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1 Abordagens ao estudo da Psicologia do Desenvolvimento

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Desenvolvimento da Infância e Adolescência 
Prof. Renata – 2016.2 
Unidade 1: Abordagens do 
estudo da Psicologia do 
Desenvolvimento 
O que estudar em desenvolvimento 
humano? 
• Mudança X Continuidade; 
• Natureza X Meio ambiente; 
• Biologia X Cultura; 
• Hereditariedade X Meio ambiente; 
• Desenvolvimento na infância X Curso de vida; 
 
 
O que é psicologia do 
desenvolvimento? 
 
• O desenvolvimento humano é o estudo 
científico de como as pessoas mudam, bem 
como das características que permanecem 
razoavelmente estáveis durante toda a vida; 
(Papalia, p. 47); 
O que é psicologia do 
desenvolvimento? 
• A Psicologia do Desenvolvimento Humano tem como 
objetivo descrever, explicar, prever e contribuir para 
melhorar os processos de desenvolvimento humano. 
• Busca-se compreender os principais fenômenos e 
processos no curso do desenvolvimento. 
• Há sequências gerais de desenvolvimento que são 
esperadas, mas há o fator das diferenças individuais: 
duas pessoas nunca serão iguais, nunca passarão 
pelos mesmos processos de desenvolvimento. 
O que é psicologia do 
desenvolvimento? 
• A Psicologia do Desenvolvimento é um campo 
de investigação que se dedica a questões 
muito variadas relacionadas a diferentes 
dimensões das mudanças desenvolvimentais; 
• O desenvolvimento humano envolve o estudo 
de variáveis afetivas (emocionais), cognitivas, 
sociais e biológicas em todo o ciclo de vida, 
(interface com biologia, sociologia, 
antropologia, educação, medicina). 
Desenvolvimento 
• Físico = crescimento do corpo e do cérebro, das 
capacidades sensórias, das habilidades motoras e da 
saúde. 
• Cognitivo = capacidades mentais, aprendizagem, 
linguagem, memória, pensamento, criatividade. 
• Psicossocial (psicológicas + sociais) 
– Personalidade (maneira peculiar e relativamente 
consistente de uma pessoa sentir, reagir e se comportar) 
– Social (relacionamentos sociais). 
 
Campos de atuação 
• Ciência multidisciplinar: profissionais em 
escolas, clínicas, hospitais, ambientes de 
cuidados à saúde, organizações voltadas para 
o bem-estar das pessoas. 
 
Objeto de estudo 
• Tem-se como objeto de estudo o curso de mudanças 
significativas ao longo da vida, buscando descrevê-las e, 
principalmente, explicá-las por princípios gerais. 
• É importante entender como as condições internas e externas 
ao indivíduo afetam e promovem essas mudanças: 
 - Variáveis internas: ligadas à maturação orgânica do 
indivíduo, as bases genéticas do desenvolvimento; 
 - Variáveis externas: ligadas à influência do ambiente no 
desenvolvimento, diversas interações que ocorrem nos 
múltiplos contextos em que o desenvolvimento se dá. 
 
Períodos do desenvolvimento 
(Papalia, p. 51,52 e 53) 
 
1. Período pré-natal (concepção ao nascimento) 
2. Primeira infância (nascimento aos 3 anos) 
3. Segunda infância (dos 3 aos 6 anos) 
4. Terceira infância (dos 6 aos 11 anos) 
5. Adolescência (dos 11 aos 20 anos) 
6. Jovem adulto (dos 20 aos 40 anos) 
7. Meia-idade (dos 40 aos 65 anos) 
8. Terceira idade (dos 65 em diante) 
Aspectos históricos 
• O desenvolvimento humano tem ocorrido desde que os seres 
humanos existem, entretanto o estudo cientifico é relativamente 
novo (século XIX); 
• Filósofos do século XVII e XVIII já concebiam idéias que 
influenciariam a psicologia do desenvolvimento: 
– John Locke (1632-1704) acreditava que a mente humana 
poderia ser comparada, desde o nascimento, a um quadro em 
branco e toda a estimulação do ambiente é que formaria a 
psique; 
– Jean Jacques Rousseau (1712-1778) e Immanuel Kant (1724-
1804) enfatizavam a existência de características inatas do ser 
humano. Rousseau defendia a bondade natural da criança e já 
mostrava a divisão da infância em estágios com características 
próprias. Kant enfatizava a existência de categorias inatas do 
pensamento; 
 
