneça paralisado até que se restabeleça o imputado ou, acrescentamos, até que prescreva o crime atribuído, visto que a fluência do prazo prescricional não ficará suspensa nesse interregno.
• A incapacidade mental do acusado preexistia ao tempo da infração penal: art. 151 do CPP - o processo criminal terá prosseguimento, assistido o acusado por curador (na prática, o seu próprio advogado ou, caso não possua, outro nomeado pelo juízo). 
▪ Persistindo a alienação mental no momento atual do processo, a ponto de não possuir o réu condições de se expressar validamente perante o juiz, restará prejudicado o ato, não sendo lícito, por exemplo, que se realize o interrogatório na pessoa do curador que lhe foi nomeado. 
STF: tratando-se de réu inimputável, “cuja situação pessoal tenha sido objeto de positiva constatação em perícia médicopsiquiátrica, realizada ainda na fase interrogatória do inquérito policial, não há como exigir ao magistrado processante a realização do ato de interrogatório, que se revela, por seu caráter personalíssimo, de todo incompatível com a incapacidade de autodeterminação daquele que é convocado a comparecer em juízo penal na condição de acusado. Em tal circunstância, incumbirá ao juiz, se os peritos concluírem que o réu era penalmente inimputável ao tempo da infração, ordenar o prosseguimento da ‘persecutio criminis’, com a presença de curador, que atuará, ressalvados os atos de caráter personalíssimo, como representante do imputado nos demais atos processuais”.
6) Obrigatoriedade: Constitui nulidade a inobservância do dever de ouvir o réu presente. (Art 564, III, e do CPP)
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa;
STF – HC 68490/DF 1ª Turma – Rel. Min. Celso de Mello – DJ 09.08.1991 p.10.363) – “A falta do ato de interrogatório em juízo constitui nulidade meramente relativa, suscetível de convalidação, desde que não alegada na oportunidade indicada pela lei processual penal. - A ausência da argüição, "opportuno tempore", desse vício formal, opera insuperável situação de preclusão da faculdade processual de suscitar a nulidade eventualmente ocorrida. Com essa preclusão temporal, registra-se a convalidação do defeito jurídico apontado. - A nulidade relativa, qualquer que ela seja, ocorrida após a prolação da sentença no primeiro grau de jurisdição, deve ser arguida, sob pena de convalidação, nas razoes de recurso. Precedentes da Corte.
Para refletir: 
1) E na hipótese em que é o acusado que não comparece injustificadamente na data aprazada pelo juízo apesar de citado pessoalmente, venha ele, em momento posterior a ser preso ou a participar espontaneamente dos atos judiciais. 
▪ Deverá o juiz, revogando os efeitos da revelia, aprazar nova data para que seja ele interrogado antes da sentença. Dentro do princípio de que ninguém pode ser condenado sem ser ouvido, considera-se que, encontrando-se o agente em lugar certo e conhecido, seu interrogatório faz parte da essência do processo, importando em nulidade a sua ausência. 
▪ Jurisprudência: tem flexibilizado a exigência para considerar como nulidade relativa, sujeita à preclusão se não arguida em momento oportuno, a não audição do acusado que não compareceu ao interrogatório e que, a partir de dado momento, passou a acompanhar os atos judiciais, importando o entendimento contrário em “privilegiar o descaso dos réus quanto à aplicação da lei penal, em detrimento do interesse público relativo ao jus puniendi”.
IPC: Discussão importante apenas
nos procedimentos em que o interrogatório deva ser realizado previamente à fase instrutória (v.g., procedimento da lei de drogas), não possuindo nenhuma relevância em ritos em que esse ato processual deva ser feito na própria audiência de instrução, logo antes dos debates orais e da prolatação de sentença.
Oportunidade (ocorrência):
Antes das reformas introduzidas ao Código de Processo Penal pela Lei 11.719/2008, ocorria normalmente no início do processo, logo após o recebimento da denúncia ou queixa e citação. Na atualidade, foi relegado, como regra, à fase posterior à instrução, embora em alguns procedimentos ainda persista previsão de sua efetivação nos termos iniciais do processo.
• Local de realização:
Art. 185, caput, do CPP: comparecimento “perante a autoridade judiciária”
 os atos processuais devem acontecer na sede do juízo, ou seja, no lugar em que estiver sediado o órgão julgador.
▪ Réu preso: 
Art. 399, §1, do CPP – requisitado o comparecimento do réu em audiência, devendo o poder público providenciar a sua apresentação.
Art. 185 § 1.º, do CPP - (exceção), dada a necessidade de diminuição dos riscos e despesas inerentes ao transporte do preso até a sede do juízo: o interrogatório será realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que (...): condiciona-se a realização do interrogatório em dependência de estabelecimento prisional à existência de sala própria onde esteja garantida a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares, bem como a presença do defensor e a publicidade.
A realização do interrogatório no presídio é muito rara; dificuldades (deslocamento; inexistência de sistema tecnológico que permita ao réu assistir a produção das demais provas orais do local em que está preso).
▪ Deve o juiz proceder à tomada dos depoimentos da vítima, testemunhas e demais provas orais nas dependências do fórum, facultando ao réu assisti-los mediante sistema de transmissão de sons e imagens (aplicação analógica do art. 185, § 4.º, do CPP), e, após, dirigir-se juntamente com as partes ao estabelecimento prisional para interrogar o réu. 
- Art. 185 § 2.º, do CPP: interrogatório por sistema de videoconferência
Réu em liberdade: art. 367 do CPP – intimado o acusado a comparecer na data designada e se não o fizer, terá a “revelia” decretada. Poderá ainda ser conduzido coercitivamente para o interrogatório (art. 260 do CPP) 
OBS.: Revelia?  Não tendo sido interrogado em audiência, o réu será ouvido quando comparecer em Juízo ou quando for preso, desde que não tenha ocorrido o trânsito em julgado da sentença. (art. 185, caput, do CPP)
- A interpretação do Art. 185, § 7.º, do CPP: resta ao magistrado optar pela requisição do preso ao fórum, para que lá seja interrogá-lo. 
• Ver ainda:
Art. 616 do CPP: permissão de novo interrogatório no julgamento das apelações;
Art. 196, do CPP: possibilidade de novo interrogatório a qualquer tempo, que deverá justificar-se, dentre outras hipóteses, quando o juiz que deve proferir a sentença não foi o mesmo que interrogou o réu, em virtude da ocorrência de uma das situações que excetuam a aplicação do princípio da identidade física o magistrado;
STJ (CC 99023/ Terceira Sessão): possibilidade de realização do interrogatório por carta precatória.
Videoconferência
Previsão legal: art. 185, do CPP.
Acusado no presídio;
De ofício ou à requerimento das partes;
Existência de situações excepcionais: tendo em vista a importância do interrogatório como meio de prova para a defesa, sua efetivação por meio de videoconferência poderá ser adotada pelo juiz apenas em caráter excepcional.
Não acarreta nenhum prejuízo ao réu, visto que o § 4.º do mesmo art. 185, do CPP preceitua que “antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código” (os arts. 400, 411 e 531 referem-se ao procedimento ordinário, procedimento do júri e procedimento sumário, respectivamente). 
Exigências/ condições: 
▪ decisão fundamentada, com intimação das partes com no mínimo dez dias de antecedência em relação à data aprazada para o interrogatório (§ 3.º),
▪ que não tenha sido possível ao juiz interrogar o réu no estabelecimento prisional (§ 1.º) 
▪ ocorrência de uma das seguintes hipóteses (§ 2.º):
a) Prevenir risco à segurança pública, quando houver fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa (inciso I, 1.ª parte):
Não condicionou o art. 185, § 2.º, I, a que o processo criminal em curso, no qual será interrogado o réu, refira-se a crime organizado. 
