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Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 2 • Edição 07 Carta do diretor Formado em design gráfico e atuando no merca- do desde 2010. Atualmente focado em direção de projetos. Dentre eles a revista digital Design Maga- zine Brasil e o “coletivo criativo” Grupo I3C3. Lucas Fernandes Primeira Design Magazine Brasil do ano! Não tenho dúvidas de que 2015 será um excelen- te ano para o design brasileiro, e espero que para a DMB também. Esse ano marca o retorno da Bienal Brasilei- ra de Design, que ocorrerá em Florianópolis, a pri- meira edição do Zupi Awards, prêmio internacional organizado pela Zupi e que ocorrerá no Pixel Show, em São Paulo, e a Brazilian Design Showcase (Bra- des), que terá espaço no Florence Design Week, em Florença, Itália. Mas não é só isso. Sabem o que mais 2015 traz? O lançamento do Portal I3C3 (http://i3c3.com. br), a mais nova fonte de notícias, informações, di- cas e muito mais para criativos. Envolvendo não só design, mas também arte, comunicação, tecnolo- gia, arquitetura, moda e etc. O portal é um projeto do Grupo I3C3, que a partir de 2015 é responsável pela Design Magazine Brasil. A princípio não deve haver grandes mudanças, mas podem ter certe- za de que por trás dos panos estamos preparando muitas coisas. O que isso traz de bom de imediato? Simples, agora você, que não gosta de esperar dois meses entre uma edição e outra da DMB, pode ter conteú- do novo de todas as áreas citadas acima com mais frequência. Acessem o portal e disfrutem de tudo isso que eu falei aqui, e muito mais! Enfim, já deu para perceber que 2015 vai ser bem agitado né? Espero que vocês estejam com tanta energia quanto eu. Para começar o ano, absorva tudo que puder dessa nossa nova edição. Até mais. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com VENHA E DESCUBRA FLORIANÓPOLIS DE 15 DE MAIO A 12 DE JULHO DE 2015 Visite as exposições, workshops, seminários nacionais e internacionais, e outros eventos de design que tomarão conta da cidade. Cia Aérea OficialApoio InstitucionalCo-realizaçãoRealizaçãoIncentivo Iniciativa ® Revista Oficial Patrocínio C M Y CM MY CY CMY K anuncio_revista_DM_A4_pt.pdf 1 08/12/14 10:02 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 4 • Edição 07 Sumário A experiência do Pixel Show Pág. 08 “Merchandising” nas telonas Pág. 18 O design hoje Pág. 28 Capela Notre-Dame-du-Haut Pág. 12 Cidades do design Pág. 22 Design com Pedro Panetto Pág. 36 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 5 Design Magazine Brasil Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 6 • Edição 07 Créditos Diretor Capa Fotografias Revisão Logotipo Site Email Redes Sociais Projeto gráfico Diagramação Ilustrações Idealizadores Redatores Lucas Fernandes Renato Saes Thiago Seixas Juliana Teixera Lourrane Alves Elementoa À Solta designmagazine.com.br lucas@designmagazinebrasil.com.br facebook.com/revistadesignmagazine.br twitter.com/DMBr_Oficial Douglas Silva Hebert Tomazine Leandro Siqueira Lucas Fernandes Thiago Seixas Vitor Cardoso Douglas Silva Hebert Tomazine Leandro Siqueira Lucas Fernandes Beatriz Vieira Douglas Silva Gilberto Ferreira Wendel FragosoDiego Gomes Douglas Silva Gilberto Ferreira Leandro Siqueira Lucas Fernandes Eliezer Santos João Valle Lourrane Alves Mayara Wal Thiago Seixas Vitor Cardoso Edição #07 Fevereiro/2015 A Design Magazine Brasil é uma projeto de LucasFAdS e Grupo I3C3. O conteúdo textual e imagético da revista pertence aos seus respectívos autores e não pode ser reproduzido sem autorização prévia. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 7 Design Magazine Brasil Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 8 • Edição 07 A experiência do Pixel Show Fotografias: Thiago Seixas. “O Pixel Show ocorreu pela primeira vez em 2005, e de lá pra cá cresceu, ganhou notoriedade...” Designer gráfico e de produto, apaixonado por artes e futebol. Buscando conhecimento e expe- riências, para um dia poder ser uma referência e inspiração para os novos designers. Thiago Seixas Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 9 Design Magazine Brasil Uma coisa essencial para a criatividade é ter um background de conhecimento diversificado. Quando assistimos a um filme, quando vamos a um museu, quando escutamos uma