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OBRIGAÇÕES MATERIAL DE APOIO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
TEORIA DO INADIMPLEMENTO
Na realização do negócio jurídico ou nas relações obrigacionais, de modo geral, sabe-se que o credor espera que a obrigação se cumpra espontaneamente no vencimento e demais condições consentidas entre as partes. Em outros termos, aguarda o credor que a prestação lhe seja entregue pelo devedor no tempo e lugar devidos.
O inadimplemento ou inexecução significa o não cumprimento da obrigação no modo, tempo e lugar devidos.
Quando o inadimplemento é não culposo, ou seja, ocorre sem culpa do devedor, regra geral, acarreta a resolução da obrigação. As partes retornam à situação em que se encontravam antes da constituição do vínculo obrigacional. O sujeito passivo, neste caso, não pode ser mais forçado a entregar a prestação, mas deve restituir ao sujeito ativo eventuais pagamentos que tenha recebido.
No inadimplemento culposo impõe-se ao sujeito culpado pelo não cumprimento da obrigação o dever de indenizar os prejuízos que sua conduta ocasiona. A indenização é representada pelo pagamento do valor das perdas e danos, juros, correção monetária, honorários de advogados e multa estabelecida em cláusula penal.
	
Obrigatoriedade dos contratos:
	De acordo com o clássico princípio da obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda), estes devem ser cumpridos. O não cumprimento acarreta a responsabilidade por perdas e danos (art. 389, CC/2002).
	A responsabilidade civil é patrimonial: “pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor” (art. 391, CC).
	A redação do art. 389, CC, pressupõe o não cumprimento voluntário da obrigação, ou seja, culpa. Em princípio, pois, todo inadimplemento presume-se culposo. Incumbe ao inadimplente elidir tal presunção, demonstrando a ocorrência do caso fortuito e da força maior (art. 393, CC).
Contratos benéficos e onerosos:
	Contratos benéficos são aqueles em que apenas um dos contratantes aufere benefício ou vantagem. Nesses contratos, “responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça”.
	Como a culpa grave ao dolo se equipara, pode-se afirmar que responde apenas por dolo ou culpa grave aquele a quem o contrato não favorece.
	Nos contratos onerosos, respondem os contratantes tanto por dolo como por culpa, em igualdade de condições, “salvo as exceções previstas em lei” (art. 392, 2ª parte, CC).
Requisitos para a sua configuração:
a) O fato deve ser necessário, não determinado por culpa do devedor.
b) O fato deve ser superveniente e inevitável.
c) O fato deve ser irresistível, fora do alcance do poder humano.
ESPÉCIES DE INADIMPLEMENTO
Na dinâmica da relação obrigacional, lembra Clóvis do Couto e Silva, na insuperável obra “A obrigação como um processo”, podemos concluir que o vínculo travado entre credor e devedor há de desembocar no adimplemento ou no inadimplemento absoluto ou relativo da prestação devida.
1.1. Inadimplemento Absoluto 
a) Fortuito
O inadimplemento absoluto (descumprimento total da obrigação), quando fortuito (art. 393, CC), simplesmente extingue a obrigação.
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
b) Culposo
Todavia, quando for culposo (art. 389, CC), poderá gerar a obrigação de indenizar (perdas e danos). 
Obs.: perdas e danos será vista em contratos e em responsabilidade civil.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
1.2. Inadimplemento Relativo
O inadimplemento relativo, também conhecido como mora (descumprimento parcial da obrigação), será detalhadamente estudado abaixo.
MORA – Inadimplemento Relativo
Conceito
Ocorre a mora, que tanto pode ser do devedor como do credor, quando o pagamento não é feito no tempo, lugar ou forma convencionados: 
Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
	
2.2. Mora do Credor (credendi ou accipiendi)
a) Configuração 
A mora do credor pode, de fato, existir, quando ocorrer a recusa injustificada de receber o pagamento ou emitir a quitação (art. 313, CC Portugal). Lembra Silvio Rodrigues que a mora do credor independe da investigação de sua intenção ou sua culpa. 
b) Efeitos da Mora do Credor 
CC. Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.
b.1. Retira a responsabilidade do devedor pela coisa: mas o devedor também não pode abandonar a coisa, tem de, pelo menos, depositar a coisa em juízo.
b.2. Obriga o credor a ressarcir as despesas suportadas pelo devedor para conservar a coisa: gastos com a manutenção da coisa e com o depósito desta.
b.3. Valor mais favorável ao devedor: se o valor variar entre o dia estabelecido pelo pagamento e o dia do pagamento efetivo, o credor receberá a coisa pagando ao devedor o maior valor entre os variados.