• O estabelecimento da data de nascimento da 
psicologia do desenvolvimento é motivo de 
controvérsia; 
• As sociedades sobre o estudo do desenvolvimento e 
as publicações sobre o assunto surgiram quase que 
simultaneamente; 
• Quetelet (1835): obra “Do homem e do 
desenvolvimento de suas faculdades”. O autor 
enfocava as mudanças físicas, cognitivas, morais e 
emocionais pelas quais o indivíduo passa ao longo da 
vida; 
 
• Preyers (1841-1897) publicou em 1882 o livro “The 
mind of the child” (A mente da criança), 
impulsionando as pesquisas na área de 
desenvolvimento; Marco do estudo do 
desenvolvimento? 
• Stanley Hall (EUA, 1891) funda o “Child Research 
Institute at Clark” (Pesquisa da criança) e o periódico 
“Pegagogical Seminars” (Seminários Pedagogicos); 
Pioneiro no estudo da criança; 
• Binet (França, 1899) funda a “Sociét´Libre pour 
l’Étude de l’Enfant” (Sociedade livre para o estudo da 
criança) e o periódico “Lánnée Psychologique”; 
 
• Stanley Hall (1844-1924) foi importante para o 
estudo do desenvolvimento; estudou a 
adolescência, foi o primeiro a propor a psicologia da 
adolescência como campo distinto de conhecimento 
e realizou o primeiro estudo sobre o tema 
“Adolescence – its psychology, anthropology, 
sociology, sex, crime, religion and education” (livro 
não científico publicado em 1904) (sua psicologia, 
antropologia, sociologia, sexo, crime, religião e 
educação); Também foi um dos primeiros a se 
interessar pelo estudo do envelhecimento (1922); 
 
Evolução histórica 
• Tradicionalmente o estudo do 
desenvolvimento humano focou o estudo da 
criança e adolescente. Esse interesse tem 
origem na preocupação com os cuidados e 
com a educação das crianças, e com o próprio 
conceito de infância como um período 
particular do desenvolvimento; 
• Hoje esse enfoque vem mudando para a 
importância de focar o desenvolvimento dos 
indivíduos ao longo de todo o ciclo vital; 
 
1ª Fase (1920-1939): 
• Grande investimento no estudo da criança, 
apesar das publicações dos primeiros estudos 
sobre envelhecimento e adolescência; os 
principais interesses de estudos foram o 
desenvolvimento intelectual, a maturação e o 
crescimento; 
• A pesquisa se dá a partir de estudos 
descritivos, observação dos indivíduos em seu 
ambiente. Já se começa a falar em estudos 
longitudinais, mas não se concretiza. 
 
2ª Fase (1940-1959): 
• Baixo investimento em pesquisas por causa da 
Segunda Guerra Mundial. 
• O interesse nesta época ainda se concentra no 
estudo da criança, especialmente no 
estabelecimento de relações entre variáveis que 
afetam o desenvolvimento; 
• A pesquisa está voltada para relações entre 
variáveis/correlação (inteligência e nível 
socioeconômico; atitude materna e ajustamento dos 
filhos); 
 
3ª Fase (1960-1989): 
• Influência da Teoria Behaviorista, dos 
conceitos de Aprendizagem Social, re-
emergência da Teoria Piagetiana; 
• Crescente interesse pelas bases biológicas do 
comportamento; investigação dos aspectos da 
cognição; 
• A pesquisa se volta para a tentativa de explicar 
causas do desenvolvimento (pesquisa 
experimental); 
 
