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1 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Departamento de Nutrição Animal e Pastagens Disciplina: IZ – 110 Patagens Apostila sobre: SOLOS E SUA POTENCIALIDADE AGRÍCOLA NATURAL Professor: Carlos Augusto Brandão de Carvalho Agosto/2011 2 SOLOS E SUA POTENCIALIDADE AGRÍCOLA NATURAL 1. INTRODUÇÃO O solo constitui o recurso natural mais intensamente utilizado para atender às necessidades de produção contínua de alimentos nas quantidades e variedades exigidas pela humanidade. Seu uso, de maneira racional e adequada, constitui fator imprescindível para a obtenção de resultados satisfatórios nos empreendimentos agrícolas, bem como para contribuir na manutenção do meio ambiente em boas condições. Para efetivação desses objetivos, torna-se necessário conhecer as características do solo (intrínsecas e extrínsecas) que fornecerão subsídios para a avaliação do comportamento do solo quando submetido a diferentes tipos de exploração. A utilização agrícola natural dos solos compreende as diferentes formas com que estes poderão ser explorados, destacando-se: agricultura, pecuária e silvicultura. A potencialidade agrícola dos solos exprime o nível de respostas, que deles poderão advir, quando forem submetidos a diferentes tipos de utilização. Os resultados advindos da utilização do solo estarão sempre limitados pelas características com maior grau de limitação neles presentes. Assim, solos que possuam elevados níveis de fertilidade natural apresentarão restrições para uso agrícola, caso uma ou mais de suas outras características ou do meio ambiente mostrem-se desfavoráveis. A abordagem aqui efetuada é de elevado grau de generalização. Os dados referentes aos solos identificados na região provêm de levantamentos pedológicos em que as unidades de mapeamento são, em sua maioria, constituídas por associações de solos. A potencialidade agrícola retratada neste estudo reflete avaliações interpretativas das características dos solos que ocupam maiores extensões (solos predominantes) nas unidades de mapeamento. 3 2. O SISTEMA SOLO Objetivando auxiliar a compreensão do texto, serão conceituados os principais termos técnicos nele utilizados ou a ele relacionados, destacando-se: • Solo - constitui o meio natural para o desenvolvimento dos vegetais. Suas características são decorrentes da ação combinada dos fatores genéticos: rocha- matriz (material de origem), relevo, clima, seres vivos e tempo, acrescidos dos efeitos de uso pelo homem. O solo é uma parcela dinâmica e tridimensional da superfície terrestre, que suporta e mantém as plantas. Seu limite superior é a superfície terrestre, sua superfície inferior está definida pelos limites da ação dos agentes biológicos e climáticos, enquanto os extremos laterais limitam-se com outros tipos de solos, onde se verifica a mudança de uma ou mais das características diferenciais. • Terra - compreende todo o meio ambiente natural e cultural que sustenta os vegetais. É um termo mais abrangente do que solo. Além do solo, inclui vários atributos do meio físico, destacando-se: propriedades do substrato, clima, topografia, cobertura vegetal e uso atual. • Horizonte - seção à superfície ou paralela a esta, de constituição mineral ou orgânica, resultante da atuação de processos pedogenéticos. • Camada - seção à superfície ou paralela a esta, de constituição mineral ou orgânica, pouco diferenciada e pouco ou nada influenciada pelos processos pedogenéticos. • Perfil de solo - definido como um corte vertical na superfície da terra, que inclui todos os horizontes pedogeneticamente inter-relacionados. • Profundidade efetiva - consiste na espessura de solo, desde a superfície até a um horizonte ou uma camada impeditiva ao desenvolvimento de raízes das plantas, tendo-se as seguintes especificações (Quadro 1): 4 Classificação dos solos segundo sua profundidade Solo Profundidade (cm) Raso Menor ou igual a 50cm Pouco profundo Maior que 50cm e menor que 1 00 cm Profundo Maior que 1 00cm e menor que 200cm Muito Profundo Maior que 200cm Fonte: IBGE, Senso 2000 • Drenagem - refere-se à drenagem interna do solo, tendo-se as seguintes classes