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Março 2017 Universidade Federal do Pará Equipe de Física: (PCNA Março de 2017) Alexandre Guimarães Rodrigues (Coordenação) José Benício da Cruz Costa (Orientação) Monitores: Adrielle de Sousa Nascimento Diego Ribeiro Pinto de Castro Ingred Rodrigues da Silva Marcel Almeida do Amaral Mayara Gonçalves Costa Odivaldo Barbosa Dias Física Elementar Material Didático Equipe de Professores Alexandre Guimarães Rodrigues (Coordenação Geral) Matemática: Alessandra Macedo de Souza (Coordenação) Química: Shirley Cristina Cabral Nascimento (Coordenação) Física: Alexandre Guimarães Rodrigues (Coordenação) Administrativo: José Benício da Cruz Costa (Coordenação) PCNA-FI´SICA ELEMENTAR Lista de Figuras 1 Triaˆngulo Retaˆngulo . . . . . . . . 8 2 Representac¸a˜o de um teodolito. . . 8 3 Edif´ıcio e suas projec¸o˜es . . . . . . 9 4 Lago e suas projec¸o˜es . . . . . . . 9 5 Ciclo Trigonome´trico em radianos. 10 6 Ciclo Trigonome´trico em graus. . . 10 7 Triaˆngulo para Lei dos Cossenos. . 11 8 Triaˆngulo para Lei dos Senos. . . . 11 9 Representac¸a˜o de vetores paralelos, ou seja, vetores que apresentam o mesmo sentido e direc¸a˜o, apresen- tando ou na˜o mesmo mo´dulo. . . . 14 10 Representac¸a˜o de vetores negati- vos, ou seja, vetores que apresen- tam o mesmo mo´dulo e direc¸a˜o do vetor positivo dado e sentido contra´rio. . . . . . . . . . . . . . . 14 11 Representac¸a˜o geome´trica de dois vetores. . . . . . . . . . . . . . . . 14 12 Representac¸a˜o de soma de dois ve- tores pela regra do paralelogramo [1]. 14 13 Representac¸a˜o geome´trica de dois vetores perpendiculares. . . . . . . 15 14 Exemplo 2.1. . . . . . . . . . . . . 15 15 Vetores ~a e ~b no plano cartesiano. . 15 16 Regra do paralelogramo. . . . . . . 15 17 Representac¸a˜o de um vetor ar- bitra´rio e sua projec¸a˜o sobre os ei- xos x e y. . . . . . . . . . . . . . . 16 18 Triaˆngulo formado pelo vetor prin- cipal e suas componentes. . . . . . 16 19 Triaˆngulo para as relac¸o˜es trigo- nome´tricas. . . . . . . . . . . . . . 16 20 Exemplo 2.2. . . . . . . . . . . . . 17 21 Exemplo 2.3. . . . . . . . . . . . . 17 22 Exerc´ıcio 4. . . . . . . . . . . . . . 17 23 Exerc´ıcio 5. . . . . . . . . . . . . . 18 24 Exerc´ıcio 6. . . . . . . . . . . . . . 18 25 Exerc´ıcio 7. . . . . . . . . . . . . . 18 26 Exerc´ıcio 9. . . . . . . . . . . . . . 18 27 Representac¸a˜o do vetor desloca- mento de suas componentes x e y. . 18 28 Representac¸a˜o do vetor ~a em duas dimenso˜es, x e y. . . . . . . . . . . 19 29 Representac¸a˜o dos vetores ~a e~b for- necendo o vetor resultante ~c, a par- tir de suas componentes. . . . . . . 20 30 Representac¸a˜o dos vetores ~a e ~b somados fornecendo o vetor resul- tante ~c. . . . . . . . . . . . . . . . 20 31 Representac¸a˜o de um vetor resul- tante ~c formando um triaˆngulo retaˆngulo com suas componentes. . 20 32 Representac¸a˜o da multiplicac¸a˜o de um vetor por um escalar. . . . . . 22 33 Regra da ma˜o direita. . . . . . . . 23 34 Quanto mais lisa a superf´ıcie, mais longe um disco desliza apo´s to- mar uma velocidade inicial.Se ele se move em um colcha˜o de ar sobre a mesa (c) a forc¸a de atrito e´ prati- camente zero, de modo que o disco continua a deslizar com velocidade quase constante (YOUNG. H. D; FREEDMAN. F´ısica 1-Sears & Ze- mansky. Mecaˆnica. 12a. Edic¸a˜o. Ed. Pearson) . . . . . . . . . . . . 28 35 Massa, acelerac¸a˜o e a segunda lei de Newton. . . . . . . . . . . . . . 30 36 Duas forc¸as ~F1 e ~F2 que atuam so- bre um ponto A exercem o mesmo efeito que uma forc¸a R dada pela soma vetorial. . . . . . . . . . . . . 30 37 Achando os componentes do vetor soma (resultante) R de duas forc¸as ~F1 e ~F2. . . . . . . . . . . . . . . . 31 38 O projeto de uma motocicleta de alto desempenho depende funda- mentalmente da segunda lei de Newton. Para maximizar a ace- lerac¸a˜o, o projetista deve fazer a motocicleta ser mais leve poss´ıvel (isto e´, minimizar sua massa) e usar o motor mais potente poss´ıvel (isto e´, maximizar a forc¸a motriz). . . . 31 39 Identificac¸a˜o das forc¸as em ac¸a˜o, quando uma ma˜o puxa uma corda amarrada a um bloco. a) Ma˜o, corda e bloco. b) Pares de ac¸a˜o e reac¸a˜o. (As forc¸as verticais na˜o sa˜o mostradas). . . . . . . . . . . . . . 32 40 Na˜o sa˜o pares de ac¸a˜o e reac¸a˜o. a) Essas forc¸as na˜o sa˜o um par de ac¸a˜o e reac¸a˜o por que atuam no mesmo corpo. b) Essas forc¸as sera˜o iguais somente se a corda estiver em equil´ıbrio ou se sua massa for des- prezada. (As forc¸as verticais na˜o sa˜o mostradas). . . . . . . . . . . . 32 41 A figura acima representa: a) um esboc¸o da situac¸a˜o a ser estudada. b) as forc¸as atuantes no corpo A. c) a forc¸a atuante no corpo B. . . . . 32 3 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR 42 a) Uma caixa sobe um plano in- clinado, puxada por uma corda . (b) As treˆs forc¸as que agem cobre a caixa: a forc¸a da corda T a forc¸a gravitacional Fq e a forc¸a normal FN . (c) As componentes de Fq na direc¸a˜o ao plano inclinado e na direc¸a˜o perpendicular. . . . . . . . 33 43 Duas forc¸as atuam sobre o bloco, o seu peso ~P e a forc¸a normal ~FN exercida pela superf´ıcie da mesa. . 37 44 (a) A forc¸a normal ~FN e´ maior do que o peso da caixa, pois a caixa esta´ sendo pressionada para baixo com uma forc¸a de 11 N. (b) A forc¸a normal e´ menor do que o peso, pois ha´ uma forc¸a de 11 N para cima que sustenta parcialmente a caixa. . . . 37 45 A pra´tica do ho´quei no gelo depende decisivamente do atrito entre os patins do jogador e o gelo. Quando o atrito e´ muito elevado, o jogador se locomove muito lentamente; quando o atrito e´ muito pequeno, o jogador dificilmente evita sua queda. . . . . . . . . . . . 38 46 A a´rea microsco´pica de contato entre a caixa e o piso e´ apenas uma pequena frac¸a˜o da a´rea macrosco´pica da su- perf´ıcie do tampo da caixa. A a´rea mi- crosco´pica e´ proporcional a` forc¸a nor- mal exercida entre as superf´ıcies. Se a caixa repousa sobre um de seus la- dos, a a´rea microsco´pica aumenta, mas a forc¸a por unidade diminui, de forma que a´rea microsco´pica de contato na˜o muda. Na˜o importa se a caixa esta´ de pe´ ou deitada, a mesma forc¸a horizon- tal F aplicada e´ necessa´ria para manteˆ- la deslizando com rapidez constante (PAUL A. TIPLER, GENE MOSCA, 2012). . . . . . . . . . . . . . . . . 38 47 Atrito Esta´tico. . . . . . . . . . . . 39 48 Gra´fico da forc¸a de atrito. . . . . . 40 49 (a) A forc¸a ~T esta´ sendo aplicada a` extremidade direita de uma corda. (b) a forc¸a e´ transmitida para caixa. (c) Forc¸as sa˜o aplicadas a`s duas extremidades da corda. Estas forc¸as possuem mesmos mo´dulos e direc¸o˜es opostas (mesma direc¸a˜o e sentidos contra´rios), (CUTNELL & JOHNSON, 2012). . . . . . . . . . 40 50 A relac¸a˜o entre massa e peso. . . . 41 51 Em um movimento circular uni- forme, tanto a acelerac¸a˜o, como a forc¸a resultante sa˜o orientadas para o centro do circulo. . . . . . . . . . 42 52 O que acontece quando a forc¸a ori- entada para o centro deixa de atuar sobre um movimento circular? . . . 42 53 Indicac¸a˜o de referencial graduada em metros . . . . . . . . . . . . . . 51 54 Reta secante a uma func¸a˜o f(x) . . 53 55 Gra´fico de posic¸a˜o no tempo. . . . 54 56 Reta secante tendendo a uma tan- gente. . . . . . . . . . . . . . . . . 54 57 Reta horizontal de uma func¸a˜o constante . . . . . . . . . . . . . . 55 58 Derivada indicando se a) f(x) e´ crescente ou se b) f(x) e´ decrescente. 56 59 Na figura acima, c e´ ma´ximo local e d e´ mı´nimo local (f ′(c) = f ′(d)= 0). 56 60 Tabela representativa de derivada e integral de modo sinte´tico. . . . . . 57 61 Gra´fico de acelerac¸a˜o no tempo. . . 57 62 Gra´fico de velocidade no tempo. . 58 63 Gra´fico da acelerac¸a˜o no tempo. . 58 64 Gra´fico de uma curva qualquer. . . 58 65 Curva sendo aproximada grosseira- mente por retaˆngulos. . . . . . . . 58 66 Aproximac¸a˜o melhorada com o uso de retaˆngulos mais finos. . . . . . . 59 67 A variac¸a˜o no espac¸o e´ igual a a´rea do gra´fico vxt . . . . . . . . . . . . 60 68 A variac¸a˜o no espac¸o e´ igual a a´rea do gra´fico axt . . . . . . . . . . . . 60 4 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR Suma´rio 1 CIEˆNCIAS, GRANDEZAS FI´SICAS E UNIDADES 6 1.1 Objetivos de aprendizagem: . . . . 6 1.2 A Natureza da F´ısica . . . . . . . 6 1.3 Grandezas e Dimenso˜es . . . . . 6 1.4 Ana´lise Dimensional . . . . . . . 6 1.5 Converso˜es de unidades . . . . . 7 1.6 Incertezas e Algarismos Signifi- cativos: . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.7 Func¸o˜es Trigonome´tricas Ba´sicas 8 1.8 C´ırculo trigonome´trico . . . . . . 9 1.9 Lei dos Cossenos . . . . . . . . . 11 1.10 Lei dos Senos . . . . . . . . . . . 11 EXERCI´CIOS . . . . . . . . . . . . . . 12 2 ANA´LISE VETORIAL BA´SICA 13 2.1 Objetivos de aprendizagem: . . . 13 2.2 Diferenc¸as entre escalares e vetores 13 2.3 Conceitos ba´sicos de vetores . . . 13 2.4 Soma e subtrac¸a˜o gra´fica de vetores 14 2.5 Componentes de vetores . . . . . 15 2.6 Vetores unita´rios ou versores . . 19 2.7 Soma de vetores a partir de suas componentes . . . . . . . . . . . . 19 2.8 Multiplicac¸a˜o de vetores . . . . . 21 2.9 Multiplicac¸a˜o de um vetor por escalar . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.10 Multiplicac¸a˜o de um vetor por um vetor . . . . . . . . . . . . . . 21 2.10.1 Produto escalar . . . . . . . 21 2.10.2 Produto vetorial . . . . . . 23 EXERCI´CIOS . . . . . . . . . . . . . . 24 PROBLEMAS ADICIONAIS . . . . . . 25 3 LEIS DE NEWTON 27 3.1 Objetivos de aprendizagem: . . . 27 3.2 Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . 27 3.3 Referencial do ponto de vista da dinaˆmica . . . . . . . . . . . . . . 27 3.4 Primeira lei de Newton (Princ´ıpio da Ine´rcia) . . . . . . . 