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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Fundamentos de Filosofia Aula 5 Prof. Rui Valese CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 CONVERSA INICIAL Olá! Sejam bem-vindos a mais uma rota de aprendizagem de Fundamentos de Filosofia. Nesta aula, nosso principal objetivo é compreender algumas das principais correntes filosóficas do século XIX e XX e suas relações com o campo da Sociologia. São perspectivas teóricas de investigação da realidade e, algumas delas, traduzir-se-ão em tentativas de modificação política, econômica, educacional, cultural do real a partir de seus fundamentos. As três primeiras correntes de pensamento surgiram no século XIX, sendo que a terceira, o Pragmatismo, surge na virada para o século XX. O Positivismo surge a partir da ideia de que é possível aplicar os mesmos princípios de investigação dos fenômenos físico-químicos e biológicos no campo das humanidades. Já o Estruturalismo e o Existencialismo, ainda que tenham raízes também no século XIX, consolidar-se-ão mesmo no século XX. No século XIX, com a segunda fase da Revolução Industrial, o Capitalismo torna-se neocolonialista e imperialista. As potências econômicas europeias lançam-se em uma nova fase de exploração de outras áreas do globo terrestre, em busca de matérias primas para suas indústrias e de novos mercados consumidores de seus produtos manufaturados. Como decorrência dessa nova etapa, as potências econômicas, na disputa por áreas de influências, estabelecerão acordos políticos e econômicos, como, por exemplo, o realizado na Conferência de Berlim, sobre a partilha do continente africano. Uma das causas da Primeira Grande Guerra, inclusive, pode ter suas causas encontradas nesses conflitos geopolíticos, assim como os problemas de formação de territórios no próprio continente europeu. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Já o século XX, do ponto de vista político e econômico, será marcado pelas revoluções (Soviética, Chinesa e Cubana, por exemplo), pelos conflitos militares de larga escala (Primeira e Segunda Grande Guerra), pela Guerra Fria (URSS versus EUA) e pelas guerras de descolonização nos continentes africano e asiático, principalmente. Da mesma forma, pela eminente ameaça de uma guerra nuclear. Assim, o que intentaremos é compreender essas perspectivas teóricas a partir do real. Pois, como afirma Hegel: o real é racional e o racional é real. E o voo da coruja se faz ao entardecer. Isto é, como filha de seu tempo, a Filosofia está ligada umbilicalmente ao seu tempo. Vamos à videoaula na qual o professor Rui irá explicar os assuntos que discutiremos nesta aula! Acesse o material on-line! CONTEXTUALIZANDO Enquanto para Marx ideologia é um conjunto de ideias das quais a classe dominante lança mão para manter as classes dominadas nessa condição, para Gramsci, ela é uma “visão de mundo” que orienta os indivíduos no mundo prático. Entenda melhor essas duas ideias assistindo à videoaula que está disponível no material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Positivismo A Revolução Industrial, tanto em sua primeira fase quanto na segunda, faz parte de um contexto de profundas transformações iniciadas ainda no seio da Idade Média, continuando no Renascimento e no Iluminismo. Tais acontecimentos têm como base a ideia de valorização do ser humano enquanto sujeito e sua capacidade racional. Se até o século XVII muito do trabalho humano ainda dependia da energia produzida a partir de elementos da própria natureza (água, vento, força, animal força humana, por exemplo), a ideia de que o ser humano pode conhecer o funcionamento da natureza e, partir desse conhecimento, não somente dominá-la, mas promover sua autonomia em relação a ela, leva ao processo de aperfeiçoamento, por exemplo, das antigas manufaturas. Os conhecimentos e progressos técnicos serão valorizados, levando ao nascimento da mentalidade cientificista, que se caracteriza por uma supervalorização de tudo aquilo que é considerado científico. Por conseguinte, o método e o conhecimento científico passaram a ser considerados como os únicos realmente válidos. Esses deveriam ser estendidos a todas as esferas da vida humana. Na esteira dessa mentalidade, Augusto Comte (1798-1857) cria a doutrina positivista. Na obra Curso de filosofia positiva, se propõe percorrer, analisando, todo o desenvolvimento racional humano, dos primórdios até seu tempo, imaginando que seja possível, a partir de sua perspectiva de ordem e de progresso, estabelecer as diretrizes para o progresso científico. É nesse sentido que ele formula a teoria dos três estados: Estado teológico CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Como o ser humano não consegue explicar os acontecimentos e fenômenos da natureza de maneira racional, busca explicações a partir do sobrenatural, atribuindo a divindades a causa de todos os acontecimentos. Estado metafísico Rompendo com o estado teológico, surge o metafísico, que atribui a forças abstratas a causa (ou as causas) dos acontecimentos. Assim, enquanto no estado teológico a queda de qualquer coisa é atribuída à vontade de alguma divindade, para