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Material de @claramendesofic claramendesoficsilva@gmail.com Provas – Titulo VII CPP Introdução 1. Conceito: As provas são elementos fundamentais no processo penal, servindo para comprovar a existência ou inexistência de fatos relevantes para o deslinde do caso. Elas são essenciais para a formação da convicção do juiz. 2. Não taxatividade – meios de prova antecipada: O Código de Processo Penal não limita os meios de prova, permitindo que sejam utilizados outros além dos previstos. Além disso, há a possibilidade de se produzir prova antecipada quando houver receio de que, ao tempo do julgamento, ela possa se tornar inacessível ou ineficaz. 3. Finalidade da prova: A finalidade da prova é demonstrar a veracidade dos fatos alegados pelas partes, contribuindo para a formação da convicção do juiz. 4. Objeto da prova: a. Fatos axiomáticos: São aqueles inquestionáveis e que independem de prova, como por exemplo, o fato de que todos são iguais perante a lei. b. Fatos notórios: São fatos de conhecimento geral e público, dispensando prova. c. Presunções legais: São fatos presumidos pela lei, como a presunção de violência nos crimes sexuais. d. Fatos incontroversos: São fatos sobre os quais não há divergência entre as partes. 5. Classificação das provas: Quanto ao valor: a. Prova plena: Aquela que, por si só, é suficiente para formar a convicção do juiz. b. Prova não plena: Aquela que não é suficiente para formar a convicção do juiz, podendo ser complementada por outras provas. Material de @claramendesofic claramendesoficsilva@gmail.com Quanto ao sujeito: a. Provas reais: São provas materiais, como objetos, documentos, etc. b. Provas pessoais: São as provas obtidas através do testemunho de pessoas. Existem diversas classificações da prova (lícita x ilícita; legítima x ilegítima; direta x indireta; plena x indiciária; real x pessoal; etc., quanto ao objeto, ao valor, ao sujeito, à forma e à aparência), fontes de prova (pessoais x reais), de duvidosa serventia. De qualquer forma, pode-se indicar a existência de provas: (i) testemunhal (CPP, art. 202 e sgts); (ii) documental (CPP, arts. 231 e sgts), e (iii) material (CPP, art. 158 e sgts). Para sua produção e valoração democrática devem ser atendidos os requisitos legais (STJ, HC. 191.378), bem como as garantias de produção em contraditório (direto ou diferido). O interrogatório possui regime especial (CPP, art. 185 e sgts. 16.15.), bem como o estatuto do ofendido (CPP, art. 201), o reconhecimento de pessoas/ coisas (CPP, art. 226) e a acareação (CPP, art. 229 e segts). Há regime próprio na Lei das Organizações Criminosas (agente infiltrado, ação controlada, colaboração premiada, gravação ambiental) e na Lei de Drogas (ação controlada), bem como a “cooperação probatória". (Alexandre Morais da Rosa – Guia do Processo Penal Conforme a Teoria dos Jogos) 6. Princípios gerais: a. Princípio do contraditório: As partes devem ter a oportunidade de se manifestar sobre todas as provas produzidas no processo. O juiz forma sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo basear sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, exceto nas provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. b. Princípio da comunhão de provas: As provas produzidas pertencem ao processo como um todo, não às partes individualmente. Uma vez produzida, a prova pertence ao processo e não à parte que a introduziu. A comunhão da prova ocorre após sua produção, e a desistência de sua utilização requer a concordância da outra parte. Material de @claramendesofic claramendesoficsilva@gmail.com c. Princípio da oralidade: O debate sobre as provas deve ocorrer de forma oral em audiência. d. Princípio da concentração: Os atos processuais devem ser concentrados no menor número possível de audiências. e. Princípio da publicidade: As provas devem ser produzidas de forma pública, garantindo a transparência do processo. f. Princípio da não autoincriminação: Ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo, sendo vedada a utilização de medidas de coerção ou intimidação para obtenção de confissão ou colaboração em atos que possam incriminar o indivíduo. 