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Ética da Bem-aventuraça Também chamada de ética da caridade ou ética cristã. Nasce com a religião, mas trata da ética de uma sociedade como um todo, da idade média. Foco: felicidade, viver bem, ser ético para ser feliz, bons atos para atingir a felicidade. Mas agora não é mais a felicidade terrena na polis, é a felicidade eterna, a perspectiva cristão. Representantes/ pilares: St. Agostinho Tomás de Aquino (séc. XIII) Cristianismo: Lei maior: amor, amar á deus e ao próximo. Verticalização da ética: não anula o plano horizontal da mesma. Mudanças da ética grega para a ética cristã: Fonte da moral: Grécia: a natureza, a physis é a fonte. Cristianismo: sobrenatural, tem rosto e nome, Cristo é a fonte. Ser ético é viver como Cristo viveu, dar roupas àqueles que não as tem, dar comida àquele que tem fome. Ideia de felicidade: Grécia: é imediata, ser feliz hoje, na polis, na terra, no aqui e no agora, natural. Passageira, dura o instante que dura a vida. Cristianismo: é futura, mediata, porém é eterna, perdura para o século sem fim. A felicidade do homem cristão se inicia aqui, mas no céu ela será plena, na terra a felicidade é imperfeita. Só será perfeita no céu porque veremos deus face a face. Ideia de amor: Grécia: o homem grego ama os deuses da mitologia, mesmo os deuses sendo imperfeitos. Éros. Cristianismo: deus ama os homens, e deus revela o seu amor pelos homens, entregando seu único filho para morrer pela humanidade. Deus cristão não foi amado pelos homens, mas ele amou os homens até o fim. Ágape. Características da ética cristão (fio condutor): Bem aventurança: experiência do homem fiel que vai um dia morar no céu e estar ao lado de deus. Amor: condição para morar no céu, quem ama jamais vai fazer algo de errado, aquele que ama cumpre toda a lei. Traduzido para “caridade” no cristianismo. É o amor traduzido em ação. Felicidade eterna: garantida pelas boas ações. Projetos da idade média: Patrística: na filosofia inicia no séc. I, dessa forma, a idade média, para a filosofia, inicia-se no séc. I e na patrística vai até o séc. V. Organiza o cristianismo, sistematizar a doutrina, difundir a fé, defender a fé. St. Agostinho. Ideia de medo, de punição, para regular a ação do homem. A fé é superior à razão. Escolástica: dura até o séc. XIV. Justificar de forma racional a verdade revelada no cristianismo, o discurso do medo não funciona mais, devem explicar o porque é importante ser bom e ético. Tomás de Aquino vai então unir a fé e a razão, não há superioridade da fé, só assim é possível estruturar a verdade revelada de forma racional. Proibido ler Aristóteles, só pode ler Platão. Tomás de Aquino: Nasceu em Roccasecca (Itália) em 1221, e faleceu no mosteiro de Fossanova em 1274. Aristotélico: descumpriu a lei da Igreja então, teve acesso à essas obras por meio dos árabes Avicena e Averróis, que traduziram as obras para o latim. Então ele “cristianiza” Aristóteles. Projeto ético: racional especulativo, segundo ele primeiro é necessário ter em mente as verdades racionais, para a partir delas se produzir um discurso teológico, a teologia deve ser fundamentada em uma base racional. Pilares: Natureza do homem: o homem é um animal político, então possuí natureza racional. Tem livre escolha, então é responsável por seus atos. Livre arbítrio: homem goza de liberdade total. Não é uma ideia de Tomás de Aquino, já está presente em Agostinho. Deus concedeu ao homem liberdade plena, então ele não cria o mal, o mal é uma escolha errada, deus respeita a liberdade do homem, e a raiz de todo o mal é o próprio livre arbítrio. Virtudes: o homem bom é o que faz boas escolhas, e o homem que faz boas escolhas é o homem virtuoso, a virtude torna melhor quem a possui. Cria uma terceira relação de virtudes, que resultam da graça divina, são as virtudes teologais: fé, esperança e caridade (maior delas). Leis: devem controlar a ação do homem vicioso, impedir que ele faça o meu para a sociedade. Lei eterna: ordem do universo, plano racional de Deus. Lei natural: universal, válida para todos, decorre do preceito eu diz que devemos fazer bem e evitar o mal. Lei humana: direito positivo, norma jurídica, não é universal, promulgada pela coletividade, tem como princípio fundamental a igualdade. Lei divina: lei revelada pelos evangelhos. Lei de Deus, 10mandamentos, que são resumidos por Cristo em dois: amar a deus e ao próximo. Bioética Ética da vida, a qual se preocupa com toda e qualquer forma de vida (humana, animal, vegetal, unicelular). Nasce com uma aporia, uma preocupação primeira (segunda metade do séc. XX): é possível realizar pesquisas científicas com seres humanos? Sim, porém com vários critérios: é preciso que a pessoa que vai fazer parte da pesquisa seja tratada como sujeito, não como