nova música, e até mesmo, quando viajamos para um novo lugar, estamos digerindo informações que futuramente irão nos influenciar em nosso processo de desen- volvimento de ideias, o que nos leva a concluir que quanto mais background cultural e informacional nós tivermos, maior será nossa capacidade criativa. Dentro desta ideia, diversos eventos, como encontros de estudantes, workshops, bienais, feiras ivres, entre outros, são criados para atrair profissio- nais e estudantes das áreas criativas que possuem o interesse em agregar novos conhecimentos e também compartilhar os seus. Como exemplo dos eventos realizados no Brasil, o Pixel Show destaca- se pela sua grandeza e por contar com grandes pa- lestrantes, atraindo gente de todo o Brasil, e inclusi- ve, da América Latina. Realizado pela Zupi, um crossmedia de arte e design que fomenta, registra, produz e divulga o que há de melhor na criação brasileira e mundial, o Pixel Show ocorreu pela primeira vez em 2005, e de lá pra cá cresceu, ganhou notoriedade, mudou para um espaço bem maior e hoje, após dez anos, é a maior conferência de criatividade da América Latina. Minha primeira experiência com o Pixel Show foi em 2010, quando tinha ouvido falar pouco, po- rém muito bem sobre o evento e resolvi arriscar. Nunca havia ido a São Paulo e iria sozinho para o evento, o que confesso, me deixou ainda mais an- sioso. Mas, para minha total felicidade, foi incrivel- mente fácil encontrar o local do evento, que ficava Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 10 • Edição 07 Im agem : m ichell zappa em um ponto superinteressante e acessível da cida- de. Foi um final de semana realmente incrível onde pude conhecer diversos artistas fantásticos, pude assistir palestras memoráveis, conheci um pouco da cidade e ainda pude fazer novas amizades. Deci- di então que voltaria ao evento todo ano que fosse possível. Tive a oportunidade de ir para o evento novamente em 2012 e 2013, e pude perceber que o evento crescia cada vez mais, tornando-se indis- pensável para quem está sempre em busca de ex- pandir seus conhecimentos. Uma das peculiaridades do evento é a grande diversidade de assuntos e pessoas criativas. É mui- to bom poder imergir em diversos tópicos como fotografia, graffiti, publicidade, design, arquitetura, ilustração, intervenção urbana entre outros, em pa- lestras, apresentações e workshops que tem como principal objetivo abrir nossas mentes para novas ideias. Além disso, o evento possui uma feira de criatividade gratuita, que conta com live paitings de grandes artistas, estandes de objetos super criati- vos, exposição de quadros e esculturas, apresenta- ção de livros e de novas tecnologias. Enfim, o Pixel Show é um evento criado para celebrar a criativida- de e a inspiração mútua, além de ser um local per- feito para fazer networking. Por fim, uma das coisas que me faz querer re- tornar ao Pixel Show todo ano é o fato de ser bas- tante acessível financeiramente. E isso impressio- na, pois eventos em nossa área são em geral bem caros, principalmentequando contam com tantos atrativos e com um time de palestrantes de peso. A experiência do Pixel Show Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 11 Design Magazine Brasil Por isso, em minha opinião, o custo benefício do Pixel Show é ótimo, contando ainda com promo- ções e descontos para quem organiza grupos, o que é ideal para quem não é de São Paulo e já pre- cisa gastar uma grana com o deslocamento. Ou- tro aspecto que ajuda muito é a facilidade para se encontrar albergues baratos e de boa qualidade na cidade de São Paulo. Em todas as edições que pude ir, sempre me hospedei em albergues, um diferente para cada edição, e isso só agregou na experiência das minhas viagens. Esse ano o Pixel show acontece nos dias 17 e 18 de outubro, no Clube Hebraica, em São Pau- lo e para saber mais sobre o evento acesse o site: www.pixelshow.com.br. