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DIREITO DAS SUCESSÕES resum

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SUCESSÕES
Princípio de Saisine
Por este princípio, a propriedade e a posse dos bens se transfere para os herdeiros (legítimos e testamentários) imediatamente à abertura da sucessão, que se dá com a morte (art.1.784 C.C.).
Herança e Legado
Herdeiro é aquele que sucede a título universal, recebendo uma cota fracionária ou percentual do todo (universalidade), e legatário é aquele que sucede a título singular, num bem específico, singularizado. Ex: uma quantia em dinheiro ou um apartamento.
OBS: A herança tem natureza jurídica de bem imóvel, conforme o art. 80, II, C.C. e é indivisível até a partilha (arts.1.791,1.794 e 1.795, C.C.)
OBS: Uma pessoa pode ser ao mesmo tempo herdeira e legatária. Nesse caso será chamada de prelegatária.
O Princípio de Saisine não se aplica ao Legado, não importando se a coisa é certa ou incerta.
No Legado de Coisa Certa, determinada pelo gênero, quantidade e espécie, a propriedade se transmite por ocasião da morte, mas a posse não. O legatário não ingressa na posse por sua própria autoridade, devendo aguardar uma decisão nesse sentido, o que só ocorre depois de averiguada a existência ou não de dívidas em nome do falecido, e se estas absorvem o bem legado (art.1.923 C.C.).
No Legado de Coisa Incerta, também conhecido pelo nome de Legado de Gênero, considerada a falta de especificidade da coisa legada, nem a sua titularidade se tansfere com a abertura da sucessão. Nesse caso os herdeiros, ou aquele a quem o testamento indicar, devem fazer a escolha do bem a ser entregue, individualizando-o, observado o Princípio da Qualidade Média descrito no art.1.929 C.C.
O Legado de Coisa Certa só é eficaz se esta pertence ao testador no momento da abertura da sucessão (art.1.912 C.C.), ao contrário do Legado de Gênero que deve ser cumprido ainda que o bem inexista entre aqueles deixados pelo de cujus (art.1.915 C.C.). Ex: Claudio falece e deixa testamento legando um imóvel em Copacabana para Mario. Ainda que ele nunca tenha sido proprietário de qualquer imóvel no bairro de Copacabana, seus herdeiros deverão, a partir do patrimônio do falecido, adquirir o bem a fim de entregá-lo ao legatário, cumprido a determinação testamentária, ou seja, pagando o legado, observada a regra da qualidade média.
Classificação dos Herdeiros
Os herdeiros podem ser Legítimos ou Testamentários. São legítimos aqueles indicados como sucessores pela lei (arts.1.829 e 1.790,C.C.), e Testamentários aqueles que figuram no testamento.
OBS: Não se deve confundir Herdeiros Legítimos com Legítima. Legítima é a metade indisponível do patrimônio, a metade obrigatoriamente reservada para os herdeiros necessários, conforme o art.1.846 C.C.
OBS: Uma pessoa pode ser ao mesmo tempo herdeira legítima e testamentária.
Os herdeiros também podem ser Necessários ou Voluntários. Necessários, também chamados de Reservatários, são aqueles para quem a lei reserva obrigatoriamente a metade da herança do falecido, impedindo que eles sejam afastados da sucessão pela vontade livre do testador. São herdeiros necessários o cônjuge, os ascendentes e os descendentes (art.1.845 C.C.) Herdeiros voluntários, também chamados de Facultativos, são os que podem ser afastados da herança livremente, ou seja, os colaterais.
Aceitação e Renúncia da herança
O herdeiro deve se pronunciar dizendo se aceita ou não a herança. As duas declarações de vontade são irrevogáveis (1812 C.C.) e produzem efeitos ex tunc, conforme o art.1804 do C.C.
A aceitação pode ser Expressa, Tácita ou Presumida. Na primeira hipótese se dá por escrito, na segunda decorre do comportamento da parte que age como quem quer sua parte na herança, como ocorre, por exemplo, quando o sujeito se habilita nos autos do inventário, se qualificando como herdeiro, e a Presumida acontece na hipótese do art. 1807 do C.C, através do silêncio daquele é intimado a se manifestar por vontade dos demais herdeiros.
A renúncia só pode ser Expressa conforme o art.1806 do C.C.