7. Sistema de perempção / apreciação das provas: a. Sistema legal, tarifado ou formal: O juiz está adstrito às provas constantes nos autos. b. Sistema de livre convencimento motivado ou da persecução penal: O juiz tem liberdade para valorar as provas, desde que fundamentadamente. c. Sistema da íntima convicção: O juiz forma sua convicção livremente, sem necessidade de fundamentação explícita. d. Qual é adotado no CPP? Art. 155 CP: O sistema adotado é o da livre convicção motivada. Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Prova tarifada – art. 62 CPP A prova tarifada, prevista no artigo 62 do Código de Processo Penal, é aquela em que a lei estabelece um valor específico, não sendo permitido ao juiz atribuir-lhe outro valor. Em outras palavras, o juiz não tem liberdade para valorar a prova, devendo atribuir-lhe o valor estipulado pela lei. Íntima convicção – tribunal do Júri No tribunal do júri, a decisão dos jurados é pautada pela íntima convicção, ou seja, não há a necessidade de fundamentação explícita como ocorre nos demais processos. Os jurados têm liberdade para Material de @claramendesofic claramendesoficsilva@gmail.com decidir conforme sua própria convicção, desde que dentro dos limites da lei. 8. Fases do procedimento probatório a. Proposição: É o momento em que as partes apresentam as provas que pretendem produzir no processo. b. Admissão: O juiz decide se as provas apresentadas pelas partes serão admitidas ou não no processo. c. Produção: As provas admitidas são produzidas pelas partes, podendo ser testemunhais, documentais, periciais, etc. d. Valorização: Ao final do processo probatório, o juiz analisa as provas produzidas, atribuindo-lhes o valor que entender adequado para formar sua convicção. 9. Ônus da Prova a. Art. 156 CPP: Este artigo do Código de Processo Penal estabelece que cabe à acusação provar a existência do fato típico, enquanto cabe à defesa provar as excludentes de ilicitude, de culpabilidade ou a ausência de uma condição objetiva de punibilidade. b. Ônus x obrigação: O ônus da prova refere-se à responsabilidade de produzir provas sobre determinados fatos, enquanto a obrigação implica na necessidade de provar determinados fatos para evitar a sanção processual. Produção de provas – Teoria Geral das provas 1. Ex officio – pelo juiz: O juiz pode determinar a produção de provas de ofício, ou seja, sem pedido das partes. Art. 156 CPP: Este artigo confere ao juiz o poder de determinar a produção de provas de ofício quando entender necessário para a formação de sua convicção. 2. Prova emprestada: a. Conceito: A prova emprestada é aquela produzida em outro processo e agregada aos autos do caso em andamento, mantendo seu valor probatório original. Apesar Material de @claramendesofic claramendesoficsilva@gmail.com de ser sempre na forma documental, seu valor probante é o mesmo da prova original. b. Requisitos: A prova emprestada deve respeitar o contraditório nos dois processos e a identidade das partes, sob pena de nulidade. Ou seja, utilização da prova emprestada é possível apenas se o processo original envolvia as mesmas partes ou, pelo menos, a parte contra a qual a prova será utilizada, garantindo-se o contraditório e a ampla defesa – Contraditório nos dois processos; identidades das partes. A provaemprestada, a saber, a importação de meio probatório não produzido nos autos em que será valorada, terá sempre o estatuto da prova documental, mesmo que se importem depoimentos, cuja reprodução seja impossível, tendo como pressuposto que as partes sejam idênticas. (Alexandre Morais da Rosa – Guia do Processo Penal Conforme a Teoria dos Jogos) 3. Prova ilegal: A partir da proposta teórica de Pietro Nuvolone, acolhida no Brasil, distingue-se a prova: a) ilegítima a que viola norma processual (p.ex. CPP, arts. 207; 210, 212); e b) ilícita a que viola a norma material (p. ex., obtida mediante tortura, Interceptação Telefônica ilegal, busca e apreensão sem requisitos, ausência de motivação adequada etc.). (Alexandre Morais da Rosa – Guia do Processo Penal Conforme a Teoria dos Jogos) a. Prova ilícita: Aquela obtida por meio proibido por lei, sendo vedada sua utilização no processo. b. Prova ilícita por derivação: Derivada de outra prova ilícita. c. Provas ilegítimas: São aquelas obtidas de forma contrária aos princípios constitucionais, mesmo que não exista uma proibição legal expressa. O Estado para condenar alguém deve se valer de prova idônea, vedando-se atividade probatória ilegal/ilícita. A