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Direito Penal IV Resumo para Provas

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Direito Penal IV - Resumo
para Provas
Direito Penal IV – Resumo para Provas
Fonte: Universidade Estácio de Sá
 
Crimes contra a Administração Pública.
 
Crimes Praticados por Funcionário Público. Parte I
Crimes em espécie praticados por funcionário público. Peculato
e Concussão. Elementos do tipo. Sujeitos do delito. Consumação
e Tentativa. Modalidades culposas. Figuras qualificadas,
majoradas e privilegiadas. O concurso de pessoas e a
incidência do art. 30, do Código Penal: Comunicabilidade das
Circunstâncias Pessoais.
– Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter
pessoal, salvo quando elementares do crime. 
 
 
Peculato.
 
Art. 312 – Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de
que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito
próprio ou alheio:
 Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa.
1º – Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público,
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o
subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que
lhe proporciona a qualidade de funcionário.
1.1. Elementos do tipo: as condutas dolosas previstas
descrevem figuras especiais dos delitos de apropriação
indébita (caput) e de furto (§1º), caracterizando-se,
portanto, como delitos funcionais impróprios ou mistos.
 Por outro lado, no caso da conduta culposa, o
agente público, por meio da quebra do dever objetivo de
cuidado, concorre para a prática de peculato doloso por
outrem.
1.2. Sujeitos do delito: configura-se como delito próprio, mas
admite o concurso de pessoas, desde que o estranho à
Administração Pública tenha conhecimento da condição do
sujeito ativo.
 No que concerne ao sujeito passivo, o Estado figura
tanto como sujeito passivo indireto, quanto direto, na medida
em que ocorre a lesão ao seu patrimônio moral e patrimonial. 
 
1.3. Figuras típicas:
A) Peculato Próprio 1.
Peculato-apropriação: configura delito especial de apropriação
indébita, caracterizada pela qualidade do sujeito ativo, pela
lesão ao patrimônio público, bem como à moralidade
administrativa – à função exercida pelo Estado presentado pelo
agente público.
Peculato-desvio (malversação): neste caso, o funcionário dá
destinação diversa a res, em benefício próprio ou de terceiro.
O referido benefício pode ser material ou moral, bem como a
vantagem não será, necessariamente, de cunho econômico.
Peculato de uso: Da mesma forma que no delito de furto,
caracteriza-se quando o agente utiliza-se de bem infungível,
sem o especial fim de agir de assenhoreamento definitivo e o
restitui de forma completa e integral. No caso de uso de bem
público, discute-se se o denominado peculato caracterizar-se-
ia como mero ilícito administrativo.
 
B) Peculato Impróprio –1.
PECULATO-FURTO: Art.312, §1º, CP – Aplica-se a mesma pena,
se o funcionário público, embora não tendo a posse do
dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário 
Peculato Culposo – Art.312, §2º, CP 
2º – Se o funcionário concorre culposamente para o crime
de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Peculato mediante erro de outrem: Art.313, caput, CP 
Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no
exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena –
reclusão, de um a quatro anos, e multa.
 No delito em exame o terceiro, mediante uma falsa
percepção da realidade, entrega dinheiro ou utilidade –
qualquer vantagem ou lucro a funcionário público que não
esteja autorizado a recebê-los e este dolosamente não informa
o terceiro e nem a Administração Pública acerca do erro com o
fim de assegurar a sua apropriação.
 Pode ocorrer ainda a situação na qual o funcionário público
seja competente para receber o valor, entretanto, o terceiro
por erro, paga um valor a maior e o funcionário dolosamente,
apropria-se da diferença.
1.4. Reparação do dano: perdão judicial ou causa de diminuição
de pena: 
2º – Se o funcionário concorre culposamente para o crime
de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
3º – No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano,
se precede à sentença irrecorrível, extingue a
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.
 anterior à sentença condenatória irrecorrível :
extinção de punibilidade;
 posterior à sentença condenatória irrecorrível :
causa de diminuição de pena.
1.5. Confronto entre o delito de peculato e os delitos
falsificação de documento e uso de documento falso.
A partir da análise do caso concreto a concorrência entre a
prática dos delitos de peculato e uso de documento falso pode
ensejar as seguintes controvérsias:
a) Incidência do conflito aparente de normas a ser1.
solucionado pelo princípio da absorção.
 Neste sentido, sendo caracterizado o delito de falso como
crime meio para a prática do delito contra a Administração
Pública
b) Caracterização do uso de documento falso como pós1.
fato impunível. 
c) Incidência do concurso crimes (material ou formal2.
imperfeito) e, conseqüente, cúmulo material de penas.
 Neste sentido já se pronunciou o Supremo Tribunal Federal
e o Superior Tribunal de Justiça face à pluralidade de bens
jurídicos lesionados.
 
Peculato Eletrônico: Forma especial do delito de peculato e
configura-se como delito de mera atividade. Inserção de dados
falsos em sistema de informações
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente
dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados
da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida
para si ou para outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
 
Concussão: Art. 316 – Exigir, para si ou para outrem,1.
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida: Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Elementos do tipo: a conduta dolosa prevista descreve2.
figura especial do delito de extorsão caracterizando-se,
portanto, como delito funcional impróprio ou misto. 
Diferencia-se do delito de corrupção passiva, art.317, do
Código Penal, pois neste o núcleo do tipo descreve a conduta
de “solicitar”, diferentemente do delito de concussão, no qual
o agente “exige” para si ou para outrem a vantagem indevida,
ou seja, impõe à vítima a prática de uma conduta que o
beneficie e esta cede por “temor” a possíveis represálias.
 2.2.. Sujeitos do delito : configura-se como delito próprio,
mas admite o concurso de pessoas, desde que o estranho à
Administração Pública tenha conhecimento da condição do
sujeito ativo.
 Em relação à figura típica prevista no §1º (excesso de
exação), somente pode ser sujeito ativo o funcionário
encarregado da arrecadação.
 No que concerne ao sujeito passivo, o Estado figura
tanto como sujeito passivo indireto, quanto direto, na medida
em que ocorre a lesão ao seu patrimônio moral e patrimonial.
 