Aristóteles, por exemplo, a queda de um corpo qualquer está relacionada ao peso do mesmo, que faz parte de sua essência. Isto é, por fazer parte da essência desse corpo ser pesado que o mesmo tende a cair e não a flutuar. Estado positivo Como decorrência do desenvolvimento científico moderno, que se caracteriza pela compreensão racional do funcionamento da natureza, os estados teológico e metafísico são superados. Enquanto no primeiro há dependência de uma divindade e, no segundo, depende-se da subjetividade de conceitos abstratos formulados pelos sujeitos, nesse terceiro estado, alcançam-se as leis universais e necessárias que explicam os acontecimentos. É no terceiro estado, segundo Comte, que se deixa o quimérico para se chegar ao real, que se troca a indecisão pela certeza, que se abandona o vago em nome do preciso, enfim, que passa da doxa e se chega à epistéme. Como afirma textualmente: “Todos os bons espíritos repetem, desde Bacon, que somente são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos observados. Essa máxima fundamental é evidentemente incontestável, se for aplicada, como convém, ao estado viril de nossa inteligência”. Partindo do princípio de que a razão é capaz de conhecer as leis necessárias, invariáveis e universais que explicam todos os fenômenos e CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 influenciado pela crítica kantiana à metafísica, o pensamento positivista afirma a impossibilidade da liberdade, uma vez que tudo se regeria por tais leis, inclusive a existência humana. Por ter dado o nome e o status de ciência, Comte considerava-se o criador da Sociologia, que a definiu como Física Social. Isso porque acreditava ser possível utilizar-se dos mesmos métodos das ciências físicas e biológicas para estudar as sociedades humanas. Nessa concepção, foi influenciado pelo médico alemão Franz Joseph Gall e sua teoria frenológica, segundo a qual a inteligência humana teria origem orgânica. Da mesma forma, segundo essa teoria, seria possível localizar as faculdades mentais em lugares específicos do cérebro. A inteligência e os sentimentos morais, por exemplo, estariam localizados na parte frontal e somente uma elite teria condiçõesde desenvolvê-las. Sendo assim, essa mesma elite é quem deveria moldar e comandar a maioria das pessoas, com vistas à harmonia e ordem social. Da mesma forma, pelo fato de o indivíduo estar submetido à consciência coletiva, poucas seriam as possibilidades de intervenção do mesmo nos fatos sociais. Decorrente desses fundamentos, duas ideias serão centrais no pensamento positivista: a ideia de ordem e de progresso. Segundo Comte: “Nenhum grande progresso pode efetivamente se realizar se não tende finalmente para a evidente consolidação da ordem”. Assim, o vir-a-ser da história, como a considerava por exemplo Hegel, é substituído pela ideia de a mesma ser uma evolução de estados embrionários pré-definidos. Nesse contexto, caberia à ciência garantir a marcha positiva – normal e regular – da sociedade industrial. Para saber mais: http://revistacult.uol.com.br/home/2011/01/auguste-comte/ Vamos à videoaula deste tema? Acesse o material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Marxismo Para compreender os principais fundamentos do Marxismo, precisamos voltar um pouco no tempo e retomar alguns pontos, como o idealismo hegeliano. Ao afirmar que o real é racional e que o racional é real, Hegel afirmava, pela primeira vez na história do pensamento, a historicidade das coisas. Os acontecimentos históricos poderiam ser compreendidos a partir de sua historicidade. Rompe, dessa forma, com o dualismo que havia marcado o pensamento tradicional na separação entre consciência e mundo, sujeito e objeto. Realidade e razão se identificam e o ser humano seria a manifestação superior dessa razão. Hegel também afirma que a realidade, entendida como espírito (razão) é muito mais do que uma substância. É um sujeito que age. E nesse agir constante, manifesta sua identidade, que é movimento. A realidade é um devir constante. Porém, esse movimento não é linear, mas, dialético, isto é, fruto de contradições que vão enriquecendo o próprio movimento. A história é, assim, entendida como manifestação do espírito objetivo que, segundo Hegel, são as instituições e costumes historicamente produzidos pelos seres humanos. Ao mesmo tempo, é a manifestação da liberdade humana. Da mesma forma, os conflitos, as guerras, as dominações de um povo sobre o outro é que movem a história. Nada acontece por acaso ou aleatoriamente: fazem parte de um plano racional. Hegel influenciou fortemente o pensamento filosófico alemão do século XIX. Em torno de seu pensamento constituíram-se, basicamente, dois grupos: a esquerda e a direita neo-hegeliana. Marx e Feuerbach participavam da esquerda neo-hegeliana. Porém, contrariamente ao mestre, afirmavam que se devia partir dos seres reais, concretos. Assim, ao idealismo de Hegel, propunham um pensamento materialista. Isso porque, segundo Marx, Hegel havia invertido a compreensão das coisas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 A realidade material não é o resultado de representações e de conceitos, estes últimos é que são o resultado