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 12 • Edição 07 Capela Notre-Dame-du-Haut Arte da vitrine: Beatriz Vieira. “[...] Projeto do arquiteto e urbanista Franco-Suíço Charles- Edouard Jeanneret-Gris, mais conhecido como Le Corbusier, e a mais significativa manifestação da Vanguarda Racional [...]” Estudante de arquitetura e urbanismo na Unigran- rio, formado em técnico de design de interiores no Senac, apreciador de vinho e artista plástico de fim de semana. João Valle Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 13 Design Magazine Brasil Histórico A capela foi projeto do arquiteto e urbanis- ta Franco-Suíço Charles-Edouard Jeanneret-Gris, mais conhecido como Le Corbusier, e a mais signi- ficativa manifestação da Vanguarda Racional, que é um movimento pós-Primeira Guerra Mundial que rompeu com a tradição e foi fortemente influencia- do pela estética do cubismo. O templo foi erguido sobre um platô no topo da colina de Bourlémont, nas ruínas de um templo da idade média que foi destruído por bombardeiros durante a Segunda Guerra Mundial. Seria necessário um novo templo para os fiéis que visitavam o local, desde meados do século XIII. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os habitantes da região de Ronchamp e a Comissão de Arte Sacra de Besançon decidiram pela recons- trução do templo e confiaram a tarefa a Le Corbu- sier, conhecido por ser o inventor da Unité d’Habi- tation, que são grandes complexos modulares que procuravam recuperar a dinâmica de vida urbana e resolver os problemas de habitação do período pós-guerra. No entanto, os primeiros contatos en- tre os religiosos e o arquiteto foram difíceis, a prin- cípio Le Corbusier não queria projetar o templo de Ronchamp, pois o arquiteto já tivera problemas anteriores com as autoridades eclesiásticas duran- te a construção do templo de Tremblay-lès-Gones- ses e o complexo para Saint-Baume, pois a igreja se opunha à linguagem moderna de Le Corbusier, entretanto, deram carta branca para que ele crias- se o que quisesse. O programa consistia em uma nave principal que pudesse receber cerca de 200 fiéis. O edifício deveria disponibilizar demais elementos litúrgicos básicos como altar, coro, púlpito, confessionário, três pequenas capelas para cultos mais reserva- dos, um altar externo para as cerimônias campais nos dias de peregrinação, uma sacristia e um pe- queno escritório num piso superior. Im agem : static.panoram io.com Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 14 • Edição 07 Composição A parte principal da estrutura é constituída por duas membranas de betão, separados por um espaço de 2,26 metros, formando uma concha de concreto armado aparente que constitui o telhado do edifício. Este pesado telhado de tom escuro en- tra em contraste com as espessas paredes cobertas por “concreto projetado” de cor branca e possui um meio de recolhimento das águas pluviais, elas são direcionadas até a parte mais baixa, localizada na fachada oeste da capela, onde escorre a água até uma abertura no solo conectada a um reservatório. As paredes foram projetadas em formas cur- vilíneas calculadas para proporcionar estabilidade à composição do templo, mas não sustentam a cobertura, a mesma é sustentada por colunas in- ternas. Assim a cobertura não tocaria nas paredes e entre ambos teria um nicho de 10 centímetros, que dá uma entrada significativa da luz do dia e trans- mite uma sensação de leveza na parte interna do templo tornando a cobertura “flutuante”. O templo está alocado no ponto mais alto da colina, permitindo assim a sua visualização por to- dos os pontos do terreno, desde a base da colina. As- sim como elege a paisagem circundante como fator fundamental para o enriquecimento da sacralidade do templo e de sua comunicação com o mundo ex- terior. O altar externo, repousado sob o avanço da cobertura de concreto, resolve de forma esplêndida um dos problemas do projeto, que era expandir a parte interna para abranger uma grande quantidade de pessoas, pois comumente eram feitas peregrina- Im agem : lh4.googleusercontent.com Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 15 Design Magazine Brasil ções até o templo. Nessas ocasiões especiais o altar se torna o pivô de uma celebração ao ar livre onde a imensidão do céu e a linha do horizonte passa-nos a distância existente entre a humanidade e Deus (mesma função que as grandes catedrais possuem). Assimétricas e completamente diferentes das cons- truções sacras tradicionais, as paredes extrema- mente grossas, possuem organizadas, de forma ale- atória, janelas que se afunilam de dentro para fora, dando dois tipos de impressão a estas paredes: uma impressão externa e outra interna. Na externa, a