Ex: sou devedor de uma vaca e, no dia do pagamento, o credor não aparece. Quando o credor aparecer para pagar, pagará o maior valor entre os que tiverem variado.
Mora do Devedor (debendi ou solvendi)
a) Configuração
A mora do devedor se dá com o retardamento culposo da obrigação ainda viável (porque se a obrigação for inviável, trata-se de inadimplemento absoluto com consequente resolução do contrato).
b) Requisitos
Segundo a doutrina de Clóvis Bevilaqua, podemos decompor a mora do devedor em quatro requisitos:
b.1. Existência de dívida líquida e certa: ninguém pode estar em mora de dívida que não se sabe quantidade.
b.2. Vencimento da dívida: a dívida deve ser exigível e, para isso, deve estar vencida. Contudo, o vencimento pode ser certo ou sem termo:
b.2.1. Obrigação com vencimento certo: para as obrigações que tenham vencimento certo, a mora opera-se automaticamente (mora ex re) independentemente de comunicação ao devedor. Há até a expressão segundo a qual “o dia interpela pelo homem”, dies interpellat pro homine.
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. 
Obs.: podemos até encontrar situações na lei que, embora a obrigação tenha vencimento certo, o devedor ainda tenha de ser notificado. Contudo, tais situações são exceções, sendo que a regra é a de que a mora é automática.
b.2.2. Obrigação sem termo: por outro lado, caso a obrigação não tenha vencimento certo, o credor deve comunicar ao devedor estar ele em mora; a referida mora passa a se chamar mora ex persona.
Art. 397. Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.
Obs.: O STJ, em mais de uma oportunidade, já assentou o entendimento no sentido de que a comunicação ao devedor, em sede de ação de busca e apreensão em alienação fiduciária, é apenas comprobatória da mora ex re que já existia (pois as obrigações nesses contratos são com vencimento certo). AgRg no REsp 1.041.543/RS.
b.3. Culpa do devedor: o atraso no cumprimento da obrigação pressupõe culpa do devedor. Assim, se não existir um fato ou uma omissão do devedor, não ocorre a mora, pois esta pressupõe sua culpa. Ex: devedor está indo cumprir sua obrigação quando é sequestrado. O sequestro é um fato não imputável ao devedor, logo, ele não está em mora.
Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora.
b.4. Viabilidade do cumprimento tardio da obrigação: obviamente, só há razão em se falar em mora,caso ainda haja viabilidade no cumprimento tardio da obrigação, ou seja, caso ainda haja objetivo interesse do credor (§ único art. 395, CC e Enunciado 162, 3ª Jornada). Caso não haja, estamos diante de inadimplemento absoluto:
Art. 395. Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos.
162 – Art. 395: A inutilidade da prestação que autoriza a recusa da prestação por parte do credor deverá ser aferida objetivamente, consoante o princípio da boa-fé e a manutenção do sinalagma, e não de acordo com o mero interesse subjetivo do credor.
Obs.: sinalagma - quando a prestação de uma das partes é causa da prestação da outra parte (contratos sinalagmáticos, ex: compra e venda. Eu compro porque você vende, você vende porque e compro. É relação de causa e efeito entre as prestações).
c) Efeitos da Mora do Devedor
Fundamentalmente, a mora do devedor gera dois efeitos:
c.1. Responsabilidade civil pelos prejuízos causados ao credor: Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
c.2. Responsabilidade civil pela integridade da coisa durante a mora (perpetuatio obligationis)
Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.
c.2.1. Regra: aquele que não entrega a coisa no vencimento encontra-se e mora. No período da mora responde o devedor por tudo o que acontecer com a coisa, inclusive por eventuais danos acidentais (caso fortuito, força maior).