de drenagem: a) excessivamente drenado - a água removida do solo muito rapidamente; b) fortemente drenado - a água é removida rapidamente do solo (é comum em solos de textura média e arenosa); c) acentuadamente drenado - a água é removida rapidamente do solo (normalmente os solos têm textura argilosa a média); d) bem drenado - a água é removida do solo com facilidade, porém não rapidamente; e) moderadamente drenado - a água é removida do solo um tanto lentamente, de modo que o perfil permanece molhado pequena, mas significativa, parte de tempo. f) imperfeitamente drenado - a água removida lentamente do solo, de tal modo que ele permanece molhado por período significativo, mas não durante a maior parte do ano; g) mal drenado - a água é removida do perfil tão lentamente que o solo permanece molhado por grande parte do tempo; e h) muito mal drenado - a água é removida do solo tão lentamente que o lençol freático permanece à superfície ou próximo dela durante a maior parte do ano. 5 • Textura - característica relacionada à composição granulométrica do horizonte ou da camada do solo (teores de argila, silte e areia). De acordo com os conteúdos destas partículas, têm-se as seguintes classes de textura: areia, silte, argila, areia franca, franco, franco-argila-arenoso, franco-argiloso, franco-arenoso, argila arenosa, muito argilosa, argila siltosa, franco-argilo-siltoso e franco-siltoso. Na classificação da textura do solo, são considerados os seguintes grupamentos de classes texturais: a) textura arenosa - compreende as classes texturais areia e areia franca; b) textura média - compreende classes texturais ou parte delas tendo menos de 35% de argila e mais de 15% de areia, excluídas as classes texturais areia e areia franca; c) textura argilosa - compreende classes texturais ou parte delas que tenham de 35 a 60% de argila; d) textura muito argilosa - compreende a classe textural com mais de 60% de argila; e e) textura siltosa - compreende parte de classes texturais que tenham silte maior que 50%, areia menor que 15% e argila menor que 35%. • Mudança (relação) textural abrupta Consiste em um considerável aumento no conteúdo de argila dentro de uma pequena distância na zona de transição entre o horizonte A e o horizonte B. • Estrutura - as partículas primárias (argila, silte e areia) geralmente se encontram agrupadas, formando partículas maiores (agregados), dando ao solo a sua estrutura. • Cerosidade - identificada como filmes muito finos de material inorgânico, orientados ou não, constituindo revestimentos ou superfícies brilhantes nas faces de elementos estruturais, poros ou canais. • Porosidade - refere-se ao volume do solo ocupado pela água e pelo ar, sendo consideradas as cavidades existentes no solo, inclusive as resultantes de atividades de animais e as produzidas pelas raízes. 6 • Determinações analíticas - compreendem análises laboratoriais executadas em amostras de solos, com o objetivo de ser obtido subsídios para auxiliar na caracterização do solo, envolvendo sua classificação, avaliação da fertilidade, disponibilidade e capacidade de retenção de umidade, etc. Estas determinações são constituídas por análises físicas, químicas e mineralógicas. • Soma de bases trocáveis - obtida a partir dos conteúdos de cálcio, magnésio, potássio e sódio. • Capacidade de troca de cátions - obtida pelo somatório dos conteúdos de cálcio, magnésio, potássio, sódio, hidrogênio e alumínio.• Saturação por bases trocáveis - dada pela proporção (percentagem) de bases trocáveis em relação à capacidade de troca de cátions. • Saturação por alumínio trocável - dada pela proporção (percentagem) de alumínio trocável em relação à soma de bases e alumínio trocáveis. • Solos álicos - possuem saturação por alumínio igual ou superior a 50%, • Solos distróficos - possuem saturação por bases e saturação por bases inferiores a 50%. • Solos eutróficos - possuem saturação por bases igual ou superior a 50%. • Fertilidade do solo - está relacionada, sobretudo, à disponibilidade de elementos nutritivos para as plantas. A fertilidade é vital para a produtividade, mas um solo fértil não é, necessariamente, um solo produtivo. A má