material, e por isso deve dar todas às informações às pessoas; é necessário que seja voluntário; não pode haver motivação financeira. Esta aporia nasce depois da segunda guerra mundial, quando no nazismo começou-se a fazer muitas pesquisas com seres humanos. Não há duvidas que foi durante o nazismo que as biociências se desenvolveram, sobretudo a ciência médica. Holocausto: sobretudo por meios das pesquisas realizadas com judeus, homossexuais, que a ciência se desenvolveu. Tudo aquilo que é tecnicamente possível também é eticamente permitido? Não. No holocausto teve um grande avanço médico, mas nenhuma preocupação com a ética. A psicologia se desenvolveu muito, em geral queriam entender como o cérebro funcionava. Quando o Ocidente toma conhecimento do que foi feito nos campos de concentração é que nasce uma reflexão ética, e hoje fala-se que não pode haver ciência sem ética. Até o século XVII a ciência era uma área da filosofia, e ambas estavam subordinadas à teologia, e neste século, ao se desligar da filosofia, a ciência desligou-se também da ética. Todo desenvolvimento tecnológico científico deve ser acompanhado da ética. A bioética nasce oficialmente em 1971, quando é publicado um livro por um médico norte americano (Van R. Potter), oncologista que escreveu “Bioética: ponte para o futuro”. Só então que a bioética toma uma grande abrangência, tem um capo de abrangência hoje político e social, preocupa-se com tudo aquilo que perpassa a vida (transgênicos, união estável, adoção de crianças por casais homoafetivos). Nesta área político/ social se detém em três campos: Ciências Saúde: humana e da humanidade. Ecossistema: preocupação ambiental, entende-se que o homem não é mais o senhor da natureza, mas sim é entendido como parte da natureza – Hans Jonas (princípio e responsabilidade). Correntes da bioética: Principialismo: corrente norte-americana. Bioética latino-americana: surgiu do movimento “Carta da terra”, a qual e uma bioética bastante focada no ecossistema. Ideia de comunidade. Atuação da bioética hoje: atua em forma de comitês, que é a partir de onde a bioética vai analisar determinados casos, os quais são formados de forma interdisciplinar: pelo menos 5 profissionais – direito, medicina, biologia, filosofia e teologia. Estes comitês analisam cada casos de forma particular, pontual. Kant Ética racional: desconsidera os sentimentos, a razão deve falar mais alto, por isso só é possível ajudar alguém se você tem condições de fato de ajudar. Ética legalista/ dever: Puro dever: realizar aquilo que deve realizar, racionalmentefalando (modelo deontológico). A ação só é correta quando de acordo com determinadas regras e princípios. Estruturada primeiramente por Descartes e sistematizada por Kant. Kant (1724 – 1804) nasceu na cidade de Köningberg, em uma família protestante. Seu pai era artesão. Recebeu uma educação “pietista”, rigorosa, a qual diz que não basta a reflexão, é necessário praticar os valores que se aprende. Era racionalista, rigoroso e metódico. Sua palavra é a revolução, pois foi o que causou na filosofia e está inserido no contexto da revolução francesa, mesmo sem nunca ter saído de sua terra. Fundamentação da metafísica dos costumes – Kant: qual o fundamento dos valores morais (metafísico?). Crítica da razão prática – Kant: a vontade é a manifestação da razão prática. Metafísica dos costumes – Kant: Resposta a pergunta: o que é esclarecimento? – Kant A sociedade não é esclarecida, as pessoas insistem em viver na menoridade (incapacidade de fazer uso da própria razão). Menoridade é o estado da vontade que nos faz aceitar a vontade de outrem, sendo que a culpa disso é do próprio homem, tendo em vista que na menoridade não é necessário pensar, há quem pense e delibere por você. Para Kant, é fundamental fazer a passagem para a maioridade, que é quando se faz uso da razão autônoma (particular, privada, individual), é necessário deliberar a respeito da sua própria vida, fazer escolhas e ter responsabilidade sobre as escolhas que se fez. Para passar para a maioridade é necessário: Romper com as tutelas externas: religião, política e pedagogia. Não significa eliminar estes três elementos, considerando que são importantes para a função social, contudo estas tutelas querem tratar o homem como massa. Romper com os impedimentos internos: preguiça, medo, covardia, comodismo. Teoria ética de Kant: A ética apronta para um princípio universal, que são as condutas exigíveis de qualquer ser racional em qualquer circunstância. Portanto é uma ética universal. O fundamento da moral para Kant não é mais a natureza, como era para os gregos, também não é mais Deus, é necessário algo que não sofra mudanças. Dessa forma o fundamento da moral é a razão. Não são os interesses, não são os sentimentos, não deve agir motivado pela