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Plano de eliminação de malária no Brasil 2016 Plano de eliminação de malária no Brasil Fase 1 Malária falciparum Elaboração Ana Carolina Faria e Silva Santelli Camila Pinto Damasceno Cassio Leonel Peterka Paola Barbosa Marchesini Colaboração Fernanda Lóssio Gustavo Bretas José Braz Padilha Layana Alves Liana Blume Márcia Helena Almeida Oscar Lapouble Poliana Ribeiro Sheila Rodovalho Sumário INTRODUÇÃO 1 HISTÓRICO DA MALÁRIA NO BRASIL 1 JUSTIFICATIVA 3 ELIMINAÇÃO DA MALÁRIA POR PLASMODIUM FALCIPARUM NO BRASIL 5 FASES DE ELIMINAÇÃO 5 METAS PROPOSTAS 6 ESTRATÉGIAS 7 DIAGNÓSTICO 7 VIGILÂNCIA DE CASOS 8 TRATAMENTO 9 CONTROLE VETORIAL 9 EDUCAÇÃO EM SAÚDE E MOBILIZAÇÃO SOCIAL 11 INTERSETORIALIDADE 12 ÁREAS ESPECIAIS 13 ELEMENTOS DE SUPORTE – PESQUISAS OPERACIONAIS 15 PLANEJAMENTO E GESTÃO 16 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO 18 APÊNDICE 20 LISTA DOS MUNICÍPIOS E DSEI CLASSIFICADOS EM CADA FASE DE ELIMINAÇÃO 20 1 Introdução A malária ainda representa um grave problema de saúde pública para o mundo. Em 2012 houve registro de ocorrência da doença em 104 países e territórios nas regiões tropicais e subtropicais no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que por ano ocorram 219 milhões de novos casos e cerca de 660 mil mortes, principalmente em crianças menores de 5 anos e mulheres grávidas. No Brasil, a área endêmica compreende a região amazônica brasileira, incluindo os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão, totalizando 808 municípios. Esta região é responsável por 99% dos casos autóctones do país. Fora da região amazônica, mais de 80% dos casos registrados são importados dos estados pertencentes à municípios localizados na região amazônica brasileira, de outros países amazônicos, do continente africano, ou do Paraguai. Entretanto, existe transmissão residual de malária no Piauí, no Paraná e em áreas de Mata Atlântica nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Desde 2000, tem havido uma redução de mais de 50% no número de casos de malária no Brasil. Em 2012, foram detectados cerca de 250 mil casos no Brasil. O número de casos graves e óbitos também apresentou uma grande redução no mesmo período. A letalidade por malária na região amazônica é baixa (2/100.000 hab.), enquanto no restante do país chega a ser 100 vezes maior. O óbito na áreas extra-amazônica ocorre, na maior parte das vezes, em pessoas que foram infectadas em outros países ou em estados da região amazônica e não receberam diagnóstico e tratamento adequados e em tempo oportuno. Essa situação decorre da dificuldade na suspeição de uma doença relativamente rara nessas áreas e da desinformação dos viajantes a respeito dos riscos de contrair a doença. Mesmo na área endêmica, o risco de adoecimento não é homogêneo. Este risco é medido pela incidência parasitária anual (IPA), calculada pelo número de casos ocorridos durante o ano em uma determinada área dividido pela população sob risco nesta área e expresso em casos por mil habitantes. A IPA serve para classificar as áreas de transmissão em alto (≥50), médio <50 e ≥10 e baixo risco (<10) de acordo com o número de casos por mil habitantes. A malária está fortemente relacionada à pobreza. No Brasil, 86% dos casos ocorrem em áreas rurais ou indígenas. Nos seis estados com maior transmissão (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima) do total de municípios prioritários para o Brasil Sem Miséria, devido ao baixo IDH, baixa renda per capita e outros indicadores de pobreza, 48% são também prioritários para malária, ou seja, possuem IPA ≥10. A malária é uma doença com alto potencial epidêmico, sofrendo variações bruscas de acordo com variações climáticas e socioambientais, e, principalmente, variações na qualidade e quantidade de intervenções de controle. A sazonalidade da malária é diferente em cada estado da região amazônica. De forma geral, há um pico sazonal de casos de malária no período de transição entre as estações úmida e seca. Histórico da malária no Brasil No Brasil, no início da década de 1940, o número estimado de casos por ano era equivalente a seis milhões, que representava aproximadamente 20% da população daquela época. A área endêmica abrangia todos os estados, total ou parcialmente, excluindo-se apenas o estado do Rio Grande do Sul e a área que hoje corresponde ao Distrito Federal. Em 2 decorrência da luta contra a doença e do desenvolvimento socioeconômico do País, o número de casos e a área de abrangência da malária foram se reduzindo ao longo dos anos. Durante a década de 60, a Região Extra-Amazônica registrou maior número de casos de malária que a região amazônica, variando de 50,8% a 64,0% do total do país, no período de 1962 a 1966. Com a Campanha de Erradicação da Malária (CEM), a transmissão da doença foi praticamente eliminada na Região Extra-Amazônica onde, a partir de 1993, as notificações foram reduzidas a menos de 1%, e assim se mantiveram até os dias atuais. Atualmente, a maioria dos casos registrados nessa região é proveniente dos estados da região Amazônica e de outros países endêmicos, principalmente do continente africano e do Paraguai. Na Extra-Amazônica os casos autóctones ocorrem em áreas cobertas pela Mata Atlântica nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia; além de casos esporádicos nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Piauí e Ceará. Na região Amazônica, no período de 1960 a 1976, foram registrados em média menos de 80 mil casos de malária por ano. A partir de 1977, ocorreu no Brasil um processo muito rápido e desordenado de ocupação da região em razão da implantação de projetos de colonização, abertura de rodovias, atividades de mineração, e ainda, instalação de grandes usinas hidrelétricas. O processo migratório da população de outras regiões do país, onde nunca existiu malária – ou esta já havia sido eliminada há muitos anos – para uma região altamente favorável à transmissão da doença, provocou um incremento considerável da transmissão da malária, chegando a quase 560.000 casos, em 1989. A partir de 1990, o cenário de aumento anual da doença no país foi substituído pelo “efeito serrote”, ou seja, redução em alguns anos e elevação em outros. No ano de 1993, o país notificou 483.367 casos da doença, uma redução de quase 14% ao comparar com 1990 (mais de 560 mil casos). Em 1999 foram 637.474 casos, sendo que em 2002 foram 349.896 registros, uma queda de 45%, em comparação com 1999. Em 2005 (607.751 casos) houve um aumento de 74% nas notificações ao comparar com 2002. A partir de 2006 houve uma queda substancial na incidência da doença, após a introdução de esquemas terapêuticos de primeira linha com derivados de artemisinina para malária por Plasmodium falciparum. Em 2006 foram registrados no Brasil 550.847 casos e em 2008 foram 315.808, uma redução de quase 43%. Em 2010 houve um aumento no registro, sendo notificados 334.709, mas a partir de 2011 essa queda está sendo constante. No ano de 2014, o Brasil registrou o menor número de casos nos últimos 35 anos, cerca de 144.100 casos. Apesar da redução nos níveis de transmissão, a doença ainda é considerada um problema de saúde pública no Brasil. 