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6 APOSTILA DIREITO PROCESSUAL PENAL

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DIREITO PROCESSUAL 
 
 
 
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DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
 
1. Denúncia e Queixa 
 
 Trata-se de petições iniciais, não sendo possíveis de fazer na delegacia, o que se faz na delegacia é a narração 
dos fatos, chamados de “notitia criminais”. Denúncia e queixa dão início ao processo penal. 
 
 Denúncia é a petição inicial da ação penal pública, oferecida pelo Ministério Público (artigo 129, I da 
Constituição Federal). 
 
 Queixa é a petição inicial da ação penal privada, oferecida pelo ofendido ou seu representante legal, através 
de um advogado. 
 
Requisitos da Denúncia e da Queixa: 
 
Comuns: 
 
Fundamento legal: artigo 41 do Código de Processo Penal. 
 
A. Exposição minuciosa dos fatos, não se admitindo descrição genérica, imprecisa, lacônica. Isto em razão da 
necessidade de assegurar o devido processo legal, com o contraditório. 
 
 Havendo Corréus, deve-se descrever a conduta de cada um, de forma individual. 
 
B. Qualificação do acusado ou seus sinais característicos possibilitando a identificação do réu. 
 
 Se não houver a qualificação exata do acusado, usaremos os sinais característicos (desde que seja possível 
identificá-lo). 
 
C. Classificação do crime: deve constar o tipo penal (artigo da lei penal) supostamente praticado, não bastando a 
previsão do “nome do crime”, devendo constar os artigos de lei violados. 
 
OBS.: prevalece o entendimento de que não é possível a imputação alternativa (imputar um crime ou outro 
alternativamente). 
 
Exemplo: um indivíduo que é encontrado na posse de um veículo furtado, não se sabendo se houve um furto ou 
apenas a receptação, não pode haver o pedido alternativo na denúncia ou queixa, em razão da dificuldade na 
defesa. 
 
D. Rol de testemunhas: a denúncia e a queixa são as petições nas quais a acusação arrola as suas testemunhas. 
 
 
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A quantidade de testemunhas dependerá do rito (se ordinário, 8; se sumário 5, não se contando as vítimas). 
 
OBS.: Se a acusação não arrolar as testemunhas neste momento, ocorrerá a preclusão, salvo se tratando de 
testemunhas novas. 
 
ATENÇÃO: a queixa crime possui um requisito a mais, que é a procuração com poderes especiais dada ao advogado, 
devendo constar a descrição do fato criminoso e o nome do acusado. 
 
2. Ação Penal nos Crimes em Geral 
 
Estudaremos os de maior incidência: 
 
Crime de lesão corporal (artigo 129 do Código Penal) – Existem duas espécies de lesão corporal: 
 1. Lesão corporal culposa: praticada com imprudência, negligência ou imperícia; 
 
 2. Lesão corporal dolosa: o agente quer ou assume o risco de produzir o resultado. Esta, ainda, se divide 
em 3: 
 A. Leve; 
 B. Leve grave; 
 C. Gravíssima. 
 
OBS: Código Penal, em seu artigo 129 traz as definições dos graus grave e gravíssima, sendo a leve definida pelo 
caráter residual. 
 
 A lesão corporal culposa e dolosa leve é de ação penal pública, condicionada à representação; 
 
 A lesão corporal dolosa grave e gravíssima é de ação penal pública incondicionada. 
 
EXCEÇÕES: segundo o STF, toda lesão corporal praticada contra a mulher, com violência doméstica ou familiar, será 
crime de ação penal pública incondicionada; 
 
A. Lesão corporal culposa no trânsito: em regra, a ação penal é pública condicionada à representação: 
 
EXCEÇÕES: 
A.1. Se o criminoso estiver embriagado, participando racha ou a mais de 50km acima do limite, a ação penal será 
pública incondicionada. 
 
B. Crimes contra a honra: são crimes contra a honra: 
 Injúria (artigo 140 do Código Penal): atribuir a alguém uma qualidade negativa, ainda que verdadeira e 
grave. 
 
 
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 Difamação (artigo 139 do Código Penal): imputar a alguém um fato negativo, ainda que verdadeiro. 
 
 Calúnia (artigo 147 do Código Penal): imputar falsamente um fato negativo definido como crime. 
 
ATENÇÃO: esse fato deve ser específico, sendo genérico, como por exemplo chamar alguém de ladrão, será crime 
de injúria visto que está atribuindo qualidade negativa a alguém e não imputando fato criminoso. 
 
 Em regra, a ação penal nos crimes contra a honra é a ação penal privada. 
 
EXCEÇÕES: 
B.1. No crime de injúria racial ou qualificada (artigo 149, parágrafo terceiro do Código Penal), a ação penal será 
pública condicionada à representação; 
 
B.2. Nos crimes contra a honra do presidente ou chefe de governo estrangeiro, a ação penal será pública 
condicionada à requisição do Ministro da Justiça; 
 
B.3. Crime contra a honra de funcionário público no exercício da sua função, a vítima escolherá a ação, podendo 
ser: 
 Ação penal privada; 
 
 Ação penal pública condicionada à representação. 
 
3. Disposições Preliminares do Código de Processo Penal - Artigos 1° a 3° 
 
Artigo 1° do Código de Processo Penal: 
 Trata da lei processual penal no espaço. 
 
 Princípio da territorialidade ou princípio da “lex fori “. O ato processual será regido pela lei processual do 
lugar onde ele for realizado, não importando o lugar onde o crime foi praticado. 
 
 Princípio da “lex fori” se justifica pela soberania do país. 
 
 Crime ocorrido durante o carnaval no Rio de Janeiro, com 3 pessoas norte-americanas. O processo começou 
no Brasil, mas as testemunhas voltaram para seu país. O Brasil envia carta rogatória para os EUA, para que as 
testemunhas sejam ouvidas lá. As testemunhas serão ouvidas nos EUA segundo a lei processual americana 
(princípio da territorialidade). 
 
OBS.: Além do Código de Processo Penal, existem muitas outras leis processuais. Além das leis processuais, há 
vários tratados internacionais que também versam sobre o processo penal. 
 
 
 
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Exemplo: Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica). 
 
OBS: Além do crime comum que pode ser praticado pelas autoridades, existe o crime de responsabilidade. 
 
Crime comum: previsto no Código Penal ou na Lei Especial Penal. O agente será processado criminalmente, nos 
termos do Código de Processo Penal. 
 
Crime de responsabilidade: trata-se de uma infração político-administrativo, prevista em lei específica. A Lei 
1079/50 prevê os crimes de responsabilidade do Presidente, Ministros de Estado e Ministros do STF. Não se aplica 
o Código de Processo Penal, mas um procedimento especial previsto nesta lei. 
 
OBS.: Em se tratando de crimes militares, aplica-se o Código Penal Militar é o Código de Processo Penal Militar. 
 
ATENÇÃO: os incisos IV e V do artigo 1° CPP estão revogados. 
 
O artigo 2° do Código de Processo Penal trata da Lei Processual no Tempo: 
 Princípio do efeito imediato ou "tempus regit actum” a lei processual penal se aplica imediatamente a todos 
os processos em curso, não importando se beneficia ou não o réu. 
 
OBS.: 
1- Os atos processuais já praticados perecerão válidos. 
2- Exceção será feita aos atos processuais em que os prazos estejam correndo. 
 
Artigo 3° do Código de Processo Penal: 
 
A lei processual penal admite: 
 
• Interpretação extensiva: amplia o sentido da norma; 
 
• Analogia: aplicação da lei a casos semelhantes; 
 
• Princípios gerais do direito. 
 
 
 
 
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 INQUÉRITO POLICIAL 
 
Características: 
● Obrigatório ou oficioso; 
● Dispensável; 
● Inquisitivo; 
● Sigiloso; 
● Escrito; e 
● Indisponível. 
 
 O inquérito é obrigatório para autoridade policial e é dispensável para Ação Penal. 
 
 Escrito quer dizer é expresso. 
 
 Indisponível – o delegado não pode arquivar o inquérito policial. Art. 17 CPP. 
 
 Sigiloso – artigo 20 do CPP. Contudo, atenção à súmula vinculante 14 - é direito do defensor, no interessedo 
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório 
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
 
 Inquisitivo – não há contraditório no inquérito policial, mas cuidado, o art. 14 CPP, dispõe que podem ser 
requeridas diligências, mas o delegado não é obrigado a atendê-las. 
 
 Art. 7º, EOAB – dispõe que o Advogado tem direito de acompanhar o cliente no depoimento na delegacia. 
 
Hipótese de presença obrigatória do defensor no inquérito policial – artigo 14-A do CPP: 
 
 Aplicável aos casos em que servidores vinculados às instituições do artigo 144 da CF são investigados em 
inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e outros procedimentos extrajudiciais. O objeto da investigação 
precisa ser relacionado ao uso da força letal no exercício profissional. 
 
 Haverá prazo de 48 horas para a indicação do defensor pelo acusado, a partir do recebimento da citação. 
Esgotado esse prazo, a autoridade responsável pela investigação intimará a instituição a que estava vinculado o 
investigado à época dos fatos (atenção, pode não ser a mesma a que está vinculado atualmente) para que também 
no prazo de 48 horas, indique um defensor. 
 
1. Início do Inquérito Policial – Art. 5º, CPP 
 
 Depende do tipo da ação penal. 
 
 
 
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Ação penal Pública Incondicionada: 
● De ofício; 
● Requisitado pelo juiz ou promotor (MP); 
 
Regra: o delegado deverá atender a requisição. 
 
Exceção: quando a ordem for manifestamente ilegal, o delegado não é obrigado a atender. 
 
● Requerimento do ofendido; 
 Por meio do BO o delegado pode indeferir, e cabe recurso para o Chefe de Polícia, do indeferimento do 
delegado. 
● Denúncia anônima – Não permite a instauração do inquérito policial, permite diligências e a partir delas, instaurar o 
inquérito policial. 
● Pode ser instaurado o inquérito com o ato de prisão em flagrante. 
 
