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INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL

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INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL
PROFA. ME. AMANDA BARBOSA
2017.2
O termo “direito” adota vários significados (plurissignificativo):
Direito objetivo: positivado, posto na lei, dever ser, disciplina relações na sociedade.
Direito subjetivo: decorre do objetivo, exige de outrem uma determinada obrigação. Depende da conduta de outra pessoa.
Direito potestativo: subjetivo qualificado, cujo exercício é possível independentemente da conduta ou vontade de outrem,
Dever-ser: estabilidade das relações sociais e expectativas de ação. Projeção das condutas dos demais, segurança jurídica. Dizem que esta é a grande finalidade do direito.
Superação da summa divisio: direito público (disciplina e organiza o estado e a relação dos estados com os cidadãos) X direito privado (relações particulares, direito civil como âmbito nuclear do privado). Os limites entre os dois se tornaram imprecisos.
OBS: 
Jurisprudência = Costume judiciário. É uma fonte do direito
Doutrina = Opinião dos juristas. No direito civil, não é fonte do direito, já que não há uma imposição a seu acatamento.
Direito civil é o ramo do direito que disciplina todas as relações jurídicas da pessoa, seja uma com as outras (físicas e jurídicas), envolvendo relações familiares e obrigacionais, seja com as coisas (propriedade e posse). Regula os direitos as obrigações de ordem privada concernentes as pessoas, aos bens e as suas relações.
É o principal ramo do direito privado, que consiste no conjunto de normas que disciplinam as relações jurídicas comuns de natureza privada, ou seja, entre particulares (CHAVES, ROSENVALD, 2016)
Regula a pessoa em sua existência, atividade, família e patrimônio, desde o seu nascimento até a morte. Alguns dizem que vai além da morte (exemplo: direito a honra e a imagem).
Codificação (ocorreu no século 18 e 19) é a reunião de normas jurídicas da mesma natureza em um corpo unitário e homogêneo. EX: Código Civil francês (1804). 
Um código é uma lei que busca disciplinar integral e isoladamente uma parte substanciosa do direito positivo, ou seja, é um processo de organização, que reduz a um único diploma diferentes regras jurídicas da mesma natureza, agrupadas segundo um critério sistemático. Há uma tentação quase obsessiva no legislador de ver as leis em um corpo ordenado de normas, condensando em um único texto todo o direito em vigor.
Devemos ter em mente que codificação (perspectiva criativa, fazendo eliminações, adaptações e construções) é diferente de consolidação (característica mais limitada, justapondo as normas vigentes para articulá-las sob determinada orientação, sem pretensões inovadoras, ex: consolidações das leis do trabalho, reunião de leis por matéria), assim como é diferente de compilação (coleção de textos de atores diversos, ex: vade mecum). 
Características de um código:
Simplificação do sistema jurídico
Racionalização do sistema jurídico; vai se guiar com uma lógica própria
Tendência à exaustividade na regulação de um âmbito ou setor jurídico.
Ela permite e facilita o estudo sistematizado do direito, que passa a se encontrar de forma cientificamente organizada, gozando o ordenamento de maior estabilidade nas relações jurídicas.
Os códigos só devem surgir quando o direito de um povo já se encontra suficientemente amadurecido. Ele reúne as normas jurídicas de um determinado âmbito, possuindo lógica própria.
OBS: Pretensão de completude – qualquer problema seria encontrado diretamente no código civil. Havia uma percepção, mas na verdade não daria para prever tudo.
Savigny dizia que o código impedia o desenvolvimento imediato e o curso natural da evolução jurídica
Gabba também era contra, afirmava que a codificação facilitava a missão e as pretensões dos medíocres, que se julgam dispensadores de maiores indagações e da visão do conjunto, substituindo-as pelo culto da palavra e da letra.
Saleilles disse que a legislação codificada atende as exigências da vida social apenas no instante em que é estabelecida.
Ideias principais da codificação:
Sistema – ordem e unidade
Completude – falta de lacunas - propriedade pela qual um ordenamento jurídico tem uma norma para regular qualquer caso. A falta de uma norma se chama geralmente lacuna. (Lacuna em uma lei, é a omissão em relação a fatos de situações que ela teoricamente deveria abranger
Descodificação ou descentralização; o código civil deixou de ser o centro do direito privado para ser meio subsidiário. Liberal – bem-estar social
Constitucionalidade do Direito Civil e surgimento de leis especiais (descentralização): a constituição de 1988 acabou abraçando alguns institutos que só eram tratados no direito civil.
Leis emergenciais (provisórias) acabaram se tornando Microssistemas jurídicos, já que permaneceram (ex: direito do consumidor, direito da criança e do adolescente)
O código civil era a constituição do direito privado
Bobbio: a miragem da codificação é a completude (uma regra para cada caso). 
Recodificação: ocorreu a partir do séc. 20. Deve compreender que o código civil ainda é importante mas tem que ser sempre lido com comitancia com a Constituição Federal.
