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Desafio profissional sobre Evasão

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CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CURSO DE Ação Social
desafio prosiffional
	
JUCIMARA APARECIDA MEDINA 
r.a: 	1707394311
VIVIANE DA SILVA OLIVEIRA
R.A 3065133643
Relatório: Evasão na Comunidade “Amigos do Casca”
Dourados
2017
JUCIMARA APARECIDA MEDINA
VIVIANE DA SILVA OLIVEIRA
Relatório: Evasão na Comunidade “Amigos do Casca”
Desafio profissional apresentado à Anhanguera-como requisito parcial para o aproveitamento das disciplinas do 4º período do Curso de Serviço Social.
Tutor a Distância: Marilena Jordão 
Dourados
2017
	
INTRODUÇÃO
Neste documento, nos propomos a desenvolver um levantamento sobre as questões de evasão escolar que afligem a comunidade “Amigos do Casca”. Nossa ONG, o Bem Viver” atua, nessa localidade, da periferia da grande São Paulo, desenvolvendo atividades de apoio aos moradores com intuito de ajuda-los a superar alguns desafios.
A “Amigos do Casca” é carente, sem infraestrutura e as pessoas enfrentam enormes dificuldades financeiras, pois as famílias são de baixa renda, por esta razão, crianças e adolescentes abandonam a escola e, consequentemente, do ensino regular e, progressivamente têm se aproximado de atividades ilícitas, como o tráfico ou procurado se inserir no mercado de trabalho formal ou informal.
Sensível a esta situação decidimos, junto com as parcerias que temos com diversas instituições (empresariais, sindicatos, escolas técnicas públicas e privadas e universidades) realizar um levantamento sobre a situação de evasão na comunidade e propor uma ação integrada para interferir nesta situação em função das percas de oportunidade que isso gera na vida das pessoas porque perdem-se em relação ao nível de competitividade do mercado de trabalho, logo, são podados na possibilidade de crescimento profissional.
O intuito dessa proposta é desenvolver um trabalho de valorização e conscientização dos moradores quanto aos seus direitos e também aos seus deveres, sobretudo, com relação à Educação e, a partir, disso realizar atividades que promoverão a consciência sobre a importância de uma boa formação educacional e profissional para as crianças e adolescentes da comunidade.
O LEVANTAMENTO DE DADOS
Após uma visita nas escolas municipais e estaduais do “Amigos do Casca”, analisando dados que as próprias escolas têm registrados como relatórios para os órgãos gestores, podemos verificar em números, que um número muito significativo de alunos abandona as salas de aula e isso reflete na falta de qualificação dos moradores. Conseguimos os seguintes registros: Faixa etária das crianças e adolescentes. 
2.1. Faixa etária das crianças e adolescentes
	Idade
	Frequência
	Percentual
	5 anos
6 anos
7 anos
8 anos
9 anos
10 anos
11 anos
12 anos
13 anos
14 anos
Não responderam
	23
78
91
81
70
95
82
75
86
63
15
	3,0
10,3
12,0
10,7
9,2
12,5
10,8
9,9
11,3
8,3
2,0
	Total
	759
	100,0
Fonte: Pesquisa ONG Bem Viver (2016)
Nesta verificamos que a maior concentração de crianças e adolescentes está na faixa entre 6 e 10 anos, o que revela um alto índice de crianças em idade escolar.
TAXAS DE REPETÊNCIA E EVASÃO ESCOLAR NO BRASIL
	Ensino Fundamental I e II
	Ensino Médio
	Ano
	Repetência
	Evasão
	Repetência
	Evasão
	2013
	0,38
	0,07
	0,28
	0,08
	2014
	0,37
	0,07
	0,30
	0,9
	2015
	0,33
	0,05
	0,31
	0,06
	2016
	0,32
	0,05
	0,27
	0,06
Fonte: Pesquisa ONG Bem Viver (2016)
Evasão escolar é o afastamento do aluno da escola. Esse desvio se dá por vários motivos, tais como: situação econômica da família; falta de vagas nas escolas; distância da escola; problema de relacionamento entre professor e aluno; gravidez precoce; falta de interesse e de incentivo dos pais e da própria escola, entre outros.
A evasão ocorre com mais frequência no período noturno, sendo a maioria trabalhadores de período integral. Muitos deles se veem obrigados a deixar a escola ainda pequenos para ajudar na renda familiar. Como lhes falta a cobrança dos pais em relação ao estudo e até a necessidade de uma maior motivação, esses alunos acabam por apresentar um baixo rendimento e, futuramente a evasão escolar
A desmotivação dos professores causada pelos baixos salários e o despreparo profissional, são alguns dos fatores para a má qualidade do ensino público. A educação no Brasil sempre foi prioridade nos discursos políticos, mas a distância entre intenção e ação costuma ser abissal. Em 1994, o Brasil apresentava uma taxa de analfabetismo em torno de 18,9%.
