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Tireoidites: Tipos, Diagnóstico e Tratamento

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Tireoidites
O termo tireoidite descreve um conjunto de transtornos comuns caracterizados por alguma forma de inflamação da glândula tireoide.
Tireoidite de Hashimoto
É a mais frequente das tireoidites.
Também é a principal causa de hipotireoidismo e bócio.
Caracteriza-se clinicamente pela deficiência funcional gradual, formação de bócio ou ambos, devido à destruição autoimune da glândula.
Causa: combinação de suscetibilidade genética e fatores ambientais.
Ocorre um aumento de anticorpos contra a tireoide.
Complicações: encefalopatia e oftalmopatia.
 Diagnóstico:
O diagnóstico envolve a caracterização morfológica da lesão da tireoide e a avaliação do estado metabólico do indivíduo.
A detecção de bócio indolor e sem sinais de tireotoxicose sugere o diagnóstico de tireoidite de Hashimoto.
A tireoidite de Hashimoto começa com um aumenta gradual glandular e desenvolvimento gradativo de hipotireoidismo.
As concentrações de T4 e T4 livre geralmente estão baixas ou normais. Podem estar elevados também.
Anticorpos anti-TPO e anti-Tg frequentemente estão presentes no soro.
 Tratamento:
Se o bócio provocar sintomas locais de pressão ou alteração estética, está indicada a terapia com levotiroxina (LT4). Pode conduzir à redução gratificante do volume glandular e nos valores de anticorpos, particularmente em jovens. Em indivíduos mais idosos, devido ao maior grau de fibrose, há menor tendência para a redução da tireoide.
A cirurgia é indicada em apenas alguns casos, pois a remoção do bócio resulta em hipotireoidismo.
Tireoidite Pós-parto
É a que ocorre no transcorrer de 12 meses após o parto.
O curso clínico é trifásico:
1ª fase = tireotóxica inicial.
2ª fase = hipotireoidea.
3ª fase = eutireoidea (normal).
A fase tireotóxica ocorre em 2 a 6 meses após o parto (início com mediana de 13 semanas) e, usualmente, é assintomática. No entanto, podem-se constatar irritabilidade, intolerância ao calor, fadiga e palpitações. Dura tipicamente de 2 a 3 meses. A fase de hipotireoidismo ocorre entre 3 e 12 meses pós-parto (tempo mediano de aparecimento, 19 semanas) e muitas vezes é sintomática, com intolerância ao frio, pele seca, falta de energia e comprometimento da capacidade de concentração. A maioria dos indivíduos exibe um pequeno bócio indolor.
É de natureza autoimune.
 Diagnóstico:
Os anticorpos anti-TPO estão presentes em 80% dos casos.
Durante a fase tireotóxica, os valores de TSH são baixos e de T4 livre podem estar elevados.
No exame de imagem a captação é baixa (<5%).
A ultrassonografia da tireoide quase sempre mostra textura heterogênea hipoecogênica.
 Tratamento:
Deve haver um cuidado extra com as mulheres que amamentam.
A fase de tireotoxicose geralmente não necessita de tratamento, mas se os sintomas forem muito altos se utilizam betabloqueadores. Os antitireoideos são contra indicados, pois não ocorre excesso de produção hormonal. Se a fase de hipotireoidismo for prolongada ou o paciente tiver sintomas, deve-se administrar levotiroxina até a tireoide voltar à normalidade.
Tireoidite Silenciosa ou Indolor
É uma entidade mal caracterizada e de difícil diagnóstico.
Também chamada de tireoidite subaguda linfocítica.
Possui três fases, assim como a tireoidite pós-parto.
 Diagnóstico:
Durante a fase tireotóxica, os valores de TSH são baixos e os de T4 livre podem ser elevados, dependendo do grau de disfunção.
Na fase de hipotireoidismo, o TSH está alto e o T4 livre pode estar baixo.
Cerca de 50% possui anticorpos anti-TPO.
Nos achados de imagem, a captação é baixa.
A ultrassonografia demonstra textura heterogênea hipoecogênica.