Ninguém pode aceitar ou renunciar a herança por partes (art. 1808 C.C.). O que pode acontecer é o sujeito ser herdeiros duas vezes, por títulos sucessórios distintos, ou seja, por causas diferentes (herdeiro legítimo e testamentário, ao mesmo tempo), e nesta hipótese ele pode decidir se aceita um quinhão e renuncia ao outro. Também pode ocorrer da pessoa ser herdeira e legatária, ao mesmo tempo, e neste caso também pode optar se aceita a herança e renúncia ao legado ou vice-versa (parágrafos do art.1808 C.C.).
A aceitação e a renúncia também não podem ficar vinculadas à condição ou termo, sob pena de violação do Princípio de Saisine (art.1808, caput, C.C.)
A quota do renunciante acresce a dos demais herdeiros da mesma classe, ou seja, não vai para os descendentes do renunciante, mas para aqueles que se encontram no mesmo “degrau da escada” do renunciante (art.1810 C.C.).
Os descendentes do renunciante nunca herdam por representação, mas em determinadas hipótese podem herdar por direito próprio e por cabeça. Ex: Caio, Vanessa e Celeste são herdeiros de Clarissa, sua mãe. Vanessa renuncia a herança e tem dois filhos. Considerando a regra mencionada seus filhos nada recebem e a herança é dividida igualmente entre Caio e Celeste.
Se o renunciante for o único de sua classe, porque ele era mesmo o único herdeiro do falecido e renunciou a herança, ou porque os demais são pré-mortos, a herança do de cujus vai para os herdeiros da classe seguinte, incluindo os filhos do renunciante que, neste caso, vão herdar por direito próprio e por cabeça (arts. 1810 e 1811, C.C.). 
OBS: O mesmo ocorre se todos os herdeiros renunciam à herança (arts.1810 e 1811, C.C.) Nesta hipótese se todos os filhos do morto renunciam, os seus netos herdam, também por direito próprio e por cabeça. Ex: Aproveitando do exemplo acima, se Caio, Vanessa e Celeste renuncia à herança de sua mãe, os netos de Clarissa recebem, cada qual, uma parte equivalente a dos demais.
Se a renúncia de um herdeiro prejudica seus credores, estes podem aceitar a herança no seu lugar (art.1813 C.C.), extraindo da cota do renunciante o suficiente para se pagar.
Ordem de Vocação Hereditária - Sucessão dos cônjuges
O art.1829 C.C. trata da ordem de sucessão envolvendo os cônjuges, estabelecendo que em primeiro lugar estão os descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, dependendo do regime de bens do casamento. Em segundo estão os ascendentes juntamente com o cônjuge viúvo, que nesse caso herda sempre, independentemente do regime patrimonial de bens. Em terceiro vem o cônjuge sozinho, afastados os colaterais que entram em último lugar nessa ordem. 
Na classe dos colaterais os mais próximos afastam os mais distantes, salvo o direito de representação atribuído legalmente aos sobrinhos (art.1.853 e 1.840, C.C.), ou seja, tendo o de cujus deixado irmãos, tios, sobrinhos, tio-avô, sobrinho-neto e primos, todos parentes sucessíveis, os irmãos excluem os demais, em seguida estão os sobrinhos, em terceiro lugar os tios, e por último todos os colaterais de quarto grau que herdam juntos (tios-avós, sobrinhos-netos e primos), conforme o art. 1843, caput, C.C. 
No caso do cônjuge, vale ressaltar o inciso I do art.1829 do C.C. que trata da sua concorrência com descendentes, esclarecendo que o sobrevivente só herda se casado com o falecido num regime patrimonial que possua bens particulares. A finalidade da lei foi, de certa forma, atribuir um "prêmio" àquele que acompanhasse o outro até o final da vida, garantindo-lhe, a título de herança, direitos sobre os bens exclusivos do de cujus.
Ex: 1 – Você ----------------João
Vocês são casados pelo regime de Comunhão Total e têm dois filhos. João tinha R$1.000.000,00 de patrimônio. Caso ele faleça você é meeira, ficando com R$500.000,00, mas não herda, o que significa que a meação de João é distribuída somente entre os filhos, cabendo a cada um R$250.000,00.