Constituição da República, em seu art. 5º, IVI, fixa que “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios Material de @claramendesofic claramendesoficsilva@gmail.com ilícitos". A Lei de Abuso de Autoridade pune quem produz e quem usa prova ilícita (arts. 25 e 22). O fato de a disposição ter assento constitucional será muito importante, uma vez que boa parte do art. 157 do CPP, ao indicar a possibilidade de adoção da teoria da fonte independente e da mitigação do nexo – inspirado nas decisões do Direito Norte-Americano -, deve atentar-se que nos s EUA a disposição prevista na Constituição brasileira (art. 5º, LVI), não possui status constitucional. Logo, as disposições do art. 157, do CPP não podem ser compreendidas sem sublinhar essa premissa, diante da apropriação de lógica diversa, cujo ponto de partida não é compartilhado. Ademais, a proibição de prova ilícita decorre do devido processo legal substancial. Será ilícita se houver violação aos Direitos Constitucionais: inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra, da imagem (CR, art. 5º, X); inviolabilidade do domicílio (CR, art. 5º, XI); inviolabilidade do sigilo das comunicações em geral e dos dados (CR, art. 5º, XII); vedação ao emprego da tortura ou de tratamento desumano ou degradante (CR, art. 5º, III). O Estado não pode jogar sujo, afirmando Paulo de Souza Mendes que “o preceito cumpre a função de avisar os órgãos de perseguição criminal de que ninguém está acima da lei, dizendo alto e bom som que não há diferenças de estatuto entre os representantes da lei e da ordem e os cidadãos delinquentes". (Alexandre Morais da Rosa – Guia do Processo Penal Conforme a Teoria dos Jogos) 4. Teoria dos frutos da árvore envenenada: “A teoria The fruits of the poisonous tree, ou teoria dos frutos da árvore envenenada, cuja origem é atribuída à jurisprudência norte-americana, nada mais é que simples consequência lógica da aplicação do princípio da inadmissibilidade das provas ilícitas.” – Eugênio Pacelli. a. Fato independente: Quando o fato descoberto é independente da prova ilícita. b. Contaminação expurgada: A prova ilícita é desconsiderada e não contamina as demais provas. c. Descoberta inevitável: Quando a descoberta da prova seria inevitável, mesmo sem a prova ilícita. d. HC 69912-0 do Rio Grande do Sul (16/12/1993): O caso discutiu a legalidade da interceptação telefônica como prova em processo penal. O STF reconheceu, por maioria de votos, a aplicação da Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada. Ou seja, as provas derivadas de uma prova ilícita também são consideradas ilegais. A decisão foi baseada no Material de @claramendesofic claramendesoficsilva@gmail.com princípio constitucional da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos (artigo 5º, LVI, da Constituição Federal). O tribunal destacou que permitir o uso de informações obtidas ilicitamente incentivaria a prática de atividades ilegais, em desrespeito aos direitos fundamentais. e. HC 74116-9 de São Paulo (05/11/1996): O caso envolveu a análise da legalidade das provas fundamentais obtidas em um processo penal. Houve divergência entre os ministros do STF sobre a aplicação da Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada. Alguns ministros votaram pela anulação do processo desde o início, argumentando que as provas fundamentais haviam sido obtidas por meio de uma escuta telefônica considerada ilegal. Outros ministros entenderam que as provas fundamentais não foram diretamente afetadas pela escuta telefônica ilegal e votaram contra a anulação do processo. Destacou-se a importância de se viver em um Estado Democrático de Direito, no qual as decisões devem ser baseadas na lógica jurídica e na razoabilidade. 