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(Unidade 02 Ação penal) Atualizado(1)

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Professora Katia Polon 1
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIC
Faculdade de Direito
TEORIA GERAL DO PROCESSO PENAL
PROFª: KATIA POLON
E-mail: profkatiapolon@gmail.com
2017/2
Bibliografia:
● 1 - Nucci, Guilherme de Souza. Processo penal - 3. ed. rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: 
Forense, 2015. (Esquemas & sistemas; v. 3) ISBN 978-85-309-6346-0. 
● 2 - Nucci, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal – 13. ed. rev., 
atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. ISBN 978-85-309-6952-3.
Professora Katia Polon 2
Unidades de Ensino (Conteúdo Programático)
UNIDADE 02 - AÇÃO PENAL
● U2.1 - Ação Penal: Conceito - Condições da ação penal, 
Princípios; Titularidade
● U2.2 - Ação penal pública incondicionada e 
condicionada
● U2.3 - Ação penal privada - Prazos - Denúncia e queixa 
( requisitos, omissões, prazo, rejeição e aditamento);
● U2.4 - Ação civil ex delict: requisitos e condição de 
procedibilidade
Professora Katia Polon 3Unidade 2.1
Professora Katia Polon 4
As ações são:
a) públicas, quando promovidas pelo Ministério Público, 
subdivididas em: 
a.1) incondicionadas, quando propostas sem necessidade de 
representação ou requisição; 
a.2) condicionadas, quando dependentes da representação 
do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
A petição inicial da ação penal:
Quando proposta pelo Ministério Público, chama-se denúncia; 
Quando proposta pelo ofendido, no caso de se tratar de ação 
penal privada, denomina-se queixa (art. 100, § 2.º, CP).
Unidade 2.1
Professora Katia Polon 5
● Na essência, o Código Penal não 
deveria ter cuidado do tema ação 
penal, próprio de ser trabalhado no 
contexto do processo penal, (art. 24 do 
CPP - “nos crimes de ação pública, 
esta será promovida por denúncia do 
Ministério Público, mas dependerá, 
quando a lei o exigir, de requisição do 
Ministro da Justiça, ou representação 
do ofendido ou de quem tiver 
qualidade para representá-lo”). 
● Porém deve-se analisar o tipo 
penal incriminador existente na 
Parte Especial do Código Penal 
(ou em legislação especial); caso 
não se encontre nenhuma 
referência à necessidade de 
representação ou requisição, bem 
como à possibilidade de 
oferecimento de queixa, trata-se de 
ação penal pública incondicionada. 
● Por outro lado, deparando-se com os 
destaques “somente se procede 
mediante representação” (ex.: art. 153, § 
1.º, CP) ou “procede-se mediante 
requisição do Ministro da Justiça” (ex.: 
art. 145, parágrafo único, CP), está-se 
diante de ação penal pública 
condicionada. 
● E caso se encontre a especial referência 
“somente se procede mediante queixa” 
(ex.: art. 145, caput, CP), evidencia-se a 
ação penal privada.
● ATENÇÃO: Por vezes, o legislador 
insere uma regra geral, valendo para 
vários capítulos, como se pode 
observar pela atual redação do art. 
225, CP, dada pela Lei 12.015/2009:
 “Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste 
Título, procede-se mediante ação penal pública 
condicionada à representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, 
mediante ação penal pública incondicionada se 
a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou 
pessoa vulnerável”.
Unidade 2.1
Professora Katia Polon 6
PROCESSO, PROCEDIMENTO E 
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
● O processo é um instrumento de realização do 
direito de pedir ao Poder Judiciário a aplicação do 
direito material ao caso concreto, formatando-se 
pelos aspectos externo e interno.
● Externamente, o processo é uma sucessão 
ordenada de atos dirigida à sentença. 
● Internamente, cuida-se de uma relação 
estabelecida entre as partes contrapostas – 
acusação e réu – e o Estado-juiz.
● O procedimento é a forma e o ritmo dado à 
sucessão dos atos que buscam a sentença.
● Pode ser considerado comum ou especial, 
como veremos no capítulo próprio, 
significando um andamento mais célere ou 
mais lento, com várias audiências ou uma 
única, enfim, espelha a maneira pela qual 
se dará o desenvolvimento do processo.
● Os pressupostos processuais são os requisitos necessários para a existência e a validade da 
relação processual, permitindo que o processo possa atingir o seu fim. 
● Como pressuposto de existência, pode-se citar a constatação da jurisdição, uma vez que 
apresentar a causa a uma pessoa não integrante do Poder Judiciário nada resolve em definitivo. 
● Como pressuposto de validade, pode-se mencionar a inexistência de suspeição do magistrado, 
bem como a sua competência para decidir a causa, além da ausência de litispendência e coisa 
julgada. A Lei 11.719/2008 inseriu, dentre os motivos para a rejeição da denúncia ou queixa, a 
falta de pressuposto processual (art. 395, II, CPP). 
● Devemos relembrar que alguns dos pressupostos processuais podem ser supridos e sanados, 
não implicando, necessariamente, a rejeição da peça acusatória.
Unidade 2.1
Professora Katia Polon 7
INÍCIO DA AÇÃO PENAL
● Há divergência doutrinária no 
que se refere ao início da ação 
penal, sendo favoráveis ao 
oferecimento da denúncia 
como termo inicial da ação 
Mirabete (Código de Processo 
Penal Interpretado, 2001, p. 
169), Guilherme de Souza 
Nucci (Código de Processo 
Penal Comentado, 2002, p. 
99) e Tourinho Filho (Código 
de Processo Penal 
Comentado, 1999, p. 75).
● Já Eugênio Pacelli entende 
de modo oposto, pelo seu 
recebimento como março 
inicial (Curso de Processo 
Penal, 2005, p. 447). 
