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APOSTILA BASE DIREITO CIVIL 1

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Direito 
Civil 
Nairo José Borges Lopes 
 
 
A Perspicácia (Renné Magritte, 1936) 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 1 
 
 
Aula Inicial 
 
"O real não está nem na saída, nem na chegada: ele se dispõe 
para a gente é no meio da travessia." (Riobaldo, o filósofo do 
Sertão de Guimarães Rosa) 
1) Direito e Lei: o fenômeno jurídico e a insuficiência da lei 
2) Direito civil – lei escrita: o direito civil pertence ao sistema jurídico 
romano-germânico, predominando-se o direito legislado 
3) Porém, a lei isolada não serve ao Direito, pois nela não se encontra a 
resposta para todos os problemas jurídico-sociais 
4) Logo, não basta a existência de leis para que sejam garantidos direitos e 
resolvidos os problemas sociais 
5) Exemplo de que a lei não basta ao direito: União Homoafetiva 
(Informativo 625 STF): 
 ADI 4277/DF, rel. Min. Ayres Britto, 4 e 5.5.2011. (ADI-4277) 
ADPF 132/RJ, rel. Min. Ayres Britto, 4 e 5.5.2011. (ADPF-132) 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o 
homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e 
duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
6) Direito e movimento: o Direito pode ser mais efetivo se conseguir 
identificar as necessidades que brotam da sociedade. Assim, ele não 
pode ser visto de forma estática e fora de seu tempo. 
7) Direito e interpretação: a forma pela qual o Direito se sintoniza às 
necessidades sociais é pela Interpretação da lei (hermenêutica jurídica). 
8) Direito construído: assim, o Direito e as soluções adequadas à 
sociedade são construídas cotidianamente, a partir da interpretação da 
lei. 
 
 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 2 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 14. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2016, v. 1. 
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral do direito 
civil. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 15. ed. São Paulo: Atlas, 
2015. 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: 
parte geral e LINDB. 13. ed. Salvador: JusPodivm, 2015. 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito 
civil: parte geral. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 
NERY JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código civil 
comentado. 11. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014. 
FIUZA, César. Direito civil: curso completo. 18. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 3 
 
 
Introdução ao Direito Civil 
 
 
 1. 1. CONCEITOS E USOS DA PALAVRA “DIREITO” 
Segundo Gustav Radbruch: Direito “é o conjunto de normas gerais e 
positivas que regulam a vida social”1 
 O DIREITO CIVIL é o conjunto de princípios e regras (normas) que 
reguladoras dos direitos da pessoa, desde antes do nascimento até 
depois da morte, seus bens, suas obrigações e suas relações umas com 
as outras, dentro ou fora do ambiente familiar. 
 - Direito como fenômeno social : ubi homo, ibi jus (onde há homem, há 
o Direito) 
 - Alteridade: “meu direito termina onde começa o direito do outro” – 
Direito como regulador das relações intersubjetivas. 
 - Perspectiva deontológica (dever ser) x causal (causalidade) (ser) 
 - Direito como ciência do “dever ser” 
2. DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO 
 
DIREITO OBJETIVO: juris et norma agendi. Conjunto de normas que a 
todos se dirige e a todos vincula. 
Exemplos: 
Art. 1.228 - O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da 
coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a 
possua ou detenha. 
Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
1
 Citado por MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: parte geral. 37. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2000, p. 1. 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 4 
 
 
DIREITO SUBJETIVO 
DIREITO SUBJETIVO: (facultas agendi). Poder de exigir ou pretender 
de alguém um comportamento específico. Faculdade + permissão legal. 
Exemplos: permissões para casar e constituir família, de adotar pessoa 
como filho, de ter a proteção de seu domicílio (inviolável), de vender 
seus bens, de comprar bens, de usar de suas propriedades, de vender 
ou comprar um imóvel, um carro, de alugar a casa, de ajuizar uma ação. 
2.1. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO SUBJETIVO 
 
Compreende, na maioria das vezes, uma RELAÇÃO JURÍDICA. 
 O Direito subjetivo possui algumas CARACTERÍSTICAS: 
a) Dever-poder 
b) Admite violação 
c) Coercitividade 
d) Facultativo 
Direito Subjetivo => Violação => Pretensão => Ação Judicial 
(Processo) 
 
Obs.: pretensão é a possibilidade que tem o titular do direito 
subjetivo exigir, por meio de um processo (via Poder Judiciário) 
a satisfação de seu direito. 
Podem ter as seguintes ESPÉCIES: 
a) Direito subjetivo ABSOLUTO: oponíveis erga omnes 
b) Direito subjetivo RELATIVO: oponibilidade restrita 
c) Com conteúdo PATRIMONIAL 
d) SEM conteúdo ECONÔMICO 
 
LIMITES dos direitos subjetivos: 
- Intrínsecos: limitados à própria relação jurídica 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 5 
 
- Extrínsecos: os limites decorrem do ordenamento jurídico. 
a) Boa-fé 
b) Função social 
c) Abuso de direito (CC, art. 187) 
 
3. DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO 
 
- Grande dicotomia (divisão) do Direito (Norberto Bobbio) 
- A divisão remonta ao Direito Romano 
 DIREITO PÚBLICO: Ramos do Direito: Constitucional, Administrativo, 
Tributário, Internacional Público, Ambiental etc. 
 DIREITO PRIVADO: Ramos do Direito: Civil, Comercial, Trabalhista. 
“Nas relações jurídicas de direito público há o predomínio do 
interesse geral, ao revés das relações privadas, onde o 
interesse é individualizado, do titular. Assim, as normas de 
direito público não podem ser afastadas pela vontade das 
partes, diferentemente do direito privado, no qual as normas 
podem ser afastadas, salvo quando se tratar de norma cogente 
e imperativa” (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, 
Nelson. Curso de direito civil: parte geral e LINDB. 13. ed. Salvador: 
JusPodivm, 2015, p. 14) 
4. HISTÓRIA DO DIREITO CIVIL 
 
Origem antiga: Direito Romano 
 Idade contemporânea (após 1789): 
 Marco: Revolução Francesa – Iluminismo: esta época foi responsável 
pelas grandes codificações (vide Código de Napoleão, de 1804). 
O movimento iluminista pretendeu fez críticas ao Antigo Regime nos 
seguintes assuntos: 
a. Desigualdade diante da lei; 
b. Limitação à livre iniciativa e à propriedade; 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 6 
 
c. Intervenções arbitrárias da Coroa na esfera privada; 
d. Exclusão da participação popular em assuntos políticos; 
e. Poder excessivo da igreja e intolerância religiosa. 
 As leis da época foram inspiradas no direito natural que buscam, em sua 
totalidade, garantir a liberdade das pessoas. A liberdade é a grande máxima 
dessa época. 
 Nesse período surgem, com maior ênfase, 
a liberdade de comércio, de contratar, de fazer 
negócios e se garante também o direito de 
propriedade. 
 Iniciam-se também as grandes 
codificações (sobre o significado de 
“codificação”, cf. abaixo). É dessa época o 
Código Civil dos Franceses (conhecido como o 
Código de Napoleão), de 1804. O Códigode 
Napoleão é visto como umas das grandes 
criações legislativas da época, pois busca 
unificar o direito civil em um único diploma 
legislativo. 
 Além disso, o Código buscou ser o mais 
abrangente possível, tentando abarcar todos os 
problemas sociais, não deixando lacuna ou 
margem a interpretação. A ideia era de não deixar margem à arbitrariedade dos 
juízes, os quais deveriam aplicar o Código literalmente. Isso não foi atingido. 
 
4.1 HISTÓRIA DO DIREITO CIVIL NO BRASIL 
Influências: Código Civil francês de Napoleão (1804); Código Civil 
alemão (BGB – Burgerliches Gesetzbuch) (1896) => o BGB 
influenciou o CC 1916. 
 Fonte: Carlos Roberto Gonçalves. 
O Direito Civil na época colonial do Brasil era regido pelas Ordenações 
dos Reis de Portugal, além do chamado direto comum (direito canônico2 e 
romano). As Ordenações vigeram no Brasil na seguinte ordem: Afonsinas, 
 
2
 O direito canônico influenciou o direito civil até a Constituição de 1891, quando o Estado se 
separou da Igreja. 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 7 
 