4ª Fase (1990 até os dias atuais): 
• Novos paradigmas surgem, importância do caráter 
interdisciplinar da disciplina, dimensões histórica e contextual 
começam a ser discutidas; 
• O desenvolvimento é estudado ao longo do ciclo vital, ao 
invés da tradicional ênfase na infância e adolescência; por 
abordagens contextuais e sistêmicas como a teoria ecológica 
de Bronfrenbrenner. 
• Proposta: Ciência do Desenvolvimento Humano, uma vez que 
engloba conhecimentos não só da psicologia, mas de áreas 
afins. No Brasil, funda-se em 1998 a Sociedade Brasileira de 
Psicologia do Desenvolvimento. 
• Estudos longitudinais, transculturais; 
 
Abordagens 
•Diversos autores deram contribuições 
significativas para a Psicologia do 
Desenvolvimento (Jean Piaget, Sigmund 
Freud, Lev Vygotsky, Arnold Gesell, Erik 
Erikson, Urie Bronfenbrenner, etc.); 
• Estes autores contribuíram em diferentes 
áreas de investigação e tiveram enfoques 
teóricos diversificados. 
Abordagens 
• O que muda? 
• Como muda? 
• E quando muda? 
 
• Possível classificação das teorias de 
desenvolvimento em quatro grandes grupos, 
baseada em Bee (p. 44-51): biológicas, 
aprendizagem, cognitivo-desenvolvimentais, 
psicanalíticas; 
 
Nossos padrões comuns de desenvolvimento quanto nossas 
tendências comportamentais individuais únicas são parcial ou 
inteiramente programados pelos genes; 
Teoria maturacional de Arnold Gesell; 
Enfatizam o papel dominante da experiência; 
O ambiente molda a criança, tornando-se, assim, a principal 
influencia no desenvolvimento; 
Interesse primariamente no desenvolvimento cognitivo; 
• Jean Piaget (1896-1980) 
• Lev Vygotsky (1896-1934) 
Teorias 
Biológicas 
Teorias da 
Aprendizagem 
Teorias 
Cognitivo-
Desenvolvimen- 
tais 
Teorias 
Psicanalíticas 
Sigmund Freud (1856-1939): comportamento é governado por 
processos inconscientes e conscientes; 
Erik Erikson (1902-1994): propõe fases no desenvolvimento 
social (psicossocial); 
 
 
Tendências da psicologia do 
desenvolvimento 
• O estudo do desenvolvimento humano tem se 
modificado ao longo das últimas décadas. 
Cada vez mais o desenvolvimento humano 
vem sendo visto como um processo 
complexo, explicado por múltiplos fatores, 
sendo assim diferentes níveis de análise tem 
sido amplamente explorados: individual, 
social, biológico, cultural. 
• Desde estudos na área da genética do 
comportamento até estudos que englobam a 
ecologia do desenvolvimento humano e os 
sistemas sociais amplos que dão sentido aos 
processos de desenvolvimento, esse é o espectro 
amplo por onde circulam os estudos de 
desenvolvimento. 
• A chamada "Ciência do Desenvolvimento", se 
caracteriza justamente por um conjunto de 
estudos interdisciplinares para a compreensão 
dos processos de desenvolvimento humano, 
englobando esses diferentes níveis de análise. 
 
• Desenvolvimento no ciclo vital - Paul Baltes (1939-
2006): estudo de trajetórias de desenvolvimento. A 
chamada perspectiva do "curso de vida" busca 
integrar aspectos relativos ao tempo, contexto e 
processos de mudança ao longo da vida. 
• Modelo Ecológico/ Bioecológico do 
desenvolvimento - Urie Bronfenbrenner (1917-
2005): O desenvolvimento do ser humano depende, 
não só das características biopsicológicas, mas 
também das características dos contextos; a isto se 
chama perspectiva ecológica do desenvolvimento; 
 