● Para o STF e o STJ, o termo 
inicial é o recebimento da 
denúncia ou queixa, 
respectivamente nos julgados 
a seguir: RHC 89721 / RO DJ 
16-02-2007 e HC 9843 / MT 
DJ 17.04.2000.
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/962773/qual-o-termo-inicial-da-acao-penal-o-oferecimento-da-denuncia-ou-o-seu-recebimento-marcio-pereira 
Acesso em 08/09/2017 as 14h30min.
Unidade 2.1
Professora Katia Polon 8
● O início da ação penal serve para interromper a 
decadência.
● Quando o magistrado recebe a denúncia ou a 
queixa, tem-se por ajuizada a ação penal, vale 
dizer, encontra-se em termos para estabelecer 
a relação processual completa, chamando-se o 
réu a juízo. Serve para interromper a 
prescrição.
Unidade 2.1
Professora Katia Polon 9
ATENÇÃO
● Prescrição: é a perda 
da pretensão punitiva 
ou executória em face 
do decurso do tempo.
● Decadência: é a 
perda do direito de 
ação em face do 
decurso do tempo.
● A decadência, a prescrição e a 
perempção extinguem a 
punibilidade 
● (Art. 107, IV, do CP: Extingue-se a 
punibilidade: (…) IV - pela prescrição, 
decadência ou perempção)
● Perempção: é 
sanção processual 
ao querelante inerte 
ou negligente.
● Preclusão: perda de uma faculdade processual; a 
preclusão pode ser temporal, lógica ou consumativa e, 
diferente das demais hipóteses, não atinge o direito de punir.
Unidade 2.1
Professora Katia Polon 10
CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL
● GENÉRICAS: condições válidas para 
toda e qualquer ação penal.
a) possibilidade jurídica do pedido; 
b) interesse de agir; 
c) legitimidade de parte.
● OBS.: A partir da Lei 11.719/2008 
revogou-se o art. 43 e o seu conteúdo 
foi transferido, com alterações, para o 
art. 395 do CPP.
● De maneira ampla, passou-se a 
prever, como causas para a rejeição 
da denúncia ou queixa, o seguinte: 
a) inépcia da denúncia ou queixa; b) 
ausência de pressuposto processual; 
c) falta de condição para o exercício 
da ação penal; d) ausência de justa 
causa para o exercício da ação penal.
● ESPECÍFICAS: Determinadas 
ações penais, dependem do 
preenchimento de certos 
requisitos que vão além dos 
genéricos, também são 
denominadas de condições de 
procedibilidade.
● Exemplos: a) existência de 
representação da vítima ou 
requisição do Ministro da Justiça 
(ação pública condicionada); b) 
ingresso do estrangeiro no 
território nacional, no caso deextraterritorialidade 
condicionada; c) efetivação da 
prisão, no caso do processo de 
extradição etc. 
Unidade 2.1
Professora Katia Polon 11
CONDIÇÃO GENÉRICA:
 POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO
● Significa ter o Estado a possibilidade, em tese, de obter a 
condenação do réu, motivo pelo qual é indispensável que a 
imputação diga respeito a um fato considerado criminoso. (fato 
típico, antijurídico e culpável).
● A possibilidade jurídica do pedido liga-se apenas à viabilidade de 
ajuizamento da ação penal para que, ao final, seja produzido um 
juízo de mérito pelo magistrado, não significando que não possa 
haver, desde logo, quando for possível, a antecipação dessa 
avaliação de mérito, encerrando-se de vez a questão, quando as 
provas permitirem, no interesse do próprio indivíduo.
● Acrescente-se, ainda, existir a possibilidade legal de, ultrapassada a 
fase de recebimento da denúncia ou queixa, o juiz absolver 
sumariamente o réu, após a apresentação da defesa prévia, dentre 
outras, pela razão de o fato narrado evidentemente não constituir 
crime (art. 397, III, CPP).
Unidade 2.1
Professora Katia Polon 12
CONDIÇÃO GENÉRICA:
 Interesse de agir
● A necessidade de existência do devido processo legal para haver 
condenação e consequente submissão de alguém à sanção penal é 
condição inerente a toda ação penal. Logo, pode-se dizer que é 
presumido esse aspecto do interesse de agir.
● Quanto à adequação, o órgão acusatório precisa promover a ação 
penal nos moldes procedimentais eleitos pelo Código de Processo 
Penal, bem como com supedâneo em prova pré-constituída. Sem o 
respeito a tais elementos, embora a narrativa feita na denúncia ou 
queixa possa ser considerada juridicamente possível, não haverá 
interesse de agir, tendo em vista ter sido desrespeitado o interess e 
adequação.
● Quanto ao interesse-utilidade, significa que a ação penal precisa 
apresentar-se útil para a realização da pretensão punitiva do Estado. 
Vislumbrando-se, por exemplo, a ocorrência de causa extintiva da 
punibilidade, é natural deixar o processo de interessar ao Estado, que 
não mais possui pretensão de punir o autor da infração penal.
Unidade 2.1
Professora Katia Polon 13
CONDIÇÃO GENÉRICA:
Legitimidade de parte
● O juiz certificar-se da legitimidade da 
parte nos dois polos: ativo e passivo. E 
mais, necessita verificar a legitimidade 
para a causa (ad causam) e a 
legitimidade para o processo (ad 
processum).
● Quanto à legitimidade para a causa, no 
polo ativo deve figurar o titular da ação 
penal: Ministério Público (ação penal 
pública) ou ofendido (ação penal privada), 
que pode ser representado ou sucedido 
por outra pessoa na forma da lei (arts. 30 
e 31, CPP).
● No polo passivo, em face do princípio da 
intranscendência, deve estar a pessoa 
contra a qual pesa a imputação, vale 
dizer, não é parte legítima passiva aquele 
que não praticou a conduta típica, nem de 
qualquer forma auxiliou à sua realização.