Manuelinas, Filipinas. Essas últimas vigoraram de 1603 até a República 
(1889). No Império, continuaram em vigor as ordenações filipinas, as algumas 
leis já começavam a surgir, como, por exemplo, o Código Comercial de 1850. 
 O primeiro Código Civil brasileiro ainda demorou a sair. Após a 
Independência, muitos tentaram buscar uma codificação civil ao Brasil, a 
exemplo de Carvalho Moreira (1845), Euzébio de Queiroz (1845) Teixeira de 
Freitas (1855), Nabuco de Araújo (1872), Felício dos Santos (1881) Coelho 
Rodrigues (1889). Em abril de 1889 nomeou-se Clóvis Beviláqua para 
elaborar um Projeto de Código Civil, o qual foi apresentado em novembro do 
mesmo ano. 
 Feito o projeto, foi designada comissão para analisá-lo, cujos trabalhos 
encerraram em 1900, dando-se início à fase de revisão, em 17 de novembro de 
1900. Após a revisão o Projeto foi enviado ao Congresso, que restou aprovado 
em 1902 e enviado ao Senado, onde foi designada comissão presidida por Rui 
Barbosa. No Senado o Projeto foi analisado por 10 anos, tendo Rui Barbosa 
contribuído para isso na medida em que fez diversas emendas no texto por 
questões linguísticas. 
 A redação definitiva do Código foi dada em 1916, ano em que foi 
finalmente publicado o Código Civil brasileiro de 1916 (Lei n. 3.071/1916). 
 Já na época (1916) se dizia que o Código Civil nasceu com os olhos 
para o passado, ignorando os avanços políticos, sociais e jurídicos 
advindo das revoluções sociais do Século XIX. Na verdade, o CC 1916 foi 
um esforço liberal já derradeiro, numa época em que se discutia 
completamente o liberalismo. 
 Visto que o CC 1916 possuía diversos problemas nesse aspecto, 
diversas leis especiais foram promulgadas, em consonância possível com os 
ditames do Estado Social. As leis diziam respeito, por exemplo, a contratos 
específicos, locação de imóveis urbanos, seguros, contrato de trabalho etc. 
 Já na década de 1940, começou-se novamente a repensar o CC 1916. 
Após algumas tentativas, em 1967 foi designada comissão, encabeçada por 
Miguel Reale, para elaborar um novo Código Civil. O Anteprojeto foi concluído 
em 1972, sendo reeditado em 1973 após receber 700 emendas. Em 1975 foi 
enviado ao Congresso Nacional. Tramitando no Congresso desde então, 
somente foi aprovado pelo Senado em 2001, enviado à sanção presidencial, e 
publicado em 11 de janeiro de 2002. 
 
 
 
 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 8 
 
Cronograma: 
1916 – Código Civil de 1916 – Lei n. 3.071/1916 
1967 – Comissão para revisão, presidida por Miguel Reale 
1972 – elaborado o Anteprojeto de Novo Código Civil 
1975 - O Projeto de Lei n. 634/1975 é enviado à Câmara dos 
Deputados 
1984 – é enviado ao Senado 
1997 – retorno à Câmara 
2001 – Enviado à sanção presidencial 
10/01/2002 – Publicada a Lei n. 10.406/2002 – o novo CC 
Vacatio legis de 1 ano 
11/01/2003 – início da vigência 
4.2 O FENÔMENO DA CODIFICAÇÃO 
 
O que é um Código? 
Trata-se de uma lei que busca disciplinar integral e isoladamente uma 
parte substanciosa do direito positivo. A codificação é um processo de 
organização, que reduz a um único diploma diferentes regras jurídicas da 
mesma natureza, agrupadas segunda um critério sistemático. (GAGLIANO; 
PAMPLONA FILHO, 2014, p. 79) 
Argumentos favoráveis à Codificação: 
1) Completude 
2) Clareza e acessibilidade 
3) Rigidez 
 Argumentos desfavoráveis à Codificação 
1) Pouco dinamismo (fossilização) 
2) Apego à letra da lei 
 
 
 
 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 9 
 
O Código Civil de 2002 e seus 
Paradigmas 
 
 
O Código Civil de 2002 resultou do Projeto de Lei n. 634/1975, 
elaborado por uma comissão de juristas, sob a supervisão de Miguel Reale, 
que unificou, parcialmente, o direito privado. Contém 2.046 artigos e divide-se 
em Parte geral e Parte Especial. O atual Código manteve a estrutura do CC 
1916, afastando-se, porém, das concepções individualistas que o nortearam, 
para seguir orientação compatível com a socialização do direito 
contemporâneo. 
 Necessidade do CC 2002 se afastar dos valores individualistas e 
patrimonialistas do CC 1916. 
 Segundo Carlos Roberto Gonçalves, o Código Civil de 2002 apresenta, 
em linhas gerais, as seguintes características: 
■ PRESERVA, QUANDO POSSÍVEL, O CC 1916: preserva, no 
possível, como já mencionado, a estrutura do Código de 1916, 
atualizando-o com novos institutos e redistribuindo a matéria de acordo 
com a moderna sistemática civil; 
 
■ MANTÉM O CC COMO LEI BÁSICA DO DIREITO PRIVADO: 
mantém o Código Civil como lei básica, embora não global, do direito 
privado, unificando o direito das obrigações na linha de Teixeira de 
Freitas e Inglez de Souza, reconhecida a autonomia doutrinária do 
direito civil e do direito comercial; aproveita as contribuições dos 
trabalhos e projetos anteriores, assim como os respectivos estudos e 
críticas; 
 
■ INCORPORA AVANÇOS LEGISLATIVOS E JURISPRUDENCIAIS: 
inclui, no sistema do Código, com a necessária revisão, a matéria das 
leis especiais posteriores a 1916, assim como as contribuições da 
jurisprudência; 
 
■ EXCLUI MATÉRIA DE ORDEM PROCESSUAL: questões 
processuais são tratadas pelas leis processuais, como o Código de 
Processo Civil; 
 
■ CLÁUSULAS GERAIS: implementa o sistema de cláusulas gerais, de 
caráter significativamente genérico e abstrato, cujos valores devem ser 
preenchidos pelo juiz, que desfruta, assim, de certa margem de 
Interpretação. 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 10 
 
CLÁUSULAS GERAIS? As cláusulas gerais resultaram basicamente do 
convencimento do legislador de que as leis rígidas, definidoras de tudo e 
para todos os casos, são necessariamente insuficientes e levam 
seguidamente a situações de grave injustiça. São janelas abertas 
deixadas pelo legislador, para que a doutrina e a jurisprudência definam 
o seu alcance, formulando o julgador a própria regra concreta do caso. 
Ex.: probidade e boa-fé objetiva (art. 422); função social do contrato (art. 
421): interesse público (bem comum), limitação da liberdade contratual. 
1. PRINCÍPIOS DO DIREITO CIVIL CONTEMPORÂNEO 
1.1 SOCIALIDADE: 
Socialidade é o oposto ao individualismo. Ideal de solidariedade 
social. 
CONCILIAÇÃO ENTRE A AUTONOMIA PRIVADA E A 
SOLIDARIEDADE SOCIAL 
 
“toda e qualquer situação subjetiva recebe a tutela do 
ordenamento se e enquanto estiver não apenas em 
conformidade com o poder de vontade do titular, mas também 
em sintonia com o interesse social”MORAES, Maria Celina Bodin de. Danos a pessoa humana: uma 
leitura civil-constitucional dos danos morais. Rio de Janeiro, RJ: 
Renovar, 2003, p. 106. 
 ANTES: a satisfação de um interesse próprio (bem individual) significaria 
a soma de todos os bens individuais que geraria o bem comum da sociedade. 
 DEPOIS: todo direito subjetivo individual deve corresponder uma função 
(finalidade) social. Concede-se um direito individual, mas com a condição de 
satisfazer ao interesse social também. 
Ex.: Função social do contrato (CC 421) 
 Função social da propriedade (CC 1228) 
 
 
 
1.2. ETICIDADE 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 11 
 
BOA FÉ, LEALDADE, DIGNIDADE, EQUIDADE, EQUILÍBRIO, 
PROBIDADE, CONFIANÇA 
Conforme Carlos Roberto Gonçalves, o princípio da eticidade baseia-
se no valor da pessoa humana como fonte de todos os demais valores. 
Baseia-se, assim, na DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (art. 1º, III, da 
Constituição Federal de 1988). 
 Reconhece-se, assim, a possibilidade de se resolver um contrato em 
virtude do advento de situações imprevisíveis, que inesperadamente venham 
alterar os dados do problema, tornando a posição de um dos contratantes 
excessivamente onerosa. Exemplos: o art. 113 exige lealdade das partes, 
afirmando que “os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-
fé e os usos do lugar de sua celebração”. A função social dos contratos e a 
boa-fé objetiva, tendo como consequências as ideias da probidade e da 
confiança, são prestigiadas nos artigos. 421 e 422. 
1.3. OPERABILIDADE: 
PRATICIDADE, EFETIVIDADE, CONCRETUDE. Voltado PARA O 
DIA-A-DIA. ABANDONA A IGUALDADE FORMAL. DEVE SER 
PRÁTICO 
 O princípio da operabilidade, por fim, leva em consideração que o 
direito é feito para ser efetivado, executado. Por essa razão, o novo Código 
evitou o desnecessário, o complicado, afastando as perplexidades e 
complexidades. 
 Na ideia de operabilidade está implícita a da concretude, que é a 
obrigação que tem o legislador de não legislar em abstrato, mas, tanto quanto 
possível, legislar para o indivíduo situado: para o homem enquanto marido; 
para a mulher enquanto esposa; para o filho enquanto um ser subordinado ao 
poder familiar. Em mais de uma oportunidade, o CC 2002 optou sempre por 
essa concreção, para a disciplina da matéria. O princípio da operabilidade pode 
ser, portanto, visualizado sob dois prismas: o da simplicidade e o da 
efetividade/concretude. 
 
 
1.4. AUTONOMIA PRIVADA 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 12 
 
“O princípio da liberdade individual se consubstancia, cada vez 
mais, numa perspectiva de privacidade, de intimidade, de 
exercício da vida privada. Liberdade significa, hoje, poder 
realizar, sem interferências de qualquer gênero, as próprias 
escolhas individuais, exercendo-as da forma como melhor 
convier.” 
 