Ex: Obriguei-me a entregar uma cabeça de gado nelore a Pablo no dia 15 de maio. Contudo, eu, devedora, não entrego a vaca no vencimento, logo, me encontro em mora. Durante o prazo da mora, respondo por tudo que acontecer com a vaca, inclusive por eventuais danos acidentais.
c.2.2. Defesas do Devedor
i) Isenção de Culpa (mora do credor): a primeira é comprovar que não é o culpado, pois a mora, por exemplo, foi do credor. E, não estando o devedor em mora, não tinha mais responsabilidade pela coisa desde o vencimento, pois a mora era do credor. 
ii) Inevitabilidade da Ocorrência do Dano: a segunda é que, mesmo que o devedor tivesse cumprido a prestação no prazo, a coisa ainda iria se perder. 
Ex: não entrego a vaca e, posteriormente, uma enchente inunda minha fazenda e a do credor, matando todo o gado. 
Portanto, é fato que o devedor responde pela integridade da coisa durante a mora. Entretanto, se conseguir provar isenção de culpa ou que o dano sobreviria ainda que a prestação fosse oportunamente desempenhada, estará isento de responsabilidade civil.
d) Purgação da Mora - Súmula 284, STJ e Entendimento Atual do STJ
Súmula 284. STJ. Purgação da Mora - Alienação Fiduciária - A purga da mora, nos contratos de alienação fiduciária, só é permitida quando já pagos pelo menos 40% (quarenta por cento) do valor financiado.
Purgar a mora é pagar com atraso. Nos contratos de alienação fiduciária o devedor só poderia purgar a mora (quitar os valores em atraso e não toda a dívida) quando já pagou 40% do valor do financiamento, caso contrário, perderia o veículo.
Contudo, a lei 10.931/2004 levou alguns Ministros do próprio STJ a pensarem de forma diversa do teor da Súmula, dizendo que a mesma está superada. Eles entendem que o devedor pode quitar a dívida toda, independentemente de já ter pagado ou não 40% do valor do financiamento. Assim, o devedor intimado da decisão de busca e apreensão do veículo pode dizer do Banco credor que irá pagar a dívida. 
Veja que não se trata de purgar a mora (porque purgar a mora é pagar o valor atrasado, não a dívida toda), mas sim de quitar a obrigação por inteiro. 
Dizendo o mesmo que já dito acima, mas nas palavras de Pablo: a despeito do que dispõe a súmula 284 do STJ, ainda em vigor, decisões mais recentes do mesmo Tribunal, a exemplo do REsp 767.227/SP, com amparo na Lei 10.931/2004, têm reconhecido ao devedor, na alienação fiduciária, o direito de, pagando a integralidade da dívida, evitar a perda do bem, independentemente de ter pago, pelo menos, 40% do preço financiado.
É possível a existência de mora recíproca? Ou seja, mora tanto do credor e de devedor?
Sim. Exemplo disso é o devedor que, no vencimento, vai pagar o credor e este não aceita injustificadamente. Posteriormente, o credor quer receber e o devedor atrasa no pagamento. Nesse caso, credor paga e devedor recebe, sem pleito de indenização alguma. Claro que, havendo mora de uma das partes mais extensa que da outra, somente a análise do caso concreto nos dará a melhor solução.
Assim, segundo Washington de Barros Monteiro, em havendo mora do credor e do devedor, operar-se-á uma compensação, ficando tudo como está. 
CLÁUSULA PENAL
Conceito e Espécies
A cláusula penal, também chamada de pena convencional, é o pacto acessório pelo qual as partes antecipadamente fixam a indenização devida em caso de descumprimento total da obrigação principal (cláusula penal compensatória) ou em caso de simples descumprimento de determinada cláusula do contrato ou de mora (cláusula penal moratória).
Art. 408. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.
Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da obrigação (cláusula penal compensatória – pelo descumprimento total), à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora (cláusula penal moratória – pelo atraso).