● No tocante à legitimidade para o 
processo, no polo ativo deve 
estar o membro do Ministério 
Público que possua, legalmente, 
atribuição para tanto (princípio do 
promotor natural) ou o ofendido, 
devidamente representado por 
advogado (caso não esteja 
atuando em causa própria, isto é, 
se a própria vítima possuir 
habilitação profissional), se maior 
de 18 anos, bem como o ofendido, 
assistido por seu representante 
legal (pai, por exemplo), se menor 
de 18 anos, devidamente 
representado pelo advogado.
Unidade 2.1
Professora Katia Polon 14
CONDIÇÃO GENÉRICA: Legitimidade de parte
● Excepcionalmente, pode haver legitimidade ativa para a causa concorrente, ou 
seja, mais de uma parte está autorizada legalmente a agir. 
● Logicamente, não podendo haver duas ações penais idênticas contra o 
mesmo réu, quem o fizer em primeiro lugar, afasta o outro. É o que acontece 
quando o membro do Ministério Público ultrapassa o prazo legal para o 
oferecimento de denúncia (art. 46, CPP), legitimando o ofendido a ingressar 
com queixa-crime (art. 29, CPP). Se este não o fizer, continua autorizado a 
oferecer denúncia o promotor, figurando, pois, uma legitimação concorrente.
● Outra exceção, não convincente, no entanto, é a possibilidade de o funcionário 
público, ofendido em sua honra no exercício da função, que deveria sempre, 
quando desejasse ver processado o ofensor, representar ao Ministério Público, 
para que este promovesse a ação penal pública (art. 145, parágrafo único, CP), 
valer-se de ação penal privada, ficando a seu critério a escolha. Assim, tem 
entendido o Supremo Tribunal Federal caber ao funcionário optar entre 
provocar o Ministério Público para que a ação seja proposta ou contratar ele 
mesmo um advogado para ingressar com queixa. 
● O STF, editou a Súmula 714: “É concorrente a legitimidade do ofendido, 
mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do 
ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em 
razão do exercício de suas funções”.
Unidade 2.1
Professora Katia Polon 15
CONDIÇÃO ESPECÍFICA: 
REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO
● A representação pode ser ofertada perante autoridade policial, promotor ou 
magistrado não competente para investigar, oferecer ou receber a denúncia, o 
que se afigura razoável, pois a manifestação de vontade da vítima é somente uma 
condição de procedibilidade e não a petição inicial, que inaugura um processo.
● A representação não exige rigorismo formal, ou seja, um termo específico em que a 
vítima declare expressamente o desejo de representar contra o autor da infração 
penal.
● Outra situação possível: o ofendido pode comparecer à delegacia, registrar a 
ocorrência e manifestar expressamente, no próprio boletim, o seu desejo de ver o 
agressor processado. Entretanto, para que dúvida não paire, o ideal é colher a 
expressa intenção do ofendido por termo, como deixa claro o § 1.º do art. 39 do CPP. 
● Deve ser feita pela vítima, seu representante legal ou sucessor (cônjuge, ascendente, 
descendente e irmão)
● ATENÇÃO: Vale destacar, por fim, que a representação confere ao promotor 
autorização para agir e não obrigatoriedade. Assim, caso inexistam provas 
suficientes para a propositura da ação penal, após esgotarem-se os meios 
investigatórios, pode o representante do Ministério Público requerer o arquivamento. 
Determinado este, não tem a vítima o direito de ingressar com ação privada 
subsidiária da pública, uma vez que o promotor cumpriu sua função a tempo.
Unidade 2.1
Professora Katia Polon 16
CONDIÇÃO ESPECÍFICA: 
REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA
● Para alguns poucos casos, previu-se que haja a participação discricionária de órgão do 
Poder Executivo, conferindo autorização para a atuação do Ministério Público, diante da 
complexidade do tema e da conveniência política de se levar o caso à apreciação do 
Poder Judiciário. 
● A requisição é a exigência legal que o Ministro da Justiça encaminha ao Ministério 
Público de que seja apurada a prática de determinada infração penal e sua autoria. Não 
deixa de ser uma delatio criminis postulatória, trata-se de uma condição para o exercício 
do direito de ação (art. 395, II, CPP).
● Ex.: quando há crime contra a honra do Presidente da República ou de chefe de 
governo estrangeiro (art. 145, parágrafo único, 1.ª parte, do CP). 
Obs.: feita a requisição, isso não significa que o Ministério Público agirá 
automaticamente. Havendo provas suficientes a fundamentar a ação penal, 
segundo o princípio da obrigatoriedade, deve o Ministério Público ofertar 
denúncia; porém, havendo falta de justa causa para o início da ação, deve ser 
requerido o arquivamento da requisição e das provas que a acompanharam ou do 
inquérito, caso este tenha sido instaurado por conveniência da formação da 
opinio delicti do órgão acusatório.● Diante do silêncio da lei, a qualquer tempo, enquanto não estiver extinta a punibilidade 
do agente (como pode ocorrer com o advento da prescrição), pode o Ministro da Justiça 
encaminhar a requisição ao Ministério Público.
Unidade 2.1
Professora Katia Polon 17Unidade 2.2
Professora Katia Polon 18Unidade 2.2
Professora Katia Polon 19Unidade 2.2
Professora Katia Polon 20Unidade 2.3
AÇÃO PENAL PRIVADA
Professora Katia Polon 21
Decadência
● A decadência envolve todo tipo de ação penal privada (exclusiva ou subsidiária), 
abrangendo também o direito de representação, que ocorre na ação penal pública 
condicionada. 
● No caso da ação privada subsidiária da pública, como já visto, deve-se destacar que o 
particular ofendido pode decair do seu direito de apresentar queixa, tão logo decorra o 
prazo de seis meses, contado a partir da finalização do prazo legal para o Ministério 
Público oferecer denúncia, embora não afete o direito do Estado-acusação, ainda que 
a destempo, de oferecer denúncia.