5. Serenipidade ou encontro fortuito de provas – crime achado: Refere-se à descoberta de provas por acaso, sem que houvesse uma busca intencional por parte das autoridades. Serendipidade, ou encontro fortuito de provas, é a descoberta casual de evidências relacionadas a um crime diferente daquele investigado originalmente. Esse conceito remonta à obra "Os Três Príncipes de Serendip", de Horace Walpole. Existem duas perspectivas doutrinárias sobre o tema: a. Serendipidade de Primeiro Grau: Exige que a nova prova tenha uma conexão direta com o crime originalmente investigado. Por exemplo, a localização de um cadáver durante uma investigação de homicídio. b. Serendipidade de Segundo Grau: Aceita a validade da nova prova, independentemente de haver ou não conexão com o crime originalmente investigado. Por exemplo, a Material de @claramendesofic claramendesoficsilva@gmail.com descoberta fortuita de um roubo durante uma interceptação telefônica para investigação de estupro. c. Jurisprudência: Tanto o Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto o Supremo Tribunal Federal (STF) têm reconhecido a serendipidade como uma prática legítima. Ambos os tribunais afirmam que, se a prova foi obtida durante uma investigação regularmente autorizada, sua utilização é válida, mesmo que se refira a um crime diferente do investigado originalmente. Cadeia de custódia – art. 158 – 158-F CPP 1. Conceito: Refere-se ao conjunto de procedimentos adotados para garantir a integridade e a autenticidade das provas, desde sua coleta até sua apresentação em juízo. A cadeia de custódia é um procedimento que visa preservar o material comprobatório da prova, garantindo sua veracidade e credibilidade ao longo de todo o processo penal. 2. Explicação: Consiste na documentação detalhada de todas as manipulações e movimentações das provas, garantindo sua idoneidade e evitando possíveis questionamentos quanto à sua autenticidade. 3. Fundamento legal: O procedimento da cadeia de custódia é regulamentado pelos artigos 158-A ao 158-F do Código de Processo Penal, os quais foram inseridos pelo pacote anticrime. 4. Fases da cadeia de custódia: a. Primeira fase: Compreende todos os passos entre a preservação do local de crime ou apreensão dos elementos de prova até a chegada do vestígio ao órgão pericial. Inclui a preservação do local do crime, reconhecimento, isolamento, fixação, coleta, acondicionamento e transporte. b. Segunda fase: Inicia-se com a entrada do vestígio no órgão pericial e vai até a devolução do vestígio juntamente com o laudo pericial ao órgão requisitante da perícia. Envolve a recepção e conferência do vestígio, classificação, guarda e/ou distribuição do vestígio, análise pericial, guarda e devolução do vestígio da prova, guarda de vestígios para contraperícia e registro da cadeiade custódia. Material de @claramendesofic claramendesoficsilva@gmail.com 5. Fases específicas da cadeia de custódia (conforme Art. 158-B do CPP): I. Reconhecimento II. Isolamento III. Fixação IV. Coleta V. Acondicionamento VI. Transporte VII. Recebimento VIII. Processamento IX. Armazenamento X. Descarte Sequência de fases: a. Primeira fase: Local do vestígio (incisos I ao V do art. 158-B). b. Segunda fase: Transporte (incisos VI e VII). c. Terceira fase: Análise, laudo, perícia (fase de processamento, inciso VIII). d. Quarta fase: Armazenamento (inciso IX). e. Quinta fase: Descarte (inciso X). 6. Consequência da quebra da cadeia de custódia: Se a cadeia de custódia for quebrada, a prova pode se tornar ilícita, podendo ser desconsiderada no processo. Exame de Corpo de delito – art. 158 CPP 1. Conceito: É o exame realizado por peritos para comprovar a existência de lesões ou outras características físicas relacionadas ao crime. O exame de corpo de delito é uma perícia destinada a comprovar a materialidade das infrações que deixam vestígios físicos, como homicídios, lesões corporais ou danos. O vestígio refere-se a qualquer rastro deixado por algo ou alguém. O corpo de delito é a prova da existência do crime, compreendendo o conjunto de elementos físicos e materiais que definem a infração. 2. Exame: a. Direto: Exame realizado diretamente no corpo da vítima ou na cena do crime. Material de @claramendesofic claramendesoficsilva@gmail.com b. Indireto: Exame realizado por meio da análise de vestígios, como sangue, fios de cabelo, etc. O corpo de delito indireto é complicado porque, de fato, não existe mais corpo, mas somente delito e sem a análise direta as inferências são sempre mais complexas. Em alguns casos, o CPP exige comprovação direta, manipulada, em geral, pela má compreensão do art. 167 do CPP. A armadilha cognitiva se dá com a previsão do art. 167 do CPP (Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.), interpretada equivocadamente no sentido de que a simples inexistência do exame direto pode ser suprida, em qualquer situação, pela prova indireta, quando, na verdade, o "não sendo passível" decorre do desaparecimento das condições materiais, não se confundindo. (Alexandre Morais da Rosa – Guia do Processo Penal Conforme a Teoria dos Jogos) 3. Confissão do réu: Declaração feita pelo acusado admitindo sua participação no crime – o exame de corpo de delito não pode ser suprido pela confissão do réu. 4. Prova testemunhal: Depoimento prestado por testemunhas que presenciaram o crime ou que têm conhecimento sobre os fatos – apenas quando o vestígio houver desaparecido (sem corpo não há homicídio). 