daquela. Para Marx, a filosofia idealista hegeliana seria uma farsa, uma mistificação do real. Na obra Ideologia alemã, escrita em parceria com Engels, Marx afirma o ponto de partida distinto do idealismo hegeliano: “As premissas de que partimos não constituem bases arbitrárias, nem dogmas; são antes bases reais de que só é possível abstrair no âmbito da imaginação. Nas nossas são os indivíduos reais, a sua ação as suas condições materiais de existência”. Assim, o ponto de partida do pensamento de Marx são os seres humanos em suas condições materiais de produção e reprodução de sua existência material e imaterial. Isto porque, segundo o materialismo histórico (pensamento desenvolvido por Marx e Engels) deve-se partir dos seres humanos não como entes abstratos, nem de forma isolada, mas, como seres concretos, determinados, vivendo também relações que são concretas e determinadas. Na obra Teses contra Feuerbach, tese VI, afirma textualmente: “A essência humana [...] é o conjunto das relações sociais”. A maneira como os indivíduos agem, se comportam, pensam e sentem depende das suas relações sociais, bem como da forma pela qual produzem e reproduzem sua existência. Sobre essas determinações, afirmam Marx e Engels: “A forma como os homens produzem esses meios depende, em primeiro lugar, da natureza, isto é, dos meios de existência já elaborados e que lhes é necessário reproduzir; mas não deveremos considerar esse modo de produção deste único ponto de vista, isto é, enquanto mera reprodução da existência física dos indivíduos. [...] O que são coincide, portanto, com a sua produção, isto é, tanto com aquilo que produzem como com a forma como produzem. Aquilo que os indivíduos são depende, portanto, das condições materiais da sua produção”. Deduz-se disso que os indivíduos produzem a si mesmos, a partir de suas condições materiais. Pois, como afirma no prefácio de Para a crítica da CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 economia política, “o modo de produção da vida material condiciona o processo geral de vida social, política e espiritual”. Marx também herda de Hegel, os princípios da dialética. Porém, não da forma como o mesmo havia proposto, isto é, de maneira idealística. Entendia ele que sua dialética era a antítese à dialética hegeliana. Isso porque diferia radicalmente do ponto de partida. Para Marx, a dialética seria o instrumento mais adequado para a compreensão da realidade, por que essa é constante movimento, fluxo contínuo. E, nesse sentido, não é definitiva, mas, pode ser transformada pelo agir humano. Não partindo das ideias, mas das contradições oriundas do próprio interior do modo de produção. Assim, diferentemente de Hegel, que imaginava uma razão ou espírito absoluto que guiaria os acontecimentos históricos, para Marx, são os seres humanos concretos que interferem no processo histórico, transformando a realidade social a partir do momento em que alteram o modo de produção característico de uma determinada sociedade. Para que se passe de um determinado modo de produção a outro, fazem-se necessários, pelo menos, a presença de dois fatores: a contradição entre as forças produtivas dessa determinada sociedade e as relações sociais de produção que lhe são características, bem como o aparecimento de uma classe social com caráter revolucionário. Isto é, que queira modificar tanto as relações sociais de produção quanto o próprio modo de produção. Assim, para que o sistema feudal de produção e as relações sociais entre senhores e servos fossem modificadas, além das contradições entre a produção e as relações sociais da produção, foi necessário o aparecimento da burguesia, classe social que surgiu ainda no sistema feudal e que, ao enriquecer (assumir o poder econômico), também quis participar do poder político e, por isso, realizou as revoluções burguesas. Segundo Marx, o capitalismo também gerou uma classe social que teria condições de realizar esse papel revolucionário: o proletariado. Porém, para CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 que a classe proletária cumprisse esse papel histórico, seria necessário que a mesma se organizasse e, no momento oportuno, fizesse a revolução rumo ao socialismo que, segundo Marx, seria o modo de produção que superaria as contradições do capitalismo. O vídeo a seguir delineia a diferença de análise quanto ao fim da escravidão entre o idealismo hegeliano e o materialismo histórico. https://www.youtube.com/watch?v=tTHp53Uv_8gVamos à videoaula deste tema? Acesse o material on-line! Pragmatismo O Pragmatismo é uma corrente filosófica que surgiu nos Estados Unidos, no final do século XIX, por influência do empirismo britânico de Locke, Hume e Stuart Mill. Trata-se de uma tentativa de rompimento com a metafísica tradicional, na medida que não acreditam na existência dos conceitos em si, muito menos na essência das coisas, a não ser mediadas pela experiência. Essa mediação da experiência, no entanto, não significa uma adesão completa ao empirismo. A experiência, aliás, para os pragmatistas é um critério de validação de verdades. O pensamento pragmatista inicia com uma crítica ao pensamento racionalista metafísico, segundo o qual se fazia