● A contagem do prazo decadencial, embora seja um prazo processual, que cuida do 
exercício do direito de ação, possui nítidos reflexos no direito penal, uma vez que é 
capaz de gerar a extinção da punibilidade. Portanto, conta-se nos termos do art. 10 
do Código Penal, incluindo-se o dia do começo e excluindo-se o dia final, 
valendo-se a contagem do calendário comum. Ex.: se alguém toma conhecimento da 
autoria do crime de calúnia, no dia 10 de março, vence o prazo para apresentar queixa 
no dia 9 de setembro. Não há interrupção por força de feriados, fins de semana, 
férias forenses ou qualquer outro motivo de força maior.
● O marco inicial da decadência é o dia em que a vítima souber quem é o autor do crime. 
O mesmo critério deve ser aplicado aos sucessores do ofendido, caso este morra ou 
seja considerado ausente.
● Ocorre a finalização de cômputo do prazo decadencial quando há o oferecimento de 
queixa ao juízo. Prescinde-se de despacho judicial ou recebimento da queixa, 
bastando a distribuição no fórum.
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 22Unidade 2.3
Professora Katia Polon 23
Renúncia x Perdão
desistir ou abdicar x desculpar ou absolver
● A desistência ocorre sempre antes do 
ajuizamento da ação
● A renúncia pode ser expressa, pode tanto 
ingressar com petição, ainda durante a fase do 
inquérito policial, deixando claro que desiste de 
agir contra o ofensor (art. 104, CP), como pode 
dirigir uma carta ao agressor demonstrando seu 
intuito. Exige a lei que o ofendido apresente 
declaração assinada por si ou por procurador 
com poderes especiais (não é necessário ser 
advogado).
● Tácita, o ofendido pode reconciliar-se com o 
agressor, deixando isso evidente através de 
atitudes e gestos, como, por exemplo, convidá-lo 
para ser padrinho de seu casamento (art. 104, 
parágrafo único, CP).
● Quando se configurar a renúncia, havendo 
inquérito, o juiz cuidará de findar a investigação, 
julgando extinta a punibilidade do agente. 
Inexistindo inquérito, pode-se provocar o juiz 
apenas com o fito de julgar extinta a 
punibilidade, embora o mais comum seja 
simplesmente nada fazer, deixando-se de 
registrar a ocorrência do fato delituoso.
● No caso da ação penal privada exclusiva, 
equivale à desistência da demanda, o que 
somente pode ocorrer quando a ação já está 
iniciada. 
● É ato bilateral, exigindo, pois, a concordância do 
agressor (querelado).
● O art. 105 do Código Penal é expresso ao 
mencionar que o perdão obsta ao 
prosseguimento da ação, subentendendo-se 
que deve ela estar iniciada.
● A aceitação do perdão pode ser feita por 
procurador com poderes especiais, advogado 
ou não. O defensor dativo e o advogado, sem 
tais poderes específicos, não podem acolher o 
perdão do querelante.
● O limite para a ocorrência do perdão é o trânsito 
em julgado da sentença condenatória (art. 106, 
§ 2.º, do CP).
●
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 24
PERDÃO – OBS.: 
● Em razão da indivisibilidade da ação penal privada, desejando perdoar um 
dos agressores, está o querelante abrindo oportunidade para que todos os 
coautores dele se beneficiem. Entretanto, como o perdão é bilateral, exigindo 
aceitação do querelado, é possível que um coautor aceite e outro não, razão 
pela qual, em relação a este, não produz efeito (art. 51, CPP, e art. 106, I e 
III, CP).
● Por outro lado, quando houver mais de um ofendido, ainda que um deles 
perdoe, tal situação não afasta dos demais o direito de processar o agressor 
(art. 106, II, CP). Frise-se, também, que, havendo vários delitos de ação 
privada tramitando com as mesmas partes, o perdão concedido pelo 
querelante ao querelado em um só dos processos, não se estende aos 
demais, que podem prosseguir normalmente.
● Lembremos que a ação privada subsidiária da pública não comporta perdão, 
pois o titular, em última análise, é o Ministério Público (vide art. 29, CPP). Se 
o particular assume o polo ativo diante da inércia do órgão acusatório estatal, 
como mero substituto processual, caso tenha intenção de abandonar a causa 
ou perdoar o ofensor, torna a assumir a titularidade o promotor de justiça ou 
o procurador da República.
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 25Unidade 2.3
Professora Katia Polon 26
Perempção
● Dá-se a extinção da punibilidade do querelado, (põe fim ao processo) 
nos casos de ação penal exclusivamente privada, quando o querelante, 
por desídia, demonstra desinteresse pelo prosseguimento da ação.
● Havendo mais de um querelante, a inércia de um não pode prejudicar os 
demais. Assim, caso um deles deixe perimir a ação penal, pode esta 
prosseguir em relação aos outros.
● SITUAÇÕES: I) paralisação do feito por mais de trinta dias (art. 60, I, 
CPP); II) falecimento ou a incapacidade do querelante (art. 60, II, CPP); 
III) não comparecimento, injustificado, do querelante a ato processual 
indispensável (art. 60, III, CPP); IV) ausência do pedido de condenação 
nas alegações finais do querelante (art. 60, III, parte final, CPP); V) 
extinção de pessoa jurídica, quando for a querelante, sem deixar 
sucessora disposta a assumir o polo ativo da demanda (art. 60, IV, CPP).
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 27
Ação privada subsidiária da pública
● Trata-se de autorização constitucional fornecida pelo art. 5.º, LIX, possibilitando que 
a vítima ou seu representante legal ingresse, diretamente, com ação penal, através 
do oferecimento de queixa, quando o Ministério Público, nos casos de ações 
públicas, deixe de fazê-lo no prazo legal (art. 46, CPP).
● De uso raríssimo no cotidiano forense. Não pelo fato do Ministério Público nunca 
atrasar no oferecimento de denúncia, mas porque a vítima, dificilmente, acompanha 
o desenrolar do inquérito, através de seu advogado.