5. Violência doméstica: Refere-se aos casos de violência cometidos no âmbito doméstico ou familiar, conforme previsto na Lei Maria da Penha – Documentos médicos, art. 12, paragrafo 3º, CPP. Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: § 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde. (Lei nº 11.340 de 07 de Agosto de 2006 – Lei Maria da Penha) 6. Formalidade do Exame: O exame de corpo de delito deve ser realizado por perito oficial, portador de diploma de curso superior. Na falta de perito oficial, o exame pode ser feito por duas pessoas idôneas, preferencialmente com formação na área específica. As partes têm o direito de formular quesitos e indicar assistente técnico. Em caso de divergência entre peritos, o juiz pode nomear um terceiro perito. Se houver divergência entre a perícia e o juiz, este deve fundamentar sua decisão com outros elementos de prova. Material de @claramendesofic claramendesoficsilva@gmail.com 7. Perito: a. Oficial: Perito designado pelo Estado para realizar exames e emitir laudos oficiais – art. 151, paragrafo 3º, CPP. b. Leigo: Pessoa com conhecimento técnico em determinada área que pode ser chamada a prestar esclarecimentos no processo, – art. 151, paragrafo 3º, CPP. c. Assistente técnico: Profissional indicado pela parte para auxiliar na análise das provas periciais. Assistente técnico, quando designado para acompanhar o exame, pode intervir na diligência, formulando quesitos e assistindo a todos os atos, podendo também indicar assistente técnico – art. 151, paragrafo 3º, CPP. d. Oitiva dos peritos em audiência: Os peritos são ouvidos em audiência para apresentar seus laudos e responder aos questionamentos das partes. Intimados com 10 dias de antecedência. 8. Momento da perícia: A perícia é realizada em momento oportuno durante o processo, geralmente após a produção das demais provas. a. Autópsia / necropsia: É a realização de exame no corpo de uma pessoa após a morte para determinar a causa da morte e/ou identificar possíveis lesões ou doenças. Esse tipo de perícia é comumente realizado em casos de morte suspeita, violenta ou sem explicação aparente. b. Mínimo de 06 horas após a morte: Para autópsias em casos de óbito, é recomendado que a perícia seja realizada no mínimo 6 horas após a morte. Esse período de espera permite que certas alterações no corpo, como a lividez cadavérica e a rigidez muscular, possam ser observadas e ajudem na determinação da causa da morte. 9. Conclusão do laudo: 10 dias. 10. Obrigatoriedade: O artigo 158 do Código de Processo Penal (CPP) estabelece que, quando a infração deixar vestígios, o exame de corpo de delito é indispensável, podendo ser direto (realizado pessoalmente pelos peritos) ou indireto (baseado em informações Material de @claramendesofic claramendesoficsilva@gmail.com fornecidas aos peritos). A confissão do acusado não pode substituir o exame de corpo de delito. Interrogatório do Réu (art. 185 – 196 CPP) 1. Conceito: É o ato processual que permite ao acusado comunicar- se diretamente com o juiz, apresentando sua versão dos fatos. 2. Natureza Jurídica: Considerado um meio de defesa, sendo facultativo para o acusado responder às perguntas. 3. Características: Destaca-se sua obrigatoriedade, personalidade, oralidade, publicidade e individualidade. 4. Diferenças no Procedimento: São apontadas as diferenças entre o procedimento comum e o júri em relação ao interrogatório do réu. Confissão do réu 1. Requisitos: a. Verossimilhança: A confissão deve ser coerente e verossímil. b. Clareza: Deve ser compreensível e livre de ambiguidades. c. Pessoalidade: Deve ser feita pessoalmente pelo réu, sem coação ou influência externa. d. Saúde mental: Deve ser feita por pessoa mentalmente capaz. Intrínsecos (verossimilhança, persistência, coincidência) e formais (pessoalidade, expressão, voluntariedade). 