É suficiente a suspeita de que o indivíduo seja integrante de organização criminosa, ainda que os delitos-fins dessa organização não possuam nenhuma relação com o crime objeto do interrogatório.
Ex.: Determinada pessoa acusada de homicídio, e que se encontra presa preventivamente em razão deste crime, seja interrogada mediante videoconferência em face da fundada suspeita de integrar organização criminosa voltada ao tráfico de drogas, mesmo que o crime contra a vida pelo qual responde não tenha ocorrido em função da atividade de traficância, que é o fim a organização.
- “fundada suspeita”: não é sinônimo de prova de envolvimento do interrogando com o crime organizado; é o raciocínio feito pelo juiz, a partir de dados concretos trazidos ao seu conhecimento, que lhe permitam concluir no sentido da possibilidade dessa participação.
- Por fim, é necessário atentar que os requisitos necessários para que se tenha uma organização criminosa para os fins estabelecidos no referido art. 185, § 2.º, I, do CPP são os contemplados no art. 1.º, § 1.º, da Lei 12.850/2013, que a define como “a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional” (art. 1.º, § 1.º).
b) Prevenir risco à segurança pública quando possa o acusado fugir durante o deslocamento (inciso I, 2.ª parte): 
- Hipótese que independe tanto da natureza do crime pelo qual já responde o acusado e que será o objeto de seu interrogatório, bem como de seu envolvimento em organizações criminosas, embora também esteja relacionada ao resguardo da segurança pública. 
- Basta que haja fundada suspeita de que, por qualquer razão, possa o réu, por si (v.g., sua manifesta periculosidade) ou mediante a ação de terceiros, tentar aproveitar a oportunidade de seu traslado até o fórum para evadir-se.
c) Viabilizar a participação do réu no interrogatório judicial, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal (inciso II): 
Envolve situação de relevante dificuldade do réu preso em comparecimento ao fórum fundamentada nos seguintes motivos 
• Enfermidade: Não necessariamente há de ser uma patologia grave;
• Outras circunstâncias pessoais: Aqui se enquadra qualquer motivo ligado à pessoa do réu e que, mesmo abstraídos aspectos relacionados a enfermidades, dificultarem o seu transporte ao juízo. 
Ex.: hipótese em que o réu esteja sob ameaças de morte patrocinadas por desafeto ou familiares da vítima. 
• Não justificam o interrogatório por meio de videoconferência, porém, situações alheias à pessoa do réu, v.g., ausência de veículo oficial de transporte, greve dos agentes encarregados de escoltá-lo, rebelião no presídio em que se encontra recolhido o acusado, entre outros fatores, impondo-se, em tais situações, o adiamento do ato processual.
d) Impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 do CPP (inciso
III): 
Sempre que o juiz constatar que a sua presença no fórum poderá intimidar as pessoas que devam prestar depoimento;
Apenas nos procedimentos em que o interrogatório deva ocorrer na mesma audiência designada para oitiva da vítima e testemunhas (como ocorre no procedimento comum e no rito do júri, por exemplo).
Facultado apenas quando não for possível aplicar o regramento do art. 217 do CPP. (oitiva da vítima e testemunhas por meio de videoconferência quando a presença do réu na sala, de qualquer modo, puder interferir nos depoimentos, dispondo, ainda, que somente na impossibilidade da utilização desse método deverá ser o réu retirado do recinto, prosseguindo-se a solenidade na presença de seu defensor).
e) Responder à gravíssima questão de ordem pública (inciso IV): 
Não é claro quanto à hipótese concreta de sua incidência, cabendo à jurisprudência fixar-lhe o alcance. 
Segundo a doutrina, nele se enquadra toda a sorte de motivos que levem o juiz a compreender que a videoconferência, no caso concreto, justifica-se pelo receio de que o comparecimento pessoal do acusado preso ao fórum possa acarretar prejuízo à ordem normal dos trabalhos a serem realizados em audiência. 
Ex.: clamor social em torno do fato imputado ou da pessoa do réu preso, de tal forma que a sua presença em audiência possa importar em protestos populares, riscos de agressão física, ofensas morais etc.; e o grau de periculosidade do acusado, exigindo elevado contingente de policiais ou agentes para impedi-lo de eventuais agressões contra o juiz, partes e servidores.
EM SÍNTESE: 
Tratando-se de réu preso, não sendo possível interrogá-lo no presídio (art. 185, § 1.º do CPP) e havendo a possibilidade de que a sua presença influa no ânimo das pessoas que devam depor antes dele: deverá o juiz do processo determinar seu transporte ao fórum. 
2) Deverá o magistrado proceder à oitiva da vítima e testemunhas mediante videoconferência, permanecendo o réu na sala de audiências (art. 217, 1.ª parte, do CPP). 
2.1) Não sendo isso viável, em vez de determinar o traslado do réu do presídio ao fórum, deverá o juiz proceder ao seu interrogatório mediante videoconferência (art. 185, § 2.º, III, do CPP), sem prejuízo de lhe facultar, pelo mesmo método, assistir, no estabelecimento prisional, os depoimentos da vítima e testemunhas (art. 185, § 4.º, do CPP). (...)
3) Se também isto não for possível (v.g., pela ausência de tecnologia própria), caberá ao magistrado, determinando o traslado do preso ao fórum, proceder à tomada dos depoimentos das pessoas arroladas com a retirada do réu da sala, permanecendo apenas seu defensor (art. 217, 2.ª parte, do CPP). 
Participação do Defensor:
Previsão legal: Art. 5º, LXIII, da CRFB/88 e art. 185, caput, do CPP: condição de validade do ato
Finalidade: integração da defesa técnica com a autodefesa
Advogado ausente, ainda que regularmente intimado: nomeação de defensor pelo juiz, sem que isso importe em nulidade.
Art. 185, §5º, do CPP: possibilidade de entrevistar-se reservadamente. 
OBS.: O juiz, depois de colher a narrativa da vítima é a prova testemunhal deve permitir que o réu mantenha contato com o defensor antes de ser interrogado.
Corréus
Art. 191, do CPP: veda interrogatório conjunto. Havendo litisconsórcio passivo (mais de um acusado), cada um deles será acusado separadamente.
É assegurado aos corréus o direito de formular perguntas, por intermédio do advogado, ao corréu que estiver sendo interrogado (fundamento CRFB/88, art. 5º, incisos LIV e LV).
Direito ao Silêncio:
Art. 5º, LXIII, da CRFB/88 - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.
Doutrina e Jurisprudência: Aplicação do princípio da não autoincriminação a todo investigado ou acusado, ainda que não esteja preso. Daí a previsão do art. 186 do CPP, de que o acusado deve ser informado antes do início do interrogatório.
• Deve ser respeitado tanto no interrogatório judicial como no policial. A não comunicação por parte da autoridade competente a respeito dessa prerrogativa importa em nulidade do ato e de outros que dele dependam. 
• Alcance, em função da característica bifásica do interrogatório: Questão controversa - o direito ao silêncio alcança apenas a segunda parte do interrogatório – perguntas objetivas – ou, opostamente, ambas as partes
1ª) CEBRIAN e GONÇALVES: Prerrogativa que pode ser exercitada, apenas, em relação ao interrogatório de mérito, onde as respostas têm conteúdo defensivo. Não é, portanto, direito ilimitado, sendo vedado o seu exercício abusivo: “Em relação à qualificação, não cabe direito ao silêncio, nem fornecimento de dados falsos, sem que haja consequência jurídica, impondo sanção. O direito ao silêncio não é limitado, nem pode ser exercido abusivamente. As implicações, nessa situação podem ser graves, mormente quando o réu fornece, maldosamente, dados de terceiros, podendo responder pelo seu ato”. (NUCCI). 