● Há, pois, diferença substancial entre não agir e manifestar-se pelo arquivamento, por 
crer inexistir fundamento para a ação penal.
● Oferecida queixa pelo ofendido, as atribuições do Ministério Público passam a ser 
aditar (complementar, adicionar algum elemento) a inicial, para incluir circunstância 
constante das provas do inquérito, componente da figura típica, mas não descrita na 
peça inaugural privada, bem como para incluir algum indiciado olvidado; pode 
repudiar a queixa, oferecendo denúncia substitutiva, quando verificar que a peça 
ofertada pela vítima é inepta e não preenche os requisitos legais.
● Na ação penal privada subsidiária da pública é inadmissível a ocorrência do perdão 
ofertado pelo querelante. Conforme art. 105 do Código Penal, somente cabe perdão 
nas ações exclusivamente privadas. Se o fizer, demonstra sua indisposição a 
conduzir a ação penal, devendo o Ministério Público retomar o seu lugar como parte 
principal.
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 28Espécies de ação privada
Unidade 2.3
● a) exclusivamente privada, quando 
somente a vítima, seu representante 
legal ou as pessoas autorizadas em 
lei (art. 31, CPP) podem ingressar 
com a ação penal.
● Dentro dessa modalidade, há alguns 
casos em que a legitimidade ativa é 
privativa da pessoa ofendida, não 
admitindo que sucessores assumam 
o polo ativo. Cuida-se da 
denominada ação personalíssima, 
como ocorre com o induzimento a 
erro essencial e ocultação de 
impedimento (art. 236, parágrafo 
único, CP);
● b) ação privada 
subsidiária da pública, 
quando o ofendido, 
porque o Ministério 
Público, sem agir como 
deveria, deixa escoar o 
prazo para o 
oferecimento da 
denúncia, age em seu 
lugar, apresentando 
queixa.
Professora Katia Polon 29
Sucessão e menoridade no 
contexto do oferecimento de queixa
Unidade 2.3
● Nos exatos moldes da possibilidade 
de oferecimento de representação 
em caso de ofendido morto ou 
ausente, admite a lei processual 
penal (art. 31) que assuma o polo 
ativo, apresentando queixa em lugar 
da vítima, seus familiares, na 
seguinte ordem: cônjuge, 
ascendente, descendente e irmão.
● O prazo decadencial, que, como 
regra, é de seis meses para o 
ofendido, contado da data em que 
souber quem é o autor da infração 
penal, para os sucessores deve 
começar a contar a partir do mesmo 
momento, isto é, do dia em que cada 
qual souber a autoria do crime.
● Há possibilidade do ofendido ser menor de 18 
anos – sem legitimação para agir no processo 
penal – ou mentalmente enfermo ou retardado, 
sem a devida representação legal. Nessa 
situação, para evitar que fique privado de seu 
direito de acionar criminalmente quem o 
ofendeu, deve o juiz, por ato de ofício ou 
mediante provocação do promotor, nomear à 
vítima um curador especial. 
● O curador pode ser qualquer pessoa, com 
mais de 18 anos, da confiança do juiz. 
● O mesmo caminho deve ser trilhado em se 
tratando de representação, quando envolver o 
interesse de pessoa incapaz. Por vezes, o 
referido incapaz tem representante legal, mas 
este tem interesse conflitante com o do 
representado, podendo ser de variadas ordens. 
Pode ocorrer do representante ser coautor ou 
partícipe do crime de ação privada cometido 
contra o incapaz, ou até mesmo muito amigo, 
ou intimamente relacionado com o autor.
Professora Katia Polon 30
CONTEÚDO E FORMALIDADES 
DA DENÚNCIA OU QUEIXA
● Denúncia é a petição inicial, contendo a 
acusação formulada pelo Ministério Público, 
contra o agente do fato criminoso, nas ações 
penais públicas. 
● Queixa é a petição inicial, contendo a 
acusação formulada pela vítima, através de 
seu advogado, contra o agente do fato 
delituoso, nas ações penais privadas
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 31
O art. 41 do Código de Processo Penal estipula quais 
são os elementos da denúncia ou da queixa:
● a) exposição do fato 
criminoso, com todas 
as suas 
circunstâncias;
● b) qualificação do 
acusado ou 
esclarecimentos pelos 
quais se possa 
identificá-lo;
● d) rol de 
testemunhas.
● c) classificação do 
crime;
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 32
● a) A exposição do fato 
criminoso: todas as 
circunstâncias diz respeito 
à narrativa do tipo básico 
(figura fundamental do 
delito) e do tipo derivado 
(circunstâncias que 
envolvem o delito na forma 
de qualificadoras ou causas 
de aumento). 
● É dever do órgão 
acusatório promover a 
imputação completa, 
embora possa deixar de 
lado as circunstâncias 
genéricas de elevação da 
pena.
● b) qualificação do acusado: pode 
ocorrer que ele não tenha o nome ou 
os demais elementos que o qualificam 
devidamente conhecidos e seguros. 
Há quem possua dados incompletos, 
não tenha nem mesmo certidão de 
nascimento ou seja alguém que, 
propositadamente, carregue vários 
nomes e qualificações.
● Contenta-se a ação penal com a 
determinação física do autor do fato, 
razão pela qual se torna 
imprescindível a sua identificação 
dactiloscópica e fotográfica, o que, 
atualmente, é expressamente previsto 
na Lei 12.037/2009. O art. 259 do 
Código de Processo Penal deixa claro 
que a “impossibilidade de 
identificação do acusado com o seu 
verdadeiro nome ou outros 
qualificativos não retardará a ação 
penal, quando certa a identidade 
física”.
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 33
● C) classificação do crime: pode-se 
dizer que é a tipicidade ou definição 
jurídica do fato. O promotor, autor 
da denúncia, após descrever 
pormenorizadamente o fato 
delituoso praticado pelo agente, 
finda a peça inicial oferecendo a 
classificação, isto é, a sua visão a 
respeito da tipicidade. Manifesta 
qual é a definição jurídica do 
ocorrido, base sobre a qual será 
proferida eventual decisão 
condenatória. 