drenagem, os insetos, a seca e outros fatores podem limitar a produção, mesmo quando a fertilidade é adequada. Para melhor compreensão da fertilidade do solo, torna-se necessário conhecer, também, os outros fatores que favorecem, ou limitam, a produtividade. • Atividade das argilas - refere-se à capacidade de troca de cátions da fração mineral do solo. Atividade alta designa valor igual ou superior a 27 cmolc/kg de argila e atividade baixa indica valor inferior a esse, sem correção para carbono. • Relevo - refere-se à topografia predominante na superfície de ocorrência do solo. De acordo com a declividade do terreno, têm-se as seguintes classes de relevo (Quadro 2): 7 Classificação dos solos segundo seu relevo Classes de relevo Declividade (%) Plano Menor que 3% Suave ondulado De 3 a 8% Ondulado De 8 a 20% Forte ondulado De 20 a 45% Montanhoso De 45 a 75% Escarpado Maior que 75% Fonte: IBGE, Senso 2000 • Pedregosidade - refere-se à proporção relativa de calhaus (frações com 2 a 20cm de diâmetro) e matacões (frações com 20 a 100cm de diâmetro) sobre a superfície e/ou na massa de solo. • Rochosidade - refere-se à proporção relativa de exposições de rochas, quer se trate de afloramentos rochosos, camadas delgadas de solos sobre rochas ou ocorrência significativa de matacões com mais de 100cm de diâmetro. 3. CARACTERIZAÇÃO SUCINTA DOS SOLOS Esta caracterização compreenderá a abordagem de algumas particularidades constantes nos diferentes tipos de solos e de terrenos. Serão considerados dois níveis categóricos do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, compreendendo as “Ordens” e as “Subordens”. O nível categórico caracterizado como ‘Ordem” é, em geral, identificado pelo tipo de horizonte diagnóstico subsuperficial. No caso dos “Solos Pouco Evoluídos” ocorrem, normalmente, subordens de solos sem horizonte diagnóstico subsuperficial. a) Solos com Horizonte B Latossólico Os solos pertencentes a este nível categórico são, em geral, profundos a muito profundos, bem a excessivamente drenados, com boa porosidade e baixa relação textural, refletida pelo pequeno acréscimo de argila nos horizontes 8 subsuperficiais. Neles, verifica-se pouca diferenciação entre os horizontes. São solos minerais, não hidromórficos, com seqüência de horizontes A, Bw e C ao longo do perfil, Devido ao avançado estágio de intemperismo e ao intensivo processo de lixiviação comuns a estes solos, resultam as seguintes características: predominância de minerais de argila do grupo 1:1 e sesquióxidos na composição da fração coloidal; capacidade de troca de cátions inferior a 1 7cmolc/kg de argila (sem correção para carbono); baixos teores de minerais pouco resistentes ao intemperismo e baixa reserva de elementos nutritivos para as plantas. Em geral, são fortemente ácidos, têm baixa soma e saturação por bases, predominando solos com caráter distrófico, tendo também ocorrências expressivas de solos álicas e, em menores extensões, solos eutróficos. Deverão apresentar, além das características citadas, as seguintes propriedades: composição granulométrica em que a classe textural seja mais fina do que areia franca (textura média a muito argilosa); em geral a massa do solo tem aspecto maciço poroso, com forte agregação das partículas em grânulos, ocorrendo, com menor frequência, solos com estrutura em blocos subangulares. Trata-se, em geral, de solos pouco suscetíveis aos processos erosivos. Normalmente, estes solos apresentam boas propriedades físicas, sem impedimentos ao desenvolvimento das raízes das plantas. Ocorrem em áreas com topografias diversas, encontrando-se desde relevo plano até montanhoso, havendo predomínio de ocorrências desses solos em áreas com relevo plano e suave ondulado, situações que são favoráveis ao emprego de diversos implementos e práticas de manejo agrícola. Têm boa capacidade de retenção de umidade. Em geral, a correção da deficiência de fertilidade e da acidez, com aplicações de adubos e calcário, torna esses solos amplamente favoráveis ao uso agrícola, podendo ser utilizados por culturas tanto de ciclo curto como de ciclo longo, que sejam climaticamente adaptáveis à região. Dentre eles destacam-se, com extensões expressivas, as seguintes subordens: Latossolos Amarelos (LA), Latossolos Vermelho-Amarelos (LVA). Latossolos Vermelhos (LV) e Latossolos Brunos (LB). 