dis- posição e tamanho das janelas dão a impressão de volume, já na interna as janelas têm um nicho maior, o que dá mais vazão à luz vinda de fora, amplian- do os nichos da janela e auxiliando na sensação de leveza da parede e do interior no centro da porção leste da nave, centro de celebração em torno do que tudo está ordenado, em círculos concêntricos, dan- do valor e hierarquia tanto aos elementos ascéticos quanto arquitetônicos. Im agem : m edia.gotraffic.net Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 16 • Edição 07 Os elementos sacros como a mesa do altar, o púlpito, bancos, cruzes e candelabros participam como partes interagentes no todo, misturando-se à rusticidade do templo e servindo de forma fun- cional, nos trazendo uma atmosfera misteriosa e serena. Eles foram calculados com o modulador do Le Corbusier (sistema criado que não converte ao sistema métrico decimal as unidades como pés e polegadas, mas baseia as medidas modulares a um indivíduo imaginário com uma altura inicialmente de 1,75m e mais tarde de 1,83m). As torres são construídas com alvenaria de pedra e são cobertas por abóbadas de cimento. Im agem : ourhouseisourw orld.files.w ordpress.com Visão interna da capela Capela Notre-Dame-du-Haut Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 17 Design Magazine Brasil Iluminação A iluminação natural é feita por um sistema de janelas folheadas com vidro transparente, e, em alguns lugares, com vidro colorido. Le Corbusier considera que esta forma de iluminação está muito intimamente ligada a velhas noções de arquitetura, particularmente à arte românica e gótica. Por isso, aqui não há vitrais, mas vidros através dos quais se podem ver as nuvens, os movimentos da folhagem e até mesmo transeuntes. Design Magazine Brasil Imagem : architectsandartisans.com Visão interna da capela Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 18 • Edição 07 “Merchandising” nas telonas Estudante de Publicidade e Propaganda da Uni- granrio. Sua paixão está nos livros, no mundo das palavras, pontos e vírgulas. Atua na área de reda- ção e revisão de textos e como freelancer. Lourrane Alves Arte da vitrine: Wendel Fragoso. “Aqui no Brasil [...] usa-se Merchandising para designar a aparição de um produto ou marca em filmes, novelas, seriados e etc. Mesmo o termo correto sendo Product Placement[...]” Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 19 Design Magazine Brasil Quem não adora a oportunidade de sentar no sofá e assistir a um bom filme? Ou ir ao cinema e ver aquele longa tão esperado dos últimos meses? Grandes empresas sabem disso e investem muito para que suas marcas sejam vistas, reconhecidas, e claro, adquiridas. Eu me refiro aqui, a nada mais, nada menos do que o famoso Merchandising ou Product Placement, como é conhecido nos Estados Unidos. Merchandi- sing é, na verdade, a ação de inserir um produto ou marca em um ponto de venda a fim de acelerar suas vendas. Aqui no Brasil, entretanto, usa-se Merchandi- sing para designar a aparição de um produto ou mar- ca em filmes, novelas, seriados e etc. Mesmo o termo correto sendo Product Placement. Im agem : Colum bia Pictures Produtos Apple no filme “Sex Tape”. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 20 • Edição 07 “Merchandising” nas telonas nhecer parte 1 (2011), Homem de Ferro 3 (2013), entre tantos outros títulos. Ainda segundo a Brandchannel, em primeiro lugar, presente em 144 filmes, está a Ford e em ter- ceiro, a Coca-Cola, em 96 filmes. A Apple ocupa o segundo lugar na lista. Jamais nos esqueceremos do filme Náufrago (2000), onde Tom Hanks, como protagonista, fica preso sozinho em uma ilha deserta durante vários anos, apenas com seu “amigo” Wilson, uma bola de vôlei. A marca Wilson teve de atender a uma grande demanda por bolas de vôlei após o filme. A marca FedEx (empresa de entrega de correspondência) também estava presente no longa. Bem, deixemos as explicações de lado. Não é de hoje que as empresas perceberam que essa é uma ferramenta poderosíssima, e a sua utilização está cada vez mais forte. Segundo o site Brandchannel, que realiza consultoria de marcas globais pela Interbrand, a Apple é a marca que mais faz merchandising em filmes. Ela começou na década de 80 e com certe- za tem tido muito sucesso. Entre 2001 e 2010, um terço dos filmes que ficaram em primeiro lugar na bilheteria americana tinham merchandising da Apple. Podemos ver a famosa Maçã em sucessos como, De volta para o futuro 2 (1989), Entrando numa fria maior ainda (2004), Crepúsculo: Ama- Im agem : Dream W orks Pictures Wilson no filme “Náufrago”. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 21 Design Magazine Brasil quando a ferramenta do Merchandising (ou Pro- duct Placement) é usada de forma “abusiva”, ou seja, estampada, de forma mal feita e não disfarça- da, como pode ser visto em algumas novelas e até mesmo filmes, o telespectador se sente pouco à vontade e até mesmo critica o produto, nesse caso surte então o efeito contrário. Mas existem por aí muitos grandes diretores que sabem colocar a mar- ca no lugar certinho, despertando em quem está do outro lado da tela uma incontrolável vontade de se deliciar com barra de Chocolate Hershey’s, beber uma garrafa de Coca-Cola e na próxima ida ao Sho- pping, comprar um Ômega, um relógio igualzinho ao do James Bond. No já citado, De volta para o futuro, a Nike também saiu lucrando. O famoso tênis de cadarços que se amarravam sozinhos tinha a marca estam- pada em si e claro, os jovens que assistiram ao fil- me desejavam ter um tênis como aquele. Ainda que na época ele não existisse, a marca se beneficiou. Em 2011 leiloou 1500 pares de protótipos do tênis e agora, para loucura dos fãs, a Nike confirmou que o chamado Nike Air MAG será lançado esse ano. Podemos falar de mais inúmeros casos de empresas que lucraram em investir nas telonas. Os telespectadores, de um modo geral já até se acos- tumaram com toda essa enxurrada de marcas e produtos em seus momentos de lazer. É claro que Im agem : U niversal Pictures Nike no filme “De volta para o futuro II” Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 22 • Edição 07 Cidades do design Arte da vitrine: Douglas Silva. “O design pode trazer a Curitiba muito mais do que um título internacional.” Designer de produto de formação e metida a docei- ra nas horas vagas. Formada desde 2011, buscando sempre estar antenada e se atualizar na área, atual- mente estuda Design de Serviços e Interação. Mayara Wal Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 23 Design Magazine Brasil Há 10 anos a UNESCO classifica cidades para o ranking “Creative Cities Network”, cidades que são reconhecidas pelas contribuições à 7 áreas temá- ticas: literatura, arte e artesanato, música, cinema, design e gastronomia. Essa iniciativa tem como objetivo promover a cooperação internacional e in- centivar a partilha de experiências e recursos, a fim “No Brasil temos Florianópolis nomeada por causa da gastronomia local e Curitiba que entrou ano passado como Cidade de Design devido a sua estrutura urbana. ” de gerar o desenvolvimento local por meio da cul- tura e criatividade. Ao serem nomeadas, as cidades se comprometem a colaborar e desenvolver parce- rias visando à promoção da das indústrias culturais, reforçando a participação na vida cultural, e inte- grando a cultura nos planos de desenvolvimento econômico e social. Em 2014 foram nomeadas mais 28 cidades, totalizando 69 até agora. No Brasil temos Florianópolis nomeada por cau- sa da gastronomia local e Curitiba que entrou ano pas- sado como Cidade de Design devido a sua estrutura ur- bana. Para receber o título, as cidades precisam atender a critérios como por exemplo: possuir uma próspera in- dústria de design, com e centros de pesquisa e grupos de trabalho compostos por designers e criadores. Foto: M orio Museu Oscar Niemeyer, Curitiba Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 24 • Edição 07 “O título representa o reconhecimento do potencial da cidade no desenvolvimento do design em âmbito nacional e internacional.” Hoje são 12 as cidades consideradas Ci- dades do Design, entre elas Helsinque e To- rino (devido aos inúmeros patrimônios mun- diais), Bilbao (casa do Museu Guggenheim, projetado por Frank Gehry) e finalmente Curi- tiba (reconhecida pela sua estrutura urbana). O título representa o reconhecimento do potencial da cidade no desenvolvimento do design em âmbito nacional e internacio- nal. Desde o fim de 2012 há uma movimen- tação para trazer o título para Curitiba, um grupo de jovens designers da cidade passou a buscar apoio de instituições para alcançar