28 3.5 Relac¸a˜o vetorial entre velocidade e acelerac¸a˜o . . . . . . . . . . . . 29 3.6 Segunda lei de Newton . . . . . . 30 3.7 Relac¸a˜o entre forc¸a e acelerac¸a˜o 31 3.8 Terceira lei de Newton . . . . . . 31 3.9 Diagrama de corpo livre . . . . . 32 4 APLICAC¸O˜ES DAS LEIS DE NEWTON 36 4.1 Objetivos de aprendizagem: . . . 36 4.2 Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . 36 4.3 Aplicac¸o˜es da primeira lei de newton: part´ıculas em equil´ıbrio 36 4.4 Aplicac¸o˜es da segunda lei de newton: dinaˆmica das part´ıculas 36 4.5 Forc¸as de contato . . . . . . . . . 37 4.5.1 Forc¸a normal . . . . . . . . 37 4.5.2 Forc¸as de atrito . . . . . . . 38 4.5.3 Forc¸as de trac¸a˜o . . . . . . 40 4.5.4 Massa e peso . . . . . . . . 40 4.6 Dinaˆmica do movimento circular 41 EXERCI´CIOS . . . . . . . . . . . . . . 43 5 NOC¸O˜ES DE CA´LCULO DIFERENCIAL E INTE- GRAL NA CINEMA´TICA 50 5.1 Objetivos de aprendizagem: . . . 50 5.2 Introduc¸a˜o: . . . . . . . . . . . . . 50 5.3 Uma breve discussa˜o sobre refe- rencial do ponto de vista da ci- nema´tica . . . . . . . . . . . . . . 50 5.4 5.3 Posic¸a˜o x deslocamento . . . 51 5.5 Velocidade vetorial me´dia x velo- cidade escalar me´dia . . . . . . . 52 5.6 Velocidade instantaˆnea . . . . . . 52 5.7 Noc¸o˜es de ca´lculo diferencial . . 53 5.8 Acelerac¸a˜o vetorial me´dia x Ace- lerac¸a˜o escalar me´dia . . . . . . . 54 5.9 Acelerac¸a˜o instantaˆnea . . . . . . 55 5.10 Noc¸o˜es de ca´lculo integral . . . . 58 5.11 Aplicac¸a˜o na cinema´tica . . . . . 59 GABARITO GERAL 61 REFEREˆNCIAS BIBLIOGRA´FICAS 63 5 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR 1 CIEˆNCIAS, GRANDEZAS FI´SICAS E UNIDADES 1.1 Objetivos de aprendizagem: • Entender o conceito de f´ısica e sua natureza. • Conhecer as grandezas fundamentais e as uni- dades usadas pelos f´ısicos para medi-las. • Como fazer a ana´lise dimensional de uma equac¸a˜o. • Converter unidades e como na˜o perder de vista os algarismos mais significativos nos seus ca´lculos. • Como aplicar os conceitos ba´sicos de trigono- metria. 1.2 A Natureza da F´ısica A cieˆncia e a engenharia se baseiam em medic¸o˜es e comparac¸o˜es. Assim precisamos de regras para estabelecer de que forma as grande- zas devem ser medidas e comparadas, e de expe- rimentos para estabelecer as unidades para essas medic¸o˜es e comparac¸o˜es. A f´ısica e´ uma cieˆncia experimental, e assim como a qu´ımica e a ma- tema´tica, forma a base de todas as engenharias. Nenhum engenheiro pode projetar uma tela plana de TV, uma nave espacial, um reator ou ate´ mesmo uma ratoeira mais eficiente, sem antes en- tender os princ´ıpios ba´sicos da f´ısica. 1.3 Grandezas e Dimenso˜es Os experimentos f´ısicos exigem medidas, e nor- malmente usamos nu´meros para descrever os re- sultados das medidas. Medir refere-se a comparar uma grandeza com um padra˜o que e´ a unidade de medida. Uma grandeza f´ısica descreve quan- titativamente um conceito quando o exprime na forma de nu´mero e em func¸a˜o de uma unidade de medida. Por exemplo, duas grandezas f´ısicas para descrever voceˆ sa˜o a sua massa e a sua altura. Para cientistas e engenheiros, em grande parte do mundo, o sistema padra˜o utilizado e´ conhecido como Sistema Internacional ou SI. No SI a massa e´ medida em quilogramas (Kg) e a altura (comprimento) em metros (m).Existem outros sistemas como CGS e o sistema de Engenha- ria Britaˆnico (BE) conforme exposto na Tabela 1. GRANDEZAS FUNDAMENTAIS DA MECAˆNICA UNIDADE SI CGS BE Comprimento Metro (m) Cent´ımetro (cm) Pe´ (ft) Massa Quilograma (Kg) Grama (g) Slug (sl) Tempo Segundo (s) Segundo (s) Segundo (s) Tabela 1: Relac¸o˜es entre os diversos sistemas de unidades. RELAC¸O˜ES IMPORTANTES 1 m = 10 dm = 100 cm = 1000 mm 1 kg = 1000 g 1 ton = 1000 kg 1 h = 60 min = 3600 s 1 min = 60 s 1.4 Ana´lise Dimensional Em f´ısica, o termo dimensa˜o e´ usado para se referir a` natureza f´ısica de uma grandeza. A preo- cupac¸a˜o com a dimensionalidade de uma grandeza ou de uma fo´rmula antecede a questa˜o da unidade usada. Por exemplo, para medir a distaˆncia en- tre dois objetos podemos utilizar fita me´trica gra- duada em cent´ımetro, dec´ımetro ou metro. En- tretanto, ningue´m discute que essa medida devera´ ser feita a partir de uma unidade de comprimento. Em outras palavras, a ana´lise dimensional e´ usada para verificar relac¸o˜es matema´ticas quanto a` con- sisteˆncia das suas dimenso˜es. Na mecaˆnica, parte da F´ısica que envolve a ci- nema´tica e a dinaˆmica, a totalidade dos conceitos ba´sicos dessa a´rea pode ser expressa em termos de uma combinac¸a˜o de dimenso˜es fundamentais. Sa˜o elas: • Comprimento [L] • Tempo [T] • Massa [M] Exemplo 1.1: Considere um carro que parte do repouso e acelera ate´ uma velocidade v em um tempo t. Desejamos calcular a distaˆncia x percorrida pelo carro, mas na˜o temos a certeza de se a relac¸a˜o correta e´ x = 12 .v.t 2 ou x = 12 .v.t. Podemos verificar as grandezas em ambos os lados da equac¸a˜o para vermos se possuem as 6 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR mesmas dimenso˜es da seguinte maneira: Na equac¸a˜o x = 12 .v.t 2 , aplicando as dimenso˜es [L] e [T], teremos: [L] = [L][T ] .[T ] 2 ou [L] = [L].[T ] A dimensa˜o do lado esquerdo da equac¸a˜o na˜o coincide com a dimensa˜o do lado direito. Logo, a relac¸a˜o na˜o esta´ correta, pois na˜o faz sentido trabalharmos com uma fo´rmula do tipo posic¸a˜o = velocidade. Afinal, estamos medindo posic¸a˜o ou velocidade? Da´ı a necessidade de que a di- mensa˜o do “lado esquerdo” da fo´rmula seja igual a` do “lado direito” e, caso seja composta por mais de uma parcela, essas devemter a mesma dimensio- nalidade entre si e a mesma compatibilidade com a descric¸a˜o da fo´rmula em questa˜o. Portanto, todas as fo´rmulas que utilizamos, independentemente do contexto em questa˜o, deve ter o dimensionamento consistente. Caso contra´rio deve ser reanalisada ou simplesmente descartada. Lembre-se disso ao final das suas resoluc¸o˜es de problemas e exerc´ıcios! Para a equac¸a˜o x = 12 .v.t temos: [L] = [L][T ] .[T ] ou [L] = [L] A dimensa˜o em ambos os lados coincidem, logo essa equac¸a˜o esta´ dimensionalmente correta. 1.5 Converso˜es de unidades Uma vez que qualquer grandeza pode ser me- dida em diferentes unidades e´ importante saber como converter um resultado expresso em uma unidade para outra unidade. A conversa˜o pode envolver uma u´nica dimensa˜o, como por exemplo, converter 1 km para metros , 1km = 103 m. Pode tambe´m envolver mais de uma dimensa˜o, como converter velocidade dada em km/h para m/s. Neste caso, precisamos expressar quiloˆmetro em metros e hora em segundos. Em todos os casos de conversa˜o de unidades pode-se afirmar que na˜o ha´ nada mais envolvido que as operac¸o˜es de mul- tiplicac¸a˜o e divisa˜o. As regras de conversa˜o po- dem ser sintetizadas a partir de um ca´lculo sim- ples envolvendo regra de treˆs. E´ necessa´rio que se diga, embora o´bvio, que so´ e´ poss´ıvel converter uma unidade para outra unidade quando sabemos o quanto vale uma unidade de medida em termos da outra e vice-e-versa. Fac¸amos o caso da conversa˜o de velocidade de km/h para m/s. Sabemos que 1 quiloˆmetro pos- sui 1000 metros e que 1 hora possui 3600 segun- dos (60x60s). Logo, 1km/h = 1000m/3600s ≈ 0, 2778m/s. Sabemos quanto vale 1km/h em m/s. E quanto vale 1m/s em termos de km/h? Vamos para a regra de treˆs! 1km/h —— 0, 2778m/s x —— 1m/s A leitura e´ feita da seguinte forma: 1km/h vale 0,2778m/s. 1m/s (que ainda na˜o sabemos quanto vale em km/h) em termos de km/h vale x (inco´gnita). Em seguida fazemos uma multi- plicac¸a˜o em diagonal (repare que de um lado te- mos somente uma unidade (km/h) e do outro lado com outra unidade (m/s)). Assim ficamos com: 1km/h.1m/s = x.0, 2778m/s x = 1km/h0,27778 = 3, 6km/h Portanto, x, que e´ igual a 1 m/s escrito em termos de unidade de velocidade em m/s vale 3,6 km/h. A forma de montar uma regra de treˆs e´ sempre simples. Mas atenc¸a˜o! Fazer uma mudanc¸a de unidades na˜o altera a dimensa˜o da grandeza que voceˆ esta´ trabalhando! Exemplo 1.2: O Sistema de unidades estadunidense e´ dife- rente do Sistema Internacional (Syste`me National d’Unite´s), que e´ utilizado no Brasil e na maio- ria dos pa´ıses. Nos Estados Unidos, para me- dir massa, por exemplo, utiliza-se a unidade “li- bras”(pounds). Ja´ no Brasil, geralmente se uti- liza o “quilograma”. Para grandes medidas de altura, os norte-americanos utilizam a unidade “pe´s” (feet), enquanto que no´s utilizamos “me- tros” ou “quiloˆmetros”. Imagine que durante seu per´ıodo de graduac¸a˜o voceˆ fac¸a um intercaˆmbio acadeˆmico para os Esta- dos Unidos e sua primeira aula seja de conversa˜o de unidades. Assim, determine quanto vale 3212ft (feet) em metros. Obs.: 1ft=30,48cm=0,3048m Estrate´gia de racioc´ınio: 1 ft = 0,3048m. A pergunta e´: quanto vale 7 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR 3212ft expresso em metros? Vale x metros. E´ o que queremos descobrir. Vamos montar nossa regra de treˆs! 1ft —— 0, 3048m 3212ft —— x A regra de treˆs foi montada corretamente. Agora e´ so´ fazer a multiplicac¸a˜o em diagonal e isolar o fator x. 3212ft.0,3048m = x.1ft x = 979,0 m Na˜o se esquec¸a de fazer o corte nas dimenso˜es tambe´m! ft do lado esquerdo corta com ft do lado direito da equac¸a˜o e a resposta e´ dada em metros, conforme desejamos. 