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44 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV Unidade IV MÓDULO 7 INTRODUÇÃO O divórcio é uma das causas terminativas da sociedade conjugal, estando previsto no artigo 1571 do Código Civil. Contudo, até o advento da Emenda Constitucional n. 66 de 14 de julho de 2010, o divórcio tinha por finalidade precípua extinguir o vínculo conjugal e possibilitar novo casamento a cada um dos seus membros. Esse fato ocorria, porque havia a previsão legal da separação judicial, a qual estabelecia o final da sociedade conjugal e deixava para o divórcio o rompimento do vínculo conjugal. EMENDA CONSTITUCIONAL 66/2010 A Emenda Constitucional 66/2010 ou PEC do Divórcio estabeleceu uma nova redação ao parágrafo 6º. do artigo 226 da Constituição Federal. Assim, o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio somente, retirando a possibilidade de separação judicial. A alteração foi proposta pelo Instituto Brasileiro de Direito de Família, tendo após a sua aprovação eficácia imediata e direta. Por decorrência algumas situações decorrem dessa nova ordem constitucional: a uma, não existe mais a possibilidade do ingresso da ação de separação judicial; a duas, algumas pessoas ainda possuem o estado civil de separadas judicialmente; a três, não há que se falar em dissolução da sociedade matrimonial. DIVÓRCIO DIRETO No passado, antes da extinção da ação de separação judicial, a separação cindia-se em: separação judicial ou por mútuo consentimento. Na hipótese de separação judicial, classificava-se em: separação sanção, separação remédio ou separação falência. 45 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a TÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO PRIVADO (OPTATIVA) Com o advento da Emenda Constitucional n. 66/2010 foi abolido o divórcio-conversão ou indireto, remanescendo somente o instituto do divórcio direto, sem o requisito temporal. O divórcio atualmente classifica-se em: - divórcio judicial litigioso; - divórcio judicial consensual; - divórcio extrajudicial consensual. Em todos estes somente é necessária a certidão de casamento atualizada (emissão com menos de 30 dias da data de distribuição da ação de divórcio ou assinatura da escritura pública). As questões relativas a guarda, proteção dos filhos, alimentos, partilha de bens, nome de família podem ser discutidas em separado, não prejudicando a decretação do divórcio. Mais importante ainda, é o fato de que não se discute mais a culpa pelo fim do casamento. No que tange aos filhos, será prevalente o melhor interesse dos menores para fixação de guarda e visitas e os alimentos serão fixados em conformidade com o binômio necessidade e possibilidade. A discussão sobre as questões periféricas impunha o retardo na decretação do divórcio, especialmente quando são interpostos recursos às instâncias superiores. Por tais motivos sugere-se que sejam distribuídas ações autônomas para as matérias. DO PROCEDIMENTO O artigo 40 da Lei do Divórcio determina a utilização do procedimento previsto no artigo 1120 e segs. do Código de Processo Civil ou ainda, artigo 731 e segs. do CPC/2015. Dessa forma, a petição além dos requisitos de ordem geral, deverá quando for o caso demonstrar: - valor da pensão do cônjuge que necessitar para a sua subsistência; - partilha de bens da ser homologada na sentença. A Emenda Constitucional 66/2010 suprimiu a necessidade de comprovação da decorrência do lapso temporal de separação de fato, bem como a produção de prova testemunhal em audiência de ratificação de decorrência do lapso temporal. No que se referem ao artigo 1124ª CPC/1973 ou artigo 733 CPC/2015, o divórcio consensual por escritura pública continua em vigor. 