2. Valorização da confissão: A confissão é uma das provas mais valorizadas no processo penal, porém não é suficiente por si só para embasar uma condenação. 3. Valor Probatório: A confissão não tem valor absoluto e deve ser confrontada com outras provas do processo. 4. Confissão na Lei de Drogas: A confissão do porte de drogas não atenua a pena por tráfico de drogas. 5. Classificação: Material de @claramendesofic claramendesoficsilva@gmail.com a. Judicial ou extrajudicial: Feita perante autoridade judicial ou fora dela. b. Real ou ficta: Se ocorre ou não de fato. c. Escrita ou oral: Forma como é realizada. d. Simples ou qualificada: Depende da gravidade do crime confessado. 6. Sumula 545 – STJ: Dispõe que a confissão do coacusado não pode ser utilizada isoladamente para condenar o réu. Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimentodo julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal. 7. Divisibilidade e retroatividade: A confissão pode ser dividida em partes, e sua retratação pode ser considerada. Não retroage para beneficiar o réu. 8. Confissão delatória: Aquela em que o réu incrimina outras pessoas. Ofendido – art. 201 CPP 1. Conceito: O ofendido é o sujeito passivo do crime, e suas declarações podem constituir meio de prova. 2. Valor Probatório: As declarações do ofendido não são valoradas da mesma forma que as de uma testemunha, mas em certos casos, como crimes clandestinos, podem ter maior peso. 3. Lei Maria da Penha: Introduz regras especiais para proteção da vítima, como a garantia de não contato com o agressor e inquirição em recinto adequado. 4. Escuta Especializada e Depoimento Especial: Previstos na Lei Maria da Penha, visam proteger crianças e adolescentes contra a revitimização. 5. Art. 201 CPP: Este artigo dispõe sobre a possibilidade de o ofendido produzir provas no processo penal, desde que não prejudique a defesa do acusado. Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações. Material de @claramendesofic claramendesoficsilva@gmail.com (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) Este dispositivo garante ao ofendido o direito de ser ouvido durante o processo penal, possibilitando que ele relate sua versão dos fatos, aponte o autor da infração e indique quaisquer provas que possam ajudar na investigação ou julgamento do caso. Suas declarações são formalizadas por meio de termo próprio. § 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Caso o ofendido seja convocado para prestar declarações e não compareça sem uma justificativa plausível, poderá ser compelido a comparecer por meio de condução coercitiva, ou seja, será obrigado a comparecer diante da autoridade. § 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) O ofendido tem o direito de ser informado sobre os principais acontecimentos do processo, como a prisão e soltura do acusado, a marcação de audiências e a prolação de sentenças, bem como as decisões que mantenham ou modifiquem tais situações. § 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, o uso de meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) As comunicações oficiais destinadas ao ofendido devem ser enviadas para o endereço por ele indicado, podendo, se preferir, optar pelo recebimento de comunicações por meios eletrônicos. § 4o Antes do início da audiência e durante a sua realização, será reservado espaço separado para o ofendido. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Durante as audiências, é garantido ao ofendido um espaço reservado para sua participação, assegurando sua privacidade e conforto durante o procedimento. § 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Caso o juiz identifique a necessidade de suporte multidisciplinar para o ofendido, especialmente nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde, poderá encaminhá-lo para atendimento, cujos custos serão arcados pelo ofensor ou, na ausência deste, pelo Estado. § 6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) O juiz é responsável por garantir a preservação da intimidade, vida Material de @claramendesofic claramendesoficsilva@gmail.com privada, honra e imagem do ofendido, podendo adotar medidas como o segredo de justiça em relação aos dados e depoimentos referentes ao ofendido, visando evitar sua exposição indevida nos meios de comunicação.
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