1.6 Incertezas e Algarismos Significati- vos: As medidas sempre envolvem incertezas. Em muitos casos, a incerteza de um nu´mero na˜o e´ apresentada explicitamente. Em vez disso, ela e´ indicada pelo nu´mero de d´ıgitos confia´veis, ou al- garismos significativos, do valor da medida. Por exemplo, medimos a espessura da capa de um livro e encontramos o valor 2,91mm, esse valor apresenta treˆs algarismos significativos. Com isto, queremos dizer que os dois primeiros algarismos sa˜o corretos, enquanto o terceiro d´ıgito e´ incerto. O u´ltimo d´ıgito esta´ na casa dos cente´simos, de modo que a incerteza e´ aproximadamente igual a 0,01mm. 1.7 Func¸o˜es Trigonome´tricas Ba´sicas A trigonometria e´ uma a´rea da matema´tica muito aplicada na f´ısica, sobretudo nos tipos de problemas tratados pela mecaˆnica. Em especial, treˆs func¸o˜es trigonome´tricas ba´sicas sa˜o mais uti- lizadas. Sa˜o essas: o seno, o cosseno e a tan- gente de um determinado aˆngulo. Vamos defi- nir essas func¸o˜es a seguir a partir do triaˆngulo retaˆngulo abaixo: Pelo teorema de Pita´goras, determina-se que: h2 = h2o + h 2 a h = comprimento da hipotenusa de um triaˆngulo retaˆngulo h0 = comprimento do cateto oposto ao aˆngulo θ ha = comprimento do cateto adjacente ao aˆngulo θ Em que: Figura 1: Triaˆngulo Retaˆngulo sen θ = hoh , cos θ = ha h , tan θ = ha ho o seno, o cosseno e a tangente sa˜o nu´meros sem unidades (nem dimenso˜es) porque cada um e´ a raza˜o entre os comprimentos de dois lados de um triaˆngulo retaˆngulo. Exemplo 1.3 : “A finalidade principal de um teodolito e´ a medida de aˆngulos horizontais e verticais. Indi- retamente, podem-se medir distaˆncias que, rela- cionadas com os aˆngulos verticais, possibilita ob- ter tanto a distaˆncia horizontal entre dois pon- tos quanto a` diferenc¸a de n´ıvel entre os mesmos.” (Fonte: Teodolitos e Nı´veis O´pticos – Verificac¸a˜o e Ajustes, FERRAZ, A.S; ANTONINO, L.C.). A Figura 2 mostra uma versa˜o simplificada do Teo- dolito. Figura 2: Representac¸a˜o de um teodolito. Considere que um topo´grafo precisa determinar a altura de um edif´ıcio para executar um projeto de engenharia. Verifica-se que este edif´ıcio produz uma sombra de 67,2 m de comprimento em um dia ensolarado. O aˆngulo, verificado com o aux´ılio do teodolito, entre os raios de sol e o cha˜o e´ de θ= 50,0o, como mostrado na Figura 3. Qual a altura do edif´ıcio? Estrate´gia de racioc´ınio: 8 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR Figura 3: Edif´ıcio e suas projec¸o˜es Desejamos determinar a altura do edif´ıcio. Para isso, analisamos as informac¸o˜es contidas no triaˆngulo retaˆngulo sombreado da figura dada. Sa˜o elas: a altura como comprimento h0 do cateto oposto ao aˆngulo θ e o comprimento da sombra e´ o comprimento ha do cateto adjacente ao aˆngulo θ. Sabemos que a raza˜o entre o comprimento do cateto oposto e o comprimento do cateto adjacente e´ a tangente do aˆngulo θ que pode ser usada para se determinar a altura do pre´dio. Soluc¸a˜o: Usamos a func¸a˜o tangente conhe- cida da seguinte maneira, com θ = 50,0o e ha = 67,2 m: Desse modo: tan θ = hoha Assim: ho = ha.tan θ = (67, 2m).(tan 50, 0 o) ho = (67, 2m).(1, 19) = 80, 0m O valor de tan 50,0o e´ determinado usando a calculadora cient´ıfica. Exemplo 1.4 : A profundidade de um lago aumenta grada- tivamente com um aˆngulo θ, como indicado na figura abaixo. Por questo˜es de seguranc¸a, e´ ne- cessa´rio se determinar a profundidade do lago em va´rias distaˆncias a partir da margem. Para for- necer informac¸o˜es a respeito da profundidade, um guarda-vidas rema ate´ uma distaˆncia de 14,0 m da margem em direc¸a˜o ao interior do lago e solta uma linha de pesca com um peso. Medindo o compri- mento da linha, o guarda-vidas determina a pro- fundidade como sendo igual a 2,25 m. a) Qual o valor de θ? b) Qual seria a profundidade d do lago a uma distaˆncia de 22,0 m a partir da margem? Estrate´gia de racioc´ınio: Figura 4: Lago e suas projec¸o˜es Podemos observar que pro´ximo a margem, os comprimentos dos catetos oposto e adjacente do triaˆngulo retaˆngulo formado na figurado lago sa˜o ho =2,25 m e ha =14,0 m, em relac¸a˜o ao aˆngulo θ. Apo´s a identificac¸a˜o dessas informac¸o˜es, podemos usar o arco tangente (tan−1) para determinar o aˆngulo do item (a). Para determinar o item (b), consideramos que os catetos opostos e adjacentes passam a ser os mais afastados da margem onde ho = d e ha =22,0 m. Assim, com o valor de θ obtido no item (a), a func¸a˜o tangente pode ser usada para encontrar o valor da profundidade desconhecida. Considerando a forma com que a profundidade do lago aumenta com a distaˆncia na figura do lago, e´ de se esperar que a profundidade desconhecida seja maior do que 2,25 m. Soluc¸a˜o: a) Usando a func¸a˜o arco tangente conhecida, chegamos a: θ = tan−1(hoha ) = tan −1(2,25m14,0m) = 9, 13 o b) Com θ = 9,13o, a func¸a˜o tangente pode ser usada para determinarmos a profundidade desco- nhecida a uma distaˆncia maior da margem, onde ho = d e ha = 22,0 m. Conclui-se que: ho = ha.tanθ d = 22, 0m.tan9, 13o = 3, 54m Temos que 3,54m e´ maior que 2,25 m, o que ja´ era esperado. 1.8 C´ırculo trigonome´trico Do ponto de vista matema´tico e´ muito u´til des- crever relac¸o˜es trigonome´tricas em termos da ge- ometria anal´ıtica. Do ponto de vista da f´ısica, e´ importante ter uma descric¸a˜o matema´tica simples e completa para o movimento circular, pois muita coisa na natureza pode ser descrita em func¸a˜o desse tipo de movimento. Muitos artefatos pro- duzidos pelo homem (a pro´pria roda e va´rios ti- pos de sistema de engrenagens, apenas para fi- car em alguns exemplos) possuem formato circu- lar. Va´rias situac¸o˜es e fenoˆmenos (perio´dicos e 9 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR na˜o perio´dicos) exigem descric¸a˜o em termos de movimentos circulares (isso sem contar a ı´ntima relac¸a˜o entre movimentos oscilato´rios harmoˆnicos e o movimento circular uniforme). Figura 5: Ciclo Trigonome´trico em radianos. Figura 6: Ciclo Trigonome´trico em graus. O c´ırculo trigonome´trico e´ mais que o ponto de partida para a descric¸a˜o matema´tica do mo- vimento circular (se fosse so´ isso ja´ na˜o seria pouca coisa). O c´ırculo trigonome´trico relaciona um c´ırculo de raio unita´rio adimensional (por de- finic¸a˜o) e um plano cartesiano com coordenadas (x,y). O centro do c´ırculo coincide com a origem do plano cartesiano. A relac¸a˜o entre a localizac¸a˜o de um ponto no c´ırculo e o sistema de eixos coor- denados e´ dada pela projec¸a˜o ortogonal do ponto em relac¸a˜o a cada eixo coordenado. A partir da´ı formam-se triaˆngulos retaˆngulos que ser- vem de base para definir todas as definic¸o˜es das func¸o˜es trigonome´tricas. De maneira bem simples: O eixo x e´ o eixo dos cossenos. O eixo y e´ o eixo dos senos (ver figuras acima). Sigamos com a ana´lise do c´ırculo trigo- nome´trico fazendo refereˆncia a` duas unidades de medida angular: radianos e graus. O c´ırculo trigonome´trico e´ dividido em quatro quadrantes, como segue: O I quadrante e´ cons- titu´ıdo pelos aˆngulos que esta˜o entre 0 e pi2 ; o II quadrante e´ constitu´ıdo pelos aˆngulos que esta˜o entre pi2 e pi; o III quadrante comporta os aˆngulos situados entre pi e 3pi2 ;e o IV quadrante comporta os aˆngulos situados entre 3pi2 e 2pi. Em termos da medida angular em graus, o I quadrante e´ delimi- tado entre 0 e 90o, o II entre 90o e 180o, o III entre 180o e 270o e o IV entre 270o e 360o. Para finalizar, faremos uma brev´ıssima in- troduc¸a˜o da expressa˜o: C = 2piR O que ela traz de ta˜o especial? C e´ o compri- mento do c´ırculo. Sendo um comprimento, trata- se, portanto de uma grandeza linear. Do lado di- reito da expressa˜o temos 2pi. No caso, isso significa 2pi radianos. E´, portanto, uma grandeza angular. Desse modo temos uma relac¸a˜o entre uma relac¸a˜o entre uma grandeza escalar (comprimento C do c´ırculo) e uma grandeza angular (2pi radi- anos). Outras expresso˜es relacionando grandezas lineares com grandezas angulares surgira˜o no con- texto da dinaˆmica. IMPORTANTE!! Para que essa relac¸a˜o esteja correta, ne- cessariamente a medida angular deve estar em radianos. E´ muito importante destacar que ao falar em aˆngulo, ale´m de informar qual medida angular esta´ utilizando, temos tambe´m de ser cuidadosos e expl´ıcitos em relac¸a˜o a como a medida angular e´ feita. De maneira clara: Dizer simplesmente que o aˆngulo e´ 30o na˜o e´ preciso. Precisamos responder o seguinte: O aˆngulo foi tomado a partir do semi- eixo Ox+ ou do semieixo Oy+? A medida angular foi feita no sentido hora´rio ou anti-hora´rio? 10 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR O usual (mas na˜o obrigato´rio) e´ fazer a abertura angular a partir do semieixo Ox+ e tomar como sentido positivo a abertura em sentido anti-hora´rio (portanto o sentido hora´rio e´ negativo). Observe que o sentido positivo do c´ırculo trigonome´trico e´ o sentido anti-hora´rio, en- quanto que o sentido negativo e´ o sentido hora´rio. IMPORTANTE!! Cuidados com a medida angular: A especi- ficac¸a˜o completa da medida angular envolve a escolha do semieixo e o sentido em que a abertura angular e´ realizada (hora´rio ou anti- hora´rio). 1.9 Lei dos Cossenos Para um triaˆngulo qualquer podemos escrever a lei dos cossenos. a2 = b2 + c2 − 2.b.c.cos(α) Onde α e´ o aˆngulo oposto ao lado a. Figura 7: Triaˆngulo para Lei dos Cossenos. 