 
2) AVENA: “Outra posição entende que tal direito refere-se tão somente às perguntas relativas ao fato (segunda parte do interrogatório), não abrangendo as perguntas sobre a pessoa do interrogando (primeira parte do ato). Neste enfoque, compreendemos como correta a corrente oposta, que espelha a maioria doutrinária, entendendo possuir o acusado direito ao silêncio tanto na primeira quanto na segunda parte do interrogatório. Isso ocorre porque tal garantia tem como fundamento evitar que o indivíduo seja obrigado a fornecer informações que possam, de qualquer modo, prejudicá-lo. Ora, dependendo do contexto de vida do réu e do crime de que é acusado, talvez a resposta às suas condições pessoais importe em prejuízo à defesa. Imagine-se a hipótese do indivíduo que, com emprego certo e família estruturada, cometa um latrocínio. Sem dúvida, a resposta no sentido de que as suas condições de vida são adequadas (satisfatórias oportunidades sociais e dados familiares favoráveis) é algo que pesará negativamente na dosimetria da pena no caso de eventual condenação. 
 Entendimento pacificado: o acusado não possui direito ao silêncio no que se refere ao fornecimento de dados relativos à própria qualificação. Ver art. 68 da Lei das Contravenções Penais - tipifica a conduta de “recusar à autoridade, quando por esta, justificadamente solicitados ou exigidos, dados ou indicações concernentes à própria identidade, estado, profissão, domicílio e residência”. Em síntese, está o réu obrigado a fornecer os dados relativos à sua qualificação. Não o fazendo, incide na contravenção referida – isto se o fato não constituir delito mais grave, v.g., o fornecimento de nome errado, o que acarretaria a tipificação na conduta de falsa identidade prevista no art. 307 do Código Penal.
• Não pode gerar qualquer reflexo negativo para o réu: o art. 198, em sua parte final, não foi recepcionado pelo atual sistema Constitucional. O silêncio não poderá constituir elemento para a convicção do juiz, ou, em outros termos gerar presunção de culpabilidade.
Tanto o é que no Tribunal do júri, onde o julgamento é realizado por íntima convicção, não poderão as partes fazer menção ao silêncio do acusado, de modo que o exercício desse direito não venha a influir na decisão dos jurados de maneira a prejudicar ao réu. (art. 478, II, do CPP)
CONFISSÃO (ARTS. 197 A 200 DO CPP)
Considerações gerais:
• Confissão é reconhecimento pelo réu da imputação que lhe foi feita por meio da denúncia ou da queixa-crime.
• Art. 190 do CPP: se o réu confessar a autoria, deverá ser perguntado sobre os motivos e circunstâncias do fato, bem como se outras pessoas concorreram para a infração, declinando-as, em caso positivo.
• A validade da confissão requer a necessidade da presença de requisitos intrínsecos e de requisitos formais, segunda a doutrina: 
requisitos intrínsecos,:
Verossimilhança: probabilidade de o fato efetivamente ter ocorrido da forma como confessada
pelo réu;
Clareza: caracterizada por meio de uma narrativa compreensível e com sentido inequívoco; 
Persistência: se revela por meio da repetição dos mesmos aspectos e circunstâncias, sem modificação no relato quanto aos detalhes principais da ação delituosa; 
Coincidência entre o relato do confitente e os demais meios de prova angariados ao processo.
b) requisitos formais:
Pessoalidade: deve ser realizada pelo próprio réu, não se admitindo seja feita por interposta pessoa, como o defensor e o mandatário; 
Caráter expresso: deve ser reduzida a termo; 
Oferecimento: deve ser oferecida perante o juiz competente, qual seja, o que está oficiando no processo criminal; 
Espontaneidade: deve ser oferecida sem nenhuma coação
Saúde mental do imputado: possibilita o convencimento do juízo de que o relato não está sendo fruto da imaginação ou de alucinações do acusado.
Valoração 
• Doutrina majoritária: o valor da confissão está condicionado a sua confirmação por outros elementos obtidos em contraditório judicial
• Art. 197 do CPP: não tem força probatória absoluta, devendo ser confrontada e confirmada pelas demais provas existentes nos autos, mesmo que tenha sido prestada judicialmente e na presença de defensor.
• Entendimento jurisprudencial minoritário: “a confissão judicial, por presumir-se livre dos vícios da inteligência e vontade, tem um valor absoluto, servindo como base condenatória ainda que seja o único elemento incriminador” (TJ/SP).
Classificação
 1) Quanto ao momento:
– Confissão extrajudicial: 
▪ Aquela que não realizada perante o juízo, apresenta pouco valor probatório, apenas podendo ser utilizada como fundamento para a condenação se corroborada por provas contundentes que tenham sido colhidas em juízo sob o crivo do contraditório. 
▪ Pode constar nos autos de inquérito policial, nas consignações em termos redigidos pelo Ministério Público, nas comissões parlamentares de inquérito, nas sindicâncias administrativas etc. 
– Confissão judicial: 
▪ Realizada perante o juiz, ocorre, normalmente, na oportunidade do interrogatório, embora nada impeça venha a ser realizada em outro momento no curso do processo. 
▪ Possui, é claro, maior valor probante do que a confissão realizada extrajudicialmente. Mas, seu valor não é absoluto (lembremos do já mencionado art. 197 do CPP.
2) Quanto à natureza:
– Confissão real: 
▪ Efetivamente realizada pelo investigado ou réu, perante a autoridade, revelando ele a autoria, circunstâncias e motivação do delito cometido.
– Confissão ficta (ou presumida): 
▪ Não é reconhecida como prova no direito processual penal brasileiro, não tendo sido recepcionada pela Constituição Federal a última parte do art. 198 do CPP. 
▪ Decorrente de ficção jurídica, decorrente de uma ação ou omissão prevista em lei.
Ex.: confissão decorrente da revelia ou do silêncio do réu. Ainda que o acusado deixe o processo correr à sua revelia, tal fato não importa na presunção de veracidade acerca daquilo que foi alegado pela acusação.
3) Quanto à forma:
– Confissão escrita: realizada pelo próprio réu por meio de cartas, bilhetes ou qualquer documento escrito que venha a ser juntado aos autos ou por meio de petições redigidas pelo advogado reconhecendo total ou parcialmente a acusação inserta na inicial acusatória.
(OBS.: Neste último caso, sob pena de nulidade, não poderá o advogado simplesmente aceitar a imputação, impondo-se a invocação de tese desclassificatória, de excludentes, de minorantes ou de privilegiadoras em favor do réu).
– Confissão oral: verbalização do réu perante o juiz ou é registrada por meio de interceptações telefônicas ou ambientais. A licitude, aqui, depende da observância das normas constitucionais que protegem a intimidade e a privacidade.
4) Quanto ao conteúdo:
– Confissão simples: o réu limita-se a admitir como verdadeiros os fatos que lhe são atribuídos, reconhecendo a sua responsabilidade criminal.
– Confissão qualificada: 
▪ O autor da infração penal, embora atribua a si a prática da infração penal que lhe está sendo imputada, agrega, em seu favor, fatos ou circunstâncias que excluem o crime ou que o isentem de pena. 
▪ O que ocorre é o reconhecimento do fato típico, e não de um crime propriamente dito (fato típico, antijurídico e culpável).
▪ Não importa em reconhecimento de responsabilidade criminal. Contrariamente, está buscando o imputado afastar tal responsabilidade. 
▪ Muito discutida na doutrina quanto a constituir-se, realmente, em uma forma de confissão. 
▪ Ex.: indivíduo que, conquanto reconheça a autoria do disparo que vitimou outra pessoa, alega tê-lo efetuado em legítima defesa. 