● Trata-se de um juízo do órgão 
acusatório, que não vincula nem o 
juiz, nem a defesa. Portanto, tendo 
em vista que o acusado se defende 
dos fatos alegados, pode o defensor 
solicitar ao magistrado o 
reconhecimento de outra tipicidade, 
o mesmo podendo fazer o juiz de 
ofício, ao término da instrução, nos 
termos do art. 383 do CPP.
● Se houver algum erro quanto à 
classificação/tipificação pelo MP, é 
irrelevante, pois o réu se defende 
dos fatos alegados.
● O réu deve apresentar sua defesa 
quanto aos fatos e não quanto à 
tipificação feita, uma vez que, 
como leigo que é e estando 
assegurada a autodefesa, não 
tem obrigação de conhecer a lei 
penal. 
● Por sua vez, a defesa técnica 
prescinde da classificação feita 
pelo promotor, pois deve conhecer 
o direito material o suficiente para 
ater-se aos fatos alegados, 
apresentando ao juiz a tipificação 
que entende mais correta.
●
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 34
Quanto as testemunhas
● O rol de testemunhas é facultativo. A obrigatoriedade, nesse 
cenário, que vincula o órgão acusatório, é o oferecimento do rol 
na denúncia, razão pela qual, não o fazendo, perde a 
oportunidade de requerer a produção de prova testemunhal.
● Quando, além de testemunhas, o órgão acusatório pretender 
apontar qual é o ofendido (ou mais de um, se for o caso) a ser 
ouvido, deve fazê-lo à parte do rol. Afinal, há um número 
específico de testemunhas (no procedimento comum, para 
crimes apenados com reclusão, por exemplo, é de oito para 
cada parte, conforme art. 401, CPP) e a vítima não faz parte 
desse montante.
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 35
Quanto a assinatura
● ATENÇÃO: A falta de assinatura da peça inicial pode não 
ser defeito essencial, quanto à denúncia, tendo em vista 
que o representante do Ministério Público é órgão oficial 
conhecido dos serventuários, e, consequentemente, terá 
vista aberta para sua manifestação, sendo a falta de 
assinatura é mera irregularidade.
● Quanto à queixa, entretanto, temos que não pode 
prescindir da assinatura, pois é ato fundamental de 
manifestação da vontade da vítima, que dá início à ação 
penal dando entrada no distribuidor, como regra. 
● Logo, cabe ao juiz, quando a recebe, analisar quem a fez, se 
realmente a fez e se tinha poderes específicos ou capacidade 
para tanto. Não deve recebê-la sem a assinatura, ainda 
que isso possa acarretar a decadência.
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 36
● Outras deficiências de denúncia ou queixa podem ser supridas 
a todo tempo, antes da sentença final de primeiro grau (art. 
569, CPP), desde que a falha não prejudique a defesa do 
acusado. No caso da queixa, no entanto, eventuais deficiências 
que a comprometam devem ser sanadas antes dos seis meses 
que configuram o prazo decadencial. Do contrário, estar-se-ia 
criando um prazo bem maior do que o previsto em lei para que 
a ação penal privada se iniciasse validamente.
● A inépcia da peça acusatória ficará evidente caso os requisitos 
previstos no art.41 do CPP não sejam fielmente seguidos. Na 
realidade, a parte principal da denúncia ou queixa, que merece 
estar completa e sem defeitos, é a exposição do fato criminoso, 
com todas as suas circunstâncias. Afinal, é o cerne da 
imputação, contra o qual se insurge o réu, pessoalmente, em 
autodefesa, bem como por intermédio da defesa técnica.
● Se for constatada a falta de aptidão da inicial acusatória deve o 
juiz rejeitá-la de início (art. 395, I, CPP).
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 37
Concisão da denúncia ou queixa
● É medida que se impõe para não tornar a peça inicial do processo penal uma 
autêntica alegação final, avaliando provas e sugerindo jurisprudência a ser 
aplicada. Diferentemente da área cível, no processo criminal, a denúncia ou 
queixa deve primar pela concisão, limitando-se a apontar os fatos cometidos pelo 
autor (denunciado ou querelado), sem juízo de valoração ou apontamentos 
doutrinários e jurisprudenciais.
● A peça deve indicar o que o agente fez, para que ele possa se defender. Se 
envolver outros argumentos, tornará impossível o seu entendimento pelo réu, 
prejudicando a ampla defesa. Ensina ESPÍNOLA FILHO que “a peça inicial deve 
ser sucinta, limitando-se a apontar as circunstâncias que são necessárias à 
configuração do delito, com a referência apenas a fatos acessórios, que possam 
influir nessa caracterização. E não é na denúncia, nem na queixa, que se devem 
fazer as demonstrações da responsabilidade do réu, o que deve se reservar para 
a apreciação final da prova, quando se concretiza (ou não) o pedido de 
condenação” (Código de Processo Penal Brasileiro anotado, v. 1, p. 418).
● Peças longas, contendo exposição doutrinária e citação de jurisprudência, 
terminam por prejudicar a autodefesa, constituindo-se inicial inepta, merecedora 
de rejeição (art. 395, I, CPP).
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 38
Retificação da denúncia ou queixa 
no seu recebimento
● Caso a denúncia ou a queixa esteja mal redigida, dando a 
entender tratar-se de extorsão, quando, na realidade, é 
um roubo, o caminho mais indicado é a rejeição para que 
outra seja oferecida. Afinal, tal medida preserva o direito 
de defesa, evitando que o acusado seja prejudicado ao 
impugnar fatos duvidosos e mal expostos.