1.10 Lei dos Senos O triaˆngulo ABC, onde CH e´ a altura relativa ao lado AB. Como mostrado na Figura 8. Figura 8: Triaˆngulo para Lei dos Senos. No triaˆngulo ACH, temos que: sen(α) = hb h = sen(α). b (I) No triaˆngulo BCH, temos que: sen(β) = ha h = sen(β) . a (II) De (I) e (II), obtemos: sen(α).b = sen(β) . a Ou a sen α = b sen β Assim, podemos concluir que: a sen α = b sen β = c sen γ Equac¸a˜o essa conhecida como Lei dos senos ou Teorema dos senos. Principais pontos do cap´ıtulo: • F´ısica e´ uma cieˆncia experimental. • Massa, Comprimento e Tempo sa˜o as grande- zas fundamentais da mecaˆnica. E suas unida- des correspondentes no SI sa˜o: quilograma, metro e segundo. • Toda equac¸a˜o deve ter o dimensionamento correto. A ana´lise dimensional e´ usada para verificar equac¸o˜es matema´ticas quanto a con- sisteˆncia das suas dimenso˜es. • A conversa˜o de unidades e´ importante para o estudo da f´ısica uma vez que qualquer gran- deza f´ısica pode ser medida em diferentes uni- dades. • Toda medic¸a˜o envolve um certo grau de in- certeza, que pode ser expresso explicitamente ou na˜o. • O c´ırculo trigonome´trico, ale´m de descre- ver matematicamente o movimento circular, descreve relac¸o˜es trigonome´tricas importan- tes para a f´ısica, como o seno, cosseno e tan- gente. • Para a descric¸a˜o completa de uma medida an- gular devem ser especificados a escolha do se- mieixo e o sentindo em que a abertura angular e´ realizada. 11 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR EXERCI´CIOS 1. A a´gua utilizada na casa de um s´ıtio e´ cap- tada e bombeada do rio para uma caixa- d’a´gua a 50m de distaˆncia. A casa esta´ a 80m de distaˆncia da caixa-d’a´gua e o aˆngulo formado pelas direc¸o˜es caixa d’a´gua-bomba e caixa d’a´gua-casa e´ de 60o. Pretende-se bom- bear a´gua do mesmo ponto de captac¸a˜o ate´ a casa, quantos metros de encanamento sa˜o necessa´rios? 2. A figura mostra o trecho de um rio onde se deseja construir uma ponte AB. De um ponto P, a 100m de B, mediu-se o aˆngulo dos pontos APB = 45o e do ponto A, mediu-se o aˆngulo PAB = 30o. Qual o comprimento da ponte? 12 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR 2 ANA´LISE VETORIAL BA´SICA 2.1 Objetivos de aprendizagem: • Entender a diferenc¸a entre grandezas escala- res e vetoriais; • Somar e subtrair vetores graficamente; • Aprender o que significam as componentes de um vetor e utiliza´-las em ca´lculo de vetores; • Aprender o que sa˜o vetores unita´rios, o que os caracteriza e como aplica´-los; • Utilizaras formas de multiplicac¸a˜o de vetores. 2.2 Diferenc¸as entre escalares e vetores Algumas grandezas f´ısicas como o tempo, tem- peratura, volume e massa podem ser descritas ape- nas por um valor nume´rico acompanhado da(s) unidade(s) de medida da(s) grandeza(s) f´ısica(s) correspondente(s). Este tipo de grandeza e´ cha- mado de grandeza escalar. Por exemplo: quando algue´m te pergunta qual a massa de um dado corpo e voceˆ diz que e´ de 2 kg, a informac¸a˜o esta´ completa. Se algue´m pergunta a hora e voceˆ res- ponde que sa˜o 12 horas, a resposta esta´ completa tambe´m. A maneira de somar essas grandezas e´ muito simples e em nada diferem da soma com nu´meros como no´s estamos acostumados (ale´m do fato de na˜o podermos esquecer a unidade de me- dida da grandeza, e´ claro!). Mas ha´ grandezas que precisam de mais informac¸a˜o. Ale´m do valor nume´rico acompanhado da unidade de medida e´ necessa´ria, tambe´m, uma orientac¸a˜o espacial (uma espe´cie de “para onde” aponta a grandeza). Mui- tas grandezas f´ısicas sa˜o assim. Sa˜o chamadas de grandezas vetoriais. O ente que representa essas grandezas f´ısicas vetoriais e que pos- sui tratamento matema´tico espec´ıfico e´ cha- mado de vetor. Deslocamento, velocidade, ace- lerac¸a˜o e forc¸as como o atrito, peso e normal sa˜o exemplos de grandezas vetoriais. 2.3 Conceitos ba´sicos de vetores A f´ısica lida com um grande nu´mero de gran- dezas que possuem amplitude e uma orientac¸a˜o espacial para serem corretamente representadas. Tais grandezas se combinam segundo regras bem definidas. Para entender essas grandezas e as regras segundo as quais elas se combinam e´ ne- cessa´rio compreender uma linguagem matema´tica especial, a linguagem dos vetores! Essa linguagem e´ muito utilizada por cientistas e por engenheiros e, informalmente, ate´ mesmo em conversas do dia a dia. Se voceˆ ja´ explicou a algue´m como chegar a um enderec¸o usando expresso˜es como “Siga por esta rua por cinco quarteiro˜es e depois dobre a` es- querda”, enta˜o voceˆ usou a linguagem dos vetores. Algue´m consegue imaginar o voo das aeronaves sem uma determinac¸a˜o precisa de rotas ae´reas? Rotas ae´reas tambe´m sa˜o informac¸o˜es vetoriais. Saber caracterizar e manipular vetores e´ pre´- requisito indispensa´vel para a formac¸a˜o de qual- quer engenheiro ou profissional da a´rea de exatas. IMPORTANTE! Grandezas vetoriais necessitam de mais informac¸a˜o do que grandezas escalares. Essas informac¸o˜es sa˜o: direc¸a˜o, sentido e mo´dulo. Grandezas vetoriais precisam de uma orientac¸a˜o espacial. Ale´m disso, conforme ja´ dissemos, grandezas vetoriais se combinam (por soma e multiplicac¸a˜o) segundo regras espec´ıficas e bem definidas, ou seja, caso uma grandeza “tenha pinta” de vetor, mas na˜o obedec¸a a essas regras, na˜o e´ vetor! Saber trabalhar com vetor e´ saber especifica´- lo, determina´-lo (compoˆ-lo ou decompoˆ-lo) e combina´-lo com outros vetores (ou escalares) se- guindo essas regras bem definidas. Acredite, voceˆ vai precisar disso na sua vida profissional. Todo vetor possui mo´dulo, direc¸a˜o e sentido. A representac¸a˜o gra´fica de um vetor e´ dada por um segmento de reta orientado (uma seta). O tamanho do segmento de reta representa o mo´dulo do vetor. A direc¸a˜o e o sentido da seta fornecem a direc¸a˜o e o sentido do vetor. Podemos rotular um vetor por uma letra com uma pequena seta (para a direita) acima da mesma. Por exemplo, o ro´tulo de um vetor que chamamos de A fica assim representado: ~A Outra opc¸a˜o e´ colocar a letra que designa o vetor em negrito, pore´m faremos a opc¸a˜o pela pe- quena seta acima da letra. Antes de saber “fazer as contas” para valer com os vetores e´ u´til apren- der a somar vetores graficamente. Ou seja, vamos 13 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR aprender a somar vetores por meio das suas repre- sentac¸o˜es em forma de segmentos de reta orien- tados (setas). As Figuras 9 e 10 mostram repre- sentac¸o˜es de vetores paralelos e negativos respec- tivamente. Figura 9: Representac¸a˜o de vetores paralelos, ou seja, vetores que apresentam o mesmo sentido e direc¸a˜o, apresentando ou na˜o mesmo mo´dulo. Figura 10: Representac¸a˜o de vetores negativos, ou seja, vetores que apresentam o mesmo mo´dulo e direc¸a˜o do vetor positivo dado e sentido contra´rio. 2.4 Soma e subtrac¸a˜o gra´fica de vetores Suponha que uma part´ıcula sofra um desloca- mento ~a e depois um deslocamento ~b, conforme mostra a Figura 11. O que e´ o vetor ~a+~b? Fisica- mente corresponde ao deslocamento total sofrido pela part´ıcula. Visualmente falando, o vetor resul- tante ~a+~b e´ o vetor que “fecha” o pol´ıgono, ou seja, e´ o segmento de reta orientado que vai da origem do vetor ~a ate´ a extremidade (“flecha”) do vetor ~b conforme mostra a Figura 11. O pol´ıgono e´ feito “arrastando” o vetor, sem mudar a direc¸a˜o deste vetor, ate´ a extremidade do outro vetor (Este pro- cesso segue sucessivamente se tivermos mais de dois vetores ate´ incluir todos os vetores. Como veremos, na˜o importa a ordem que voceˆ escolhe para fazer o pol´ıgono). Uma propriedade funda- mental da soma de dois vetores e´ que a ordem em que os vetores sa˜o somados na˜o importa. ~a+~b = ~b+ ~a (1) (Lei comutativa) Podemos tambe´m soma´-los construindo um pa- ralelogramo (lembramos que um paralelogramo e´ um quadrila´tero de lados opostos paralelos). Gra- ficamente falando, esse “faz de um jeito”(~a + ~b) Figura 11: Representac¸a˜o geome´trica de dois ve- tores. e “faz de outro jeito”(~b + ~a) dando a “mesma coisa” (Equac¸a˜o 1) corresponde a um paralelo- gramo. Convenc¸a-se disso antes de seguir adiante! Figura 12: Representac¸a˜o de soma de dois vetores pela regra do paralelogramo [1]. Quando existem mais de dois vetores podemos agrupa´-los em qualquer ordem para soma´-los geo- metricamente. Assim, se queremos somar os veto- res ~a, ~b e ~c podemos primeiro somar ~a e ~b e depois somar o resultado a ~c e tambe´m podemos somar primeiro os vetores~b e ~c e depois somar o resultado ao vetor ~a. (~a+~b) + ~c = ~a+ (~b+ ~c) (2) (Lei associativa) Quando dois vetores sa˜o perpendiculares entre si, na Figura 13 podemos encontrar usando o teo- rema de Pita´goras, o mo´dulo do vetor resultante. | ~a+~b |= √ | ~a |2 + | ~b |2 (3) Exemplo 2.1: De acordo com os vetores da Figura 14, mostrar, num gra´fico em escala, um represen- tante do vetor ~a−~b. Estrate´gia de racioc´ınio: Primeiramente, devemos escolher um eixo coordenado e indicar o sentido positivo desse eixo, Figura 15. 14 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR Figura 13: Representac¸a˜o geome´trica de dois ve- tores perpendiculares. Figura 14: Exemplo 2.1. Figura 15: Vetores ~a e ~b no plano cartesiano. Podemos enxergar o vetor que se pede da se- guinte forma: ~a + (−~b). Perceba que o sinal ne- gativo implica na inversa˜o do vetor ~b em relac¸a˜o ao eixo “x” positivo (ver Figura 10). Ou seja, na˜o alteramos a direc¸a˜o do vetor, mas apenas o seu sentido. Usando a regra do paralelogramo obte- mos o vetor ~a − ~b conforme mostra a Figura 16. Antes de prosseguirmos no assunto, sugerimos que voceˆ resolva as questo˜es a seguir. 1. Considerando o plano xz, construa, grafica- mente, os seguintes vetores: ~a = (2,−1), ~b = (3, 2), ~c = (1, 5), ~d = (−1,−2) e ~e = (−2, 3). Figura 16: Regra do paralelogramo. 