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As imagens do outro sobre a Cultura Surda (Karin Strobel) Profa. Juliana Guimarães Faria A representação imaginária sobre a cultura surda - Há dificuldades em aceitar uma cultura surda - A maioria das pessoas baseia-se num universalismo - Julga-se a cultura surda pela dos ouvintes – só o que os ouvintes vivem está correto A representação imaginária sobre a cultura surda Universalismo Seres humanos compartilham propriedades comuns Neutraliza outras formas de experimentar a vida A representação imaginária sobre a cultura surda Os surdos podem espelhar certos aspectos da cultura dominante Mas, possuem raízes de conhecimento e de experiência diferentes A representação imaginária sobre a cultura surda “Meu filho tem 4 anos, tem perda profunda bilateral, usa aparelho nos dois ouvidos e tem acompanhamento fonoaudiológico, mas pretendo que ele seja oralizado, sem precisar da linguagem de sinais. A fono dele não quer que ele aprenda porque senão ele ficará preguiçoso para falar” (Orkut, 2005) A representação imaginária sobre a cultura surda - Representações clínicas: influenciam a sociedade - Família acredita que é ruim ser surdo: prejudica o desenvolvimento sadio de identidade Pessoas surdas envergonhadas da surdez, de usar sua língua, com baixa auto-estima. A representação imaginária sobre a cultura surda “uma vez fui dar aula para um grupo de profissionais em uma cidade do nordeste do Brasil; e uma psicóloga que trabalhava muitos anos com os surdos e sabe a língua de sinais me fez a pergunta: - por que você não faz uma operação para ouvir? E respondi com outra pergunta: - Para que? Ela me respondeu: - Para você ter uma vida normal! Fiquei refletindo: uma psicóloga que trabalha com os surdos há muito tempo me via como “anormal”, o que tenho de anormal? Será que ouvir é normal e não ouvir é anormal? Como uma psicóloga bilíngue pode trabalhar com surdos se os estereotipa de “anormais”?” A representação imaginária sobre a cultura surda “(...) quando um surdos diz, 'Eu tenho orgulho de ser surdo', ele choca e confunde o ouvinte. O ouvinte não gosta de ouvir isso, porque começa a colocar em questão a certeza que o ouvinte tem sobre o mundo. Ele não pode mais achar que o surdo é um 'coitado', porque um coitado não tem orgulho de si mesmo. O ouvinte fica com medo. O mundo do ouvinte começa a ficar menos seguro, mais complexo. O ouvinte não tem explicação para o orgulho de o surdo ser surdo. Como é possível uma pessoa ter orgulho de ser surdo? Para o ouvinte, é um absurdo. É um paradoxo.” A representação imaginária sobre a cultura surda Representação social: - ser surdo é anormal - surdo são inferiores aos ouvintes - são seres deficientes e precisam se adequar: oralizar A representação imaginária sobre a cultura surda “Os sinais podem ser agressivos, diplomáticos, poéticos, filosóficos, matemáticos: tudo pode ser expresso por meio de sinais, sem perda nenhuma de conteúdo. Para aprender a falar, um surdo precisa de horas diárias de trabalho árduo, enquanto o conhecimento dos sinais ocorre de forma espontânea, quase imediata. Os surdos pré-linguais, ou seja, que nunca ouviram ou perderam a audição muito cedo, não invejam os ouvintes e não se consideram deficientes. Recuso-me a ser considerada excepcional, deficiente. Não sou. Sou surda. Para mim a língua de sinais corresponde à minha voz, meus olhos são meus ouvidos. Sinceramente, nada me falta. É a sociedade que me torna excep-cional” A representação imaginária sobre a cultura surda É preciso estar atento à práticas ouvintistas História Cultural: novas reflexões sobre a história dos surdos - Crítica: história dos surdos contada na visão dos ouvintes – não são legitimadas pelo povo surdo “Não se trata de fazer uma História do Pensamento ou de uma história intelectual, ou ainda mesmo de pensar uma história da Cultura nos velhos moldes ...(...). Trata-se, antes de tudo, de pensar a cultura como um conjunto de significados partilhados e construídos pelos homens para explicar o mundo” História Cultural: novas reflexões sobre a história dos surdos - Reconhecimento: língua de sinais e da cultura surda - Antes: eram vistos como deficientes – anormais História Cultural: novas reflexões sobre a história dos surdos - Perspectiva Histórico-Cultural: - Valorização: • - povos surdos • - comunidades surdas • - locais e grupos específicos In (ex) clusão dos surdos: prática inter (cultural) ? “A inclusão (…) é ser respeitado nas suas diferenças e não ter de submeter a uma cultura, a uma forma de aprender, a uma língua que não é sua” (Gárdia Vargas) In (ex) clusão dos surdos: prática inter (cultural) ? - há um movimento: sujeitos surdos exigindo seu espaço e a sociedade percebendo a existência do povo surdo In (ex) clusão dos surdos: prática inter (cultural) ? A inclusão não ocorre somente nas escolas, pode ocorrer também nos restaurantes, shoppings, trabalho, órgãos públicos In (ex) clusão dos surdos: prática inter (cultural) ? - Há falta de recursos visuais que facilitem a acessibilidade dos sujeitos surdos - Falta acessibilidade linguística In (ex) clusão dos surdos: prática inter (cultural) ? - Precisa mudar a visão de sujeito deficiente para sujeito cultural: • Metodologias • Língua • Cultura • História • Entendidos a partir da sua diferença Como podemos compreender e envolver com as peculiaridades da cultura surda? Trata-se de uma relação intercultural: povo surdo e cultura ouvinte Como podemos compreender e envolver com as peculiaridades da cultura surda? - Visitar e frequentar as comunidades surdas: associações, igrejas, escolas, eventos esportivos... - Conviver em situações informais - Pesquisar e estudar - Conhecer os artefatos - Respeitar e valorizar a cultura surda - Respeitar os espaços conquistados
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