Divisibilidade e retratabilidade: 
• Art. 200 do CPP: a confissão pode ser divisível e retratável: 
Divisibilidade:
▪ Significa que o juiz pode considerar verdadeira uma parte da confissão e inverídica outra parte, não sendo obrigado a valorar a confissão como um todo. 
▪ Ex.: o acusado confessa a prática de lesões corporais graves contra a vítima, justificando-se, contudo, na legítima defesa. O magistrado pode dividir a confissão em seus termos, aceitando-a no que toca ao reconhecimento da autoria, mas refutando a excludente de ilicitude invocada. 
Retratabilidade:
▪ Situação em que o réu, mesmo confesso em juízo, volta atrás.
▪ Uma vez retratada a confissão de um crime, ela não perde seu valor como prova, pois nada impede que venha o juiz, a partir de seu livre convencimento, considerar como verdadeira a confissão e falsa a retratação.
▪ Caberá ao magistrado confrontar a confissão e a retratação que lhe sucedeu com os demais meios de prova incorporados ao processo, verificando qual delas deve prevalecer. 
Para refletir: 
A retratação em juízo invalida a confissão levada a efeito na fase policial? 
AVENA: “Em tese, a prova judicializada sempre possui maior valor, pois produzida sobre o crivo do contraditório e da ampla defesa. 
- No entanto, se isolada a retratação judicial, havendo outras provas, judicializadas, que confirmem a confissão policial, deve a retratação ser desconsiderada, podendo-se utilizar a prova policial como um dos fundamentos da decisão”.
2) A confissão policial retratada em juízo, mas levada em consideração na sentença condenatória, caracteriza a atenuante da confissão espontânea prevista no art. 65, III, d, do Código Penal? 
A jurisprudência é consolidada neste aspecto, entendendo-se que a atenuante resta configurada desde que seja efetivamente utilizada pelo magistrado para dar suporte à sentença condenatória. 
O próprio Superior Tribunal de Justiça, em inúmeras oportunidades, tem decidido que “aplicasse a atenuante da confissão espontânea (art. 65, inciso III, alínea d, do Código Penal) quando a confissão extrajudicial efetivamente serviu para alicerçar a sentença condenatória, ainda que tenha havido retratação em juízo”. Repise-se que o reconhecimento da atenuante da confissão exige que tenha servido de elemento de convicção do magistrado, pois “inviável o reconhecimento da atenuante da confissão espontânea se o agente, apesar de confirmar a prática dos crimes extrajudicialmente, se retrata em juízo, sendo sua condenação baseada em outras provas”.
3) A confissão qualificada, como tal considerada aquela em que o agente reconhece a responsabilidade pela prática do crime, mas agrega teses defensivas descriminantes ou exculpantes, permite o reconhecimento da atenuante? 
Embora existam questionamentos, tem-se entendido que esta modalidade de confissão não tem o condão de ensejar o reconhecimento da atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal.
Voluntariedade e espontaneidade
- Confissão espontânea: é aquela realizada pelo réu a partir de sua livre e íntima vontade, sem que se tenha sentido, de qualquer forma, constrangido por qualquer pressão externa. 
Ex.: réu que, ao ser perguntado pelo magistrado, no seu interrogatório, se é verdadeira a imputação que foi feita na peça acusatória, desde logo reconhece sua responsabilidade. 
- Confissão
voluntária, mas não espontânea (confissão provocada): quando fatores externos colaboram com a a sua vontade íntima de confessar. 
Ex.: Réu que, indagado quanto à autoria de determinado crime, negue-a perante o juiz. No curso do ato, porém, entra em contradição e, premido pelas circunstâncias, acaba reconhecendo sua responsabilidade. 
- Importância da diferença entre a voluntariedade e a espontaneidade:
Divergência doutrinária: 
1) Entendimento majoritário: considera possível o reconhecimento da atenuante sempre que, de qualquer forma, for a confissão utilizada na sentença como fator de convencimento do magistrado para condenar o réu.
2) Apenas a confissão espontânea poderia conduzir ao reconhecimento da atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal (para parte da doutrina), o que não seria permitido na hipótese de, embora voluntária, não restar ela espontânea. Basta observar que o próprio estatuto repressivo, ao tratar das circunstâncias atenuantes, insere como tal o fato de ter o agente espontaneamente confessado a prática da infração. 
Confissão delatória ou delação ou “chamada de corréu”
Consiste na afirmação realizada pelo acusado, por ocasião de seu interrogatório, de que, além de seu próprio envolvimento, uma terceira pessoa, agindo como seu comparsa, também concorreu para a prática delituosa.
Embora a delação seja um meio de prova atípico ou anômalo (pois não está regulamentada de modo específico no âmbito do Código de Processo Penal) possui valor probatório, desde que harmoniosa e coerente com as demais provas realizadas no processo, poderá servir de base para a condenação. 
Se apresentar-se isolada nos autos, não confirmada por qualquer outro elemento de convicção, não será o bastante para comprovar a responsabilidade do corréu delatado e induzir, como prova principal, a um juízo condenatório. Neste caso, sua utilização importaria em ofensa à garantia constitucional do contraditório (art. 5.º, LV, da CF), visto que estaria o juiz acolhendo como fator de convencimento meio de prova sobre o qual o imputado não teve oportunidade de participar.
Questão relevante: deve o magistrado conceder ao advogado do corréu delatado o direito de fazer perguntas ao delator?
Posicionamento 1)
▪ Ao delatar terceira pessoa como envolvida na prática criminosa que lhe é imputada, assume o interrogado delator, neste aspecto de sua narrativa, a posição de testemunha, o que impõe seja assegurado à defesa do delatado inquiri-lo quanto às suas afirmações. 
▪ (Fernando da Costa Tourinho Filho): “é inegável que a palavra de um acusado, com relação aos demais, é testemunho. Testemunho e, consequentemente, meio de prova; e prova alguma pode ser colhida senão sob
o pálio do contraditório”
(Guilherme de Souza Nucci): “corréu, como já vimos, não pode ser testemunha, pois não presta compromisso, nem tem o dever de dizer a verdade. Entretanto, quando há delação (assume o acusado a sua culpa e imputa também parte dela a outro corréu), sustentamos poder haver reperguntas do defensor do corréu delatado, unicamente para aclarar pontos pertinentes à sua defesa. Neste caso, haverá durante o interrogatório um momento propício a isso ou, então, marcará o juiz uma audiência para que o corréu seja ouvido em declarações, voltadas, frise-se, a garantir a ampla defesa do delatado e não para incriminar de qualquer modo o delator”. 
▪ Posição adotada pelo Supremo Tribunal Federal: “a decisão que impede que o defensor de um dos réus repergunte ao outro acusado ofende os princípios constitucionais da ampla defesa, do contraditório e da isonomia, gerando nulidade absoluta” (STF, HC 101.648/ES, DJ 09.02.2011).
• Posicionamento 2:
▪ Não é lícito ao juiz facultar ao advogado do delatado a formulação de perguntas ao interrogado, implicando esse proceder constrangimento ilegal e consequente violação ao direito de silêncio constitucional e legalmente assegurado (art. 5.º, LXIII, da CF e art. 186 do CPP). 
▪ Admitir esta situação, não prevista em lei, importaria em permitir transgressão às garantias individuais de cada réu (previstas, entre outros, no art. 5.º, LXIII, da Carta Magna e nos arts. 185, § 2.º, e 186 e seu parágrafo único, ambos do CPP). 
▪ Não há que se falar em violação ao princípio do contraditório pelo fato do indeferimento de perguntas ao corréu delator de parte do advogado do corréu delatado, pois a defesa terá concretamente a possibilidade de infirmar as declarações prestadas em seu desfavor antes da prolação da sentença, por ocasião dos debates orais, memoriais ou alegações escritas.