3 Figura 1. Série histórica dos casos de malária no Brasil a partir de 1959, por espécie parasitária. Justificativa De acordo com a Organização Mundial de Saúde, dado a experiênciacom as campanhas de erradicação dos anos 50 e 60, somado ao conhecimento e experiência atuais e com o constante investimento em pesquisa, é possível controlar a malária no mundo e eliminá-la em países e regiões onde a transmissão é baixa ou moderada e o sistema de saúde é forte (Mendis et al., 2009). A tendência recente de decréscimo na intensidade da transmissão da malária em áreas com endemicidade variada estimulou a discussão sobre eliminação da malária (Bousema & Drakeley, 2011b). Embora ainda persista algum debate acerca da possibilidade de sua eliminação, a discussão acarretou a reavaliação das estratégias atuais de redução da transmissão dos parasitos da malária (Bousema & Drakeley, 2011b) acreditando-se que estratégias focadas na redução da transmissão possam provavelmente levar a um decréscimo ainda maior no número de casos de malária (Ouédraogo, 2012). No contexto internacional, a mobilização pela meta de eliminação de malária nos países abarca hoje mais de 35 países e algumas inciativas regionais, como a APMEN (Asia Pacific Malaria Elimination Network), EMMIE (Malaria Elimination in Mesoamerica and Hispaniola) e Elimination 8 (E8) no sul da África. Os objetivos de desenvolvimento sustentável lançados pela ONU em substituição aos objetivos do milênio também colocam uma meta de redução de pelo menos 90% dos casos até 2030, e da eliminação de malária em pelo menos 35 países. A infecção por plamósdio está relacionada com a redução da qualidade de vida e força de trabalho, causando grande impacto socioeconômico nas populações onde os casos de malária são frequentes, além da ocorrência de formas graves e de óbitos por malária. O impacto social da malária acontece por diferentes caminhos, sejam pela redução da fertilidade, complicações no parto, ou pela redução da atividade escolar e da força de trabalho e mortalidade prematura. A malária está fortemente relacionada à pobreza. No Brasil, 86% dos 4 casos ocorrem em áreas rurais ou indígenas. Nos seis estados com maior transmissão, do total de municípios prioritários para o Brasil Sem Miséria, devido ao baixo IDH, baixa renda per capita e outros indicadores de pobreza, 48% são também prioritários para malária, ou seja, possuem IPA ≥10. Além dos fatores socioeconômicos, que por si só justificam uma proposta de livrar o país da transmissão de malária, ainda existe uma preocupação quanto à disponibilidade de medicamentos eficazes. A utilização dos derivados de artemisinina combinados com outras drogas tem sido fundamental no alcance recente de redução no número de casos de malária falciparum em todo o mundo. No entanto, a redução do tempo de clareamento da parasitemia nas infecções por Plasmodium falciparum e a possibilidade de surgimento iminente da resistência a esses medicamentos em diferentes partes do mundo preocupa, mas ao mesmo tempo estimula que as medidas de prevenção e controle sejam intensificadas para a eliminação desta espécie enquanto as estratégias disponíveis ainda são eficazes. A malária causada por cada uma das duas espécies de maior importância epidemiológica no Brasil (Plasmodium vivax e Plasmodium falciparum) possui especificidades provenientes das características biológicas dos parasitos, que devem ser levadas em consideração na definição das melhores estratégias para impactar na transmissão. Por isso, Plasmodium vivax e P. falciparum tem diferentes cenários epidemiológicos apesar de encontrados simultaneamente em muitos municípios dentre os 808 que integram os nove estados endêmicos brasileiros (36% com transmissão de P. falciparum). O curto ciclo esporogônico do Plasmodium vivax, que dura em torno de 12 dias, aumenta as chances de transmissão do parasito e requer a continuidade das ações de controle vetorial de forma a reduzir ao máximo as fêmeas de anofelinos que já passaram por vários ciclos gonotróficos (alimentação e postura de ovos). Para atuação contra P. vivax devem ser levados em consideração o rápido início da produção de gametócitos no ser humano e os estágios dormentes conhecidos como hipnozoítos no fígado que, ao reinfectar as células sanguíneas provocam as recaídas. A malária por P. vivax é mais frequentemente associada às formas menos graves de malária e parece estar mais associada a infecções subclínicas. Já o Plasmodium falciparum é responsável pela maioria das formas graves de malária. Os gametócitos desta espécie só aparecem na circulação sanguínea após o inicio dos sintomas, diferente do Plasmodium vivax que pode apresentar gametocitemia antes mesmo de ter sintomatologia. Assim, o início rápido do tratamento impede a transmissão porque impossibilita a contaminação dos mosquitos com os gametócitos. Esse parasito possui características biológicas que possibilitam um impacto mais rápido em sua transmissão. Por ter um ciclo esporogônico mais longo, somente fêmeas de anofelinos com longo tempo de vida adulta são capazes de completar a transmissão. Ações de controle vetorial costumam impactar mais rapidamente nos casos de falciparum que o de malária vivax, mas serão muito úteis no controle e redução dos casos de malária de ambas as espécies. Dessa forma, o plano de eliminação de malária falciparum é a primeira parte de uma proposta de eliminação de malária no Brasil, reforçando e compartilhando da visão da Organização Mundial da Saúde de um mundo livre de malária. 5 Eliminação da malária por Plasmodium falciparum no Brasil De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a eliminação de malária é a interrupção da transmissão vetorial de malária e redução a zero da incidência de infecções numa determinada área geográfica. A eliminação ainda requer a manutenção, por tempo indeterminado, das medidas de controle e vigilância (Tauil, 1998). Fases de eliminação Baseado na proposta da OMS para a classificação de países dentro das fases de eliminação, com algumas modificações, os municípios brasileiros foram classificados utilizando a média da incidência parasitária de malária falciparum de 2012 a 2014. Municípios sem casos autóctones nos últimos 3 anos estão na fase de prevenção à reintrodução de casos. Os municípios em eliminação tem IPA falc < 1; os de baixo risco (pré-eliminação) tem IPA falc < 10; os de médio risco tem IPA falc entre 10 e 50 e municípios de alto risco tem IPA falc >50 (Apêndice). Os dados utilizados são provenientes dos sistemas de informação oficiais do Ministério da Saúde (SIVEP e SINAN). Figura. Adaptação da proposta de eliminação da OMS para a classificação dos municípios brasileiros quanto à sua fase de e controle e eliminação de malária. Figura 2. Fases de eliminação para a classificação dos municípios brasileiros adaptado a partir da proposta da Organização Mundial da Saúde. Do total de 808 municípios da região amazônica, atualmente 514 já não tiveram transmissão de malária falciparum nos últimos 3 anos. Apenas 5 municípios ainda mantêm alta transmissão de falciparum, e concentram cerca de 50% dos casos do Brasil. Tabela 1. Número de municípios da região amazônica em cada fase de eliminação de malária falciparum. Prevenção à reintrodução de casos: sem casos autóctones nos últimos 3 anos; Eliminação: IPA falc < 1; Baixo risco (pré-eliminação): IPA falc < 10; Médio risco: IPA falc entre 10 e 50; Alto risco: IPA falc >50. Fases de eliminação Alta transmissão Média transmissão Baixa transmissão Prevenção à reintrodução Pré-eliminação Eliminação Municípios 5 17 53 219 514 6 Tabela 2. Número de municípios e DSEI da região amazônica em cada fase de eliminação de malária falciparum. Prevençãoà reintrodução de casos: sem casos autóctones nos últimos 3 anos; Eliminação: IPA falc < 1; Baixo risco (pré-eliminação): IPA falc < 10; Médio risco: IPA falc entre 10 e 50; Alto risco: IPA falc >50. Alto risco Médio risco Pré- eliminação Eliminação Prevenção reintrodução Total Acre 3 0 3 11 5 22 Amapá 0 4 6 6 0 16 Amazonas 1 9 19 23 10 62 Maranhão 0 0 0 39 178 217 Mato Grosso 0 0 2 20 119 141 Pará 1 3 14 74 52 144 Rondonia 0 0 3 33 16 52 Roraima 0 1 6 8 0 15 Tocantins 0 0 0 5 134 139 DSEI 2 5 7 7 13 34 Total 7 22 60 226 527 Metas propostas Para a proposição das metas, conforme apresentado em outras oportunidades, além da análise da classificação dos municípios de acordo com as fases de eliminação, foi realizada uma análise município a município do seu histórico de taxa de malária no período de 2008 a 2014. A B Figura 3. A- Distribuição dos municípios em cada fase de eliminação de malária falciparum. Prevenção à reintrodução de casos: sem casos autóctones nos últimos 3 anos; Eliminação: IPA falc < 1; Baixo risco (pré-eliminação): IPA falc < 10; Médio risco: IPA falc entre 10 e 50; Alto risco: IPA falc >50 (2012 a 2014). B- Previsão da distribuição dos municípios em cada fase de eliminação de malária falciparum baseado nas metas propostas para 2019. 