 2.3.Consumação e Tentativa: Configura-se como delito formal,
logo consuma-se com a mera conduta de exigir, para si ou para
outrem, mas em razão da função a vantagem indevida; caso esta
ocorra, será caracterizada como mero exaurimento da conduta.
 2.4. Excesso de exação: § 1º – Se o funcionário exige
tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber
indevido, ou, quando devido,emprega na cobrança meio
vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena – reclusão, de três a oito anos, e multa. 
O excesso de exação, compreendida esta como a exigência
rigorosa de tributos (imposto, taxa ou contribuição de
melhoria) ou contribuição social e perfaz-se mediante duas
modalidades: exigência indevida do tributo ou contribuição
social e cobrança vexatória ou gravosa não autorizada em lei.
► Forma qualificada §2º
2º – Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de
outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos
cofres públicos: Pena – reclusão, de dois a doze anos, e
multa.
Obs. Caso o agente desvie a quantia após sua inclusão aos
cofres públicos o delito será de peculato.
O excesso de exação, compreendida esta como a exigência
rigorosa de tributos (imposto, taxa ou contribuição de
melhoria) ou contribuição social e perfaz-se mediante duas
modalidades: exigência indevida do tributo ou contribuição
social e cobrança vexatória ou gravosa não autorizada em lei.
 
Crimes Praticados por Funcionário Público. Parte II.
 
Corrupção passiva: Art. 317 – Solicitar ou receber, para1.
si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
 
O ordenamento jurídico prevê condutas típicas tanto para o
agente que se corrompe, quanto para o terceiro à Administração
Pública que o corrompe – corrupção passiva e corrupção ativa.
Houve, desta forma, rompimento à teoria unitária do concurso
de pessoas previsto no art.29, do Código Penal. Insta
salientar que a bilateralidade de condutas nem sempre
ocorrerá. 
 
1.1. Análise do tipo penal.
► Configura-se como tipo penal de ação múltipla ou tipo misto
alternativo face à possibilidade da realização das seguintes
condutas:
a) solicitar vantagem indevida – a proposta emana do1.
agente público e consuma-se independemente da entrega da
vantagem;
b) receber vantagem indevida – a proposta emana do2.
terceiro e consuma-se no momento em que o agente recebe
a vantagem indevida.
c) aceitar promessa de tal vantagem: neste caso, não é3.
necessário o recebimento da vantagem; o delito restará
consumado com o mero consentimento do agente público.
Obs. Nas condutas de receber vantagem indevida ou aceitar
promessa de tal vantagem haverá bilateralidade de condutas –
corrupção ativa e passiva.
 
► A vantagem indevida pode ser de cunho patrimonial, sexual,
sentimental etc.
1.2.Incidência dos princípios da insignificância e adequação
social. A doutrina tem sustentado que as gratificações
usuais de pequena monta e as pequenas doações ocasionais
relacionadas às festas de fim de ano não configurariam a
figura típica do art.317, do Código Penal face à incidência do
princípio da adequação social
Por outro lado, os Tribunais tem se mostrado reticentes acerca
da possibilidade do reconhecimento da atipicidade da conduta
em decorrência da adoção do princípio da insignificância.
 
1.3. Figuras Típicas;
► Corrupção passiva privilegiada: nesta figura típica o agente
público não visa atender interesse próprio, mas cede à
solicitação de terceiro “comum na reciprocidade do tráfico de
influência
2º – Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena –
detenção, de três meses a um ano, ou multa.
 
► Corrupção passiva qualificada:
1º – A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa
de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica
infringindo dever funcional.
O agente público realiza o prometido ao terceiro na conduta
prevista no caput do referido artigo. Neste caso, o
exaurimento do delito foi considerado fato punível, na
verdade, caracterizado como causa de aumento da figura típica.
Entretanto, caso esta conduta, no caso concreto, configure
delito autônomo, restará caracterizado o concurso de delitos
entre a corrupção passiva e esta suposta conduta, sem,
contudo, a incidência da majorante do §1º, sob pena de
incidência de bis in idem.
 
1.4 Confronto com o delito de concussão:
► a conduta prevista no delito de corrupção passiva compreende
a “solicitação” do agente público sem que haja qualquer forma
de constrangimento ou coação, diferentemente da conduta
prevista no tipo penal de concussão.
 
1.5. Confronto com o delito de e prevaricação:
► neste caso a conduta do agente público tem por motivo
determinante a satisfação de interesse ou sentimento pessoal,
enquanto na corrupção passiva, o agente visa a obtenção de
vantagem indevida.
Art. 319 – Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei,
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena –
detenção, de três meses a um ano, e multa
 
Crimes Praticados por Funcionário Público. Parte II.
 
Facilitação de contrabando ou descaminho: Art. 318 –1.
Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de
contrabando ou descaminho (art. 334): Pena – reclusão,
de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa
 
1.1. Análise do Tipo Penal:
► Nesta figura típica o legislador rompeu com a teoria
unitária do concurso de pessoas na medida em que optou por
tipificar a conduta do agente que, na verdade, realiza conduta
acessória à conduta de contrabando ou descaminho.
 
► A expressão contrabando compreende toda a “importação ou
exportação cujo ingresso ou saída do País seja absoluta ou
relativamente proibida
 
► A expressão descaminho, compreende “toda fraude empregada
para iludir, total ou parcialmente, o pagamento de impostos de
importação, exportação ou consumo (cobrável na própria
aduaneira antes do desembaraço das mercadorias importadas)”
(idem).
 