9 b) Solos com Horizonte B Textural Neste nível categórico estão compreendidos solos minerais, hidromórficos ou não, em geral profundos a pouco profundos, com ocorrências, em menor expressão, de solos rasos a pouco profundos. São bem a mal drenados, apresentando considerável iluviação de argila que é evidenciada por alta relação textural (maior incremento nos teores de argila em profundidade em relação aos solos com horizonte B latossólico) e/ou por recobrimento de filmes de material coloidal nas superfícies de contato das unidades estruturais. O horizonte B textural geralmente possui cerosidade. Os solos hidromórficos apresentam feições relacionadas à umidade temporária, como presença de mosqueados, plintita e cores que evidenciam redução de ferro. Estes solos geralmente apresentam maior distinção de cor entre os horizontes A e B tendo, normalmente, estrutura em blocos ou prismática. Têm seqüência de horizontes A, Bt e C. São solos com grandes variações em suas características físicas, químicas e morfológicas, verificando-se ocorrências de solos com propriedades favoráveis ao desenvolvimento das plantas em alguns locais, enquanto em outras regiões ocorrem solos com limitações para uso agrícola. Nesta categoria estão compreendidos solos álicos, distróficos e eutróficos, com argila de atividade alta e baixa. Quando estes solos possuem grandes diferenças de textura entre os horizontes superficiais e subsuperficiais, tornam-se mais suscetíveis aos processos erosivos. Os solos com horizonte B textural ocorrem em áreas com relevo desde plano até forte ondulado. As principais subordens de solos caracterizadas com este tipo de horizonte diagnóstico subsuperficial são: Argissolos Vermelho- Amarelos (PVA), Argissolos Amarelos (PA), Argissolos Vermelhos (PV), Chernossolos Argilúvicos (MI) e Luvissolos Crômicos (LC). c) Solos com Horizonte B Nítico Esta categoria compreende solos minerais, não-hidromórficos, bem drenados, com argila de atividade baixa ou alta, São argilosos ou muito argilosos. sem incremento de argila do horizonte A para o B ou com pequeno incremento, porém não suficiente para caracterizar a relação textura B/A do horizonte B textural. Compreendem. geralmente, solos com características favoráveis ao desenvolvimento dos vegetais, sobretudo quando têm fertilidade natural média a 10 alta (boa disponibilidade de nutrientes). Abrangem as subordens identificadas como Nitossolos Háplicos (NX) e Nitossolos Vermelhos (NV). d) Solos com Horizonte B Plânico Compreendem solos minerais, rasos a pouco profundos,imperfeitamente a mal drenados, que apresentam. em adição às características dos solos com horizonte B textural e mudança textural abrupta, uma ou mais das seguintes propriedades: estrutura colunar ou prismática em alguma parte do horizonte Bt; ocorrências de saturação por sódio trocável igual ou maior que 20% em qualquer suborizonte dentro dos primeiros 40cm do horizonte Bt, ou que tenha magnésio + sódio trocável maior que cálcio trocável + hidrogênio extraível nestes 40 cm superiores, desde que haja saturação por sódio igual ou maior que 20% em algum suborizonte dentro de 2m de profundidade, contados da superfície do solo. Nesta ordem de solos destacam-se, com ocorrências expressivas, as subordens de solos caracterizadas como Planossolos Háplicos (SX), Planossolos Hidromórficos (SG) e Planossolos Nátricos (SN) que ocorrem, normalmente, em relevo plano e suave ondulado. Elevados teores de sódio, má drenagem, reduzida profundidade e condições físicas desfavoráveis constituem fortes limitações ao uso agrícola destes solos. e) Solos com Horizonte B Espódico São solos minerais, hidromórficos ou não, pouco profundos a profundos, imperfeitamente drenados a mal drenados. Possuem horizonte E arenoso, de coloração esbranquiçada. transicionando de forma abrupta para o horizonte B, que é de acumulação de húmus e sesquióxidos de ferro e/ou alumínio e apresenta-se, geralmente. duro, quebradiço e com baixa permeabilidade. Têm seqüência de horizontes