Prova pericial e exame de corpo de delito (ARTS. 158 A 184, do CPP)
Conceito
• A prova pericial é uma prova técnica, mediante a qual são trazidos ao processo conhecimentos que estão fora do saber ordinário. 
• Exame da Corpo de delito (espécie); perícias em geral (gênero)
- Perícia destinada à comprovação da materialidade das infrações que deixam vestígios (v.g., homicídio, lesões corporais, furto qualificado pelo arrombamento, dano etc.). 
Materialidade (importa em vestígio perceptível) ≠ existência do crime
• Art. 158 do CPP: “quando a infração deixar vestígios, será imprescindível o exame de corpo de delito, direto ou indireto...”.
Exame de corpo de delito direto e indireto:
direto: 
- Realizado pelo expert diante do vestígio deixado pela infração penal, ou seja, é feito sobre o próprio corpo de delito.
 Ex.: a necropsia no cadáver, a janela arrombada, a chave utilizada.
b) indireto: 
Realizado com base em informações verossímeis fornecidas aos peritos quando não dispuserem estes do vestígio deixado pelo delito.
Advém de um raciocínio dedutivo sobre um fato narrado por testemunhas, sempre que impossível o exame direto.
Ex.: delito de estupro, sendo submetida a vítima à perícia de conjunção carnal ocorrida um mês antes.
▪ Não mais sendo constatado o vestígio em face do tempo decorrido, poderão os experts elaborar laudo indireto, a partir, por exemplo, de atestado do médico particular da vítima que a tenha examinado logo após a ocorrência. 
▪ O laudo indireto limitar-se-á a um juízo de compatibilidade, isto é, na afirmação que a realidade constatada é compatível com as referências constantes no documento que lhes foi apresentado.
- Art. 167, do CPP: “Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta”.
O juiz poderá considerar suprida a falta do exame de corpo de delito pela prova testemunhal, ou seja, pelos depoimentos prestados em audiência quando, desde logo, os vestígios desapareceram;
OBS.: Não confundir o chamado exame indireto (onde há um laudo, firmado por peritos) com a situação de suprimento da perícia com base em testemunhas que vierem a prestar depoimento em juízo a respeito do vestígio do crime que tenham presenciado, caso em que se estará não diante de uma prova pericial indireta, mas sim de uma prova testemunhal. (ver art. 167, do CPP)
Ex 1.: Lesões corporais, tendo a vítima sido submetida à perícia dias após o delito, quando já ausentes os vestígios. Duas testemunhas, porém, comparecem perante os experts e narram suas percepções, sendo, então, elaborado laudo pericial, limitado a consignar, sinteticamente, o relato dessas pessoas e a referir a compatibilidade do quadro constatado com a narrativa realizada quanto ao vestígio percebido pelas testemunhas. Tem-se, aqui, hipótese de exame de corpo de delito indireto. Não se trata de prova testemunhal, mas de exame pericial indireto elaborado a partir de informes fornecidos pelas testemunhas.
Ex.2.: Crime de homicídio, presenciado por várias testemunhas, sendo o cadáver, posteriormente, incinerado pelos criminosos. Denunciados os envolvidos, são as testemunhas inquiridas em juízo, narrando o que presenciaram quanto à forma de cometimento do crime e posterior destino do corpo. Aqui não se trata de exame indireto, mas sim de prova testemunhal suprindo a falta de exame de corpo de delito direto e indireto.
• Art. 158, do CPP: a simples confissão do acusado não pode suprir a falta do exame de corpo de delito indireto.
IMPORTANTE: 
• JURISPRDÊNCIA: Além da prova testemunhal. qualquer outra, exceto a confissão - que tem valor relativo, e portanto, dependente de confirmação por outros meios (art. 197, do CPP) - é capaz de suprir a falta da perícia na hipótese de desaparecimento do vestígio. (ex. a fotografia, ou mesmo a palavra da vítima). 
STJ, HC 23.898/MG, j. 15.05.2003: “o exame de corpo de delito direto pode ser suprido, quando desaparecidos os vestígios sensíveis da infração penal, por outros elementos de caráter probatório existentes nos autos, notadamente os de natureza testemunhal ou documental” () e que “a falta do exame de corpo de delito não pode obstar a persecutio criminis in iudicio. Ela não retira, aí, a admissibilidade da demanda, porquanto a despeito de o referido exame ser, em regra, realizado antes do oferecimento da denúncia, tal fato não se apresenta como uma exigência intransponível, capaz de determinar a nulidade de toda a ação penal, até porque o exame de corpo de delito pode ser realizado a qualquer tempo e a sua falta pode ser suprida pelo exame de corpo de delito indireto e pela prova testemunhal (arts. 158 c/c o art. 167, do CPP)” (STJ, HC 36.200/BA, j. 15.02.2005).
Perito
• Auxiliar da justiça;
• Devidamente compromissado;
• Estranho às partes;
• Portador de um conhecimento técnico altamente especializado; 
• Sem impedimentos ou incompatibilidades para atuar no processo. 
A sua nomeação é livre ao juiz, não se admitindo interferência das partes, nem mesmo na ação privada. 
- Espécies:
Perito oficial: presta o compromisso de bem e fielmente servir e exercer a função quando assume o cargo, ou seja, quando, após o regular concurso de provas e títulos, vem a ser nomeado e investido no cargo de perito. Daí a desnecessidade de esse perito prestar compromisso nos processos e investigações em que atua.
b) Perito louvado ou não oficial: não pertence aos quadros funcionais do Estado, e que, portanto, uma vez nomeado, deve prestar o aludido compromisso. 
Art. 277, do CPP: A nomeação não pode ser recusada pelo perito, salvo motivo justificável, pois, sendo auxiliar da justiça, assume ônus processual. 
Art. 278, do CPP: Caso não compareça para realizar o exame, poderá ser conduzido coercitivamente
Pode ainda cometer o crime de falsa perícia (CP, art. 342). A sua nomeação é feita pela autoridade policial na fase de inquérito e pelo juiz, no processo.
Formalidades do exame de corpo de delito
• Art. 159:
- caput, do CPP: o exame de corpo de delito deverá ser realizado por perito oficial portador de curso superior.
▪ O laudo deve ser realizado por um perito oficial ou dois peritos nomeados.
▪ Admite-se a figura do assistente técnico, indicado por qualquer das partes, que elaborará seu parecer após o laudo apresentado pelo perito oficial.
▪ Art. 400, § 2º. Do CPP: poderá ser requerida a oitiva do perito oficial ou nomeado, para esclarecer o laudo.
Hipóteses em que persiste a obrigatoriedade de ser a perícia executada por mais de um expert:
perícia que abranja mais de uma área do conhecimento (art. 159, § 7.º). 
b) hipóteses regulamentadas por leis especiais. Ex.: Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas). Sugere o art. 50, § 2.º, da Lei de Drogas que o laudo toxicológico definitivo deverá ser realizado por no mínimo duas pessoas. 
c) perícia realizada para fins de materialização dos crimes contra a propriedade imaterial de ação penal privada, referindo-se o art. 527 do CPP, expressamente, a “dois peritos”.
d) perícia efetuada por peritos não oficiais, exigindo o art. 159, § 1.º
- § 1.º: na falta de perito oficial, poderá a perícia ser realizada por dois peritos não oficiais (peritos leigos), como tal consideradas as pessoas idôneas, portadoras de curso superior preferencialmente na área que constitui o objeto da perícia, que possuam habilitação técnica relacionada à natureza do exame e que, nomeadas pelo Delegado de Polícia ou pelo juiz, prestem o compromisso de bem e fielmente desempenharem a função para a qual encarregados (§ 2.º).
Para refletir:
• E se o compromisso não for prestado? – Divergência doutrinária:
Causa de nulidade. 