Ex: 2 – Vocês são casados pelo regime de Comunhão Parcial de Bens, sem bens particulares, ou seja, João adquiriu R$1.000.000,00, onerosamente,ao longo da relação, não possuindo bem anterior ou adquirido por doação ou herança. Falecendo ele, da mesma forma, você é meeira, com direito a R$500.000,00, mas não é herdeira e a meação de João é partilhada apenas entre os filhos, cada qual com direito a R$250.000,00.
Ex: 3 – Vocês são casados pelo regime de Comunhão Parcial de Bens, com bens particulares, tendo João adquirido, onerosamente, ao longo do casamento, R$1.000.000,00, mas possuía bem anterior no valor de R$400.000,00. Caso ele faleça você é meeira dos bens comuns e herdeira dos particulares, juntamente com os filhos. Assim, você tem direito a R$500.000,00 a título de meação, ficando o restante do patrimônio comum para os filhos, no total de R$250.000,00 para cada um. Além disso, você e os filhos herdarão, conjuntamente, R$400.000,00, cabendo um terço para cada.
Ex: 4 – Vocês são casados pelo regime de Separação Total de Bens (Separação Convencional). João adquiriu R$1.000.000,00 durante o matrimônio e possuía um imóvel no valor de R$400.000,00, adquirido anteriormente. Neste caso, considerado o regime, você não é meeira, o que significa que ocorrendo o divórcio não lhe cabe direito algum, mas se o acompanha até o fim da vida será herdeira de tudo juntamente com os filhos, na proporção de um terço para cada.
A Separação Obrigatória de Bens, imposta por lei nos casos do art.1641 C.C., não dá direito a herança, conforme o caput do art.1829 C.C, o que significa que o cônjuge sobrevivente não é meeiro e nem herdeiro. De qualquer forma, vale esclarecer que a súmula 377 do STF, aplicável somente à Separação Obrigatória (Legal), permite a comunicação dos bens adquiridos na constância do casamento por força da contribuição patrimonial de ambos, para fim de meação, mas isso não interfere na proibição descrita no inciso I do art.1829 do C.C. que veda o direito de herança nesses casos.
Ainda com relação ao art. 1.829, I, C.C. a divisão da herança entre cônjuge sobrevivente e descendentes é feita, a princípio, por igual, mas o art.1.832 C.C. garante ao superstite uma reserva mínima legal de um quarto dos bens particulares, caso todos os descendentes sejam comuns. Ex: Você é casada com João no Regime de Comunhão Parcial, tendo ele adquirido R$1.000.000,00 durante o casamento e um imóvel, anteriormente, no valor de R$400.000,00. O casal possui dois filhos. Falecendo o marido, a esposa é meeira de R$500.000,00 e tem direito a um terço de R$400.000,00. Se fossem três filhos a esposa também seria meeira de R$500.000,00 e teria direito a um quarto de R$400.000,00, mas se fossem quatro filhos, considerada a regra do art.1832 C.C., ela continuaria meeira de R$500.000,00 mas teria um quarto de R$400.000,00, cabendo aos filhos, no que tange a esse valor, somente o restante (R$300.000,00). Contudo, caso os descendentes sejam apenas do autor da herança o cônjuge sobrevivente perde a reserva mínima mencionada, dividindo os bens particulares por igual com todos eles.
Não existindo descendentes o cônjuge sobrevivente herda com os ascendentes, qualquer que seja o regime e sobre todos os bens deixados pelo falecido (arts.1.829,II e 1.836, C.C.). Ex: Você e João eram casados no regime de Comunhão Parcial. Ao longo do casamento ele adquiriu R$1.000.000,00, mas possuía um imóvel anterior no valor de R$400.000,00. Vindo ele a falecer você é meeira de R$500.000,00 e herda sobre todo o resto, ou seja, R$900.000,00, juntamente com os sogros ou qualquer outro grau de ascendentes existentes.
Concorrendo com os pais do de cujus a divisão é feita por igual. Existindo apenas um dos pais também, mas concorrendo com ascendentes de grau superior, como os avós, bisavós e outros, o sobrevivente tem direito a 50% (cinquenta por cento) da herança, cabendo o restante aos ascendentes, na proporção de metade para cada linha - linha paterna e materna (art.1.836, parágrafo segundo, C.C.). Ex: João falece e deixa apenas a esposa e os avós, paternos e maternos. Sua esposa tem direito a 50% da herança, e a outra metade é dividida pelos avós, cada linha com direito a 25% dos bens (art.1836, parágrafo segundo, C.C.). Ainda que fossem apenas três o número de ascendentes no caso, os avós paternos e uma avó materna, a regra seria a mesma.