46 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV A sentença que homologa o divórcio consensual ou recusa a homologação do acordo é definitiva. Cabe recurso de apelação voluntária. O Ministério Público é legitimado a recorrer da sentença de homologação. Se o cônjuge vir a falecer antes de transitada em julgada a sentença, o estado civil do cônjuge sobrevivente é de viúvo, já que a ação de divórcio guarda natureza personalíssima. A Lei n. 11441/2007 estabeleceu a possibilidade do divórcio extrajudicial, para tanto as partes devem ser maiores e capazes; acordes quanto aos termos do divórcio e não tenha interesse de menores. Se o divórcio direto foi requerido por só um dos cônjuges terá obrigatoriamente o trâmite do procedimento ordinário ou de acordo com o CPC/2015 procedimento especial. Não cabe ação reconvencional, pois não subsiste mais a questão da culpa. Por esse motivo decreta- se o divórcio, e reserva a questão da partilha de bens para a execução da sentença, conforme preleciona a Súmula 197 do STJ. Em virtude da Emenda Constitucional n. 66/2010 ter extinguido o divórcio-conversão, os cassais que se separaram judicialmente antes da sua vigência não terão escolha: caso queiram se divorciar deverão realizar o divórcio direto, seja ele consensual ou litigioso. Não subsiste a restrição ao número de pedidos de divórcio e mantendo-se íntegro o direito e os deveres dos pais em relação aos filhos. A habilitação de novo casamento requer a apresentação da certidão de casamento com registro da sentença de divórcio. O vínculo matrimonial é desconstituído pela sentença transitada em julgado, e o registro prevalece para os efeitos colaterais. O oficial do registro civil exigirá prova do registro da sentença, no processo de habilitação, para fins administrativos, ou seja, para evitar que, ao ser feito o registro do novo casamento, ainda não conste dos livros de registro a notícia do anterior divórcio. Evita-se o crime de bigamia. Se houver necessidade, nas hipóteses de possível ameaça à integridade física ou psíquica de um dos cônjuges ou sua prole, a possibilidade de a parte requerer a separação de corpos e, posteriormente ingressar com ação de divórcio litigioso. DOS JULGADOS Família. Separação Judicial. Superveniência da Emenda Constitucional n. 66/2010. Tribunal Julgador TJMG. Numeração Única: 0643791-84.2010.8.13.0000 Com a Emenda Constitucional nº 66/10, para a extinção do vinculo conjugal não mais se discute sobre separação, sanção ou falência. Portanto, considerando a norma inserta no artigo 462 do Código 47 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a TÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO PRIVADO (OPTATIVA) de Processo Civil, para a decretação da separação, não há mais necessidade dos requisitos tempo ou culpa, sob pena de rematada incoerência na medida em que, se para o divórcio, que extingue o vínculo conjugal, não há qualquer requisito, com muito mais razão não se pode exigir qualquer requisito para a separação. V.V.P. (…) (TJMG, Apelação Cível nº 1.0079.08.405935-5/001, Rel Des. Bitencourt Marcondes, Rel p. AcórdãoFernando Botelho, 8ª Câmara Cível, public. 11/05/2011) Inteiro Teor: EMENTA: FAMÍLIA – SEPARAÇÃO JUDICIAL – RESTABELECIMENTO DA SOCIEDADE CONJUGAL – SUPERVENIÊNCIA DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 66/2010 – POSSIBILIDADE – EFEITOS JURÍDICOS ADSTRITOS SOMENTE ÀS SEPARAÇÕES JUDICIAIS REQUERIDAS POSTERIORMENTE À SUA ENTRADA EM VIGOR – APLICAÇÃO, AO CASO CONCRETO, DO DISPOSTO NO ART.46 DA LEI 6.515/77 – PROVIMENTO DO RECURSO. – A despeito da Emenda Constitucional nº 66/2010 ter efetivamente retirado o instituto da separação judicial do mundo jurídico, os efeitos jurídicos daquelas separações ocorridas anteriormenteà entrada em vigor da referida Emenda subsistem. – Os efeitos jurídicos, de fato e de direito, da separação judicial, devidamente homologados e concretizados de acordo com a legislação vigente à sua época continuarão regidos pela decisão judicial anterior, baseada, repita-se, na Lei então em vigor. AGRAVO DE INSTRUMENTO CÍVEL N° 1.0313.06.205550-1/001 – COMARCA DE IPATINGA – AGRAVANTE(S): M.S.O.M.V. E OUTRO(A)(S) – RELATOR: EXMO. SR. DES. GERALDO AUGUSTO ACÓRDÃO Vistos etc., acorda, em Turma, a 1ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, sob a Presidência do Desembargador EDUARDO ANDRADE, incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM DAR PROVIMENTO AO RECURSO. Belo Horizonte, 01 de fevereiro de 2011. O SR. DES. GERALDO AUGUSTO: VOTO Conhece-se do recurso, presentes os requisitos à sua admissibilidade. Agrava-se da decisão que, nos autos da ação de separação judicial entre os próprios agravantes, indeferiu o pedido de restabelecimento da união conjugal (fl.40-TJ). Argumentam em breve resumo, os agravantes, que, após três meses da separação judicial, reataram os laços afetivos, constituíram novamente família, permanecendo estáveis até a presente data; que não mais pretendem permanecer separados judicialmente, requerendo, então, com fulcro no art. 46 da Lei 6.515/77, desconstituir a respeitável decisão que formalizou a separação judicial; que a Emenda Constitucional 66/2010 não retroage para atingir fatos passados, ocorridos antes do início de sua vigência, possuindo eficácia “ex nunc”, desde agora; que o entendimento de que não existe o restabelecimento da sociedade conjugal viola o princípio constitucional da preservação da família e do casamento, além de gerar grave insegurança jurídica; e, por fim, que a alteração da norma constitucional não teria o condão 48 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV de modificar uma situação jurídica perfeitamente consolidada segundo as regras vigentes ao tempo de sua constituição. Requer, portanto, o provimento do recurso para homologar o restabelecimento da sociedade conjugal, expedindo-se mandado ao Cartório competente e o retorno da agravante ao nome de casada (fls.02/08-TJ). AC 70003044567 DIVÓRCIO CONSENSUAL. PROVA TESTEMUNHAL. Ante a afirmativa dos cônjuges de estarem separados de fato há dois anos, desnecessária declaração ou ouvida de testemunhas, pois não há motivo para emprestar maior credibilidade à palavra de terceiros do que à das próprias partes. AUDIÊNCIA DE RATIFICAÇÃO. Dispensável a realização da audiência de ratificação quando nada há a ser estipulado, seja sobre filhos, alimentos ou partilha de bens. Basta a assertiva da inicial da livre intenção das partes para que seja chancelado o divórcio, uma vez que alegam eles a separação já perdura por mais de dois anos. Apelo desprovido. AI 70002300192 DIVÓRCIO CONSENSUAL. COMPARECIMENTO DA PARTE. DISPENSABILIDADE. A ausência justificada da parte à audiência inaugural, na ação de divórcio consensual, por residir ela no exterior, não inviabiliza o prosseguimento da demanda. Agravo provido. Bibliografia GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Vol. 6, ed. Saraiva, São Paulo - 2012. PEREIRA, Rodrigo da Cunha – Divórcio: teoria e prática. Ed. Saraiva, São Paulo – 2013. http://www.mariaberenice.com.br/pt/jurisprudencia-divorcio.dept 49 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a TÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO PRIVADO (OPTATIVA) MÓDULO 8 INTRODUÇÃO A Lei n. 11.441/2007 foi criada com o fim de racionalizar os procedimentos e simplificar a vida dos cidadãos. Assim, além do procedimento judicial o cidadão tem a possibilidade de realizar o inventário e partilha amigável pela forma extrajudicial. Contudo, o inventário extrajudicial necessita para a sua escritura pública que todos sejam maiores e capazes. O inventário deixou de ser procedimento exclusivamente judicial. A partilha podia ser efetivada administrativamente, mas dependia de homologação judicial. A inovação é no sentido de que se realize tanto o inventário quanto a partilha mediante escritura pública lavrada no notário, independentemente de homologação judicial. Para tanto as partes devem ser maiores e capazes e estarem acordes. Se houver testamento necessário o inventário judicial, conforme estabelece o artigo 982 do Código de Processo Civil/1973 e artigo 610 do CPC/2015. Porém a partir de decisões judiciais, a partir de 2015 passou-se a ser aceito que em havendo Testamento, desde que a abertura ocorra em Juízo e não haja discussão acerca da sua validade, pode o Inventário com Partilha ocorrer em Cartório de Notas. Essa segunda situação equivale a um procedimento HÍBRIDO, aceito no Estado de São Paulo. Alteraram-se os prazos para a abertura do inventário conforme estabelece o artigo 983 do Código de Processo Civil e artigo 611 do CPC/2015. A Lei n. 11441/2007 atualizou a redação do artigo 1031 do CPC e artigo 659 CPC/2015, no qual prevê que a partilha amigável celebrada pelas partes capazes, será homologada de plano pelo juiz, mediante a prova da quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas. CARÁTER FACULTATIVO O procedimento administrativo tem caráter facultativo, assim, a escolha, desde que possível, ficará a cargo das partes. Muita das vezes opta-se pela via judicial por questões financeiras, uma vez que em determinados casos o valor das despesas judiciais é menor que o valor dos emolumentos cartorários. Nesse sentido, prevalece o entendimento que embora tenha sido criada a via administrativa, a utilização da via judicial não ficará obstada. As situações que justificam o interesse em promover arrolamento judicial: prévio levantamento de dinheiro, venda de imóvel, obtenção de numerário para recolhimento de impostos e outros. 