Ação Penal Pública Condicionada: 
 
 Depende da manifestação do ofendido, ou seja, representação. A representação é um ato por meio do qual a 
vítima declara a vontade de ver o autor processado criminalmente. A representação pode ser feita por escrito ou 
oralmente, sendo reduzida à termo. 
 
 Também é possível que a representação seja feita por procurador com poderes especiais. 
 
“Art. 39, CPP. O direito de representação poderá ser exercido, 
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante 
declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério 
Público, ou à autoridade policial. 
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura 
devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou 
procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade 
policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver 
sido dirigida. 
§ 2o A representação conterá todas as informações que possam servir 
à apuração do fato e da autoria. 
§ 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade 
policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-
á à autoridade que o for. 
§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a 
termo, será remetida à autoridade policial para que esta proceda a 
inquérito. 
 
 
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§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a 
representação forem oferecidos elementos que o habilitem a 
promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo 
de quinze dias.” (grifo nosso) 
 
O prazo da representação é de seis meses, contados a partir do conhecimento da autoria do crime, conforme previsão 
do artigo 38 do CPP: 
 
“Art. 38, caput, CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu 
representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se 
não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier 
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se 
esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.” 
 
Ação Penal Privada: 
 Depende da manifestação do ofendido por meio da queixa-crime. 
 
 O prazo também é de seis meses contados do conhecimento da autoria. A procuração para oferecer a queixa-
crime também depende de poderes especiais: 
 
“Art. 44, CPP. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes 
especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do 
querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais 
esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente 
requeridas no juízo criminal.” (grifo nosso) 
 
2. Desenvolvimento do Inquérito Policial - Rol do Art. 6º, CPP 
 
 As condutas não são em rol taxativo nem em ordem prévia. 
 
Pontos mais relevantes: 
 
Exame de corpo de delito e outras perícias – relação com o artigo 158 do CPP. 
 
 Nas infrações que deixarem vestígios o exame de corpo de delito é necessário para comprovar a materialidade. 
Não pode ser substituído pela confissão. 
 
3. Reprodução Simulada dos Fatos (reconstituição) - Art. 7º do CPP 
 
 O investigado não pode ser obrigado a participar, seja pelo delegado ou pelo juiz. 
 
 
 
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 A reconstituição não pode violar a moralidade ou a ordem pública. 
 
Exemplo: não é possível fazer a reprodução simulada de um estupro (fere a moralidade). 
 Se houver risco para a segurança do investigado, não cabe a reprodução simulada (fere a ordem pública). 
 
Graus de Responsabilidade Criminal: 
 
Culpado 
Réu 
Indiciado 
Suspeito 
 
Culpado: é aquele contra quem existe uma sentença penal condenatória transitada em julgado. 
 
Aplicação do princípio da presunção de inocência, previsto expressamente na Constituição Federal: 
 
Art. 5º, LVII, CF: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em 
julgado de sentença penal condenatória;” 
 
Réu: é a pessoa durante o processo. 
 
Indiciado: ato privativo do delegado, só existe no inquérito policial e significa que na visão da polícia aquela pessoa 
cometeu o crime. O indiciamento pode ser direto (com a presença do acusado) ou indireto (quando o acusado não é 
localizado ou não comparecer). 
 
Suspeito: pode ser qualquer um. 
 
Identificação Criminal: 
 
Lei 12.037/2009 – Art. 3º Hipóteses que em pode ser realizada a identificação criminal: 
 
“Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá 
ocorrer identificação criminal quando: 
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; 
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar 
cabalmente o indiciado; 
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com 
informações conflitantes entre si; 
IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, 
segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá 
 
 
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de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do 
Ministério Público ou da defesa; 
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes 
qualificações; 
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade 
da expedição do documento apresentado impossibilite a completa 
identificação dos caracteres essenciais. 
Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser 
juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma de investigação, ainda 
que consideradas insuficientes para identificar o indiciado.” 
 
 A identificação datiloscópica e fotográfica pode ser determinada pelo delegado de polícia. Já a identificação 
genética só pode ser determinada pelo juiz. 
 
4. Final do Inquérito Policial 
 
Relatório da Autoridade Policial – Art. 10, CPP: 
 
 No relatório o delegado irá indicartudo que foi apurado durante a investigação. 
 
O relatório é encaminhado ao Ministério Público, que poderá: 
• Oferecer denúncia; 
 
• Propor arquivamento; 
 
• Requerer diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. 
 
 O inquérito pode tramitar diretamente entre a delegacia e o MP. 
 
5. Prazos do Inquérito Policial 
 
A regra geral do Código de Processo Penal está no artigo 10 do CPP: 
 
“CPP – Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o 
indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, 
contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a 
ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante 
fiança ou sem ela.” 
 
 
 
 
 
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Dessa forma, em resumo: 
Réu solto – 30 dias. 
Réu preso – 10 dias. 
 
Vale lembrar que o prazo para conclusão do inquérito também pode ser diferente em leis especiais: 
 
Lei de Drogas: 
Investigado solto – 90 dias prorrogáveis por + 90 dias. 
Investigado preso – 30 dias prorrogáveis por + 30 dias. 
 
Justiça Federal: 
Investigado solto – 30 dias (Regra geral). 
Investigado preso – 15 dias prorrogáveis por + 15 dias. 
 
6. Arquivamento 
 
 O MP propõe o arquivamento para o juiz. Se o juiz concordar será arquivado, esta decisão é irrecorrível, a 
vítima não poderá fazer nada. 
 
 Se o juiz discordar, aplica-se o art. 28 CPP, manda os autos para o procurador geral, o procurador pode insistir 
no arquivamento, pode ele próprio denunciar ou designar outro promotor. 
 
Vale destacar! o pacote anticrime trouxe uma alteração do artigo 28 do CPP para que o MP possa arquivar o IP sem a 
interferência do juiz. Contudo, esse dispositivo está suspenso pela ADIN 6198 do STF e prevalece o procedimento 
relatado anteriormente. 
 
7. Desarquivamento 
 
 Como regra, arquivamento não se faz coisa julgada, pode desarquivar se houver novas provas (aquelas que 
trazem dados novos) - Súmula 524 STF. 
 
Exemplo: arquivado por falta de indícios de autoria, e após arquivamento, é trazido ao processo novas provas um dado 
novo, poderá ser desarquivado. 
 
Exceção: não pode desarquivar, se o fundamento do arquivamento for a atipicidade da conduta, faz coisa julgada 
material. 
 
 
 
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ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL (ANPP) 
 
Art. 28-A do CPP. 
 
Negociação Penal: proposto pela iniciativa do Ministério Público e terá que ser aceito pelo investigado 
juntamente com seu defensor. 
 
 Acordo para o cumprimento de condições do art. 28-A, I ao V do CPP e o Ministério Público deixa 
de oferecer denúncia. 
 
Condições que podem ser pactuadas: 
• Reparação do dano; 
• Renúncia voluntária a bens que o MP indica como produtos do crime; 
• Prestação de serviços comunitários; 
• Prestação pecuniária; 
 
 Com o cumprimento do acordo, a lei determina que o juiz determine a extinção da punibilidade. 
 
 O investigado ao final do inquérito, aceita o acordo antes do Ministério Público oferecer denúncia 
e evita a propositura de ação penal. 
 
OBSERVAÇÃO: Não foi condenado a nada nem processado, não perde a primariedade, continua com bons 
antecedentes. 
 
Principais requisitos legais para o cabimento da ANPP, art. 28-A, caput do CPP: 
 
• Trata de infração não grave, com pena mínima inferior a 4 anos. 
 
Exemplo: 
 Crime de furto, art. 155 §4º-A, CP, pelo emprego de explosivo para furtar caixa eletrônico. 
 
 Pena de 4 a 12 anos. (NÂO CABE, pois, a pena mínima é 4 anos deverá ser inferior). 
 
 Crime furto, art. 155 §4º, CP furto qualificado pelo rompimento de obstáculo pena de 2 a 8 anos 
(CABE ANPP). 
 
OBS: Para saber se cabe ANPP, deve aferir a quantidade de pena mínima, eventuais causas de aumento 
ou diminuição de pena, deverá computar. 
 
• Trata de crime praticado sem violência sem ameaça, não importa a pena. 
 
• Exige confissão formal e circunstancial do investigado. 
 
• Não pode ser caso de arquivamento. Exige a presença de justa causa, indícios de autoria ou falta 
prova de existência do fato. 
 
 
 
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O ANPP não será cabível nas seguintes hipóteses: 
 
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da 
lei; 
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta 
criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas; 
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em 
acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e 
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a 
mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. 
 
O ANPP será homologado em audiência com o juiz, na presença do investigado e seu defensor. 
 
O juiz pode indeferir o ANPP? O juiz pode analisar as cláusulas propostas. Se entender que elas são 
inadequadas, insuficientes ou abusivas, deve devolver os autos ao Ministério Público para reformulação 
da proposta, sempre com a concordância do advogado e do investigado. 
 
 Se a adequação não for feita ou se o juiz verificar que o ANPP não observa os requisitos legais, será 
indeferido. Neste caso, os autos serão enviados ao Ministério Público para verificar se há necessidade de 
complementação da investigação ou se o Ministério Público irá oferecer a denúncia. 
 
 Homologado o acordo, seu início se dará na vara de execuções penais. 
 
 Será dada ciência à vítima da homologação do acordo e de seu descumprimento. 
 
Mudança na Legislação Processual Penal – Cadeia de Custódia da Prova – Art. 158-A a 158- F do CPP: 
 
 Não confundir com “audiência de custódia” art. 310, caput do CPP. 
 
Cadeia: sucessão de atos encadeados. 
 
Custódia: Preservação da fonte de prova, preservação dos vestígios de prova, e permitir o rastreamento 
de onde passou e com quem passou. 
 
Art. 158-A, caput do CPP: considera-se a cadeia de custódia conjunto de todos os procedimentos lógica e 
cronologicamente, para manter e documentar (registro) a história cronológica do vestígio coletado em 
locais ou vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o 
descarte. 
 