Na linha do art. 1.452, CC Espanhol, o art. 410, CC e a própria jurisprudência do STJ (AgRg no Ag 788.124/MS) deixam claro que a cláusula penal compensatória é uma alternativa ao credor que pode, em lugar dela, ingressar com ação autônoma.
Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor.
Ex: cláusula penal compensatória - um sujeito aluga uma beca para formatura e, no contrato, há cláusula dizendo que, caso não seja a beca devolvida em 72h, o locatário arcará com indenização de 75% do valor de uma beca nova. Contudo, o credor não pode, ao mesmo tempo, exigir o valor da cláusula penal e ingressar com ação indenizatória autônoma para pleitear o mesmo valor. A cláusula penal, em verdade, visa a não propositura dessa ação. Assim, ou o credor executa a cláusula penal ou ingressa com a ação autônoma (normalmente escolhe entrar com a ação quando quer forçar o cumprimento da obrigação mediante multa diária).
3.2. Cláusula Penal x Multa
Há quem chame a cláusula penal de multa. Contudo, a função primordial da cláusula penal é pré-liquidar os danos no caso de inadimplemento, logo, função compensatória. A multa, tecnicamente, tem função punitiva, intimidatória. Por isso é equivocado chamar a cláusula penal de multa, apesar de ser recorrente. Ex: multa – as placas em restaurante que dizem: “evite desperdício. Caso deixe comida no prato pagará multa de R$ 2,00” é exemplo de multa.
3.3. Indenização Suplementar
No caso de contrato que prevê cláusula penal razoável (no valor do bem), mas o prejuízo do credor for superior ao valor da cláusula penal, poderia o credor, alegando prejuízo maior, pedir indenização suplementar?
Nos termos do parágrafo único do art. 416, CC, eventual indenização suplementar só é possível se o contrato previu expressamente esta possibilidade, cabendo ao credor, ainda, provar o prejuízo a maior: 
Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo. Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim nãofoi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.
3.4. Valor da Cláusula Penal
A cláusula penal visa indenizar no caso de descumprimento da obrigação, não podendo ultrapassar o valor da obrigação principal. Em outras palavras, por ter caráter indenizatório, a cláusula penal não pode ultrapassar o valor da própria obrigação principal, sob pena de haver enriquecimento sem causa. 
Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal.
3.5. O Juiz e a Cláusula Penal
Lembra a professora Judith Martins-Costa, em seu artigo “A Dupla Face do Princípio da Equidade na Redução da Cláusula Penal” que o juiz, posto não possa suprimir a cláusula penal, poderá reduzir o valor desta, nos termos do art. 413, CC.
a) Hipóteses de redução da cláusula penal pelo Juiz
a.1. Quando a obrigação for cumprida em parte: ex: aluguei uma beca e devolvi o chapéu e o babado da beca, mas não ela inteira.
a.2. Quando o valor da cláusula for manifestamente excessivo: em razão da natureza (ultrapassa o valor da obrigação) ou da finalidade do negócio.
Art. 413. A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.
b) Redução do Valor ex officio
A questão não é unanime. Posicionamento doutrinário mais moderno, à luz do princípio da função social, recomenda que o juiz possa até mesmo de ofício reduzir o valor da cláusula penal (Enunciado 356 da 4ª Jornada de Direito Civil).
Enunciados 355 a 359 da 4ª Jornada de Direito Civil
355 – Art. 413. Não podem as partes renunciar à possibilidade de redução da cláusula penal se ocorrer qualquer das hipóteses previstas no art. 413 do Código Civil, por se tratar de preceito de ordem pública.
356 – Art. 413. Nas hipóteses previstas no art. 413 do Código Civil, o juiz deverá reduzir a cláusula penal de ofício.
357 – Art. 413. O art. 413 do Código Civil é o que complementa o art. 4º da Lei n. 8.245/91. Revogado o Enunciado 179 da III Jornada.
358 – Art. 413. O caráter manifestamente excessivo do valor da cláusula penal não se confunde com a alteração de circunstâncias, a excessiva onerosidade e a frustração do fim do negócio jurídico, que podem incidir autonomamente e possibilitar sua revisão para mais ou para menos.