MORAES, Maria Celina Bodin de. Danos a pessoa humana: uma 
leitura civil-constitucional dos danos morais. Rio de Janeiro, RJ: 
Renovar, 2003, p. 107. 
1.5. DIVISÃO DO CC 2002. PARTES GERAL E ESPECIAL 
 
PARTE GERAL 
- PESSOAS 
- BENS 
- FATOS JURÍDICOS 
 
PARTE ESPECIAL: 
- OBRIGAÇÕES: circulação de riqueza 
- DIREITO DE EMPRESA: circulação de riqueza 
- DIREITOS DAS COISAS (REAIS): titularidades (relações apropriativas) 
- DIREITO DE FAMÍLIA: relações afetivas 
- DIREITO DAS SUCESSOES: relações afetivas e de propriedade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Das Pessoas no Código Civil 
 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 1 
 
1. DIVISÃO DO LIVRO REFERENTE ÀS PESSOAS NO CC 2002: 
 
O Código Civil de 2002 divide o Livro referente às Pessoas em três partes: Pessoas Naturais; 
Pessoas Jurídicas; e Domicílio. 
 
2. A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO PRINCÍPIO 
FUNDAMENTAL DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE. A 
CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL OU O DIREITO CIVIL-
CONSTITUCIONAL 
 Sobre dignidade da pessoa humana: 
 FRIAS, Lincoln; LOPES, Nairo. Considerações sobre o conceito de dignidade 
humana. Revista Direito GV, v. 11, n. 2, 2015, p. 649-670. Disponível 
em: https://dx.doi.org/10.1590/1808-2432201528. 
 AZEVEDO, Antonio Junqueira. Caracterização jurídica da dignidade da pessoa 
humana. Disponível em: http://www.usp.br/revistausp/53/09-junqueira.pdf. 
 Sobre Constitucionalização do Direito Civil: 
 Tópicos I. 7 e 8 em FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de 
direito civil: parte geral e LINDB. 13. ed. Salvador: JusPodivm, 2015.. 
 Artigo: LÔBO, Paulo Luiz Netto. Constitucionalização do Direito Civil. Revista de 
Informação Legislativa. Brasília a. 36 n. 141 jan./mar. 1999, p. 99-109. 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 2 
 
A FINALIDADE DE TODA A PROTEÇÃO DO ESTADO E DO DIREITO É O SER 
HUMANO, QUE DEVE POSSUIR UM MÍNIMO DE DIREITOS BÁSICOS 
(FUNDAMENTAIS) PARA TER UMA VIDA DIGNA. 
 Do princípio da dignidade da pessoa humana se originam diversas outras normas, por 
exemplo: 
a) O dever de respeito à integridade física e psíquica das pessoas; 
b) O estabelecimento de pressupostos materiais mínimos para que se possa viver 
(mínimo existencial; 
c) O dever de respeito à liberdade e à igualdade 
 As normas de direito civil, sobretudo as relacionadas à pessoa, devem ter os olhos voltados 
para a ideia de dignidade. 
Das Pessoas Naturais 
1. PESSOA: SUJEITO DE DIREITOS 
Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
O CC 2002 estabelece como sujeito de direitos e deveres somente as pessoas. 
Logo, para a lei civil brasileira, somente as pessoas (física e/ou jurídicas) podem ser titulares 
de direitos e deveres (relações jurídicas). Os animais e os objetos (coisas) não podem ser 
sujeito de direitos e deveres. 
CONCEITO DE PESSOA 
CONCEITO DE PERSONALIDADE JURÍDICA: é a aptidão genérica para titularizar 
direitos e contrair obrigações ou deveres. É o atributo necessário para ser sujeito de direito 
(Pablo Stolze) 
INDIVÍDUO, PESSOA E SUJEITO 
Não há sujeito sem direitos e não há direitos sem titular (Francisco Amaral) 
 ESPÉCIES: Duas são as espécies de pessoa: 
a) Pessoa natural (física): o ser humano 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 3 
 
b) Pessoa jurídica (coletiva): união de pessoas com os mesmos fins, com 
identidade diversa da pessoa natural, com patrimônio diverso 
2. DAS PESSOAS NATURAIS. AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE 
JURÍDICA. PROTEÇÃO JURÍDICA DO NASCITURO 
Art. 2
o
 A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a 
lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
COMEÇO DA PERSONALIDADE 
NASCITURO é aquele que foi concebido, porém ainda não nasceu. O nascituro, 
portanto, é pessoa? 
 Antes do nascimento não há personalidade. Mas o art. 2º do CC ressalva os direitos do 
nascituro, desde a concepção. Nascendo com vida, ainda que venha a falecer instantes 
depois, a sua existência, no tocante aos seus interesses, retroage ao momento de sua 
concepção. 
 Encontrando-se os seus direitos em estado potencial, sob a condição de nascer com 
vida, o nascituro pode praticar atos necessários à sua conservação, como titular de direito 
individual (CC 130). 
Para incrementar a discussão sobre a situação jurídica do 
nascitura e as teorias natalista e concepcionista abaixo 
mencionadas, conferir as decisões do Supremo Tribunal Federal 
proferidas em dois casos notáveis: Anencefalia ( ADPF 54/DF)3 e 
principalmente Pesquisas com células -tronco embrionárias. (ADI 
3510/DF) 
 
 S I T U A Ç Ã O J U R ÍD I C A D O N A S C I T U R O => Teorias: 
a) TEORIA NATALISTA 
 Questões controversas: 
- DANOS AO NASCITURO: uma mãe que consome drogas e álcool durante a gravidez, 
causando sérias lesões ao filho ainda em formação uterina, não comete crime, pois não se 
prejudicou pessoa alguma. 
 - PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO: o Supremo Tribunal Federal confirmou a 
validade de lei que permite a pesquisa com células-tronco de embriões excedentes sem 
finalidade reprodutiva (Lei de Biossegurança) 
 
3
 Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=3707334>. 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 4 
 
b) TEORIA CONCEPCIONISTA 
 Questões controversas: 
- DANO MORAL: o Superior Tribunal de Justiça reconheceu o direito à indenização por 
dano moral ao filho, decorrente da morte de seu pai quando aquele ainda estava em gestação. 
O filho entrou com a ação 23 anos após a morte do pai (STJ, REsp 399.028/SP, DJ 
15/04/2002)4; 
- DANO À HONRA: O nascituro pode sofrer dano à honra, ou seja, os pais poderiam, 
em nome do nascituro, pleitear danos morais pela violação da honra do feto? Caso Wanessa 
Camargo vs. Rafinha Bastos: Superior Tribunal de Justiça, Recurso Especial nº 
1.487.089, Relator Marcos Buzzi, DJ 28/10/2015. 
 - DPVAT: direito ao seguro DPVAT em razão da morte do feto, decorrente de 
atropelamento da gestante em via pública (os pais receberam indenização) (TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA DE SANTA CATARINA, Apelação nº 2014.032466-6, Des. Relator Sérgio Izidoro Heil, 
julgado em 22/01/2015)5 
 - DIREITO À PATERNIDADE (FILIAÇÃO) DNA: já se reconheceu que o nascituro tem 
direito à paternidade ou de filiação (direito do pai realizar o exame de DNA) 
- ALIMENTOS GRAVÍDICOS (LEI N. 11.804/2008): entende-se que são devidos à mãe 
(gestante) para proporcionar uma gestação digna ao nascituro 
POSIÇÃO DE MARIA HELENA DINIZ: o nascituro teria direito somente aos direitos da 
personalidade, sem conteúdo patrimonial, como o direito à vida e o direito à gestação 
saudável. 
 
 
 
 
 
 
 
4
 Disponível em: 
<https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=IMG&sequencial=18388&num_registro
=200101473190&data=20020415&formato=PDF>. 
5
 Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/arquivos/2015/1/art20150127-04.pdf>. Notícia: “Casal receberá 
DPVAT por morte de nascituro em acidente de trânsito”, disponível em: 
<http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI214578,11049-
Casal+recebera+DPVAT+por+morte+de+nascituro+em+acidente+de+transito>. 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 5 
 
 Capacidade Jurídica no Código Civil 
Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
1. CONCEITO DE CAPACIDADE 
 Capacidade é a medida da personalidade. Pois, embora a todos sejam concedidos os 
direitos de personalidade, o exercício de diversos outros direitos ocorre gradativamente na 
vida da pessoa. 
 Embora se interpenetrem, tais atributos (personalidade e capacidade) não se 
confundem. 
2 CAPACIDADE DE DIREITO, DE FATO E LEGITIMIDADE 
 
CAPACIDADE DE DIREITO, DE GOZO OU AQUISIÇÃO: 
CAPACIDADE DE DIREITO É CONSEQUÊNCIA DIRETA DA 
PERSONALIDADE, POIS TODOS POSSUEM 
Essa espécie de capacidade é reconhecida a todo ser humano, sem qualquer distinção, pois 
basta nascer com vida. Estende-se aos privados de discernimento e às crianças, por exemplo, 
independentemente de seu grau de desenvolvimento mental ou idade. Podem estes, assim, 
herdar bens deixados por seus pais, receber doações etc. 
 CAPACIDADE DE FATO, DE EXERCÍCIO OU DE AÇÃO: 
CAPACIDADE DE FATO É A DE PODER SE AUTODETERMINAR, DE AGIR 
POR CONTA PRÓPRIA. PODE SOFRER LIMITAÇÃO (AS INCAPACIDADES). 
Apenas da capacidade de fato decorre o pleno exercício de direitos 
Nem todas as pessoas têm, contudo, a capacidade de fato, também denominada 
capacidade de exercício ou de ação, que é a aptidão para exercer, por si só, os atos da 
vida civil. 
 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 6 
 
Quem possui as duas espécies de capacidade tem capacidade plena. 
Quem só ostenta a de direito, tem capacidade limitada e necessita, como 
visto, de outra pessoa que substitua ou complete a sua vontade. São, por 
isso, chamados de incapazes. 
 