Art. 158-A, §1º, CPP: Início da cadeia de custódia se dá pela preservação do local de crime ou detectada a 
existência do vestígio. 
 
 
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Mudanças na legislação processual – prisão preventiva e sistema acusatório (Art. 3-A do CPP): 
 
 Aplica-se a qualquer medida cautelar, a forma que o juiz pode decretar, a prisão preventiva art. 
282, §2º, CPP, cautelar pessoal e art. 311 do CPP. 
 
Medidas cautelares pessoais: art. 282, § 2º e 311 do CPP. 
 
 Antes da lei anticrime o juiz poderia decretar a prisão preventiva de ofício. Hoje o juiz NÃO pode 
decretar espontaneamente sem ser provocado, nem medidas cautelares pessoais. 
 
Podem requerer: 
 
• Autoridade de polícia (delegado) no inquérito policial mediante representação; 
 
• Ministério Público durante o inquérito policial ou durante a ação penal por requerimento; 
 
• Ofendido, autor da ação penal privada, querelante, por requerimento; 
 
• Já na ação penal pública, poderá se habilitar como assistente da acusação; 
 
OBSERVAÇÃO: 
 
1- O juiz não pode decretar de ofício somente mediante a provocação. 
 
2- O juiz pode revogar de ofício ou a pedido da parte mediante requerimento da defesa. Art. 316, caput 
do CPP. 
 
Necessidade de revisão: 
 
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade 
de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de 
tornar a prisão ilegal. 
 
OBSERVAÇÃO: o STF entendeu quea omissão da revisão nonagesimal, não implica a automática 
ilegalidade da prisão, mas apenas a obrigação do juiz realizar tal revisão. 
 
 
 
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AÇÃO PENAL 
 
Leitura para complementar a aula - Art. 24 ao 62 CPP. 
 
1. Espécies de Ação Penal 
 
1.1. Ação Penal Pública 
 
 O titular é o Ministério Público. 
 
 Petição Inicial é a Denúncia. A denúncia precisa conter a descrição dos fatos com todas as suas circunstâncias. 
Lembre-se de que o réu se defende do fato, não dá capitulação jurídica, o que torna essencial essa descrição. 
 
 Caso a denúncia não observe esses requisitos (previstos no artigo 41 do CPP), a denúncia é inepta. 
 
1.1.1 Ação Penal Pública Incondicionada 
 
 O MP não precisa de nenhuma autorização ou manifestação de vontade do ofendido. 
 
Exemplos: nos crimes contra a vida, na dignidade sexual, Crimes do ECA, entre outros. 
 
1.1.2. Ação Penal Pública Condicionada 
 
 O MP precisa da manifestação do ofendido ou da vítima. 
 
 Em alguns casos precisa requisição do Ministro da Justiça. 
 
1.2. Ação Penal Privada 
 
 O titular é a Vítima (Ofendido) ou seu representante legal. 
 
 A Petição Inicial é a Queixa Crime. 
 
Princípios que regem as Ações Penal Pública: 
 
• Princípio da Obrigatoriedade – O MP é obrigado a iniciar a ação penal. Havendo provas, o MP é obrigado a 
oferecer a denúncia. Nos crimes de ação penal pública, processar o criminoso não é uma faculdade, mas um 
dever. 
 
 
 
 
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Três Exceções: 
 
a) Transação Penal (Art. 76 Lei 9099/95): é o acordo entro o MP e o suspeito, para que não haja a ação penal, consiste 
na aplicação imediata em pena de multa ou restritiva de direitos, somente nas infrações de menor potencial ofensivo, 
contravenções penais e crimes com pena máxima que não exceda 2 anos (art. 61 da Lei nº 9. 099/95). 
 
OBS: 
1- Não implica o reconhecimento da autoria, não gera maus antecedentes ou reincidência. 
2- O Suspeito não poderá ser beneficiado por outra transação penal no prazo de 5 (cinco) anos. 
 
b) Colaboração Premiada/ Delação Premiada (Art. 3º-A e seguintes da Lei Associações Criminosas Lei 12.850/13): o 
instituto permite que o colaborador não seja processado criminalmente, desde que não seja o chefe da organização 
criminosa e nos termos do art. 3º-C, §4º, a delação não seja conhecida e seja o primeiro delator. 
 Preenchidos outros requisitos na Lei ele não será processado criminalmente. 
 
c) Acordo de Não Persecução Penal (Art. 28, CPP) 
 
Atenção! ler detalhadamente o artigo 28, CPP. 
 
 É o acordo entre o MP e o suspeito para que não haja a ação penal, todavia há requisitos diferentes (artigo 28-
A do CPP). 
 
Requisitos: 
• Confissão formal e circunstanciada; 
• Crime sem violência ou grave ameaça; 
• Crimes com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, desde que não seja caso de Transação Penal 
Exemplo: furto, apropriação indébita, estelionato etc. 
 
 
• Princípio da Indisponibilidade – O MP não pode desistir da ação penal, já iniciada. Iniciado o processo, deve o 
MP ir até o fim, mesmo que seja para pedir a absolvição. 
 
• Princípio da Oficialidade – A titularidade foi atribuída a um órgão, no caso o MP. 
 
• Princípio intranscendência – Somente pode ser processado criminalmente o autor da infração penal. 
 
• Representação do Ofendido – Alguns crimes que precisam da representação do ofendido. 
 
Exemplos: Crime de Ameaça, lesão corporal culposa e estelionato, em regra. 
 
 
 
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Ler: art. 171, § 5º, CP – Exceções do Estelionato. 
 
 O prazo da vítima para oferecer a representação é de 6 (seis) meses, a contar do conhecimento da autoria. 
 
 É um prazo penal, porque interfere diretamente na punibilidade, se esse prazo transcorrer em branco a 
consequência é a extinção da punibilidade e a decadência, por isso conta-se o começo e exclui o dia do final. 
 
Exemplo: foi ofendido dia 15 de março, dia final 14 de setembro. 
 
 A representação não pode ser feita oralmente ou por escrito. 
 
Para quem a representação é oferecida (art.39, §1º e 2º, CPP)? Para o delegado, MP ou para o juiz. 
 
 Quando a Vítima morre antes da representação, o direito de representação será transmitido ao CADI (cônjuge, 
ascendente, descendente e irmão). 
 
 A vítima pode se retratar da representação, em regra, até o oferecimento da denúncia (art. 25, CPP). 
 
Exceção: Crimes com violência ou familiar contra a mulher, a vítima só pode se retratar perante o juiz, até o 
recebimento da denúncia (artigo 16 da Lei nº 11.340/06). 
 
Requisição do Ministro da Justiça: 
 Crimes contra a honra do Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro. 
 
 Não tem prazo previsto em lei, podendo ser feita enquanto o crime não esteja prescrito. 
 
• Princípio da Oportunidade – A vítima oferece queixa-crime se quiser. 
 
• Princípio da Disponibilidade – A vítima pode desistir da ação penal já iniciada por meio de perdão do ofendido, 
perempção. 
 
• Princípio da Indivisibilidade – Havendo dois ou mais criminosos, a vítima deve oferecer queixa-crime contra 
todos, ou todos ou não processa ninguém. 
 
• Princípio da Intranscendência – Somente pode ser processado criminalmente o autor da infração penal. 
 
 
 
 
 
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EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NA AÇÃO PENAL PRIVADA 
 
a) Decadência – é a extinção da punibilidade em decorrência do transcorrer do prazo de 6 (seis) meses para 
o oferecimento da queixa ou representação. 
 
b) Renúncia – ocorre na ação penal privada. Ocorre antes da queixa, é a manifestação do ofendido da vítima 
no sentido de não querer processar os criminosos, essa renúncia pode ser feita expressamente ou 
tacitamente (ato incompatível com o desejo de processar). A renúncia é unilateral, não depende da aceitação 
do criminoso. 
 
 A renúncia se comunica entre todos os coautores, se a vítima renunciar em favor de um réu 
está renunciando para todos. 
 
c) Perdão do ofendido – ocorre na ação penal privada, após o oferecimento da queixa, durante o processo. 
É a manifestação da vítima, de seu desejo de não prosseguir com o processo, ela perdoa o criminoso. 
 
 Pode ser feito expressamente (oral ou escrito) e tacitamente. 
 
 Ele é bilateral e precisa da aceitação do criminoso. 
 
 O perdão também se comunica entre os coautores, mas só beneficiará aos réus que aceitarem o 
perdão. 
 
d) Perempção – é a extinção da punibilidade na ação penal privada, pela inércia do querelante. 
 
Dica de leitura: art. 60, CPP. 
 
 Não dar andamento até 30 dias, não comparecer na audiência, entre outros, negligência do 
querelante. 
 
Ação Penal Privada: 
 
a) Ação Penal Privada propriamente dita 
 
 Regra geral nos crimes contra a honra, o prazo para oferecer a queixa são de 6 meses, a contar do 
conhecimento da autoria. Em casos de morte da vítima, o direito de queixa passa para o CADI (cônjuge, 
ascendente, descendente e irmão). 
 
b) Ação Penal Privada Personalíssima 
 
 Somente a vítima pode processar o criminoso, se a vítima morrer, ocorre a extinção da punibilidade. 
 
 Só existe um crime (art. 236, CP – Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento 
matrimonial). 
 
 
 
 
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c) Ação Penal privada Subsidiária da Pública 
 
 Nos crimes de ação penal pública, se o MP não oferecer a denúncia no prazo, a vítima poderá 
oferecer a queixa subsidiária no prazo de 6 meses na inércia do MP. O início da contagem do prazo é o fim 
do prazo do MP. 
 
 Art. 29 CPP – oferecida a queixa o MP participará do processo, podendo produzir provas, recorrer, 
aditar a queixa e, e em caso de inércia do querelante, volta a ser o titular da ação. 
 
d) Ação Penal em alguns crimesespecíficos 
 
 Em regra, a ação é privada nos crimes contra a honra, mas temos exceções: 
 
1) Injúria racial ou qualificada (Art. 140, §3º, CP) – ação penal é pública condicionada à representação. 
 