necessário um elemento fundante de toda a estrutural filosófica. Analisando a história da filosofia, percebia-se que os filósofos constituíam seu pensamento se baseando em uma crença que precisava ser justificada por outra crença e assim por diante, até chegar numa que fosse a base de todas as anteriores. É assim, por CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 exemplo, com Platão que funda todo o seu edifício filosófico a partir da ideia de Bem; Descartes, com a ideia do cogito e assim por diante. A essa perspectiva, o Pragmatismo contrapõe a experiência. E o que é a experiência? Segundo Maria Lúcia Arruda Aranha, “um conjunto de relações que os seres humanos estabelecem entre si e com o entorno”. É, então, a partir da experiência (empeiria) que podemos fazer o “teste” de verdade ou não das coisas. Entendem os pragmatistas que a experiência é capaz de nos orientar em nossas ações futuras. Dessa forma, os conceitos não existem enquanto realidades abstratas, mas como instrumentos que nos orientam em nossas ações. Nesse sentido, “Uma ideia é verdadeira quando nos permite andar adiante e leva-nos de uma parte a outra de nossa experiência, ligando as coisas de modo satisfatório, operando com segurança, simplificando, economizando esforços”. Nesse sentido, a validade de uma verdade está condicionada aos resultados práticos que se pode obter com o uso prático da mesma. A ação passa a ser o critério de validação dos enunciados. Assim, uma proposição pode ser considerada verdadeira quando funciona. Charles Sanders Peirce Iniciador do Pragmatismo, propõe o conceito de falibilismo, usado mais tarde pelo neopostivista Popper. Segundo o falibilismo, não tem como estarmos absolutamente certos de nada. Segundo Peirce, como nossos pensamentos chegam a crenças derivadas de hábitos oriundos das nossas ações, nossas dúvidas são tranquilizadas. No entanto, resta-nos ainda saber se nossas crenças são ou não válidas, uma vez que, segundo Aranha, “Nem todas as nossas crenças nos levam a bons resultados, apenas aquelas que conduzem à ação de forma CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 eficaz” e essas são aquelas que foram produzidas pela ciência e que passaram pelo crivo da experiência. No entanto, para os pragmatistas, nenhuma verdade científica é eterna. Ela somente será válida até ser contestada por outra verdade – e assim sucessivamente. É o caso, por exemplo, da crença sobre a forma e o lugar do Planeta Terra. Até o final do século XV, tinha-se por verdade, que a Terra era uma superfície plana e que o sol girava ao seu redor. Com Copérnico e seu modelo heliocêntrico, aprendemos que a mesma Terra não só não era uma superfície plana, mas esférica, como era ela quem girava ao redor do Sol. Hoje sabemos que o Sol não é o centro do universo, mas, tão somente a estrela central da nossa galáxia. Da mesma forma, o universo é composto de bilhões de galáxias. William James James, apesar de empirista e pragmatista, ainda conserva em seu pensamento moral e religioso alguns aspectos metafísicos. Entende ele que o Pragmatismo nos ajuda e nos orienta adequadamente em nossas ações. Sua concepção de verdade é puramente instrumental, isto é, uma ideia é verdadeira se ela for útil para operar e agir. No campo da moral, esse utilitarismo é ainda mais forte: “bem” é aquilo que é útil e importante para a vida; “mal” é aquilo que não é útil nem importante para a vida. John Dewey Educador e filósofo seguidor de James. Dá continuidade ao instrumentalismo de James. As ideias são instrumentos para se resolver os problemas que encontramos em nossas ações, pois, estão ligadas à prática. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Por conseguinte, sua validade está condicionada à capacidade que temos de resolver problemas práticos. Assim, não existem ideias falsas ou verdadeiras em absoluto, pois as mesmas podem ser corrigidas, adaptadas ou aperfeiçoadas conforme a experiência. Richard Rorty Rorty não acredita na existência da verdade objetiva, muito menos acredita que a razão humana é capaz de conhecer a realidade das coisas de maneira objetiva e precisa. Também rejeita o fundacionismo da metafísica racionalista. Diverge também dos pragmatistas clássicos, na medida em que, em oposição à experiência, Rorty fala da linguagem, que seria a mediação entre os objetos. A partir desse raciocínio, não podemos falar de uma mesa em sentido abstrato, mas, de uma mesa de madeira, de cor amarelada, lisa ou áspera, grande ou pequena etc. A verdade é sempre provisória e é o resultado das trocas de crenças e versões realizadas em comunidade. Por meio do diálogo permanente, buscam-se novas crenças e novas descrições do mundo, que está em constante mudança. O pensamento filosófico pragmatista, no entanto, não se restringiu apenas aos Estados Unidos. Na Europa, o Pragmatismo também foi representativo na Itália e na Alemanha. Na Alemanha, Hans Vaihinger, defensor da filosofia do “como se”, acreditava que os conceitos, as teorias e os princípios serviam para padronizar a realidade. Na Itália, Giovanni Papini e Giuseppi Prezzolini exaltavam a vontade de crer. Já Mario Calderoni e Giovanni Vailati são seguidores mais próximos de