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Caso 4 final pratica 5

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
TÍCIO, brasileiro, casado, engenheiro, portador da cédula de identidade nº…, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas sob o nº… , residente e domiciliado na (endereço completo), Bairro…, Cidade ...., Estado..., CEP...., com endereço eletrônico (email), por seu advogado que esta subscreve, procuração anexa, com endereço profissional (endereço completo), Bairro…, Cidade... Estado, CEP… , local indicado para receber intimações, conforme o art.106, do CPC, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5º, Inciso LXXII, da CRFB de 1988 e, ainda, na Lei 9.507/97, impetrar
HABEAS DATA
em face do MINISTRO DE ESTADO DA DEFESA, Excelentíssimo Senhor nome, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:
I- DO FORO COMPETENTE
A Carta Maior vigente estabelece em seu artigo 105, Inciso I, alínea “b”, a competência como a do objeto em tela, senão vejamos:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) Omissis
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; (grifou-se) 
Também a Lei 9.507/97, a norma que regula o direito de acesso a informações, em seu artigo 20, Inciso I, alínea “b”, é taxativa no que concerne a competência para julgamento do habeas data, in verbis:
Art. 20. O julgamento do habeas data compete:
I - originariamente:
a) Omissis;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal; (grifou-se)
	Assim, nota-se que o Egrégio Superior Tribunal de Justiça é competente para julgar o presente habeas data, tendo em vista que o ato que deu ensejo à demanda foi praticado pelo Excelentíssimo Senhor Ministro da Defesa, uma vez que indeferiu acesso do impetrante aos seus dados.
II- DO INTERESSE DE AGIR
O direito do impetrante foi ferido diante da recusa (indeferimento) de ele tivesse acesso a informações a seu respeito, esgotando todas as possibilidades na esfera administrativa. (Doc. anexos) 
Neste aspecto assim dispõe o artigo 8º, parágrafo único, da Lei 9.507/1997, conforme se verifica:
Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Código de Processo Civil, será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda. (sic)
Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão.
Em cumprimento ao dispositivo juntam-se as provas documentais que comprovam o indeferimento de acesso às suas informações, em flagrante ilegalidade já que é um direito constitucional do impetrante.
III- DOS FATOS
O Impetrante na década de setenta, participou de movimentos políticos que faziam oposição ao Governo então instituído. Por força de tais atividades, foi vigiado pelos agentes estatais e, em diversas ocasiões, preso para averiguações. Seus movimentos foram monitorados pelos órgãos de inteligência vinculados aos órgãos de Segurança do Estado, organizados por agentes federais. Após longos anos, no ano de 2010, o impetrante requereu acesso à sua ficha de informações pessoais, tendo o seu pedido indeferido, em todas as instâncias administrativas. Esse foi o último ato praticado pelo Ministro de Estado da Defesa, que lastreou seu ato decisório, na necessidade de preservação do sigilo das atividades do Estado, uma vez que os arquivos públicos do período desejado estão indisponíveis para todos os cidadãos.
Inconformado, o impetrante recorre ao Judiciário para ver cumprido o seu direito constitucional.
IV- DO DIREITO
A Carta Cidadã, acerca do habeas data, inclui este remédio constitucional entre os direitos fundamentais, uma vez que assim dispõe no art. 5º, inciso LXXII:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; (grifou-se)
Também a Lei nº 9.507/97, como não poderia deixar de ser, acompanha o texto constitucional, uma vez que assim estabelece em seu artigo 7º, senão vejamos:
Art. 7° Conceder-se-á habeas data:
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.
Claro está que o ato do Excelentíssimo Ministro da Defesa está eivado de vícios, uma vez ferir dispositivo constitucional e norma específica e, por conseguinte, o direito garantido do impetrante. 
Não merece, assim, prosperar o indeferimento dado em sede de pedido administrativo sob a alegação de “necessidade de preservação do sigilo das atividades do Estado, uma vez que os arquivos públicos do período desejado estão indisponíveis para todos os cidadãos”.