o objetivo. Além do destaque proporcionado pelo título, o fato de Curitiba integrar a rede global de Cidades Criativas possibilitará uma troca de conhecimentos, experiências e melhores práticas com grupos culturais de todo o mundo. Fo to : H al le y Cidades do design Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 25 Design Magazine Brasil O próximo passo para a cidade é tentar a candidatura para o título de capital mundial do design,que atualmenteé a Cidade do Cabo, e cuja próxima votação ocorre em 2018. Para tan- to foi organizado 1º Fórum Internacional Cida- des Amigas do Design, iniciativa conjunta entre o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urba- no de Curitiba (Ippuc) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações, organizado durante a Semana D em Curitiba. Durante o fórum pa- lestrantes especialistas da Rússia, China, África do Sul, Índia e Polônia debateram sobre o de- sign como recurso estratégico para o planeja- mento urbano. Foto: Adelano Lázaro Portal de entrada do Bosque Alemão, Curitiba O futuro – Capital Mundial do Design Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 26 • Edição 07 A atual Capital Mundial do Design, Cida- de do Cabo, na África do Sul, tem como slo- gan: “Design com tudo”. O especialista Mugendi M’Rithaa, comentou a respeito da experiência da cidade durante o Forum das Cidades Amigas do Design: “A Cidade do Cabo era uma referên- cia internacional apenas por suas montanhas e sua beleza, mas nós queríamos mais. O título de Capital Mundial do Design está nos revelan- Fo to : M or io A cidade do “Design com tudo” Cidades do design Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 27 Design Magazine Brasil do ao mundo como uma cidade que investe no design para diminuir as desigualdades sociais, evitar a violência urbana e desenvolver a eco- nomia com ideias e produtos criativos e ino- vadores”. Durante todo o ano de 2014 a cidade teve iniciativas relacionadas a design e econo- mia criativa que mudaram a cidade no âmbito econômico e principalmente social. Nos últimos anos, o design ajudou a indu- zir o desenvolvimento em lugares tão distintos como Turim (Itália), em 2008, que adotou o slo- gan “Design através de tudo”; Seul (Coréia do Sul), em 2010, com o mote “Design para todos”; e Helsinque (Finlândia), em 2012, com o título “Design em tudo”. Fo to : Sa m ir N os te b Escultura “Amor Materno”, de Zaco Paraná, Jardim Botânico de Curitiba “Acreditamos no design para produzir um mundo melhor. E Curitiba tem todas as quali- dades necessárias e a cultura para viver essa transformação”, afirmou Mugendi no Forum das Cidades Amigas do Design. O design pode trazer a Curitiba muito mais do que um título internacional, mas uma grande oportunidade de desenvolvimento da economia criativa e sustentável através da união e do esforço entre o poder público, em- presas, universidades e profissionais especia- lizados. Hoje já é sede de grandes instituições e eventos ligados à área e tem potencial para tornar-se um pólo de atração e desenvolvi- mento de design. Agora é cruzar os dedos e elaborar em um slogan para a cidade! Apoio dos especialistas Curitiba e o Design Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 28 • Edição 07 O design hoje Arte da vitrine: Gilberto Ferreira. “O jovem brasileiro hoje é sonhador, acredita no País.” Atua como freelancer desde 2012 com criação de logotipos, peças publicitárias, etc. Atual- mente tem se dedicado a edição de vídeo e motion design. Eliezer Santos Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 29 Design Magazine Brasil “Vejo na TV o que eles falam sobre o jovem não é sério. O jovem no Brasil nunca é levado a sério…” Assim começava uma música da banda Char- lie Brown Jr. que fez enorme sucesso e embalou a juventude do final dos anos 90 e primeira déca- da do milênio. Bem, a TV pode até continuar não levando nossos jovens a sério, oferecendo a eles uma programação que é um insulto a qualquer in- teligência, mas tem uma galera que resolveu levar nossos jovens bem a sério, e desde 2012 vem fazen- do uma pesquisa interessantíssima para descobrir qual é o perfil dos “Millennials” brasileiros, ou seja: justamente essa galera fã de CBJR, on-line quase o tempo todo, que figura nas redes sociais quase que obrigatoriamente, nascida