Sucessão dos companheiros
No caso dos companheiros a sucessão é regida pelo art.1790 C.C., de maneira diferenciada.
A companheira nunca herda sobre os bens particulares, mas sobre os bens comuns. Ex: Você e João vivem uma união estável, tendo ele adquirido durante a relação R$1.000.000,00 de patrimônio, e possuindo também um imóvel anterior, no valor de R$400.000,00. Vindo ele a falecer, e considerando a existência de dois filhos comuns, você é meeira de R$500.000,00, e nesse caso herda sobre os outros R$500.000,00, juntamente com a prole, cabendo um terço do valor a cada um. Os R$400.000,00 serão entregues somente aos filhos.
Vale esclarecer que a base de cálculo da herança do companheiro é sempre essa, os bens comuns, adquiridos onerosamente na vigência da união, ainda que concorra com ascendentes ou outros parentes sucessíveis. Ex: Concorrendo com os avós do de cujus terá direito somente aos bens comuns, cabendo os particulares apenas àqueles (art.1790, caput, C.C). O raciocínio seria o mesmo se o único parente sobrevivente fosse um tio-avô.
Além disso, o companheiro sobrevivente concorre também com os colaterais, conforme se depreende da regra do art.1790, III, C.C, o que significa que só herda sozinho quando não existem parentes sucessíveis (art.1.790, IV, C.C.).
Concorrendo com descendentes comuns tem direito a uma quota equivalente a que por lei for atribuída a cada filho, (art.1.790, I,C.C.), mas se os descendentes são todos do autor da herança o sobrevivente recebe apenas a metade do que cabe a cada um daqueles (art.1.790,II,C.C.). Ex: João vivia em união estável com você, tinha R$1.000.000,00 de patrimônio, adquirido ao longo da relação, e R$400.000,00 adquirido anteriormente, com dois filhos de um relacionamente anterior. Vindo ele a falecer os R$400.000,00 são transferidos apenas à prole. Você é meeira de R$500.000,00 e herda sobre a meação dele, cabendo R$100.000,00 a você e R$200.00,00 para cada filho.
OBS: Se cada filho recebe o dobro da companheira concluímos que a lei atribui a cada um deles duas partes, e a ela uma só, totalizando cinco partes. Dividindo R$500.000,00 por cinco encontramos o valor de R$100.000,00 para cada parte, o que significa R$200.000,00 para cada filho e R$100.000,00 para a companheira.
Concorrendo com ascendentes ou colaterais só tem direito a um terço da herança, lembrando que o seu direito recai, quase sempre, somente sobre os bens comuns. Ex: João faleceu deixando a companheira e um tio-avô. Neste caso, aproveitando o exemplo anterior, ela é meeira de R$500.000,00 e herdará apenas um terço dos R$500.000,00 que compõe a meação do falecido, cabendo todo o restante (dois terços de R$500.000,00 e os bens particulares) ao tio-avô, a não ser que exista testamento dispondo de maneira diferente.
O STF está, neste momento, julgando a inconstitucionalidade do art.1790 do C.C. e já tem sete votos a favor. Neste momento o julgamento se encontra suspenso porque um dos ministros pediu vista.
O nosso Tribunal já não vem aplicando o art.1790 do C.C. como descrito, e não permite mais a concorrência do companheiro com colaterais, além disso, concorrendo com descendentes só do autor da herança, a companheira ou companheiro sobrevivente, vem recebendo quota equivalente, por força das decisões majoritárias.
OBS: Os colaterais não são herdeiros necessários (art.1.845 C.C.), podendo ser afastados da herança livremente, sem indicação de motivo.
Sucessão dos colaterais
Se o falecido deixa apenas colaterais deve ser observada a ordem estabelecida no art. 1843, caput, C.C., qual seja, em primeiro lugar os irmãos, em segundo os sobrinhos, em terceiro os tios e em último os colaterais de quarto grau.