Os brasileiros que conseguem permanecer 8 anos na escola, saem de lá com apenas 3,9 anos de escolaridade, graças aos altíssimos índices de repetência. No Brasil, de cada 100 crianças matriculadas na 1a. série do 1o. grau, 44 repetem de ano ou abandonam a escola antes de completar o ciclo básico de oito anos, os estudantes brasileiros levam em média 12 anos, o que caracteriza pelo menos quatro repetências ao longo desse período. (Giannella Jr., p. 20, 1997)
Apresentamos a seguir um panorama da situação infanto-juvenil com relação à trabalho e evasão escolar segundo dados OIT/IBGE:
2.1. Taxa de Abandono Escolar
Dados apresentados no site do IBGE. 
No Brasil o descaso com a evasão escolar se traduz na dificuldade em se encontrar pesquisas com estatísticas sobre o assunto. O IBGE, por exemplo, há mais de 30 anos não faz um levantamento dos índices e dos motivos da evasão escolar.
A escola pública brasileira foi remodelada para sanar as necessidades de formação de mão-de-obra, uma formação técnica, com a produção de profissionais em massa. Não há, portanto, preocupação com os conteúdos e com a produção do saber, nem de um currículo que se encontre contextualizado num projeto global, que forme cidadãos autônomos que se localizem no espaço e no tempo.
O levantamento realizado, nesta comunidade que mais parece uma pequena cidade, foram verificadas 759 crianças e adolescentes, constatou-se que 170 delas estão fora das salas de aula. Este número corresponde a 22,4% do total, conforme tabela acima. Esse fato acompanha a realidade nacional.
Considerando que a população de crianças e adolescentes levantada se encontrava entre a faixa etária de 6 anos (a serem completados até dez./97) e 14 anos completos, muitos ainda não estavam frequentando a escola por não ter a idade mínima.
Verificamos que a maior demanda está nas 1as. e 2as.séries e, que a partir da 3a. série o índice de evasão começa a se agravar. Muitos abandonam a escola antes de terminar a 4a série do primeiro grau e poucos conseguem completá-la. A tabela anterior mostra que apenas 4 (0,6%) chegam até a 8a. série.
MEDIDAS POSSÍVEIS
Na medida em que os problemas foram verificados, que na sua maioria, principalmente os jovens, abandonam a escola para trabalhar ou ajudar no complemento de renda familiar, a ONG “Bem Viver” resolveu reuni-los, parceiros todos, para propor algumas atividades que poderiam ser realizadas para que haja uma mobilização para a melhoria da formação educacional da comunidade e, consequentemente, possibilitar uma boa formação profissional para as crianças e adolescentes da comunidade. Entre tantas proposições podemos realizar:
- Minicursos para qualificar pessoas para a melhoria da renda familiar: bijuterias, salgados, bordados, pinturas em tecido, fabricação de pizzas, secretariado, informática, eletricidade residencial, entre outros cursos de curta duração, através dos parceiros SEBRAE, SENAI, SESC e SESI.
- Cursos profissionalizantes ofertadas pelo SENAI e SENAC na própria comunidade.
- Palestras e formação continuada voltados para o empreendedorismo com apoio do SEBRAE e do SENAC, com sessão de espaços e condições da Prefeitura Municipal.
- Atividades especiais na comunidade para comemoraro Dia do Trabalhador, gincanas com a participação de pais e mães trabalhadoras, show para os trabalhadores, sorteio de prêmios.
- Eventos especiais nas escolas tanto no dia dos trabalhadores como criação de momentos de valorização de todas as profissões.
- Incentivo à criação de associações e cooperativas de serviço em meio à comunidade, através da orientação do SEBRAE e outras cooperativas já estruturadas, como os de catadores de lixo, por exemplo.
- Palestras sobre conservação de alimentos promovidas pela vigilância Sanitária, assim como de orientação dos pais com relação ao encaminhamento de jovens para o mercado de trabalho, promovidos pelo conselho tutelar e Ação Social do Município.
4. APLICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS
4.1 – Minicursos:
Grupo a que se destina: a todos os jovens, a partir de 14 anos e suas famílias.
Objetivo a ser atingido: capacitar os jovens para o empreendedorismo, com intuito de capacitá-los a contribuir com o complemento da renda familiar.
4.2 – Cursos Profissionalizantes:
Grupo a que se destina: a todos os jovens, a partir de 14 anos.
Objetivo a ser atingido: permitir que os jovens tenham acesso facilitado aos cursos e às instituições que ofertam cursos profissionalizantes, através de parcerias que promovam visitas e facilidades de acesso.
4.3 – Palestras e formação continuada:
Grupo a que se destina: a todos os jovens, a partir de 14 anos e familiares
Objetivo a ser atingido: fornecer, aos participantes, oportunidade de criar consciência de que a educação faz diferença na preservação de postos de trabalho e promove avanços na carreira, evitando a transitoriedade profissional.
4.4 – Atividades para comemorar o Dia do Trabalhador na comunidade e na escola:
Grupo a que se destina: às crianças, jovens e familiares.