dos anos 90 pra cá. Im agem : ElAlispruz Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 30 • Edição 07 O design hoje A pesquisa se chama “O sonho brasileiro” (www.osonhobrasileiro.com.br), e traz um per- fil minucioso de jovens entre 18 e 24 anos. Feita pela empresa de pesquisa global BOX, ela traz um conteúdo gratuito on-line com os resultados dessa pesquisa até agora. Alguns dados interessantes que esta pesquisa desvendou é que: • 25.906.194 é o número aproximado de jovens nes- ta faixa etária no Brasil; • 77% destes jovens sonham cursar uma Faculdade; • 55% desejam uma formação profissional e emprego; • 28% querem oportunidade para todos e 35% dos en- trevistados se consideram uma geração sonhadora. Estes dados mostram que a mentalidade do jovem brasileiro mudou radicalmente nas últimas décadas, e que hoje, mesmo influencia- Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 31 Design Magazine Brasil do por outras culturas, o jovem brasileiro con- quistou sua identidade e faz questão de mos- trá-la com orgulho. Não, eu não estou falando do documento de Registro Geral que cada um carrega em sua carteira, mas da sua forma de ser, pensar e agir. O jovem brasileiro hoje é sonhador, acredi- ta no País (acredite se quiser: segundo a pesquisa, 89% dos entrevistados têm orgulho de ser brasileiro e 76% acham que o país está mudando para me- lhor), luta pelos seus direitos, indo às ruas se preci- so for, sabe muito bem o que quer e persegue seus sonhos com garra e determinação. E onde é que o Design entra nisso? Bem, se você é Designer e não se importa com o que seu público alvo pensa ou sente, me descul- pe, mas é melhor procurar uma outra profissão. Para olhos atentos, conhecer este público é uma ta- refa ao mesmo tempo excitante e desafiadora. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 32 • Edição 07 Conversando com alguns jovens desta faixa etária, e até alguns adolescentes, eu me surpreendi em como estão, hoje, inseridos no mercado e na sociedade. Eles sabem distinguir entre suas marcas preferidas, escolhem bem entre produtos nacionais e importados, são exi- gentes, um tanto conservadores, mas não se ne- gam a experimentar coisas novas. Esta tendência não se resume a apenas produtos manufaturados, mas a própria propa- ganda também tem sofrido uma metamorfose positiva. Com cada dia mais plataformas surgin- do, os comerciais têm se tornado cada vez mais bem produzidos, às vezes até com status de su- perprodução Hollywoodiana. Uma das adolescentes com quem conversei me disse que, por exemplo, prefere ver os comer- ciais feitos para o YouTube. Por dois motivos: você pode pular e, segundo ela, estes comerciais são mais bem elaborados e criativos, e por isso, cha- mam mais atenção. Isto aponta para um detalhe Im ag em : T ho m as va n de W ee rd O design hoje Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 33 Design Magazine Brasil interessante: Eles querem ter o poder de escolha, e darão prioridade para quem souber oferecer op- ções que lhes agradam. Sem querer também, ela acabou dizendo as duas vertentes para quem qui- ser oferecer produtos e soluções para este público: Criatividade e Originalidade. Cada vez mais será exigido de nós novas ten- dências. Olhando para essa nova geração, a busca pelo novo e inusitado deve ser uma verdadeira ob- sessão na vida de qualquer Designer que se preze. Chegará um tempo em que perderemos mais tem- po no brainstorming do que naexecução do traba- lho em si. E por quê? Ninguém mais se contenta com qualquer coisa. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 34 • Edição 07 A pesquisa ainda foi além, e procurou des- cobrir também o que este jovem espera da vida. A questão fundamental que ela descobriu é que, para estes jovens, o trabalho deve andar junto com a felicidade. O que isto significa? Para essa galera, não adianta ganhar o maior salário do mundo se não tiver tempo de gastá-lo, e bem. Eles não querem trabalhar só para ganhar dinhei- ro. Querem trabalhar fazendo o que gostam, rece- bendo bem por isso, e ainda ter tempo pra curtir a vida, viajar, namorar, e por aí vai. Fazendo uma análise rápida, estes jovens, em sua maioria, não estão muito interessados em con- sumir para ostentar, e sim, em consumir aquilo que lhes faz bem, sem muito interesse em status