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Crimes de Contravenção Penal2

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CRIMES DE CONTRAVENÇÃO PENAL
Infração Penal
(Gênero)-O Ordenamento Jurídico Brasileiro adotou o sistema bipartido ou critério dicotômico, comportando a infração penal duas espécies: crimes e contravenções penais.
Crime(Delito):
Reclusão, Detenção e Multa.
 Reclusão: Mais grave-Inicio em regime Fechado.
 Detenção: Inicio em regime aberto.
Contravenção Penal 
(Decreto Lei :3.688/1941)
Prisão Simples e Multa.
Infração Penal
Crime
Contravenção
- Pena de RECLUSÃO;
- Pena de DETENÇÃO;
- Isoladamente ou cumulativamente com pena de multa.
- Pena de PRISÃO SIMPLES;
- Multa isoladamente
- Ambas cumulativa ou alternativamente cumuladas.
Lei das Contravenções Penais - Decreto-lei 3688/41 e 
LEI 9.099/95
As contravenções penais, em tese, são espécies de infração penal de menor gravidade em relação aos crimes;
Não há diferença substancial entre crimes e contravenções, considerando que as duas espécies caracterizam ilícitos penais;
 A diferença legal é meramente formal, em razão da gravidade (ou quantidade da pena).
Art. 61. Considera-se infrações de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.(Lei 9.099/95).
Lei das Contravenções Penais - Decreto-lei 3688/41
	Art.3º : Para a existência da contravenção, basta a ação ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou a culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer efeito jurídico. 
As contravenções penais, independentemente da pena, são INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO. Já os crimes, para serem rotulados como de menor potencial ofensivo, deverá observar o limite da pena máxima em dois anos.
OBS.: Quem julga as contravenções penais é SEMPRE A JUSTIÇA ESTADUAL, AINDA QUE ATINJA BENS, SERVIÇOS OU INTERESSES DA UNIÃO, porque o art. 109, IV da CF diz que a Justiça Federal não julga contravenções. EXCEÇÃO: quando o infrator tem foro por prerrogativa de função na Justiça Federal garantido na CF.
POLÊMICA
Mesmo em se tratando de contravenção penal, por exemplo, vias de fato, não poderá se aplicar a lei 9.099/95, quando a violência ocorrer no âmbito da violência doméstica, em decorrência da vedação contida no art. 41, 11.340/2006.
Em sentido contrário, a doutrina minoritária entende ser aplicável a lei 9.099/95, interpretando restritivamente o art. 41, que usa a expressão crimes.
Inaplicáveis aos crimes e as CONTRAVENÇÕES PENAIS, de incidência na lei Maria da Penha.
Súmula 536 do STJ. A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
*Delitos: crimes e as contravenções penais.
A expressão delitos contemplada pela súmula engloba os crimes e as contravenções penais. Corroborando o entendimento do STJ.
STJ: No contexto dos crimes praticados com violência doméstica ou familiar contra a mulher, a palavra "crime" deve englobar toda e qualquer infração penal, conceito mais amplo que abrange as duas espécies: crime e contravenção penal. (AgRg no AREsp 703.829/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 27/10/2015, DJe16/11/2015).
	De acordo com a Jurisprudência UNÂNIME dos Tribunais Superiores, não se aplica a lei 9.099/95 às contravenções praticadas com violência contra mulher, em razão da vedação do art. 41 da Lei Maria da Penha.
 Inadmissibilidade da punição da tentativa
Art. 4° - Não é punível a tentativa de contravenção. “ITER CONTRAVENTIONIS”
E o que é Tentativa? Ocorre quando iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente.
Quanto à contravenção, no aspecto fático, obviamente, é possível tentar-se praticar uma contravenção, mas o legislador trata a hipótese como irrelevante penal.
Pode-se dizer que é atípica a tentativa de contravenção.
Aplicam-se: Art. 14, I, CP – consumação; 
Art. 16, CP – arrependimento posterior; 
Art.17, CP – crime impossível.
Dificilmente será aplicado o artigo 15, CP – desistência voluntária e arrependimento eficaz – pois, na maioria das contravenções, não há resultado naturalístico ou este não é exigido para consumação.
Em sua maioria, trata-se de infrações de perigo abstrato.
Exceção: art. 29, LCP.
Limite das penas (30 x 5)
No caso de crime, o limite de cumprimento de pena é de 30 anos. No caso de contravenção, o limite de cumprimento da pena é de 5 anos (art.10).
Espécies de Pena
Prisão simples
Multa
Art. 5° - As penas principais são:
I - prisão simples;
II – multa.
Aplicação da pena privativa de liberdade segue o critério trifásico - art. 68, CP.
A pena de multa também segue os critérios do CP (art. 49 e 60).
De acordo com o art. 1º, da Lei de Introdução ao Código Penal e da Lei das Contravenções Penais, contravenção é “a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.
 Sem rigor penitenciário;
 Em estabelecimento especial;
Em regime semiaberto ou aberto.