LEGITIMAÇÃO: é aptidão para a prática de determinados atos (uma “capacidade 
especial”). O pai só está legitimado (autorizado) a vender bem para o filho se os demais filhos 
e seu cônjuge concordarem (art. 496, do CC/2002). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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Teoria das Incapacidades no Direito Civil 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
CONCEITO: a incapacidade é o reconhecimento da inexistência dos requisitos 
considerados indispensáveis pela lei para que a pessoa exerça os seus direitos direta e 
pessoalmente (autonomia). 
As pessoas possuidoras de capacidade de direito (de aquisição), mas não possuidoras 
de capacidade de fato têm a capacidade limitada. São os incapazes. 
Capacidade é a regra e a incapacidade a exceção. 
As incapacidades decorrem somente da lei 
“A lógica que orienta a incapacidade é a proteção daqueles cujo discernimento 
é falho. Somente aqueles eivados de deficiências juridicamente relevantes 
devem ser alvo do instituto. Os incapazes são submetidos a um regime legal 
privilegiado cujo principal escopo é a preservação de seus interesses.” 
 
A Teoria das Incapacidades foi fortemente modificada em função da recente Lei nº 13.146, de 
06/07/2015 – o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que entrou em vigor em 06/04/2016. 
2. INCAPACIDADE ABSOLUTA 
 A lei considera que certas pessoas não possuem qualquer capacidade, sendo 
irrelevante, do ponto de vista jurídico, a sua manifestação de vontade. Por isso, precisam 
ser representadas por seu pelo representante legal (legal porque a lei estabelece quem os 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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representa). O titular do direito será o incapaz, porém, quem exercerá os atos da vida civil será 
seu representante. 
 Antes do Estatuto da Pessoa com Deficiência, eram considerados absolutamente 
incapazes pelo CC/2002, segundo seu art. 3º: 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário 
discernimento para a prática desses atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
 Atualmente, somente os menores de 16 anos são considerados incapazes: 
Art. 3
o
 - São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida 
civil os menores de 16 (dezesseis) anos. 
A incapacidade absoluta priva as pessoas de exercerem por conta própria os atos da 
vida civil. É uma incapacidade mais severa. 
Os atos praticados por absolutamente incapazes são nulos (art. 166, I, CC/2002). Para 
ser válidos, devem eles ser representados. 
 
A lei, atualmente, relaciona a incapacidade absoluta somente à idade. 
 
- MENORES DE 16 ANOS 
3. INCAPACIDADE RELATIVA 
Art. 4
o
 São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir 
sua vontade; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação 
especial. 
 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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I -MAIORES DE 16 ANOS E MENORES DE 18 ANOS: 
O Código Civil anterior, de 1916, considerava o fim da menoridade somente com 21 
anos. 
Não há qualquer relação entre a maioridade civil e a penal (imputabilidade). Do 
mesmo modo, a maioridade civil não se confunde com a idade de 21 anos para se 
comprovar a dependência econômica para fins previdenciários (Lei n. 8.213/1991). 
II - OS ÉBRIOS HABITUAIS E OS VICIADOS EM TÓXICOS: 
Ébrio habitual é a pessoa que se embriaga com habitualidade ao ponto de privar 
parte de seu discernimento, levando-a à ruína financeira e pessoal 
III - AQUELES QUE, POR CAUSA TRANSITÓRIA OU PERMANENTE, NÃO PUDEREM 
EXPRIMIR SUA VONTADE: 
Aqui são considerados casos que que a manifestação de vontade se mostra impossível, 
não se fazendo diferenciação acerca da natureza da causa, se transitória ou permanente. Aplicam-
se, segundo a doutrina, exemplo de arteriosclerose, excessiva pressão arterial, paralisia, 
embriaguez não habitual, uso eventual e excessivo de entorpecentes ou de substâncias 
alucinógenas, pessoas em coma, hipnose ou outras causas semelhantes, mesmo não 
permanentes. 
IV - OS PRÓDIGOS: 
Pródigos são aqueles que gastam desordenadamente seu patrimônio. 
Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, 
transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e 
praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração. 
4. O ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA (LEI Nº 
13.146/2015) 
 
Síntese de NELSON ROSENVALD (2015)6: 
1) A Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CDPD) é o primeiro tratado internacional 
de direitos humanos aprovado pelo Congresso Nacional conforme o procedimento qualificado do § 3º do art. 5º da 
Constituição Federal (promulgado pelo Decreto 6.949/2009 e em vigor no plano interno desde 25/8/2009). Como 
o Sr. avalia o impacto da CDPD na ordem nacional? 
 