► Trata-se de delito formal e plurissubsistente, logo admite a
modalidade tentada.
 
►Competência: Verbete de Súmula n. 151, do Superior Tribunal
de Justiça. A competência para o processo e julgamento por
crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do
Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens. 
 
1.2. Conflito aparente de normas: Estatuto do Desarmamento :
Art. 18,da Lei n.10826/2003: Tráfico internacional de arma de
fogo. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do
território nacional, a qualquer título, de arma de fogo,
acessório ou munição, sem autorização da autoridade
competente: Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
multa
 
1.3. Incidência do Princípio da insignificância: caso o valor
das mercadorias não ultrapasse R$ 10.000,00 questiona-se sobre
a aplicação do princípio da insignificância.
Prevaricação: Art. 319 – Retardar ou deixar de praticar,2.
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal: Pena – detenção, de três meses a um ano, e
multa
 
2.1. Análise do Tipo Penal.
 
► Configura-se como delito especial próprio e admite o
concurso de pessoas por particular no caso de participação.
 
► Tipo subjetivamente complexo: composto pelo dolo genérico de
Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício
ou praticá-lo contra disposição expressa de lei e pelo
especial fim de agir de interesse ou sentimento pessoal.
 
► Configura-se como delito formal, ou seja, consuma-se
independentemente da efetiva satisfação de interesse ou
sentimento pessoal.
 
► Admite a modalidade tentada somente nas condutas comissivas.► Por “interesse ou sentimento pessoal” compreende-se como
interesse que não tenha caráter econômico, mas no qual o
agente público coloca seu interesse acima do interesse
público. “ Interesse pessoal é qualquer proveito, ganho ou
vantagem auferido pelo agente e que não tenha natureza
econômica” e “ Sentimento pessoal é a disposição afetiva do
agente em relação a algum bem ou valor”
 
2.2. Confronto com o delito de corrupção passiva privilegiada
– art.317§2º, CP. Na prevaricação o agente pratica a conduta
comissiva ou omissiva visando à satisfação de interesse
próprio, sem que haja qualquer pedido por parte de terceiro;
no delito de corrupção passiva privilegiada, o agente público
atende ao pedido ou influência de outro.
 
2.3. Figuras Típicas Especiais de Prevaricação: • Lei n.
1079/1950: Presidente da República, Ministros de Estado,
Ministros do Supremo,Tribunal Federal e Procurador Geral da
República.• Lei n. 6766/1979 e Dec. Lei n. 201/1967:
Prefeitos.• Lei n.7492/1986: Crimes contra o Sistema
Financeiro Nacional.• Lei n.4737/1965: Crimes Eleitorais.
 
2.4. Prevaricação Imprópria: Prevaricação de agente
penitenciário
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente
público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
 
Condescendência criminosa: Art. 320 – Deixar o3.
funcionário, por indulgência, de responsabilizar
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo
ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao
conhecimento da autoridade competente: Pena – detenção,
de quinze dias a um mês, ou multa.
 
3.1. Análise do Tipo Penal:
► Configura-se como delito especial próprio e admite o
concurso de pessoas por particular no caso de participação.
 
► Configura-se como delito formal, ou seja, consuma-se
independentemente da efetiva impunidade do subalterno.
 
► O elemento normativo “indulgência” pode ser compreendido
como “clemência, tolerância para com a falta de subalterno
 
► O tipo penal também abarca a conduta omissiva do agente
público ao deixar de responsabilizar subalterno que pratica
infração, de natureza administrativa ou penal, no exercício da
função – trata-se, neste caso, de interpretação extensiva.
 
► A conduta de condescendência criminosa pode apresentar-se
sob os seguintes aspectos:
a) Refere-se a uma forma de conivência, que se traduz em1.
omissão e supõe infração a ela conectada;
b) Emerge de considerações relativas ao direito2.
disciplinar administrativo;
c) O conivente pode ser coautor do delito ocultado –3.
 subalterno.
 
3.2. Confronto com o delito de Prevaricação: Não se confunde
com o delito de prevaricação, pois neste a conduta omissiva do
agente público visa satisfazer interesse ou sentimento pessoal
próprio, enquanto no delito de condescendência criminosa, a
conduta do agente público tem por motivação a indulgência em
relação a terceiro.
 
Advocacia administrativa: Art. 321 – Patrocinar, direta4.
ou indiretamente, interesse privado perante a
administração
pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena –
detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único – Se o interesse é ilegítimo: Pena – detenção,
de três meses a um ano, além da multa.
 
4.1. Análise do Tipo Penal:
► A expressão patrocinar compreende as condutas de proteger,
beneficiar ou defender, direta ou indiretamente, interesse
privado, que pode ser legítimo ou não
 
► O patrocínio como pode configurar-se como mero “favor”, não
sendo exigido, portanto, que o agente público receba qualquer
vantagem.
 
► Delito Formal.
 
► Admite-se o concurso formal de crimes com os delitos de
concussão (art.316, CP), corrupção ativa (art.317, CP) e
corrupção passiva (art.333, CP).
 
4.2. Concurso de Crimes: Nos casos de crimes contra a Ordem
Tributária ou relacionados à Licitação Pública, reger-se-ão
pelas regras especiais contidas, respectivamente, na Lei n.
8137/1990(art.3º) e Lei n.8666/1993 (art.91).
 
4.3. Confronto com o delito de Prevaricação: No delito de
advocacia administrativa o agente público não tem competência
para a prática de determinado administrativo e se vale de sua
função para influenciar aquele que possui a referida
competência com o fim de auferir qualquer benefício a
terceiro, estranho à Administração Pública.
 
