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Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
2 • Edição 11
Carta do diretor
Formado em design gráfico e atuando no merca-
do desde 2010. Atualmente focado em direção de 
projetos. Dentre eles a revista digital Design Maga-
zine Brasil e o “coletivo criativo” Grupo I3C3.
Lucas 
Fernandes
Os designers comemoram. O Projeto de Lei 
da Câmara (PLC) 24/2013, do ex-deputado Pen-
na (PV-SP), foi aprovado no dia 30 de setembro 
pelo nosso Senado. Isso significa que agora a 
única coisa restante é a sansão presidencial.
Um dos principais pontos desse projeto 
de lei é o fato de que apenas aqueles forma-
dos em graduações reconhecidas pelo MEC 
ou com um mínimo de 3 anos de experiên-
cia profissionais comprovadas (até a data de 
publicação da lei) poderão exercer a ativida-
de legalmente.
A luta por essa aprovação tem sido lon-
ga, mas estamos mais perto do que nunca an-
tes. Vamos torcer para que tudo dê certo.
Além disso, nessa semana (05 a 09 de ou-
tubro) ocorreu o Confred, o Congresso Online 
para Freelancers e Estudantes de Design, e eu 
tive o imenso prazer de ser um dos palestran-
tes. O tema da minha palestra foi “Autopromo-
ção com projetos pessoais”. Nela eu comentei 
sobre algumas coisas que podem ser feitas 
para conseguir destaque no mercado de tra-
balho. Se por qualquer motivo você tiver per-
dido ou queira assistir novamente, sugiro que 
adquira o passe VIP, que dá acesso à todas as 
palestras quando e quantas vezes você quiser, 
além de diversos bônus imperdíveis.
Que época boa para ser designer.
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4 • Edição 11
Sumário
Identidade São Paulo
Pág. 08
Los Makers
Pág. 26
História da arte criativa
Pág. 44
Casa Cor Rio de Janeiro 2015
Pág. 18
Entrevista com Ligia Fascioni
Pág. 36
Resenha: Sistemas de grelhas
Pág. 54
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6 • Edição 11
Créditos
Diretor
Capa
Revisão
Logotipo
Site
Email
Redes Sociais
Projeto gráfico
Diagramação
Ilustrações
Fotografias
Idealizadores
Redatores
Lucas Fernandes
Júlio Carvalho
Juliana Teixera
Lourrane Alves
Elementos À Solta
designmagazine.com.br
lucas@designmagazinebrasil.com.br
facebook.com/revistadesignmagazine.br
twitter.com/DMBr_Oficial
Douglas Silva
Hebert Tomazine
Leandro Siqueira
Lucas Fernandes
Thiago Seixas
Vitor Cardoso
Douglas Silva
Leandro Siqueira
Lucas Fernandes
Douglas Silva
Wendel Fragoso
André Reis
Diego Gomes
Douglas Silva
Gilberto Ferreira
Leandro Siqueira
Lucas Fernandes
Arthur Dias
Eliezer Santos
Éllida Assis
Lucas Fernandes
Mayara Wal
Silvia Grilli
Edição #11
Outubro/2015
A Design Magazine Brasil é uma projeto de LucasFAdS e Grupo I3C3.
O conteúdo textual e imagético da revista pertence aos seus respectívos autores e não 
pode ser reproduzido sem autorização prévia.
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Outubro 2015 • 7
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8 • Edição 11
 “Pensamos que a simbologia 
permite que cada região seja 
diferenciada, promovendo seus 
atrativos, o que gera turismo e 
consequentemente a procura
por investimentos.”
Identidade São Paulo
Imagens: Cortesia Identidade São Paulo.
Atua como freelancer desde 2012 com criação 
de logotipos, peças publicitárias, etc. Atual-
mente tem se dedicado a edição de vídeo e 
motion design.
Eliezer 
Santos
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Outubro 2015 • 9
Design Magazine Brasil
Uma boa ideia dá trabalho, não dá? O que 
dizer então de uma ideia genial? O que dizer então 
de uma ideia genial, a ser aplicada em cada um 
dos mais de 450 bairros da capital paulista? Lou-
cura? Alguns poderiam até considerar, mas não o 
casal Pedro Campos e Stella Curzio, idealizadores 
do IDENTIDADE SÃO PAULO, um grande projeto que 
pretende criar uma identidade visual própria e um 
logotipo para cada bairro da capital paulista.
Quem teve a ideia inicial foi Pedro, Designer 
a mais de 15 anos, que entre um trabalho e outro 
para terceiros, sentia a necessidade de começar um 
projeto próprio, não só que engrandeceria seu tra-
balho, mas que contribuísse de alguma forma para 
sua cidade: “-Uma palavra que estava acostumado 
a ouvir a vida inteira tornou-se, por alguns instan-
tes, completamente estranha e engraçada. Foi o 
caso do Butantã. Dizia: ‘Butantã, Bu-tan-tã’; e me 
perguntava que nome é esse?” Afirmou. Foi então 
que ele achou que seria legal criar logotipos que re-
presentassem os bairros.
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10 • Edição 11
Identidade São Paulo
A ideia surgiu em 2009, mas só em 2013 ela 
começou a ganhar forma: “- Em uma das arruma-
ções corriqueiras, resgatei um caderninho antigo de 
anotações em que estavam os rabiscos do projeto. 
Mostrei para a Stella e expliquei a ideia”. Sua mu-
lher, segundo ele, achou o projeto fantástico e en-
trou de cabeça na empreitada. Se iniciava ali então 
um longo caminho de esforço, tempo e pesquisa 
nos bairros para descobrir qual a “cara” de cada um.
Mas talvez alguém possa pensar em qual a fi-
nalidade de se ter um logotipo representando seu 
bairro, uma vez que logotipos são ferramentas cos-
tumeiramente usadas para representar empresas, e 
não lugares. Quando muito, representam as admi-
nistrações regionais, como os logotipos de prefei-
turas e etc. É nesse ponto que entra a genialidade 
do projeto. “-Vemos muito potencial desperdiçado 
em São Paulo.” Conta ele. “- Um exemplo disso é 
o Mirante do Jaguaré. Eu, mesmo morando anos 
próximo a região, só soube da existência do monu-
mento devido ao Identidade SP, pois nem no rotei-
ro oficial de turismo da cidade ele é mencionado. O 
local além de ser obra do sobrinho do Santos Du-
mont, permite uma visão fantástica da cidade. Atu-
almente o patrimônio histórico está praticamente 
abandonado e imagino no que poderia ser daquela 
região com um monumento daqueles em termos 
de desenvolvimento. Por isso fizemos questão de 
representá-lo no logotipo do bairro. Pensamos que 
a simbologia permite que cada região seja diferen-
ciada, promovendo seus atrativos, o que gera turis-
mo e consequentemente a procura por investimen-
tos. Para os bairros novos ou pouco conhecidos, e 
até mesmo aqueles que não possuem patrimônios 
históricos ou alguma característica aparente, incen-
tiva e promove a importância do desenvolvimento 
local por meio do design. A marca, para estes casos, 
pode servir também como umbrella (ou seja, vários 
produtos e serviços que podem surgir a partir do 
conceito da marca Identidade SP)”. Conclui. 
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O logo da Next tinha também 
versões bicolores, usando a 
paleta da identidade.