6
 ROSENVALD, Nelson. Tudo que você precisa para conhecer o Estatuto da Pessoa com Deficiência. 
GENJurídico. Disponível em: <http://genjuridico.com.br/2015/10/05/em-11-perguntas-e-respostas-tudo-que-voce-
precisa-para-conhecer-o-estatuto-da-pessoa-com-deficiencia/>. Acesso em jan. 2016. 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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A CDPD é o primeiro tratado de consenso universal que concretamente especifica os direitos das 
pessoas com deficiência pelo viés dos direitos humanos, adotando um modelo social de deficiência 
que importa em um giro transcendente na sua condição. Por esse modelo, a deficiência não pode se 
justificar pelas limitações pessoais decorrentes de uma patologia. Redireciona-se o problema para o 
cenário social, que gera entraves, exclui e discrimina, sendo necessária uma estratégia social que 
promova o pleno desenvolvimento da pessoa com deficiência. O objetivo da CDPD é o de permutar o 
atual modelo médico – que deseja reabilitar a pessoa anormal para se adequar à sociedade -, por 
um modelo social de direito humanos, cujo desiderato é o de reabilitar a sociedade para eliminar os 
muros de exclusão comunitária. A igualdade no exercício da capacidade jurídica requer o direito à 
uma educação inclusiva, a vida independente e a possibilidade de ser inserido em comunidade. Por 
tais razões, reconhece o Preâmbulo da CDPD: “a deficiência é um conceito em evolução e que a 
deficiência resulta da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras devidas às atitudes e ao 
ambiente que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade em igualdade 
de oportunidades com as demais pessoas”. 
2) Em 7 de Julho de 2015 foi publicada a Lei 13.146/2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência. A normativa 
entrará em vigor 180 dias após a sua publicação, com acentuada repercussão sobre todo o sistema jurídico, 
notadamente no plano do direito civil. Qual é exatamente o conceito de pessoa com deficiência? 
A Lei 13.146/2015 caminha no sentido personalista da CDPD. Em seu artigo 2º, conceitua a pessoa 
com deficiência como aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, 
intelectual ou sensorial. De acordo com o art. 84, “A pessoa com deficiência tem assegurado o direito 
ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas”. O § 1º do 
mesmo art. 84 preconiza que: “Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à 
curatela, conforme a lei”. Em arremate, o § 3º aduz que, “A definição de curatela de pessoa com 
deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às 
circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível”. Portanto, o Estatuto da Pessoa com 
Deficiência admite em caráter excepcional o modelo jurídico da curatela, porém, sem associá-la à 
incapacidade absoluta. A Lei 13.146/2015 nos remete a dois modelos jurídicos de deficiência: 
deficiência sem curatela e deficiência qualificada pela curatela. A deficiência como gênero engloba 
todas as pessoas que possuam uma menos valia na capacidade física, psíquica ou sensorial – 
independente de sua gradação -, sendo bastante uma especial dificuldade para satisfazer as 
necessidades normais. O deficiente desfruta plenamente dos direitos civis, patrimoniais e 
existenciais. Porém, se a deficiência se qualifica pelo fato da pessoa não conseguir se 
autodeterminar, o ordenamento lhe conferirá proteção ainda mais densa do que aquela deferida a 
um deficiente capaz, demandando o devido processo legal. 
3) Pela Lei 13.146/2015, a pessoa com deficiência qualificada pela curatela será considerada incapaz? 
Equivocam-se os que creem que a partir da vigência do Estatuto todas as pessoas que forem 
curateladas serão consideradas plenamente capazes. Dispõe o art. 6º que “A deficiência não afeta a 
plena capacidade civil da pessoa”. Com efeito, a deficiência é um impedimento duradouro físico, 
mental ou sensorial que não induz, em princípio, a qualquer forma de incapacidade, apenas a uma 
vulnerabilidade, pois a garantia de igualdade reconhece uma presunção geral de plena capacidade a 
favor das pessoas com deficiência. Excepcionalmente, através de relevante inversão da carga 
probatória, a incapacidade surgirá, se amplamente justificada. Por conseguinte, a Lei 13.146/2015 
mitiga, mas não aniquila a teoria das incapacidades do Código Civil. As pessoas deficientes 
submetidas à curatela são removidas do rol dos absolutamente incapazes do Código Civil e enviadas 
para o catálogo dos relativamente incapazes, com uma renovada terminologia. A nova redação do 
inciso III, do art. 4 (Lei 13.146/2015) remete aos confins da incapacidade relativa “aqueles que, por 
causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade”. Aqui se revela a intervenção 
qualitativamente diversa do Estatuto da Pessoa com Deficiência na teoria das incapacidades: Abole-
se a perspectiva médica e assistencialista de rotular como incapaz aquele que ostenta uma 
insuficiência psíquica ou intelectual. Corretamente o legislador optou por localizar a incapacidade no 
conjunto de circunstâncias que evidenciem a impossibilidade real e duradoura da pessoa querer e 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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entender – e que portanto justifiquem a curatela-, sem que o ser humano, em toda a sua 
complexidade, seja reduzido ao âmbito clínico de um impedimento psíquico ou intelectual. Ou seja, o 
divisor de águas da capacidade para a incapacidade não mais reside nas características da pessoa, 
mas no fato de se encontrar em uma situação que as impeça, por qualquer motivo, de conformar ou 
expressar a sua vontade. Prevalece o critério da impossibilidade de o cidadão maior tomar decisões 
de forma esclarecida e autônoma sobre a sua pessoaou bens ou de adequadamente as exprimir ou 
lhes dar execução. 
4) Então a Lei 13.146/2015 não criou a nova categoria das “pessoas capazes sob curatela”? 
É um equívoco inferir da Lei 13.146/2015 que a incapacidade civil foi sepultada. Será que 
poderíamos admitir que, para o futuro, teremos uma nação composta unicamente de pessoas 
plenamente capazes, inclusive todos aqueles que atualmente estão curateladas por um déficit 
psíquico? Obviamente não. Inexiste pretensão ideológica capaz de afetar a natureza das coisas. Por 
mais que o legislador pretendesse (e ele não pretendeu!) criar o mundo ideal e “politicamente 
correto” das pessoas plenamente capazes, não há como desconstruir a realidade inerente à 
imperfeição humana e às vicissitudes que a todos afetam, em maior ou menor grau. Num Estado 
Democrático de Direito, o pluralismo demanda o respeito pelas diferenças e não o seu 
aniquilamento. O Estatuto da Pessoa com Deficiência não eliminou a teoria das incapacidades, 
porém, adequou à Constituição Federal e a CDPD. Tratando-se a incapacidade de uma sanção 
normativa excepcionalíssima, que afeta o estado da pessoa a ponto de restringir o exercício 
autônomo de direitos fundamentais, o que corretamente a Lei 13.146/2015 impôs foi a necessidade 
da mais ampla proteção ao direito fundamental à capacidade civil. Resumidamente: a) haverá 
intenso ônus argumentativo por parte de quem pretenda submeter uma pessoa à curatela em razão 
de uma causa permanente; b) sendo ela curatelada, a incapacidade será apenas relativa, pois a 
incapacidade absoluta fere a regra da proporcionalidade; c) a curatela, em regra, será limitada à 
restrição da prática de atos patrimoniais, preservando-se, na medida do possível a autodeterminação 
para a condução das situações existenciais. 
5) Por qual fundamento o Estatuto da Pessoa com Deficiência reservou a categoria dos absolutamente incapazes 
aos menores de 16 anos? 
O objetivo é elogiável: suprimir a incapacidade absoluta do regramento jurídico da pessoa com 
deficiência psíquica ou intelectual. O critério médico até então utilizado era baseado na ausência de 
discernimento em caráter permanente – seja ela resultante de enfermidade ou deficiência mental. A 
interdição do absolutamente incapaz decorria de um estado pessoal, patológico. Contudo, diante da 
infinidade de hipóteses configuradoras de transtornos mentais ou déficits intelectuais – seja pela 
origem, graduação do transtorno ou pela extensão dos efeitos – é insustentável a tentativa do direito 
privado do século XXI de persistir na homogeneização da amplíssima gama de deficiências 
psíquicas, pelo recurso ao enredo abstratizante do binômio incapacidade absoluta ou relativa, 
conforme a pessoa se encontre em uma situação de ausência ou de redução de discernimento. Daí 
a crítica ao Código Civil de 2002, que, em nome de uma suposta segurança jurídica, tencionou 
aprisionar a multiplicidade de quadros de desenvolvimento intelectual sob a dualidade 
ausência/redução de discernimento, em uma espécie de categorização a priori de pessoas em 
redutos de exclusão de direitos fundamentais. Não se pode mais admitir uma incapacidade legal 
absoluta que resulte em morte civil da pessoa, com a transferência compulsória das decisões e 
escolhas existenciais para o curador. Por mais grave que se pronuncie a patologia, é fundamental 
que as faculdades residuais da pessoa sejam preservadas, sobremaneira às que digam respeito as 
suas crenças, valores e afetos, num âmbito condizente com o seu real e concreto quadro psicofísico. 
Ou seja, na qualidade de valor, o status personae não se reduz à capacidade intelectiva da pessoa, 
posto funcionalizada à satisfação das suas necessidades existenciais, que transcendem o plano 
puramente objetivo do trânsito das titularidades. 
6) O Estatuto da Pessoa com Deficiência também alterou as normas relativas à interdição para que elas se 
conciliem ao novo modelo da incapacidade relativa? 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 12 
 