359 – Art. 413. A redação do art. 413 do Código Civil não impõe que a redução da penalidade seja proporcionalmente idêntica ao percentual adimplido.
Súmula 381, STJ
Súmula 381. STJ. Contratos Bancários - Conhecimento de Ofício - Abusividade das Cláusulas - Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.
É válida cláusula penal que estabeleça como indenização devida a perda de todas as parcelas que foram pagas?
Obs.: consórcio não segue esse regramento. Consultar a lei 11.795/08 e noticiário de 09/08/2010 STJ.
Jurisprudência do STJ, a par da polêmica, aponta no sentido de se reconhecer a validade deste tipo de cláusula penal, quando o contrato haja sido celebrado antes da vigência do CDC (REsp 399.123/SC); todavia, para contratos celebrados após a vigência do CDC, nesta linha de raciocínio, a abusividade deste tipo de cláusula é mais passível de aceitação. 
4. ARRAS OU SINAL
4.1. Conceito
Segundo a doutrina de Clóvis Beviláquia, as arras ou sinal traduzem um valor ou um bem que uma parte entrega a outra como firmeza da obrigação pactuada. Em geral arras ou sinal traduzem dinheiro, mas nada impede que seja entregue outro bem, como, por exemplo, jóias, mas não é comum. É como se fosse uma espécie de solenidade de que aquela obrigação foi firmada entre as partes.
4.2. Espécies
a) Arras Confirmatórias
São as mais freqüentes; mais comuns, as quais conhecemos também por sinal. As arras confirmatórias marcam o início de execução do próprio contrato. 
Ex: vamos comprar apartamento em 60 meses; a construtora pede que seja dado sinal, o qual demonstra o início do contrato.
 Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal.
Esse sinal já integra a própria prestação principal, devendo ser computadas na prestação devida. 
Obs.: uma vez que as arras confirmatórias marcam o início da execução do contrato, não pode a parte querer voltar atrás, uma vez que aqui não há direito de arrependimento. Aqui o não cumprimento da obrigação gera o inadimplemento, o nome daquele que não executou a obrigação pode ir pro SPC.
a.1. Inexecução do contrato por quem dá as arras: a outra parte entende o contrato por desfeito e retém o sinal.
a.2. Inexecução do contrato por quem recebe as arras: a parte que dá as arras pode entender o contrato por desfeito, exigir a devolução das arras (mais o equivalente, ou seja, o valor do sinal), com atualização, juros e honorários. Assim, aquele que recebeu o sinal e não cumpriu, tem de pagar o dobro do valor do sinal para a outra parte. 
Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado.
a.3. Indenização suplementar: se o valor do sinal não cobrir os prejuízos da parte inocente, é possível o pleito de indenização suplementar. Ex: contrato a produção de um bem determinado, pagando o sinal de R$ 2.000,00; depois, contudo, não cumpro o contrato, causando prejuízo de R$ 4.000,00 a outra parte. 
Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.
b) Arras Penitenciais
As arras penitenciais, por sua vez, diferentemente das confirmatórias, garantem o direito de arrependimento, a despeito da sua perda em favor da parte que não se arrependeu.
Assim, se o contrato apenar previr o sinal, sem mais nada mencionar, trata-se de arras confirmatórias. Contudo, havendo estipulação de direito recíproco de arrependimento, trata-se de arras penitenciais. 
Havendo o exercício do direito de arrependimento, não há inadimplência; não se pode negativar o nome da parte que se arrependeu. A conseqüência do exercício do arrependimento por quem as pagou é a perda do sinal que foi pago a outra parte que não se arrependeu; e as prestações eventualmente já pagas devem ser devolvidas. Se quem se arrependeu foi quem as recebeu, ele devolve o sinal e o equivalente.
Assim, se as arras são penitenciais, qualquer das duas partes pode se arrepender, mas o valor do sinal indenizará a parte que não se arrependeu.
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.
Obs.: CLÁUSULA PENAL X ARRAS: cláusula penal é pacto que pré-liquida o valor de indenização devida no caso de inadimplemento, as quais serão pagas somente ao final, caso ocorra o dito inadimplemento. Já as arras são um sinal, o qual pagamos no início do contrato.

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