2. Dados os vetores da Figura 15, mostrar, num gra´fico em escala, um representante do vetor: a) ~b− ~a b) −~b− ~a c) 2~a− 3~b 3. Dado os vetores ~a = (4, 1) e ~b = (2, 6), fac¸a um esboc¸o gra´fico dos vetores: a) ~a+~b b) 2~a c) 2~a−~b 2.5 Componentes de vetores Uma componente de um vetor e´ a projec¸a˜o do vetor sobre um eixo. A afirmac¸a˜o so- bre componentes nos permite fazer uma per- gunta: Qual eixo? Perceba que precisamos definir esse eixo! Bem, para projetar sobre um eixo, precisamos definir um eixo coorde-nado, e esse e´ um dos passos para estabele- cer um sistema de refereˆncia de eixos coor- denados (chamamos simplesmente de sistema de coordenadas). Precisamos de uma origem para o sistema de coordenadas e precisamos especificar qual e´ o sentido positivo de cada eixo coordenado (lembre-se que para cada direc¸a˜o ha´ dois sentidos). Os eixos se cruzam formando um aˆngulo de 90o, logo, eles sa˜o perpendiculares (sempre trabalharemos com sistemas de eixos perpendiculares). No mo- mento focaremos nossa discussa˜o em um sis- tema de coordenadas fixo chamado de sistema de coordenadas cartesiano (inicialmente para o plano, ou seja, precisaremos de duas coor- denadas). Em um sistema cartesiano normalmente a abscissa (horizontal) e´ o eixo x (coordenada x) e a ordenada (vertical) e´ designada pelo eixo y (coordenada y). Mas veja bem! Na˜o e´ obrigato´rio que o eixo x seja horizontal e o eixo y seja na vertical. Muitas vezes essa es- colha (que e´ a usual) e´ u´til, mas na˜o e´ uma regra geral. A escolha depende do problema que voceˆ estiver analisando. Fac¸a a escolha 15 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR que simplifique a sua vida, ou seja, fac¸a esco- lhas que tornem as contas mais fa´ceis! Na figura 17, visualizamos o vetor ~a e sua projec¸a˜o no eixo x e no eixo y. Vale res- saltar que ax e ay sa˜o escalares que podem ser positivos ou negativos (a depender da ori- entac¸a˜o do vetor em relac¸a˜o a` orientac¸a˜o do sistema de coordenadas escolhido). Muito bem! Ja´ vimos que para projetar um vetor precisamos escolher um sistema de coordenadas para projetar o vetor sobre os eixos em questa˜o. Para cada escolha de sis- tema de coordenadas encontraremos um par de componentes correspondente do vetor. Te- mos ainda um ponto muito importante para falar para voceˆ. Na˜o e´ qualquer projec¸a˜o do vetor sobre o eixo que corresponde a` componente do vetor em relac¸a˜o ao eixo. Somente a projec¸a˜o ortogonal ao eixo (ou seja, perpendicular ao eixo) corresponde a` componente do vetor. Isso e´ muito importante! Toda projec¸a˜o corresponde a` relac¸o˜es entre triaˆngulos retaˆngulos. Voceˆ deve estar lembrado que as func¸o˜es trigonome´tricas seno e cosseno en- volvem relac¸o˜es em um triangulo retaˆngulo. E´ por isso que func¸o˜es seno e cosseno sem- pre va˜o aparecer em problemas de projec¸a˜o (recomendamos que voceˆ reveja as sec¸o˜es 1.7 e 1.8 do cap´ıtulo anterior). Uma observac¸a˜o, prezado leitor. Es- tabelecer corretamente um sistema de coordenadas e´ fundamental para estabelecer um referencial a partir do qual vamos poder medir posic¸o˜es e velocidades de um corpo. Na˜o temos intenc¸a˜o que voceˆ aprenda tudo agora. O estudo do referencial e´ algo muito sutil e voltaremos a falar sobre isso nos contextos de dinaˆmica e tambe´m no de cinema´tica. IMPORTANTE! So´ faz sentido falar em componentes de um vetor uma vez que o sistema de coordenadas em que o vetor sera´ decomposto ja´ tenha sido escolhido de maneira expl´ıcita. Figura 17: Representac¸a˜o de um vetor arbitra´rio e sua projec¸a˜o sobre os eixos x e y. Figura 18: Triaˆngulo formado pelo vetor principal e suas componentes. Com base no triaˆngulo da Figura 18, po- demos encontrar as relac¸o˜es trigonome´tricas da Equac¸a˜o 4. Figura 19: Triaˆngulo para as relac¸o˜es trigo- nome´tricas. sen θ = CO H cos θ = CA H tg θ = CO CA (4) (Relac¸o˜es trigonome´tricas) Deste modo, obtemos: ax =| ~a | .cos θ e ay =| ~a | .sen θ (5) 16 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR Sendo θ o aˆngulo que o vetor ~a faz com o semieixo x positivo e | ~a | e´ o modulo do vetor. Uma vez que um vetor tenha sido decom- posto em relac¸a˜o a um conjunto de eixos, as componentes podem ser usadas no lugar do vetor, assim: | ~a |= √ ax2 + ay2 e tg θ = ay ax (6) Exemplo 2.2: Quais sa˜o as componentes x e y do vetor ~a? Seja | ~a |= 5, 0m e o aˆngulo θ = 30o. Figura 20: Exemplo 2.2. Estrate´gia de racioc´ınio: Usaremos as relac¸o˜es trigonome´tricas com base nos triaˆngulos retaˆngulos em questa˜o. sen θ = ay | ~a | cos θ = ax | ~a | Portanto, ax =| ~a | .cos θ e ay =| ~a | .sen θ ax = 5.cos30 o = 4, 33m ay = 5.sen30 o = 2, 5m Exemplo 2.3: Quais sa˜o as componentes x e y do vetor ~A? A Figura 21 mostra qual foi a escolha adotada para os eixos x e y. Consi- dere | ~a | = 8m e θ = 30o. Figura 21: Exemplo 2.3. Estrate´gia de racioc´ınio: Novamente, lanc¸amos ma˜o das relac¸o˜es trigonome´tricas, com base nos triaˆngulos retaˆngulos em questa˜o, para encontrar as seguintes relac¸o˜es: sen θ = ax | ~a | cos θ = ay | ~a | Portanto, ax = 8.sen30 o = 4m ay = 8.cos30 o = 6, 92m Vamos exercitar mais um pouco o conteu´do ate´ aqui aprendido. A ideia e´ que voceˆ exercite a decomposic¸a˜o de vetores para escolhas na˜o usuais de sistemas coordenados. 4. Quais sa˜o as componentes x e y do vetor ~a na Figura 22? Seja | ~a |= 5, 0m e θ = 50o. Figura 22: Exerc´ıcio 4. 5. Quais sa˜o as componentes x e y do vetor ~a na Figura 23? Seu mo´dulo | ~a |= 6, 50m e o aˆngulo θ = 45o. 17 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR Figura 23: Exerc´ıcio 5. 6. Quais sa˜o as componentes x e y do vetor ~a na Figura 24? Seja | ~a |= 8, 0m e o aˆngulo θ = 60o. Figura 24: Exerc´ıcio 6. 7. Quais sa˜o as componentes x e y do vetor ~a na Figura 25? Seu mo´dulo | ~a |= 9, 0m e o aˆngulo θ = 120o. Figura 25: Exerc´ıcio 7. 8. Um pequeno avia˜o decola do aeroporto de Bele´m em um dia chuvoso e e´ avistado mais tarde a 300 km de distaˆncia, em um curso que faz um aˆngulo de 30o a partir de leste no sen- tido anti-hora´rio. A que distaˆncia a leste e ao norte do aeroporto esta´ o avia˜o no momento em que e´ avistado? 9. a) Quais os sinais das componentes x de ~a, ~b e ~c na Figura 26? b) Quais sa˜o os sinais das componentes y de ~a, ~b e ~c? c) Quais sa˜o os sinais das componentes x e y de ~a+~b+~c? Dados: | ~a |= 8N, | ~b |= 7N e | ~c |= 10N . Figura 26: Exerc´ıcio 9. Exemplo 2.4: Um vetor deslocamento d possui um mo´dulo | ~d |= 175, 0m e uma in- clinac¸a˜o de 50,0o, em relac¸a˜o ao eixo dos x como mostrado na figura abaixo. Determine as componentes x e y deste vetor. Figura 27: Representac¸a˜o do vetor deslocamento de suas componentes x e y. Estrate´gia de racioc´ınio: De acordo com o nosso conhecimento de trigonome- tria ba´sica, podemos observar o triaˆngulo retaˆngulo formado pelo vetor d e suas com- ponentes x e y. Isto nos permite aplicar as func¸o˜es trigonome´tricas seno e cosseno para determinar as componentes em questa˜o. Soluc¸a˜o: A componente y pode ser obtida usando o aˆngulo de 50,0o e a seguinte relac¸a˜o: sen θ = y | ~d | y =| ~d | .sen θ = (175m)(sen50, 0o) = 134m Seguindo o mesmo racioc´ınio, a compo- nente x pode ser obtida da seguinte maneira: cos θ = x | ~d | x =| ~d | .cos θ = (175m)(cos50, 0o) = 112m 18 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR Outra forma de determinar as componen- tes e´ por meio do aˆngulo α. Observe: Sabemos que: cosα = y | ~d | Desse modo: y =| ~d | .cosα = (175m)(cos40, 0o) = 134m x =| ~d | .senα = (175m)(cos40, 0o) = 112m O valor de 40,0o foi encontrado por meio do conhecimento da soma de aˆngulos inter- nos de um triaˆngulo que tem que ser igual a 180,0o. 2.6 Vetores unita´rios ou versores Outro me´todo de expressar componentes vetoriais consiste em usar vetores unita´rios. Mas, para que usar vetores unita´rios? Ou ainda, o que sa˜o vetores unita´rios? Para que eles servem? Quais sa˜o as suas carac- ter´ısticas? Um vetor unita´rio tambe´m conhe- cido como versor e´ um vetor que possui um mo´dulo unita´rio e e´ adimensional. Possui a seguinte notac¸a˜o: ıˆ e´ um vetor unita´rio adimensional de com- primento 1 que aponta no sentido positivo do eixo dos x. ˆ e´ um vetor unita´rio adimensional de com- primento 1 que aponta no sentidopositivo do eixo dos y. Ou seja, para cada coordenada temos um e somente um versor associado. O versor serve para indicar o sentido positivo da coordenada a qual o versor esta´ associado. Lembre-se disso, ok? 2.7 Soma de vetores a partir de suas componentes Uma forma de somar vetores e´ combinar suas componentes eixo por eixo. Depois de encontrar as componentes do vetor resultante Figura 28: Representac¸a˜o do vetor ~a em duas di- menso˜es, x e y. temos as informac¸o˜es necessa´rias para deter- minar o vetor resultante. Esse e´ um ponto essencial ao se trabalhar com vetor. Faremos um exemplo para dois vetores. Mas preste atenc¸a˜o! Esse me´todo pode ser utilizado para soma envolvendo uma quantidade qualquer de vetores. Portanto, voceˆ estara´ aprendendo um me´todo geral, muito u´til e importante para a sua formac¸a˜o. Considere os vetores ~a e ~b e suas respecti- vas componentes ax, ay e bx, by. Logo, podemos escrever os vetores em ter- mos de seus versores da seguinte forma: ~a = axıˆ + ay ˆ ~b = bxıˆ + by ˆ Os vetores ~a e ~b esta˜o sendo representados na Figura 29. Na˜o devemos esquecer que so´ podemos so- mar vetores que estejam na mesma direc¸a˜o ou eixo coordenado! (lembramos que se os vetores estiverem em sentido contra´rio tera˜o sinais contra´rios, necessariamente). No nosso caso, analisando o eixo x notamos que, so- bre o eixo, encontram-se as componentes ax e bx pois ambas esta˜o orientadas pelo versor ıˆ! Devemos extender o mesmo racioc´ınio para o eixo y. Portanto, temos: ~c = cxıˆ + cy ˆ = (ax + bx)ˆı + (ay + by )ˆ (7) 19 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR Figura 29: Representac¸a˜o dos vetores ~a e ~b forne- cendo o vetor resultante ~c, a partir de suas com- ponentes. Exemplo 2.5: Um corredor se desloca 145 m numa direc¸a˜o nordeste, que faz 20o com a direc¸a˜o norte tomado no sentido hora´rio (re- presentado pelo vetor deslocamento ~a) e de- pois 105 m em uma direc¸a˜o sudeste fazendo 35,0o com a direc¸a˜o leste tambe´m no sen- tido hora´rio (representado pelo vetor deslo- camento ~b). Determine o mo´dulo, a direc¸a˜o e o sentido do vetor resultante para a soma destes dois deslocamentos. Figura 30: Representac¸a˜o dos vetores ~a e ~b soma- dos fornecendo o vetor resultante ~c. Estrate´gia de racioc´ınio: A Figura 30 nos mostra os vetores ~a e ~b. Suponhamos que o eixo y positivo coincide com a direc¸a˜o norte e o eixo x positivo com o sentido leste. O pri- meiro passo e´ decompor cada um dos vetores nos eixos escolhidos para compor o sistema de coordenadas. Com isso achamos as com- ponentes ax, bx e ay, by. Em seguida fazemos a soma para determinar a resultante em cada eixo. Tendo a resultante para cada eixo apli- camos o teorema de Pita´goras para encontrar o mo´dulo do vetor resultante. Para encontrar a orientac¸a˜o espacial do vetor resultante (ou seja, a direc¸a˜o e o sentido do vetor) faremos uso das relac¸o˜es trigonome´tricas seno, cosseno ou tangente (a depender em relac¸a˜o a quem vamos querer especificar a direc¸a˜o do vetor e se vamos querer usar a informac¸a˜o do mo´dulo do vetor em si ou das suas componentes). Soluc¸a˜o: Com as informac¸o˜es dadas na figura, montamos a seguinte tabela: Vetor Componente x Componente y ~a ax = (145m) .sen20o = 49, 6m ay = (145m) .cos20o = 136m ~b bx = (105m) .cos35o = 86m by = −(105m) .sen35o = −60, 2m ~c cx = ax + bx = 135, 6m cy = ay + by = 76m Tabela 2: Componente de vetores. A terceira linha da tabela fornece as com- ponentes x e y do vetor resultante ~c : cx = ax + bx e cy = ay + by . A figura seguinte nos mostra o vetor resultante ~c e suas com- ponentes vetoriais. E aplicando o teorema de Pita´goras no triaˆngulo retaˆngulo fornecido pela mesma, temos: Figura 31: Representac¸a˜o de um vetor resultante ~c formando um triaˆngulo retaˆngulo com suas com- ponentes. Desse modo: | ~c |= √ cx2 + cy2 = √ (135, 6m)2 + (76m)2 | ~c |= 155, 4m 20 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR Pergunta importante: em relac¸a˜o a quem no´s vamos especificar a ori- entac¸a˜o do vetor? Se usarmos uma bu´ssola, normalmente e´ feito em relac¸a˜o a` direc¸a˜o norte. Em relac¸a˜o ao sistema cartesiano, normalmente a orientac¸a˜o e´ dada em relac¸a˜o ao semieixo x positivo (mas na˜o obrigatoriamente). Portanto, em relac¸a˜o a essa escolha, o aˆngulo θ que ~c faz com o eixo x e´: θ = tg−1 ( cy cx ) = tg−1 ( 76m 135, 6m ) = 29, 3o a partir de x (+) no sentindo antihora´rio. Lembre-se! Para encontrar o valor da com- ponente do vetor resultante voceˆ deve somar a contribuic¸a˜o de todos os vetores. As compo- nentes podem ser positivas ou negativas. Se a projec¸a˜o de um dado vetor sobre um eixo ti- ver orientac¸a˜o contra´ria a que foi estabelecida como positiva ela entrara´ com sinal negativo na soma. Sugerimos neste momento que voceˆ, leitor, fac¸a as questo˜es a seguir: 10. Dados os vetores ~a = 2ˆı + 3ˆ, ~b = ıˆ+ˆ e ~c = −4ˆı + 2ˆ. Calcule: a) ~a+~b b) ~a+ ~c c) ~a−~b 11. Com base nos vetores da 10a questa˜o, calcule: a) 2~a−~b b) ~b+ ~c c) ~a+~b+ ~c 12. Esboce, no gra´fico xy, os vetores da questa˜o 10. 13. Esboce, no gra´fico xy, os vetores da questa˜o 11. 2.8 Multiplicac¸a˜o de vetores No in´ıcio do cap´ıtulo dissemos que vetores se combinam segundo regras bem definidas de soma e multiplicac¸a˜o. Ja´ vimos as relac¸o˜es de soma. Fica enta˜o a pergunta: Como ve- tores se combinam segundo regras de multiplicac¸a˜o? Multiplicar um vetor por um escalar e´ fa´cil. Significa que estamos alte- rando o mo´dulo (intensidade) do vetor sem mudar a direc¸a˜o do mesmo. Temos ainda duas formas de multiplicar vetores entre si. Ambas sa˜o u´teis e muito importantes. Veja- mos! 2.9 Multiplicac¸a˜o de um vetor por escalar Podemos multiplicar um vetor arbitra´rio ~a por um escalar (nu´mero) w. Dessa operac¸a˜o obtemos um vetor resultante ~r com as seguin- tes caracter´ısticas: ~r = ~a.w (8) | ~r |=| ~a | .w (9) • O mo´dulo do vetor resultante e´ o mo´dulo que resulta da multiplicac¸a˜o do mo´dulo de ~a vezes w. • A direc¸a˜o do novo vetor e´ a mesma. • O sentido de ~r e´ o mesmo de ~a se w for positivo e sentido oposto se w for nega- tivo. • A dimensa˜o do vetor ~r e´ igual a di- mensa˜o do vetor ~a multiplicada pela di- mensa˜o do escalar w. 2.10 Multiplicac¸a˜o de um vetor por um vetor Existem duas formas de multiplicar um ve- tor por um vetor: uma forma conhecida como produto escalar que resulta em um escalar, a outra conhecida como produto vetorial que resulta em um vetor. 2.10.1 Produto escalar A multiplicac¸a˜o de um vetor por outro ve- tor resultando em um escalar e´ denominada produto escalar. Dados dois vetores ~a e ~b, o produto escalar e´ escrito como ~a.~b e definido pela equac¸a˜o: ~a.~b =| ~a | . | ~b | .cos θ (10) Vemos, portanto, que o produto escalar entre dois vetores depende dos mo´dulos dos vetores, mas tambe´m depende da angulac¸a˜o entre dois vetores (e a dependeˆncia e´ com a func¸a˜o cosseno. Lembre-se disso!). Isso quer dizer que o produto escalar entre dois veto- res de mo´dulo muito grande pode ser zero, a depender da angulac¸a˜o entre eles. 21 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR Figura 32: Representac¸a˜o da multiplicac¸a˜o de um vetor por um escalar. Baseado nisso responda: Qual aˆngulo en- tre os vetores faz com o que o produto escalar deˆ zero, independente dos mo´dulos dos veto- res? Observe a Figura 32. Repare que | ~a | .cos θ corresponde exa- tamente a` projec¸a˜o do vetor ~a sobre o vetor ~b. E´ exatamente disso que se trata o produto escalar! Podemos escrever a equac¸a˜o que define o produto escalar separando as componentes da seguinte forma: ~a.~b = (| ~a | .cos θ). | ~b |= (cos θ. | ~b |). | ~a | Vemos, portanto que a propriedade comu- tativa se aplica ao produto escalar. Dessemodo, ~a.~b = ~b.~a Em treˆs dimenso˜es (x, y, z ) o produto es- calar dos vetores ~a e ~b, escritos em termos de seus vetores unita´rios, assume a forma: ~a.~b = (axˆı +ay ˆ+azkˆ).(bxˆı +by ˆ+bzkˆ) (11) Aplicaremos a propriedade distributiva na Equac¸a˜o 11. Na˜o e´ surpresa para ningue´m que as direc¸o˜es x, y, z sa˜o ortogonais entre si. Portanto os versores relacionados a es- sas direc¸o˜es sa˜o ortogonais entre si. Sabendo que os versores possuem mo´dulo unita´rio e utilizando a expressa˜o (10) que define o pro- duto escalar demonstre que ıˆ .ˆı=ˆ .ˆ=kˆ .kˆ = 1 e ıˆ .ˆ=ˆ.kˆ =kˆ .ˆı= 0 Usando essas informac¸o˜es no produto da expressa˜o (11), obtemos: ~a.~b = ax.bx + ay.by + az.bz (12) IMPORTANTE! Se o aˆngulo θ entre dois vetores e´ 0o, a componente de um vetor em relac¸a˜o ao outro e´ ma´xima. Se o aˆngulo e´ 90o, a componente de um vetor em relac¸a˜o ao outro e´ nula. Exemplo 2.6: Qual e´ o aˆngulo θ entre ~a = 3, 0ˆı − 4, 0ˆ e ~b = −2, 0ˆı + 3, 0kˆ? Estrate´gia de racioc´ınio: Sabemos que o aˆngulo entre dois vetores aparece na de- finic¸a˜o de produto de escalar (Equac¸a˜o 10). Soluc¸a˜o: Sabemos que | ~a | e´ o mo´dulo do vetor ~a, dado por: | ~a |= √ (3, 0)2 + (−4)2 = 5, 0 E que | ~b | e´ o mo´dulo do vetor ~b dado por: | ~b |= √ (−2)2 + (3, 0)2 = 3, 61 Podemos calcular o produto escalar es- crevendo os vetores em termos dos vetores unita´rios e aplicando a propriedade distribu- tiva: ~a.~b = (3, 0ˆı − 4, 0ˆ).(−2, 0ˆı + 3, 0kˆ) ~a.~b = (3, 0ˆı).(−2, 0ˆı) + (3, 0ˆı).(+3, 0kˆ) + (−4, 0ˆ).(−2, 0ˆı) + (−4, 0ˆ).(+3, 0kˆ) De acordo com o produto escalar Logo, ~a.~b = −6, 0. Substituindo todos os resultados encontra- dos na equac¸a˜o do produto escalar, obtemos, −6, 0 = (5, 0).(3, 61).cos θ θ = cos−1 [ −6, 0 (5, 0).(3, 61) ] = 109o 22 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR Chegou o momento! Vamos exercitar o conteu´do ate´ aqui aprendido. 14. Calcular o aˆngulo entre os vetores ~a = (1, 1, 4) e ~b = (–1, 2, 2). 15. Dados os vetores ~a = 3ˆı + 2ˆ, ~b = 2ˆı + ˆ e ~c = −4ˆı + 2ˆ. Calcule o produto escalar: a) ~a.~b, b) ~a.~c e c) ~b.~c 16. Com base na questa˜o 15, calcule o produto escalar: a) (~a+~b).~a, b) (~a+~b).~b e c) (~a+~b).~c 2.10.2 Produto vetorial A multiplicac¸a˜o de um vetor por outro ve- tor resultando em um terceiro vetor e´ deno- minada produto vetorial. Dados dois vetores ~a e ~b, o produto vetorial e´ escrito como ~a×~b. O mo´dulo do vetor ~c obtido pelo produto ve- torial entre os vetores ~a e ~b e´ dado por | ~c |=| ~a | . | ~b | .sen θ (13) Sendo θ o menor aˆngulo formado en- tre os vetores dados, uma vez que sen θ e sen(360o–θ) apresentam sinais opostos. O produto ~a×~b e´ lido como “ ~a vetor ~b”. A direc¸a˜o do vetor resultante ~c e´ perpen- dicular ao plano definido por ~a e ~b. O seu sentido pode ser determinado pela Regra da Ma˜o Direita. Superponha as origens de ~a e ~b sem mudar suas orientac¸o˜es. Ja´ falamos que a direc¸a˜o do vetor resultante ~c e´ perpen- dicular ao plano definido por ~a e ~b. A receita para determinar o sentido de ~c e´ a seguinte. Va´ de ~a para ~b pelo menor percurso angular entre os dois vetores. Quatro dedos da sua ma˜o direita fazem o menor percurso angular de ~a para ~b e o dedo polegar estendido indica o sentido do vetor resultante. Se fizermos o mesmo percurso angular, mas agora de ~b para ~a, o sentido do vetor resultante indicado pelo dedo polegar extendido e´ invertido conforme indicado na Figura 33 como a regra da ma˜o direita nos fornece de forma clara sobre as ca- racter´ısticas do produto vetorial. Isso traz uma importante consequeˆncia. Observamos que o produto vetorial entre ve- tores na˜o e´ comutativo, ou seja, ~a×~b 6= ~b×~a. Figura 33: Regra da ma˜o direita. Por isso que o sentido do vetor resultante e´ invertido quando invertemos a ordem do pro- duto (o mo´dulo do vetor resultante e´ o mesmo para os dois casos). Portanto, ~a×~b = −~b×~a. Vamos enta˜o resumir a toda a informac¸a˜o do produto vetorial entre vetores numa tabela a seguir. Para finalizar! Vamos exercitar o conteu´do ate´ aqui aprendido. 