A partir da vigência da Lei 13.146/2015, será abolido o vocábulo “interdição”. Ele remete a uma 
noção de curatela como medida restritiva de direitos e substitutiva da atuação da pessoa que não se 
concilia com a vocação promocional da curatela especial concebida pelo estatuto. A impossibilidade 
de autogoverno conduzirá à incapacidade relativa ao fim de um processo no qual será designado um 
curador para assistir a pessoa com deficiência de forma a preservar os seus interesses econômicos. 
Onde reside o giro linguístico? Não será interditada como clinicamente “portadora de uma deficiência 
ou enfermidade mental”, mas curatelada pelo fato de objetivamente não exprimir a sua vontade de 
forma ponderada (art. 1.767, I, CC, com a redação dada pela Lei 13.146/2015). Essa conciliação é a 
saída possível (e desejável) para harmonizar a proteção à pessoa deficiente com o princípio da 
segurança jurídica. A pessoa deficiente curatelada não consumará isoladamente atos patrimoniais, 
pois a prática de negócios jurídicos exigirá a atuação substitutiva ou integrativa do curador, sob pena 
de anulabilidade (art. 171, I, CC). Apenas serão afastadas do regramento da pessoa deficiente 
incapaz as normas que antes vinculavam a validade e consequente eficácia de seus atos à sanção 
da nulidade ou à incapacidade absoluta. Eis aí mais uma razão para corroborar a incongruência da 
crença em que a pessoa deficiente sempre será capaz, mas que poderá ser curatelada. Com as 
alterações postas pela Lei n. 13.146/15, harmonizam-se os artigos 3º, 4º e 1.767 do Código Civil, no 
sentido de substituir a fórmula da “ausência ou redução de discernimento” pela impossibilidade de 
expressão da vontade como fato gerador de incapacidade. Para o futuro, definiremos como 
relativamente incapaz todo aquele que for curatelado por uma causa duradoura que o prive de 
exprimir a sua vontade de forma a se autodeterminar. 
7) Se a pessoa deficiente não possuir a mínima aptidão para o autogoverno, será somente assistida pelo curador, 
já que se trata de curatela por incapacidade relativa? 
Por uma imposição ética, o Estatuto da Pessoa com Deficiência atraiu todos aqueles que não podem 
se autodeterminar para o setor da incapacidade relativa. O princípio da Dignidade da Pessoa 
Humana não se compatibiliza com uma abstrata homogeneização de seres humanos em uma 
categoria despersonalizada de absolutamente incapazes, que por sua própria conformação é infensa 
a qualquer avaliação concreta acerca do estatuto que regulará a condução da vida da pessoa 
deficiente após a curatela. A incapacidade absoluta, por essência, é incompatível com a regra da 
proporcionalidade. Evidentemente, a reforma legislativa não alterará o cenário fático em que milhões 
de pessoas continuarão a viver alheios à realidade, necessariamente substituídos pelo curador na 
interação com o mundo. Portanto, a representação de incapazes prossegue incólume, pois não se 
trata de uma categoria apriorística, cuida-se de uma técnica de substituição na exteriorização de 
vontade, que pode perfeitamente migrar da incapacidade absoluta para a relativa, inserindo-se em 
seu plano de eficácia. Vale dizer, conforme a concretude do caso, o projeto terapêutico individual se 
desdobrará em 3 possibilidades: a) o curador será um representante para todos os atos; b) o curador 
será um representante para alguns atos e assistente para outros; c) o curador será sempre um 
assistente. E onde se encontra o salto qualitativo de tal formulação tripartida? Abolida a categoria 
dos absolutamente incapazes, já não haverá mais espaço para o recurso a fórmulas genéricas e 
pronunciamentos judiciais estereotipados. Uma forte carga argumentativa justificará qualquer 
sentença que determine a máxima intervençãosobre a autonomia devido ao apelo à técnica da 
representação. 
8) Tendo em vista que os artigos 4º, I e 1.767, I, do CC aludem a incapacidade relativa e consequente curatela 
das pessoas que “não podem exprimir a sua vontade”, como ficam aquelas pessoas que sofrem de restrições na 
autodeterminação, mas ainda são aptas a se fazer compreender? 
Quando a pessoa deficiente possua limitações no exercício do autogoverno, mas preserve de forma 
precária a aptidão de se expressar e de se fazer compreender, o caminho não será o binômio 
incapacidade relativa/curatela. A Lei 13.146/2015 criou a Tomada de Decisão Apoiada (art. 1.783-A, 
CC) como tertium genus protetivo em prol da assistência da pessoa deficiente que preservará a 
capacidade civil. Esse novo modelo jurídico se coloca de forma intermediária entre os extremos das 
pessoas ditas normais – nos aspectos físico, sensorial e psíquico – e aquelas pessoas com 
deficiência qualificada pela impossibilidade de expressão que serão curateladas e se converterão em 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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relativamente incapazes. A partir de Janeiro de 2016 haverá uma gradação tripartite de intervenção 
na autonomia: a) pessoas sem deficiência terão capacidade plena; b) pessoas com deficiência se 
servirão da tomada de decisão apoiada a fim de que exerçam a sua capacidade de exercício em 
condição de igualdade com os demais; c) pessoas com deficiência qualificada pela curatela em 
razão da impossibilidade de autogoverno serão submetidas a um regime especial que levará em 
conta as crenças e vicissitudes do sujeito. A incapacidade relativa será materializada 
alternativamente pelas técnicas da representação e assistência. Em outros termos, as pessoas com 
deficiência que pelo CC/02 eram considerados absolutamente incapazes em uma terminologia 
reducionista, tornam-se relativamente incapazes a partir da vigência da Lei n. 13.146/15; aquelas 
pessoas com deficiência que eram relativamente incapazes por “discernimento reduzido” (art. 4, II, 
do CC/02) serão plenamente capazes e direcionadas ao novo modelo da Tomada de Decisão 
Apoiada. 
9) Apesar dos claros avanços, a Lei 13.146/2015 provoca abalos sistêmicos? 
Evidente que nem tudo são flores. A desconexão entre a curatela e a incapacidade absoluta provoca 
abalos sistêmicos que merecem exame pormenorizado. A partir da vigência da Lei 13.146/2015, 
mesmo que a pessoa deficiente esteja sob curatela, a prescrição e a decadência correrão contra ela. 
A teor dos artigos 198, I e 208 do CC, a prescrição e a decadência apenas não fluem contra os 
absolutamente incapazes (que serão apenas os menores de 16 anos). Evidentemente, haverá 
prejuízo para os que agora serão considerados como relativamente incapazes. Ademais, os atos 
praticados pelo interditado sem a presença do curador serão submetidos à sanção da anulabilidade 
(art. 171, I, CC) e não mais à nulidade (art. 166, I, CC), com todas as consequências em termos de 
legitimidade e prazo para a invalidação do ato prejudicial. 
10) O que há de inovador no novo modelo jurídico da Tomada de Decisão Apoiada? 
O art. 116 da Lei n. 13.146/15, cria um tertium genus em matéria de modelos protetivos de pessoas 
em situação de vulnerabilidade. Além dos tradicionais institutos da tutela e curatela surge a Tomada 
de Decisão Apoiada. O Título IV do Livro IV da Parte Especial do Código Civil, passa a vigorar 
acrescido do art. 1.783-A, consubstanciando 11 parágrafos. Essa interessante figura já era 
aguardada. Ela concretizará o art. 12.3 da CDPD nos seguintes termos: “Os Estados Partes tomarão 
medidas apropriadas para prover o acesso de pessoas com deficiência ao apoio que necessitarem 
no exercício de sua capacidade legal”. Tutela e curatela são instituições protetivas da pessoa e dos 
bens dos que detêm limitada capacidade de agir, evitando os riscos que essa carência possa impor 
aos exercícios das situações jurídicas por parte de indivíduos juridicamente vulneráveis. Contudo, 
por mais que o legislador paulatinamente procure reformar esses tradicionais mecanismos de 
substituição – de forma a adequá-los ao modelo personalista do direito civil constitucional -, pela 
própria estrutura, tutela e curatela são medidas prioritariamente funcionalizadas ao campo 
estritamente patrimonial. A Tomada de decisão apoiada é um modelo jurídico que se aparta dos 
institutos protetivos clássicos na estrutura e na função. O novo art. 1.783-A veicula a sua essência: 
“A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 
(duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para 
prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e 
informações necessários para que possa exercer sua capacidade”. Na tomada de decisão apoiada, o 
beneficiário conservará a capacidade de fato. Mesmo nos específicos atos em que seja coadjuvado 
pelos apoiadores, a pessoa com deficiência não sofrerá restrição em seu estado de plena 
capacidade, apenas será privada de legitimidade para praticar episódicos atos da vida civil. Assim, 
esse modelo beneficiará enormemente pessoas deficientes com impossibilidade física ou sensorial 
(v.g. tetraplégicos, obesos mórbidos, cegos, sequelados de AVC e portadores de outras 
enfermidades que as privem da deambulação para a prática de negócios e atos jurídicos de cunho 
econômico,) e pessoas com deficiência psíquica ou intelectiva que não tenham impedimento, mas 
possuam limitações em expressar a sua vontade. Eles não serão interditados ou incapacitados, pois 
a tomada de decisão apoiada veio para promover a autonomia e não para cerceá-la. 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 14 
 
11) Mirando o futuro, quais são os prognósticos para a plena efetividade do Estatuto da Pessoa com Deficiência? 
Em síntese, aprenderemos a conviver com diferentes estatutos de proteção, à medida em que em 
estejam em jogo situações jurídicas de pessoas deficientes ou pessoas com deficiência qualificada 
pela curatela. Naturalmente, a ofensa aos direitos fundamentais da pessoa curatelada não será 
singelamente eliminada pelo câmbio legislativo da incapacidade absoluta para a incapacidade 
relativa se o giro linguístico não for acompanhado de uma atualização procedimental, hábil a 
substancializar a fruição de direitos fundamentais pela pessoa curatelada, preservando ao máximo a 
sua autonomia. Como bem alude o art. 12, nº 4, da CDPD, “Essas salvaguardas assegurarão que as 
medidas relativas ao exercício da capacidade legal respeitem os direitos, a vontade e as preferências 
da pessoa, sejam isentas de conflito de interesses e de influência indevida, sejam proporcionais e 
apropriadas às circunstâncias da pessoa, se apliquem pelo período mais curto possível e sejam 
submetidas à revisão regular por uma autoridade ou órgão judiciário competente, independente e 
imparcial”. Na mesma toada, preceitua o § 2º do art. 85 da Lei nº 13.146/15: “A curatela constitui 
medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e motivações de sua definição, 
preservados os interesses do curatelado”. Enfim, a par de rótulos, o fundamental é que a norma 
processual estruture o processo de curatela com acato à sua excepcionalidade e a aplicação do 
critério da proporcionalidade em sua configuração concreta. A propósito, o CPC/15 (Artigos 747 a 
758) caminhou eficazmente nesse sentido. 
5. A CAPACIDADE JURÍDICA DOS ÍNDIOS 
 
Regulada pela Lei n. 6.001/1973. 
 Inicialmente, a lei citada considera o índio como absolutamente incapaz, sendo nulos 
os atos praticados por eles com pessoas fora da sua comunidade, sem a participação da 
FUNAI. 
 Todavia, a mesma lei considera válido tal ato se o índiodemonstrar consciência e 
conhecimento do ato praticado e esse ato não houver lhe causado prejuízo. 
 Assim, a capacidade plena ou limitada dos índios dependerá do grau de discernimento 
que possuem. Se praticar determinado ato com vontade livre e consciente, desde que esse ato 
não resulte em prejuízo a ele, será considerado plenamente capaz. Geralmente, os índios já 
integrados ao convívio social, possuem capacidade plena. 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 15 
 
Modos de Suprimento das Incapacidades 
 
 
1. REPRESENTAÇÃO DOS INCAPAZES 
 
Representação legal e voluntária 
(art. 115) 
Art. 115. Os poderes de representação 
conferem-se por lei ou pelo interessado. 
 
 
Representação pelos pais 
(arts. 1.634, VII e 1.690) 
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, 
qualquer que seja a sua situação conjugal, 
o pleno exercício do poder familiar, que 
consiste em, quanto aos filhos: (...) 
VII - representá-los judicial e 
extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) 
anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, 
após essa idade, nos atos em que forem 
partes, suprindo-lhes o consentimento; 
(inciso V antes do EPC) 
Art. 1.690. Compete aos pais, e na falta 
de um deles ao outro, com exclusividade, 
representar os filhos menores de 
dezesseis anos, bem como assisti-los até 
completarem a maioridade ou serem 
emancipados. 
 