2) Crime contra honra contra o Presidente ou chefe de governo estrangeiro – ação penal pública 
condicionada à requisição do Ministério da Justiça. 
 
3) Crime contra a honra contra funcionário público no exercício da função – ação pública condicionada à 
representação ou ação privada, a vítima que escolhe. 
 
e) Ação penal nos crimes de lesão Corporal 
 
Lesão Corporal Culposa: Pública condicionada à representação. 
 
Lesão Corporal Leve: Pública condicionada à representação. 
 
Lesão Corporal Grave ou Gravíssima: Pública incondicionada. 
 
OBS: segundo o STF, qualquer lesão corporal praticada contra mulher, com violência doméstica ou familiar, 
é crime de ação penal pública incondicionada. 
 
Decadência – Art. 107, IV do CP. 
 
Não exercer um direito, no Direito Penal a decadência alcança apenas, dois direitos: 
 
• Direito de Representação (condições da ação penal pública condicionada ao direito de 
representação); 
 
• Direito de Queixa (Ação Penal Privada). 
 
 São 6 (seis) meses para o ofendido representar ou apresentar queixa (Art.103 do CP e Art.38, CPP), 
contados do conhecimento da Autoria. 
 
 
 
 
 
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Exemplo: No crime de ameaça, art. 147, parágrafo único do CP (ação penal pública condicionada à 
representação), direito do ofendido o prazo é decadencial e de 6 meses, contado do conhecimento da 
autoria, foi praticada em 10/01/2021, (consumada) a ameaça por ligação telefônica com nº não identificado, 
a vítima pediu a sua operadora de telefonia as informações de que número se tratava a ameaça, a operadora 
entregou a informação referente a ligação em 10/04/2021, ai que tomou conhecimento (autoria) de quem 
ligou para ele, era do ex-namorado da filha, devido ao término do namoro, ligou e ameaçou, a vítima foi a 
delegacia de polícia para representar em 10/08/2021, ele está no prazo ou perdeu o prazo pela decadência? 
R: Ele descobriu a autoria no mês 10/04/2021 e foi à delegacia no mês 10/08/2021, exercendo seu direito 
no prazo de 6 meses, corretamente. 
Decadência – o prazo corre contra à vítima (ofendido) # Prescrição- o prazo corre contra o Estado. 
1. Causas de extinção de punibilidade – Ação Penal Privada 
 
Antes de Instaurada a Ação privada: Formas de não propor a ação. 
 
 Renúncia ao direito de queixa (fazer) – Art. 104 do CP. 
 
 Decadência do direito de queixa (deixar de fazer) a Art. 103 do CP e art. 38, CPP. 
 
 
Depois de instaurada a Ação privada: se o ofendido já ofereceu queixa. 
 
Perdão do ofendido: o querelante (autor), concede o perdão para o (réu) querelado, (art. 106, III do CP), é 
um ato bilateral que depende de aceitação do querelado. Se ele recusar, não se extingue a punibilidade e a 
ação prossegue até a sentença. 
 
 Perempção (art. 60, I ao IV do CPP) desinteresse do querelante, deixar de promover o andamento do 
processo durante 30 dias seguidos, se houver o desinteresse é extinta a punibilidade e a ação privada. 
 
 
 
 
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AÇÃO CIVIL (EX DELICTO) ART. 63 A 68 DO CPP 
 
 Reparação de Ação Civil como efeito de uma ação penal. 
 
 Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito 
da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. 
 
Dos efeitos da condenação: art. 91, I do CP. 
 
 I - Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; 
 
Quanto ao valor: art. 387, IV do CPP. 
 
 O juiz criminal, poderá na sentença penal condenatória. 
 
 IV - Fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos 
pelo ofendido; 
 
 Com essa sentença penal condenatória, servirá como título executivo em favor do ofendido, pois teve certeza 
e liquidez, atributos para a executar na ação civil do valor em indenização, com o valor mínimo do valor, mas, o 
ofendido poderá pleitear, o complemento do valor fixado pelo juiz criminal por ação civil direta. 
Se caso o valor for acima do fixado pelo juiz, poderá pleitear em ação de liquidação e provar o valor real de prejuízo 
(art. 63, § único do CPP), para que o juiz civil reconheça a diferença. 
 
 
 
 
 
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COMPETÊNCIA NO PROCESSO PENAL 
 
1. Competência Originária ou Foro Privilegiado ou Competência por prerrogativa de função 
 
 A primeira forma de saber sobre a competência, veremos na Constituição Federal/88 nos arts. 102, 105 e no 
109. 
 
Art. 102 CF/88 – Exemplo que o STF julga: Senadores, Deputados Federais e Ministros de Estado. 
 
Necessário atender alguns requisitos: 
Que o crime: 
● Tenha sido cometido durante o mandato; 
● Tenha relação com o mandato. 
Não atendendo os dois requisitos, o crime será julgado pelo 1º grau justiça comum. 
 
Art. 105 CF/88 – Exemplo que o STJ julga: desembargadores e governadores. 
 
OBS: no caso dos governadores aplica-se o precedente do STF, se o crime tiver ligação com o mandato será de 
competência do STJ, se caso for crime sem ligação com o mandato será de competência da Vara Criminal Comum de 
1º grau. 
 
Importante: O Tribunal de Justiça julga juízes e promotores, não importando se cometeram o crime durante o mandato 
ou não. 
 
Prefeitos, irá depender do tipo de crime: 
● crime Estadual TJ; 
● crime Federal TRF; 
● crime Eleitoral TER. 
 
2. Competência da Justiça Federal – Art. 109 CF/88 
 
1- Art. 109, IV – Justiça Federal não julga contravenção Penal 
 No caso de dois crimes, um crime federal e uma contravenção penal: o crime federal será de competência da 
Justiça Federal, já a contravenção será de competência do JECRIM estadual, separando os processos. 
 
2- Art. 109, IV – Bens, serviços e interesses da União, suas autarquias e empresas públicas federais. 
 
2.1- Autarquias federais – principais são: INSS, Banco Central (Bacen), Agências reguladoras (Anatel, Aneel) 
competência da justiça federal. 
 
 
 
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2.2 – Empresas públicas federais – principais são: CEF e os Correios (EBCT) competência da Justiça Federal. 
 
2.3 – Sociedade de economia mista federal – principais são: Banco do Brasil e Petrobrás. 
Súmula 42 STJ - crimes contra as sociedades de economia mista serão julgados pela Justiça Estadual. 
 
2.4 – Contrabando ou Descaminho 
Súmula 151 do STJ- a justiça é federal do local da apreensão dos bens, não importando onde os bens entraram no país. 
 
2.5 – Uso de Documento Falso 
Súmula 546 STJ – Não importa qual documento foi falsificado, e sim onde ele foi apresentado, em qual órgão foi 
apresentado da justiça federal ou para a justiça estadual. 
 
2.6 – Crimes praticados contra funcionário público federal 
Súmula 147 STJ – Competência é dada em razão do motivo do crime, tendo relação com a função é competência da 
justiça federal se caso não haja relação com a função é competência da justiça estadual. 
 
2.7 – Crime de Moeda Falsa 
Súmula 73 STJ – Justiça Federal, ou se caso a falsificação for grosseira então é crime de estelionato, competência da 
justiça estadual. 
 
2.8 – Crimes Ambientais 
A Competência depende de onde foi o crime se em bens, serviços e interesse da união, justiça federal 
Nos demais competência da justiça estadual 
 
 3 – Art. 109, V – Crimes Transversais (começa no Brasil e se consuma fora ou vice e versa) Justiça Federal. 
No caso haja Tratados ou Convenções exemplos: Crimes de Drogas; Racismo; Pornografia infantil. 
 
 Crimes cometidos pela internet seguem a mesma regra. 
 Crimes pelo Whatsapp, competência da justiça estadual, mas se no caso alcançar fora do Brasil então a 
competência será federal. 
 
 4 – Art. 109, IX– Crime cometido a bordo de navio ou aeronave. 
 
Aeronave: ainda que em solo, competência da Justiça Federal. 
 
OBS: Balão não é aeronave, Justiça Estadual para os crimes cometidos a bordo de balão. 
 
Navio: só se estiver em situação de deslocamento ou potencial deslocamento para águas internacionais, será 
competência da Justiça Federal. 
O Navio ancorado, Justiça Estadual. 
 
 
 
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 Art. 109, XI – Crimes decorrentes sobre direitos dos indígenas. 
 
 Súmula 140 STJ – Crimes contra indígenas como regra são de competência da justiça federal, porém nos crimes 
que não existirem interesses de terras e dos direitos dos indígenas será da Justiça Estadual. 
 
3. Competência Territorial - Art. 70, CPP 
 
Regra: Local da consumação ou Teoria do resultado. 
 
Exceções: Art. 73, CPP. 
 
 1 – Crimes de exclusiva ação privada competência do local da consumação ou domicílio ou residência do réu, 
a opção da querelante. 
 
 Art. 70, § 4º, CPP. 
 
 2 – Estelionato emissão de cheque sem fundo; pagamento frustrado; transferências de valores. 
 A competência será no domicílio da vítima. 
 
OBS: Golpes que ocorreram durante a pandemia pelo Whatsapp. 
 
 3 – Teoria do esboço do resultado nos crimes plurilocais (começou em um local e termina em outro). 
 
 A competência é onde o resultado se esboçou/ se projetou. 
 
 Competência será do Júri de onde começou o crime mesmo que a vítima venha falecer em outro local. 
 
Foro Supletivo – Art. 72, CPP 
 Se não souber onde o crime se consumou, neste caso, a competência será do domicílio ou residência do réu, 
no caso se existirem mais de uma residência a competência será dada pela Prevenção. 
 
 Se caso for de paradeiro ignorado, a competência será do 1º juiz que tomar conhecimento do fato. 
 