● Entretanto, se o órgão acusatório descreveu uma 
situação de modo detalhado que o promotor entendeu 
merecer a classificação de roubo, ainda que ao 
magistrado pareça ser uma extorsão, deve receber a 
denúncia para que, ao final, já na sentença, promova, se 
for o caso, a devida retificação.
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 39
Poderes especiais para o ingresso de queixa
● A queixa pode ser oferecida por procurador com poderes especiais (art. 44, 
CPP). Embora a maioria da doutrina interprete esse termo (procurador) como o 
advogado do querelante, exigindo, então, que a procuração seja outorgada com 
poderes específicos, cremos que se deve ampliar o sentido para abranger a 
nomeação, por mandato, de qualquer pessoa capaz que possa representar o 
querelante, contratando advogado, inclusive, para o ajuizamento da ação penal.
● O importante é que a vítima se responsabilize, sempre e claramente, pelos 
termos em que é oferecida a queixa, seja quando constitui pessoa para 
representar seus interesses, seja quando constitui diretamente advogado para 
fazê-lo. Caso o ofendido seja advogado, pode ingressar sozinho com a queixa.
● Optando pela contratação de advogado, é preciso que a procuração contenha 
poderes especiais, indicando exatamente o fato a ser imputado e contra quem, 
valendo, no entanto, a substituição dessa exposição pela assinatura aposta pela 
vítima diretamente na queixa, junto com seu advogado. 
● A referência ao crime, constante da procuração, deve consistir no resumo do 
fato, sob duas ressalvas: a) não deve calcar-se unicamente no artigo de lei no 
qual está incurso o denunciado; b) não precisa ser detalhado a ponto de narrar 
integralmente o fato.
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 40
SÍNTESE
● Ação penal: direito constitucional e abstrato de invocar o Estado-juiz a aplicação 
da lei penal ao caso concreto.
● Finalidade: formar o devido processo legal, que é meio indispensável para 
sustentar a condenação criminal de alguém, assegurados o contraditório e a ampla 
defesa.
● Espécies: conforme o polo ativo: divide-se em ação penal pública, cuja 
titularidade é do Ministério Público, e ação penal privada, a ser proposta pelo 
ofendido ou seu representante legal, como regra.
No caso da ação penal pública: subdivide-se em pública incondicionada (não 
dependente de qualquer manifestação de vontade de terceiro) e condicionada 
(dependente da manifestação de vontade do ofendido ou do Ministro da Justiça).
 A ação penal privada subdivide-se: em exclusiva (titularidade do ofendido, seu 
representante legal ou sucessores), personalíssima (titularidade somente do 
ofendido ou seu representante legal) e subsidiária da pública (assume o ofendido o 
polo ativo em face da inércia do órgão do Ministério Público).
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 41
SÍNTESE
● Princípios regentes: obrigatoriedade conduz a ação penal pública, 
uma vez que o Ministério Público, havendo provas suficientes e 
preenchidas as condições legais, deve promover o seu ajuizamento; 
oportunidade e indivisibilidade regulam a ação penal privada, pois o 
ofendido pode promover o seu ajuizamento, ficando ao seu inteiro 
critério fazê-lo ou não; caso opte pela ação penal, deve promovê-la 
contra todos os eventuais coautores e partícipes, não sendo viável 
eleger contra quem irá atuar.
● Limitações ao direito de ação do ofendido: tendo em vista que se 
trata de um direito excepcional, pois, como regra, a titularidade da ação 
penal é do Ministério Público, o particular, quando autorizado a fazê-lo, 
encontra limites nos institutos da decadência (tem um prazo fatal para 
dar início à ação penal, que é, em regra, de seis meses, a contar da 
data em que souber quem é o autor da infração penal); renúncia e 
perdão (pode desistir de promover a ação, antes ou depois de iniciada, 
implicando a extinção da punibilidade do querelado); perempção (a 
negligência na condução da demanda implica em perda do direito de 
ação, extinguindo-se igualmente a punibilidade do querelado).
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 42
SÍNTESE
● Condições da ação penal: são os requisitos exigidos por lei para que 
o juiz aprecie o mérito da imputação, ou seja, para que acolha ou 
rejeite o pedido do autor, afirmando ou afastando a pretensão punitiva 
do Estado. 
Genéricas (possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e 
legitimidade de parte) e Específicas (também chamadas de 
condições de procedibilidade, que variam conforme o delito praticado).
● Petição inicial: denúncia é a peça apresentada pelo Ministério 
Público contendo a imputação contra o agente; queixa é a peça 
oferecida pelo ofendido descrevendo a imputação contra o autor do 
delito.
● Conteúdo da peça acusatória: deve haver a exposição do fato 
criminoso (tipo básico) com todas as suas circunstâncias (tipo 
derivado), a qualificação do acusado ou elementos que possam 
identificá-lo, bem como a classificação do crime; pode haver o rol das 
testemunhas.
Unidade 2.3
Professora Katia Polon 43Unidade 2.4
Professora Katia Polon 44
Ação civil ex delicto
● Trata-se da ação ajuizada pelo ofendido, na esfera 
cível, para obter indenização pelo dano causado pela 
infração penal, quando existente. Há delitos que não 
provocam prejuízos, passíveis de indenização – como 
ocorre nos crimes de perigo, como regra. 
● O dano pode ser material ou moral, ambos sujeitos à 
indenização, ainda que cumulativa.
● A legislação criminal cuida, com particular zelo, embora 
não com a amplitude merecida, do ressarcimento da 
vítima, buscando incentivá-lo, sempreque possível.
Unidade 2.4
Professora Katia Polon 45
SEPARAÇÃO DA JURISDIÇÃO
● Privilegia o nosso sistema a separação da jurisdição, fazendo 
com que a ação penal destine-se à condenação do agente pela 
prática da infração penal e a ação civil tenha por finalidade a 
reparação do dano, quando houver.
● Note-se o disposto no art. 935 do Código Civil: “A 
responsabilidade civil é independente da criminal, não se 
podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre 
quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem 
decididas no juízo criminal”.