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12 • Edição 11
Este conceito não é novo. Chama-se Place Branding e é utilizado 
em alguns lugares do mundo, mas a ideia de se utilizar dessa forma, 
visando uma identificação com o bairro, é totalmente nova. As pos-
sibilidades de utilização são infinitas, bem como os benefícios que o 
projeto traria para a população. Stella, que é Jornalista, nos conta uma 
situação que ilustra bem quais tipos de benefícios que uma identida-
de do bairro poderia trazer: “-Muitos paulistanos (e eu me incluo nesse 
nicho), não sabem em qual bairro estão ao trafegarem pelacidade, 
imagine os turistas e estrangeiros?” Diz ela. “-A ideia para a criação da 
nossa web série surgiu após eu ter passado por isso recentemente. 
Voltando de uma reunião, eu e o Pedro estávamos sem o auxílio do 
GPS e acabamos errando o caminho de volta. Após dirigirmos por um 
tempo significativo sem saber onde estávamos, paramos em um farol 
(semáforo) e, ao olhar para a minha direita, vi uma parede imensa de 
tijolos com telhadinhos, como se fossem várias casinhas germinadas 
e após um déjà vu, lembrei que já havia visto aquela construção e 
imediatamente puxei na memória a Estação Ciência, representada em 
nosso logotipo da Lapa. O farol abriu e logo mais a frente, o bairro se 
Identidade São Paulo
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confirmou como sendo a Lapa: ficamos frente a frente com o Mercado 
Municipal da Lapa, também representado no logotipo do bairro”.
Perguntei se o projeto já havia sido apresentado ao poder pú-
blico de São Paulo, e segundo Stella, até houve um interesse e uma 
proposta de parceria por parte do governo, mas nada concreto, e 
nada principalmente na área de investimento financeiro. Não há se-
quer apoio cultural, já que Stella se dedica a pesquisas bairro a bair-
ro, para desvendar um pouco da história e características de cada lu-
gar, pois a ideia é ter uma logo que represente fielmente cada bairro: 
“- Em alguns casos, quando precisamos de maiores informações a 
respeito dos bairros, buscamos ajuda e orientação das associações 
dos moradores que, apesar de terem sido muito solícitos até o mo-
mento, também carecem de informações, já que muitas delas são de 
responsabilidade de pessoas específicas que dificilmente consegui-
mos contato direto”.
O projeto não se limitará apenas a capital paulista. Assim que 
concluírem o Identidade SP, o casal pretende desembarcar na cidade 
maravilhosa, e dar início ao Identidade RJ, e assim por diante, levan-
do o projeto a todas as capitais do País. Perguntei se havia algum pro-
jeto para incluir as cidades interioranas também, e Pedro me disse não 
descartar nenhuma cidade, mas sem investimentos, parcerias e gente 
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14 • Edição 11
comprometida com o projeto, ficaria humanamen-
te impossível para apenas eles dois estenderem a 
ideia não só às capitais, mas a todas as cidades.
Outro valioso benefício que o projeto poderia 
trazer para a população seria dar uma grande con-
tribuição na difusão do Design em nossa cultura, já 
que, como todos sabem, a grande maioria da po-
pulação brasileira não sabe o que é Design, e por 
isso, não dá a real importância que o Design tem 
na sociedade: “-A experiência visual é o que há de 
mais importante para o ser humano na tomada de 
decisões de consumo”. Diz Pedro, e Stella conclui: 
“-Segundo pesquisas, para algumas pessoas, a po-
sitividade e intensidade emocional com determina-
das marcas ou produtos possuem similaridades se 
comparadas ao sentimento desperto por aquelas 
pessoas não tão próximas, mas que provocam algu-
ma empatia e, esta relação é o que buscamos com o 
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16 • Edição 11
Identidade São Paulo
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Identidade São Paulo. Queremos criar ou fortalecer 
o elo entre as pessoas e seus bairros, despertando o 
sentimento de cuidado e zelo, contribuindo para a 
divulgação da história, preservação de patrimônios 
e das tradições dos bairros paulistanos”.
Quem sabe num futuro próximo, as Prefeitu-
ras comprem a ideia, e além de ter uma importante 
ferramenta de localização e identificação, os mora-
dores de cada bairro possam ter souvenires cole-
cionáveis com a marca que representa o seu bairro, 
além de adquirirem uma noção mais ampla de ci-
dadania e Design?
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18 • Edição 11
Casa Cor Rio de Janeiro 2015
Fotos: André Reis.
“Construídas entre os anos de 
1908 e 1916, as casas formam 
um conjunto arquitetônico em 
estilo eclético.”
Estudante de Arquitetura e Urbanismo. Curte an-
dar de long board e ler livros de arquitetura, ir 
a museus e tudo ligado a arte, além do contato 
com a natureza.
Éllida
Assis
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A Casa Cor Rio 2015 completa sua 25º edição 
no Rio em uma centenária vila composta pelo pré-
dio do antigo Hotel Turístico, o Edifício Baronesa e 
as 09 casas geminadas, tombadas pelo município 
e incluída na Área de Proteção do Ambiente Cultu-
ral da Glória e do Catete desde 2005. Localizada na 
Glória, Zona Sul do Rio de Janeiro, a Villa Aymoré foi 
o local escolhido para a maior e melhor mostra de 
arquitetura, decoração e paisagismo das Américas, 
localizada no pé do morro da Glória. 
Construídas entre os anos de 1908 e 1916, as 
casas formam um conjunto arquitetônico em estilo 
eclético. Cada uma recebeu nomes indígenas, pois 
os primeiros a ocuparem a região do morro da Gló-
ria foram os índios tupinambás. 
Antes da Villa Aymoré ser construída, morou 
ali a Baronesa de Sorocaba, irmã da Marquesa de 
Santos, ambas amantes de D. Pedro I.
Em 2000 a Villa foi adquirida pela Land-
markProperties, o primeiro e único fundo de in-
vestimento do país a apostar na revitalização do 
patrimônio histórico, aplicando 50 milhões de 
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20 • Edição 11
reais. Restaurada pela RAF Arquitetura e execu-
tada pela Lafem Engenharia, tudo supervisiona-
do e acompanhado pelo Instituto Rio Patrimô-
nio da Humanidade. 
O evento contou com 63 renomados Arquite-
tos, Designer de Interior e Paisagistas do país que 
em cerca de 5 mil metros quadrados, divididos em 
42 ambientes, buscaram demonstrar o jeito cario-
ca de morar em home offices, espaços de criação, 
estúdios e lofts, ao criarem ambientes que unem 
trabalho e descontração, antigo e moderno. Sem-
pre interligando a vida pessoal com a profissional, 
explorando a natureza dos materiais, tanto na es-
trutura aparente quanto na decoração, trazendo 
contemporaneidade ao ambiente. 
Partido Conceitual
O romance de D. Pedro 1º com a Baronesa 
foi inspiração de muitos arquitetos na criação de 
seus ambientes.
O livro La Garçonnede Victor Margueritte foi 
inspiração para André Piva e Vanessa Borges dar o 
nome de seu ambiente de Garçonnière. Utilizada 
para receber amores avulsos, o ambiente projetado 
é uma espécie de refúgio, sendo um local para en-
contros com a literatura, a arte, a música e os amo-
res avulsos, através de uma iluminação intimista 
que combinada aos quadros e livros, traz sensuali-
dade ao ambiente.