Oxigenação do Código Civil via neoconstitucionalismo e diálogo das fontes (maximização de fontes legislativas – ex: Código civil e Código de defesa do consumidor), no caso, a aplicação continua favorecendo a resolução da maneira mais adequada possível
“O que as leis especiais de fato realizaram foi a desmistificação do Código, ou seja, aquela ideia dogmática de que o código esgotaria, em sua disciplina, todas as relações jurídicas existentes na sociedade, que pode ser resumida na ideia de completude. Agora, isso não quer dizer que o Código tenha perdido toda a sua importância, ao contrário, deve permanecer como um Código central, isto é, responsável pela unidade de todo o sistema jurídico de Direito Privado, atualmente espalhados em diversos microssistemas sem qualquer ligação entre si, pelo menos se se quiser manter uma ideia de sistema”. (TIMM, 2012, p. 24). O código como completo é desmistificado, mas o código continua central no direito privado e civil
Codificação brasileira:
CF/1824 – Determinou a elaboração de um Código Civil;
1859 – Esboço de Augusto Teixeira de Freitas (progressistas); 
1899 – Novo projeto de Clóvis Bevilácqua (críticas de Ruy Barbosa, então Senador);
1916 – Aprovação do primeiro Código Civil brasileiro (vigor 1º de janeiro de 1917); CODIFICAÇÃO BRASILEIRA 
1967 – Nomeação de comissão de juristas liderada por Miguel Reale para elaboração de novo Código Civil; 
1972 – Apresentação do anteprojeto; 
1988 – Promulgação da Constituição Federal demandou atualizações no anteprojeto; 
2002 – Promulgada a Lei n. 10.406, o novo Código Civil (vigor em 11 de janeiro de 2003)
O novo código civil?
Limitou-se a incorporar soluções já acolhidas pela jurisprudência à luz da CF/1988, deixando de abordar fenômenos atuais ex. impactos da biotecnologia, novas relações familiares etc. 
Afastou-se do ideal globalizante, adotando cláusulas gerais e conceitos indeterminados.
Princípios Basilares:
SOCIALIDADE: função social: o atendimento a interesses individuais deve corresponder a interesses e necessidades do organismo social;
ETICIDADE: incorporação da ética na elaboração e interpretação do Direito, guiado pelo valor justiça; 
OPERABILIDADE ou CONCRETUDE: considerar o indivíduo concreto, chegando-se a uma norma jurídica individual, conferindo-se breve resolução aos conflitos sociais.
Constitucionalização do Direito Civil:
Virada de Copérnico: reunificação (mudanças de paradigmas) do Direito Privado em torno de valores existenciais + aplicação horizontal dos direitos fundamentais nas relações privadas (FACHIN, 2015).
Direito Civil-Constitucional (o constitucional adjetiva o civil): despatrimonialização e (re)personalização; 
Críticas:
a) Ingerência indevida do Estado nas relações privadas, de uma maneira horizontal
b) Superioridade dos princípios e possível interpretação arbitrária.
Normas: 
Regra – específicas, não podem ser incompatíveisentre si
Princípio – genéricas, renunciam valores importantes
Direito Civil Contemporâneo:
Pautado na legalidade constitucional e atento às transformações sociais; 
Princípios do Direito Civil: 
a) Personalidade; instituto do direito civil
b) Autonomia privada; decorre dos direitos da personalidade
c) Propriedade privada + função social; direito subjetivo
d) Intangibilidade e pluralidade familiar; núcleo social fundamental (família) e pluralidade pois não há mais um único modelo familiar jurídico
e) Legitimidade de herança e direito de testar; herdeiros
 f) Solidariedade social; exercer os direitos individuais privados com atenção à da coletividade
g) Boa-fé objetiva.
Dez desafios ao direito civil:
1. Apreender a pluralidade das fontes, vencendo o reducionismo codificador; Codificação civil e outros, o código é o centro, mas é necessário ir além
2. Tomar a questão jurídica como problema social genuinamente constitucional; 
3. Superar a visão burguesa (patrimonialista e individualista) dos poderes do Estado e admitir que a jurisprudência e doutrina são fonte do direito; 
4. Compreender que um Código Civil é uma operação ideológica e cultural que deve passar por uma imprescindível releitura principiológica, reconstitucionalizando o conjunto de regras que integre esse corpo de discurso normativo; DEZ DESAFIOS AO DIREITO CIVIL 
5. Denúncias à manualística (manual) pedestre (superficial), pautada em repetições e memorizações; 
6. Evitar o simplismo, adotando a clareza e a simplicidade para veicular as conquistas históricas numa hermenêutica emancipatória (atenta as demandas sociais), sem reduzir o que é complexo nem identificar o Direito à lei; linguagem clara e simples sem reduzir a complexidade
7. Descobrir o Direito pela força criadora dos fatos, captando a legítima revolta dos fatos contra o código, apreendendo que o caráter ôntico do Direito está na sociedade e na realidade social, econômica e política; Modificação que atendeu a uma demanda da sociedade (primeira e principal fonte do direito)
8. Emancipar o Brasil do legado codificador da Idade Moderna da Europa Continental e voltar-se para a dimensão espaço-temporal de uma sociedade plural, pois a pior inutilidade de uma codificação é o seu descompromisso com a transformação social; 
9. Apreender que a constitucionalização não se resume ao texto formal de 1988, mas passa pela dimensão substancial (seu intuito e suas normas) da Constituição Federal e alcança uma visão prospectiva dos princípios constitucionais implícitos e explícitos, num processo contínuo e incessante de prestação de contas à realidade subjacente ao Direito;
10. Tomar os desafios como problematização em um país que, no século XXI, produz um código que se preocupa, ao mesmo tempo, com paternidade post mortem e enfiteuse. Dissecar esses paradoxos, penetrar no campo histórico e sociológico do direito e evitar produzir receitas prontas para problemas cujo conhecimento ainda está em curso. Se preocupa com coisas novas e antigas – paradoxo.

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