• As tendências atuais em Psicologia do 
desenvolvimento exigem, ao mesmo tempo, a 
construção e reflexão sobre métodos 
adequados de pesquisa e exploração dos 
fenômenos humanos de desenvolvimento. 
Conceitos importantes em 
desenvolvimento 
• Hereditariedade = influências inatas sobre o 
desenvolvimento, transmitidas pelos genes 
herdados dos pais biológicos; 
• Ambiente = influências não-genéticas, 
externas à pessoa; 
• Maturação = desdobramento de uma 
sequência natural geneticamente 
influenciada, relacionada à idade, à mudanças 
físicas; 
Conceitos importantes em 
desenvolvimento 
• Influências ambientais não-compartilhadas: 
experiências que distinguem as pessoas; 
• Viver em um mesmo ambiente não significa 
compartilhar exatamente a mesma história, as 
mesmas situações; 
Influências ambientais 
• Timing (momento) da experiência; 
• Interpretação da experiência; 
• Perspectiva ecológica; 
Mudança quantitativa e qualitativa 
• Quantitativa: mudança de número ou quantidade. 
– Exemplo: crescimento em altura, peso, 
vocabulário, mais amigos, etc. 
• Qualitativa: mudança na estrutura ou na 
organização. 
– Exemplo: desinteresse por amigos para interesse 
por mais amigos, mudança de uma criança não-
verbal para aquela que sabe se comunicar 
verbalmente. 
Influências normativas e não-
normativas 
• Normativa: experimentado de modo semelhante 
pela maioria das pessoas; 
– Etárias: semelhantes para pessoas de uma mesma 
faixa etária (eventos biológicos - puberdade, 
eventos sociais – casamento). 
– Históricas: comuns a uma determinada coorte, 
pessoas que compartilham de uma experiência 
como crescer na mesma época e no mesmo lugar. 
Influências normativas e não-
normativas 
• Não-normativo: são eventos incomuns mas com 
impacto nas vidas individuais; 
– Eventos típicos que ocorrem em momentos 
atípicos (casamento na adolescência, perda do pai 
quando criança); 
– Eventos atípicos: sofrer um acidente, ser 
acometido de alguma doença). 
Abordagens de pesquisa em 
desenvolvimento (Bee, p. 52-62) 
• Método científico: refere-se a princípios e 
processos que caracterizam a investigação 
científica em qualquer campo. Identificação 
do problema a ser estudado, formulação de 
hipóteses (previsões que podem ser 
verificadas), coleta de dados, análise 
estatística para determinar se os dados 
apoiam as hipóteses, divulgação dos 
resultados. 
• COORTE: grupo de pessoas que pertencem a 
um mesmo grupo e que passaram por 
experiências semelhantes. 
 
PLANEJAMENTO DE PESQUISA 
• Transversais: pessoas de diferentes idades são 
avaliadas em uma ocasião. Informações sobre 
diferenças de desenvolvimento entre 
diferentes faixas etárias. Grupos diferentes, 
idades diferentes. 
• Longitudinais: estudar as mesmas pessoas 
durante um período de tempo, mais de uma 
vez, com intervalos de anos, para medir as 
mudanças que ocorrem com a idade. 
 
• Sequenciais: avaliar a amostra transversal mais de 1 
vez para determinar as diferenças em cada geração 
durante um período de tempo. Combina os dois 
acima. 2000-2004. Estudo com meninos de 7,10 e 13 
anos. 
• Interculturais ou de contextos cruzados: verificar se 
os mesmos padrões valem para diferentes culturas 
ou contextos. 
• Experimentais: realizar um experimento, uma 
intervenção em um grupo, pré e pós teste. 
• Correlacional: correlação entre variáveis. + pressão 
arterial alta, alto risco de ataque do coração. – 
menos nível de instrução, mais demência. 
 
 MÉTODOS DE PESQUISA 
• Observação 
• Questionários 
• Entrevistas 
• Grupo focal 
• Estudo de caso 
 ANÁLISE DE PESQUISA 
• Estatística 
• Análise de conteúdo, análise de discurso 
 
• Psicologia do desenvolvimento = estudo 
através de metodologia específica e levando 
em consideração o contexto sócio-histórico, 
das múltiplas variáveis, sejam elas cognitivas, 
afetivas, biológicas ou sociais, internas ou 
externas ao indivíduo que afetam o 
desenvolvimento humano ao longo da vida. 
 
Referências 
• Bee, H. (2003). A criança em desenvolvimento. 
Porto Alegre: Artes Médicas. 
• Papalia, D., & Olds, S. (2000). Desenvolvimento 
humano. Porto Alegre: Artes Médicas.

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