Acerca do tema em debate, está pacificado pelos tribunais nacionais o entendimento de que tem direito o cidadão às informações, sendo o habeas data o remédio apropriado, conforme pede vênia para colacionar:
Processo
AMS 00038132420154036100 SP
Orgão Julgador
QUARTA TURMA
Publicação
e-DJF3 Judicial 1 DATA:20/12/2016
Julgamento
23 de Novembro de 2016
Relator
DESEMBARGADOR FEDERAL ANDRE NABARRETE
Ementa
CONSTITUCIONAL. HABEAS DATA. APELAÇÃO CÍVEL.
ACESSO A DADOS DO SINCOR e CONTACORPJ. POSSIBILIDADE. SENTENÇA REFORMADA.
- Trata-se de habeas data no qual pretende a impetrante assegurar o direito de acesso às informações relativas aos bancos de dados SINCOR e CONTACORPJ ou em qualquer um dos chamados sistemas de apoio à arrecadação federal utilizados pela SRF, no período 1990/2015.
- A questão da possibilidade do acesso e obtenção de informações do contribuinte constantes em banco de dados da Secretaria da Receita Federal por meio de habeas data está pacificada, uma vez que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE n.º 673.707/MG, ao qual foi atribuída a repercussão geral da matéria, reconheceu tal direito.
- Recurso de apelação a que se dá provimento. (grifou-se)
E, ainda:
Processo
50162747420164047200 SC 5016274-74.2016.404.7200
Orgão Julgador
TERCEIRA TURMA
Julgamento
6 de dezembro de 2016
Relator
FERNANDO QUADROS DA SILVA
Ementa
REMESSA NECESSÁRIA. ADMINISTRATIVO. HABEAS DATA. ACESSO A INFORMAÇÕES PESSOAIS. ASSENTAMENTOS FUNCIONAIS. PROCEDÊNCIA.
1. A petição inicial do habeas corpus deverá ser instruída com prova da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão, a teor do que estabelece o art. 8º, § único, I, da Lei 9.507/97.
2. O que legitima a utilização do habeas data é o desejo de conhecer as informações de caráter pessoal, vale dizer, relativas à pessoa e ligadas ao direito de personalidade. Logo, 'o habeas data é instrumento político-jurídico que em nada se assemelha a uma produção antecipada de provas, ou a exibição de documento ou coisa', conforme entendeu o Ministro Luiz Fux, em voto-vista no REsp 929381/AL (Rel. MinistroFRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/10/2007, DJ 25/10/2007 p. 137). 3. Cabível a utilização do habeas data para apresentação de assentamentos funcionais, especialmente no que concerne à razão do desligamento do impetrante da Organização Militar (OM), consoante disciplina do art. 7º, I, da Lei 9.507/97. 4. Remessa necessária improvida.
E, mais:
Processo
HD 149 DF 2006/0245148-3
Orgão Julgador
S3 - TERCEIRA SEÇÃO
Publicação
DJe 26/08/2009
Julgamento
10 de Junho de 2009
Relator
Ministro NILSON NAVES
Ementa
Habeas data (cabimento). Direito da impetrante à obtenção de todas as informações relativas à sua pessoa (garantia ampla). Prestação de informações incompletas ou insuficientes (caso). Negativa de acesso (recusa configurada). Impetração (justo motivo).
1. O fornecimento pela administração de informações incompletas ou insuficientes – como no caso – equivale à recusa e justifica a impetração do habeas data.
2. Habeas data concedido.
Vê-se, assim, que, à luz das normas e da jurisprudência, assiste razão ao impetrante, merecendo prosperar o que busca, ou seja, o acesso às suas informações de posse da Administração federal. 
V- DO PEDIDO
Face ao exposto, requer o impetrante que Vossa Excelência se digne:
a) notificar a autoridade coatora, o Ministro de Estado da Defesa, sobre os fatos narrados a fim de prestar as informações que entender necessárias;
b) a intimar o representante do Parquet para acompanhar o feito; 
c) julgar procedente o pedido, determinando ao Impetrado o fornecimento das informações pleiteadas; 
VI – VALOR DA CAUSA
Deixa o impetrante de atribuir valor à causa, pois segundo o artigo 5º, LXXVII, da CF/1988, são gratuitas as ações de habeas data. 
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e Data
Advogado
OAB/UF nº

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