Adriana Ferraz e Cristiana Galvão propu-
seram uma releitura do quarto da Baronesa de 
Sorocaba, dando o nome de Quarto da Amante. 
Em versão moderna e utilizando peças de anti-
quário, o quarto recebeu também um papel de 
parede em 3D que simula uma renda sobreposta 
a um espelho. A proposta do projeto é trazer a 
atmosfera do século 21 para o quarto da baro-
“A Sala de Morar das 
arquitetas Bitty Talbot 
e Cecília Teixeira foi 
inspirada em uma 
carioca solteira”
nesa como o lugar de encontro furtivos entre ela 
e Dom Pedro I.
Os home offices também apareceram em 
alguns espaços, interligando a vida pessoal 
com a profissional.
Jairo Sender deu o nome de seu ambiente 
de Sala Multiuso, tendocomo inspiração um jo-
vem executivo bem sucedido, que realiza seus ne-
gócios de uma forma mais descontraída, em um 
espaço onde possa jogar com seus clientes, tomar 
um drink, vir direto de um clube ou aeroporto, to-
mar seu banho e trabalhar. Para essa rotina, o es-
critório foi pensado com uma sala de banho, clo-
set e espaço gourmet.
A Sala de Morar das arquitetas Bitty Talbot e 
Cecília Teixeira foi inspirada em uma carioca soltei-
ra, designer de estampas. Criaram um espaço onde 
a designer possa trabalhar, descansar e fazer suas 
refeições, tudo no mesmo espaço, por isso o nome. 
Onde o espaço exerce várias funções. 
O Jeito Carioca de morar está demonstrado 
em muitos ambientes da Casa Cor Rio 2015, alegre, 
colorido, casual e chique. 
Um deles é o Estúdio dos Colecionadores, es-
paço de Maurício Nóbrega, que se inspirou em um 
casal carioca, colecionador de artes contemporâ-
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22 • Edição 11
neas. Utilizou o corrimão da escada como estante 
para expor algumas coleções. Além disso o espaço 
foi criado para receber e expor as coleções de seus 
amigos que também são colecionadores.
O Living da Praia de Paola Ribeiro foi 
inspirado no modo de viver dos cariocas, um 
ambiente de praia sem perder o estilo urba-
no. Na parede atrás da escada, Paola optou 
por um papel de parede que imita venezia-
nas, numa referência às janelas existentes. 
Percebe-se no espaço uma rica e harmoniosa 
mistura de peças contemporâneas e antigui-
dades que expressa uma cidade com ar jovial 
cercada de memórias.
A paulista Marina Linhares criou um loft 
versão estúdio com a cara do Rio, um espa-
ço despojado que valoriza a arte, dando o 
nome de seu ambiente de Casa dos Cocares. 
Com quarto, sala integrada com a cozinha, 
home office, banheiro e closet , seu projeto 
foi inspirado no lado afável dos cariocas, ao 
propor um amplo espaço onde acontece to-
das as atividades integradas, ao tempo que 
acolhe a todos.
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Outubro 2015 • 23
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A Sala de Estar Bela Arte projetada por Ricar-
do Melo e Rodrigo Passos foi inspirada nos anos 
70 e 80, idealizada para um casal carioca de estilo 
bucólico, amantes de artes em geral. O ambiente 
contou com um espelho em sépia, com as cores 
mais utilizadas da época como o verde, o laranja e o 
vermelho, com uma estante de madeira nobre feita 
sem parafusos, que combinados, resgata a nostal-
gia da época que os inspirou.
“O espaço de Emmilia 
Cardoso foi pensado 
para uma jovem carioca 
da Zona Sul, que gosta 
de fotografar e apreciar 
o pôr do sol.”
O espaço de Emmilia Cardoso foi pensado 
para uma jovem carioca da Zona Sul, que gosta de 
fotografar e apreciar o pôr do sol. Dando o nome do 
ambiente de Quarto Solar, as cores utilizadas em 
seu projeto remetem a ideia do pôr do sol. A mistura 
de objetos modernos e contemporâneos encheu o 
quarto de personalidade.
Jantar à Carioca foi a criação de Mariana A. 
Dornelles e Stefano Barino. O espaço de 30m² con-
tém uma cozinha, sala de jantar e um bar suspenso. 
O destaque do ambiente está na elegância da mesa 
de vidro, onde sobre esta se encontra um bar sus-
penso por cabos de aço. O mobiliário traz essa mis-
tura de contemporâneo e clássico, o papel de pare-
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24 • Edição 11
de em tom coral da Orlean junto com os quadros, 
deixa o clima mais tropical. A sala ainda conta com 
uma parede de cobogó com fundos espelhados 
dando amplitude ao espaço, que foi criado para re-
ceber amigos e ali permanecerem por toda a noite.
Sobrado Studio Ro+Ca de Carlos Carvalho 
e Rodrigo Beze foi inspirado em um empresário 
que possui apartamentos pelo mundo inteiro. 
Com uma pegada mais industrial e seguindo uma 
tendência das metrópoles mundiais, onde áreas 
e construções abandonadas dão lugares a lofts. 
Esse novo jeito de morar carioca, que se origina 
da revitalização da zona portuária, dá visibilida-
de ao ambiente, não sendo mais predominante 
o estilo praiano. O estúdio guarda as caracterís-
ticas industriais como a estrutura, as tubulações 
e os acabamentos originais aparentes, tanto na 
sala quanto no quarto. 
LAB LZ by GT de Gisele Taranto propôs 
um laboratório de ideias, dando destaque 
para os tubos de ensaios que adornam o am-
biente em cima da mesa. Espaço pensado 
para profissionais se reunirem e discutirem 
questões que influenciam a forma de habitar. 
Propôs um chão em mosaico de espelhos, 
com o intuito de tirar as pessoas de suas zo-
nas de conforto, criando impacto e buscando 
dessas um momento de reflexão. Com a pro-
posta de sustentabilidade, resgatou espelhos 
em vidraçarias para criarum chão que remete 
a ideia de camadas de pensamentos. Da mes-
ma forma, tudo no ambiente foi pensado em 
camadas, das cortinas ao cimento aparente 
mostrando a estrutura. O espaço traz obras 
de Vik Muniz, Tal Danino, Angelo Venosa, Ro-
drigo Calixto, Walmor Corrêa.
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Outubro 2015 • 25
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Paula Bergamin se inspirou no jardim da 
casa de Frida, uma pintora mexicana que man-
tinha seu ateliê de frente para um jardim, dan-
do o nome de seu espaço de Jardim da Frida 
Kahlo. Devido a sustentabilidade, optou por um 
pergolado de madeira de eucalipto com um teto 
verde, com uma refrescância de menos 3ºC à 
baixo dele. Além disso, utilizou plantas que não 
necessitem de muita água para sobreviver, como 
azaleias, cactos, bougainville, fazendo um jardim 
mais sustentável. O ambiente traz o colorido me-
xicano para o Rio, podendo ser um local de re-
laxamento, de leitura, recepção de amigos e até 
mesmo de trabalho.
Esses foram alguns de muitos ambientes 
que estão na Casa Cor Rio 2015.
Em uma conversa com Patricia Mayer, or-
ganizadora da Casa Cor Rio, junto com Patricia 
Quentel, ambas disseram que estavam procu-
rando um espaço que fosse um local marcante 
no Rio de janeiro, já que já fizeram a Casa Cor Rio 
em muitos outros lugares, como em hotéis, con-
domínios, outros bairros, clubes, diversas outras 
casas, no Casa Shopping na Barra, entre outros, 
mas esse ano tinha que ser em um lugar que re-
metesse à história do Rio de Janeiro, já que o Rio 
está comemorando seus 450 anos.