Art. 6° - A pena de prisão simples deve ser cumprida, SEM RIGOR PENITENCIÁRIO, em ESTABELECIMENTO ESPECIAL ou seção especial de prisão comum, em regime SEMI ABERTO ou ABERTO.
DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Exercício Ilegal de Profissão ou Atividade
Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está subordinado o seu exercício.
 Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. 
EXERCÍCIO ILEGAL DE PROFISSÃO OU ATIVIDADE
Fundamento Constitucional: art. 5º, XIII da Constituição Federal (é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer). 
Objetividade jurídica: é o interesse social de que determinadas profissões somente sejam exercidas por pessoas que preencham os requisitos e qualificações previstas em lei. 
Sujeitos: ativo (qualquer pessoa), passivo (a coletividade e as classes profissionais e econômicas ).
Norma penal em branco: precisa de complementação, visto que as profissões ou atividade devem estar reguladas em lei. 
Atipicidade: se a profissão ou atividade exercida não for regulada em lei, não há a contravenção. Ex.: atividade de ourives, atividade de árbitro ou mediador (STF, HC 92193/PE, 2008). 
Condutas típicas: Consistem em exercer, realizar, desempenhar ato próprio de profissão ou atividade econômica ou anunciar, dar notícia, publicar, revelar tal mister.
Condutas: exercer ou anunciar que a exerce. 
Elemento subjetivo: dolo. 
Consumação e tentativa: Ocorre com a realização do ato ou com o anúncio. A tentativa é impunível
Habitualidade: é exigida, em face da expressão “exercer” que vem de “exercício”. Existem posicionamentos contrários de que um único ato configura. 
Exemplos: advocacia, corretor de imóveis, vigilante. O exercício ilegal da medicina, farmácia, tem-se o crime do art. 282 do CP. 
Advogado impedido ou suspenso: se exercer a advocacia responde pela contravenção (STJ e STF), mesmo que seja em outra unidade da federação, pois o impedimento ou a suspensão tem validade em todo o território nacional. Não é hipótese de aplicação do art. 205 do CP, pois o STJ entende que decisão administrativa não inclui decisão da OAB. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del6259.htm
Art. 58. Realizar o denominado "jogo do bicho", em que um dos participantes, considerado comprador ou ponto, entrega certa quantia com a indicação de combinações de algarismos ou nome de animais, a que correspondem números, ao outro participante, considerado o vendedor ou banqueiro, que se obriga mediante qualquer sorteio ao pagamento de prêmios em dinheiro. 
Penas: de seis (6) meses a um (1) ano de prisão simples e multa de dez mil cruzeiros (Cr$ 10.000,00) a cinquenta mil cruzeiros (Cr$ 50.000,00) ao vendedor ou banqueiro,
e de quarenta (40) a trinta (30) dias de prisão celular ou multa de duzentos cruzeiros (Cr$ 200,00) a quinhentos cruzeiros (Cr$ 500,00) ao comprador ou ponto.      (Vide Lei n º 1.508, de 1951)*.
§ 1º Incorrerão nas penas estabelecidas para vendedores ou banqueiros:       
 a) os que servirem de intermediários na efetuação do jogo;        
 b) os que transportarem, conduzirem, possuírem, tiverem sob sua guarda ou poder, fabricarem, darem, cederem, trocarem, guardarem em qualquer parte, listas com indicações do jogo ou material próprio para a contravenção, bem como de qualquer forma contribuírem para a sua confecção, utilização, curso ou emprego, seja qual for a sua espécie ou quantidade;       
c) os que procederem à apuração de listas ou à organização de mapas relativos ao movimento do jogo;
d) os que por qualquer modo promoverem ou facilitarem a realização do jogo.    
§ 2º Consideram-se idôneos para a prova do ato contravencional quaisquer listas com indicações claras ou disfarçadas, uma vez que a perícia revele se destinarem à perpetração do jogo do bicho.      
§ 3º Na ausência de flagrante, instaurar-se-á o necessário processo fiscal, cabendo a aplicação da multa cominada neste artigo à autoridade policial da circunscrição, com recurso para o Chefe de Polícia, atribuídos aos autuantes 50% das multas efetivamente recolhidas.        (Revogado pela Lei nº 1.508, de 1951)
LCP ART. 58 - JOGO DO BICHO
Revogado pelo art. 58 do Decreto-Lei n. 6.259/44
* Regulao Processo das Contravenções definidas nos artigos 58 e 60 doDecreto-leinº 6.259, de 10 de fevereiro de 1944.
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LCP ART. 58 – JOGO DO BICHO
Objetividade jurídica: Os bons costumes.
Sujeito ativo: temos a figura do vendedor ou banqueiro, apostador ou comprador e os intermediários que são equiparados aos primeiros para fins de aplicação da pena. 
Sujeito passivo: É o Estado, a coletividade também é atingida violentamente com a propagação de jogos, sejam eles legais ou ilegais, o que a torna também sujeito passivo material da conduta quando a exploração não for feita pelo Estado. 
Elementos Objetivos do Tipo: a conduta descrita é realizar, ou seja, tornar real, efetivo, existente o denominado jogo do bicho, que é o objeto da conduta ilícita, seja bancando, montando, instalando, fazendo, administrando e etc, pois o tipo não exige conduta específica do agente.