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou5.
prolongado: Art. 324 – Entrar no exercício de função
pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou
continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber
oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou
suspenso: Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou
multa.
 
5.1. Análise do Tipo Penal:
► Configura-se como norma penal do mandato em branco no que
concerne à expressão “exigências legais”.
 
► Configura-se como delito de mera atividade, sendo admissível
a tentativa por tratar-se de delito plurissubsistente.
 
► A expressão “sem autorização” corresponde à elementar
normativa do tipo a ser valorada no caso concreto.
 
► Nos casos de exoneração, remoção, substituição ou suspensão,
para a caracterização do delito essencial que o agente público
tenha sido comunicado pessoalmente pela autoridade superior,
não sendo a publicação em Diário Oficial suficiente para a
configuração do delito.
 
► Trata-se de delito formal, logo não exige para sua
consumação o efetivo prejuízo à Administração Pública, todavia
admite a tentativa, haja vista seu iter criminis ser
fracionável. 
 
► Distinção entre exoneração remoção, substituição e
suspensão:
Exoneração: perda do cargo. 
Remoção: mudança do funcionário de um posto para
 outro, sendo mantido o cargo.
Substituição: colocação de um funcionário em local de
outro.
Suspensão: sanção disciplinar na qual o funcionário é
afastado temporariamente de seu cargo ou função.
 
► Distinção entre cargo público e função pública:
Cargo público: posto criado por lei na estrutura
 hierárquica da Administração Pública, com denominação e
padrão de vencimentos próprios ocupado por servidor
com vínco estatutário.
Função pública: denominação residual, que envolve todo
aquele que presta serviços para a administração embora
não seja ocupante de cargo ou emprego.
 
► Trata-se de delito formal, logo não exige para sua
consumação o efetivo prejuízo à
Administração Pública, todavia admite a tentativa, haja vista
seu iter criminis ser fracionável.
 
Questões relevantes:6.
6.1. Competência para processo e julgamento dos crimes
praticados por funcionário público federal. Verbete de Súmula
n.147, Superior Tribunal de Justiça. Compete à Justiça Federal
processar e julgar os crimes praticados contra funcionário
público federal, quando relacionados com o exercício da
função.
 
6.2. Causa de aumento de pena. Art. 327 – Considera-se
funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
função pública.
2º – A pena será aumentada da terça parte quando os
autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção
ou assessoramento de órgão da administração direta,
sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação
instituída pelo poder público.
 
Crimes Praticados por Particular. Parte I.
 
Usurpação de função pública: Art. 328 – Usurpar o1.
exercício de função pública: Pena – detenção, de três
meses a dois anos,e multa.
 
1.1. Análise da figura típica:
► A expressão “usurpar” compreende a conduta de exercício
indevido, ou seja, a efetiva prática de ato específico de
determinada função pública.
 
► Delito formal que se consuma no momento em que o agente
pratica algum ato de ofício inerente ao exercício da função
pública, independentemente da ocorrência de efetivo prejuízo à
administração.
 
► Para a configuração do delito em exame é imprescindível a
presença do funcionário público, ou seja, que este tome
ciência da conduta desrespeitosa no momento de sua prática.
 
1.2. Questões relevantes:
► Caso a conduta seja praticada, no mesmo contexto fático,
contra mais de um funcionário público, será caracterizado
crime único, haja vista o Estado figurar como sujeito passivo
direto.
 
► Agente que se encontra temporariamente suspenso de suas
funções por força de ordem judicial: face ao princípio da
especialidade sua conduta será incursa no tipo penal do
art.359, do Código Penal.
No caso de reiteração de condutas, o delito pode caracterizar-
se como delito permanente.
 
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de
direito Art. 359 – Exercer função, atividade, direito,
autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por
decisão judicial: Pena – detenção, de três meses a dois anos,
ou multa.
 
► Agente que finge ser funcionário público, mas não pratica
qualquer ato: neste caso, não há que se falar em usurpação de
função pública, pois o agente não “usurpou” qualquer função.
Desta forma, a conduta será prevista como contravenção penal.
Art. 45. Fingir-se funcionário público: Pena – prisão simples,
de um a três meses, ou multa
 
Confronto entre o delito de usurpação de função pública e
estelionato: Neste o agente induz ou mantém terceiro em erro
para, fingindo-se de funcionário público, obter vantagem
ilícita. Neste caso o agente não pratica qualquer ato de
ofício.
 Por outro lado, no caso de usurpação de função pública,
caso o agente venha a auferir alguma vantagem ilícita, esta
será decorrente do exercício indevido de função pública e
restará caracterizada a figura qualificada prevista no
parágrafo único do Art. 328, do Código Penal.
Parágrafo único – Se do fato o agente aufere vantagem: Pena –
reclusão, de dois a cinco anos, e multa
 
Resistência: Art. 329 – Opor-se à execução de ato legal,1.
mediante violência ou ameaça a funcionário competente
para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena – detenção, de dois meses a dois anos.
1º – Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena – reclusão, de um a três anos.
2º – As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo
das correspondentes à violência.
 
2.1. Análise da Figura Típica: ► Também denominada resistência
ativa, na medida em que o agente opõe-se ao cumprimento de ato
legal mediante o emprego de violência ou ameaça.
 