17. Dados os vetores ~a = 2ˆı − ˆ, ~b = ıˆ + ˆ + kˆ e ~c = −2ˆı + kˆ , determine as expresso˜es: a) ~a×~b, b) ~c×~b, c) ~a× (~b×~c) e d) (~a×~b)×~c Principais pontos do cap´ıtulo: • Grandezas vetoriais, diferentemente das grandezas escalares que precisam apenas de um mo´dulo para serem descritas, pre- cisam de uma orientac¸a˜o espacial. • Grandezas vetoriais se combinam usando regras de soma vetorial. • Soma vetorial tambe´m pode ser feita usando componentes de vetores. 23 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR PRODUTO VETORIAL ~c = ~a×~b MO´DULO | ~c |=| ~a | . | ~b | .sen θ (func¸a˜o dos mo´dulos dos vetores ~a e ~b e do aˆngulo entre eles) DIREC¸A˜O Perpendicular ao plano formado pelos vetores ~a e ~b SENTIDO Convencionado pela regra da ma˜o direita. Quatro dedos va˜o de ~a para ~b, pelo menor percurso angular e o dedo polegar indica o sentido do vetor resultante. Tabela 3: Propriedades do vetor ~c = ~a×~b IMPORTANTE! Se ~a e ~b sa˜o paralelos ou antiparalelos, ~a×~b = 0. E o mo´dulo de ~a×~b e´ ma´ximo quando ~a e ~b sa˜o perpendiculares. • A decomposic¸a˜o de vetores e´ feita utilizando as func¸o˜es trigonome´tricas ba´sicas. • Um vetor unita´rio tem mo´dulo igual a 1, e´ adimensional e tem a func¸a˜o de des- crever uma direc¸a˜o no espac¸o. • O produto escalar entre dois vetores e´ uma grandeza escalar. Enquanto que o produto vetorial e´ uma grandeza veto- rial orientada sempre perpendicular ao plano formado pelos vetores multiplica- dos e com sentido definido pela regra da ma˜o direita. EXERCI´CIOS 1. Determine (a) a soma de ~a + ~b, em termos de vetores unita´rios para ~a = 4ˆı + 3ˆ e ~b = −13ˆı + 7ˆ. Determine (b) o mo´dulo e (c) a orientac¸a˜o de ~a+~b. 2. Um vetor pode ter mo´dulo igual a zero se uma de suas componentes for diferente de zero? 3. E´ poss´ıvel que a soma dos mo´dulos de dois vetores seja sempre igual a` soma destes dois vetores? 4. Voceˆ pode ordenar os acontecimentos no tempo. Por exemplo, o evento b pode pro- ceder ao evento c, pore´m seguir o evento a, dando a ordenac¸a˜o temporal do evento a, b e c. Consequentemente, existe um sentido para o tempo, distinguindo o passado, o presente e o futuro. Sera´ que o tempo, enta˜o, e´ uma grandeza vetorial? Se na˜o, por queˆ? 5. O produto escalar pode ser uma quantidade negativa? Justifique. 6. a) Sendo ~a.~b = 0, podemos concluir da´ı que os vetores sa˜o perpendiculares entre si? b) Se ~a.~b = ~a.~c, segue-se da´ı que ~b = ~c? 7. Se ~a×~b = 0, ~a e ~b devem ser paralelos entre si? O inverso e´ verdadeiro? 8. Considere dois deslocamentos, um igual a 3 m e um outro de mo´dulo igual a 4 m. Mos- tre como os vetores deslocamento podem ser combinados de modo a fornecer um desloca- mento resultante de mo´dulo igual a: a) 7 m; b) 1 m; c) 5 m. 9. Uma mulher caminha 250 m na direc¸a˜o de 30o a nordeste em relac¸a˜o a norte no sentido hora´rio e em seguida 175 m diretamente para leste. a) Utilizando me´todos gra´ficos, deter- mine o deslocamento resultante. b) Compare o mo´dulo do deslocamento com a distaˆncia que ela caminhou. 10. Uma pessoa caminha do seguinte modo: 3,1 km para o norte, depois 2,4 km para oeste e, finalmente, 5,2 km para o sul. a) Construa o diagrama vetorial que representa este movi- mento. b) Que distaˆncia um pa´ssaro deveria voar, em linha reta, em que direc¸a˜o, de modo a chegar ao mesmo ponto final? 11. Quais sa˜o os componentes de um vetor ~a lo- calizado no plano xy, se sua direc¸a˜o faz um aˆngulo de 205o com o eixo x positivo e o seu mo´dulo e´ igual a 7,3 unidades? 12. Um vetor deslocamento ~r no plano xy tem um comprimento igual a 15 m e faz um aˆngulo de 15o com o eixo x positivo. Determineos componentes x e y deste vetor. 13. Determine, utilizando os vetores unita´rios, a) a soma dos dois vetores ~a = 4ˆı + 3ˆ e ~b = −3ˆı + 4ˆ. B) Quais sa˜o o mo´dulo e a direc¸a˜o do vetor ~a e ~b? 24 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR 14. No sistema de coordenadas da figura abaixo, mosque que: ıˆ.ˆı=ˆ.ˆ=kˆ .kˆ = 1 e ıˆ.ˆ=ˆ.kˆ=kˆ .ˆı=0 15. Um vetor ~a de mo´dulo igual a 10 unidades e outro vetor ~b de mo´dulo igual a 6 unidades apontam para direc¸o˜es que fazem um aˆngulo de 60o entre si. a) Determine o produto esca- lar entre os dois vetores e b) o produto veto- rial ~a×~b. 16. A soma de treˆs vetores e´ igual a zero, como nos mostra a figura abaixo. Calcule o mo´dulo de: a) ~a×~b; b) ~a× ~c; c) ~b× ~c. 17. Sejam dois vetores representados em termos de suas coordenadas como: ~a = axıˆ + ay ˆ + az kˆ e ~b = bxıˆ + by ˆ + bz kˆ Mostre que: ~a.~b = axbx + ayby + azbz 18. Uma forc¸a de ~F1, de mo´dulo igual a 2 N forma um aˆngulo de 30o com o eixo Ox.Uma forc¸a ~F2, de mo´dulo igual a 6 N forma um aˆngulo de 80o com o eixo Ox. Calcule: (a) o mo´dulo |~Fr| da forc¸a resultante ~Fr; (b) o aˆngulo formado entre a resultante e o eixo Ox. 19. Um vetor ~a forma um aˆngulo θ = 60 com um vetor ~b. Sabendo que | ~a |= 3 e | ~b |= 4, cal- cule o mo´dulo do vetor resultante ~r (unidades de forc¸a em Newton). 20. Um vetor ~F forma um aˆngulo θ = 30o com um vetor ~G. Sabendo que | ~F |= 5 e | ~G |= 8, calcule: (a) o mo´dulo da resultante ~R; (b) o aˆngulo formado entre a resultante e o vetor ~F . PROBLEMAS ADICIONAIS 21. Uma ciclovia circular possui raio igual a 500 m. a) Qual a distaˆncia percorrida por uma ciclista que percorre a pista da extremidade norte para a extremidade sul? b) Qual o mo´dulo do deslocamento feito pela ciclista da extremidade norte para a extremidade sul? c) Qual o mo´dulo do deslocamento feito pela ciclista ao executar uma volta completa na ciclovia? 22. Os controladores de tra´fego ae´reo fornecem instruc¸o˜es para os pilotos informando em que direc¸a˜o e sentido eles devem voar. Essas ins- truc¸o˜es sa˜o chamadas de “vetores”. Se es- tas forem as u´nicas informac¸o˜es dadas aos pi- lotos, o nome de “vetor”esta´ sendo ou na˜o usado corretamente? Explique por que sim ou por que na˜o. 23. Um engenheiro civil desorientado em uma grande obra dirige 3,25 km para o norte, de- pois 4,75 km para o oeste, por seguinte 1,50 km para o sul e por fim 2,50 km para o leste. Determine o mo´dulo, a direc¸a˜o e o sentido do deslocamento resultante feito pelo engenheiro civil em sua obra. 24. Um explorador polar foi surpreendido por uma nevasca, que reduziu a visibilidade a pra- ticamente zero, quando retornava ao acampa- mento. Para chegar ao acampamento, deve- ria ter caminhado 5,6 km para o norte, em seguida 3,4 km na direc¸a˜o 30o a nordeste me- dido do norte e por fim 2,3 km fazendo um aˆngulo de 85o em relac¸a˜o a oeste no sentido anti-hora´rio. Quantos quiloˆmetros e em que direc¸a˜o o explorador devera´ seguir em linha reta para chegar ao acampamento? 25. Uma pesquisadora esta´ indo fazer uma pes- quisa em uma caverna e para isso ela deve percorrer 180 m para oeste, depois 210 m fa- zendo um aˆngulo de 45o em relac¸a˜o a oeste no sentido hora´rio e por fim 280 m fazendo um 25 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR aˆngulo de 30o em relac¸a˜o a leste no sentido anti-hora´rio. Depois um quarto deslocamento na˜o medido, ela retorna ao ponto de partida, pois esqueceu seu material de pesquisa. De- termine o mo´dulo, a direc¸a˜o e o sentido desse quarto deslocamento. 26. Determine a soma de ~a+~b em termos de ve- tores unita´rios para ~a = (4, 0m)ˆı + (3, 0m)ˆ e ~b = (−13, 0m)ˆı + (4, 0m)ˆ juntamente com o seu mo´dulo e a orientac¸a˜o de ~a+~b relativa a ˆ. Obs.: O s´ımbolo m e´ expresso nos vetores e´ pra denotar que esses possuem dimensa˜o de comprimento. 27. O mo´dulo do vetor ~a e´ 6,00 unidades, o mo´dulo do vetor ~b e´ 7,00 unidades e ~a.~b = 14. Qual o aˆngulo entre ~a e ~b? 26 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR 3 LEIS DE NEWTON 3.1 Objetivos de aprendizagem: • Entender a diferenc¸a entre referenciais inerci- ais e na˜o inerciais. • Aprender o significado de forc¸a resultante e forc¸a resultante nula. • Aprender como relacionar forc¸a resultante, massa e acelerac¸a˜o de um corpo. • Identificar as forc¸as decorrentes da interac¸a˜o entre dois corpos. 3.2 Introduc¸a˜o Uma pergunta interessante para iniciar este to´pico seria: O que e´ mecaˆnica do ponto de vista da F´ısica? Podemos dizer que a mecaˆnica e´ uma a´rea da f´ısica que trata as questo˜es de movimento dos corpos levando em conta, de uma maneira ge- ral, as causas do movimento. Nesse sentido, a mecaˆnica inclui a cinema´tica e a dinaˆmica. A mecaˆnica estuda tambe´m situac¸o˜es de equil´ıbrio dos corpos (esta´tico e dinaˆmico) e, portanto, po- demos dizer que a esta´tica tambe´m esta´ compreen- dida nessa importante a´rea da f´ısica. Acrescenta- se tambe´m que se o corpo ou sistema f´ısico se mo- vimenta de maneira acelerada, a descric¸a˜o desse tipo de movimento tambe´m e´ objeto de estudo da mecaˆnica. Uma outra maneira de descrever a mecaˆnica e´ por meio da influeˆncia que corpos exer- cem nas interac¸o˜es entre si via forc¸as (sejam forc¸as de contato ou de qualquer outra natureza). Vemos que na˜o temos pouca coisa pela frente: Interac¸o˜es entre corpos; estudos de situac¸o˜es de equil´ıbrio e de movimento acelerado, entre outras tantas coi- sas. Do ponto de vista de formac¸a˜o profissional, a mecaˆnica e´ imprescind´ıvel para o engenheiro, qual- quer que seja a sua a´rea. Do ponto de vista de per- cepc¸a˜o e entendimento do mundo ao nosso redor e´ ta˜o importante quanto o aspecto formativo. Con- vidamos enta˜o voceˆ para ir adiante ao fascinante estudo da mecaˆnica! Neste contexto, estudaremos a Dinaˆmica: que e´ a parte da Mecaˆnica que estuda os movimen- tos e as causas que os produzem ou os modificam. Costumamos construir o arcabouc¸o da mecaˆnica a partir do enunciado das Leis de Newton. As Leis de Newton formam um conjunto consistente para descrever uma imensa variedade de situac¸o˜es e fenoˆmenos que vemos ao nosso redor. E´ nosso de- ver entender ao ma´ximo o que significa cada uma dessas leis. E´ tambe´m muito importante entender as relac¸o˜es que cada uma das leis possui entre si, ou seja, na˜o devemos apenas pensar em cada uma das leis separadamente. Antes disso, vamos olhar rapidamente a questa˜o do referencial voltada para o estudo da dinaˆmica. 