 
 
 
 
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QUESTÕES PREJUDICIAIS E PROCESSOS INCIDENTES 
 
1. Medidas Assecuratórias 
 
 Devem assegurar a reparação do dano à vítima de um crime. Previstas no CPP, medidas processuais. 
 
 Art. 125 Título VI – do CPP - Questões e processos incidentes. 
 
 Sequestro – art. 125 a 133-A do CPP. 
 
 Cabe ao sequestro de bens, em regra recai sobre os bens imóveis do indiciado. 
 
 Bens imóveis adquiridos com proventos da infração. 
 
 Podem ser sequestrados esses bens mesmo que transferidos em nome de terceiros. O terceiro poderá se 
defender por meio de embargos de terceiro. 
 
Requisitos, art. 126 do CPP: 
 
• Indícios veementes da proveniência ilícita dos bens; 
 
Quem decreta o sequestro e em que momento: art. 127 do CPP. 
 
• O juiz de ofício, a requerimento do MP, do ofendido e mediante representação do delegado. 
 
• Poderá ser decretado durante o processo penal ou no inquérito. 
 
 Art. 128 do CPP – decretado o sequestro o juiz ordenará sua inscrição no Registro de Imóveis. 
Fica na matrícula do imóvel. 
 
 Art. 129 e 130 do CPP – o sequestro atuará de forma apartada e admite embargos de terceiro. 
Exemplo: a pessoa poderá alegar que não tem nada a ver com o crime e não foi comprado com proventos de crime). 
Embargos do acusado, que os bens não foram com proventos de infração. 
Embargos de Terceiro que adquiriu onerosamente e de boa-fé. 
 
OBS: os embargos só serão julgados quando for transitado em julgado a sentença condenatória. 
 
Sequestro será levantado ou desfeito: art. 131 do CPP. 
 
 
 
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 Quando a ação penal não for intentada no prazo de 60 dias, a contar da data em que for efetivado o 
sequestro. 
 
 Se o terceiro prestar caução que assegure a reparação do dano à vítima. 
 
 Se for julgado absolvido e extinta sua punibilidade por sentença transitada em julgado. 
 
Art. 132 do CPP. 
 
Exceções: se o indiciado ou réu não tiver bens imóveis adquiridos com os proventos da infração, poderão ser 
sequestrados os bens móveis, desde que haja indícios veementes da providência ilícita desses bens. 
 
Avaliação e venda dos bens sequestrados Art. 133 do CPP. 
 
 Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz determinará sua avaliação e venda dos bens por 
leilão, pode determinar de ofício ou mediante requerimento do MP ou interessado. O dinheiro será dado ao 
ofendido, terceiro de boa-fé e, o que sobrar, será recolhido aos cofres públicos (fundo penitenciário nacional). 
 
 Art. 133-A, CPP – poderá o juiz autorizar em caso de interesse público a utilização dos bens objeto de 
medidas assecuratórias, pelas forças de segurança pública, sistema prisional etc. 
 
Hipoteca legal (art. 134 e 135 do CPP): 
 Recai sobre os imóveis lícitos do indiciado. 
 Somente durante o processo. 
 Mediante do requerimento da vítima. 
 
Requisitos: 
 
• Certeza da infração, mais indícios suficientes de autoria. 
 
 Art. 135, CPP – o juiz pedirá avaliação e arbitramento, instruindo a hipoteca, vai decorrer em apartado e 
levantada se houver a absolvição ou extinção da punibilidade. 
 
Arresto art. 137 do CPP: 
 É a hipoteca legal de bens móveis (bens móveis lícitos do acusado e que podem ser arrestados para 
assegurar a reparação do dano). 
 
2. Incidente De Insanidade Mental 
 
Fundamento legal: artigo 148 do Código de Processo Penal. 
 
 
 
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 É assim chamado, visto que é autuado em apartado. 
 
 Servindo para apurar a sanidade mental. O exame médico para apurar doença mental, é a única perícia que 
só pode ser autorizada pelo juiz (delegado de polícia não pode). 
 
É o juiz quem irá instaurar o incidente, das seguintes formas: 
1. De ofício; 
2. Requerimento Ministério Público; defesa; curador; sucessores do acusado (CADI); 
3. Representarão pela autoridade policial (parágrafo primeiro do artigo 149 do Código de Processo Penal). 
 
ATENÇÃO: a autoridade policial não pode instaurar e sim representar, mediante indícios da insanidade, ao juiz, para 
instaurar o incidente e ordenar a Letícia necessária, assim, é possível o entendimento de que a instauração do 
incidente possa ser, inclusive, na fase do inquérito policial. 
 
 Uma vez instaurado o incidente de insanidade mental, o juiz nomeia curador para o investigado ou acusado, 
ordenando a realização do exame médico legal para apurar insanidade mental. 
 
Existindo a insanidade mental, haverá três possibilidades, a depender do momento de surgimento da doença 
mental: 
1. O sujeito já era doente mental ao tempo da conduta, afetando a imputabilidade, seguindo o processo até a 
prolação da sentença, sendo isento de pena (absolutória imprópria - artigo 26 do Código Penal), sendo aplicada a 
medida de segurança se inimputável. Sendo considerado semi imputável (parágrafo único do artigo 26 do Código 
Penal), será condenado, sendo aplicada pena reduzida de 1/3 a 2/3 (juiz pode substituir, se houver necessidade, a 
pena por medida de segurança); 
 
2. A doença foi superveniente à conduta (ao momento do crime, havia sanidade), surge depois da conduta e antes 
do trânsito em julgado da ação penal (artigo 152 do Código de Processo Penal). O processo será suspenso, em razão 
da sua falta de discernimento para sua defesa, até que o acusado se restabeleça da doença mental, podendo a pena 
ser extinta pela morte. 
 
ATENÇÃO: apesar da suspensão, a prescrição não será suspensa. 
 
3. A doença mental surgiu durante a execução da pena, ou seja, após o trânsito em julgado (artigo 174 da LEP). 
Houve a sua defesa durante o processo, assim, o juiz vai avaliar a gravidade da doença mental, se leve, o sujeito 
continua a cumprir a pena privativa de liberdade, se grave, o juízo pode (faculdade) substituir a pena por medida 
de segurança. 
 
ATENÇÃO: ou pena ou medida de segurança, os dois não cabem. 
 
 
 
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3.Incidente de Restituição de Coisas Apreendidas 
 
Fundamento legal: artigos 118 a 124 do Código de Processo Penal. 
 
 Serve para retomada de bens que foram apreendidos pela autoridade policial. 
 
 Em regra, não se pode retomar os bens antes do trânsito em julgado, salvo se o bem não mais interessar 
ao processo. 
 
Pode ser solicitado a restituição para: 
1. Autoridade de polícia; 
 
2. Juiz. 
 A autoridade policial, desde que não haja dúvida quanto ao direito do requerente. 
 
ATENÇÃO: Havendo dúvida quanto ao direito de quem está requerendo, apenas o juiz poderá decidir pela 
restituição ou não. 
 
 Havendo um grau de dúvida elevado, o juiz criminal poderá encaminhar o processo ao juízo cível, em razão 
da dilação probatória. 
 
4. Exceções (defesas) Processuais 
 
Fundamento legal: artigos 95 e seguintes do Código de Processo Penal. 
 
 São defesas que discutem a validade processual e não de cunho material. 
 
 São ações em apartado, peça autônoma. 
 
EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO: há a suspeita de que o juiz não é imparcial. 
 
OBS.: de acordo com o artigo 112 do Código de Processo Penal, deverá ser aplicado o mesmo procedimento de 
exceção de suspeição às matérias de impedimento e incompatibilidade. 
 
 Causas de suspeição, impedimento e incompatibilidade estão previstas nos artigos 254 (suspeição), 252 
(impedimento) e 253 (incompatibilidade) do Código de Processo Penal. 
 
Procedimento: 
 A alegação da suspeição exige a assinatura da parte ou procuração com poderes especiais para propositura 
da exceção de suspeição. 
 
 
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ATENÇÃO: a autoridade policial pode se declarar suspeita, mas não pode haver requerimento de sua suspeição, 
tendo em vista ainda não haver processo. 
 
 O juiz reconhecendo a suspeição encaminha ao substituto legal, não reconhecendo encaminha para o 
Tribunal decidir pela suspeição. 
 
 Se a suspeição for alegada em face de pessoa diversa da do juiz, ele mesmo irá julgar. 
 
DEMAIS EXCEÇÕES (artigo 108 e 110 do Código de Processo Penal): alegação de: 
 Incompetência do juízo; 
 
 Ilegitimidade da parte; 
 
 Litispendência (dois processos em andamento sobre o mesmo fato) e a coisa julgada (propositura de um 
novo processo sobre fato em que já houve julgamento). 
 
 Estas exceções podem ser orais ou por escrito no prazo para defesa (resposta à acusação - 10 dias), quem 
julga é o próprio juiz, após manifestação do Ministério Público. 
 
 
 
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PROVAS NO PROCESSO PENAL – Art. 155 a 250 do CPP 
 
1. Sistema de apreciação da prova – Art. 155 do CPP 
 
 Sistema da livre apreciação das provas (cabe ao juiz atribuir valor às provas, desde que de forma 
fundamentada). Não existe uma hierarquia legal entre diferentes provas. 
 
OBSERVAÇÃO: o juiz deve considerar as provas produzidas em contraditório judicial e só excepcionalmente em provas 
produzidas durante a investigação, como provas cautelares, não repetíveis e antecipadas, Exemplo: as provas periciais; 
perícias feitas pelo Legista. 
 
Exceção: Sistema da ÍNTIMA CONVICÇÃO (juiz pode decidir de acordo com suas impressões pessoais, podendo até 
mesmo contrariar as provas) - ocorre no Júri, por exemplo. 
 
 Existe na lei uma restrição à produção da prova (art. 155, § único do CPP) - prova do estado das pessoas, por 
exemplo, casamento, precisa da certidão de casamento. 
 
2. Ônus da Prova 
 
 Encargo de provar (art. 156 do CPP). 
 