7 Estratégias O caminho para se alcançar a meta de eliminação de casos inclui diferentes grupos de estratégias e adequações pelos quais os programas de controle precisam passar. Dada a heterogeneidade da situação epidemiológica dos municípios brasileiros, foi definido um retrato epidemiológico atual dos municípios para se direcionar a intensificação e adequação das estratégias de acordo com cada cenário. Diagnóstico Em todas as fases de eliminação é imprescindível a detecção oportuna de casos, o que demanda a adequação da rede diagnóstica de acordo com a situação epidemiológica local, garantindo o diagnóstico laboratorial por meio de gota espessa ou teste rápido. A qualidade do serviço deve ser garantida por meio de microscopistas certificados, com desempenho em campo monitorado regularmente, atuando em postos com infraestrutura de trabalho e com equipamentos de qualidade e com manutenção frequente. A busca pela oportunidade do diagnóstico deve contemplar uma análise da situação epidemiológica local, com a identificação das áreas de transmissão e das áreas com populações infectadas para garantir a oferta do diagnóstico em áreas próximas às comunidades. Dessa forma, os casos podem ser identificados em um intervalo menor, evitando casos graves e interrompendo a transmissão. A oferta de diagnóstico em áreas em Diagnóstico Alta e média transmissão Pré-eliminação Eliminação Prevenção à reintrodução Pontos de diagnóstico próximos às comunidades afetadas. Oferta de diagnóstico de malária no pré- natal. Envolvimento dos Agentes Comunitários de Saúde na detecção e acompanhamento de casos no seu território de atuação. Pontos de diagnóstico próximos às comunidades afetadas. Oferta de diagnóstico de malária no pré- natal. Envolvimento dos Agentes Comunitários de Saúde na detecção e acompanhamento de casos no seu território de atuação. Definição de unidade de referência municipal. Definição de unidade de referência estadual. (*) 8 eliminação de malária deve ser mantida em unidades de referência municipal, ou estadual que já estejam sem transmissão, mantendo ampla divulgação dessas unidades entre os profissionais de saúde e população. A inserção do exame de gota espessa durante as consultas de pré-natal é uma forma de aumentar a detecção oportuna de casos de malária em gestantes, principalmente em áreas de transmissão contínua (alta, média e baixa), onde as infecções oligossintomáticas podem retardar a busca por diagnóstico e aumento dos riscos para a saúde. A ampliação do acesso ao diagnóstico de malária em gestante possibilita reduzir os possíveis danos da doença para a mãe, para o feto e recém-nascido. Para a garantia do acesso ao diagnóstico de forma contínua e regular é essencial o envolvimento das equipes de saúde da família, por meio da ação de agentes comunitários de saúde em seus territórios para detectar, monitorar e orientar pacientes com malária. Vigilância de casos O diagnóstico e a vigilância estão diretamente relacionados. O acompanhamento rotineiro dos casos é fundamental em qualquer fase de eliminação e, alinhado a um mapeamento geográfico das localidades, permite o conhecimento da situação do município em relação à transmissão de malária vulnerabilidade e receptividade de transmissão e a adequação do plano de ação operacional de acordo com a situação do município. Vigilância de casos Alta e média transmissão Pré-eliminação Eliminação Prevenção à reintrodução Busca ativa de casos direcionada a hotspots. Monitoramento periódico do diagrama de controle. Notificação no sistema online ou local (off- line). Busca ativa reativa de casos direcionada a hotspots. Monitoramento periódico do diagrama de controle. Notificação no sistema online. Investigação de todos os casos confirmados. Ações imediatas de contenção de surtos. Vigilância dos casos importados. Envolvimento da Rede CIEVS para notificação imediata e orientação sobre unidades de referência. Notificação no sistema online. Investigação de todos os casos confirmados. Ações imediatas de contenção de surtos. Vigilância dos casos importados. Envolvimento da Rede CIEVS para notificação imediata e orientação sobre unidades de referência. Notificação imediata no sistema online. 9 Tratamento Para todos os casos notificados é essencial a disponibilidade de tratamento imediato e adequado. Busca-se ter a maior parte dos casos tratados em até 48 horas a partir do início dos sintomas, o que reduz a chances de evolução a formas graves da doença e as chances de transmissão vetorial. A qualidade dos medicamentos e da dispensação devem ocorrer em todos os locais onde há tratamento, por meio de profissionais capacitados, boa gestão dos medicamentos e capacidade de armazenamento, assegurando ao paciente a maior chance de cura. A qualificação dos profissionais também inclui a identificação de sinais de gravidade e, quando necessário, o referenciamento dos pacientes à unidade de referência municipal/estadual, após a aplicação da dose inicial de tratamento com artemisinina. (*) Municípios com registro de casos importados devem manter referências municipais. Controle vetorial O objetivo do controle vetorial é reduzir a transmissão dos casos de malária com a prevenção do contato entre vetores e seres humanos ou com a redução da população de mosquitos infectados. As ações de controle vetorial devem ser planejadas no contexto municipal e adequadas as capacidades operacionais locais. A boa resposta do controle de malária falciparum quando as estratégias de controle vetorial, em conjunto com diagnostico oportuno e tratamento imediato, são bem utilizadas, é por si só um bom indicador da continuidade dos serviços na esfera local. Tratamento Alta e média transmissão Pré-eliminação Eliminação Prevenção à reintrodução Pontos de atendimento abastecidos de forma contínua. Pontos de atendimento abastecidos de forma contínua. Tratamento diretamente observado. Estoque mínimo de medicamentos na referência municipal. Tratamento diretamenteobservado. Acompanhamento de cura com LVCs até D42. Estoque mínimo de medicamentos na referência estadual (*). Acompanhamento de cura com LVCs até D42. 