► A violência deve ser praticada durante a prática do ato
legal com a finalidade de impedir sua execução. Caso seja
praticada em momento anterior ou posterior à execução do
referido ato legal, a conduta poderá configurar-se como outro
delito, tal como lesão corporal
 
► Caso a violência seja praticada contra a coisa, não há que
se falar no delito em exame, mas na figura típica de dano
qualificado (art.163, parágrafo único, III, do Código Penal)
Art.163, Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
 
Parágrafo único – Se o crime é cometido: III – contra o
patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária
de serviços públicos ou sociedade de economia mista; Pena –
detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
 
2.2. Questões relevantes:
► Questiona a doutrina se a embriaguez excluiria o delito de
resistência. O melhor entendimento é no sentido de que, salvo
nos casos de embriaguez completa e oriunda de caso fortuito ou
força maior, consoante dispõe o art.28, do Código Penal, não
há que se cogitar da exclusão de culpabilidade do agente. O
ponto nodal reside na caracterização da “seriedade” da conduta
do agente.
 
Crimes Praticados por Particular. Parte II.
 
1.Tráfico de influência: CP. Art. 332 – Solicitar, exigir,
cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa
de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por
funcionário público no exercício da função: Pena – reclusão,
de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
 
1.1. Análise da figura típica:
► Configura-se como tipo de ação múltipla (alternativo)
podendo a conduta do agente comportar desde a solicitação até
a exigência ou recebimento da vantagem indevida.
 
► O elemento normativo do tipo penal “vantagem indevida” não
terá, necessariamente, natureza econômica. Sobre o tema, vide
trecho de decisão proferida pelo STJ constante no Informativo
de Jurisprudência n.169:
 
► Em relação à conduta de obter, caracteriza-se como delito
material.
 
► O delito configura verdadeiro estelionato perpetrado contra
a Administração Pública, “pois o agente ilude e frauda o
pretendente ao ato ou providência governamental, alegando um
prestígio que não possui e assegurando-lhe um êxito que não
está ao seu alcance […]”
 
1.2. Requisitos para a configuração do delito:
 ► emprego de meio fraudulento, isto é, o agente se diz
influente com determinado funcionário quando, na realidade,
não exerce nenhum prestígio.
 
 ► deve tratar-se de funcionário público.
 
OBS. No caso de não cumprimento de quaisquer destes
requisitos a conduta restará tipificada
como incursa na figura de estelionato (art.171, do Código
Penal)
Art. 171 – Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em
prejuízo alheio, induzindo
ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou
qualquer outro meio fraudulento:
 
1.3. Figura majorada: A causa de aumento tem por fundamento
o eventual desprestígio à conduta do agente público.
 
Art.332, […] Parágrafo único – A pena é aumentada da metade,
se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada
ao funcionário.
 
1.4. Questões relevantes:
► Confronto com o delito de exploração de prestígio, previsto
no art.357, do CPl: O delito de exploração de prestígio
configura espécie de tráfico de influência que recai sobre a
conduta de magistrado, jurado, órgão do Ministério Público,
perito, testemunha. 
 
Art. 357 – Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra
utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do
Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor,
intérprete ou testemunha: Pena – reclusão, de um a cinco anos,
e multa.
Parágrafo único – As penas aumentam-se de um terço, se o
agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se
destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.
 
Neste sentido, a Corte Especial do Superior Tribunal de
Justiça já se manifestou:
 
[…] crime de exploração de prestígio é, por assim dizer, uma
“subespécie” do crime previsto no art. 332 do Código Penal
(tráfico de influência). É a exploração de prestígio, a venda
de influência, a ser exercida especificamente sobre pessoas
que possuem destacada importância no desfecho de processo
judicial
 
Art. 332 – Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de
influir em ato praticado por funcionário público no exercício
da função: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
multa.
 
Art. 357 – Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra
utilidade, a pretexto de influir
em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de
justiça, perito, tradutor,
intérprete ou testemunha: Pena – reclusão,de um a cinco anos,
e multa.
 
► Confronto com os delitos de corrupção ativa e passiva. 
 
 Caso o agente tenha, efetivamente, prestígio junto à
Administração Pública e venha a corromper funcionário público,
sua conduta restará caracterizada como incursano delito de
corrupção ativa, prevista no art.333, do Código Penal e, a do
funcionário público corrompido, no art.317, do Código Penal –
corrupção passiva
 
 Ainda, cabe salientar que o terceiro que se beneficia da
conduta do funcionário público será responsabilizado pelo
delito de corrupção ativa.
 
Corrupção passiva: Art 317: Solicitar ou receber, para si ou
para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida,
ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2
(dois) a 12 (doze) anos, e multa
 
Corrupção Ativa: Art. 333: Oferecer ou prometer vantagem
indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício: Pena – reclusão, de 2
(dois) a 12 (doze) anos, e multa
Parágrafo único – A pena é aumentada de um terço, se, em razão
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de
ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
 
► Sujeitos do delito: configura-se como delito próprio. No que
concerne ao sujeito passivo, o Estado figura tanto como
sujeito passivo indireto, quanto direto, na medida em que
ocorre a lesão ao seu patrimônio moral e patrimonial.
A elementar “direta ou indiretamente” compreende a
possibilidade do agente público obter a vantagem indevida
mediante interposta pessoa, por exemplo se a vantagem for
percebida por um familiar seu.
 
► A conduta obrigatoriamente deve guardar relação com a função
exercida pelo funcionário público. Significa dizer que deve
existir relação de causalidade entre a solicitação, o
recebimento ou o aceite da promessa de vantagem indevida com a
contraprestação do agente público, seja por meio de uma
conduta comissiva ou omissiva, de sua competência específica.
Caso o agente pratique quaisquer destas condutas sem que tenha
competência específica, mas valendo-se de sua função, a
conduta restará caracterizada como tráfico de influência
previsto no art. 332, do Código Penal.
Tráfico de Influência – Art. 332 – Solicitar, exigir, cobrar
ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de
vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por
funcionário público no exercício da função: Pena – reclusão,
de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
 
2.1. Análise da Figura Típica:
 ► O elemento normativo do tipo penal “vantagem indevida” não
terá, necessariamente, natureza econômica.
 