“Então quando apareceu a Villa Aymoré que 
foi construída no início do séc. XX, uma Villa que 
ficou abandonada por muitos anos e que estava 
em péssimo estado de conservação, nós achamos 
que esse seria o lugar ideal, pois ela tinha passado 
por um processo de restauro há 4 anos atrás”.
“A ideia de fazer a edição de 2015 da 
Casa Cor Rio em um lugar que tem a ver com 
a história da cidade, um pedaço do Rio res-
taurado que resgata a nossa memória, é mui-
to bacana! Assim como outros lugares estão 
ressurgindo, tal como a Praça Mauá. A Villa é 
composta por nove casas geminadas, um hotel 
turístico, todos tombados e ainda um prédio 
contemporâneo nos fundos. Quando viemos 
visitar tivemos certeza que a Villa Aymoré seria 
o local ideal para essa edição de 25 anos. Está 
sendo um sucesso, as pessoas estão encanta-
das. Com isso nós podemos ver como a história 
carioca está sendo revivida.”
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26 • Edição 11
Los Makers
Sócia-diretora do portal TrendMóvel. Formada em 
Desenho Industrial,especializada em design de in-
teriores. Consultora no setor de móveis/decoração 
e de projetos para organizações públicas e privadas.
Silvia
Grilli
Imagens: Silvia Grilli.
 “O evento idealizado pelo 
designer colombiano Jorge 
Montana, com o objetivo de 
promover o design produzido 
por meios digitais”
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Outubro 2015 • 27
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28 • Edição 11
A mostra Los Makers Edição Brasil foi realiza-
da durante a DW! Design Weekend, em São Paulo, 
de 12 a 16 de agosto. O evento idealizado pelo de-
signer colombiano Jorge Montana, com o objetivo 
de promover o design produzido por meios digitais, 
realizou sua primeira edição no Brasil exibindo o 
trabalho de designers convidados numa iniciativa 
do portal  TrendMóvel  em parceria com o Instituto 
Europeu de Design – IED São Paulo.
A produção ubíqua é o fenômeno mais ra-
dical e disruptivo desde a Revolução Industrial: 
máquinas conectadas a um computador ofere-
cem a possibilidade de realizar processos de cor-
te, fresagem e prototipagem, antes muito com-
plexos, a partir de arquivos digitais desenhados 
em qualquer lugar do mundo. Aproveitando esses 
recursos, novos empreendedores criam e compar-
tilham arquivos que podem ser replicados, favore-
Los Makers
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Outubro 2015 • 29
Design Magazine Brasil
cendo a produção local. Diferentes designers e ar-
tistas vislumbram, através dessas tecnologias, um 
novo meio de expressão para criação e produção 
de objetos com alto valor estético e funcional e a 
baixo custo. Enfim, a produção ubíqua une as duas 
pontas do design - criador e fabricante - indepen-
dentemente de sua localização geográfica.
“Os trabalhos expostos 
na mostra Los Makers 
foram organizados em 2 
categorias”
Os trabalhos expostos na mostra Los Makers 
foram organizados em 2 categorias:
DESIGN DE PRODUTOS | design digital envia-
do para moldagem, corte e usinagens sobre madei-
ra e derivados, plásticos ou confeccionados através 
de impressoras 3D.
DESIGN DE SUPERFÍCIES | design digital apli-
cado  em produtos têxteis, estampas e desenhos 
aplicados sobre vidros, padrões recortados sobre 
couro, plásticos e outros materiais.
A designer e curadora da mostra Silvia Grilli 
revela que procurou mesclar o trabalho de ‘makers’ 
jovens e experientes com a intenção de desmisti-
ficar a ideia de que os processos digitais são utili-
zados apenas por profissionais recém-formados. A 
criação e produção por meios digitais está presen-
te há pelo menos 15 anos em fábricas de todos os 
portes. Além dos softwares de projeto como Solid 
Works e AutoCAD estão ali presentes as chamadas 
máquinas CNC (de comando numérico) como Cen-
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30 • Edição 11
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Outubro 2015 • 31
Design Magazine Brasil
tro de Usinagem, Torno Copiador, Router e etc. O 
que mudou foram os sistemas de comunicação, que 
agilizam a transferência de arquivos entre criador e 
produtor, facilitando a prototipagem e acelerando 
o processo de desenvolvimento. Desta forma o de-
signer pode acompanhar a evolução do seu projeto 
mesmo estando longe do fabricante.
E por falar em compartilhamento, um dos 
participantes de Los Makers Brasil foi o CR.U.SH. 
, um coletivo que desenvolve projetos baseado na 
filosofia Open Desk. O designer Mateus Machado 
explica que todos os projetos CR.U.SH. podem ser 
baixados gratuitamente para produção local atra-
vés dos arquivos digitais. Entre os produtos dis-
poníveis estão bancos, cadeiras e mesas para uso 
social ou escolar.
As veteranas Renata Rubim e Ligia de Medei-
ros apresentaram seus trabalhos bidimensionais, 
realizados por meio digital: Renata enviou os painéis 
desenhados para Oca Brasil Revestimentos e Ligia 
mandou seus painéis em lona, tecidos e almofadas. 
Moricy Lui Chaim, outra designer experiente à frente 
da Móve Móvel, mostrou ao público como surgem os 
móveis totalmente fabricados a partir das CNC.
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32 • Edição 11
Los Makers
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Outubro 2015 • 33
Design Magazine Brasil
O mancebo Spok foi um dos destaques da 
mostra. Com design e produção de Roni Sebben o 
mancebo com luz Led nasceu no computador do 
designer e foi direto para o centro de usinagem. 
O desenvolvimento de padrões usinados em 3D é 
uma das especialidades de Roni.
As belíssimas estampas de Alex Bigeli chama-
ram a atenção dos visitantes de Los Makers Brasil. 
Bigeli é um criador experiente, com trabalhos reali-
zados para grifes internacionais como Carolina Her-
“As belíssimas estampas 
de Alex Bigeli chamaram 
a atenção dos visitantes 
de Los Makers Brasil. ”
rera, PRADA, Comme des Garçons e agora assina os 
tecidos da própria marca, TEZ Living Style. A qua-
lidade da impressão digital presente nos tecidos 
TEZ é surpreendente, com um nível de precisão e 
profundidade comparável aos melhores processos.
A impressão 3D também esteve presente em 
Los Makers Brasil, e o público pôde observar o fun-
cionamento da Cube 3, terceira geração da impres-
sora 3D mais popular do mundo. De acordo com 
o diretor geral da 3D Systems Latin America, Luiz 
Fernando Dompieri, “a impressão tridimensional 
é certamente um dos maiores exemplos da pro-
dução ubíqua e do avanço da tecnologia. Por isso 
apresentamos a Cube 3, que oferece 20 cores de su-
primentos e permite a produção com duas cores e 
em dois materiais (plásticos ABS e PLA) na mesma 
peça, tudo de forma simultânea”. 