10 Além de recomendações para proteção individual e coletiva que devem ser reforçadas em todas as oportunidades junto às comunidades vulneráveis, o saneamento ambiental, aplicação de inseticidas por meio de borrifação residual intradomiciliar e aplicação espacial e utilização de mosquiteiros impregnados de longa duração devem ser considerados. O sucesso das ações de controle está também ligado ao conhecimento sobre as principais espécies vetores de malária de abrangência local; da análise das informações entomológicas disponíveis e/ou geradas localmente para a adequação e definição das estratégias de controle a serem utilizadas; à capacidade operacional para manutenção das atividades de forma contínua e com cobertura mínima necessária; a capacitação dos agentes de controle de endemias no planejamento e nas técnicas de captura de vetores e de aplicação de inseticidas. A execução das atividades abaixo possibilitará reduzir a transmissão da doença somente se forem realizadas cumprindo todos os requisitos técnicos já publicados em Guias e notas técnicas específicas. Para isso, é necessário o levantamento de informações entomológicas, incluindo a localização de criadouros, para a definição de áreas quentes (hotspots); a instalação de mosquiteiros impregnados de longa duração nas localidades prioritárias de cada município e aumentar a cobertura nas localidades onde já se utiliza o MILD seguindo as recomendações do Guia de Instalação de MILD, em conjunto com a definição e o acompanhamento de um plano de substituição de mosquiteiros de forma a garantir a disponibilidade dos insumos. A garantia da qualidade de aplicação das técnicas de controle vetorial só é possível com a definição do plano de capacitação mínima e regular, com certificação para agentes de controle de endemias. Outras ações de controle incluem: • A realização de borrifação residual intradomiciliar, seguindo recomendações técnicas da SVS, nos prédios das áreas responsáveis por 80% da transmissão de malária por local de infecção em ciclos que permitam que a residualidade do inseticida seja mantida durante todo o ano; • Realização do controle químico espacial, quando em situações de surtos de acordo com recomendações técnicas; • Realização de obras de manejo das coleções hídricas para eliminação dos criadouros de anofelinos em localidades urbanas com transmissão de malária; 11 Educação em saúde e mobilização social Por meio dos aspectos culturais/regionais da sociedade frente a sua realidade, há diferentes formas de percepção e ação organizadas pela cultura, gerando saberes e práticas em contextos locais que resultam em processos educacionais de saúde na vida cotidiana para a proteção e promoção de saúde frente a doenças, a partir da experiência de vida cotidiana. As práticas de educação em saúde e mobilização social devem estar associadas, como estratégias para proteção e promoção da saúde, a um conjunto ampliado de ações intersetoriais (p.ex. controle do desmatamento). As estratégias deverão ser planejadas por grupos de município de acordo com a sua situação nas fases de eliminação e levando em conta o perfil das comunidades. Capacitação da equipe de saúde Ações continuadas de capacitação aos trabalhadores da saúde serão necessárias para garantir engajamento e comprometimento de toda equipe. Além de que entendam a importância do seu trabalho, evitando a banalização da doença, devem auxiliar a população Controle Vetorial Alta e média transmissão Pré-eliminação Eliminação Prevenção à reintrodução Altas coberturas de estratégias de controle vetorial em localidades com transmissão de malária. Monitoramento da aceitação das estratégias (enfoque nas áreas de média transmissão) Monitoramento de indicadores entomológicos para direcionamento de acompanhamento de ações de controle vetorial. Monitoramento em municípios sentinela da suscetibilidade aos inseticidas (com apoio estadual/regional). Focalização das ações de controle vetorial em hotspots. Monitoramento da aceitação das estratégias. Ações de controle vetorial para contenção de surtos. Ações de controle vetorial em localidades que recebem muitos casos importados. Identificação de indicadores entomológicos nas áreas com surtos. Indicadores entomológicos em áreas que recebem casos importados. Ações de controle vetorial para contenção de surtos. Ações de controle vetorial em localidades que recebem muitos casos importados. Identificação de indicadores entomológicos nas áreas com surtos. Indicadores entomológicos em áreas que recebem casos importados. 12 com informações importantes no compromisso coletivo de eliminação. A população, se estimulada e conhecendo seu papel frente à proteção e promoção de sua saúde, com o apoio da equipe de saúde, é um importante parceiro na promoção de ações educativas no local onde vivem. Dentro desta capacitação é importante o envolvimento do gestor local de saúde, atrelando as ferramentas de gestão e financiamento para as necessidades locais, uma vez que a execução de ações municipais ou regionais na maioria das vezes depende do posicionamento da gestão local. Da mesma forma, a capacidade de se comunicar e entender o que se pretende com determinada informação depende de um conjunto de esforços em busca do objetivo final: eliminação de Plasmodium falciparum. As ações de Educação em Saúde e Mobilização Social (ESMS) devem visar aumentar o conhecimento da população na compreensão do risco da doença, bem como nas formas de prevenção, diagnóstico e tratamento. Para uma comunicação efetiva, há de se considerar as singularidades locais. No caso da região amazônica incluem-se nesse assunto ações de ESMS para populações com maior exposição ao risco da doença, como os garimpeiros, indígenas, ribeirinhos e fronteira. Algumas questões devem ser observadas para o desenvolvimento das ações voltadas às comunidades: a percepção de como o ambiente favorece a malária e com o processo de adoecimento da população afeta a percepção dos sujeitos sobre o mesmo; como a cultura local organiza a experiência social em malária; como a cultura local modifica a comunicação e a educação em malária. Intersetorialidade Educação em Saúde Alta e média transmissão Pré-eliminação Eliminação Prevenção à reintrodução Campanhas de informação pública, educação popular e nas escolas. Comunicação para mudança de comportamentos (CMC) e mobilização social. Campanhas de informação pública, educação popular e nas escolas. Comunicação para mudança de comportamentos (CMC) e mobilização social. Sensibilização dos profissionais de saúde na atenção primária e na ESF, capacitação dos ACE e ACS. Educação popular, mobilizacão social, advocacy, comunicação intersetorial, comunicação para resposta a surtos. Comunicação de crise para resposta a surtos causados por casos importados. 13 Para que o país tenha êxito na eliminação do Plasmodium falciparum é necessário que se inicie/fortaleça o envolvimento de outros setores da sociedade, não somente a saúde, no que se refere à execução das ações deste Plano. Isto se justifica, pois a situação atual de projetos governamentais de crescimento e erradicação de pobreza no país leva, muitas vezes, a um aumentona colonização de regiões receptivas e vulneráveis de malária que acarreta no aumento da transmissão. É necessário uma articulação na esfera federal, entre Ministério da Saúde, Casa Civil, Integração Nacional, Planejamento e Desenvolvimento Agrário, buscando meios de incorporar e aprimorar estratégias que sejam refletidas nas outras esferas de governo. As propostas conjuntas devem buscar a redução do risco de malária de forma viável e sustentável e que sejam adequadas aos municípios onde existe transmissão. Parcerias como a do Ministério do Meio Ambiente, por intermédio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), com o Ministério da Saúde nos processos de Licenciamento Ambiental dos empreendimentos, devem ser fortalecidas e expandidas dentro das necessidades identificadas pelos municípios. O financiamento e o incentivo à piscicultura familiar é outro ponto crítico a ser tratado, juntamente com o Ministério da Pesca, visando incluir ações para que os beneficiários do recurso sejam incentivados a realizarem o manejo adequado dos tanques durante e após o uso. O abandono dos tanques torna os mesmos em criadouros potenciais para o vetor transmissor da malária, que pode ter consequências no aumento da transmissão local. A busca de parceiros que apoiem e fortaleçam as estratégias locais de controle e eliminação da doença, como as secretarias de educação, de desenvolvimento, de trabalho, sociais e outras instituições públicas, privadas e ONGs também devem ser envolvidas e acompanhadas de uma troca de informações das ações a serem realizadas e de subsídio epidemiológico, que evidenciem as áreas prioritárias de controle, bem como seus avanços e desafios. Essa difusão de informações permite, além do maior envolvimento dos parceiros, que a malária esteja sempre em evidencia política e social. Áreas especiais Áreas indígenas A malária agrava as condições de vida, em especial, das populações indígenas, que particularmente são mais vulneráveis, principalmente nas áreas de difícil acesso.A alta incidência da malária nestas populações pode estar associada a alguns fatores como: alterações ambientais, dificuldade de acesso aos serviços de saúde, e à intensa migração da população para diferentes áreas de vulnerabilidade e receptividade de transmissão da malária. Dada a grande importância da cultura no processo saúde-doença da população indígena, as tarefas do cotidiano como a caça, a pesca, trabalhos nas roças, banhos às margens de rios e igarapés, entre outros, expõem os indígenas ao risco de infecção da malária, bem como as formas variadas da arquitetura de habitação tradicional, que não favorece a utilização dos métodos convencionais de controle vetorial (BRI), também contribuem para o elevado número de casos de malária nestas áreas da região amazônica. 