A, E, Bh ou Bhir e C, com nítida diferenciação entre eles. Têm muito baixa fertilidade natural, sendo, em geral, solos álicos. Suas características físicas e químicas são extremamente desfavoráveis ao desenvolvimento da maioria das plantas. Nas áreas com estes solos, verifica-se predominância de relevo plano e suave ondulado. Compreendem, predominantemente, a subordem identificada como 11 Espodossolo Ferrocárbico (ES). f) Solos com Horizonte B Incipiente Compreendem solos minerais, não hidromórficos, em geral moderadamente drenados e bem drenados, pouco profundos ou rasos - mais raramente profundos, com desenvolvimento pedogenético pouco pronunciado. Teores superiores a 4% de minerais primários facilmente intemperizáveis e presença de fragmentos da rocha- matriz semiintemperizados são algumas características do horizonte B incipiente. São solos com seqüência de horizontes A, Bi e C, Neles, a distribuição de argila ao longo do perfil é praticamente uniforme. Têm, em partes da área, características físicas restritivas ao uso agrícola. Quanto às características químicas, verificam-se grandes variações, ocorrendo solos álicos, distróficos e eutróficos, com argila de atividade alfa e baixa. Foram mapeados em áreas com topografias diversas, verificando-se desde relevo plano até escarpado, com as seguintes subordens: Cambissolos Háplicos (CX) e Cambissolos Húmicos (CH). g) Solos com Horizonte Plíntico Compreendem solos minerais caracterizados, fundamentalmente por terem horizonte com plintita em quantidade igual ou superior a 1 5% e espessura de pelo menos 15cm. Compreendem as subordens Plintossolos Háplicos (PX) e Plintossolos Pétricos (PP). Os Plintossolos Háplicos são formados sob condições de restrição à percolação da água e sujeitos, portanto, ao efeito temporário de excesso de umidade, sendo, em geral, imperfeitamente drenados a mal drenados. Têm, normalmente, seqüência de horizontes A, Bf e C. São, em sua maioria, de baixa fertilidade - solos álicos ou distróficos, com argila de atividade baixa. Em proporções menos expressivas, ocorrem solos eutróficos. São predominantes em áreas com relevo plano e suave ondulado. Os Plintossolos Pétricos são caracterizados por terem, em sua constituição, mais de 50% em volume de concreções ferruginosas, de tamanho e forma variados. São rasos a medianamente profundos, bem a moderadamente drenados, com seqüência de horizontes A (ou Ac), Bc e C ou A (ou Ac) e C. Têm, geralmente, argila de atividade baixa e podem ser álicas ou distráficos, muito raramente 12 eutróficos. Os elevados conteúdos de concreções constituem a maior limitação ao uso agrícola dos Plintossolos Pétricos, posto que reduzem o volume útil de terra e, conseqüentemente, a disponibilidade de nutrientes, a reservo de água e o espaço necessário ao desenvolvimento normal das raízes. Ocorrem em áreas com relevo desde plano até forte ondulado. h) Solos com Horizonte Glei Compreendem solos constituídos por material mineral, mal a muito mal drenados, com texturas diversas e, em geral, de baixa a média fertilidade natural, O horizonte glei é fortemente influenciado pelo lençol freático, resultando em saturação com água durante algum período ou o ano todo. As más condições de drenagem e os riscos de inundações presentes em partes das áreas onde predominam estes solos, constituem fatores restritivos à sua utilização agrícola. Ocorrem em áreas planas abrangendo, principalmente, as subordens identificadas como Gleissolos Háplicos (GX), Gleissolos Tiomórficos (GJ) e Gleissolos Sálicos (GZ). i) Solos com Horizonte Vértico São constituídos por material mineral, com pelo menos 30% de argila nos 20cm superficiais. Apresentam fendas verticais no período seco, com pelo menos 1 cm de largura, atingindo, no mínimo, 50cm de profundidade, exceto nos solos rasos, onde o limite é de 30cm de profundidade. Têm, em geral, textura argilosa a muito argilosa. Ocorrem, predominantemente, em áreas com relevo plano. São solos com bom potencial agrícola requerendo, entretanto, cuidados especiais para sua utilização. As principais subordens compreendem os Vertissolos Ebânicos (VE), Vertissolos Cromados (VC) e Vertissolos Hidromórficos (VG). j) Solos pouco Evoluídos e sem Horizonte B diagnóstico Nesta categoria estão compreendidos solos minerais não-hidromórficos, bem a excessivamente drenados, com horizonte A sobrejacente a camadas, a rochas ou a horizonte C. Sua principal característica é a pouca evolução dos perfis. 