busca de felicidade. Fazer o que é certo muitas vezes não é fazer feliz. Mas, só é digno da felicidade quem obedece o dever moral. Quando uma ação é moral? Quando obedece o dever moral ditado pela razão: síntese da ética Kantiana. O problema aqui é, qual é a garantia que temos que não estamos sendo enganados pela razão?, e então Kant sofre críticas. Para resolver este problema, Kant cria um teste (imperativo categórico) para saber se a ação é moral, e se o resultado for positivo, tal ação será um dever moral para todos. Imperativo categórico: “age apenas segundo uma máxima, tal que possas ao mesmo tempo querer que se torne lei universal”. Ao obedecer o imperativo categórico, obedece-se o que está dentro de si, e esta é a maior liberdade. Dever para Kant: Perfeitos: aqueles que são enunciados de forma negativa (não roubar, não matar, não mentir, não adulterar), e por isso são universais e há uma obrigatoriedade, não cabe questionamentos. São deveres morais. Imperfeitos: são enunciados de forma afirmativa (faça caridade, ajude o próximo, plante um árvore). Não há obrigatoriedade, e não são universais, para Kant estes são apenas boas ações, mas ninguém é obrigado a realizar boas ações, a lei não deve prescrever boas ações, e estas devem ser realizadas de acordo com a possibilidade do indivíduo. Para Kant existe a precedência do justo sobe o bem, ou seja, primeiro faz-se o que é justo, depois, se for o caso, realiza-se a boa ação na medida das condições do indivíduo. Não é porque a justiça é um bem que devemos ser justos, mas justamento porque nós devemos ser justos que a justiça é um bem. A razão diz que a justiça é um bem, e só por isso a justiça pode ser considerada um bem. Ética Utilitarista Ética dos prazer, sendo que deve-se abrir mão dos prazer inferiores e imediatos, deve-se escolher os prazer superiores e futuros em primeiro lugar. Os prazeres superiores trazem uma exigência consigo: uso da razão. Ética pragmática: traz em si a forma de agir, é uma ética do mostrar, não do dizer. Se deve mostrar o que é útil, o que é ser utilitarista. Revisão Ética legalista: ética do dever, a ação correta é aquela que está de acordo com obrigações e condições. Ética deontológica: a ação só será moral se for uma ação considerada correta. Faz-se necessário adequar a ação ao dever moal, o qual é um dever ditado pela razão. Reflexão: antes de agir é necessário refletir, pensar, não na consequência, mas sim em qual seria a ação correta. Kant defende uma obediência à lei moral, não a obediência cega à lei jurídica/ positivada. Até porque muitas vezes a lei jurídica não está de acordo com a lei moral. Maioridade: quem faz uso da razão, e somente quem faz uso desta razão autônoma é capaz de fazer a reflexão a respeito de qual é a ação correta. Para sair da condição da menoridade e or para a maioridade é necessário rompimentos: Romper com tutelas externas: religião, política e pedagogia. Não significa eliminar estas tutelas, até porque o ser humana precisa delas. Dessa forma, nós podemos ter um senso crítico a respeito delas, o que não podemos é nos alienar. Estas tutelas tratam o sujeito como massa. Romper com os impedimentos internos: medo, covardia, preguiça, comodismo. Exige portanto a autonomia do sujeito. Porém, só existe liberdade para aqueles que romperam com as tutelas externas. Princípio universal: a ética kantiana surge a partir de um princípio universal, o qual é um critério para avaliar a ação moral. A ação só é moral se estiver em conformidade com este princípio, o qual aponta para condutas exigíveis de qualquer ser racional. Imperativo categórico: formulado por Kant para solucionar o problema epistemológico do conhecimento, porque a razão é subjetiva. E o imperativo categórico é um teste para avaliar se a ação é moral. Resultado do imperativo categórico: dever moral ou le moral. Deveres perfeitos: devem ser cumpridos, já foram validados pelo imperativo categórico. Não matar Obrigatórios. Deveres imperfeitos: não são obrigatórios, não são universais. São boas ações que devem ser realizadas se o indivíduo tiver condições. Motivação: a ação só tera efeito se a ação tiver a motivação correta, mesmo que o resultado seja igual. Se a ação é motivada pela razão, então ela terá valor moral. Se a ação é motivada por sentimento (vergonha), ela não terá valor moral. Ética utilitarista: O resultado determina se a ação foi ou não moral, sendo que este resultado deve gerar a felicidade geral. O agente da ação deve abrir mão dos prazeres inferiores e imediatos e buscar os prazeres superiores e futuros. Os prazeres inferiores são aqueles que não aproximam dos demais animais (alimentação, reprodução, repouso), os quais não devem ser eliminados, mas a prioridade deve ser dada aos prazeres superiores, os quais serão construídos para o futuro.