14 O conhecimento do perfil epidemiológico considerando a grande diversidade cultural e regional na qual a população indígena esta inserida, reveste-se de grande importância para orientar as estratégias do plano de eliminação do Plasmodium falciparum nestas áreas. As ações devem ser valorizadas, qualificadas e adaptadas para as diferentes realidades socioculturais, buscando sempre envolver a população indígena em um trabalho coletivo, cujo propósito maior é a melhoria das condições de vida. A assistência à saúde da população indígena é de competência da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) em coordenar e executar o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, com objetivo de proteger, promover e recuperar a saúde, bem como orientar o desenvolvimento das ações de atenção integral à saúde indígena em consonância com as políticas e programas do SUS. Os municípios que identificarem em seu território áreas indígenas com relevância epidemiológica para execução das ações do plano de eliminação de falciparum deverão manter uma comunicação constante com os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) para um planejamento integrado das ações, a fim de pactuar metas e compartilhar responsabilidades, e assim atingir o objetivo final de redução a zero da transmissão de P. falciparum. Considerando que abrangência territorial das áreas indígenas dos DSEIs nem sempre compreendem os limites territoriais dos estados é essencial que haja uma comunicação constante entre os DSEIs, estados e municípios no sentido de planejar e integrar ações para eliminação da malária falciparum nestas áreas, a fim de compartilhar as responsabilidades estabelecendo relação entre as metas pactuadas na saúde indígena e aquelas do município. Garimpos As áreas de garimpo possuem, em geral, características que dificultam o controle da malária e a oferta de serviços de saúde. As características da moradia, fluxo de pessoas, além de questões de segurança e legalidade, são muitas vezes empecilhos para que haja diagnóstico oportuno, quebra da cadeia de transmissão, ações de controle vetorial, garantia de tratamento de qualidade e adesão ao tratamento. A atividade de garimpagem contribui especialmente para a propagação da malária uma vez que favorece o desmatamento da floresta e a criação de poças de água, habitat ideal para a reprodução de insetos transmissores do plasmódio. Outra característica que contribui para a manutenção da malária entre garimpeiros é a grande mobilidade dessas populações, e o regime de trabalho intenso que coincide com o pico de atividade destes insetos. Além disso, os garimpos localizam-se em áreas de difícil acesso com limitados serviços de saúde, e em alguns casos, operam de forma ilegal, o que dificulta consideravelmente o diagnóstico oportuno. Em 2013, aproximadamente 8% dos casos diagnosticados tiveram garimpos como local de provável infecção. Estima-se, no entanto, que o número de casos seja ainda maior. Em alguns estados que fazem fronteira internacional, por exemplo, há indícios de casos importados contraídos em garimpos de outros países, mas que não são registrados como tal, visto que apenas o país de infecção consta na ficha de notificação. Muitas dessas áreas possuem elevada proporção de malária causada por P. falciparum, maior que em outras áreas. Em 2013, cerca de 40% dos casos de malária que tiveram garimpos como local provável de 15 infecção causada por P. falciparum, enquanto a média de P. falciparum em outras áreas foi de 16% dos casos. Áreas de fronteira A população dos municípios de fronteira geralmente é mais vulnerável, principalmente a que vive em áreas remotas de fronteira, ou trabalhadores que migram para os países vizinhos e povos indígenas. Estratégias específicas devem ser desenvolvidas para alcançar esses grupos, estabelecendo ações nas áreas de fronteiras com cooperação internacional e/ou parcerias bilaterais, com envolvimento do Ministério da Saúde e Ministério das Relações Exteriores de cada país. A transmissão da malária é particularmente difícil de interromper em áreas onde não há oferta suficiente nem contínua de serviços de saúde para diagnóstico e tratamento, bem como em áreas com movimento transfronteiriço ilegal, ou que fazem fronteira com países com alta carga e intenso fluxo de pessoas, o que reduz a viabilidade de eliminação da malária. Outro agravante é que esquemas de tratamento podem variar entre países fronteiriços. Para a eliminação em municípios fronteiriços que adotam esquema de terapêutica diverso, é indicada a harmonização do protocolo de tratamento radical, a fim de diminuir a transmissão nessas áreas e evitar o surgimento de resistência aos medicamentos antimaláricos. Nas áreas de fronteira é fundamental o intercâmbio de informaçõesentre os países, se possível com os mapas das localidades e unidades de saúde georreferenciadas para visualização da distribuição dos casos e cobertura do diagnóstico, definição das áreas quentes, além da colaboração intersetorial nas ações de educação em saúde e mobilização social, relatórios de pesquisas operacionais, monitoramento dos sistemas de informação de saúde, fatores críticos para a diminuição da carga de malária e para o direcionamento das ações de eliminação. Além disso, o intercâmbio de conhecimento com inclusão de participantes do país vizinho em capacitações locais, além de reuniões regulares entre os programas de malária, tanto do nível local quanto nacional, para discutir a situação de saúde na fronteira e as estratégias que estão sendo utilizadas em cada região. É fundamental a garantia da oferta de diagnóstico e tratamento gratuitos a todos os pacientes, sejam nacionais, imigrantes temporários ou imigrantes, pessoas em trânsito, residentes de países vizinhos que vivem nessas áreas. Países vizinhos devem preferivelmente estar engajados no processo de eliminação, especialmente quando as áreas endêmicas perpassam as fronteiras internacionais, devendo ser pactuada uma matriz de responsabilidade na cooperação internacional, com a definição de metas e prazos de cada uma das atividades relacionadas ao diagnóstico, tratamento, controle vetorial e educação em saúde. Elementos de suporte – pesquisas operacionais Muitas são as lacunas de conhecimento para a melhor utilização das estratégias e otimização dos recursos disponíveis para o controle de malária. O Ministério da Saúde deve fomentar e promover, em conjunto com outras instituições, nacionais e internacionais, o desenvolvimento de pesquisas operacionais voltadas para o preenchimento dessas lacunas. Algumas das lacunas de pesquisa com importância no processo de eliminação de malária são: 16 Relevância do uso da estratégia de tratamento em massa para eliminação de malária. Importância dos assintomáticos em áreas de diferentes níveis de transmissão. Detecção, de forma custo-efetiva, de