13 Neste nível de classificação estão englobados solos com profundidades diversas, desde rasos a muito profundos. Em geral, possuem características físicas desfavoráveis ao desenvolvimento das plantas. Quanto à fertilidade natural, ocorrem solos álicos, distróficos e eutróficos. Os solos assim caracterizados foram identificados em todas as classes de relevo. As ocorrências mais expressivas destes solos são constituídas pelas seguintes subordens: Neossolos Quartzarênicos (RQ), Neossolos Flúvicos (RU), Neossolos Litólicos (RL) e Neossolos Regolíticos (RR). 3.1 Atual Classificação das Ordens de solos, segundo o Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (Embrapa-Solos/1999). 1) ARGISSOLOS 2) CAMBISSOLOS 3) CHERNOSSOLOS 4) ESPODOSSOLOS 5) GLEISSOLOS 6) LATOSSOLOS 7) LUVISSOLOS 8) NEOSSOLOS 9) NITOSSOLOS 10) ORGANOSSOLOS 11) PLANOSSOLOS 12) PLINTOSSOLOS 13) VERTISSOLOS 14 Principais Ordens de Solos e tipos de Terrenos Fonte: IBGE (2000) 4. TIPOS DE TERRENOS São assim caracterizadas unidades que não apresentam desenvolvimento pedogenético. Constituem áreas com características extremamente desfavoráveis ao uso agrícola. As áreas ocupadas pelos diferentes tipos de terrenos são, normalmente, de extensão pouco expressiva, destacando-se: • Afloramentos de Rocha (AR) - são tipos de terrenos representados por exposições de diferentes tipos de rochas brandas ou duras, desprovidas ou com reduzidas porções de materiais detríticos grosseiros não consolidados, formados por mistura de material terroso e grandes proporções de fragmentos provenientes da degradação das rochas, ou ainda ocorrência significativa de matacões, em geral 15 commais de 100 cm de diâmetro; e • Dunas (DN) - originam-se quase que exclusivamente de deposições de material areno-quartzoso, de origem eólica, sem cobertura vegetal que as tornem fixas. 5. CLASSES DE POTENCIALIDADE AGRÍCOLA NATURAL O potencial agrícola natural está diretamente relacionado a fatores intrínsecos e extrínsecos do solo, que viabilizam ou limitam a utilização da terra. A terra ideal é aquela que possui as melhores condições possíveis de potencialidade para o crescimento das mais exigentes formas organizadas de associações vegetais. Em geral, apresenta elevada fertilidade natural, sem deficiência de água e de oxigênio; não é suscetível à erosão; e não possui impedimentos ao uso de implementos agrícolas. Partindo-se do conceito dessa terra ideal, quaisquer outras variações apresentadas, que não preencherem as exigências atribuídas, serão consideradas desvios, constituindo limitações ao uso agrícola, portanto subsidiando a caracterização de diferentes classes de potencialidade agrícola. De acordo com as características dos solos que ocorrem em maior proporção, bem como da topografia (relevo) da área por eles ocupada, foram avaliados aspectos favoráveis ou desfavoráveis, possibilitando a identificação das classes de potencialidade agrícola descritas a seguir. Nesta abordagem não foram levados em consideração os fatores climáticos da região. Quanto às limitações, é dada ênfase àquelas que têm maior significado. a) Boa - Esta classe de potencialidade compreende predominância de solos com características favoráveis ao desenvolvimento das plantas. São, em geral, solos profundos a muito profundos, bem drenados, predominantemente de textura média ou argilosa, com fertilidade natural variando de alta a média. Ocorrem, em sua maioria, em áreas com topografia plana e suave ondulada. Nestas áreas, as plantas climaticamente adaptadas encontram, geralmente, condições de solos favoráveis ao pleno e satisfatório desenvolvimento, podendo proporcionar bons índices de produtividade, praticamente sem limitações. 