Objetivo a ser atingido: fortalecer o desejo de realização através do trabalho e das profissões desde o período escolar, que as crianças e a comunidade de maneira em geral seja estimulada a estudar e conquistar sonhos pela profissionalização.
4.5 – Criação de cooperativas e associações:
Grupo a que se destina: adultos empreendedores
Objetivo a ser atingido: constituir uma proteção social às famílias para que elas obtenham renda para sustentar suas casas e não precisar da mão de obra infanto-juvenil.
4.6 – Palestras de orientação:
Grupo a que se destina: empreendedores já estabelecidos.
Objetivo a ser atingido: constituir uma proteção social às famílias para que elas aumentem a renda através da qualificação para sustentar suas casas e não precisar da mão de obra infanto-juvenil.
4.7 – Programa de apoio e Reforço aos Estudos:
Grupo a que se destina: estudantes de 5 a 14 anos.
Objetivo a ser atingido: oferecer suporte de ensino-aprendizagem a alunos do ensino básico, através de parcerias com voluntários para frear a repetência e manter as crianças por mais tempo na escola.
4.7 – Cronograma das Ações -2018
	Nome da Ação
	Duração
	Início
	Fim
	Minicursos
	40 h
	15/02
	10/05
	Semana do Trabalhador
	-
	02/05
	06/05
	Cursos profissionalizantes – apresentação de cursos e escolas nas unidades escolares de ensino fundamental e médio da comunidade
	-
	14/05
	17/05
	Palestras e formação continuada
	20 h 
	04/06
	08/06
	Palestras para empreendedores
	15 h
	02/07
	06/07
	Seminários sobre profissões nas escolas
	-
	06/08
	10/08
	Orientação para criação de Cooperativas e Associações
	20 h
	17/09
	21/09
	Minicursos – 2ª etapa
	40 h 
	10/09
	07/12
	Apoio e Reforço escolar
	-
	05/03
	15/12
4.8 – Resultados Esperados:
Com todas essas ações espera-se que a realidade da “Amigos do Casca” seja mudada. As atividades propostas deverão reduzir a evasão escolar porque funcionarão como um mecanismo preventivo. As famílias estarão mais amparadas de modo que não precisarão tirar os filhos da escola para ajudarem na composição da renda familiar tão cedo. Surgirá uma consciência entre os pais de que para a melhoria da qualidade de vida, é preciso que os filhos estejam preparados e, para isso, educação e conhecimento são as bases fundamentais e, por fim, os jovens serão estimulados a continuar os estudos, sem que a profissionalização fique em segundo plano. Por fim, ao se sugerir uma firme atuação na questão da diminuição da repetência escolar promoverá uma permanência maior das crianças na escola, ampliando as possibilidades de uma melhor escolarização e, evidentemente, maior preparo para o mercado de trabalho.
CONCLUSÃO:
Este relatório nos mostra, claramente, a dramaticidade da questão da evasão na Comunidade “Amigos do Casca”, como em muitas partes do Brasil, centenas de crianças abandonam os estudos todos os anos geradas por repetência escolar e a necessidade de trabalho para auxiliar as famílias na composição de renda por se tratar de uma comunidade carente.
Em vista disso, sugeriu-se uma série de intervenções que possam ajudar a mudar esta realidade, compostas de programas de conscientização e qualificação dos pais para que entendam a importância da Educação para o aprimoramento e qualificação profissional.
É preciso entender que não se pode apenas olhar os números e permanecer imóveis diante de uma situação que não só impede que mais crianças tenham acesso ao conhecimento formal oferecido pela escola regular como, em consequência disso, mata sonhos de crescimento pessoal e restringe o acesso ao mercado de trabalho, levando as pessoas a viverem, muitas vezes, de subemprego.
Com as medidas apontadas por este documento, espera-se que com a integração entre a ONG “Bem Viver” e seus parceiros venham a dar respostas às dificuldades profissionais da comunidade por conta da problemática da evasão escolar e tornar essas medidas permanente para que o resultado apareça a médio e longo prazo, salvando gerações inteiras de viver excluídos das possibilidades de ascensão profissional, a partir de uma formação escolar adequada.
REFERÊNCIAS
COSTA, Selma Frossard. O Serviço social e o Terceiro Setor. Serviço Social em Revista, Londrina, v. 7, n. 2 jan/jul. 2005. Semestral. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v7n2_selma.htm. Acesso em 08 de nov. 2017.
GIANNELLA Jr. Flúvio. Ensino Fundamental em Reforma. Revista Família Crist. Nº 742. SP. 1997
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo demográfico 2010: trabalho e rendimento. Disponível em https://ww2.ibge.gov.br/home/mapa_site/mapa_site.php#populacao. Acesso em 10 de nov. 2017.
ORANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Publicações. Disponível em: http://www.ilo.org/brasilia/publicacoes/lang--pt/index.htm?facetcriteria=AMERICAS=YOU&facetdynlist=WCMS_206327. Acesso em 08 nov. 2017.

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