infecções subclínicas. Avaliação, quanto aos aspectos entomológicos e epidemiológicos específicos, dos principais focos de transmissão. Em que momento da transição epidemiológica se deve prever a substituição ou suspenção das intervenções de controle vetorial? Melhor estratégia de busca ativa para os diferentes níveis de transmissão (raio de ação, contactantes, buscas periódicas). Fatores que aumentam o risco de recaídas. Influência da velocidade de redução de casos na manutenção de infecções subclínicas. Planejamento e gestão A proposta de eliminação de malária, com enfoque inicial na malária falciparum, vem sendo amplamente discutida desde o ano de 2013 em diferentes fóruns: como em reuniões de avaliação nacionais do PNCM, com a participação dos representantes de Programas Estaduais de Controle de Malária, Congressos Nacionais de Experiências Bem Sucedidas em epidemiologia, prevenção e controle de doenças (EXPOEPI); fóruns acadêmicos, como congressos da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical e Reuniões de Pesquisa em Malária; em reuniões do Comitê Técnico Assessor do PNCM e subcomitês. O sucesso de um programa de eliminação depende prioritariamente de um eficiente sistema de saúde que deve ser capaz de garantir diagnóstico de excelente qualidade, capaz de detectar praticamente todos os casos de infecção por Plasmodium falciparum, e garantir que sejam tratados adequadamente antes de infectarem novos mosquitos e gerarem novos casos na localidade. Com isso, a preocupação em curar os indivíduos assume fundamental importância como ferramenta de interrupção da transmissão da doença. Deve-se ter em mente que um sistema de vigilância entomo-epidemiológica em malária de excelência torna-se relevante ferramenta para fornecer informações que serão a base para a programação dos diversos componentes do plano de eliminação. Através deste sistema, além de informações de direcionamento das programações, para educação em saúde e divulgação/comunicação serão realizadas as atividades de monitoramento e avaliação dos objetivos e metas específicos do plano de eliminação. Além da detecção passiva dos casos, a detecção ativa assume importante posição na busca de casos antes mesmo que sejam capazes de infectarem novos vetores, incluindo os casos assintomáticos, responsáveis em muitas localidades pela manutenção da circulação de P. falciparum na população. O controle vetorial deve ser intensificado dentro de uma programação baseada em evidências entomo-epidemiológicas e que garantam a qualidade, cobertura e periodicidade das ações, atuando preferencialmente em áreas de surtos e na proteção de áreas receptivas, garantindo assim a proteção dos indivíduos em risco, pela diminuição do contato com vetores da doença. 17 Deve-se, para isso, considerar a disponibilidade de recursos humanos capacitados para a realização das ações e atividades dentro do plano, especialmente nas áreas que serão expandidas e intensificadas, garantindo assim a qualidade e cumprimento das metas planejadas. A gestão deve ser preocupação permanente dos gestores de saúde no nível federal, estadual e municipal o abastecimento ininterrupto de todos os postos com os antimaláricos dos esquemas oficiais do Ministério da Saúde. A gestão implica o abastecimento de antimalárico, seu uso adequado e o controle de sua qualidade. Cabe ao Ministério da Saúde, por meio da Coordenação-Geral do Programa Nacional de Controle da Malária (CGPNCM) em conjunto com o Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF) a gestão, na Esfera Federal, da aquisição de todos os medicamentos que compõem o elenco dos antimaláricos e distribuição às Secretarias Estaduais de Saúde que, por sua vez, armazenam e distribuem aos municípios. O sistema de fornecimento de medicamentos e insumos, constante no Guia de Assistência Farmacêutica, com publicação prevista para 2015, detalha os procedimentos de seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição, uso, monitoramento e supervisão, com o propósito de atualizar e capacitar os profissionais de saúde, das três esferas de governo, e melhorar a cada dia a gestão dos insumos. De acordo com o Art. 3° da Portaria 1378/2013, “as ações de Vigilância em Saúde são coordenadas com as demais ações e serviços desenvolvidos e ofertados no Sistema Único de Saúde (SUS) para garantir a integralidade da atenção à saúde da população”. Destacam-se alguns princípios gerais da vigilância em saúde, descritos no Art. 4°: I - a vigilância da situação de saúde da população, com a produção de análises que subsidiem o planejamento, estabelecimento de prioridades e estratégias, monitoramento e avaliação das ações de saúde pública; II - a detecção oportuna e adoção de medidas adequadas para a resposta às emergências de saúde pública; III - a vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis. Dentro dessa perspectiva, são considerados objetivos do Ministério da Saúde para a eliminação da malária: - Promover a atenção integral às pessoas em áreas de transmissão de malária, desde a atenção primária com métodos de prevenção e controle vetorial de malária, oferta de diagnóstico oportuno por gota espessa ou por testes de diagnóstico rápido por pessoal capacitado e assistência de pacientes com formas graves ou que necessitem acompanhamento especial; - Manter continuamente estoque de tratamento de qualidade disponível para todos os municípios com transmissão de malária nos últimos 3 anos e em hospitais de referência nas áreas sem transmissão; - Manter continuamenteestoque de inseticidas disponível para estados e municípios e promover o monitoramento da resistência de anofelinos aos inseticidas; - Fortalecer os sistemas de informação e registro dos casos de malária para orientação mais fidedigna das ações de controle; - Apoiar o financiamento da execução das ações municipais; - Manter estudos atualizados da eficácia das drogas antimaláricas e promover estratégias para aumento da adesão ao tratamento; 18 - Avaliar a eficácia de novas ferramentas que possam contribuir com o controle de malária – seja na prevenção, controle vetorial, na detecção de infecções subclínicas ou no tratamento – conforme se tornem disponíveis e sejam adequadas à realidade brasileira; Monitoramento e Avaliação O monitoramento das ações é parte fundamental da gestão de um programa de controle, com o acompanhamento de aspectos considerados críticos para o sucesso do programa. Os sistemas de informação são parte importante do processo de monitoramento pois permitem a análise dos dados inseridos na esfera municipal por todos os que tem acesso ao sistema, e o acompanhamento do impacto das ações refletidos no número de casos e em outros indicadores. Todos os casos devem ser monitorados quanto ao: Tempo entre diagnóstico e tratamento Local de infecção – para o direcionamento das buscas ativas e as ações de controle vetorial; Local de notificação – quanto à cobertura diagnóstica, monitoramento de LVCs e de qualidade de diagnóstico e dispensação do medicamento. Local de residência – direcionamento de busca ativa, comparação com os locais de infecção e identificação de hotspots. Município em alta, média e baixa transmissão também devem manter o cronograma de supervisão de postos de diagnóstico. 