 A prova de alegação incumbirá a quem a fizer. 
 
O Juiz poderá produzir prova de ofício, em casos excepcionais: 
a) Antes da ação penal – provas urgentes e relevantes; 
b) Durante a ação penal – provas para dirimir dúvidas sobre pontos relevantes. 
 
3. Provas Ilícitas 
 
 Art. 157 do CPP - Provas produzidas com violação a normas legais ou constitucionais. 
 
Exemplo: 
a) Confissão obtida mediante tortura; 
b) Documentos obtidos mediante violação de domicílio; 
c) Dados obtidos mediante invasão de dispositivos informáticos; 
d) Interceptação telefônica sem autorização judicial. 
 
 Segundo o art. 5º, LVI da CF/88, as provas ilícitas são inadmissíveis no processo. 
 
 
 
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 Não é um direito absoluto. Segundo a jurisprudência, é possível a utilização de prova ilícita em favor do réu 
(princípio da proporcionalidade). 
 
Ilicitude por derivação (frutos da árvore envenenada): 
 Tudo que deriva de uma prova ilícita também será ilícito. 
 
Exemplo: numa interceptação telefônica sem autorização judicial, forem descobertas várias provas, as descobertas 
derivadas serão também ilícitas - art. 157, §1º do CPP. 
 
3. Meios de prova 
 
CPP prevê os seguintes meios de prova: 
 
a) Provas periciais; 
b) Interrogatórios; 
c) Confissão; 
d) Declaração do ofendido; 
e) Provas testemunhal; 
f) Provas documental; 
g) Acareação; 
h) Reconhecimento; 
i) Busca e apreensão. 
 
 Esse rol não é taxativo. Outras provas podem ser produzidas, desde que lícitas. 
 
Exemplo: interceptação telefônica Lei nº 9.296/96 e art. 5º, XII da CF/88, gravação da comunicação telefônica feita por 
um terceiro, sem o conhecimento dos interlocutores. 
 
 Quem poderá decretar a interceptação telefônica, será somente o Juiz, durante o processo ou durante a 
investigação. 
 
Observação: Interceptação telefônica é excepcional (somente quando o fato não puder ser provado de outra forma). 
 Somente pode ser decretada em se tratando de crime punido com reclusão. 
 O prazo é de 15 dias, prorrogados várias vezes pelo juiz, se houver necessidade. 
 
 A quebra do sigilo telefônico, obtenção dos registros telefônicos junto à operadora de telefonia, só quem 
pode decretar é o juiz, o MP e pelo delegado. 
 
 Gravação clandestina é a gravação feita por um dos interlocutores, sem o conhecimento do outro, segundo a 
jurisprudência é uma prova lícita (informativo 680 do STJ). 
 
 
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OBSERVAÇÃO: Segundo o art. 8º-A, §4º da Lei nº 9.296/96, a gravação clandestina pode ser utilizada pela 
defesa. 
 
4. Prova pericial 
 
 Prova técnica, é necessário 1 (um) perito oficial, com curso superior, para a realização da prova pericial (art. 
159 do CPP). 
 
 Na falta de perito oficial, o juiz nomeará duas pessoas idôneas com curso superior e habilitação para fazer o 
exame, exemplo: médicos. 
 
 O CPP admite que as partes indiquem assistentes técnicos (§ 3º do art. 159 do CPP). 
 
OBSERVAÇÃO: os assistentes técnicos só poderão se manifestar depois de realizada a perícia oficial, as partes podem 
fazer quesitos aos peritos, bem como, requerer a oitiva dos peritos em juízo. 
 
 A lei anticrime trouxe ao Código de Processo Penal a formalização da cadeia de custódia (artigo 158-A do CPP), 
uma sequência de 10 etapas para garantir a cadeia cronológica desde a obtenção da prova até o descarte. 
 
5. Corpo de delito 
 
 Se o crime deixar vestígios, será obrigatório exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo ser 
suprido por outra prova, nem mesmo a confissão. 
 
 A sua falta enseja nulidade. 
 
Exame direto: diretamente nos vestígios. 
 
Exame Indireto: se não for possível realizar o exame direto, outras provas poderão suprir sua ausência. 
 
6. Interrogatório 
 
 Oitiva do suspeito/réu ou acusado. 
 
 O suspeito tem direito de permanecer em silêncio, Princípio do Nemo tenetur se detegere, (ninguém é 
obrigado a produzir prova contra si mesmo). Em decorrência do direito ao silêncio, também tem o direito de não estar 
presente. 
 
 O silêncio do réu não pode ser utilizado como prova contra ele. 
 
 
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OBSERVAÇÃO: Existe duas fases do interrogatório (art. 186 do CPP). 
 
a) Interrogatório de identificação; 
b) Interrogatório de mérito, o réupode permanecer em silêncio no interrogatório de mérito. 
 
 Segundo o STF, não é possível conduzir coercitivamente o réu ou suspeito para o interrogado. 
 
 Interrogatório por videoconferência, é possível com algumas observações (art. 185, § 2º do CPP), devendo ser 
informado as partes com 10 dias de antecedência, nas hipóteses: 
a) Risco de fuga; 
b) Saúde do preso; 
c) Medo da vítima; 
d) Gravíssima questão de ordem pública. 
 
7. Confissão 
 
 Reconhecimento por parte do suspeito ou réu, total ou parcialmente da prática da infração penal. 
 
 A confissão não é uma prova absoluta (rainha das provas), tendo o mesmo valor probatório das demais provas. 
 
 A confissão é divisível e retratável (art. 200 do CPP), o juiz pode considerar parte da confissão. 
 A confissão é retratável, pode se retratar da confissão já efetuada. 
 
8. Declarações do ofendido 
 
 Art. 201 do CPP, a vítima deve ser ouvida “sempre que possível”. 
 
 Vítima que intimada e não comparecer, é possível a condução coercitiva. 
 
 É possível ouvir a vítima por videoconferência, conforme os Art. 217 e 185 §2º, III do CPP, nas hipóteses: 
 
a) Vítima tem medo do réu; 
b) Ouvir a vítima por videoconferência; 
c) Ouvir o réu por videoconferência; 
d) Retira-se o réu da sala. 
 
9. Prova testemunhal 
 
 Toda pessoa pode ser testemunha (art. 202 do CPP). 
 
 
 
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Não prestam compromisso de dizer a verdade: 
a) Alguns parentes (art. 206 do CPP); 
b) Menor de 14 anos e doentes mentais; 
Em regra, a testemunha tem dever de depor, se não comparecer se intimada, condução coercitiva, pessoas 
dispensadas. 
a) Parentes do réu (art. 206 do CPP); 
b) Proibidas de depor (devem guardar sigilo profissional). 
 
10. Reconhecimento 
 
 É possível o reconhecimento de pessoas e de coisas. 
 
 O réu pode ser conduzido coercitivamente para ser reconhecido. 
 
 Se o reconhecimento não cumprir os requisitos do art. 226 do CPP, será uma prova ilícita. 
 
11. Acareação 
 
 Consiste em confrontar a declaração de duas pessoas. 
 
 Pode ocorrer durante o inquérito policial ou processo. 
 
12. Prova documental 
 
 Apresentado a qualquer momento do processo (art. 231 do CPP). 
 
13. Busca e apreensão 
 
 Busca e apreensão não precisam de autorização, busca no corpo da pessoa, busca pessoal. 
 
 Busca domiciliar precisa de autorização judicial. 
 
 
 
 
 
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PRISÕES 
 
Prisões – Medidas cautelares pessoais: 
 Incide sobre a pessoa, para restringir a liberdade da pessoa, para assegurar a eficácia do processo. São 
impostas antes do trânsito em julgado, são privações ou restrições para quem ainda é presumidamente inocente. 
 
Prisões Cautelares, Prisão provisória ou Prisão processual: 
 Prisão imposta antes da condenação. 
 
Cautelares diversas da prisão, restrição, não privam a liberdade (art. 319 e 320 do CPP): 
 
Alguns exemplos: 
 
Art. 319, I - Comparecimento periódico em juízo; 
 IV- Proibição de se ausentar da comarca onde reside; 
 VIII- Fiança também é uma medida cautelar diversa da prisão; 
 IX- Monitoração eletrônica (tornozeleira eletrônica) 
Art. 320: Retenção do passaporte para proibir se ausentar do país. 
 
Nessa situação que a cautelar foi imposta, a pessoa está em qual situação jurídica: 
 
 Liberdade Provisória, está cumprindo as medidas cautelares. 
 
 Se descumprida a medida cautelar, poderá ser preso por descumprimento da medida, estando subordinada 
aos cumprimentos das medidas determinadas. 
 
Prisões Cautelares que podem ser impostas antes do trânsito em julgado, são 4 as modalidades: 
 
• Prisão em Flagrante, acabou de cometer o crime; 
 
• Prisão Temporária, durante o inquérito Policial; 
 
• Prisão Preventiva, em qualquer momento do processo; 
 
• Prisão Domiciliar, preso em domicílio. 
 
OBSERVAÇÃO: A única que pode ser feita sem a ordem judicial prévia é a Prisão em flagrante, independe de ordem 
judicial. 
O delegado primeiro faz a prisão e em 24 horas a audiência de custódia. Nela, o juiz decidirá se mantém a prisão. As 
demais dependem da ordem judicial. (Art. 5º, LXI da CF/88). 
 
 
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1. Prisão em Flagrante 
 
 A prisão em flagrante independe de ordem judicial (art. 302 do CPP). 
 
Só pode ser feita se houver flagrante, conforme o art. 302 CPP, são 4 situações: 
 
• Quem está cometendo (executando) a infração penal; 
• Quem acabou de cometer a infração penal; 
• Quem que perseguidor logo após de forma contínua; 
• Quem é encontrado em poder do objeto furtado. 
 
Formalidades legais da prisão em flagrante (Art. 302, IV do CPP): 
 
1) Lavratura do Auto de Prisão em flagrante (art. 304, caput do CPP); 
 
 Primeiro a ser ouvido é o condutor (quem levou o preso), a testemunhas da infração, interrogatório do preso. 
 