(STJ, REsp 181.937/ES, DJ 24.09.2001): “a inexistência de peritos oficiais não inibe o exame de corpo de delito, não constituindo mais do que mera irregularidade a ausência de termo de compromisso, se a autoridade chancela o auto respectivo”
• E se os peritos leigos não tiverem graduação superior? - duas posições: 
Entendimento atual do STJ: necessidade do preenchimento dessa formalidade e reputando nulo o exame de corpo de delito quando realizado por peritos nomeados que não detenham instrução superior (REsp 908.041/ RS, DJ 28.04.2008). 
Segunda corrente: mera irregularidade. Caminho dos diplomas legais mais recentes, tais como a Lei
11.343/2006 (Lei de Drogas, art. 50, § 1.º) e o procedimento dos crimes contra a propriedade imaterial de ação penal pública (art. 530-D do CPP, alterado em 2003), cujas redações, ao tratarem dos peritos leigos, não trazem a escolaridade superior como condição para a nomeação.
Divergência entre os peritos:
• Art. 180, do CPP: “se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos”.
• Possibilidades que podem surgir da análise judicial de laudo elaborado por mais de um perito,
 quando assim for exigido pela lei:
Peritos convergem nas conclusões e o juiz concorda integralmente com o resultado do laudo: a decisão será proferida em acordo com a perícia.
b) Peritos convergem nas conclusões e o juiz discorda com o resultado do laudo: o juiz proferirá decisão contrária ao laudo, fundamentando-a, porém, em outros elementos de prova coligidos ao processo.
c) Peritos divergem nas conclusões, caso em que o juiz:
• Poderá optar por uma das soluções apontadas, discordando da remanescente e fundamentando esse seu entendimento;
• Poderá nomear terceiro perito – chamado de “desempatador” – para indicar qual sua posição em face das conclusões contraditórias dos peritos que o antecederam no exame, guiando-se o magistrado, neste caso, pelo resultado das observações desse último expert.
• Se o perito desempatador divergir das conclusões dos peritos que realizaram o primeiro laudo, poderá o juiz determinar nova perícia, a ser realizada por dois outros peritos, ignorando, então, a primeira realizada.
Laudos complementares
• Resultantes de perícias realizadas em momento posterior à perícia principal e que devem ser realizados, se possível, pelos próprios experts que fizeram o primeiro exame.
• Situações que levam o delegado de polícia, o juiz e o próprio Ministério Público a determinarem ou requisitarem essa providência, a saber:
Esclarecimento de omissões, obscuridades ou contradições (art. 181 do CPP). 
Não se trata, aqui, de posicionamentos divergentes dos peritos, mas de laudo, efetivamente, contraditório em suas conclusões. 
Ex: Atesta, como causa mortis da pessoa encontrada em um rio, afogamento por água, ao mesmo tempo em que refere encontrarem-se os pulmões do cadáver íntegros e secos;
b) Necessidade de aguardar o decurso de certo período de tempo para viabilizar a resposta a quesitos relevantes na apuração do delito. 
Ex.: Exame complementar para a constatação da efetiva incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias, o que deve ser feito logo após o decurso desse período (art. 168, caput e §§ 1.º e 2.º, do CPP); exame complementar para constatar o caráter permanente de debilidade de órgão, sentido, ou função etc
Prova testemunhal ou testemunha
Conceito
a) Pessoa idônea
b) diferente das partes e desinteressada no feito (para não se tornar impedida ou suspeita)
OBS.: Testemunha
inidônea, defeituosa ou suspeita: aquela que, por motivos psíquicos ou morais, tem a sua credibilidade afetada, não podendo ou não querendo dizer a verdade.
c) capaz (= capacidade jurídica e mental) de depor em juízo sobre fatos sabidos (= a testemunha não emite opinião, mas apenas relata objetivamente fatos apreendidos pelos sentidos) e concernentes à causa ( = não se manifestando sobre ocorrências inúteis para a solução do litígio)
OBS.: testemunha incapaz: aquela que, por condições pessoais e fundada na ordem pública, está proibida de depor.
d) convocada pelo juiz, por iniciativa própria ou a pedido das partes, para depor.
Causas de suspeição: rol taxativo:
Antecedentes criminais ou conduta antissocial
Laços de amizade íntima, inimizade profunda ou relação de dependência, afetando a imparcialidade do depoente;
Suspeita de suborno;
Exageros ou defeitos encontrados nos depoimentos.
• Art. 214, do CPP: as testemunhas podem ser contraditadas, devendo o juiz indagar a causa, tomar o depoimento e, depois, valorá-lo.
Contradita
• Forma processual adequada para arguir a suspeição ou inidoneidade da testemunha.
• Diz respeito à testemunha, à sua pessoa, e não à narrativa, ao depoimento, o que seria contestação e não contradita, hipótese não prevista em nossa legislação.
Feita a contradita, o juiz tem quatro opções: 
Art. 206, do CPP – dispensa: consultará a testemunha, se deseja ou não ser ouvida, 
Art. 207, do CPP – exclusão (proibição); 
Art. 208: ouvirá sem compromisso.
Tomará o depoimento, valorando-o posteriormente.
Características:
a) Judicialidade: tecnicamente, só é prova testemunhal aquela produzida em juízo.
b) Oralidade: deve ser colhida por meio de narrativa verbal prestada em contato direto com o juiz e as partes e seus representantes. 
- E por que? Falta ao depoimento por escrito a espontaneidade necessária. Além disso, este não permitiria perguntas, violando-se o princípio do contraditório. 
Exceção: Lei de Abuso de Autoridade (cf. Lei n. 4.898/65, art. 14, § 1º) – a materialidade delitiva no crime de lesões corporais: poderá ser comprovada mediante depoimento do perito ou das testemunhas, sendo o mesmo trazido por escrito e lido em audiência.
E ainda (exceção):
• Art. 204, parágrafo único, do CPP:
• art. 221, § 1.º, do CPP,
• art. 223, parágrafo único c/c art. 192, do CPP
- Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação, inclusive audiovisual e, neste caso, será encaminhado às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição (ver art. 405 do CPP) Ver também art. 475.
c) Objetividade: via de regra, deve depor sobre os fatos, isto é, sem externar opiniões ou emitir juízos valorativos. 
- Exceção: situações que exigem apreciação subjetiva, devendo, portanto, ser mantida pelo juiz.
Ex.: a testemunha afirma que o causador do acidente automobilístico dirigia em velocidade incompatível com o local, comportando-se de forma perigosa. 
Ex.2.: o depoimento dos peritos tem caráter opinativo.
d) Retrospectividade: versa sobre fatos passados; isto é, é sobre o que se assistiu, e não sobre o que acha que vai acontecer.
e) Imediação: deve dizer aquilo que captou imediatamente através dos sentidos.
f) Individualidade: cada testemunha presta o seu depoimento isolada da outra.
Dispensas, deveres e proibições:
• Toda pessoa poderá ser testemunha (art. 202) e, como regra, não poderá recusar-se a depor. 
• Art. 342 do CP e 206 do CPP: as pessoas têm o dever de testemunhar
• Além disso, têm as testemunhas o dever de:
a) Comparecer ao local determinado, no dia e hora designados. A violação a este dever importa em condução coercitiva.
▪ Art. 218 do CPP - condução coercitiva: se INTIMADA, a testemunha não comparecer sem justificável motivo, será autorizada a sua condução coercitiva por determinação do juiz
- O juiz poderá também aplicar a multa de 1 a 10 salários mínimos, prevista no art. 458 c/c o art. 436, § 2º, do CPP. (art. 453 do CPP) 
A testemunha faltosa também poderá se sujeitar a um processo-crime por desobediência. 
b) Identificar-se: obrigação de, ao início de seu depoimento, qualificar-se, indicando seu nome, idade, estado civil, residência, profissão, local onde exerce sua atividade e relação de parentesco com qualquer das partes.
c) Prestar o depoimento: o silêncio pode configurar uma das modalidades do crime de falso testemunho, previsto no art. 342 do Código Penal.
d) Dizer a verdade, sob pena de falso testemunho; 
• Poderão recusar-se a depor (art. 206) / dispensados de depor: o cônjuge, o ascendente, o descendente ou o irmão, e os afins em linha reta do acusado. 