19 20 Apêndice Lista dos municípios e DSEI classificados em cada fase de eliminação UF Município Situação atual AC Cruzeiro do Sul Alto risco AC Mâncio Lima Alto risco AC Rodrigues Alves Alto risco AM Atalaia do Norte Alto risco PA Anajás Alto risco DSEI Vale do Rio Javari Alto risco DSEI Alto Rio Juruá Alto risco AM Alvarães Médio risco AM Barcelos Médio risco AM Carauari Médio risco AM Eirunepé Médio risco AM Guajará Médio risco AM Ipixuna Médio risco AM Itamarati Médio risco AM Jutaí Médio risco AM Lábrea Médio risco AP Serra do Navio Médio risco AP Pedra Branca do Amapari Médio risco AP Calçoene Médio risco AP Mazagão Médio risco PA Itaituba Médio risco PA Jacareacanga Médio risco PA Novo Progresso Médio risco RR Amajarí Médio risco DSEI Amapá e Norte do Pará Médio risco DSEI Médio Purus Médio risco DSEI Médio Rio Solimões e Afluentes Médio risco DSEI Rio Tapajós Médio risco DSEI Yanomami Médio risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco 21 AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco AC Marechal Thaumaturgo Baixo risco DSEI Alto Rio Negro Baixo risco DSEI Alto Rio Purus Baixo risco DSEI Alto Rio Solimões Baixo risco DSEI Leste de Roraima Baixo risco DSEI Manaus Baixo risco DSEI Parintins Baixo risco 22 DSEI Porto Velho Baixo risco AC Acrelândia Eliminação AC Brasiléia Eliminação AC Bujari Eliminação AC Feijó Eliminação AC Jordão Eliminação AC Plácido de Castro Eliminação AC Rio Branco Eliminação AC Senador Guiomard Eliminação AC Sena Madureira Eliminação AC Xapuri Eliminação AC Porto Acre Eliminação AM Amaturá Eliminação AM Anori Eliminação AM Apuí Eliminação AM Beruri Eliminação AM Boa Vista do Ramos Eliminação AM Borba Eliminação AM Caapiranga Eliminação AM Careiro da Várzea Eliminação AM Coari Eliminação AM Fonte Boa Eliminação AM Iranduba Eliminação AM Itacoatiara Eliminação AM Manacapuru Eliminação AM Manaquiri Eliminação AM Manaus Eliminação AM Manicoré Eliminação AM Nova Olinda do Norte Eliminação AM Novo Aripuanã Eliminação AM Parintins Eliminação AM Presidente Figueiredo Eliminação AM Rio Preto da Eva Eliminação AM São gabriel da Cachoeira Eliminação AM São Sebastião do Uatumã Eliminação AP Amapá Eliminação AP Itaubal Eliminação AP Laranjal do Jari Eliminação AP Macapá Eliminação AP Pracuúba Eliminação AP Vitória do Jari Eliminação MA Açailândia Eliminação MA Alto Alegre do Maranhão Eliminação MA Alto Alegre do Pindaré Eliminação MA Bacabal Eliminação MA Barra do Corda Eliminação 23 MA Brejo de Areia Eliminação MA Buriticupu Eliminação MA Codó Eliminação MA Conceição do Lago-Açu Eliminação MA Estreito Eliminação MA Fortuna Eliminação MA Governador Nunes Freire Eliminação MA Igarapé Grande Eliminação MA Joselândia Eliminação MA Lago da Pedra Eliminação MA Lagoa Grande do Maranhão Eliminação MA Lajeado Novo Eliminação MA Maracaçumé Eliminação MA Marajá do Sena Eliminação MA Matões Eliminação MA Olho d'Água das Cunhãs Eliminação MA Paço do Lumiar Eliminação MA Pastos Bons Eliminação MA Pedreiras Eliminação MA Pedro do Rosário Eliminação MA Pindaré-Mirim Eliminação MA Pinheiro Eliminação MA Pirapemas Eliminação MA Poção de Pedras Eliminação MA Porto Franco Eliminação MA Santa Helena Eliminação MA Santa Inês Eliminação MA Santa Luzia do Paruá Eliminação MA São João dos Patos Eliminação MA São Luís Eliminação MA São Mateus do Maranhão Eliminação MA Tuntum Eliminação MA Turiaçu Eliminação MA Turilândia Eliminação MT Alta Floresta Eliminação MT Apiacás Eliminação MT Aripuanã Eliminação MT Brasnorte Eliminação MT Cáceres Eliminação MT Campo Novo do Parecis Eliminação MT Cuiabá Eliminação MT Guarantã do Norte Eliminação MT JuaraEliminação MT Nova Bandeirantes Eliminação MT Nova Lacerda Eliminação MT Nova Mutum Eliminação 24 MT Novo Mundo Eliminação MT Paranaíta Eliminação MT Peixoto de Azevedo Eliminação MT Rosário Oeste Eliminação MT Santo Antônio do Leste Eliminação MT Sinop Eliminação MT Nova Guarita Eliminação MT Nova Maringá Eliminação PA Abaetetuba Eliminação PA Abel Figueiredo Eliminação PA Acará Eliminação PA Água Azul do Norte Eliminação PA Alenquer Eliminação PA Altamira Eliminação PA Aurora do Pará Eliminação PA Aveiro Eliminação PA Baião Eliminação PA Belém Eliminação PA Benevides Eliminação PA Bom Jesus do Tocantins Eliminação PA Brasil Novo Eliminação PA Breu Branco Eliminação PA Breves Eliminação PA Cachoeira do Piriá Eliminação PA Cachoeira do Arari Eliminação PA Cametá Eliminação PA Canaã dos Carajás Eliminação PA Castanhal Eliminação PA Concórdia do Pará Eliminação PA Cumaru do Norte Eliminação PA Curionópolis Eliminação PA Curralinho Eliminação PA Curuá Eliminação PA Dom Eliseu Eliminação PA Gurupá Eliminação PA Ipixuna do Pará Eliminação PA Itupiranga Eliminação PA Jacundá Eliminação PA Magalhães Barata Eliminação PA Marabá Eliminação PA Maracanã Eliminação PA Marituba Eliminação PA Medicilândia Eliminação PA Mocajuba Eliminação PA Monte Alegre Eliminação PA Muaná Eliminação 25 PA Nova Ipixuna Eliminação PA Novo Repartimento Eliminação PA Óbidos Eliminação PA Oriximiná Eliminação PA Ourilândia do Norte Eliminação PA Palestina do Pará Eliminação PA Paragominas Eliminação PA Parauapebas Eliminação PA Placas Eliminação PA Porto de Moz Eliminação PA Prainha Eliminação PA Redenção Eliminação PA Rondon do Pará Eliminação PA Rurópolis Eliminação PA Salvaterra Eliminação PA Santa Bárbara do Pará Eliminação PA Santa Luzia do Pará Eliminação PA Santarém Eliminação PA São Caetano de Odivelas Eliminação PA São Domingos do Araguaia Eliminação PA São Domingos do Capim Eliminação PA São Félix do Xingu Eliminação PA São Francisco do Pará Eliminação PA São Geraldo do Araguaia Eliminação PA São João do Araguaia Eliminação PA São Miguel do Guamá Eliminação PA São Sebastião da Boa Vista Eliminação PA Senador José Porfírio Eliminação PA Tailândia Eliminação PA Tomé-Açu Eliminação PA Tucuruí Eliminação PA Ulianópolis Eliminação PA Uruará Eliminação PA Vigia Eliminação PA Vitória do Xingu Eliminação PA Xinguara Eliminação RO Alta Floresta D'Oeste Eliminação RO Ariquemes Eliminação RO Cacoal Eliminação RO Costa Marques Eliminação RO Espigão do Oeste Eliminação RO Guajará-Mirim Eliminação RO Ji-Paraná Eliminação RO Machadinho D'Oeste Eliminação RO Nova Brasilândia D'Oeste Eliminação RO Ouro Preto do Oeste Eliminação 26 RO Rio Crespo Eliminação RO Santa Luzia D'Oeste Eliminação RO Vilhena Eliminação RO Nova Mamoré Eliminação RO Alvorada D'Oeste Eliminação RO Alto Alegre dos Parecis Eliminação RO Alto Paraíso Eliminação RO Buritis Eliminação RO Cacaulândia Eliminação RO Campo Novo de Rondônia Eliminação RO Chupinguaia Eliminação RO Governador Jorge Teixeira Eliminação RO Itapuã do Oeste Eliminação RO Ministro Andreazza Eliminação RO Mirante da Serra Eliminação RO Monte Negro Eliminação RO Pimenteiras do Oeste Eliminação RO São Francisco do Guaporé Eliminação RO Seringueiras Eliminação RO Teixeirópolis Eliminação RO Theobroma Eliminação RO Vale do Anari Eliminação RO Vale do Paraíso Eliminação RR Alto Alegre Eliminação RR Boa Vista Eliminação RR Bonfim Eliminação RR Caroebe Eliminação RR Normandia Eliminação RR Pacaraima Eliminação RR São João da Baliza Eliminação RR São Luiz Eliminação DSEI Altamira Eliminação DSEI Cuiabá Eliminação DSEI Guamá-Tocantins Eliminação DSEI Kaiapó do Mato Grosso Eliminação DSEI Kaiapó do Pará Eliminação DSEI Maranhão Eliminação DSEI Vilhena Eliminação AC Assis Brasil Prevenção a reintrodução AC Capixaba Prevenção a reintrodução AC Epitaciolândia Prevenção a reintrodução AC Manoel Urbano Prevenção a reintrodução AC Santa Rosa do Purus Prevenção a reintrodução AM Anamã Prevenção a reintrodução AM Barreirinha Prevenção a reintrodução AM Codajás Prevenção a reintrodução 27 AM Itapiranga Prevenção a reintrodução AM Nhamundá Prevenção a reintrodução AM Novo Airão Prevenção a reintrodução AM Silves Prevenção a reintrodução AM Tonantins Prevenção a reintrodução AM Urucará Prevenção a reintrodução AM Urucurituba Prevenção a reintrodução MA Afonso Cunha Prevenção a reintrodução MA Água Doce do Maranhão Prevenção a reintrodução MA Alcântara Prevenção a reintrodução MA Aldeias Altas Prevenção a reintrodução MA Altamira do Maranhão Prevenção a reintrodução MA Alto Parnaíba Prevenção a reintrodução MA Amapá do Maranhão Prevenção a reintrodução MA Amarante do Maranhão Prevenção a reintrodução MA Anajatuba Prevenção a reintrodução MA Anapurus Prevenção a reintrodução MA Apicum-Açu Prevenção a reintrodução MA