 ► Não necessita para sua configuração que haja a aceitação
da vantagem indevida pelo funcionário público.
 
► O ato de ofício objeto da proposta de vantagem indevida
deve, obrigatoriamente, ser de específica atribuição do
funcionário público.
Delito formal que se consuma no momento em que o agente
oferece ou promete a vantagem
indevida ao funcionário público, independentemente do aceite
por parte deste.
 
► Por não caracterizar-se como delito bilateral em relação ao
delito de corrupção passiva é
plenamente possível a ocorrência simultânea ou isolada das
figuras típicas de corrupção ativa
e passiva.
 
2.2. Figura majorada: Para a caracterização da causa de
aumento prevista no parágrafo único do art.333, do
Código Penal é imprescindível que o agente pratique ato de
natureza ilícita, ou seja,
infringindo dever funcional.
Art.333, Parágrafo único – A pena é aumentada de um terço, se,
em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou
omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
 
2.3. Confronto com o delito de concussão: A conduta prevista
no delito de corrupção passiva compreende a “solicitação” do
agente público sem que haja qualquer forma de constrangimento
ou coação, diferentemente da conduta prevista no tipo penal de
concussão.
 
2.4. Questões relevantes: ► A “carteirada” não configura
delito de corrupção ativa, mas, no máximo, tráfico de
influência. Assevera o autor que a “carteirada” compreende o
“ato de autoridade que, fazendo uso de sua função, exibe seu
documento funcional para conseguir algum préstimo de outra
autoridade ou funcionário público.
De forma diversa, há entendimentos no sentido de que a
“carteirada” configura delito de abuso de autoridade previsto
no art.4º, h, da Lei n. 4898/1965 (Lei de Abuso de
Autoridade).
 
Sobre tema, importante salientar que o delito de corrupção
ativa consuma-se no momento em que o oferecimento ou promessa
de vantagem chega a conhecimento do funcionário público sendo,
desnecessário que ele o aceite ou receba. Em outras palavras
significa dizer que os delitos de corrupção ativa e passiva
nem sempre ocorrerão concomitantemente.
 
 A corrupção não é, necessariamente, crime bilateral de modo
a ensejar três possíveis situações fáticas: corrupção ativa
sem a passiva; corrupção passiva sem a ativa e corrupção ativa
e passiva.
 
Crimes contra a Administração da Justiça I
 
Favorecimento Pessoal: Art. 348 – Auxiliar a subtrair-se1.
à ação de autoridade pública autor de crime a que é
cominada pena de reclusão: Pena – detenção, de um a seis
meses, e multa.
 
1º – Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Pena – detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
 
2º – Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente,
cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
 
1.1 Análise da Figura Típica:
► Tutela-se o regular funcionamento da Administração Justiça.
► O delito se consuma com a efetiva subtração do favorecido,
ainda que momentânea ou
provisória.
 
Requisitos: – prática de crime anterior
 – crime anterior apenado com reclusão
 
► Caso o crime anterior seja apenado com detenção, restará
caracterizado o favorecimento pessoal privil. (§ 1º ).
 
► Para a configuração do delito é essencial que haja efetivo
auxílio prestado por terceiro com
vistas a beneficiar o autor do fato típico através da
impossibilidade da atuação estatal.
O auxílio é prestado ao criminoso (para sua fuga ou ocultação)
e não ao crime, sobpena de configurar-se o delito de
favorecimento real.
 
Configura-se como delito subsidiário, ou seja, para sua
configuração é imprescindível a prática de delito anterior.
 
► O auxílio deve ser posterior à prática do delito pelo
agente, caso contrário, restará caracterizado o concurso de
pessoas em relação ao delito anterior na modalidade de
participação.
 
►Configura-se como infração penal de menor potencial ofensivo,
logo a competência para processo e julgamento é do Juizado
Especial Criminal (Lei n.9099/1995).
 
► Admite-se a suspensão condicional do processo, prevista no
art.88, da Lei n.9099/1995.
Sobre o tema, vide decisão proferida pelo Tribunal de Justiça
 do Rio de Janeiro:
 
Favorecimento pessoal – A efetiva participação da requerente
afasta qualquer possibilidade de desclassificação. O artigo
348, do CP, define a conduta daquele que, não sendo autor ou
partícipe, presta auxílio, sempre posterior, ao criminoso.
 
1.2. Questões relevantes.
► Alcance das escusas absolutórias:
Primeira corrente: § 2º do art.348, configura-se como causa
excludente de culpabilidade e não escusa absolutória.
Segunda corrente: Pode ser visto como escusa absolutória a
partir da interpretação extensiva do disposto no art.181, do
Código Penal, ao considerar que o referido rol não é taxativo
 
Distinção entre favorecimento pessoal e facilitação de fuga de
pessoa presa. CP. Art. 351 – Promoverou facilitar a fuga de
pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança
detentiva: Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
 
No delito de favorecimento pessoal o auxílio é prestado a
agente que se encontre solto; já no delito previsto no art.
351, do Código Penal, a conduta configura-se como auxílio
prestado a alguém preso para que este logre êxito na fuga.
 
Favorecimento Real: Art. 349 – Prestar a criminoso, fora1.
dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio
destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena –
detenção, de um a seis meses, e multa.
 
2.1 Análise da Figura Típica:
► A conduta caracteriza-se pela assistência dada ao autor do
fato delitivo após a prática do crime com vistas a tornar
seguro o proveito do crime. Distinção entre o delito de
favorecimento real e concurso de pessoas no delito
antecedente.
 