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34 • Edição 11
Los Makers
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Outubro 2015 • 35
Design Magazine Brasil
As impressoras 3D são o desejo de consumo 
de todos os estúdios de design de produto, como 
o Studio[b] que propôs para Los Makers Brasil um 
painel decorativo/interativo. O designer Guilher-
me Miranda conta: “Não sabíamos muito bem 
como era a impressão 3D na questão do acaba-
mento, estrutura das peças, tempo de impressão, 
cores etc. Eu e o Du Bortolai fizemos muitas pes-
quisas para entender melhor esse processo a fim 
de criar algo que mostrasse a capacidade da im-
pressora e também gerasse uma interação com o 
público. Daí surgiu a ideia de montar uma cortina 
de galhos e flores. Os visitantes da exposição po-
deriam presenciar a impressão das peças em 3D 
e contribuir com a instalação. O resultado final foi 
super bacana!”.
A próxima edição de Los Makers já está pro-
gramada, com chamada para submissão de traba-
lhos, a partir de março 2016. 
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36 • Edição 11
 “Foi numa aula de percepção 
visual que ouvi pela primeira 
vez numa sala de aula a palavra 
mágica, ‘design’.”
Entrevista com Ligia Fascioni
Arte da vitrine: Wendel Fragoso. Fotos: Cortesia Ligia Fascioni.
Designer de produto de formação e metida a docei-
ra nas horas vagas. Formada desde 2011, buscando 
sempre estar antenada e se atualizar na área, atual-
mente estuda Design de Serviços e Interação.
Mayara
Wal
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Outubro 2015 • 37
Design Magazine Brasil
Engenheira eletricista, que ao entrar em con-
tato com a area de marketing, conheceu o Design, 
e, como ela mesma escreveu, “foi amor à primeira 
vista”. Ligia mora e é apaixonada por Berlim, é só-
cia de uma start up com seu marido, trabalhacomo 
consultora em Gestão do design, já publicou alguns 
livros, dá cursos e palestras que atravessam o oce-
ano, tem dois sites e colabora com diversos sites 
como colunista. No meio dessa inspiradora multi-
disciplinaridade, ela conta um pouco pra gente so-
bre a vida profissional e compartilha esse mundo 
que tanto a fascina, o Design.
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38 • Edição 11
Entrevista com Ligia Fascioni
Da engenharia para o design, como foi 
esse caminho? 
Muita gente não entende o meu trabalho, 
acha que sou uma engenheira metida à designer. 
Obviamente, a culpa não é dessas pessoas, é que o 
negócio é confuso mesmo, como tudo o que é rela-
tivamente novo.
Fiz uma mudança na minha carreira profis-
sional bem ao estilo século XXI, onde impera a mul-
tidisciplinaridade e a oferta de serviços que antes 
não existiam, com nomes, às vezes, bem estranhos. 
Então penso ser importante falar um pouco a res-
peito para que o pessoal entenda porque, mesmo 
não sendo designer, insisto em dar meus pitacos 
em todos os assuntos relacionados.
Vamos lá. Sou engenheira eletricista e traba-
lhei com robótica por 12 anos, feliz da vida, até o 
dia em que resolvi fazer uma pós-graduação em 
marketing e me apaixonei pelo assunto. Comecei a 
fazer cursos na área e acabei me matriculando em 
uma outra pós, dessa vez em comunicação e propa-
ganda. Foi numa aula de percepção visual que ouvi 
pela primeira vez numa sala de aula a palavra mági-
ca, “design”. Foi amor à primeira vista e, depois des-
se primeiro contato resolvi que teria como missão 
compartilhar tudo o que eu aprendesse com meus 
colegas engenheiros para que eles pudessem ter a 
real dimensão do poder dessa ferramenta.
Depois de virar freguesa de carteirinha de li-
vrarias reais e virtuais (incluindo a minha amada 
Amazon) e estudar até me tornar “a chata do de-
sign” entre os meus amigos, fui aceita no progra-
ma de doutorado em Gestão do Design na UFSC 
(eu já tinha mestrado em Automação e Controle 
Industrial). Ao me aprofundar no tema, descobri a 
importância da gestão da identidade corporativa 
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Outubro 2015 • 39
Design Magazine Brasil
e desenvolvi um método que já foi aplicado em 23 
empresas de todos os portes (espero que nesse ano 
o número ainda cresça bastante).
Assim, além de dar aulas em cursos de gradu-
ação e pós-graduação em design, sou palestrante e 
consultora de empresas. Meu trabalho é basicamen-
te convencer os empresários a dar mais importância 
aos designers, já que o método recomenda a contra-
tação de profissionais especializados em algumas 
etapas. Para mim é mais fácil falar com esse povo da 
tecnologia do que para os designers, uma vez que 
falo a língua dos engenheiros e empresários – eu en-
tendo como pensam pessoas extremamente racio-
nais e cartesianas que não fazem idéia do que seja 
design (não faz muito tempo eu também era assim).
Penso que tenho alguma coisa a contribuir com 
essa área do conhecimento, primeiro porque tenho es-
tudado muito e com bastante profundidade os temas 
relacionados; segundo porque tenho tentado divulgar 
a importância do trabalho dos designers em todos os 
meios de comunicação que tenho acesso (mantenho 
um site, um blog, faço palestras, dou cursos, escrevo 
artigos para revistas de negócios, e já publiquei 2 livros 
sobre o assunto – o terceiro está no forno); finalmente 
porque posso trazer para os designers a visão do outro 
lado do balcão.
Por isso, falo e repito: não sou designer, não faço 
projetos, marcas, produtos ou o que seja. Isso acontece 
não só porque não tenho formação para isso (quem dá 
o título de designer é o curso de graduação; eu sou en-
genheira eletricista), mas também porque está fora do 
meu foco, que é a gestão do design.
Tenho me debatido muito sobre a formação 
dos profissionais, porque vez ou outra me encontro 
na situação de não ter ninguém para recomendar 
aos meus clientes (sou exigente e sei que eles tam-
bém são, não posso queimar meu filme indicando 
um profissional medíocre). Sei o quanto o portu-
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40 • Edição 11
guês bem falado e escrito, a boa fundamentação 
teórica, a segurança na apresentação do trabalho, 
o talento, a postura, a ética e muito conhecimento 
são fundamentais para que o cliente confie no pro-
fissional que está contratando. Por isso é que impli-
co tanto com algumas lacunas que vejo na forma-
ção dos designers. Sei que as escolas (pelo menos 
em Santa Catarina) ainda são novas e eu vim de 
uma das melhores escolas de engenharia do país. 
Sei o quanto uma boa formação pesa na hora de 
apresentar e realizar um trabalho bem feito. Que-
ro ter orgulho de apresentar bons profissionais de 
design, e não vergonha das apresentações deles, 
como às vezes acontece.
Para fazer bem o trabalho que escolhi, preciso 
estudar design o tempo todo, mas também tenho 
que estar a par dos assuntos mais diversos: estra-
tégia, arquitetura, comunicação, planejamento, 
moda, gestão, relações humanas, jornalismo, eco-
nomia, artes plásticas, psicologia, publicidade, polí-
tica, ilustração, web, interação, marketing, redação, 
literatura, novas tecnologias e o que mais aparecer.
Já nasci multidisciplinar e fico muito feliz em 
viver numa época que começa a resgatar os valores 
do renascimento, onde é preciso aprender muito de 
cada coisa para fazer um trabalho realmente espe-
cial. Sempre fico pensando em como seria infeliz se 
tivesse que escolher um nome só para descrever o 
trabalho que faço com tanta empolgação. O preço, 
porém, é esse mesmo. As pessoas não conseguem 
me descrever e nem ao meu trabalho, além de estar 
sempre correndo o risco de ser mal-entendida.