Peirce. Vailati, por exemplo, propõe descartar todas as questões que são tidas por inúteis. Afirmava CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 textualmente: “Todo erro nos indica uma escolha a evitar, enquanto nem toda a verdade nos indica um caminho a seguir”. Para saber mais: https://www.youtube.com/watch?v=VpuX1kARsGQ Saiba mais sobre a teoria dos valores segundo Dewey assistindo à videoaula disponível no material on-line! Estruturalismo O Estruturalismo é uma corrente de pensamento que surgiu no século XX, a partir dos estudos linguísticos se Saussure. Os principais nomes do Estruturalismo são: Lévi-Strauss, Althusser, Foucault (que não aceitava essa classificação) e Lacan. O termo “estrutura” se presta a muitos usos: estruturas, lógicas, estruturas linguísticas, estruturas matemáticas, estrutura química, estrutura nuclear, estruturas econômicas e sociais etc. A partir de Piaget, podemos afirmar que uma estrutura é um sistema de transformações que se autorregulam. Segundo Reale, “estrutura é um conjunto de leis que definem (e instituem) um âmbito de objetos ou de entes […], estabelecendo relações entre eles e especificando seus comportamentos e/ou suas maneiras típicas de se desenvolverem”. Nessa definição, podemos destacar três conceitos centrais: leis, relações e determinação. A partir desses conceitos, podemos perceber que os entes estabelecem relações entre si a partir de determinadas leis existentes no meio social em que estão inseridos. Ao mesmo tempo,essas CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 leis estabelecem não somente como os entes devem se relacionar, mas, também, como os mesmos devem se comportar e/ou se desenvolver. Nesse sentido – e isso é algo característico do pensamento estruturalista – o indivíduo não é livre, mas, determinado. Falando contra outras perspectivas filosóficas como, por exemplo, o Existencialismo, o subjetivismo idealista e o humanismo personalista, o Estruturalismo afirma que o ser humano livre que todos eles acreditavam existir não passa de uma farsa. Esse ser humano simplesmente não existe. Mais do que um movimento (como os próprios pensadores assim classificados preferem dizer) a atitude estruturalista se trata de uma atitude filosófica. Os estruturalistas negam a pretensa liberdade humana, sua responsabilidade e poder de fazer a história, bem como a ideia de que existe um sentido na história. O sentido teleológico, por exemplo, de que a história caminharia rumo a um desfecho final em algum momento. Como afirma Reale, os estruturalistas têm como objetivo “destronar o sujeito […] e suas celebradas capacidades de liberdade, autodeterminação, autotranscendência e criatividade em favor de 'estruturas' profundas e inconscientes, onipresentes e onideterminantes”. Na esteira dessa crítica, apresentam seu objetivo: para tornar científicas as ciências humanas, segundo eles, era necessário fazer com que deixassem de ser “humanas”. Não existe propriamente uma doutrina estruturalista, como podemos falar, por exemplo, do Positivismo, do Marxismo, do Existencialismo. O Estruturalismo é mais como uma atitude, como seus principais pensadores afirmam. Atitude de polêmica com relação ao subjetivismo, ao humanismo, o historicismo e o empirismo. O Estruturalismo surgiu na França, na década de 1950. E a primeira polêmica que tem é com o Existencialismo, afirmando que este último não tinha nada de científico. O método de investigação, por assim dizer, retiram CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 do Estruturalismo linguístico de Saussure. Afirmam que diferentes perspectivas de conhecimento (Linguística, Etnolinguística, Marxismo, Psicanálise, Antropologia, Historiografia renovada etc.) afirmam não só a descontinuidade da história como também que o sujeito está submetido a diferentes estruturas que sobre determinam. Assim, continuar falando de um “sujeito” livre, responsável, criativo e construtor da história é ignorância, brincadeira ou engano. Vivemos em um mundo cada vez mais “administrado”, “organizado”. É o que podemos perceber, por exemplo, no processo de docilização dos corpos que, segundo Foucault, foi se dando a partir do surgimento de instituições tais como a escola, a fábrica, o exército etc. Segundo Foucault, até o século XVII, o soldado era escolhido dentre aqueles que possuíam uma constituição física própria para tal. Já a partir do século XVIII, o corpo humano passando a ser visto como uma máquina, essa pode ser “adestrada”, treinada para que desempenhe as funções militares, assim como, a partir da própria escola, era possível ir docilizando o corpo dos futuros operários, fazendo um controle total do tempo e do espaço usado pelas crianças nas escolas: horários determinados para a realização de cada uma das atividades escolares, uniforme, espaços determinados para alunos e demais integrantes do espaço escolar etc. Ao criticarem a sobrevalorização do sujeito, os estruturalistas realizam uma mudança ontológica radical de compreensão do sujeito. Segundo eles, o ponto de partida da reflexão filosófica não é o ser, o ente, mas a relação (ou as relações) do mesmo; não é o sujeito, mas as estruturas nas quais o mesmo está inserido. O ser, o