● Apesar da consagração da separação, prevalece a justiça penal 
sobre a civil, quando se tratar da indenização de crime e aquela 
julgar que inexistiu o fato ou tiver afastado a autoria.
●
Unidade 2.4
Professora Katia Polon 46
SENTENÇA CONDENATÓRIA COMO TÍTULO 
EXECUTIVO
Transitando em julgado e tornando-se, pois, definitiva, pode a 
sentença ser levada ao juízo cível para que a vítima obtenha a 
reparação do dano (art. 63, CPP). Não mais se discutirá se esta é 
devida (an debeatur), mas tão somente o quanto é devido pelo réu 
(quantum debeatur). 
● Facilita-se o processo, impedindo-se o reinício da discussão em torno 
da culpa, merecendo debate somente o valor da indenização, o que é 
justo, pois o retorno ao debate a respeito da ocorrência do crime ou 
não somente iria causar o desprestígio da Justiça.
● Se a indenização civil for fixada, pelo juiz criminal, de maneira ampla e 
definitiva, cremos ser indevida a liquidação na órbita do juízo cível. 
Entretanto, se não for estabelecida a reparação ou se apenas cuidar 
do valor mínimo, torna-se possível renovar a discussão no cível.
Unidade 2.4
Professora Katia Polon 47
SENTENÇA CONCESSIVA DE 
PERDÃO JUDICIAL
● Entendemos que se trata de decisão de natureza condenatória, 
pois não se perdoa quem é inocente, mas sim aquele que é 
culpado, embora não mereça sofrer a imposição de pena. 
● A despeito disso, está em vigor a Súmula 18 do Superior Tribunal 
de Justiça, considerando-a meramente declaratória, sem 
qualquer efeito condenatório. Pensamos, no entanto, como já 
expusemos na nota 30 ao art. 107 do nosso Código Penal 
comentado, que pode ela ser executada, como título, no cível. 
● Entretanto, para quem optar pelo fiel cumprimento ao disposto 
na referida Súmula do STJ, será imprescindível reiniciar toda a 
discussão acerca da culpa do réu, beneficiário do perdão judicial, 
na esfera cível, para que possa haver indenização.
Unidade 2.4
Professora Katia Polon 48
EXCLUDENTES DE ILICITUDE E FORMAÇÃO 
DA COISA JULGADA NO CÍVEL
● Há quatro excludentes de ilicitude mencionadas na Parte Geral do 
Código Penal (art. 23): estado de necessidade, legítima defesa, 
exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal. 
Servem para afastar, quando reconhecidas, a antijuridicidade do fato 
típico. 
● Entretanto, a afirmação do art. 65 do Código de Processo Penal (“faz 
coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em 
legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito”).
● É bem verdade que o juiz civil não pode tornar a discutir o caráter 
delituoso de determinado fato, pois já se excluiu essa possibilidade no 
juízo criminal, fazendo coisa julgada na esfera cível.
● Entretanto, pode conceder a indenização por outros motivos, afinal, 
nem tudo o que é penalmente lícito, também o será civilmente.
Unidade 2.4
Professora Katia Polon 49
EXISTÊNCIA DE SENTENÇA ABSOLUTÓRIA PENAL
● Não produzem coisa julgada no cível, possibilitando a ação de conhecimento para 
apurar culpa: 
● a) absolvição por não estar provada a existência do fato (art. 386, II, CPP);
● b) absolvição por não constituir infração penal o fato (art. 386, III, CPP; art. 67, III, CPP); 
● c) absolvição por não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal (art. 
386, V, CPP); 
● d) absolvição por insuficiência de provas (art. 386, VII, CPP); 
● e) absolvição por excludentes de culpabilidade e algumas de ilicitude, estas últimas já 
vistas no tópico anterior (art. 386, VI, CPP); 
● f) decisão de arquivamento de inquérito policial ou peças de informação (art. 67, I, 
CPP);
● g) decisão de extinção da punibilidade (art. 67, II, CPP). Em todas essas situações o 
juiz penal não fechou questão em torno do fato existir ou não, nem afastou, por 
completo, a autoria em relação a determinada pessoa, assim como não considerou lícita 
a conduta.
● Fazem coisa julgada no cível: 
● a) declarar o juiz penal que está provada a inexistência do fato (art. 386, I, CPP); 
● b) considerar o juiz penal que o réu não concorreu para a infração penal (art. 386, IV, 
CPP). Reabrir-se o debate dessas questões na esfera civil, possibilitando decisões 
contraditórias, é justamente o que quis a lei evitar (art. 935, CC, 2.ª parte).
Unidade 2.4
Professora Katia Polon 50
SÍNTESE
● Ação civil ex delicto: é a ação proposta no juízo cível para requerer 
indenização em razão da prática de uma infração penal.
● Natureza do processo: trata-se de um processo de execução, pois a 
sentença condenatória produz um título executivo (art. 91, I, do Código 
Penal), que pode ser diretamente cobrado na órbita civil, debatendo-se 
somente o quanto é devido.
● Outra possibilidade de processo: pode-se ajuizar, antes mesmo de 
finda a ação penal, uma ação civil de reparação do dano provocado pelo 
crime, embora, nessa situação, seja conveniente que o juiz da ação civil 
suspenda o curso do processo aguardando-se a solução da esfera 
criminal, evitando-se decisões conflitantes.
● Exclusão da responsabilidade civil: quando o juízo penal afirmar a 
inexistência do fato ou considerar que o réu não foi o autor da infração 
penal, cessa a possibilidade de ingresso na esfera civil. Por outro lado, 
em algumas situações de exclusão da antijuridicidade – legítima defesa, 
exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal – o 
mesmo ocorre. Quanto ao estado de necessidade, depende do caso 
concreto.
Unidade 2.4
Professora Katia Polon 51Unidade 2.4
Professora Katia Polon 52Unidade 2.4
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