2) Entrega da Nota de Culpa (art. 306, § 2º do CPP); 
 
 Entrega a nota de culpa mediante recibo, resumo do motivo da prisão que foi apurado, com nome do condutor 
e testemunha. 
 
3) Comunicação da Prisão (art. 306, caput do CPP) são 3 (três) pessoas: 
 
• Comunicar ao juiz; 
• Comunica ao MP; 
• Comunica Pessoa da família ou pessoa que por ele indicada. 
 
Exceção: Defensoria Pública, quando o preso não informar o nome de seu advogado. (Art. 306 §1º do CPP) 
 
4) Juiz recebe a comunicação da prisão em flagrante em 24 horas, do flagrante. (art. 310 do CPP) 
 
Possibilidades de 3 (três) decisão do juiz, na audiência de custódia: 
 
I) Relaxamento, por ilegalidade; 
II) Converter a inicial prisão em flagrante, por prisão preventiva, se atender os requisitos legais. 
III) Conceder Liberdade Provisória, medidas cautelares diversas da prisão. 
 
Prisão temporária Lei 7960/89 Prisão Preventiva Art. 311 a 316 do CPP 
 
 
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Prisão cautelar Prisão cautelar 
Em que momento cabe: 
Para viabilizar a investigação na fase do inquérito 
policial. 
 
Em que momento cabe: 
Em qualquer momento desde o inquérito, da ação 
penal, recursal antes do trânsito em julgado. 
 
Quem decreta: 
Juiz, mediante provocação, nunca de ofício. 
Quem decreta: 
Juiz, mediante provocação, nunca de ofício 
Prazo: 
Tempo certo 
 
Na fase de inquérito máximo 5 dias, por única vez a 
prorrogação por mesmo período. 
 
Crime Hediondo ou equiparados: 
30 dias, por única vez prorrogação por igual período. 
Prazo: 
Tempo Indeterminado 
 
 
Equiparados TTT: Terrorismo, Tráfico de Drogas e Tortura. 
 
2. Prisão Domiciliar (Art. 317 e 318 do CPP) 
 
Característica substitutiva da Prisão Preventiva, quando poderá ser possível as hipóteses: 
 
Art. 318, I – Maiores de 80 anos; 
 IV- Gestante; 
 V – Mulher com filhos menor de 12 anos; 
 VI- Homem com filhos menor de 12 anos, se único responsável. 
 
OBSERVAÇÃO: Não caberá se crime praticado com violência ou grave ameaça ou praticado contra o próprio filho. 
 
 
 
 
 
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PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO 
 
 Para crimes com penas máximas ou iguais a 4 anos, considera causas de aumento e causas de 
diminuição de pena. 
 
Fluxograma do procedimento: 
 
Denúncia Rejeição/ Desclassificação antecipada/ Recebimento Citação 
 
 Resposta à acusação 
 
 
 Absolvição sumária Rejeição tardia Desclassificação antecipada 
 
 Audiência de Instrução, debate e julgamento. 
 
Rejeição (art. 395, I, II e III do CPP): 
 
• Manifestamente inepta; (denúncia ou queixa que não permite defesa) 
• Faltar condição da ação ou pressuposto processual; 
• Faltar justacausa (suporte probatório mínimo para o oferecimento da denúncia) 
 
OBS: a rejeição tardia, tem as mesmas hipóteses só muda o momento. 
 
Recursos da Rejeição: 
 Recurso em sentido estrito (RESE). Art. 581, I do CPP. 
 
Exceção: JECRIM Lei 9099/95 (APELAÇÃO) art. 82 da Lei 9099/95 
 
Desclassificação Antecipada (Criação da Jurisprudência): 
 
Cabimentos: 2 hipóteses. 
 
• Se com a nova tipificação houver mudança na competência 
Ex.: Súmula 73, STJ. 
 
• Se a nova tipificação surgir direito antes inexistente 
 
Recebimento da denúncia: 
 Interrompe a prescrição. 
 O juiz não precisa motivar o recebimento da denúncia. 
 
 
 
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Citação (art. 351 e SS do CPP): 
 Ato pelo qual alguém é chamado ao processo para se defender. 
 A falta de citação gera nulidade absoluta; 
 O defeito de citação gera nulidade relativa. 
 
Citações em espécies: 
• Citação real via mandado feito pelo oficial de justiça (regra); 
• Citação ficta, hora certa ou edital. 
 
OBSERVAÇÃO: 
 Se no exterior, por carta rogatória, a prescrição fica suspensa enquanto não for cumprida a precatória e volta 
a correr quando for citado no estrangeiro. 
 Se citado pessoalmente, se for revel o juiz nomeia defensor dativo. 
 
Citação por hora certa: 
 Ocorre quando o réu se oculta para não ser citado. 
 Rito não está previsto no CPP e sim no CPC, Oficial vai por duas vezes e desconfia que a pessoa está se 
ocultando e voltará no dia útil seguinte, e cita quem o receber. 
 O STF reconheceu como constitucional. 
 Se o réu não comparecer nem constituir advogado, o juiz nomeia defensor dativo. 
 
Citação por Edital: 
 Ocorre quando o réu não for encontrado, tentado todas as diligências. 
O prazo do edital é de 15 dias. 
Súmula 366 STF, é suficiente colocar o artigo do crime no edital. 
Art. 366 CPP – citado por edital não comparece e não constitui advogado, o juiz deve suspender o processo 
e a prescrição (súmula 415 STJ), o juiz pode decretar a prisão preventiva e produzir prova antecipada. 
 
OBSERVAÇÃO: vencido o prazo de suspensão da prescrição volta a correr, o processo só volta a correr se o réu 
comparecer ou constituir advogado. 
 
Resposta à Acusação (art. 396 e 396-A do CPP): 
 É a primeira defesa do réu, obrigatória. 
Prazo de 10 dias, da data da efetiva citação. 
Conteúdo, alegação cabe tudo que interesse à defesa. 
Momento para arrolar as testemunhas. 
 
Absolvição Sumária/ Julgamento Antecipado Pro Reo (art. 397 do CPP): 
• Presença manifesta de causa excludente da ilicitude; 
• Presença manifesta de causa excludente da culpabilidade, salvo inimputabilidade; 
• Fato narrado evidentemente não é crime; 
• Extinta a punibilidade. 
 
 
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OBSERVAÇÃO: neste momento não pode aplicar Medida de Segurança. 
 
Audiência de Instrução Debates e Julgamento (art. 400 e ss do CPP): 
 
Sequência dos atos: 
1) Ofendido; 
2) Testemunhas da acusação; 
3) Testemunha de defesa; 
4) Peritos; 
5) Assistente técnico; 
6) Acareação; 
7) Reconhecimento; 
8) Interrogatório; 
9) Diligências; 
10) Debates; e 
11) Sentença. 
 
 Diligência requerida, cuja necessidade surja na audiência. 
 
Debates: 
• Fala a acusação por 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos; 
• Fala a defesa por 20 minutos prorrogáveis por mais 10 minutos; 
• Juiz julga; 
• Conversão dos debates orais em memoriais escritos (se vários réus, causa complexa, art. 403, §3º deferida 
diligência, art. 404, §único). 
 
 Acusação por 5 dias; 
 Defesa por 5 dias; 
 Juiz julga em 10 dias e proferir a sentença. 
 
 Os memoriais da defesa são obrigatórios. 
 
 E se o réu não apresentar os memoriais, depende do tipo de advogado (dativo) destitui e nomeia outro, se 
advogado (constituído) o juiz não pode direto, nomear outro, necessário intimar o réu a constituir outro defensor e 
no silêncio constitui um advogado dativo. 
 
 
 
 
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PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO 
 
Procedimento Sumaríssimo – Lei 9.099/95 e Constituição Federal. 
 
Lei dos Juizados Especiais Criminais. 
 
Fundamento Constitucional: Art. 98, I, CF/88. 
 
 Juizados especiais criminais se destinam a processar as infrações penais de menor potencial ofensivo 
(definição fica a cargo da lei infraconstitucional Lei nº 9.099/95). 
 
Procedimento oral e sumaríssimo (célere). 
 
Princípio da oralidade (na medida do possível, os atos processuais serão feitos oralmente). 
 
Transação penal (acordo entre a acusação e o suspeito). 
 
Julgamentos de recursos, por turmas recursais, formados por juízes de primeira instância. 
 
Princípios do Juizados Especial Criminal – Art. 2º da lei 9.099/95: 
 
Oralidade, simplicidade, celeridade e informalidade economia processual. 
 
Conceito de Infrações Penais de menor potencial ofensivo – Art. 61 da lei 9.099/95: 
 
Todas as contravenções penais (Lei de Contravenções Penais n° 3688/41 e Crimes cujo as penas não 
excedam 2 (dois) anos. Pena máxima abstratamente prevista da lei penal. 
 
Ex.: porte de arma branca, art. 19 LCP, perturbação do trabalho e sossego art. 42 LCP. 
 
OBS: quando houver causa de aumento de pena, para verificação da pena máxima, deve-se fazer o maior aumento. 
Ex.: Calúnia art. 138, pena detenção de seis meses a dois anos ou multa. 
É uma infração de menor potencial ofensivo. 
 
OBS: Aplicação do Art. 141, III §2º na presença de várias pessoas aumenta 1/3 ou nas redes sociais triplica a pena, 
aí não é de potencial ofensivo. 
 
Competência – Art. 63, Lei 9.099/95: 
 
Competência em que foi praticada a infração. Adotou a teoria da conduta ou da ação (lugar da conduta). 
 
 
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Diferente do CPP, art. 70, adotou teoria do resultado (lugar onde consumar a infração). 
 
Horário de realização dos atos processuais – Art. 64, Lei 9.099/95: 
 
Atos processuais podem ser realizados em horário noturno e em qualquer dia da semana, se a lei de 
organização judiciária assim o permitir. 
 
Competência para legislar sobre o Juizado Especial Criminal – Art. 24, CF/88. 
 