16 A topografia, aliada às características do solo, proporciona a estas áreas condições propícias ao uso JW mecanização agrícola. Nas regiões em que forem cotejadas implantações de agricultura irrigada, as condições de solo e topografia constituem aspectos favoráveis para estes empreendimentos. Verifica-se que em cerca de 4,2% do Território Nacional predominam solos com esta classe de potencialidade agrícola. b) Boa a Regular - Nesta classe de potencialidade ocorre predominância de solos com características físicas favoráveis ao desenvolvimento das plantas. Compreendem, em sua maioria, solos bem drenados, medianamente profundo a muito profundos, de textura média ou argilosa. Ocorrem, predominam em superfícies planas e suave. Devido à pouca disponibilidade de nutrientes, estes solos apresentam limitações de fertilidade natural que constituem restrições ao pleno e satisfatório desenvolvimento de culturas climaticamente adaptadas. Entretanto, poderão responder satisfatoriamente às práticas de adubações (correções das deficiências de nutrientes. Constituem áreas com bom potencial para implantação de cultivas intensivos, adaptando-se a práticas de mecanização e de irrigação. Verifica-se que em cerca de 4,0% do Território Nacional predominam solos com esta classe de potencialidade agrícola. c) Regular a Boa - Nesta classe estão compreendidas áreas com predominância de solos com fertilidade natural variando de média a alta, profundos a medianamente profundos. com textura bastante variável, podendo ocorrer desde solos com textura média até argilosa, mal a moderadamente drenados. As deficiências de drenagem e os altos teores de areia, em parte da área, constituem características físicas desfavoráveis destes solos. As principais limitações para utilização agrícola destas áreas advêm das deficiências de drenagem dos solos e dos riscos de inundações a que grande parte delas está sujeita. Nas áreas em que foi identificada esta classe de potencialidade predomina topografia plana e a suave ondulada. Verifica-se que em cerca de 5,0% do Território Nacional predominam solos 17 com esta classe de potencialidade agrícola. d) Regular - Nas áreas identificadas com esta classe de potencialidade agrícola predominam solos medianamente profundos a muito profundos. bem a moderadamente drenados. de textura média a muito argilosa. As limitações presentes nestas áreas, que constituem restrições a um bom desenvolvimento das plantas. são oriundas. predominantemente da baixa fertilidade natural dos solos, devido à baixa disponibilidade de nutrientes e aos teores elevados de alumínio trocável. Nestas áreas a topografia é, em geral. plana e suave ondulada. Constituem. em sua maioria, áreas com potencial para serem exploradas com culturas climaticamente adaptadas. necessitando, entretanto, de práticas de adubação (correções das deficiências de nutrientes) e de calagem - aplicação de corretivos (diminuição da acidez e dos teores de alumínio trocável). Verifica-se que em cerca de 30,5% do Território Nacional predominam solos com esta classe de potencialidade agrícola. e) Regular a Restrita - Classe de potencialidade agrícola compreendida por predominância de solos pouco profundos a profundos, moderadamente a excessivamente drenados, arenosos a argilosos, com alta fertilidade natural. Ocorrem, geralmente, em áreas com topografia variando de plana a ondulada. Nestas poderão estar presentes uma ou mais seguintes limitações: baixa disponibilidade de nutrientes, teores elevados de alumínio trocável, textura arenosa. pequena profundidade efetiva e fortes declives. N regiões com topografia mais moviment poderão ocorrer restrições por susceptibilidade à erosão. Partes destas poderão ser potencialmente utilizadas, desde que sejam corrigidas. Verifica-se que em cerca de 9,2% Território Nacional predominam solos com esta classe de potencialidade agrícola. f) Restrita - Nesta classe de potencialidade ocorre predominância de solos com características físicas desfavoráveis ao desenvolvimento das plantas. São, em geral, solos pouco profundos, tendo a profundidade com textura média a muito argilosa, imperfeitamente drenados a bem drenados, com baixa fertilidade natural. A topografia das áreas em que foi caracterizada esta classe de potencial, varia de 18 ondulada a montanhosa. O baixo potencial destas áreas é resultante de limitações devidas a uma ou mais das seguintes características: fortes declives, restrição de drenagem, excesso de alumínio e pequena profundidade efetiva. Verifica-se que em cerca de 18% do Território Nacional predominam solos c esta classe de potencialidade agrícola.