“dispensa”: se o depoente quiser, poderá prestar o depoimento. Quando não for possível, por outro meio obter-se a prova, a testemunha nesses casos estará obrigada a depor. 
- Art. 208: Não prestam compromisso:
Condição de “declarantes”: seja por vontade ou por dever, não se lhe dará compromisso:”.
Condição de informantes: “doentes e deficientes mentais e aos menores de l4 anos” (CPP, art. 208) aos quais também não se defere o compromisso
OBS.: No conceito de cônjuge devem ser incluídos os companheiros reunidos pelo laço da união estável, em face do art. 226, § 3º, da CF
• Art. 207 do CPP: proibidas de depor: pessoas apontadas no (as que devam guardar sigilo em razão de função, ministério, ofício ou profissão)
Função: exercício de atividade de natureza pública ou assemelhada (juiz, delegado, promotor, jurado, comissário de menores, escrivão de cartório, diretor escolar). 
Ministério: encargo de natureza religiosa ou social (sacerdotes e assistentes sociais). 
Ofício: atividade manual (marceneiro, costureiro etc.). 
Profissão: atividade predominantemente intelectual (médicos, advogados e os profissionais liberais, de um modo geral). Quase todos os códigos de ética relativos a uma profissão impedem a revelação do sigilo profissional.
IPC.: Deve haver nexo causal entre o conhecimento do fato criminoso e a relação profissional.
Também não podem depor como testemunha:
Membro do Ministério Público e o juiz que oficiaram no inquérito policial ou na própria ação penal.
O advogado, mesmo com o consentimento do titular do segredo (= o cliente não tem suficientes conhecimentos técnicos para avaliar as consequências que lhe podem advir da quebra do sigilo).
- Também não estão obrigados a testemunhar: deputados e senadores sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou delas receberam informações (art. 53, § 6º, da CF – em regra extensível aos deputados estaduais, se assim dispuser a Carta Estadual). 
Parte final do art. 207: “(...) salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho”: admite o depoimento se o interessado dispensar o sigilo (interessado aqui não é só quem passou a informação, ou acusado, mas também o órgão de classe ao qual pertence o profissional). 
Número máximo de testemunhas (que podem ser arroladas pelas partes):
• Variável, conforme o tipo de procedimento: Ver art. 394, do CPP - explicitação de cada um dos procedimentos comuns, segundo a quantidade da pena 
procedimento ordinário (CPP, art. 401 - crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade): cada uma das partes pode arrolar no máximo até oito testemunhas.
b) procedimento sumário (CPP, art. 532 - sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade): admite o máximo de cinco testemunhas)
c) procedimento sumaríssimo (Lei n. 9.099/95 - infrações penais de menor potencial ofensivo: máximo de três testemunhas;
d) procedimento do Tribunal do Júri (CPP, art. 422): máximo de 8 testemunhas na primeira fase e até cinco em plenário.
Obs. 2: Não são computadas como testemunhas para integrar o máximo fixado em lei o ofendido,
o informante e a testemunha referida (considerada testemunha do juízo) (CPP, art. 401, § 1º).
Obs. 3: A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, ressalvado o disposto no art. 209 do CPP (CPP, art. 401, § 2º).
Observar ainda: 
Oito testemunhas:
Procedimento do júri (art. 406, §§ 2.º e 3.º, do CPP)
Procedimento dos crimes de responsabilidade de funcionário público (art. 518 do CPP)
Procedimento dos crimes contra honra (art. 519 do CPP)
Procedimento dos crimes contra a propriedade imaterial (art. 524 do CPP)
Procedimento dos crimes de competência dos tribunais dos Estados, tribunais regionais federais e tribunais superiores (art. 9.º da Lei 8.038/1990 c/c a Lei 8.658/1993)
Procedimento dos crimes eleitorais, quando punidos com pena máxima igual ou superior a quatro anos (analogia ao procedimento comum ordinário)
Cinco testemunhas:
Procedimento dos crimes falimentares (art. 185 da Lei
11.101/2005 c/c o art. 532 do CPP)
Procedimento dos juizados especiais criminais, por analogia ao art. 532 do CPP. Inaplicável o art. 34 da Lei 9.099/1995, pois específico aos juizados especiais cíveis;
Procedimento previsto na lei de drogas (arts. 54 e 55, § 1.º, da Lei 11.343/2006)
Procedimento dos crimes eleitorais, quando punidos com pena máxima inferior a quatro anos (analogia ao procedimento comum sumário)
Três Testemunhas:
Procedimento do crime de abuso de autoridade (art. 2.º, parágrafo único, da Lei 4.898/1965, na falta de outra previsão específica)
IMPORTANTE:
• Regra geral, para a acusação: o número é definido segundo a quantidade de fatos imputados (analogicamente ao Código de Processo Civil), independentemente de quantos sejam os acusados.
Ex.: No procedimento comum ordinário, poderá o Ministério Público arrolar até oito testemunhas para apuração de um crime de roubo, desimportando se a denúncia atribui o delito a um ou vários agentes; 
 Entretanto, se a denúncia estiver imputando dois crimes de roubo ao mesmo ou vários agentes, o número de testemunhas será de, no máximo, dezesseis.
• Para a defesa: leva-se em consideração não apenas o número de fatos, como também o número de réus. 
Ex.: dois réus acusados da prática de um roubo terão o direito de arrolar, cada qual, oito testemunhas, totalizando dezesseis, ainda que possuam o mesmo defensor. O mesmo número será facultado para o caso de um só réu responder por dois crimes de roubo. 
 No entanto, se dois réus respondem a dois crimes de roubo, o número máximo permitido será de trinta e duas testemunhas, isto é, oito para cada fato atribuído a cada réu.
OBS.: (arts. 401, § 1.º, e 209, caput e § 2.º). Também, como regra, não se computarão no número máximo permitido as testemunhas referidas, as não compromissadas, as judiciais e as que nada souberem que importe à decisão da causa.
OBS2.: Ainda que esgotado o número máximo de testemunhas passíveis de serem arroladas em cada procedimento pelos interessados, poderá o juiz ouvir, no curso da instrução, outras testemunhas, quer agindo de ofício (testemunhas judiciais), quer porque foram elas referidas durante a audiência. 
OBS3: Igualmente, poderão o Ministério Público e a defesa arrolar, além do que lhe permite o rito correspondente, quantas testemunhas não compromissadas (informantes) entenderem conveniente, uma vez que quanto a estas pode ser extrapolado o número máximo. 
Em casos tais, contudo, se exagerada a quantidade de pessoas que se pretende sejam inquiridas, poderá o magistrado determinar a intimação das partes, para que limitem o número, adequando-o ao estabelecido por lei ou esclareçam a necessidade de inquirição das pessoas que, mesmo não compromissadas, excedem o máximo permitido.
Declarações do ofendido:
• OFENDIDO (ART. 201 DO CPP)
Sujeito passivo da infração penal; vítima.
Objetivo: trazer para dentro do processo a versão prestada pela vítima da infração penal que pese esta redação (ver art. 400 e art. 531, do CPP): na audiência de instrução, o juiz, antes de ouvir as testemunhas arroladas, procederá à tomada das declarações do ofendido. 
Art. 201 do CPP: sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações. 
“Sempre que possível”  ato discricionário do juiz.