50 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV A Resolução n. 35 do CNJ também expressa o entendimento acima. DISPENSA DE HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL Não há necessidade de utilização da homologação judicial do acordo de partilha. A redação do artigo 1031 CPC e artigo 659 CPC/2015 deve ser interpretada de forma opinativa. As partes maiores e capazes, estando concordes com a partilha, se procurarem a via administrativa, realizarão a escritura pública no notário, sendo tal título hábil para o registro imobiliário. A escritura pública serve: - título para registro imobiliário - autorizar levantamento de valores - transferência de propriedade de veículo automotor - providências na Junta Comercial. - registro civil das pessoas jurídicas - instituições financeiras - companhias telefônicas PARTES INTERESSADAS As partes interessadas são: a) cônjuge sobrevivente, b) companheiro sobrevivente; c) herdeiros legítimos; d) cessionários; e e) credores. As partes devem estar devidamente qualificadas na escritura pública. Pode haver cessão de direitos na escritura pública. Assim, o cessionário comparece ao inventário judicial ou à escritura pública em substituição ao herdeiro cedente, assumindo a posição de parte. Deve ser indicado não só o ativo, mas também o passivo pertencente ao espólio. COMPETÊNCIA A competência é uma medida da jurisdição, que é monopólio do Poder Judiciário – e o Tabelião não tem poderes jurisdicionais. Por isso, podem os interessados promover a lavratura da escritura no cartório da localidade que lhes forem mais convenientes, independentemente dodomicílio do autor da herança, da situação dos bens e de serem ali domiciliados ou não. 51 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a TÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO PRIVADO (OPTATIVA) A competência para escrituras de inventário e partilha no Brasil dizem respeito somente aos bens situados no território nacional. Trata-se de regra expressa nos artigos 89 e 96 do CPC/1973, servindo não só para inventario judicial, como administrativo. O tabelião será responsável por eventuais desvios e atos praticados contra expressa disposição legal. Por isso pode se negar a realizar a escritura de inventário e partilha. A escritura pode ser realizada a qualquer tempo, mas cumpre ao tabelião fiscalizar o eventual recolhimento de multa relativa ao imposto “causa mortis” pago extemporaneamente, conforme previsão da legislação tributária. A retificação da escritura pública pode ser realizada com o consentimento de todos os interessados. Necessária a assistência de advogado para representar as partes, podendo ser único ou um advogado para cada parte. Os dados do advogado constarão da escritura pública. A sobrepartilha pode ser feita pela via administrativa, ainda que essa não tenha sido a via eleita primeiramente. O contrário também é possível. É possível o inventário negativo por via administrativa. A escritura pública tem a mesma eficácia que o alvará judicial, impondo às instituições financeiras e outros órgãos privados ou públicos, o respeito as diretrizes ali contidas. Fatos Importantes PROCEDIMENTO • Partes maiores e capazes • Documentos atualizados • NÃO CABE QUANDO HÁ TESTAMENTO/ SALVO PROCEDIMENTO HÍBRIDO ACEITO NO ESTADO DE SÃO PAULO • Consenso quanto a partilha • Presença do advogado 52 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV OBJETIVOS Celeridade Desafogamento do Poder Judiciário Efetividade na prestação jurisdicional Mediação/ Conciliação Informações: www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000 _GoBack
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