social. Traduzindo para o “Designês”: Eles querem produ- tos de qualidade, com preço acessível e inovadores. Im ag em : M oy an B re nn O design hoje Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 35 Design Magazine Brasil É, amigos, o desafio será grande, a busca, árdua, mas mais do que nunca, eles contam co- nosco, os “mestres da criatividade”, para satis- fazer os seus desejos. E a figura que me vem à cabeça é a de um gênio da lâmpada atendendo seus “amos” cada vez mais exigentes. Mas para aqueles que gostam de grandes desafios, o hori- zonte é vasto. Este estudo nos traz uma luz e uma perspectiva gigantesca sobre quais caminhos de- vemos seguir para sermos bem sucedidos com este público, que é maioria hoje em nosso país. Então, que o brainstorming comece! Isso exigirá de nós muito mais horas de pesquisa e estudo na elaboração de produtos e soluções que atendam estas expectativas. Teremos de ser muito mais criteriosos na hora de escolher materiais, co- res, formas...Teremos de, num português bem claro e irônico, “tirar leite de pedra”, com briefings cada vez exigentes e orçamentos cada vez mais curtos. E não adianta chorar. Acostume-se. Im a gem : lorraine santana Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 36 • Edição 07 Design com Pedro Panetto “Design não é custo, é investimento.” Carioca amante do conhecimento, cultura artís- tica, idiomas e computação gráfica. Youtuber e autodidáta, atua como designer na Rede Solaris Network e como freelancer. Vitor Cardoso Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 37 Design Magazine Brasil A relação entre o profissional com o cliente nos leva desde parcerias sólidas e pacíficas a situa- ções inusitadas até cômicas, refinar esse contato e esclarecer de modo acessível outros pontos ligados a este meio, ajuda a formar uma compreensão so- bre a identidade e função da profissão. Design não é custo, é investimento Mommy Bird (Id Visual)Femusa - Festival de Música Sacra (Id Visual) Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 38 • Edição 07 O Canal do Youtube de Pedro Panetto retra- ta e aborda temas da área de Design com esse escopo de modo suave mesmo em meio a temas polêmicos (mesmo que essa não seja a intenção). Um exemplo disso é o vídeo: “Design não é arte” que cita Wolner e explica a direção e funcionali- dade do design com um âmbito muito mais pro- jetual que expressivo. Segundo ele o que faz as pessoas voltarem sua atenção mais ao aspecto estético que projetu- al é o estreitamento que a área possui com a arte, ao ponto de ter técnicas que chegam ser similares. Joca Miranda Fotografia (Id Visual) Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Fevereiro 2015 • 39 Design Magazine Brasil “Eles levam muito a frente a estética e isso faz confundir a coisa com arte. Nem todo projeto é cem por cento design. As vezes a arte se mescla e a criação fica mais intuitiva. Mas é bom saber quando você está fazendo design, ou quando você está as- sumindo a questão de um modo mais artístico do que projetual.” Nem todo projeto é 100% design Pedro é formado em Design desde 2012 e tra- balha de modo autônomo, boa parte do que é retra- tado em seu canal tem correlação com sua vivência pessoal na área. Seu interesse pela área veio a partir do seu crescimento evolutivo na faculdade: “Assim que fui conhecendo e me aprofundan- do, eu percebi que o design seria uma forma de dar vida as minhas ideias... e eu sempre tive muita cria- tividade em relação a tudo. O design me satisfaz por ser essa ferramenta, esse método de “fazer aconte- cer” o que se passa no meu cérebro.” Segundo ele o mercado precisa sim de novos profissionais devido a demanda de novas empre- sas, até mesmo as antigas, elas precisam de desig- ners e criativos constantemente. Além disso, muitas pessoas tiveram uma experiên- cia ruim ou não compreenderam a ideia do diferencial que um projeto bem feito proporciona, estes provavelmente se encontraram com micreiros ou ainda “sobrinhos”. Com a regulamentação da profissão, a classe recebe mais credibilidade porém há necessidade da valorização pessoal de cada Designer. Óculos Tape (Design de Produto) Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 40 • Edição 07 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
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