ente, o sujeito não existe em si mesmo, mas nas relações que engendra. Segundo Reale, os sujeitos “'não existem' fora das relações que os instituem, os constituem e especificam seu comportamento”. Assim, poderíamos fazer uma aplicação prática disso que os estruturalistas afirmam. Não existe o operário, enquanto sujeito revolucionário CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 como o havia definido o Marxismo que, tomando consciência de sua condição, organizar-se-ia e levaria a cabo o sistema capitalista. O mesmo só existiria enquanto sujeito na relação econômica e política que estabelece com o patrão, ao vender-lhe sua força de trabalho por uma remuneração. Claude Lévi-Strauss foi o iniciador do Estruturalismo. Inicialmente, estudou Direito, mas abandonou o curso para estudar Filosofia. Porém, desencantado com o idealismo desse domínio, interessa-se pela Antropologia, após participar dos seminários de Marcel Mauss. Com esse, aprende a considerar que o “mundo primitivo”, na realidade não é irracional, mas tem uma racionalidade própria, pois os sujeitos dessas comunidades aprendem a conhecer a natureza com a qual se relacionam, conhecendo seus ciclos a partir de observações que realizam e acumulam, formando um conjunto de saberes que transmitem de uma geração a outra. Lévi-Strauss fez parte da missão francesa que veio lecionar em São Paulo com a criação da USP. Nessa oportunidade, realiza investigações com sociedades indígenas da Amazônia e do Mato Grosso. Em seus estudos de relações de parentesco, abandona a perspectiva de investigá-la numa determinada cultura, para a compreendê-la numa perspectiva de universalidade. Saiba mais sobre a vinda de Lévi-strauss ao Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=i32Mf_eeYJg Segundo ele, existiria uma razão oculta que guiaria e estruturaria o aparente caos dos fenômenos humanos. O incesto, por exemplo, não seria proibido em diferentes culturas por questões morais ou mesmo biológicas. Sua proibição estaria relacionada à ideia de que o grupo social não deveria fechar-se em si mesmo, mas, fazendo com que as mulheres de um determinado clã, estirpe ou família case-se com um indivíduo de outro clã, estirpe ou família, seria possível, segundo Lévi-Strauss “substituir um sistema CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 de relações consanguíneas, de origem biológica, por um sistema sociológico de relações de parentesco”. Outra polêmica com a qual Lévi-Strauss se envolveu foi com o sentido da História. Segundo ele, a história não tem um sentido, uma finalidade, nem se desenvolveria de maneira contínua e progressiva. Pelo contrário: segundo Lévi-Strauss, existem sociedades frias, que não têm como perspectiva o desenvolvimento e a mudança em suas condições de vida e existem as sociedades quentes, constituídas pelas sociedades que se desenvolveram, progrediram e transformaram suas condições de vida. http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/novas-leituras-de-levi-strauss/ Michel Foucault é outro importante pensador estruturalista. Também rejeita a ideia de progresso e afirma a descontinuidade da História, afirmando que essa não tem um fim último. Na obra A História da loucura na época clássica, seu objetivo é demonstrar como as mentes “normais” e “racionais” estabeleceram e distinguiram, de modo pouco racional, o que é mentalmente “normal” do que é mentalmente “patológico”. Para saber mais: http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/foucault-um-pensador-politico/ Vamos à videoaula deste tema? Acesse o material on-line! Existencialismo O Existencialismo é quase sempre relacionado a apenas duas figuras: ao filósofo, teatrólogo, escritor e crítico francês Jean Paul-Sartre e à filósofa, escritora e política feminista Simone de Beauvoir. No entanto,podemos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 afirmar que o Existencialismo é anterior a ambos. Assim, nosso objetivo neste tema é conhecer um pouco sobre seus fundamentos, bem como os principais nomes dessa corrente filosófica. Os princípios do Existencialismo podem ser encontrados no filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard. Ele defendia que o ser humano é um ser singular, único. Ao mesmo tempo, que era o único responsável em significar sua existência. Ainda que o existir humano seja pleno de situações que obstaculizam o existir em plenitude, tais como o desespero, a angústia, a ansiedade e o tédio, ainda assim é possível viver de maneira intensa e apaixonada. Antes de Kierkegaard, podemos falar da presença de alguns de seus princípios tanto em Sócrates, quanto em Agostinho de Hipona, por exemplo. No entanto, é no século XX que o Existencialismo adquirirá relevância no pensamento filosófico, na literatura, no cinema e em outras manifestações artísticas. Por vezes, o Existencialismo foi acusado de um certo pessimismo exagerado e, até mesmo, como que apontando que a única solução seria o niilismo. Porém, quando analisamos seu contexto de florescimento (século XX) podemos compreendê-lo com mais propriedade. O século XX é marcado por acontecimentos que colocaram em xeque muitos pretensos valores universalistas europeus: as duas Grandes