 Tratamento:
Os betabloqueadores são empregados para controlar os sintomas durante a fase tireotóxica, embora muitas vezes não seja necessário isso.
Na fase de hipotireoidismo, pode-se usar levotiroxina.
Tireoidite Idiopática Dolorosa ou Subaguda ou de Quervain
É uma doença inflamatória autolimitada.
É a causa mais comum de dor tireóidea.
O quadro clínico inicia-se entre 1 e 3 semanas após infecção de vias respiratórias superiores, apresentando a seguinte evolução de intensidade variável: • Inicialmente, ocorre alteração do estado geral, caracterizada por mialgias generalizadas, faringite, febre baixa e fadiga. 
• Segue-se dor cervical intensa (a tireoidite de De Quervain é a causa mais comum de dor tireóidea) com irradiação para os ouvidos; a glândula é dolorosa à palpação e nota-se inchaço local. 
• Aparecimento de sintomas de tireotoxicose (ocorrem em aproximadamente 50% dos indivíduos), que são transitórios e duram de 3 a 6 semanas, quando se esgota o estoque de hormônio preformado.
Após a fase de tireotoxicose, habitualmente, sucede uma fase de hipotireoidismo – que aflige 30% dos indivíduos –, em geral transitório, com duração de algumas semanas a 6 meses.
 Diagnóstico:
A proteína C reativa se encontra elevada.
O número de leucócitos está normal ou pouco aumentado.
T3 e T4 estão elevados.
Como a glândula inflamada não capta iodo, o exame de captação ficará baixo.
 Tratamento:
Para a dor, utilizam-se salicilatos ou AINEs.
Para o controle dos sintomas, empregam-se betabloqueadores.
A levotiroxina raramente é utilizada.
Tireoidite Infecciosa
Ocorre geralmente em indivíduos portadores de doença tireóidea preexistente.
Os indivíduos apresentam dor intensa, aguda, unilateral irradiada para mandíbula ou orelhas.
Febre, disfagia e disfonia também estão presentes.
A causa mais frequente é uma infecção bacteriana. Fungos ou parasitas também podem ser etiológicos.
É mais frequente em mulheres entre 20 e 40 anos de idade.
 Diagnóstico:
Ocorre leucocitose com desvio para a esquerda.
O TSH e os hormônios tireoidianos encontram-se geralmente normais.
A punção aspirativa vai mostrar um material com coloração para Gram.
Recomenda-se fazer ultrassonografia.
 Tratamento:
Consiste em antibioticoterapia parenteral e drenagem cirúrgica do abscesso.
Tireoidite de Riedel
É uma condição fibrótica, que resulta na destruição glandular e na infiltração dos tecidos adjacentes.
É a mais rara das tireoidites.
Os indivíduos apresentam bócio de consistência extremamente endurecida (pétrea), indolor, fixo (imóvel com a deglutição) e frequentemente assimétrico. Pode ocorrer em um bócio multinodular ou como massa cervical rija de crescimento rápido em uma glândula previamente normal, simulando câncer da tireoide.
A etiologia não está estabelecida.
 Diagnóstico:
O hemograma revela contagem normal ou elevada de glóbulos brancos.
A taxa de sedimentação de eritrócitos encontra-se elevada.
Outros aspectos:
- Presença de processo inflamatório tireóideo com extensão para o tecido circundante. 
- Infiltrado inflamatório sem células gigantes, folículos linfoides, oncócitos ou granulomas.
- Ausência de flebite oclusiva.
- Ausência de malignidade.
A ultrassonografia da tireoide normalmente revela hipoecogeneidade e hipovascularização difusas devido ao extenso processo de fibrose.
 Tratamento:
Embora não exista nenhuma terapia específica para a TR, as estratégias disponíveis dependem das características clínicas da doença em cada indivíduo. Os afetados geralmente se submetem à cirurgia para alívio dos sintomas obstrutivos. Subsequentemente, recebem LT4 e/ou cálcio, juntamente com calcitriol, os quais não influenciam o curso da doença. Finalmente, podem-se utilizar anti-inflamatórios para diminuir o processo flogístico.

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