Representação dos menores pelo tutor 
(art. 1.747, I) 
Art. 1.747. Compete mais ao tutor: 
I - representar o menor, até os dezesseis 
anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo, 
após essa idade, nos atos em que for 
parte; 
 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 16 
 
Segundo César Fiuza, a tutela é o encargo atribuído a certa pessoa, a fim de que 
gerencie a vida pessoal e patrimonial de menor incapaz, sobre o qual não possua o poder 
familiar. Ex.: uma criança afastada de seus pais (perda do poder familiar pelos pais, decorrente 
do uso excessivo de drogas, bebidas alcoólicas, maus tratos à criança) é colocada sob o poder 
de um tutor. 
Representação pelo curador 
(arts. 1.774, c.c. 1.747) 
Art. 1.774. Aplicam-se à curatela as 
disposições concernentes à tutela, com as 
modificações dos artigos seguintes. 
 
A curatela é o encargo conferido a alguém para gerenciar a vida e o patrimônio dos 
maiores incapazes. 
 SISTEMA DE PROTEÇÃO DOS INCAPAZES: por essas previsões, a lei cria um 
sistema de proteção dos incapazes, pois essa é a finalidade de se estabelecer uma relação de 
hipóteses legais de incapacidade (arts. 3º e 4º, do CC/2002). 
2. TOMADA DE DECISÃO APOIADA (ESTATUTO DA PESSOA COM 
DEFICIÊNCIA) 
 
Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa 
com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais 
mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na 
tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e 
informações necessários para que possa exercer sua capacidade. 
 Tal disposição se assemelha à assistência dos relativamente incapazes, mas com ela não 
se confunde, porque a pessoa não é considerada incapaz. 
Cessação das Incapacidades 
 
A incapacidade cessa (acaba) quando desaparecem os motivos que a determinaram. 
Desaparecendo a enfermidade mental, saindo a pessoa do coma, curando-se a insanidade 
mental, a pessoa retorna à capacidade (Levantamento da Interdição – art. 756, do Novo 
Código de Processo Civil). 
A menoridade acaba com a maioridade ou a emancipação. 
 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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1. MAIORIDADE 
Maioridade 
Art. 5º 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito 
anos completos, quando a pessoa fica 
habilitada à prática de todos os atos da 
vida civil. 
 
2. EMANCIPAÇÃO 
 
 
 
 
Emancipação 
Art. 5º 
Parágrafo único. Cessará, para os 
menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um 
deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente 
de homologação judicial, ou por sentença 
do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 
dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público 
efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de 
ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou 
comercial, ou pela existência de relação 
de emprego, desde que, em função deles, 
o menor com dezesseis anos completos 
tenha economia própria. 
 
CONCEITO: emancipação é a aquisição da personalidade civil antes da idade legal. Ou a 
antecipação da aquisição da capacidade de fato. 
ESPÉCIES DE EMANCIPACÃO: 
a) VOLUNTÁRIA (art. 5º, parágrafo único, I) 
REGRAS PARA CONCESSÃO 
 FORMA 
 RESPONSABILIDADE DOS PAIS POR ATOS ILÍCITOS DOS FILHOS EMANCIPADOS 
b) JUDICIAL (art. 5º, parágrafo único, I, parte final) 
 EFEITOS 
c) LEGAL 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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- casamento: regra (16 anos – art. 1.517); exceção (antes dos 16 anos, em caso de 
gravidez, conforme art. 1.520, do CC/2002. Neste último caso, necessita-se de 
autorização judicial 
- Exercício de emprego público efetivo 
- Colação de grau, estabelecimento civil ou comercial, existência de relação de emprego 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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Individualização da Pessoas Natural 
MODOS DE INDIVIDUALIZAÇÃO. 
Nome – Estado – Domicílio 
1. NOME (ART. 16) 
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e 
o sobrenome. 
1.1. CONCEITO 
 
NOME é designação que a distingue das demais e a identifica perante a sociedade e a 
família, abrangendo o prenome e o sobrenome. Individualiza a pessoa antes e depois da 
morte, indicando a sua procedência (de onde ela vem, qual família etc.). 
1.2. ASPECTOS 
 
Aspecto público do nome 
 Aspecto individual ou privado do nome7 
1.3. NATUREZA JURÍDICA DO NOME (PRINCIPAIS CORRENTES) 
a) direito de propriedade 
b) direito da personalidade 
1.4. ELEMENTOS DO NOME: PRENOME E PATRONÍMICO 
(SOBRENOME) 
 PRENOME 
 
7
 Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a 
exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. 
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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REGRA - LIBERDADE DE ESCOLHA PELOS PAIS: Pode ser livremente escolhido pelos 
pais, desde que não exponha o filho ao ridículo (art. 55, parágrafo único, da Lei n. 6.015/1973 
– Lei de Registros Públicos). 
 Pode ser simples (João, José) ou composto (João Carlos; José Roberto). 
 Gêmeos não podem ter o mesmo prenome, a não ser que seja duplo, estabelecendo a 
distinção (João Carlos; João Augusto). 
 
 SOBRENOME 
 Sinal que identifica a procedência da pessoa. Adquire-se com o nascimento. Ainda que 
o pai não escolha, deve o oficial do Cartório de Registro Civil, lançá-lo, de acordo com 
os nomes dos pais (de ambos, ou de apenas um deles). 
 Outros ELEMENTOS do nome: 
a) Agnome: sinal que distingue pessoas da mesma família (Neto, Sobrinho, Júnior) 
b) Axiônimo: forma de tratamento ou reverência: Excelentíssimo Senhor, Vossa 
Santidade, Doutor, Comendador; 
c) Alcunha/cognome: Xuxa, Pelé, Garrincha; apelido, às vezes depreciativo: 
Aleijadinho, Tiradentes; 
d) Pseudônimo ou codinome: meio artístico e literário (art. 19) 
1.5. MODIFICAÇÃODO PRENOME 
 
Em regra, o prenome é imutável. Porém, excepcionalmente (hipóteses relevantes) 
admite-se a mudança (exclusão, inclusão, alteração). 
CAUSAS NECESSÁRIAS: decorrentes da modificação do estado de filiação da pessoa 
- reconhecimento ou contestação de paternidade 
- adoção (art.47, §5º, ECA – Lei nº 8.069/1990) 
CAUSAS VOLUNTÁRIAS 
- casamento: facultatividade do marido ou da esposa (art. 1565, §1º) 
- No primeiro ano após a maioridade, desde que mantido o sobrenome (caso de 
tradução de nome estrangeiro, inclusão de nome compostos etc.) 
- Evidente erro gráfico 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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- exposição ao ridículo: se o oficial do cartório nada manifestar no momento do 
registro, caberá ao interessado entrar com ação de retificação de nome. 
- acréscimo de apelido público e notório (ao prenome ou ao sobrenome): Luiz 
Inácio Lula da Silva; Maria da Graça Xuxa Meneghel. 
- homonímia: confusão gerada por nomes idênticos. 
- Transexualismo 
PROTEÇÃO DO NOME: artigos 17 e 18 
CASUÍSTICA: 
Filho abandonado poderá trocar sobrenome do pai pelo da avó que o criou 
O princípio da imutabilidade do nome não é absoluto no sistema jurídico brasileiro. Assim 
entendeu a 3ª turma do STJ, que autorizou a supressão do sobrenome do pai e o 
acréscimo do sobrenome da avó materna ao nome de um rapaz que, abandonado 
pelo pai desde a infância, foi criado pela mãe e pela avó.8 
2. ESTADO (STATUS) 
2.1. CONCEITO 
É a noção técnica destinada a caracterizar a posição jurídica da pessoa no meio social. Estado 
(status) é a soma das qualificações da pessoa na sociedade, hábeis a produzir efeitos 
jurídicos. É o seu modo particular de existir. 
2.2. ASPECTOS 
a) estado individual ou físico: é o modo de ser quanto ao sexo, idade, cor, altura, 
saúde (são, insano) etc. Aspectos de sua constituição orgânica que se relacionam com sua 
capacidade (homem, mulher, maioridade, menoridade etc.). 
b) estado familiar: é o que indica sua situação na família, em relação ao 
matrimônio/união estável (casado, solteiro, viúvo, divorciado, companheiro) e ao parentesco 
(pai, filho, irmão, sogro, cunhado etc.). 
c) estado político: qualidade jurídica que é consequência da posição do indivíduo na 
sociedade política, podendo ser nacional (nato ou naturalizado) ou estrangeiro. 
3. DOMICÍLIO (FORO) 
3.1. CONCEITO 
 
8
 http://m.migalhas.com.br/quentes/217497/filho-abandonado-podera-trocar-sobrenome-do-pai-pelo-da-avo-que-o 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 22 
 
É a sede jurídica da pessoa, escolhido por ela ou estabelecido pela lei, onde se presume que 
ela pode ser encontrada para fins jurídicos (responder por obrigações, adquirir direitos etc.). 
Art. 70: domicílio é onde a pessoa estabelece a sua residência com ânimo 
(vontade) definitivo. 
 