Guerras, a política neocolonialista praticada nos continentes africano e asiático, o holocausto, as ameaças nucleares, dentre outros acontecimentos, levaram algumas pessoas a questionarem não somente o potencial “civilizatório” europeu como até mesmo a irracionalidade humana. O principal nome do Existencialismo do século XX é Sartre, que foi influenciado pelo pensamento dos filósofos Husserl e Heidegger. Mas, talvez a maior influência não tenha sido somente a guerra, mas o engajamento na Resistência Francesa à ocupação nazista. Tal engajamento não se referia a participar de uma organização que lutava contra os nazistas, mas à ideia de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 se engajar em uma causa política e social que afligia à sociedade francesa, europeia e global naquele instante. O lutar pela liberdade e pela própria existência, deixa de ser uma questão abstrata para transformar-se em algo concreto. Esse envolvimento, de certa maneira, já expressa sua compreensão do ser e, ao mesmo tempo, irá influenciar a mesma compreensão. Segundo Sartre, a existência precede a essência. Enquanto nas concepções tradicionais e idealistas, a essência precede a existência e, por conseguinte, o que vamos ser já está pré-determinado, para Sartre primeiro existe o nada e somente depois existimos. Na filosofia tradicional, parte-se de uma natureza humana universal, necessária e eterna. Da mesma forma, as demais coisas que existem primeiramente foram definidas e, depois, passaram a existir. Sartre chega, inclusive, a ilustrar essa discussão da relação entre essência e existência com a história do “cortador de papel”. Segundo ele, o sujeito que inventou o cortador de papel, imaginou, antes de sua existência, como o mesmo seria. Já definiu, inclusive, para que serviria. Isto é, já determinou sua existência previamente, definindo sua essência. Não é o caso dos seres humanos que primeiro precisam existir para, somente depois, definirem-se. Desta forma, a diferença entre o ser humano e os demais seres é que somente o ser humano é livre, porque, antes de ser, é nada e, enquanto nada, pode ser tudo aquilo que quiser ser, tudo aquilo que projetar ser e somente aquilo que projetar ser. Como afirma Sartre: “O homem é tão-somente, não apenas como ele se concebe, mas também como ele se quer; como ele se concebe após a existência, como ele se quer após esse impulso para a existência. O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo: é esse o primeiro princípio do Existencialismo”. Assim, o ser humano é um ser-para-si, pois é capaz de, saindo de si, pensar a si mesmo. E nesse movimento de sair de si mesmo, descobre que CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 não existe uma essência previamente determinada a qual deverá cumprir – pelo contrário – é por meio de existência que sua essência se definirá. Como afirma Sartre, a partir dessa descoberta, o ser humano descobre que está definitivamente “condenado a ser livre”. Porém, o passo seguinte a essa completa liberdade é o sentimento de angústia: a angústia da escolha. Diante dessa condição, muitos preferem fugir à responsabilidade. Preferem, agindo de má-fé, fingir que escolhem, aceitando as imposições exteriores. Nessa recusa de viver a liberdade, negam a dimensão do “para si” e entregam-se ao “em si”, vivendo de maneira semelhante às demais coisas que existem no mundo. É o conformismo, a redução da vida à facticidade. “Porém, se realmente a existência precede a essência, o homem é responsável pelo que é. Desse modo, o primeiro passo do Existencialismo é o de pôr todo homem na posse do que ele é de submetê- lo à responsabilidade total de sua existência. Assim, quando dizemos que o homem é responsável por si mesmo, não queremos dizer que o homem é apenas responsável pela sua estrita individualidade, mas que ele é responsável por todos os homens”. Simone de Beauvoir é também uma importante pensadora existencialista. Parceira de Sartre em muitas das discussões e reflexões sobre o Existencialismo, dedicou-se à literatura e aos ensaios filosóficos. Em 1949 lançou uma de suas mais importantes obras: O Segundo Sexo. Essa obra é uma das mais importantes reflexões filosóficas e sociológicas sobre a condição da mulher na sociedade. Tão importante que foi capaz de redirecionar os caminhos do feminismo a partir de então. Essa talvez seja a citação mais polêmica dessa obra: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino. Somente a mediação de outrem pode constituir um indivíduo como um Outro”. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Essa obra foi incluída, pela Igreja Católica no Index, catálogo de obras proibidas de leitura por parte de seus fiéis. Junto com Sartre, empreende uma série de visitas à então União Soviética, à China, à Suécia e ao Brasil. Viajou também para os EUA, onde realizou uma série de conferências e ao Norte da África. Militou em favor dos trabalhadores franceses e, em 1974 criou a Ligue du Droit des Femmes, a partir de quando passa a apoiar definitivamente o movimento feminista. Para saber mais: http://revistacult.uol.com.br/home/2015/07/quem-tem-medo-de-simone-de- beauvoir/ TROCANDO IDEIAS Nesta aula vimos pensamentos filosóficos completamente distintos: um Positivismo que quer aplicar ao campo das ciências humanas os mesmos princípios da ciência física; o Marxismo, que propõe um processo coletivo de revolução a partir da tomada de consciência do proletariado à crítica desse sujeito determinado pelas relações e estruturas às quais o mesmo está submetido; o Existencialismo, que propõe que é o indivíduo que se define no viver e não cumpre uma essência previamente definida. Da mesma forma, vale a pena destacar o pensamento pragmatista, que coloca o indivíduo na condição de aceitar o que é verdadeiro e o que é correto a partir da utilidade do mesmo. Bom é aquilo que é útil. Nesse sentido, o temapara esse fórum é o seguinte: quais as possibilidades e os limites que cada uma dessas perspectivas filosóficas apresentam para o sujeito e seu existir? Reflita a respeito e compartilhe suas considerações com os colegas! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 NA PRÁTICA Na obra Vigiar e Punir, Michel Foucault fala do processo de docilização dos corpos. Esse processo consistiria em ver o corpo humano como se fosse uma máquina e ir tornando-o dócil a partir de medidas de disciplinamento, com vistas a adaptá-lo à sociedade e seus interesses produtivos. Assim, verifique quais ritos e procedimentos de uma instituição escolar que atende a esses interesses de docilização: o estabelecimento de horário, uniforme escolar, divisão dos alunos em séries e turmas, a distribuição dos mesmos em determinados lugares a partir do disciplinamento por parte do professor, o estabelecimento de espaços que são de circulação dos alunos, a disposição das carteiras em filas e as câmeras de vigilância, dentre outras medidas que são tomadas e que levam a esse processo. É certo que alguns podem pensar que tudo isso é necessário para a organização da vida escolar. Porém, a questão que temos que levantar é: em que medida tais processos atendem a uma racionalidade de organização e em que medida apenas cumprem o objetivo de docilização dos corpos? SÍNTESE Nessa rota de aprendizagem, pudemos conhecer cinco das principais perspectivas filosóficas dos séculos XIX e XX. Iniciamos por compreender o que é o Positivismo a partir de um de seus principais nomes: Auguste Comte. Vimos que o mesmo defende que as ciências humanas usem das mesmas técnicas investigativas das ciências físicas e biológicas. Defendia também que, a partir dessa cientificidade, estabelece-se a ordem com vistas ao progresso. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 Na sequência, buscamos explicitar a perspectiva marxista de compreensão da realidade, o materialismo histórico, e seu rompimento com o idealismo hegeliano, ao mesmo tempo em que o Marxismo entende que o proletariado seria a classe social, gestada pelo capitalismo e que teria as condições materiais, desde que se organizasse para tal, de superar o capitalismo como sistema econômico hegemônico. Na sequência apresentamos algumas ideias do Pragmatismo, bem como alguns de seus principais nomes. Vimos também que essa corrente filosófica valorizava tanto a experiência, quanto a utilidade das coisas, afirmando que alguma coisa é verdadeira na medida em que é útil. Da mesma forma, que a experiência seria o critério para verificar a verdade de alguma coisa. Em seguida, apresentamos o Estruturalismo e sua crítica a toda perspectiva teórica anterior que colocava o sujeito como autônomo e independente, quando, na realidade, o mesmo está submetido a diferentes e diversas estruturas, bem como às relações às quais o mesmo estava submetido. Também vimos, no Estruturalismo, a ideia de Foucault de que o indivíduo vai, aos poucos, tendo seu corpo preparado para o processo de adaptação à sociedade na qual está ou será inserido. Foucault chama a esse processo de “docilização dos corpos”. Por fim, vimos o Existencialismo de Sartre e de Simone de Beauvoir. Negando a ideia de que primeiramente temos a essência e, somente a partir daí é que vamos existindo, afirmam que, primeiramente, o sujeito é o nada e, partir desse nada, começa o seu processo de existência, por conseguinte, se definindo, isto é, construindo sua essência a partir de sua existência. Nesse sentido, se a existência precede a essência, não existe um ser que tenha me concebido e pré-definido. Nessa perspectiva, somos os únicos responsáveis pelo que somos. Porém, não somos responsáveis somente pela nossa existência, mas, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 também, pela de todos os demais seres, humanos ou não, que existem nesse mundo. Vimos também a crítica que Simone de Beauvoir faz ao papel da mulher na sociedade, que não se nasce mulher, mas que as mulheres vão definindo seu ser a partir daquilo que a sociedade impõe a ela enquanto ser social. Vamos recapitular esses conceitos? Assista à videoaula que consta no material on-line! Referências ARANHA, M. L. A. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2009. CHAUÍ, M. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, 2011. COTRIM, G. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2013. REALE, G. História da Filosofia. São Paulo: Paulus, 2006.
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