No final das contas, o que posso dizer é uma 
coisa só: Estou, como se diz, como “um pinto do lixo”, 
fazendo a festa com a minha biblioteca. Está valendo 
muito a pena e faria tudo de novo, principalmente, 
como podem duvidar alguns, a parte da engenharia.
Qual o papel da internet na sua vida pesso-
al e profissional? 
A internet é minha conexão com o Brasil e 
com o mundo; por meio dessa poderosíssima ferra-
menta consigo contatos para trabalhos, consigo de-
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Outubro 2015 • 41
Design Magazine Brasil
bater e disseminar ideias e, principalmente, consigo 
ler outras opiniões e aprender.
Por que a Alemanha para viver e trabalhar? 
Meu marido veio a convite de uma empresa 
alemã em 2011. Ele é um engenheiro extremamen-
te qualificado e já havia morado aqui antes por seis 
anos antes de fazer o mestrado na Inglaterra (o dou-
torado foi no Brasil, depois que ele voltou). Sempre 
quis morar em outro país porque penso que a vida é 
muito curta para a gente economizar experiências, 
então foi uma decisão fácil de tomar. Nos apaixona-
mos perdidamente por Berlim e, no final do segun-
do ano, vendemos nosso apartamento no Brasil e 
montamos uma start-up aqui, que tem um ambien-
te muito mais favorável ao empreendedorismo do 
que a gente tinha experimentado no nosso país. Eu 
trabalho na empresa, mas também vou algumas 
vezes por ano ao Brasil para ministrar cursos e pa-
lestras. Adoro essa flexibilidade e é também uma 
maneira de rever pessoas queridas e comer a me-
lhor comida do mundo.
Além de escritora, colunista e atuante 
na área de design Thinking você dá palestras e 
workshops. Como tudo isso surgiu e o que você 
escolheria como algo que mais gosta? 
São áreas complementares, então não há 
como escolher uma delas. Descobri que o quemais amo fazer na vida é aprender e compartilhar 
o que aprendi. Há várias maneiras de fazer isso; es-
crevendo, falando, conversando, viajando, enfim. 
Todas essas coisas se completam na missão. Tam-
bém vou começar a investir na carreira de ilustra-
dora (pretendo fazer alguns cursos aqui) para ter 
mais uma ferramenta à mão que não seja tão de-
pendente da língua (alemão é bem mais difícil do 
que parece à primeira vista).
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42 • Edição 11
Entrevista com Ligia Fascioni
Conselhos e dicas para profissionais 
que estão entrando agora no mercado de De-
sign Thinking e empresas que estão aplican-
do a metodologia. 
“Design thinking não é uma cura milagrosa: 
ele não vai salvar você”, Helen Valters. A primeira 
coisa que Helen deixa claro (que parece ainda es-
tar bastante confuso na cabeça de alguns profissio-
nais), é que design thinking não é design. O design 
thinking não substitui o trabalho que os designers 
normalmente fazem. É preciso continuar projetan-
do embalagens, marcas, produtos, sites, peças grá-
ficas e por aí vai, da mesma maneira como os desig-
ners sempre fizeram.
O design thinking é uma ferramenta de inova-
ção; é uma abordagem predominantemente de ges-
tão, que se vale de técnicas que os designers usam 
para resolver problemas. A confusão é tão grande, 
mesmo lá na terra do Tim Brown, que Don Norman 
já chegou a dizer que design thinking era um termo 
que deveria morrer para não causar mais estragos.
Por outro lado, o design thinking, seja lá com 
o nome que tiver, embute um potencial excepcio-
nal para ajudar organizações, desde que elas não 
pensem que isso é algum tipo de mágica. O design 
thinking é um processo como qualquer outro. Pre-
cisa ser compatível com a cultura da empresa e ne-
cessita trabalho árduo para florescer e fazer parte do 
conjunto de ferramentas usadas na rotina de reso-
lução de problemas do dia-a-dia dos profissionais.
Minha opinião é que o design thinking é uma 
das ferramentas para se fazer a gestão do design na 
empresa. Mas não é a única e nem resolve automa-
ticamente todos os problemas.
Dito isso, há que se considerar que o design 
thinking é ótimo para fertilizar e nutrir ideias, basta 
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Outubro 2015 • 43
Design Magazine Brasil
lembrar que elas não nascem dentro de uma caixa 
preta. É útil, principalmente, quando a empresa não 
tem designers entre seus líderes e não está mergu-
lhada numa cultura de design consolidada. Um 
bom exemplo é a Apple, que não usa formalmente 
o design thinking, mas respira design por todos os 
poros; e olha que ela é a empresa mais orientada ao 
design que se tem notícia.
Sim, design thinking é realmente um instru-
mento poderoso, que pode ajudar de verdade sua 
empresa a inovar. Mas ainda assim é apenas uma 
ferramenta, incluindo todos os poderes e limitações 
que qualquer ferramenta tem.
Então, pessoas, é isso. Design thinking não é 
super-herói, não é investimento com retorno garan-
tido, não é santo milagreiro, não é artista da moda, 
não é Viagra, não é design de produto e também não 
é o santo padroeiro dos empresários desesperados.
Mesmo assim, se eu fosse você, apostaria.
Acredito que não falo apenas por mim quando 
digo que é super bacana ter um ponto de vista de 
um profissional de uma área distinta, com tanto co-
nhecimento e categoria a respeito do design. É sem-
pre inspirador e bom poder entender “o outro lado 
do balcão” a respeito do serviço que está prestando. 
Muito obrigada Ligia, por essa entrevista. 
Adoramos poder aprender um pouco contigo hoje. 
Acompanhem o trabalho da Ligia Fascioni em 
www.ligiafascioni.com
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44 • Edição 11
História da arte criativa
Designer desde 2012, nerd desde 1994. Apaixona-
do por design UX e interfaces. Atualmente atua 
como web designer na Inforce Internet Solutions. 
Gosta de sorvete de flocos.
Arthur
Dias
Ilustração de título por: Douglas Silva.
 “Ilustração é uma imagem 
utilizada para acompanhar, 
explicar, interpretar, 
acrescentar informação, 
sintetizar ou até simplesmente 
decorar um texto. ”
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Outubro 2015 • 45
Design Magazine Brasil
“Designer não precisa saber desenhar. Preci-
sa saber ilustrar”. Ouvi essa frase há 2 anos, em um 
Nerdcast que falava sobre a profissão Designer Grá-
fico. Em uma rápida pesquisa no Google descobri 
que o significado da palavra “ilustração” é: “Ilustra-
ção é uma imagem utilizada para acompanhar, ex-
plicar, interpretar, acrescentar informação, sinteti-
zar ou até simplesmente decorar um texto. Embora 
o termo seja usado frequentemente para se referir 
a desenhos, pinturas ou colagens, uma fotografia 
também é uma ilustração.”.