Na classe transversal (colateral)o direito de representação não ultrapassa filhos de irmãos (art.1.853 C.C.). Ex: Caio faleceu e deixou três irmãos: Roberto, Claudio e José. Roberto é pré-morto, tendo falecido antes de Caio, deixando dois filhos: Clara e Adriano. Adriano também é pré-morto e possui três filhos: Mariana, Stella e Marta. Neste caso, a herança de Caio é distribuía entre Claudio, José e Clara, esta última recebe por representação de seu genitor. Os filhos de Adriano nada recebem em função da limitação estabelecida no art.1.853 C.C.
OBS: Na classe descendente a representação não sofre limitação. Ex: Martha deixou dois filhos: Eneida e Técio. Eneida é pré-morta e possuía dois filhos: João e Maria. Maria era pré-morta e possuía um filho: Cesar. Falecendo Martha a herança será recebida por Técio, João e Cesar. Técio recebe por direito próprio, mas João e Cesar herdam por representação, o primeiro com direito a 50% da herança e os demais com direito 25% cada.
OBS: Na classe ascendente não se aplica a regra da representação (art.1.852 C.C.), de maneira que o mais próximo sempre afasta o mais remoto. Ex: Raquel falece deixando dois avós paternos, uma avó materna e um bisavô materno. Aplicando o dispositivo o bisavô fica afastado da sucessão.
Se o de cujus deixou irmãos bilaterais/germanos (filhos do pai e da mãe) e unilaterais (filhos só do pai ou da mãe), estes recebem apenas a metade do que couber a cada um daqueles (art.1.841 C.C.). Ex: Você faleceu e deixou três irmãs: Ana, Flavia e Gisele, sendo que a primeira é unilateral. Assim, ela terá apenas 1x da sua herança e cada uma das demais o equivalente a 2x, ou seja, cada bilateral tem direito ao dobro do que couber a cada unilateral.
OBS: Como explicado anteriormente o cálculo é fácil. Basta somar duas partes para cada bilateral e uma parte para o unilateral, totalizando cinco partes. Em seguida, divida a herança pelo número de partes encontradas e multiplique duas partes para cada bilateral, atribuindo apenas uma parte para um unilateral.
Indignidade e Deserdação
São duas penalidades aplicadas com o fim de afastar determinada pessoa da sucessão.
A Indignidade é uma pena legal, aplicada com base nas causas taxativas do art.1.814 do C.C. A Deserdação é uma pena voluntária, no sentido de que decorre da manifestação de vontade do testador, mas vinculada também a causas específicas, descritas taxativamente nos arts. 1.961 a 1.963, C.C.
OBS: As causas que servem a Indignidade também fundamentam a Deserdação (art.1.961 C.C.), além de outras (arts.1.962 e 1.963, C.C.)
OBS: A interpretação de qualquer dessas causas é restritiva.
A Indignidade tem por objetivo afastar qualquer sucessor que incida numa das hipóteses legais, seja herdeiro (legítimo, testamentário, necessário ou não) ou legatário. A Deserdação visa afastar somente os herdeiros necessários.
Nas duas, entretanto, a pena não se aplica automaticamente, devendo os interessados na exclusão do indigno ou deserdado promover uma ação nesse sentido, provando a existência da causa que serve de fundamento.
No caso da Indignidade essa ação caduca em 4(quatro) anos, contados da abertura da sucessão (art.1.815, parágrafo único, C.C.), e na Deserdação o prazo é o mesmo, mas se conta da bertura do testamento (art.1.965, parágrafo único, C.C.)
Considerando a regra geral de que a pena não pode ultrapassar a pessoa do culpado, os descendentes do indigno ou do deserdado herdam no seu lugar, por representação, como se eles fossem pré-mortos (art. 1.816 C.C.), mas nesse caso o excluído não poderá administrar, nem usufruir, esses bens, ainda que os filhos sejam menores (art.1.693, IV, C.C.), não podendo sequer herdá-los futuramente por ocasião da morte daqueles.
O art.1.818 C.C. explica que o testador pode perdoar o indigno, impedindo o seu afastamento, mas o perdão, a princípio, tem que ser expresso, com menção clara e inequívoca no testamento ou em escritura pública.
OBS: O perdão tácito só dá ao indigno, contemplado no testamento, o direito de suceder no limite da disposição testamentária, ou seja, somente o que lhe foi deixado, ainda que seja menos do que teria direito caso não praticasse o ilícito.

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