Elementos Subjetivos do Tipo: É o dolo. Exige uma conduta comissiva.
Consumação e Tentativa: A infração se consuma com a simples realização da conduta descrita, que por sua vez, deve ser praticada com o dolo do agente. A tentativa nestes casos não é relevante para que mereça uma punição, assim quis o legislador.
Súmula 51 do STJ: para punição do intermediário não é necessário identificar o banqueiro. 
Tipo de ação: Ação Pública Incondicionada.
Lei n. 1.508/51 procedimento especial para jogo do bicho. 
Em regra é importante a realização de perícia na documentação ou material apreendido.
A conclusão a que se chega é que a discussão em torno do jogo do bicho, se este é ou não jogo de azar, para fins de enquadramento no artigo 50 da Lei das Contravenções Penais, é descabida, visto que o artigo 58, § 1º, alínea b, do Decreto-lei n.º 6.259/44 trata do assunto em específico. 
POLÊMICA
	A objetividade jurídica do capítulo que trata do jogo do bicho não se condiz mais com a realidade em que vivemos e é preciso que o legislador busque outras formas de por um ponto final na questão, pois de um lado ele reprime e de outro usa nosso sistema legalista para explorar sozinho o que ele mesmo condena, se é moral ou não este posicionamento é certo que é legal, mas por outro lado cria uma insegurança nos princípios básicos que norteiam toda estrutura do sistema jurídico penal prejudicando todo esforço da doutrina em dar sistemática e coerência ao estudo dogmático da Lei.
No que diz respeito à confirmação da vigência da norma em detrimento do costume a jurisprudência é farta:
“CONTRAVENÇÃO PENAL - "Jogo do bicho" - Tolerância do Poder Público e do costume reinante - Irrelevância - Absolvição inadmissível - Apelação provida - Aplicação do art. 58, § 1º, "b", do Dec.-lei 6.259/44 - Inteligência do art. 2º da LICC (TACrimSP - Ement.) RT 613/346.” 
“CONTRAVENÇÃO PENAL - Jogo do bicho - Princípio da legalidade -Costume como fonte do Direito Penal - Requisitos - Validade da existência da contravenção no sistema normativo (TACrimSP) RT 728/557.”
Não foram poucos os Projetos de Lei apresentados no Congresso Nacional nos últimos anos, ao todo são mais de 60 projetos de lei desde o ano de 1951 até 2004, buscando, na maioria das proposições, a legalização do jogo do bicho
Vejamos algumas Ementas de Projetos de Lei defendendo a legalização:
“PL-383/1999. Ementa: Institui a Loteria Municipal de prognósticos sobre o resultado de sorteio de números, organizada nos moldes da loteria denominada jogo do bicho e revoga dispositivos legais referentes a sua prática e determina outras providências.”
 “PL-1074/1995. Ementa: DISPÕE SOBRE A INSTITUIÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO SOCIAL INCIDENTE SOBRE O CHAMADO JOGO DO BICHO.” 
“PL-1212/1991. Ementa: Dispõe sobre a concessão para a exploração da loteria denominada Jogo do Bicho e dá outras providências.” 
Algumas Ementas de Projetos de Lei, em que se busca uma maior repressão ao jogo do bicho: 
“PL-1986/2003. Ementa: Proíbe a prática e a exploração do jogo de bingo, de caça-níqueis, do jogo do bicho e de outros jogos de azar.” 
“PL-1413/1983. Ementa: DEFINE O JOGO DE AZAR COMO CRIME, PUNIVEL COM RECLUSÃO, EXCLUINDO-O DA LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS E DANDO OUTRAS PROVIDÊNCIAS.”
 “PL-950/1968. Ementa: ALTERA O ARTIGO 174 DO DECRETO-LEI 2848, DE 07 DE DEZEMBRO DE 1940 (CODIGO PENAL). Explicação: JOGO DO BICHO - PENA RECLUSÃO DE 01 A 03 ANOS E MULTA DE UM A CINCO MIL CRUZEIROS)”. Dados disponíveis em: http://www.camara.gov.br/
Vídeo 2
REFERÊNCIAS
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3688.htm
https://www.youtube.com/watch?v=EMZJAFm38c0
BRASIL Código penal (1940). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>. 
BRASIL, Decreto-lei 6.259 (1944). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del6259.htm>. 
BRASIL. Lei das contravenções penais (1941). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3688.htm>. 
BRASIL. Lei de introdução ao código penal e da lei de contravenções (1941). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3914.htm>. 
BRASIL. Lei dos juizados especiais cíveis e criminais (1995). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm>.
CAPEZ, Fernando. Princípio da insignificância ou bagatela. Disponível em: <http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=2009071614033828&mode=print>. 
GRECO, Rogério. Curso de direito penal. 13. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011.
JESUS, Damásio E. de. Lei das contravenções penais anotada. 10. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 7. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2011.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm
JESUS, Damásio Evangelista de. Lei das Contravenções Penais Anotada. 5.ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 201.

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