3.3 Referencial do ponto de vista da dinaˆmica Conforme veremos, ao falar sobre Leis de New- ton precisaremos saber em que referenciais tais leis sa˜o va´lidas (tais como a conhecemos) e em que re- ferenciais na˜o sa˜o va´lidas. No caso da 1a Lei fa- laremos tambe´m sobre estado de repouso de um corpo. Todas essas questo˜es fazem necessa´ria uma pe- quena discussa˜o sobre o conceito de referencial. Vamos trazer algumas situac¸o˜es do cotidiano para discutir sobre esse conceito. Imagine que voceˆ esta´ no banco de tra´s de um carro a 40 Km/h. Para o motorista, voceˆ esta´ parado, com velocidade igual a 0 km/h. Ja´ para algue´m que te observa da calc¸ada, voceˆ esta´ se locomovendo a 40 Km/h. Quem esta´ errado nessa discussa˜o? Resposta: Ningue´m! As ana´lises, tanto do ponto de vista de um referencial (o mo- torista) quanto do outro referencial (o observador na calc¸ada) sa˜o va´lidas. Portanto, desta simples discussa˜o podemos tirar algumas concluso˜es im- portantes: 1- Repouso (auseˆncia de movimento) e´ algo relativo (repouso em relac¸a˜o a quem?). Depende do referencial adotado! 2 – Velocidade tambe´m e´ um conceito referente a algum referen- cial’ (velocidade em relac¸a˜o a quem?). Em relac¸a˜o ao estado de repouso, algue´m pode tentar argu- mentar que um referencial fixo em relac¸a˜o a` su- perf´ıcie da Terra (uma a´rvore, por exemplo)esta´ absolutamente em repouso. Mas se levarmos em conta que a Terra tambe´m esta´ em movimento, como fica essa “certeza”? Bem, do que ja´ sabe- mos pelos avanc¸os da F´ısica e da Astronomia, ao contra´rio do que se cogitava na antiguidade, na˜o existe movimento absoluto e nem repouso abso- luto. Temos que prestar atenc¸a˜o no referencial que estamos adotando para fazer a ana´lise do mo- vimento. O estudo do referencial reserva ainda algumas surpresas. Veremos que nem todos os re- ferenciais sa˜o equivalentes, e entender esse ponto e´ muito importante para a correta compreensa˜o das Leis de Newton. 27 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR Mais um exemplo (na verdade estamos re- alizando experieˆncias de pensamento1!). Imagi- nemos agora que nos encontramos num elevador movendo-se para baixo num movimento retil´ıneo com velocidade constante. Se o observador que se encontra dentro dele deixar cair um objeto, ele caira´ normalmente por ac¸a˜o da forc¸a de gravidade normal. Imaginemos agoraque num dado instante ha´ um problema com o cabo e o elevador entra em queda livre. Se o observador largar agora o mesmo objeto ele na˜o caira´ (em relac¸a˜o ao observador que tambe´m esta´ caindo aceleradamente). No primeiro caso (elevador que desce com ve- locidade constante) podemos tomar o observador como sendo um referencial inercial. Na outra situac¸a˜o (cabo arrebentado) o “pobre” observador que esta´ no elevador na˜o pode mais ser tomado como um referencial inercial. E´, portanto, um referencial na˜o-inercial. Aqui avisamos ao leitor que o estudo de referencial e´ algo bem sutil e procuraremos ser ta˜o “light” quanto poss´ıvel, mas sem perder de vista que referencial inercial e referencial na˜o inercial do ponto de vista f´ısico e matema´tico sa˜o na˜o equivalentes, portanto na˜o devem ser confundidos2. Vamos colocar a questa˜o de duas maneiras simples e complementares. A primeira e´ que um referencial que esta´ sofrendo uma acelerac¸a˜o e´ na˜o inercial. A outra e´ a seguinte. So´ e´ va´lida a aplicac¸a˜o direta das leis de Newton em referenciais inerciais. Se um observa- dor esta´ em um referencial acelerado ele sentira´ o efeito de forc¸a(s) que ele na˜o conseguira´ descrever no pro´prio referencial. O efeito dessa(s) forc¸a(s) e´ ta˜o real quanto qualquer outra. Na˜o duvide disso, prezado leitor! (quem nunca foi “espremido” con- tra a parede de um oˆnibus fazendo uma curva?). O ponto e´ que nosso corpo “sabe” quando estamos submetidos a acelerac¸o˜es aprecia´veis 1Experieˆncias de pensamento sa˜o recursos utilizados por grandes f´ısicos, tais como Galileu Galilei e Albert Einstein. Em tais experieˆncias o arcabouc¸o teo´rico e´ utilizado e as consequeˆncias podem ser deduzidas sem custos e sem riscos para ningue´m. Na˜o substitui a experieˆncia de fato, mas nem por isso deixam de ser interessantes. 2Apenas para o leitor saber. A Terra por conta dos mo- vimentos que executa em seu “passeio” pelo espac¸o sideral sofre efeito de acelerac¸o˜es. Ou seja, “para valer, para valer mesmo”, a Terra na˜o e´ um referencial inercial. Como es- sas acelerac¸o˜es sa˜o muito pequenas quando comparadas a` acelerac¸a˜o da gravidade, no´s consideramos apenas de ma- neira aproximada a Terra como sendo um referencial iner- cial. Isso quer dizer que numa grande variedade de ex- perimentos de mecaˆnica que realizamos em laborato´rio os resultados na˜o sa˜o afetados apreciavelmente por conta dos movimentos acelerados que o nosso planeta sofre. (compara´veis a` acelerac¸a˜o da gravidade ou maiores). Mas o observador na˜o conseguira´ descrever essa(s) forc¸a(s) do ponto de vista do pro´prio referencial. Por esse motivo essa forc¸a(s) e´(sa˜o) chamada(s) de forc¸a(s) fict´ıcia(s). O que o leitor precisa mesmo ter em mente e´ o seguinte: IMPORTANTE! 1- Um referencial inercial na˜o esta´ acelerado. 2- A aplicac¸a˜o e entendimento das leis de New- ton conforme estudaremos nesse material sa˜o va´lidos para referenciais inerciais. 3.4 Primeira lei de Newton (Princ´ıpio da Ine´rcia) A primeira lei de Newton afirma que se a forc¸a resultante, atuante sobre um corpo e´ nula, enta˜o o corpo que estiver em repouso, permanecera´ em repouso ou se estiver em movimento com velocidade constante, ele continuara´ nesse mesmo movimento.. Em outras palavras, essa proprie- dade da mate´ria de resistir a qualquer variac¸a˜o em sua velocidade recebe o nome de ine´rcia. Essa propriedade e´ diretamente proporcional a` massa do corpo. Figura 34: Quanto mais lisa a superf´ıcie, mais longe um disco desliza apo´s tomar uma velocidade inicial.Se ele se move em um colcha˜o de ar sobre a mesa (c) a forc¸a de atrito e´ praticamente zero, de modo que o disco continua a deslizar com ve- locidade quase constante (YOUNG. H. D; FRE- EDMAN. F´ısica 1-Sears & Zemansky. Mecaˆnica. 12a. Edic¸a˜o. Ed. Pearson) A 1a Lei de Newton pode ser ilustrada com algumas experieˆncias de pensamento (ok, podem ser ilustradas na pra´tica tambe´m!). Quem ja´ an- dou de carro, oˆnibus ou avia˜o sabe que quando o meio de transporte viaja com velocidade estabili- zada em linha reta tudo se passa como se o mesmo 28 PCNA-FI´SICA ELEMENTAR estivesse parado. Mas tudo muda quando o meio de transporte sofre uma variac¸a˜o de direc¸a˜o ou no mo´dulo da velocidade. 3.5 Relac¸a˜o vetorial entre velocidade e acelerac¸a˜o Na˜o sa˜o poucos alunos que confundem concei- tualmente e operacionalmente dois conceitos veto- riais muito importantes para a dinaˆmica: veloci- dade e acelerac¸a˜o. Sa˜o conceitos que esta˜o relacionados, mas sa˜o distintos. E´ fundamental que o leitor tenha em mente o seguinte. Velocidade e´ um vetor, e qual- quer variac¸a˜o nesse vetor (velocidade) corresponde a uma acelerac¸a˜o. Sem excec¸a˜o! Mas o que isso quer dizer? Sejamos ainda mais expl´ıcitos. 1. Situac¸a˜o em linha reta. Pense num carro ace- lerando ou frenando (qualquer coisa que al- tere o mo´dulo da velocidade). Nesse caso a acelerac¸a˜o e´ facilmente visualiza´vel pela mai- oria dos alunos. Nesse caso, temos uma ace- lerac¸a˜o associada a uma variac¸a˜o do mo´dulo da velocidade e que possui a mesma direc¸a˜o do vetor velocidade. 2. Situac¸a˜o de curva realizada com veloci- dade escalar constante (curva realizada com pressa˜o constante no acelerador, resultando em leitura constante no veloc´ımetro). Nesse caso temos acelerac¸a˜o associada a` variac¸a˜o de direc¸a˜o do vetor velocidade. Essa acelerac¸a˜o e´ perpendicular ao vetor velocidade (veremos mais a respeito no estudo do movimento cir- cular uniforme) 3. Bola que ricocheteia horizontalmente contra uma parede e retorna com o mesmo mo´dulo da velocidade, mas tem seu sentido de movi- mento alterado. Nesse caso, na˜o temos mu- danc¸a de mo´dulo ou de direc¸a˜o, mas ainda assim temos uma acelerac¸a˜o associada a` mu- danc¸a de sentido do vetor velocidade. Mas por que essa discussa˜o e´ importante? Para responder fac¸amos outra leitura da primeira Lei de Newton: A velocidade de um objeto, vetori- almente falando, na˜o muda “de grac¸a”. Se ha´ variac¸a˜o do vetor velocidade (seja de mo´dulo, de direc¸a˜o ou apenas mudanc¸a de sentido) ha´ ace- lerac¸a˜o e se ha´ acelerac¸a˜o ha´ tambe´m a presenc¸a de uma forc¸a resultante que perdura enquanto houver mudanc¸a do vetor velocidade. Essa e´ a importaˆncia. Na˜o enxergar de ma- neira plena a relac¸a˜o entre velocidade e acelerac¸a˜o pode comprometer seu entendimento sobre as leis de Newton. Mas agora voceˆ ja´ sabe! Se o ob- jeto esta´ acelerado, ele na˜o esta´ em equil´ıbrio e, portanto, ha´ uma forc¸a resultante na˜o nula atu- ando sobre ele (somente enquanto o objeto estiver acelerado). Ha´ ainda alguns comenta´rios importantes a se- rem feitos sobre a primeira lei de Newton. A pri- meira lei trata sobre estados de equil´ıbrio (na˜o ace- lerados – forc¸a resultante nula). O repouso e´ ape- nas uma forma de
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