DOMICÍLIO CIVIL = 
residência (elemento objetivo) + ânimo definitivo (elemento subjetivo) 
3.2. ESPÉCIES 
a) domicílio voluntário: 
 - geral: a pessoa tem a liberdade para escolher sua residência com ânimo 
 definitivo, onde quiser 
 - especial: foro contratual ou de eleição. 
 Quando em um contrato, as partes escolhem o local (Comarca) em que as discussões e 
conflitos (ações judiciais) sobre o contratos devem ser resolvidos (Comarca de Alfenas, 
por exemplo). 
b) domicílio necessário: determinado pela lei. 
 Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o 
marítimo e o preso. Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante 
ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas 
funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do 
comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio 
estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. 
Como domicílio é mais amplo, a pessoa pode ter várias residências, porém um domicílio em 
uma delas. 
PLURALIDADE DE DOMICÍLIOS: Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas 
residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. 
DOMICÍLIO PROFISSIONAL: Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às 
relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. 
DOMICÍLIO OCASIONAL: Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha 
residência habitual, o lugar onde for encontrada (ciganos, andarilhos) 
 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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Extinção da Pessoa Natural 
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se 
esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de 
sucessão definitiva. 
1. MORTE REAL 
 
CONSTATAÇÃO: na Lei 9.434/979 e Resolução 1.480/1997 do Conselho Federal de Medicina, 
principalmente para fins de transplantes 
PROVA: atestado médico e certidão de óbito. 
EFEITOS: extinção do poder familiar – dissolução do vínculo conjugal – abertura da sucessão 
– extinção de contratos personalíssimos (que só a pessoa poderia executar) 
MORTE CIVIL (?) 
DIREITO DE MORRER COM DIGNIDADE (right to die): ver também Resolução nº 1.995, de 
9 de agosto de 2012, do Conselho Federal de Medicina (testamento vital)10. Ver, ainda, filme 
Mar Adentro 
1.1. MORTE SIMULTÂNEA OU COMORIÊNCIA 
Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se 
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, 
presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
CONCEITO 
EFEITOS 
 
 
 
9
 Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e 
dá outras providências. 
10
 Disponível em: 
<http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=PesquisaLegislacao&dif=s&ficha=1&id=10938&tipo=RESOLU%C7%C3O&
orgao=Conselho%20Federal%20de%20Medicina&numero=1995&situacao=VIGENTE&data=09-08-2012>. 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 24 
 
2. MORTE PRESUMIDA 
2.1. SEM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA: 
Art. 7
o
 Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado 
até dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá 
ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença 
fixar a data provável do falecimento. 
SENTENÇA JUDICIAL: deve declarar a data provável do falecimento. 
2.2. COM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA: 
 
CONCEITO DE AUSÊNCIA: estado de fato em que uma pessoa desaparece de seu domicílio 
sem deixar qualquer notícia, sem deixar procurador ou representante. 
 
1ª FASE - CURADORIA DOS BENS DO AUSENTE 
 FINALIDADE: cuidar do patrimônio do ausente. 
 ARRECADAÇÃO DOS BENS: qualquer interessado ou o Ministério Público pode pedir 
ao Poder Judiciário que declare a ausência e seja nomeado um Curador dos bens do Ausente, 
que gerencie e administre os bens do desaparecido (administração da massa patrimonial) 
 ORDEM: art. 25: 1º) cônjuge – 2º) pais – 3º) descendentes (filhos, netos etc.) - 4º) 
Qualquer pessoa à escolha do juiz. 
 PRAZO: 1 OU 3 ANOS 
 1 ano sem ter deixado procurador – 3 anos se deixou procurador (art. 23) 
 EDITAIS: publicados de 2 em 2 meses convocando o ausente 
 
2ª FASE – SUCESSÃO PROVISÓRIA 
 FINALIDADE: cuidar dos interesses dos sucessores, credores etc.. Art. 26 e 
seguintes. 
 EFEITOS: se declara, ainda provisoriamente, a morte. Herdeiros podem receber os 
bens, desde que prestem garantias. É direito condicionado.DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
Página 25 
 
 
3ª FASE – SUCESSÃO DEFINITIVA 
 FINALIDADE: cuidar dos interesses dos sucessores, credores etc. Art. 37 e seguintes. 
 PRAZO: 10 anos após o trânsito em julgado da decisão de abertura da sucessão 
provisória. 
 EFEITOS: Torna definitiva a transferência de bens aos sucessores. 
CASO: “Com marido desaparecido há 25 anos, mulher ganha o direito de 
pensão por morte” (JUSTIFICANDO)11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direitos da Personalidade 
 
11
 http://justificando.com/2015/02/12/com-marido-desaparecido-ha-25-anos-mulher-ganha-o-direito-de-pensao-
por-morte/ 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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CC/2002, artigos 11 ao 21 - CF/1988, art. 5º, X. 
1. CONCEITO 
São aqueles que têm por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si 
e em suas projeções sociais. São direitos que compõem a essência do ser humano. 
2. NATUREZA 
a) Corrente positivista (adquiridos) 
b) Corrente jusnaturalista (inatos) 
3. TITULARIDADE 
 O ser humano. 
 O nascituro, que embora não tenha personalidade jurídica, possui alguns direitos 
resguardados pela lei. 
 Às pessoas jurídicas são garantidos alguns direitos da personalidade, como o nome, a 
imagem a honra (objetiva, projetada socialmente)12 – art. 52, CC/200213 
4. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são 
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação 
voluntária. 
a) Absolutos: oponíveis erga omnes 
b) Universais 
c) Extrapatrimoniais 
d) Indisponíveis (intransmissíveis e irrenunciáveis) – art. 1114 
e) Imprescritíveis15 
 
12
 A publicidade negativa pode influenciar todo o prestígio social da empresa. Uma notícia falsa contra a pessoa 
jurídica pode gerar para o ofensor o dever de indenizar. 
13
 Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. 
14
 Alguns direitos, como o de imagem, podem ser cedidos (cessão de uso), porém essa cessão não implica em 
transferência, portanto, não perde seu caráter de direito intrínseco ao seu titular. 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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f) Impenhoráveis: consequência direta da indisponibilidade. 
g) Vitalícios 
5. CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
Fonte: GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito 
civil: parte geral. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
 Questões prévias: 
a) O rol de direitos da personalidade é numerus clausus? 
Enunciado 274 da IV Jornada de Direito Civil – Art. 11. Os direitos da personalidade, 
regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral 
de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, III, da Constituição (princípio da 
dignidade da pessoa humana). 
b) Existe relação entre os direitos da personalidade e os direitos fundamentais 
definidos pela Constituição da República? 
 
5.1. DIREITO À VIDA 
 
 O direito à vida é garantido inclusive ao nascituro, ao punir o aborto.16 
 Questões Controversas: 
- Manipulação de embriões laboratoriais in vitro 
- Células-tronco embrionárias (Lei de Biossegurança, Lei nº 11.105/2005, art. 5º17) – 
STF, ADIn 3510, Min, Ayres Britto. 
 - Eutanásia: 
 Eutanásia ativa: filmes – Menina de Ouro, Mar Adentro, Você não Conhece Jack). 
 Eutanásia passiva (ortotanásia ou paraeutanásia) 
 
15
 Possui relação com o instituto da prescrição, que estabelece prazos para que os direitos (patrimoniais) sejam 
exercidos, sob pena de não se poder mais exigir determinação ação. Por exemplo, o prazo que o credor tem de 
cinco anos para cobrar dívida líquidas. Passados os cinco anos, ele perde o direito de cobrar. 
16
 O ordenamento jurídico brasileiro admite o aborto em algumas hipótese: para salvar a vida da gestante (aborto 
terapêutico); em caso de estupro (aborto sentimental, ético e humanitário); em caso de feto anencefálico. 
17
 Art. 5
o
 É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de 
embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as 
seguintes condições: I – sejam embriões inviáveis; ou II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, 
na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 
(três) anos, contados a partir da data de congelamento. 
 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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5.2. DIREITO À INTEGRIDADE FÍSICA 
Finalidade: busca evitar a diminuição permanente da integridade física. Busca manter a 
incolumidade corpórea e intelectual, repelindo as lesões causas ao funcionamento normal do 
corpo humano. 
ART. 13 - ATOS DE DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO CORPO (DIREITO 
AO CORPO VIVO) 
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, 
quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons 
costumes. 
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, 
na forma estabelecida em lei especial. 
Direito ao corpo em sua integralidade e a partes dele destacáveis 
EXCEÇÕES: São casos excepcionais em que se admite a violação, por exemplo: art. 9º, Lei 
nº 9.434/1997 (Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins 
de transplante e tratamento e dá outras providências) 
Art. 9
o
 É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes 
do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou parentes 
consanguíneos até o quarto grau, inclusive, na forma do § 4
o
 deste artigo, ou em qualquer outra 
pessoa, mediante autorização judicial, dispensada esta em relação à medula óssea. 
a) Em caso de órgãos duplos 
b) partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo do 
doador de continuar vivendo sem risco para a sua integridade e não represente grave 
comprometimento de suas aptidões vitais e saúde mental e não cause mutilação ou 
deformação inaceitável, e corresponda a uma necessidade terapêutica 
comprovadamente indispensável à pessoa receptora. 
c) Transgenitalização mediante autorização judicial: para adequar corpo-mente (sexo físico 
ao sexo psíquico) - exigência do próprio direito à saúde (benefício da saúde mental e 
sociabilidade do transexual) 
ART. 14 - DIREITO AO CORPO MORTO (CADÁVER) 
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL 
 
 
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Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do 
próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. 
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer 
tempo. 
FINALIDADE 
EXCEÇÕES 
a) Direito à prova 
b) Necessidade 
Princípio do consenso afirmativo 
Lei nº 9.434/1997 
Art. 4
o
 A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para 
transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge 
ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o 
segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas 
presentes à verificação da morte. 
ART. 15 - TRATAMENTO MÉDICO DE RISCO 
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida,

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