Quando comecei a conhecer o mundo do De-
sign, na minha visão de adolescente micreiro que 
fazia flyers pra igreja da minha mãe, desenhar era 
algo fundamental para um designer. Para falar a ver-
dade, muitas pessoas haviam falado pra mim “Você 
quer ser designer? Sabe que tem que desenhar pra 
caramba, né!?”, e isso começou a me preocupar, já 
que basta eu pegar um lápis para desenhar algo, 
que minha mão é substituída por um gancho. En-
trei na faculdade e comecei a estudar Design de 
verdade. Lá eu percebi que eu não precisava mes-
mo saber desenhar, pois os professores estavam 
me ensinando a ilustrar. Apesar de invejar MUITO 
quem sabe (sério, muito mesmo), entendo que pre-
ciso entender como ilustrar para realizar projetos. 
Depois de bastante estudo e experiência cheguei à 
conclusão de que “Designer não precisa saber de-
senhar. Precisa saber ilustrar (mas saber desenhar 
ajuda muito!)”.
 Contei essa história porque boa parte da his-
tória da arte é constituída por ilustrações, que os 
artistas utilizaram de técnicas para realizá-las. Um 
bom exemplo disso são duas ilustrações do famoso 
pioneiro do movimento moderno, Pablo Picasso. 
A primeira ilustração é do livro de História Natural. 
Esta primeira imagem é de uma galinha com seus 
pintinhos. Um desenho sem falhas aparentes. Na 
segunda pintura, Picasso desenhou um frango, mas 
não se ateve aos aspectos físicos da ave. Neste de-
senho, o artista espanhol ilustrou a agressividade, 
estupidez e insolência do animal. Ideias que dificil-
mente seriam passadas através de um desenho fiel. 
Pablo recorreu a uma caricatura para ilustrar tais 
sentimentos, o que funcionou perfeitamente.
Outro exemplo bastante conhecido é o do 
movimento dos cavalos. Todos já viram cavalos ga-
“Galinha com pintos” 
- Picasso, 1941
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46 • Edição 11
História da arte criativa
“Frango” - Picasso, 1938
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lopando, através de corridas e caças. Diversas pin-
turas foram feitas retratando esse movimento, entre 
elas está a Corrida de Cavalos de Epson (1981) de 
Théodore Géricault. Esta pintura mostra os cavalos 
de pernas estendidas cortando o ar. Com um pouco 
de imaginação pode-se dizer que os cavalos estão 
voando como o Super-Cavalo, o cavalo da Super-
girl, mesmo assim a pintura ilustra muito bem o 
movimento de corrida, pois é uma forma que nos 
parece “natural”. Cinquenta anos mais tarde, com 
câmeras fotográficas aprimoradas, a ponto de foto-
grafar precisamente o movimento desses animais, 
percebemos que estávamos errados. Cavalos não 
galopam dessa forma, assim que uma pata sai do 
chão a outra se posiciona para o próximoimpulso, 
como mostra a figura abaixo. [Eadweard Muybridge 
- Movimento de Cavalo a Galope, 1872]
A história da Arte está repleta de conhecimen-
tos que são úteis e podem ser aplicados em nossos 
trabalhos nos dias de hoje. Nesse artigo mostra-
Le Derby d’Epsom
- Théodore Géricault , 1821
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48 • Edição 11
rei alguns exemplos, de forma bem simplificada e 
superficial (não quero que ninguém durma lendo 
isso).
A Bíblia é uma das mais comuns (talvez a 
mais comum) fonte de inspiração na história da 
arte, e apesar de em momento algum as escrituras 
descreverem a aparência de Jesus, os artistas de 
outrora criaram as imagens que nós estamos acos-
tumados. Por conta desse costume, sempre que 
um artista ilustra uma passagem bíblica de forma 
diferente causa um choque na sociedade. Um caso 
que exemplifica bem isso é o do artista Caravaggio, 
que se pôs a ilustrar São Mateus, um pobre traba-
lhador que possui a tarefa de escrever um livro. Na 
figura abaixo, está a primeira versão da pintura. São 
Mateus calvo, de pés descalços e sujos, desajeita-
do, agarrado à um livro. Ao seu lado está um anjo 
que guia sua mão no papel, como um professor faz 
com uma criança. [primeira pintura de São Mateus] 
Quando Caravaggio entregou a pintura à igreja o 
público ficou escandalizado e recusou, ou seja, o 
cliente não gostou e mandou alterar. Caravaggio se 
propôs a refazer a obra utilizando a forma comum 
de ilustrar passagens bíblicas. [segunda pintura de 
São Mateus]
Às vezes a criatividade e inovação, principal-
mente a inovação, tem que ser posta um pouco de 
lado em um projeto. Muitos clientes preferem utili-
zar a forma mais comum, pois ela é, de certa forma, 
“garantida”.
História da arte criativa
“Movimento de um cavalo a galope” 
- Eadweard Muybridge, 1872
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São Mateus e o Anjo
- Caravaggio, 1602
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50 • Edição 11
Agora voltando um pouco, os índios da tribo 
Haida, do noroeste da América do Norte desenvol-
veram uma solução muito criativa pala ilustrar uma 
história. A figura a seguir mostra uma maquete da 
casa de um chefe dessa tribo, com três mastros to-
têmicos nela. A princípio não parece ser nada além 
de mascaras feias e esquisitas, mas aos olhos de um 
nativo é a representação de uma de suas lendas. O 
trecho a seguir fala sobre a lenda: (trecho retirado 
do livro “A História da Arte, de E. H. Gombrich)”.
“Era uma vez um jovem da aldeia Gwais Kun 
que costumava passar o dia todo preguiçosamente 
na cama.
Um dia, foi repreendido pela sogra em virtude 
desse mau habito, e envergonhado, saiu de casa de-
cidido a matar o monstro que vivia num lago e que 
se alimentava de seres humanos e baleias.
Com a ajuda de um pássaro encantado, pre-
parou a armadilha com o tronco de uma árvore, no 
qual pendurou duas crianças como iscas.
O monstro foi apanhado, o jovem vestiu-se 
com sua pele e pôs-se a pescar, indo regularmente 
depositar à porta de sua sogra os peixes que captu-
rava.
Ela ficou tão lisonjeada com aquelas inespe-
radas oferendas que começou a julgar-se uma feiti-
ceira poderosa.
Quando o jovem finalmente a esclareceu so-
bre os presentes, ela ficou tão envergonhada que 
morreu.”
O artista representou todos os personagens 
da história no mastro central. Na parte de baixo está 
uma das baleias, que o monstro come, acima está 
o monstro, e acima deste, a sogra desafortunada. 
Logo depois está representado o pássaro que ajuda 
o herói, e acima, o herói vestido da pele do monstro, 
com os peixes que pescou. No topo estão as crian-
ças, que foram usadas como iscas. 
Sem uma explicação seria quase impossível 
para nós, entendermos o significado dessa escultu-
ra. Esse é um exemplo de uma solução criativa fan-
tástica, feita por um povo que soube como ilustrar 
uma história de forma que ela pudesse ser contada 
sem a necessidade de palavras.
Para terminar quero falar sobre regras. E tam-
bém sobre quebrar regras. Se existiu um povo que 
sabia como representar histórias de forma criativa, 
de forma extremamente eficiente e seguindo um 
conjunto pré-determinado de regras, a ponto de 
que não importasse qual artista fizesse a obra pois 
História da arte criativa
“Maquete de casa de um 
chefe haida” - século XIX
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Outubro 2015 • 51
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era sempre mantido o mesmo estilo, esse povo é o 
egípcio.
Os antigos egípcios constituíram um conjunto 
de regras para ilustrar figuras humanas. Ocasiões, 
hierarquias e divindades que são referências criati-
vas até hoje. Observe a figura abaixo.