<2 g) Restrita a Desfavorável - Classe de potencialidade compreendida por dominância de solos com fortes limitações devido a características físicas e químicas desfavoráveis. São, em geral, solos pouco profundos a profundos, moderadamente drenados a imperfeitamente drenados. com baixa fertilidade natural, de textura média ou argilosa, com elevada saturação por sódio trocável. A topografia é, em geral, plana e suave ondulada. Nas áreas com esta classe de potencialidade agrícola, as possibilidade de êxitos com explorações agrícolas são escassas. Nelas, as principais limitações resultam dos elevados teores de sódio trocável, da deficiência de drenagem e dos riscos de inundações a que poderão estar sujeitas. Verifica-se que em cerca de 2,4% do Território Nacional predominam solos com esta classe de potencialidade agrícola. h) Áreas Atualmente Desaconselháveis à Utilização Agrícola - Em aproximadamente 26,7% do Território Nacional foram cartografadas unidadesem que predominam solos com limitações muito fortes ou áreas com topografia muito movimentada, que as tornam atualmente desaconselháveis à utilização agrícola. São áreas praticamente sem potencial para práticas agrícolas, por apresentarem, em geral, uma ou mais das seguintes restrições: fertilidade natural muito baixa, teores elevados de sais solúveis, solos rasos, pedregosidade, rochosidade, textura arenosa, topografia montanhosa e escarpada, riscos de inundações e deficiência de drenagem. 19 CLASSES DE POTENCIALIDADE AGRÍCOLA NATURAL a) Boa: profundos a muito profundos, bem drenados, textura média ou argilosa, fertilidade natural variando de alta a média, relevo plano a suave ondulado (mecanização agrícola e agricultura irrigada), sem limitações. b) Boa a Regular: fertilidade média a baixa, bem drenados, medianamente profundo a muito profundos, textura média ou argilosa, relevos plano a suave ondulado (mecanização agrícola e agricultura irrigada), limitações: fertilidade do solo. c) Regular a Boa: fertilidade natural variando de média a alta, profundos a medianamente profundos, textura variável, mal a moderadamente drenados relevo plano e suave ondulado, (limitações: deficiências de drenagem com riscos de inundação, e altos teores de areia). d) Regular: medianamente profundos a muito profundos, bem a moderadamente drenados, textura média a muito argilosa, baixa fertilidade (limitações: necessidades de correções das deficiências de nutrientes e aplicação de corretivos). e) Regular a Restrita: pouco profundos a profundos, moderadamente a excessivamente drenados, arenosos a argilosos, alta fertilidade natural, relevo plano a ondulado (limitações: baixa disponibilidade de nutrientes, teores elevados de alumínio trocável, textura arenosa, pequena profundidade efetiva e fortes declives e susceptibilidade à erosão). f) Restrita: pouco profundos, textura média a muito argilosa, imperfeitamente drenados a bem drenados, baixa fertilidade natural, relevo ondulada a montanhoso (limitações: fortes declives, restrição de drenagem, excesso de alumínio e pequena profundidade efetiva). g) Restrita a Desfavorável: pouco profundos a profundos, moderadamente a imperfeitamente drenados, baixa fertilidade, textura média ou argilosa, elevada saturação por sódio trocável, relevo plano e suave ondulada (limitações: elevados teores de sódio trocável, deficiência de drenagem e riscos de inundações). h) Desaconselháveis: fertilidade muito baixa (elevados teores de sais solúveis), solos rasos, pedregosidade, rochosidade, textura arenosa, relevo montanhoso e escarpada, riscos de inundações e deficiência de drenagem. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Anuário estatístico do Brasil 2000. IBGE, v.60, 2000. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos. Brasília: Embrapa produção de informação; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412p.
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