Hipóteses de impossibilidade: morte, desconhecimento de seu paradeiro, de encontrar-se ele em estado comatoso, pessoa com grave deficiência mental que impeça a tomada de seu depoimento etc.
Não há, para o juiz, o dever jurídico de proceder, à oitiva do ofendido, caso não seja arrolado por qualquer das partes.
§ 1.º do art. 201: o ofendido que não comparecer ao ato sem motivo justo poderá ser conduzido.  a condução não é obrigatória. 
IMPORTANTE: 
A) Regras estabelecidas para as testemunhas que podem ser aplicáveis à inquirição da vítima por analogia:
a.1) art. 210, caput, do CPP: individualidade na prestação do depoimento, vale dizer, oitiva de cada vítima separadamente das demais, caso existam dois ou mais ofendidos;
a.2) art. 220, do CPP: dispensa da obrigação de comparecimento para depor na hipótese de impossibilidade de locomoção por doença ou velhice (art. 220 do CPP).
Regras não aplicáveis:
Se mentir? Poderá responder por falsa comunicação de crime (narrativa de crime que sabe inexistente) ou denunciação caluniosa (falsidade quanto à autoria de crime existente) ?
 Sim, mas jamais por falso testemunho (art. 342 do Código Penal).
Não há possibilidade de recusa em depor
§§ 2.º a 6.º, do art. 201, do CPP:
• §§ 2.º e 3.º: Obrigatoriedade de comunicação ao ofendido quanto a determinados atos processuais e sobre a prisão ou liberdade do acusado  três hipóteses distintas de atos sujeitos a cientificação obrigatória: 
1ª.) Da entrada e saída do acusado da prisão:
“acusado” (imputado na inicial acusatória), e não a “investigado” ou “indiciado”: hipóteses de prisão e – liberdade provisória eventualmente determinadas no curso do processo judicial. 
OBS.: inexiste necessidade de comunicação:
Em relação as medidas de prisão ou liberação provisória que ocorram na fase anterior ao recebimento da denúncia e da queixa-crime;
 Não se refere ao momento da execução da pena privativa de liberdade: desnecessária a intimação da vítima quanto às datas de recolhimento e liberação do apenado do sistema prisional).
2ª.) Da audiência designada: 
A obrigatoriedade de comunicação do ofendido abrange todos os atos que compõem a audiência única (art. 185, § 4.º, art. 400, § 1.º, e art. 411, § 2.º): oitiva de testemunhas de acusação, inquirição de testemunhas de defesa, audiência para novo interrogatório do réu etc.), inclusive a expedição de cartas precatórias expedidas a outros juízos com vista à produção de provas orais (ver súmula n.º 273 do STJ) 
Súmula n.º 273 do STJ: “intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado”), a cientificação que deve ser feita ao ofendido respeita apenas à expedição da precatória e não necessariamente da data da audiência designada no juízo deprecado”.
3ª) Da sentença prolatada e quanto aos acórdãos que a mantiverem ou modificarem. 
• § 4.º: Reserva de lugar em separado para que o ofendido permaneça antes e durante a realização da audiência
- Objetivo: resguardar a integridade física e moral da vítima:
▪ Nos momentos que antecedem o seu ingresso na sala de audiências: qualquer espaço (separado) do fórum em que não esteja sujeito o ofendido a contato com o acusado ou pessoas a ele relacionadas;
▪ No curso de sua inquirição pelo juiz: a própria sala de audiências determinando o juiz que se
retirem da sala o réu e terceiros que lá eventualmente se encontrem, permanecendo apenas
advogados, Ministério Público e serventuários da justiça. 
OBS.: No caso de sessão no Tribunal do Juri: poderá o magistrado, em vez de esvaziar
o plenário, ouvir a.vítima em recinto separado. 
- Pode ser ordenada não apenas a seu requerimento ou do Ministério Público, como também ex officio pelo juiz.
§ 5.º: Encaminhamento do ofendido a atendimento multidisciplinar, se for o caso, às expensas do Estado.
A responsabilidade do ofensor pelos custos do atendimento mencionado apenas pode ser reconhecida após o trânsito em julgado da sentença condenatória;
Eventual tratamento determinado pelo juiz criminal no curso do processo apenas poderá ser custeado pelo Estado, sem prejuízo de eventual ação de regresso; 
Ex.: crimes contra a liberdade sexual (diagnóstico e acompanhamento psicológico; prevenção de gravidez indesejada e a própria profilaxia de doenças sexualmente transmissíveis); em função da idade da vítima ou a sua condição de doente mental ou de pessoa portadora de desenvolvimento mental incompleto ou retardado; evitar que o depoimento venha a agravar os danos psicológicos já provocados pela prática criminosa.
Poderá ser ordenada pelo juiz tanto a requerimento do Ministério Público, da própria vítima ou de quem legalmente a represente, como ex officio (doutrina).
• § 6.º.: Adoção das medidas necessárias para resguardar a imagem, honra e vida privada do ofendido
Exceção da publicidade restrita: o segredo de justiça apenas deverá ser determinado pelo juízo em casos extremos, vale dizer, quando a necessidade de preservação da intimidade ou o interesse público efetivamente ensejarem essa medida;
O segredo de justiça poderá ser conferido pelo juiz a partir de provocação do Ministério Público, do ofendido ou de quem legalmente o represente, bem como ex officio (doutrina);
Enquanto não levantado, importará o segredo em resguardar as informações que digam respeito ao ofendido do acesso de terceiros estranhos ao processo e também da divulgação por intermédio dos meios de comunicação social. 
A ordem de sigilo deverá ser fundamentada pelo magistrado.
Infringida a proibição, poderá acarretar responsabilização civil e, conforme o caso, até mesmo penal, sem prejuízo de eventuais sanções disciplinares, na hipótese de ser autor da violação juiz, promotor de justiça ou serventuários da justiça.
Indeferido o requerimento pelo juiz, poderá ensejar a impetração de mandado de segurança (doutrina).
 Dispositivos legais: 
▪ CRFB/88, art. 5.º, LX; e art. 93, IX 
▪ CPP, art. 792, § 1.º, escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem - interesse social - e defesa da intimidade.
▪ art. 234-B, do CP: crimes contra a dignidade sexual (antes chamados de crimes contra os costumes), estabeleceu, no que “os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça”.
. 
Prova Documental (arts. 231 a 238)
- Entende-se por documento toda a classe de objetos que tenham força probatória, tal como escritos, fitas de aúdio, fotografias, tecidos e objetos móveis que possam ser incorporados ao processo e que desempenhem uma função persuasiva. 
Os documentos podem ser juntados a qualquer momento, até o encerramento da instrução.
Tribunal do Juri: devem ser juntados com antecedência mínima de 3 dias úteis.
Reconhecimento de pessoas e coisas: arts. 226 a 228.
• Ato formal, previsto no art. 226, através do qual alguém é levado a analisar alguma pessoa ou coisa, com a finalidade de recordar um fato criminoso e verificar se coincide com a recordação empírica. 
• Pode ocorrer no inquérito policial e/ou no processo criminal.
• O CPP é omisso em relação ao número mínimo de participantes (recomenda-se que não seja inferior a 5).
 
• Deve-se ter cuidado para que o nível de indução seja o menor possível (características físicas similares).
• Reconhecimento por fotografia: não é pacífica sua aceitação. Recomenda-se que seja ato preparatório, ato-meio e não um fim em si mesmo.
• Falso reconhecimento: problemática decorrente das falsas memórias e dos processos de indução. O reconhecimento pessoal é um meio de prova bastante sensível à indução e aos falsos reconhecimentos, devendo por isso ser realizado com suma prudência e cautela e valorado pelo juiz com reservas, em conjunto com as demais provas, nunca com valor decisivo ou única prova para legitimar a sentença condenatória.

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