Esta imagem se chama Jardim de Nebanum. 
Esta pintura apresenta um simples jardim com es-
pelho d’água. O que impressiona nela é a forma que 
os elementos foram representados. Qualquer um 
de nós começaria esta pintura escolhendo o enqua-
dramento, de forma que as árvores seriam vistas de 
lado, todavia o espelho d’água não seria visto. 
Ou então ilustraríamos por um ângulo em 
que tudo é visto de cima, visualizando, assim, o 
espelho d’água, mas dessa forma as árvores se-
riam mal representadas. A solução aplicada, para 
que todos os elementos fossem representados é 
simples e fantástica. Consiste em representar cada 
elemento pelo ângulo que é facilmente identificá-
vel. Sendo assim, o ângulo é o de cima, para que a 
água seja visível, mas as árvores representadas de 
lado, da mesma forma que os peixes e as aves den-
tro da água. Esta pintura está bem longe de ser uma 
representação literal, mas ilustra muito bem o jar-
dim. Essa é uma das técnicas utilizadas pelos anti-
Jardim de Nebamun
- 1400 a.C.
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52 • Edição 11
gos egípcios: representar os elementos pelo ângulo 
mais fácil de ser identificado. 
A cabeça da pessoa está representada de per-
fil, mas um olho está aparente, como se estivesse 
de frente. O tronco está de frente, exibindo as juntas 
dos braços e o umbigo. Já as pernas estão de lado, 
exibindo as dobras dos joelhos e os pés, como se 
fossem dois pés esquerdos. 
Esta figura, obviamente não é literal, mas ilus-
tra de uma forma excelente a figura humana, dei-
xando os principais pontos facilmente perceptíveis. 
Essas técnicas podem ser observadas em diversas 
obras egípcias, formando uniformidade, isso por-
que os artistas seguiam as regras determinadas.
Esse conjunto de regras era seguido à risca 
por todos os artistas egípcios, mantendo uniformi-
dade nas obras, mas isso mudou quando os gregos 
entraram em contato com essas técnicas.
A arte grega bebeu muito da arte egípcia. Tan-
to que muitas das técnicas podem ser notadas em 
diversas pinturas e esculturas.
As técnicas dessas duas obras são muito simi-
lares às técnicas egípcias. Na primeira figura vemos 
os heróis Aquiles e Ajax jogando Damas em sua ten-
História da arte criativa
“Retrato de Hesire de portal em madeira 
em seu tumulo” - 2778-2723 a.C.
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Outubro 2015 • 53
Design Magazine Brasil
“Nesta obra, onde 
um jovem herói está 
se preparando para 
a batalha, com seus 
pais o vestindo, temos 
as mesmas técnicas 
representadas, mas 
pode-se observar que 
um dos pés é ilustrado 
de lado, e o outro em 
perspectiva. ”
da. Ambos, representados de perfil, com um olho de 
frente, juntas aparentes e “dois pés esquerdos”. Da 
mesma forma, a segunda figura mostra as mesmas 
técnicas,todavia num cenário bem mais elabora-
do. Os pontos principais representados pelo ângulo 
mais simples de se identificar, mas aos poucos eles 
foram mostrando traços de criatividade e originali-
dade. Veja a figura a seguir.
Nesta obra, onde um jovem herói está se pre-
parando para a batalha, com seus pais o vestindo, 
temos as mesmas técnicas representadas, mas po-
de-se observar que um dos pés é ilustrado de lado, 
e o outro em perspectiva. As mãos dele, com os de-
dos retraídos, representados por traços arredonda-
dos, também fazem parte desta quebra de regras. 
Todo esse esforço criativo, em mudar algo 
que funciona e é “seguro”, demonstra criatividade 
e originalidade.
Em muitos projetos, principalmente os que 
têm que ser desenvolvidos rapidamente, seguir as 
regras é a forma mais eficiente de concluí-lo com o 
máximo de aproveitamento, mas às vezes quebrar 
as regras e acrescentar algo original é uma excelen-
te forma de fugir do padrão e do monótono.
Há muitas outras soluções criativas que a 
História da Arte pode nos ensinar. Dificilmente 
conseguiria descrever todas aqui (mesmo se eu as 
conhecesse), então digo que é sempre válido pes-
quisar sobre essas técnicas e soluções em livros e 
na Internet. Isso é capaz de agregar valor positivo a 
qualquer projeto.
“Despedida do Herois” - 510-500 a.c.
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54 • Edição 11
 “Se você é estudante, vai ser 
um ótimo complemento para 
sua graduação e te ajudará nos 
trabalhos acadêmicos.”
Resenha: Sistemas de grelhas
Imagens: Cortesia GG Brasil.
Formado em design gráfico e atuando no merca-
do desde 2010. Atualmente focado em direção de 
projetos. Dentre eles a revista digital Design Maga-
zine Brasil e o “coletivo criativo” Grupo I3C3.
Lucas 
Fernandes
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A forma mais simples de descrever esse livro 
é de que ele é como uma bíblia do design editorial. 
“Sistemas de grelhas” é um manual completo, deta-
lhando e esmiuçando tudo que um designer gráfico 
precisa saber para executar seus projetos editoriais, 
embora também possa servir de referência para ou-
tros tipos de projetos.
É bom observar que esse livro foi traduzido e 
editado em duas línguas simultaneamente, portu-
guês e espanhol (“Sistemas de retículas”), da mes-
ma forma que o original, em inglês (“Grid systems”) 
e alemão (“Rastersysteme”).
Josef Müller-Brockmann foi um designer e 
ilustrador suíço, que dedicou boa parte de sua vida 
ao estudo e aprimoramento do Design Gráfico. É 
considerado um dos principais divulgadores da 
chamada “escola suíça” do Design Gráfico, tendo 
também sido professor.
Embora tenha sido publicado originalmente 
em 1981, todo o seu conteúdo ainda se aplica de 
forma atemporal ao Design atual. As tecnologias 
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Meu, Identidade São Paulo é da hora!
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podem até evoluir, mas os princípios teóricos se 
mantêm os mesmos.
O que Josef fez foi reunir em um só lugar pra-
ticamente todo o conteúdo teórico necessário para 
projetos gráficos, sejam eles 2D ou 3D. Formatos e 
tamanhos de papel, tipografia, colunagem, entreli-
nhas, tracking, kerning, etc, são alguns dos temas 
abordados, todos com muitos detalhes, exemplos 
e até um pouco de história. E todo esse conteúdo, 
embora focado para aplicação em projetos de livros 
e revistas, também pode ser aproveitado para ou-
tras coisas como cartões de visitas, embalagens e 
até mesmo marcas/identidades visuais.
Mais completo, impossível.
Se você é estudante, vai ser um ótimo com-
plemento para sua graduação e te ajudará nos 
trabalhos acadêmicos. Se é recém formado ou já 
experiente no mercado, servirá para melhorar os ní-
veis dos trabalhos para seus clientes. De qualquer 
modo, esse é, sem dúvidas, um livro que se deve ter 
por perto. Destacando que ele é bastante técnico e 
teórico.É bom sempre usá-lo para consultas duran-
te seus projetos editoriais.
Dados Técnicos
Sistemas de Grelhas
Josef Müller-Brockmann
21 x 29,7 cm
184 páginas
ISBN: 9788425225147
Capa dura
2013
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