A competência para legislar é concorrente entre União, Distrito Federal e os Estados. A União faz a lei geral 
e os estados fazem a lei específica. 
 
Nulidade dos atos processuais – Art. 65 da lei 9.099/95: 
 
Serão os atos válidos, sempre que preencherem as finalidades para as quais foram realizados. 
 
Não há nulidade do ato sem prejuízo. 
 
Atos processuais a serem realizados em outras comarcas não precisam de carta precatória, bastando 
qualquer meio hábil de comunicação. 
 
Somente serão escritos os atos essenciais, podendo ser gravadas as audiências. 
 
Citação – Art. 66 da Lei 9.099/95: 
 
Chamamento do réu para comparecer em juízo. 
Será pessoal, oralmente ou no próprio juizado especial ou por escrito mediante mandado. 
Não existe citação por edital e a citação por hora certa. 
Se o réu não for encontrado, os autos serão encaminhados ao juízo comum. 
 
Intimação – Art. 67 da lei 9.099/95: 
 
Intimação poderá ser por correspondência, com AR ou por qualquer meio idôneo de comunicação (e-mail, 
mensagem). 
 
3ª Fase da persecução penal no juizado especial criminal: 
a) Fase policial; 
b) Audiência preliminar; 
c) Rito sumaríssimo (audiência de instrução, debates e julgamento). 
 
 
 
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Fase Policial – Art. 69 da lei 9.099/95: 
 Será lavrado termo circunstanciado, com os detalhes da ocorrência, (resumo dos fatos, nome da vítima e 
das testemunhas e o resumo de suas versões e o nome do suspeito e o resumo de sua versão). 
 STF, ADI nº 5.637/03/2022 – Se houver previsão lei estadual, o policial militar poderá lavrar o termo 
circunstanciado. 
 
Suspeito dessa infração de menor potencial ofensivo ficará preso em flagrante?Em regra, não, bastando assumir o compromisso de aparecer no juizado, liberdade provisória sem fiança. 
 
OBSERVAÇÃO: No caso de violência doméstica, o juiz pode determinar cautelarmente afastamento do lar. 
 
Audiência preliminar – Art. 71 e seguintes da Lei nº 9.099/95: 
 O objetivo inicial da lei era fazer essa audiência no mesmo dia da infração. 
 
Etapas dessa audiência preliminar (no juizado especial): 
a) Tentativa de composição dos danos civis (acordo sobre os danos entre suspeito e a vítima): Segundo o art. 
74, essa composição dos danos será homologada pelo juiz, sendo título executivo. Se o crime for de ação penal 
privada ou pública condicionada, a composição dos danos implicará Renúncia ao direito de queixa ou representação. 
 
b) Representação do ofendido, se for o caso (ex.: ameaça, lesão corporal leve), se a vítima preferir, poderá 
representar num momento posterior, dentro do prazo de 6 meses. 
 
c) Transação Penal – Art. 76 lei 9.099/95, acordo entre o MP e o suspeito para que não haja o processo penal. 
Esse acordo consiste na aplicação imediata de pena de multa ou restritiva de direito. Não implica reconhecimento 
da autoria, nem gera reincidência ou mau antecedentes. O suspeito não poderá se beneficiar de outra transação 
penal no prazo de 5 anos, Súmula Vinculante nº 35, se o suspeito não cumprir o acordo, será processado 
criminalmente. 
 
 Se o suspeito não aceitar ou não tiver direito, o MP oferecerá a denúncia oralmente, na audiência 
preliminar. 
 
Rito Sumaríssimo: em só uma audiência (audiência de instrução, debates e julgamentos). 
 
Sequência: 
a) Nova tentativa de composição; 
b) Manifestação de defesa (sobre a denúncia oferecida); 
c) Recebimento da denúncia; 
d) Oitiva da vítima e testemunhas; 
e) Interrogatório; 
f) Debates orais (20 minutos mais 10 minutos para cada parte); 
g) Sentença. 
 
 
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RITOS ESPECIAIS – CRIMES CONTRA A HONRA E FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS 
 
1. Crimes de Responsabilidade de funcionário Público afiançáveis (art. 513 a 518 do CPP). 
 
 Crimes previstos nos art. 312 ao 326 do CP. 
 Partes desses crimes é competência do JECRIM, segue o rito do JECRIM e não o rito especial. 
 
RITO: 
 
Denúncia------------- defesa preliminar ------------- recebimento 
 (art. 514) 
 
 Prazo de 15 dias 
 citação 
 
 
 resposta a acusação AIDJ 
OBSERVAÇÃO: A defesa preliminar tem prazo de 15 dias, a defesa é obrigatória, mas se houve inquérito policial 
a defesa preliminar é desnecessária conforme a súmula STJ nº 330. 
 
 STF sempre precisa de defesa preliminar, com ou sem inquérito policial sob pena de nulidade relativa. 
 
 Se não houve inquérito policial e não seguiu o rito do art. 514, tanto para o STJ quanto para o STF haverá 
nulidade relativa. 
 
OBSERVAÇÃO: E se a pessoa quanto o oferecimento da denúncia não for mais funcionário público, não segue o rito 
especial. 
 
2. Crimes Contra a Honra 
 
 Nos arts. 519 a 523 do CPP, só existem os crimes de Calúnia e injúria, a jurisprudência e a doutrina se 
aplicam a difamação. 
 
Diferença entre calúnia, difamação e injúria: 
 Verbo que indica uma conduta, roubou, matou, chorou. 
 
Adjetivo é uma qualidade: cheiroso, bonito, fedido. 
 
Calúnia: imputar a alguém fato definido como crime. 
 
 
 
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Difamação: imputar a alguém fato ofensivo não definido como crime, mas ofensivo. 
 
Injúria: é imputar qualidade negativa. 
 
Exemplos: 
 O Madeira vendeu sentença no processo nº..., imputou a ela fato definido como crime, é um verbo (vender). 
 O Madeira foi dar aula bêbedo, essa conduta é um adjetivo (bêbado) é uma difamação, fato ofensivo não 
definido como crime. 
 O Madeira é feio, preguiçoso, corrupto, ladrão (adjetivo qualidade negativa), é injúria. 
 
Atenção! Partes desses crimes são de competência do JECRIM, se for do JECRIM seguem o rito sumaríssimo. 
 
 Fase Pré processual – Pedido de Explicações, está no Código Penal, art. 144. 
 
 O pedido de explicações é um procedimento judicial. Não há um rito específico, segue o trâmite de uma 
notificação. Não há obrigatoriedade daquele que é notificado em responder. 
 
Aplica-se quando se há dúvida se as expressões usadas se inferem calúnia, difamação ou injúria. 
 
OBSERVAÇÃO: Só cabe o pedido de explicações quando houver dúvida, ambiguidade ou equivocidade na fala. 
 
Exemplo: 
 Você fica aí posando de correto, quem conhece que .... (deixou no ar), ficou com dúvida, aí poderá pedir 
explicações. 
 Eu não faço nada, agora você... (deixou no ar). 
 Fulano olha melhor eu nem falar o que sei dele... (deixou no ar). 
 
 O pedido de explicações não afeta o prazo decadencial, que segue sendo de 6 meses a contar do 
conhecimento da autoria. 
 
Exemplo: Tomou conhecimento da autoria no dia 11/04, dia 10/10 é o prazo. Inclui o dia do início e exclui o dia do 
fim, prazo decadencial de direito material. 
 
 O pedido de explicações não é obrigatório, ou seja, não é uma etapa necessária para oferecer a queixa-
crime. 
 
 Da decisão que indefere o pedido de explicações, que tem a natureza de sentença com força de definitiva, 
cabe apelação, à luz do artigo 593, II, do Código de Processo Penal. 
 
 
 
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2.1. Procedimento dos crimes contra a honra 
 
 (art. 520 a 522 do CPP) 
Oferecida a queixa crime---------audiência de conciliação------juiz recebe a Queixa Crime ----Citação 
 
 
Arquivamento do processo juiz rejeita a queixa crime 
 
Na audiência de conciliação: 
• O juiz instala a audiência, e verifica a presença das partes; 
• O juiz ouve as partes separadamente e sem a presença de seus advogados; 
• Se ele verificar que é possível a reconciliação, então o juiz ouve todos juntos; 
• Se houver a reconciliação, está arquivado o processo. 
• Se não houver a reconciliação ou o juiz rejeita ou recebe a queixa crime. 
• Uma das partes estar ausente, se for o autor nada acontece, se for o réu nada acontece prevalece que não 
há perempção pela ausência do querelante (Art. 60, III do CPP) 
 
“Art. 60, III, CPP - quando o querelante deixar de comparecer, sem 
motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar 
presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas 
alegações finais;” (grifo nosso) 
 
Perempção: causa de extinção da punibilidade na ação penal privada, ela não se aplica a ação penal privada 
subsidiária da pública. 
 Neste caso ainda não há processo, no pedido de explicação, o juiz ainda não recebeu nem rejeitou a queixa 
crime. 
 Se recebida a queixa crime e infrutífera a audiência de conciliação, determina a citação. 
 Se recebe a resposta a acusação e junto com a resposta pode ser oposta à exceção da verdade (art. 523 do 
CPP). 
 
Exceção da verdade: uma peça que se pretende provar a verdade dos fatos narrados, cabe na calúnia, na 
difamação. Só cabe se for funcionário público, (art. 139, parágrafo único do CPP) caso o fato desonroso esteja 
relacionado às funções. Na injúria não se admite exceção da verdade. 
 
Rito da exceção da verdade: (art. 523 do CPP): 
 
“Quando for oferecida a exceção da verdade ou da notoriedade do 
fato imputado, o querelante poderá contestar a exceção no prazo de 
dois dias, podendo ser inquiridas as testemunhas arroladas na 
queixa, ou outras indicadas naquele prazo, em substituição às 
primeiras, ou para completar o máximo legal.” (grifo nosso) 
 
 Após a instrução e julgamento, primeiro se julga a exceção e, em seguida,

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