► O tipo penal expressamente exige que o agente preste o
auxílio ao criminoso fora dos casos de coautoria. Similarmente
ao que ocorre no delito de favorecimento pessoal, é necessário
que o agente não tenha sido coautor ou partícipe do crime.
Faz-se também necessário que o auxílio ao criminoso tenha sido
prestado após a consumação do delito. Se foi prestado ou
prometido antes ou durante a execução do crime, o agente será
considerado coparticipante do delito praticado.
 
2.2. Questões relevantes:
► Distinção entre favorecimento pessoal e receptação.
Art. 180 – Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
adquira, receba ou oculte: Pena – reclusão, de um a quatro
anos, e multa
O delito de favorecimento pessoal não se confunde com o delito
de receptação, previsto no art.180, do Código Penal, pois
neste o agente presta auxílio com vistas a proveito próprio ou
alheio, que não o do autor do delito anterior e de natureza
patrimonial.
 
► Em síntese: Ao delito de favorecimento real aplica-se o
mesmo raciocínio do delito de favorecimento pessoal, qual
seja: “ o autor destes delitos não pode ter concorrido para a
prática do delito anterior, sob pena de incidência do disposto
no art.29, do Código Penal, caracterizando-se, desta forma, o
concurso de pessoas.
Art. 29 – Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Guardar a arma do crime não gera favorecimento real porque se
trata de instrumento e não de produto do crime, podendo
caracterizar-se a conduta como favorecimento pessoal.
 
Distinção entre os delitos de favorecimento pessoal e real.
► O crime de favorecimento real, visa a tornar seguro o
proveito do crime, ao passo que, no pessoal, o agente visa
assegurar a fuga, a ocultação do autor do crime anterior.
 
Crimes Hediondos. Lei n.8072/1990
 
Aspectos Gerais. Parte I.
 
Movimento da Lei e da Ordem e Crimes Hediondos –1.
confronto com o sistema Penal Garantista
consubstanciado na Constituição da República de 1988.
 
1.1. Movimento da Lei e da Ordem e a Teoria da Vidraça
Quebrada: Face ao cenário de degradação social e alto índice
de criminalidade vislumbrado na década de 80, os cientistas
políticos americanos James Q. Wilson e George Kelling
desenvolvem a denominada “teoria da vidraça quebrada” segundo
a qual, se “uma vidraça quebrada em um edifício não é logo
reparada, a aparência de abandono e descaso irá fazer com que
os passantes se sintam encorajados a quebrar outras vidraças,
de forma que, em breve, todas as janelas do edifício estarão
também quebradas”.
 
 Desta forma, defendem que a repressão imediata e severa
das menores infrações na via pública, a tolerância zero para
com qualquer tipo de violação da lei, como forma de controle
social penal e prevenção da prática de delitos mais graves,
tendo tal Política criminal sido instituída, no início da
décadade 90, pelo prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani.
 
Da teoria da Vidraça quebrada e da política criminal de
tolerância zero surge o movimento da Lei e da Ordem como
instrumento de Controle Social Penal no qual o Direito Penal
deixa de ser de Intervenção Mínima e, portanto, preconiza a
criação, pelo Estado, de Leis Simbólicas e que,
consequentemente, restrinjam direitos e garantias
fundamentais.
 
1.2. A Criação de Leis penais simbólicas:
 O maior poder do sistema penal não reside na pena,
mas sim no poder de vigiar, observar, controlar
movimentos e idéias, obter dados da vida privada e pública,
processá-los, arquivá-los, impor penas e
privar liberdade sem controle jurídico, controlar e suprimir
dissidências, neutralizar as coalizações entre desfavorecidos
etc.
 
1.3.Confronto entre a Função instrumental e simbólica:
Para Pierre Bourdieu: sistemas simbólicos são instrumentos de
comunicação que tem como função política de imposição ou
legitimação da dominação de uma classe sobre outra
(domesticados).
 
Crimes Hediondos: Assento Constitucional e Momento2.
Histórico:
Art. 5º, XLIII: a lei considerará crimes inafiançáveis e
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura,o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo
e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem.
 
2.1. Critérios de tipificação: O texto legal da Lei n.
8072/1990 não conceituou “crime hediondo”, tendo o legislador
optado pela adoção de um critério taxativo, no qual selecionou
figuras típicas previstas no Código Penal e as “rotulou” como
hediondas.
► Não há que se falar em nova lei incriminadora, mas, sim,
novatio legis in pejus, na medida em que
trouxe uma série de restrições aos direitos e garantias
fundamentais, restrições estas, que, gradativamente, foram
objeto de alteração face à incidência do Controle de
Constitucionalidade.
 
► Para a doutrina, por sua vez, considera-se hediondo, o
delito que se mostre “repugnante, asqueroso,
sórdido, depravado, abjecto, horroroso, horrível”
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos
tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7
de dezembro de 1940 – Código Penal, consumados ou tentados:
 
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica
de grupo de extermínio, ainda que cometido
por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I,
II, III, IV e V);
II – latrocínio (art. 157, § 3o, in fine);
III – extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o);
IV – extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art.
159, caput, e §§ lo, 2o e 3o);
V – estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);
VI – estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o
e 4o);
VII – epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o).
VII-B – falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273,
caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no
9.677, de 2 de julho de 1998).
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de
genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de
1o de outubro de 1956, tentado ou consumado.
 
A Lei n. 8072/1990 e seu Controle de3.
Constitucionalidade: alterações legislativas.
3.1. Direito Intertemporal e a Lei n.11.464/2007 – as
denominadas normas “híbridas”. 
 
 Tal discussão tem relevância no que concerne à vedação à
progressão de regimes, inicialmente prevista no art.2º, da Lei
n.8072/1990, sua posterior alteração pela Lei n.11464/2007 e,
consequente, conflito de Direito Intertemporal.
 