Araguanã Prevenção a reintrodução MA Araioses Prevenção a reintrodução MA Arame Prevenção a reintrodução MA Arari Prevenção a reintrodução MA Axixá Prevenção a reintrodução MA Bacabeira Prevenção a reintrodução MA Bacuri Prevenção a reintrodução MA Bacurituba Prevenção a reintrodução MA Balsas Prevenção a reintrodução MA Barão de Grajaú Prevenção a reintrodução MA Barreirinhas Prevenção a reintrodução MA Belágua Prevenção a reintrodução MA Bela Vista do Maranhão Prevenção a reintrodução MA Benedito Leite Prevenção a reintrodução MA Bequimão Prevenção a reintrodução MA Bernardo do Mearim Prevenção a reintrodução MA Boa Vista do Gurupi Prevenção a reintrodução MA Bom Jardim Prevenção a reintrodução MA Bom Jesus das Selvas Prevenção a reintrodução MA Bom Lugar Prevenção a reintrodução MA Brejo Prevenção a reintrodução MA Buriti Prevenção a reintrodução MA Buriti Bravo Prevenção a reintrodução MA Buritirana Prevenção a reintrodução MA Cachoeira Grande Prevenção a reintrodução MA Cajapió Prevenção a reintrodução MA Cajari Prevenção a reintrodução MA Campestre do Maranhão Prevenção a reintrodução 28 MA Cândido Mendes Prevenção a reintrodução MA Cantanhede Prevenção a reintrodução MA Capinzal do Norte Prevenção a reintrodução MA Carolina Prevenção a reintrodução MA Carutapera Prevenção a reintrodução MA Caxias Prevenção a reintrodução MA Cedral Prevenção a reintrodução MA Central do Maranhão Prevenção a reintrodução MA Centro do Guilherme Prevenção a reintrodução MA Centro Novo do Maranhão Prevenção a reintrodução MA Chapadinha Prevenção a reintrodução MA Cidelândia Prevenção a reintrodução MA Coelho Neto Prevenção a reintrodução MA Colinas Prevenção a reintrodução MA Coroatá Prevenção a reintrodução MA Cururupu Prevenção a reintrodução MA Davinópolis Prevenção a reintrodução MA Dom Pedro Prevenção a reintrodução MA Duque Bacelar Prevenção a reintrodução MA Esperantinópolis Prevenção a reintrodução MA Feira Nova do Maranhão Prevenção a reintrodução MA Fernando Falcão Prevenção a reintrodução MA Formosa da Serra Negra Prevenção a reintrodução MA Fortaleza dos Nogueiras Prevenção a reintrodução MA Godofredo Viana Prevenção a reintrodução MA Gonçalves Dias Prevenção a reintrodução MA Governador Archer Prevenção a reintrodução MA Governador Edison Lobão Prevenção a reintrodução MA Governador Eugênio Barros Prevenção areintrodução MA Governador Luiz Rocha Prevenção a reintrodução MA Governador Newton Bello Prevenção a reintrodução MA Graça Aranha Prevenção a reintrodução MA Grajaú Prevenção a reintrodução MA Guimarães Prevenção a reintrodução MA Humberto de Campos Prevenção a reintrodução MA Icatu Prevenção a reintrodução MA Igarapé do Meio Prevenção a 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Mirinzal Prevenção a reintrodução MA Monção Prevenção a reintrodução MA Montes Altos Prevenção a reintrodução MA Morros Prevenção a reintrodução MA Nina Rodrigues Prevenção a reintrodução MA Nova Colinas Prevenção a reintrodução MA Nova Iorque Prevenção a reintrodução MA Nova Olinda do Maranhão Prevenção a reintrodução MA Olinda Nova do Maranhão Prevenção a reintrodução MA Palmeirândia Prevenção a reintrodução MA Paraibano Prevenção a reintrodução MA Parnarama Prevenção a reintrodução MA Passagem Franca Prevenção a reintrodução MA Paulino Neves Prevenção a reintrodução MA Paulo Ramos Prevenção a reintrodução MA Penalva Prevenção a reintrodução MA Peri Mirim Prevenção a reintrodução MA Peritoró Prevenção a reintrodução MA Pio XII Prevenção a reintrodução MA Porto Rico do Maranhão Prevenção a reintrodução MA Presidente Dutra Prevenção a reintrodução MA Presidente Juscelino Prevenção a reintrodução MA Presidente Médici Prevenção a reintrodução MA Presidente Sarney Prevenção a reintrodução MA Presidente Vargas Prevenção a reintrodução MA Primeira Cruz Prevenção a reintrodução MA Raposa Prevenção a reintrodução MA Riachão Prevenção a reintrodução MA Ribamar Fiquene Prevenção a reintrodução MA Rosário Prevenção a reintrodução MA Sambaíba Prevenção a reintrodução MA Santa Filomena do Maranhão Prevenção a reintrodução 30 MA Santa Luzia Prevenção a reintrodução MA Santa Quitéria do Maranhão Prevenção a reintrodução MA Santa Rita Prevenção a reintrodução MA Santana do Maranhão Prevenção a reintrodução MA Santo Amaro do Maranhão Prevenção a reintrodução MA Santo Antônio dos Lopes Prevenção a reintrodução MA São Benedito do Rio Preto Prevenção a reintrodução MA São Bento Prevenção a reintrodução MA São Bernardo Prevenção a reintrodução MA São Domingos do Azeitão Prevenção a reintrodução MA São Domingos do Maranhão Prevenção a reintrodução MA São Félix de Balsas Prevenção a reintrodução MA São Francisco do Brejão Prevenção a reintrodução MA São Francisco do Maranhão Prevenção a 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a reintrodução MA Timbiras Prevenção a reintrodução MA Timon Prevenção a reintrodução MA Trizidela do Vale Prevenção a reintrodução MA Tufilândia Prevenção a reintrodução MA Tutóia Prevenção a reintrodução MA Urbano Santos Prevenção a reintrodução MA Vargem Grande Prevenção a reintrodução MA Viana Prevenção a reintrodução MA Vila Nova dos Martírios Prevenção a reintrodução MA Vitória do Mearim Prevenção a reintrodução MA Vitorino Freire Prevenção a reintrodução 31 MA Zé Doca Prevenção a reintrodução MT Acorizal Prevenção a reintrodução MT Água Boa Prevenção a reintrodução MT Alto Araguaia Prevenção a reintrodução MT Alto Boa Vista Prevenção a reintrodução MT Alto Garças Prevenção a reintrodução MT Alto Paraguai Prevenção a reintrodução MT Alto Taquari Prevenção a reintrodução MT Araguaiana Prevenção a reintrodução MT Araguainha Prevenção a reintrodução MT Araputanga Prevenção a reintrodução MT Arenápolis Prevenção a reintrodução MT Barão de Melgaço Prevenção a reintrodução MT Barra do Bugres Prevenção a reintrodução MT Barra do Garças Prevenção a reintrodução MT Bom Jesus do Araguaia Prevenção a reintrodução MT Campinápolis Prevenção a reintrodução MT Campo Verde Prevenção a reintrodução MT Campos de Júlio Prevenção a reintrodução MT Canabrava do Norte Prevenção a reintrodução MT Canarana Prevenção a reintrodução MT Carlinda Prevenção a reintrodução MT Castanheira Prevenção a reintrodução MT Chapada dos Guimarães Prevenção a reintrodução MT Cláudia Prevenção a reintrodução MT Cocalinho Prevenção a reintrodução MT Colíder Prevenção a reintrodução MT Comodoro Prevenção a reintrodução MT Confresa Prevenção a reintrodução MT Conquista D'Oeste Prevenção a reintrodução MT Cotriguaçu Prevenção a reintrodução MT Curvelândia Prevenção a reintrodução MT Denise Prevenção a reintrodução MT Diamantino Prevenção a reintrodução MT Dom Aquino Prevenção a reintrodução MT Feliz Natal Prevenção a reintrodução MT Figueirópolis D'Oeste Prevenção a reintrodução MT Gaúcha do Norte Prevenção a reintrodução MT General Carneiro Prevenção a reintrodução MT Glória D'Oeste Prevenção a reintrodução MT Guiratinga Prevenção a reintrodução MT Indiavaí Prevenção a reintrodução MT Ipiranga do Norte Prevenção a reintrodução MT Itanhangá Prevenção a reintrodução MT Itaúba Prevenção a reintrodução MT Itiquira Prevenção a reintrodução 32 MT Jaciara Prevenção a reintrodução MT Jangada Prevenção a reintrodução MT Jauru Prevenção a reintrodução MT Juína Prevenção a reintrodução MT Juruena Prevenção a reintrodução MT Juscimeira Prevenção a reintrodução MT Lambari D'Oeste Prevenção a reintrodução MT Lucas do Rio Verde Prevenção a reintrodução MT Luciara Prevenção a reintrodução MT Vila Bela da Santíssima Trindade Prevenção a reintrodução MT Marcelândia Prevenção a reintrodução MT Matupá Prevenção a reintrodução MT Mirassol d'Oeste Prevenção a reintrodução MT Nobres Prevenção a reintrodução MT Nortelândia Prevenção a reintrodução MT Nossa Senhora do Livramento Prevenção a 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