Qual a relevância do tema para a Lei de Crimes Hediondos?Os critérios adotados para a progressão de regimes de
cumprimento de pena aos condenados por crimes hediondos ou
 equiparados perpetrados antes da entrada em vigor da Lei
n.11464/2007.
 
Redação original da Lei n.8072/1990:
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins e o
terrorismo são insuscetíveis de: § 1º A pena por crime
previsto neste artigo será cumprida integralmente em regime
fechado. Redação dada pela Lei n.11464/2007
1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida
inicialmente em regime fechado.
2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos
crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o
cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado
for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente.
Da referida alteração passamos a ter problemas em relação ao
disposto no art.112, da Lei de Execuções Penais (Lei
n.7210/1984), segundo o qual:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em
forma progressiva com a transferência para
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o
preso tiver cumprido ao menos um sexto
da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário, comprovado pelo diretor do
estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão
 
EM SÍNTESE: Com a entrada em vigor da lei n.8072/1990,
passou a ser vedada a progressão de regimes aos condenados
pela prática de delitos hediondos. Em 1997, com o advento da
Lei n.9455 foi concedida a progressão de regimes aos
condenados pelos crimes de tortura e, segundo o verbete de
súmula n. 698 do Supremo Tribunal Federal, por força do
princípio da especialidade, somente a estes seria possível a
progressão de regimes.
 A celeuma a respeito era tanta em decorrência dos
princípios da dignidade da pessoa humana,
individualização das penas, proporcionalidade, dentre outros,
que a Lei de Crimes Hediondos foi alterada, vindo a permitir a
referida progressão, desde que, preenchidos determinados
requisitos específicos. Desta forma, o entendimento dominante
é no sentido de que a lei n.11464/2007 configura novatio legis
in mellius.
 A alteração legislativa ocorrida na Lei n. 8072/1990,
passou a permitir a progressão de regimes de cumprimento de
pena para os condenados a crimes hediondos e equiparados,
todavia, a nova redação estabeleceu prazo diverso daquele
previsto na lei de execuções penais (1/6 de cumprimento de
pena), a saber: cumprimento de, no mínimo 2/5 de pena se o
apenado for primário e, 3/5, se reincidente.
O STF declarou o art. 2º, § 1º da Lei 8.072/90, que vedava o
cumprimento progressivo da pena, inconstitucional, tendo
recebido nova redação pela Lei 11.464/07, sendo estabelecidos
novos critérios para a progressão, que para os crimes
praticados antes da vigência da Lei 11.464/07 a obtenção da
progressão de regime ocorrerá na forma do art. 112 da L.E.P.,
mais benéfico, ou seja, a Lei 11.464/07, no que concerne à
progressão de regimes, vem sendo considerada novatio legis in
pejus de modo a não retroagir para atingir fatos praticados
antes de sua vigência.
 
PARA EFEITO DE PROGRESSÃO DE REGIME NO CUMPRIMENTO DE PENA POR
CRIME HEDIONDO, OU EQUIPARADO, O JUÍZO DA EXECUÇÃO OBSERVARÁ A
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 2º DA LEI N. 8.072, DE 25 DE
JULHO DE 1990, SEM PREJUÍZO DE AVALIAR SE O CONDENADO
PREENCHE, OU NÃO, OS REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DO
BENEFÍCIO, PODENDO DETERMINAR, PARA TAL FIM, DE MODO
FUNDAMENTADO, A REALIZAÇÃO DE EXAME CRIMINOLÓGICO.
 
Súmula 471, STJ, de 28/02/2011: Os condenados por crimes
hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei
n.11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n.
7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime
prisional.
 
LEI N.4898/1965. CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE:
► Considerações Gerais: Bem jurídico-penal tutelado. Conceito
de autoridade. Direito de representação: natureza jurídica.
 
► Figuras Típicas: Confronto entre as condutas ilícitas
sujeitas às sanções de natureza administrativa ou civil.
Confronto com os delitos previstos no Código Penal e na Lei n.
9455/97.
 
► Consectários Penais e Processuais.
 
► Questões Controvertidas (entendimento dos Tribunais
Superiores).
 
Crimes de violência doméstica contra a mulher. Lei da Maria da
Penha. Lei n.11340/2006.
 
► Considerações Gerais: Política criminal e violência de
gênero: Distinção entre Violência de Gênero e Violência
Doméstica.
 
► Questões Controvertidas: Competência para processo e
julgamento. A ação penal nos crimes de violência doméstica
contra a mulher. As Medidas protetivas de urgência que obrigam
o agressor. As Medidas protetivas de urgência à ofendida.
 
Lei n. 9503/1997. Código de Trânsito Brasileiro.
 
► Princípios norteadores do Código de Trânsito. 
 
 Bem jurídico tutelado: objetividade jurídica – imediata e
mediata. Sociedade de Risco e o incremento de um risco não
permitido. A Teoria do Risco e a Lei n. 9503/1997.Os crimes de
perigo e de dano. Direito Intertemporal – as Leis n.11275/2006
e 11705/2008. Consectários Penais e processuais. Multa
reparatória- aplicabilidade e natureza jurídica. A suspensão
da permissão ou da habilitação, ou proibição de sua obtenção,
para dirigir veículo automotor. Prisão em flagrante delito no
caso de acidentes com vítimas.
 
Lei n. 9503/1997: ► Crimes de Trânsito: Crimes de Perigo e de
Dano. A relevância da distinção entre Dolo Eventual e Culpa
Consciente para os Crimes de Trânsito.
 
► Crimes em Espécie:
 
Homicídio Culposo na direção de veículo automotor. Lesão
Corporal Culposa na direção de veículo automotor. Participação
em competição não autorizada. Embriaguez ao Volante.
 
►Consectários Penais: Incidência da Lei n. 9099/1995 .
Individualização das penas. O instituto do
Perdão Judicial.

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